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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS - INET

CENTRO DE FORMAÇÃO E EXTENSÃO ESDRAS- CEFOEE


PEDAGOGIA

(Nome dos autores)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

São Desiderio BA/ Roda Velha


2016
2

(Nome dos alunos)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Monografia, apresentada ao Curso de


Licenciatura em Pedagogia do Instituto de
Educação e Tecnologias – INET, como
requisito para obtenção do diploma de
licenciatura em Pedagogia.

São Desidério - BA /Roda Velha


2016
3

(Nome dos autores)

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO PROCESSO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM DE LEITURA E ESCRITA EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II

Trabalho de Conclusão de curso apresentado a ao Curso de Licenciatura em


Pedagogia do Instituto de Educação e Tecnologias – INET, como requisito para
obtenção do diploma de licenciatura em Pedagogia.

São Desiderio - BA /Roda Velha, 15 de Julho de 2016.

Banca examinadora:

_____________________________________________________
Professor(a) Orientador(a)

______________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)

_____________________________________________________________
Professor(a) Examinador(a)
4

DEDICATÓRIA

Aos apaixonados pela leitura e escrita, que não vivem sem um


bom livro de bolso e que sempre registram aquilo que vivem, acreditam ou sonham
conquistar.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, presença constante em nossa vida.


A nossa família, pela compreensão, paciência e pelo amor incondicional.
Aos nossos professores, eles que contribuíram expressivamente com a nossa
formação em todas as etapas da vida, em especial, a nossa querida orientadora.
Aos meus amigos, pela palavra de incentivo, amor, confiança e por essa parceria
fortuita, e os que mesmo distantes intercederam por nós, em suas orações, foram
elas, certamente, que nos ergueram nos momentos de desânimo. Nosso muito
obrigado!
6

RESUMO

A leitura e a escrita são processos indispensáveis à elaboração do conhecimento, à


inserção do indivíduo na sociedade e ao desenvolvimento de habilidades e
competências exigidas em diversos âmbitos da vida cotidiana. Assim, observa-se
que uma das prioridades das instituições de ensino é garantir ao sujeito o acesso à
leitura e à escrita. Assim, este estudo aborda a temática Práticas Pedagógicas no
processo de Ensino e Aprendizagem de Leitura e Escrita em uma Escola Pública do
Ensino Fundamental II. Os autores que fundamentaram este trabalho foram Bagno
(2007), Ferreira (2010), Filho (2015), Soares (2016). Dessa forma, o problema
constituiu-se do seguinte questionamento: como inserir práticas pedagógicas
motivadoras no processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita em uma
escola pública do ensino fundamental II, com ênfase em práticas de letramento? A

hipótese enfatiza que o letramento em língua portuguesa apresenta uma nova


concepção de leitura, em um processo de inserção do sujeito na sociedade, através
de análises críticas das várias formas de leitura veiculadas no nosso contexto social.
Para este estudo Foi realizada uma pesquisa de campo por meio de uma
intervenção pedagógica, em que foi aplicada uma oficina, intitulada Promovendo
Saber, Construindo Cidadania através do Universo da Leitura e da Escrita, com
carga horária de 20 h/a, ministrada aos alunos da Escola Estadual Antônio Carlos
Magalhães de São Desidério, Bahia, no período de 19 a 23 de outubro de 2015. Os
resultados foram analisados com base em dados qualitativos, alcançados, permitem
inferir que é através da construção do pensamento crítico e da cidadania nos
educandos, que eles são estimulados a vivenciar novas práticas linguísticas,
contextualizando sua visão de mundo, e promovendo um ambiente escolar
prazeroso, por meio de práticas motivadoras e prazerosas de leitura e escrita.

Palavras-chave: Leitura. Escrita. Práticas de Letramento.


7

ABSTRACT

Reading and writing are processes essential to the development of knowledge, the
insertion of the individual in society and the development of required skills and
expertise in various areas of everyday life. Thus, it is observed that one of the
priorities of educational institutions is to ensure the subject access to reading and
writing. This study addresses the theme Pedagogical Practices in the process of
Teaching and Learning Reading and Writing in a Public School Teaching Elementary
II. The authors substantiate this work were Bagno (2007), Ferreira (2010), Son
(2015), Soares (2016) among others. Thus, the problem consisted of the following
question: how to insert motivating pedagogical practices in the teaching and learning
of reading and writing in a public school elementary school II, with emphasis on
literacy practices? The hypothesis emphasizes that literacy in English presents a new
conception of reading, an insertion process of the subject in society through critical
analysis of the various forms of reading conveyed in our social context. For this study
a field survey was carried out through a pedagogical intervention, it was applied a
workshop entitled Promoting Knowledge, Building Citizenship through the universe of
reading and writing, with a workload of 20 h / a, given to students the State School
Antônio Carlos Magalhães of Sao Desiderio, Bahia, from 19 to 23 October 2015. the
results were analyzed based on qualitative data, achieved allow us to infer that it is
through the construction of critical thinking and citizenship in students , they are
encouraged to experience new linguistic practices, contextualizing their worldview,
and promoting a pleasant school environment through motivating and pleasurable
practices of reading and writing.

Keywords: Reading. Writing. Practices Literacy.


8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................................09

CAPÍTULO 1 – PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE LEITURA E ESCRITA: COMO É, E


COMO DEVERIA SER... .....................................................................................................11

CAPÍTULO 2 – LETRAMENTO: MECANISMO PARA UMA APRENDIZAGEM


SIGNIFICATIVA ...................................................................................................................18
2.1 Contribuição do Letramento para a Prática Pedagógica.....................................................19

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................21

CAPÍTULO 4 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................................................24

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................28

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................31
9

INTRODUÇÃO

A leitura e a escrita são imprescindíveis para a formação de cidadãos


participativos e críticos, haja vista às múltiplas potencialidades intelectivas
suscitadas no indivíduo, bem como o aprimorando do seu gosto artístico e da sua
capacidade de expressão linguística. Tais características fazem da leitura e da
escrita, cuja finalidade é o refinamento das habilidades e competências linguísticas.
Assim, observa-se a necessidade contínua reflexão destes dois pilares da educação,
para o processo de letramento do indivíduo, essencial à sua inserção na sociedade
contemporânea.
Sobretudo, vê-se, que os dados estatísticos de variadas pesquisas em
qualidade na educação no Brasil, bem como os indicadores avaliativos retratam que
a maioria dos obstáculos, encontrados pelos discentes, está correlacionada à
insistência, por parte de alguns professores, em ministrar metodologias que não
favorecem o letramento, muitas vezes, por falta de motivação profissional, ou pela
obrigação de cumprir cargas horárias extensas, o que impede o devido
planejamento.
Destarte, observa-se que grande parte, dos profissionais ativos, não
compreende, com clareza, a proposta pedagógica prevista para o letramento no
currículo, o que acarreta o uso de metodologias inadequadas, que não contribuem
para o desenvolvimento satisfatório de habilidades e competências dos educandos.
Neste contexto, esta pesquisa tem a finalidade de analisar as práticas pedagógicas
motivadoras no processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita no ensino
fundamental II, promovendo reflexões sobre as práticas de letramento, enquanto
mecanismo para uma aprendizagem significativa.
Também foram estabelecidos os seguintes objetivos a serem contemplados:
compreender o significado de letramento, analisando a contribuição desse processo
para o redimensionamento da prática pedagógica. Em seguida identificar as práticas
contemporâneas de leitura e escrita adotadas pelos profissionais da educação no
âmbito escolar e previstas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
o problema constituiu-se do seguinte questionamento: como inserir práticas
pedagógicas motivadoras no processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita
10

em uma escola pública do ensino fundamental II, com ênfase em práticas de


letramento? A hipótese enfatiza que o letramento em língua portuguesa apresenta
uma nova concepção de leitura, em um processo de inserção do sujeito na
sociedade, através de análises críticas das várias formas de leitura veiculadas no
nosso contexto social.
Por último, propor uma discussão sobre as práticas pedagógicas inovadoras
que estimulem o refinamento de habilidades de leitura e escrita na escola
observando a eficácia de práticas de letramento no processo de ensino e
aprendizagem. Em relação às questões metodológicas, observa-se que esta
pesquisa tem caráter bibliográfico, na qual foi empregado o método dedutivo,
fazendo uso, da técnica de documentação indireta, que consiste em estudar em
fontes bibliográficas (impressas e digitais).
Observa-se, que o ensino de língua materna, em consonância com as
práticas de letramento, discute que o uso da linguagem não deve ser compreendido
apenas, como algo sem contribuições expressivas para a transformação da
realidade. Mas, precisa ser instaurado nas múltiplas dimensões: social, humana,
política e cultural do sujeito aprendiz. Haja vista que é pelo contato com diferentes
gêneros textuais o discente pode visualizar as diversas possibilidades de transpor os
limites de tempo e espaço.
Diante do baixo índice de qualidade de leitura e interpretação dos
educandos, diagnosticado pela Escola Estadual Antônio Carlos Magalhães (através
das ferramentas avaliativas utilizadas em sala de aula ou atividades
extracurriculares), percebe-se a diminuição do rendimento no processo de ensino-
aprendizagem, em que abstraiu-se a necessidade de trabalhar a importância da
leitura e da escrita que o indivíduo se insere em práticas sociais de letramento que
lhes proporcionam melhor integração e condição de exercício de sua cidadania.
Nesta perspectiva, como intervenção pedagógica, foi realizada uma oficina
intitulada Promovendo Saber, Construindo Cidadania através do Universo da Leitura
e da Escrita, com carga horária de 20 h/a, ministrada aos alunos da Escola Estadual
Antônio Carlos Magalhães de São Desidério, Bahia, no período de 19 a 23 de
outubro de 2015.
Este projeto visa promover o desenvolvimento do gosto pela leitura
potencializando a construção do pensamento crítico. Este trabalho será processual e
interdisciplinar, contará com o empenho de professores e equipe pedagógica,
11

atendendo a finalidade de propiciar aos nossos educandos momentos que possam


despertar neles o gosto pela leitura, o amor ao livro e a consciência em se adquirir o
hábito da leitura cotidiana.
O letramento apresenta uma nova concepção de leitura e novas funções para
serem discutidas e delineadas. Logo, perceber-se nessas funções, um processo de
leitura como processo de inserção na sociedade, através de análises críticas das
várias formas de leitura veiculadas no nosso contexto social, a importância da
literatura de abrir nossos horizontes, e de ser decifrada nos meios contextualizados.
Somente assim, muito além de memorização de regras gramaticais, o ensino deverá
desenvolver a capacidade de articular informações, a partir da leitura, o que
viabilizará uma escrita eficaz.
12

1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE LEITURA E ESCRITA: COMO É, E COMO


DEVERIA SER...

Há diversas maneiras de se chegar ao conhecimento e, não há uma única


forma, um modelo estático, imutável, de aprender e de se ensinar, que favoreçam
as práticas de ensino voltadas para o desenvolvimento de habilidades que
contribuam com a aquisição das competências linguísticas. Mas, para a
ressignificação de uma prática que supere as dificuldades dos discentes, é preciso
considerar certos fatores como a ansiedade. Nesta perspectiva, observa-se que:

A ansiedade é uma variável pertinente para a aprendizagem e para o


fracasso escolar, constituindo-se em um fenômeno de personalidade
altamente representativo, precisamente por sua complexibilidade, pela
variedade de elementos que contém: componentes de natureza
neurofisiológica, emotiva, motivacional e comportamental, funcionando
como um impulso ou motivo determinantes de ação, de comportamento
(FIERRO, 1996, p 33, apud BASI, 2000, p. 15).

Há uma relação tênue, entre o estado de alta ansiedade e as dificuldades em


leitura e em escrita encontradas pelos alunos. Pois, na concepção de Martinelli
(1998) “a memória pode ser definida como a conservação da informação, e não se
pode falar de aprendizagem ou aquisição sem que haja conservação do que foi
aprendido” (apud BASI, 2000, p. 52).
PCN (1997), destacam que muitas práticas pedagógicas atualmente, baseiam-
se em exercícios de repetição ou na imitação de modelos prontos.

Leite (1988) evidenciou dois grandes determinantes do fracasso escolar. O


primeiro é o nomeado de “fatores extraescolares”, representados por uma
série de fatores relacionados à realidade socioeconômica a que está
submetida à maioria da população brasileira, caracterizada pelas relações
de trabalho e de pobreza. Simultaneamente às variáveis extraescolares,
existem os “fatores extraescolares” que englobam a distância cultural entre
a escola pública e sua população, a ineficácia da formação e treinamento
dos professores, os problemas relacionados aos programas de ensino e
práticas escolares e a própria burocracia pedagógica (BASI, 2000, p. 11).

Em consonância, com esta autora, Filho (2013, p. 94), afirma que mesmo que
essas práticas possam favorecer habilidades para outros tipos de atividades,
13

“deixam um legado empobrecido para o efetivo crescimento do aluno”. O currículo


repleto de conteúdos que não condizem com os interesses dos alunos, segundo
Ferreira e Lima (2010, p. 4), com vistas a um ensino utilitário e a ausência de
políticas públicas voltadas para uma educação libertária e transformadora que
permite aos agentes educacionais refletirem a própria prática, em busca da
responsabilidade social da educação.

Comentam que para que possa ser identificada uma dificuldade de


aprendizagem é necessário considerar uma avaliação, pois a partir de seus
resultados pode ser planejada a aplicação de um programa de intervenção.
Qualquer avaliação ou intervenção com uma criança com problemas de
aprendizagem implica necessariamente algumas hipóteses acerca da
origem deles e para que as avaliações sejam fiéis e válidas, o profissional
deve conhecer o conjunto das variáveis que podem intervir na atuação
infantil em tarefas específicas (BASI, 2000, p. 23).

Segundo os PCN (1997) os usos e formas da língua oral e escrita precisam


organizam-se de tal maneira que os alunos transitem das situações mais informais e
coloquiais que já dominam ao entrar na escola a outras mais estruturadas e formais,
para que possam conhecer seus modos de funcionamento e aprender a utilizá-las.
Para tanto é essencial que o aluno tenha contato com a diversidade de textos e
adequação de sua produção tanto escrita quanto oral ao ambiente situacional,
público-alvo, gênero e tipologia textual.
Lerner (2002, p. 17-18 apud Ferreira e Lima, 2010, p. 5), afirma que,

O necessário é fazer da escola uma comunidade de escritores que


produzem seus próprios textos para mostrar suas ideias, para informar
sobre fatos que os destinatários necessitam ou devem conhecer, para
incitar seus leitores a empreender ações que consideram valiosas, para
convencê-los da validade dos pontos de vista ou das propostas que tentam
promover, para protestar ou reclamar, para compartilhar com os demais
uma bela frase ou um bom escrito, para intrigar ou fazer rir...

A escola tem a função de preparar o indivíduo para que o mesmo se torne


agente na construção de novos saberes e de uma sociedade mais justa, certamente
é por meio do uso da língua que isso se torna possível. Assim, pesquisadores como
Souza (2009), discutem as novas concepções ao ensino de leitura e escrita:
14

O ensino de português é, assim, redimensionado com as contribuições dos


estudos do texto e do discurso. Focaliza-se e centra-se nas práticas de
leitura e de escrita de diferentes textos, conformando-as em situações
discursivas, deslocando-se o questionamento de “o que?” ensinar para “por
quê?” e “para quem?” ensinar. (SOUZA, 2009, p. 98).

De acordo com essa autora, o professor, como sujeito da linguagem está ciente
que as técnicas e métodos modificam-se no contexto de situações discursivas que
são criadas pelos participantes da ação. Sendo o mesmo, mediador do
conhecimento, fazem-se necessárias reflexões sobre a sua importância do processo
de ensino e aprendizagem, bem como sua prática docente.

Não há ato de ensinar-aprender sem a mediação concreta de sujeitos


humanos, não existindo, portanto, relação ensino-aprendizagem sem que
haja atuação indissociável entre inteligência, afetividade e desejo. Na
opinião da autora, negar ou superdimensionar a afetividade na relação
ensino-aprendizagem significa, em ambos os casos, um desconhecimento
profundo da natureza das atividades psíquicas (ALMEIDA, 1993 apud BASI,
2000, p. 16).

Neste contexto, discute-se que a aula de português (instância de produção e


de circulação de conhecimentos linguísticos e não linguísticos) precisa está
arraigada na concepção interacionista da linguagem, cujo ambiente educacional seja
concebido como um espaço social:

[...] é um contexto favorecedor de interação, cercada por atividades de


linguagem que são, exclusivamente, linguísticas, apoiada em estratégias
pedagógicas como; diálogo, o debate, a discussão, a entrevista, a pergunta.
Essas estratégias vestem a sala de aula, enquanto contexto interacional.
(SOUZA, 1996, p. 12).

Em consonância com essa visão de Souza, Goulart (2003) apresenta a


temática do letramento, destacando as práticas sociais orais e escritas que
envolvem os sujeitos em interação. “As práticas sociais orais são citadas como uma
forma de expressão da vida, dos saberes, dos valores, sentimentos e desejos que
não podem ser esquecidos pela escola” (Goulart, 2003, p. 45).
Neste mesmo raciocínio, Bagno (2007) defende que os professores de
português precisam mostrar que a língua não é neutra, é lugar de conflito. Os alunos
têm que saber que sua produção linguística, oral ou escrita, estará sempre sujeita a
uma avaliação social, positiva ou não.

A eficácia de práticas de letramento no processo de ensino e aprendizagem


15

Percebe-se que a dificuldade que os discentes encontram em fazer uso da


norma padrão, seja na oralidade ou no texto escrito tem íntima relação com a
concepção de língua vigente em nossas escolas, que insistem em adotar regras
normativas, que há muito tempo não fazem mais parte da realidade dos usuários da
língua.
Obviamente, isso é um enorme empecilho ao ensino/aprendizagem de língua
portuguesa, pois, desestimula o aprendiz, que se considera incapaz de compreender
a gramática, como se a mesma fosse algo alheio à língua.

É por meio da palavra, da fala das pessoas, que é possível conhecê-las [...]
escola deve promover momentos de conversa em que haja discussão de
temas, apresentação de novas questões e, também, organização de
espaços em que os diversos materiais escritos estejam presentes ou
disponíveis para consulta, independente do fato de se dominar formalmente
o sistema escrito (GOULART, 2003, p. 45).

Por conseguinte, pretende-se que a aula de língua portuguesa assuma a sua


especificidade de aula de língua, constituindo um espaço onde se insista fortemente
na prática oral e escrita, em que a língua materna seja compreendida como objeto
de conhecimento, sobre o qual recaem práticas de análise e de construção de saber.
Nesta perspectiva, percebe-se que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN),
reafirmam a importância de uma prática docente planejada e coerente com a
finalidade a que se propõe.

O critério de organização dos conteúdos de língua portuguesa em termos de


uso-reflexão-uso, de certa forma, define também o eixo didático, a linha
geral de tratamento dos conteúdos. Caracteriza um movimento
metodológico de ação-reflexão-ação, em que se pretende que,
progressivamente, a reflexão se incorpore às atividades linguísticas do
aluno de tal forma que ele tenha capacidade de monitorá-las com eficácia
(PCN, 1997, p. 37-38).

Neste sentido, considera-se essencial à valorização da leitura e da escrita,


que sejam sistematizadas e engendradas em debates e/ou discussões que
possibilitem o entendimento e que a distancie da superficialidade do texto. “É preciso
fazer da sala de aula um ambiente propício para se desenvolver a leitura e a escrita
[por meio da] liberdade de escolha”.
16

Faz-se necessário, que as atividades de uso e as de reflexão sobre a língua


oral estejam contextualizadas em projetos de estudo, quer sejam da área de língua
portuguesa, quer sejam das demais áreas do conhecimento. Assim, de acordo com
Lerner (2002, p. 27), é preciso promover nos alunos “a consciência das diferenças
entre o modo escrito e o modo oral de expressão da língua, levando-o a debruçar-se
sobre as especificidades de cada um deles a partir da escuta ativa”.
Dessa forma, o aluno aprenderá a integrar na sua própria produção verbal a
especificidade de cada uma destas formas de expressão. Desafio é conseguir que a
escrita deixe de ser na escola somente um objeto de avaliação, para se constituir
realmente num objeto de ensino [...] chegar a leitores e produtores de textos
competentes e autônomos (LERNER, 2002, p. 27-29 apud, FERREIRA e LIMA,
2010, p. 4).
Sobre essa questão os PCN ressaltam:

[...] o processo de ensino e de aprendizagem deve levar o aluno à


construção gradativa de saberes sobre os textos que circulam socialmente,
recorrendo a diferentes universos semióticos, pode-se dizer que as ações
realizadas na disciplina de língua portuguesa [...] deve propiciar ao aluno o
refinamento de habilidades de leitura e de escrita de fala e de escuta. Isto
implica tanto a ampliação contínua de saberes relativos à configuração, ao
funcionamento e à circulação dos textos quanto ao desenvolvimento da
capacidade de reflexão sistemática sobre a língua e a linguagem (PCN,
1997, p. 18).

É primordial “que o educando perceba as regularidades dos fatos de


linguagem, seja para entender algo fundamental do modo de ser próprio da(s)
língua(s), seja para afastar os julgamentos equivocados e discriminatórios da
diversidade linguística” (PCN, 1997, p.16). É preciso que as atividades de uso e as
de reflexão sobre a língua oral estejam contextualizadas em projetos de estudo,
quer sejam da área de Língua Portuguesa, quer sejam das demais áreas do
conhecimento.
Neste contexto, percebe-se que são mais significativas aulas dinâmicas, que
estimule o contato com os mais variados tipos e gêneros textuais;
instrumentalizando o sujeito, de forma criativa, mostrando-lhe os benefícios da
leitura em sua vida. Daí a importância de realizar um trabalho sério, crítico e
preocupado em motivar a participação e a reflexão dos alunos em conteúdos de
análise da estrutura e funcionamento da nossa língua, que precisa ser vista como
precioso instrumento de valorização do sujeito em nossa sociedade.
17

Torna-se imperativo propiciar momentos de aprendizagem significativa, por


meio da articulação de um plano de intervenção para o ensino, preocupado em
ressignificar as práticas de leitura e escrita em sala de aula. Sobretudo, por meio de
produções textuais convenientes e mobilizadoras, motivando, assim, os educandos
para o gosto pelas atividades inerentes a esse processo.
Logo, os PCNs contemplam a necessidade de superação dos isolamentos das
áreas de ensino, pois se objetiva que a produção de conhecimentos contemple a
multiplicidade, onde se considera a diversidade cultural do aprendiz. Contudo, sabe-
se também que, muitas vezes, os significados dos textos são pré-estabelecidos,
ocorrendo assim, uma homogeneização e enquadramento de consciências, assim
quando algum indivíduo discorda de uma determinada interpretação é reprimido ou
até penalizado. Todavia:

(...) a leitura mais produtiva é aquela capaz de gerar a reorganização das


experiências do leitor ao nível individual e, ao nível coletivo, aquela capaz
de gerar o máximo de conflito entre as interpretações. Isto porque esse tipo
de leitura, além de permitir a liberdade de interpretação e expressão, faz
com que os leitores se enriqueçam mutuamente através de elucidações e
justificativas constantes, conseguidas através da discussão e do debate
(SILVA, 1986, p. 15).

De resto, o professor não deve subestimar a inteligência dos alunos, dando-


lhes a ler textos fáceis ou apenas histórias em quadrinhos. Deve, antes, desafiá-los
com textos mais qualificados e que lhes exigem esforço intelectual para a satisfatória
compreensão e interpretação. Assim defende Coelho:

Se, por um lado, é um fato inegável essa aversão do aluno de hoje por
leituras longas e sérias (acostumado como está com a comunicação
imediata, superficial e fácil, proporcionada pelos vários meios de
comunicação de massa), por outro lado, não podemos esquecer que a
assimilação do conhecimento e da cultura exige esforço, concentração e
autodisciplina mental (COELHO, 1975, 92-93).

Todavia, a leitura e a escrita não deve ser condicionadas a todo instante pelo
professor. Consoante com Ferreira e Lima (2010, p. 4), “trata-se aqui de uma
abertura maior para que os alunos possam escolher os seus objetos de leitura e de
escrita sem preocupação demasiada com o tempo. Liberdade para se estabelecer
relações e interpretações com o texto lido ou escrito”. Este fato pode ser
comprovado, pois pesquisas mostram que é a partir de vários recursos didáticos e
18

metodologias diversificadas, que o indivíduo sente-se motivado a aprender e


contribuir com o processo de ensino aprendizagem.
Por conseguinte, entende-se que a formação profissional docente é essencial
na sociedade moderna, haja vista que inovações e revoluções estão acontecendo
tão rapidamente, exigindo mais flexibilidade e posturas renovadas para conceber um
ensino e aprendizagem com eficácia. Neste sentido, Imbernón (2005, p. 15 apud
Ferreira e Lima, 2010, p. 2), afirma que para “formar o professor na mudança para a
mudança [...] para a aquisição do conhecimento profissional pedagógico básico,
deve haver lugar para a mudança”. A crença na conscientização e transformação do
espaço, por meio da leitura de mundo precisa prevalecer frente às dificuldades.
19

2 LETRAMENTO: MECANISMO PARA UMA APRENDIZAGEM


SIGNIFICATIVA

Para formar cidadãos agentes e interacionistas, é preciso conhecer a


importância da informação sobre letramento. O signo linguístico “letrar” significa
colocar o sujeito no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na
sociedade. Observa-se, que a noção de letramento, desse modo, “está associada às
praticas sociais escritas e também às práticas sociais orais, já que estas são muito
marcadas pelas formas como escrevemos e pelos usos e funções sociais da escrita”
(GOULART, 2003, p. 70).
Essa abrangência começa muito antes da alfabetização, inicia-se quando a
criança começa a interagir socialmente em práticas de letramento no seu mundo
social. Para Soares (2000, p. 36) a condição que caracteriza a indivíduo letrado está
descrita a seguir:

O adjetivo letrado (...) é usado para caracterizar a pessoa que, além de


saber ler e escrever faz uso frequente e competente da leitura e da escrita
(...) é quem aprende a ler e escrever e passa a usar a leitura e a escrita, a
envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa
diferente, adquire outro estado, outra condição.

A noção de letramento está associada ao papel que a linguagem escrita tem na


nossa sociedade, logo, o processo de letramento não se dá somente na escola. “Os
espaços que frequentamos, os objetos e livros a que temos acesso, as pessoas com
quem convivemos, são também agências e agentes de letramento” (GOULART,
2003, p.73-74).

2.1 A contribuição do letramento para da prática em sala de aula

Dominar a língua/linguagem significa conhecê-la como instrumento de um


poder simbólico, pois à medida que o indivíduo se apropria da leitura e da escrita,
ele abrange seu universo de significações demonstrando mais sensibilidade ao
apreciar o belo (artístico), abdicando dessa forma, de ser um sujeito alienado. Sabe-
se, que o ensino de leitura e escrita assegura ao sujeito à apropriação dessas
competências, entretanto, a forma como o mesmo tem sido abordado, em grande
20

parte, não condiz com as exigências dos parâmetros curriculares, exigências essas
fundamentais para o letramento do indivíduo.
Nesta perspectiva, percebe-se que a língua é um organismo vivo que está em
constante mudança. Assim, o ensino da língua precisa se adequar à realidade dos
usuários, uma vez, que a língua está continuamente se transformando para cumprir
novas necessidades comunicativas. Observa-se também, que a concepção
contemporânea sobre o ensino na escola, principalmente o de língua portuguesa,
garante a inclusão do indivíduo no meio social e o reconhecimento da enorme
variedade linguística, buscando contribuir com a sua participação significativa nas
diversas situações discursivas que possa vivenciar.

Além dos novos conteúdos a serem apresentados, a frequentação a


diferentes textos de diferentes gêneros é essencial para que o aluno
construa os diversos conceitos e procedimentos envolvidos na recepção e
produção de cada um deles (PCN, 1997 p. 68).

Desse modo, a leitura conduzirá a reflexão de práticas sociais, não somente


técnicas, mas que favorecerá a ampliação e consolidação de conhecimentos do
estudante no âmbito escolar, incluindo o trabalho sistemático com produção de texto
e a adequação da linguagem aos diversos gêneros textuais.

Dessa forma, a reapresentação dos conteúdos [...] deve compreender


sucessivos aprofundamentos, tanto no que diz respeito aos gêneros
textuais privilegiados quanto aos conteúdos referentes às dimensões
discursivas e linguísticas que serão objeto de reflexão (PCN, 1997 p. 68).
21

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

Para responder a problemática de como inserir práticas pedagógicas


motivadoras no processo de ensino e aprendizagem de leitura e escrita em uma
escola pública do ensino fundamental II com ênfase em práticas de letramento? Foi
realizada uma pesquisa de campo por meio de uma intervenção pedagógica, em
que foi aplicada uma oficina, intitulada Promovendo Saber, Construindo Cidadania
através do Universo da Leitura e da Escrita, com carga horária de 20 h/a, no período
de 19 a 23 de outubro de 2015, ministrada aos alunos do 9º ano, da Escola Estadual
Antônio Carlos Magalhães de São Desidério, Bahia.
Esta intervenção visou à promoção do desenvolvimento do gosto pela leitura,
potencializando a construção do pensamento crítico. Este trabalho foi desenvolvido
de forma processual e interdisciplinar, com o empenho de professores e equipe
pedagógica, atendendo a finalidade de propiciar aos nossos educandos momentos
que possam despertar neles o gosto pela leitura, o amor ao livro e a consciência em
se adquirir o hábito da leitura cotidiana. A leitura e a produção escrita têm a
capacidade de ampliar as experiências dos indivíduos, possibilitando a aquisição e a
ressignificação de conceitos, valores e atitudes na sociedade.
O projeto esteve direcionado ao alunado, da unidade escolar, matriculado no
9° anos (de 14 a 18 anos, do turno vespertino), abrangendo a participação de toda a
comunidade escolar e os professores regentes dos componentes curriculares, de
cada turma. Sobretudo, porque a proposta do trabalho foi a interdisciplinaridade em
práticas de letramento, e o uso de metodologias que favorecessem a leitura e o
envolvimento continuado neste universo, a partir do contato com os variados
gêneros textuais.
Nesta perspectiva, foi com o intuito de elevar o índice de aprendizagem dos
educandos, proveniente da falta do hábito de leitura, na Escola Estadual Antônio
Carlos Magalhães, por meio de seus autores, que foi feita esta pesquisa. Assim,
pretendeu-se inserir no contexto escolar, variadas formas de leituras, bem como, a
difusão da importância do letramento e suas dimensões no âmbito social. Assim,
buscou-se, em conjunto com todos os envolvidos na proposta, o incentivo ao gosto
pela leitura, potencializando o conhecimento do alunado, por meio de
22

reconhecimento de elementos intertextuais, recontos de história, discussões


temáticas e análise literária.
Para tanto, foram adotadas as referidas ações no ambiente escolar:
a) Reunião com os professores, para esclarecimentos sobre o projeto e
pedido de sugestões;
b) Dia da leitura na escola, através de algumas ações motivadoras sobre
a importância da leitura e da escrita. Assim, os alunos foram incentivados a trazer o
material do seu interesse para leitura neste dia. Ao mesmo tempo, os professores
puderam oferecer aos alunos, gêneros variados: poesia, piada, contos, literatura
infanto-juvenil, histórias em quadrinhos, artigos informativos, etc. e/ou dirigir a aula
de leitura a um tema específico;
c) Palestras e seminários para os alunos, com profissionais capacitados,
visando uma maior conscientização sobre a importância da leitura;
d) Confecção de ilustrações de frases para divulgar o projeto de leitura
pelas dependências da Escola;
e) Clube da leitura, que consiste em fazer uma roda de conversa, sobre a
leitura, por meio de reconhecimento de elementos intertextuais, recontos de história,
discussões temáticas e análise literária.
f) Realização de saraus.
g) Leitura de livros sugeridos e disponíveis no acervo da escola e na
Biblioteca Municipal.

Recursos

Humanos: Os autores do projeto, e a comunidade escolar: professores,


alunos e funcionários e direção.
Materiais: textos fotocopiados; computador portátil (notebook); projetor
multimídia; disco compacto de áudio digital (CD); aparelho de som para execução do
CD; pen-drive, livros didáticos, paradidáticos e literários, mídias, datashow entre
outros.
Físicos: Escola Estadual Antônio Carlos Magalhães e Biblioteca Municipal
Dom Ricardo Weberberger.
23

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A Escola Estadual Antônio Carlos Magalhães de São Desidério-BA, pertence


a rede pública com atendimento ao Ensino Fundamental II (5º ao 9º ano). É uma
instituição de médio porte, possui salas de aulas arejadas, sala de direção e
secretaria, sala de professor, cantina e banheiros. Tem como objetivo fornecer um
serviço de qualidade, que inspire segurança, responsabilidade, compromisso,
respeitabilidade e competência para atender adequadamente ao perfil de seu
alunado.
O perfil do alunado revela que eles pertencem às classes: média e baixa;
assim o contato com a leitura e escrita, na maioria das vezes, é possibilitado apenas
a partir do ingresso, deste alunado, ao universo escolar. Todavia, o trabalho
geralmente desenvolvido nas escolas acaba gerando situações de desinteresse,
apatia, já que as atividades escolares não fazem sentido no cotidiano dos alunos.
Além disso, o professor enfrenta determinados desafios relacionados à
pluralidade inerente a qualquer sala de aula, em que os discentes se encontram em
diferentes níveis de aprendizado tanto a respeito do conhecimento cognitivo quanto
o do conhecimento socioafetivo.
Observa-se, que no núcleo familiar há falta de incentivo à leitura de livros, e
consequentemente os alunos demonstram desinteresse por este tipo de atividade,
isso contribui com o aumento de indicadores negativos na escola, relacionados ao
nível de aprendizagem dos estudantes, quais sejam: dificuldade de compreensão
textual (verbal e não verbal), vocabulário precário, reduzido e informal, erros
ortográficos, poucas produções significativas, conhecimentos restritos aos
conteúdos escolares.
As práticas de leitura e escrita são de extrema importância para o
desempenho do discente, visto que sem tais práticas o aluno não desenvolve com
eficiência as habilidades de pesquisar, resumir, analisar, criticar, julgar, posicionar-
se diante de qualquer situação. Nesta perspectiva, está justificada a relevância deste
projeto, pois a verifica-se que o aluno deve ter o domínio sobre a língua oral e
escrita, tendo em vista sua autonomia e participação social.
Dessa forma, este projeto aumentou a capacidade de compreensão e reflexão
do educando, proporcionando uma progressão na forma como ele enxergava e
24

entendia o mundo à sua volta. Mormente, com esta proposta o aluno teve a
oportunidade de ser sujeito de sua história, vivenciando experiências que
solidificaram as suas habilidades e competências leitoras e escritoras, por meio do
processo de ensino e aprendizagem.
Com a finalidade de promover a produção de dissertações argumentativas,
com ênfase nos elementos constitutivos e as técnicas de elaboração deste tipo de
texto foi utilizada uma metodologia específica para atender esse intuito, com leituras
reflexivas e analíticas do material selecionado para as aulas, a cada aula era dada
ênfase a um determinado conteúdo: análise das chamadas “condições da
argumentação” e “consistência dos argumentos”.
Para tanto, foram executadas atividade que proporcionaram reflexões a cerca
de gêneros textuais, que continham um bom grau de dificuldade, pois exatamente
essa característica que os tornam significativos para a leitura e produção escrita.
Dessa forma, o texto foi adotado como unidade linguística, isso implica que toda
atividade desenvolvida partiu da leitura de um texto (motivacional/objeto de análise).
Essa proposta permitiu o estudo da gramática de forma contextualizada e
significativa, pois a análise linguística foi feita a partir de um suporte textual que está
em circulação e faz parte do cotidiano do aluno.
De tal modo que de uma maneira geral, essa oficina centrou-se em textos,
mas não em qualquer texto. Foi necessário verificar lhe a completude estrutural e
semântica (evitando-se a fragmentação textual desprovida de sentido), a adequação
e a qualidade, tanto da forma quanto do conteúdo. Haja vista que para ler e escrever
com eficácia é imprescindível conhecer muitas variedades textuais, interagir-se com
outras linguagens.
Neste sentido, os textos trabalhados foram escolhidos exatamente por
proporcionarem ao alunado a descoberta de variadas condições de argumentação
que possibilitassem a eles a consistência na defesa de diversos pontos de vista,
como podemos verificar no ensaio sobre Suicídio de Montaigne (temática que gerou
discussões interessantes entre os alunos do 9º ano), onde ora o autor se mostra a
favor, ora assume uma postura contrária ao tema.
Com a realização das análises textuais os alunos se mostraram participativos,
expondo seu ponto de vista oralmente com melhor desenvoltura, entretanto, ao fazê-
lo em um registro escrito, demonstraram maior dificuldade, uma vez que a escrita
exige uma melhor organização e progressão coerente das ideias, no sentido de que
25

o leitor de tal texto compreenda claramente sua mensagem. De fato, restou claro
que quanto maior for o conhecimento do leitor maior será a possibilidade de produzir
bons textos dissertativo-argumentativos.
Assim, para contribuir com o aperfeiçoamento da produção escrita do
alunado, e, ainda, incutir neles o gosto e a sensação de prazer inerente ao contato
íntimo com a leitura, foram trabalhados temas considerados polêmicos e que
geravam opiniões controversas e ricas de argumentação; já que a assimilação e
compreensão de determinado fato depende das vivências, de nossos
conhecimentos de mundo e, sobretudo, da qualidade de nossas leituras. Neste
sentido, buscou-se apresentar aos discentes que o importante é a qualidade da
argumentação, sua consistência, não necessariamente sua veracidade.
Nessa perspectiva, correlacionamos o estudo desse tipo textual dissertativo-
argumentativo a gêneros variados (poema, ensaio, artigo de opinião e outros) para
fornecer ao discente as características estruturais e linguísticas predominantes no
corpo textual dessa tipologia. Por conseguinte, foi apresentado previamente o
gênero textual a ser estudado, seu contexto comunicacional, o meio de circulação
mais apropriado para tal gênero, bem como, sua funcionalidade social, visando à
produção escrita de gêneros.
Os estudos acerca da construção da configuração textual, particularmente
sobre os mecanismos pelos quais se manifesta a coesão dos textos, bem como
sobre os elementos que concorrem para a coerência textual são elementos que
necessitam de transparência ao serem trabalhados em sala de aula, para facilitar a
compreensão do educando, pois isso torna mais eficaz o uso de tais elementos em
sua produção escrita.
Logo, todo texto produzido no grupo foi devidamente corrigido em
atendimentos individualizados e antes de iniciar a aula posterior houve a
socialização do que foi discutido, seguida de críticas construtivas, bem como o
incentivo ao uso da Internet (redes sociais) para a exposição dos textos, visando
atender a proposta de divulgar a produção textual, além do incentivo à leitura do
texto dos colegas, criticando-o, avaliando-o e sugerindo novas possibilidades para a
escrita dele, assim, o aluno foi movido a escrever com maior aprimoramento,
preocupado com o leitor do seu texto.
Outro procedimento metodológico a ser elencado foi o acompanhamento
personalizado da produção escrita do aluno, com apresentação dos objetivos e dos
26

critérios de avaliação, construindo passo a passo a estrutura do seu texto. Este


momento proporcionou análises e reflexões sobre o uso da língua, adequação ao
gênero, etc. A refacção orientada do texto também contribuiu significativamente para
o aperfeiçoamento da escrita do aluno.
A avaliação dos resultados realizou-se constantemente, no curso da leitura de
cada texto e, principalmente, na análise dos textos produzidos pelos alunos. Ocorreu
a partir da efetiva participação dos estudantes e na propriedade de suas
manifestações durante os debates e discussões acerca do conteúdo proposto, nos
quais foram aprimorados alguns aspectos da produção escrita, principalmente os
relacionados à funcionalidade das diferentes gêneros textuais e o grau de
reconhecimento dos elementos estruturais que os caracterizam.
Por outro lado, por meio da produção escrita que foi solicitada, avaliou-se a
compreensão da temática abordada, o nível de reconhecimento de elementos
intertextuais, a construção do texto, tendo por critério a organização dos
argumentos, a coesão e a coerência textual, bem como a qualidade da expressão
escrita dos estudantes. Foi uma avaliação exclusivamente qualitativa, sem
compromisso com a atribuição de notas, mas apenas com a participação efetiva dos
alunos, o seu interesse, manifestado pela leitura dos variados gêneros textuais, bem
como o seu engajamento nas atividades propostas.
Assim, visando principalmente à orientação desses alunos no que diz respeito
às características, organização e funcionalidade dos textos dissertativos, como
também a capacitá-los a elaborar com eficiência e boa técnica um texto dissertativo-
argumentativo nos moldes exigidos nos espaços formais, inferiu-se, durante a
exposição dos conteúdos, à orientação para a produção escrita, com correção e
autocorreção, bem como conceitos relacionados às técnicas de redação de textos
dissertativo-argumentativos e, elementos eficazes para o desenvolvimento de
habilidades de leitura e produção de textos.
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho permitiu que as práticas de leitura e escrita na escola fossem


repensadas, de modo que o uso da língua/linguagem não fosse compreendido,
apenas, como algo sem contribuições expressivas para a transformação da
realidade, mas, que fosse compreendida nas múltiplas dimensões: social, humana,
política e cultural do sujeito aprendiz. Apreende-se, dessa forma, que é pelo contato
com diferentes gêneros textuais, o discente podem visualizar as diversas
possibilidades de transpor os limites de tempo e espaço, ingressando em novos
saberes e, conhecendo o mundo de maneira mais global.
A hipótese foi confirmada, o letramento, em língua portuguesa, apresenta uma
nova concepção de leitura e novos métodos para serem discutidos e delineados.
Haja vista ser importante reconhecer o processo de leitura e escrita como meio de
inserção do sujeito na sociedade, através de análises críticas das várias formas de
leitura veiculadas no nosso contexto social. Sendo assim, o ensino de leitura e
escrita deve ser entendido muito além de memorização de regras gramaticais, ele
deverá desenvolver a capacidade de articular informações, a partir da leitura, o que
viabilizará uma escrita eficaz.
Portanto, apreende-se que, em sala de aula, as atividades executadas
precisam proporcionar reflexões a cerca de gêneros textuais, contendo um grau de
dificuldade progressiva, pois é exatamente essa característica que os tornam
significativos para a leitura e produção escrita. Dessa forma, o texto precisa ser
adotado como unidade linguística, isso implica que toda atividade desenvolvida
precisa partir da leitura de um texto (motivacional/objeto de análise). Essa proposta
permite o estudo da gramática de forma contextualizada e significativa, pois a
análise linguística é orientada, a partir de um suporte textual que está em circulação,
e faz parte do cotidiano do aluno, e tornando-se um indivíduo alfabetizado e letrado.
As práticas pedagógicas, no currículo escolar, comumente eram concebidas
como uma lógica com muitos níveis de abstração, que dependia bastante da lógica
interna e da demonstração puramente mecânica, e fechada em si mesmo, apenas
compreendido por meio de suas estruturas. As reformas curriculares identificadas,
até a contemporaneidade, são pertinentes, pois modificam a prática de ensino
concernente a esta disciplina, haja vista a presença de variados desafios inerentes à
28

aquisição e o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas a este


componente.
Mormente, os dados estatísticos de variadas pesquisas em qualidade na
educação no âmbito nacional, retratam que a maioria dos obstáculos, encontrados
pela comunidade escolar, são associados à insistência, por parte de alguns
professores, em ministrar metodologias que não favorecem o letramento, muitas
vezes, por falta de motivação profissional, ou pela obrigação de cumprir cargas
horárias extensas, o que impede o devido planejamento.
Certamente, o primeiro passo, para modificar o preconceito linguístico, ainda
hoje tão arraigado em nossa cultura é promover um ensino linguístico pluralizado e
democrático no Brasil. E é por meio da leitura e da escrita, e suas múltiplas
possibilidades, que o indivíduo se insere em práticas sociais de letramento que lhes
proporcionam melhor integração e condição de exercício de sua cidadania.
Por meio da análise realizada apreende-se, que se de um lado, se trabalha
bem ou há ao menos uma orientação pertinente que discorra sobre a concepção
interacional da linguagem, os gêneros textuais, a orientação para a produção escrita,
correção e autocorreção; do outro lado em relação à variação e mudança linguística
e ao tratamento adequado dos conteúdos fonéticos e fonológicos houve certo
distanciamento e descuido com a proposta dos PCN.
É necessário que os professores valorizem os conhecimentos para atuar
com propriedade ao que concernem os conteúdos sistematizados, bem como em
relação aos aspectos formais e ao tipo de atividade que demandam: fala, escuta
e/ou reflexão sobre a língua. Supõe também um profundo respeito pelas formas, de
expressão oral, trazidas pelos alunos, de suas comunidades, e um grande empenho
por ensinar-lhes o exercício da adequação aos contextos comunicativos, diante de
diferentes interlocutores, a partir de intenções de natureza diversas.
A universidade assume grandes responsabilidades concernentes à formação
acadêmica, pois qualifica o profissional por meio de procedimentos adequados, que
aprofundem conhecimentos específicos para desempenho de suas atividades
laborais. Dessa forma, a avaliação final dessa intervenção foi positiva, pois a partir
de práticas motivadoras se obteve o prazer de ler e escrever. Certamente, os
participantes desse processo apreenderam conceitos e estratégias relevantes para
uma leitura significativa e o desenvolvimento gradual de uma escrita mais elaborada.
29

O letramento apresenta uma nova concepção de leitura e novas funções para


serem discutidas e delineadas. Logo, perceber-se nessas funções, um processo de
leitura como processo de inserção na sociedade, através de análises críticas das
várias formas de leitura veiculadas no nosso contexto social, a importância da
literatura de abrir nossos horizontes, e de ser decifrada nos meios contextualizados.
Somente assim, muito além de memorização de regras gramaticais, o ensino deverá
desenvolver a capacidade de articular informações, a partir da leitura, o que
viabilizará uma escrita eficaz.
Vale ressaltar, que essa intervenção pedagógica foi um processo
enriquecedor para a nossa formação como profissional docente, pois, proporcionou
momentos de reflexão e amplas experiências. Dessa forma, participamos da
realidade do nosso campo de atuação, aliando teoria e prática em um trabalho
dinâmico e diversificado, na construção do nosso perfil pedagógico, para tanto,
precisamos nos tornar “leitores” do processo de ensino-aprendizagem para superar
as dificuldades encontradas neste percurso, consolidando todo conhecimento
adquiridos nesse processo de formação.
Ninguém conhece a língua na totalidade de seus usos, que são múltiplos, o
que se conhece e emprega nas situações concretas de comunicação são variedades
desta língua. Para a qualidade do ensino e aprendizagem faz-se necessária haver a
parceria entre professor e aluno. Cabe ao professor investigar, a priori, o interesse
dos alunos, os estimulando a usarem a criatividade, a buscar novas experiências,
proporcionando aquisições de saberes significativos.
Portanto, a escola tem uma função importantíssima no processo de
transformação social, pois, contribui diretamente na formação do sujeito, para
emancipação social e promoção da cidadania. Assim, estimulando a leitura e a
escrita, far-se-á com que nossos alunos, compreendam melhor o que estão
aprendendo na escola, e o que acontece no mundo em geral, visualizando um
horizonte totalmente novo, pois somente dessa forma, o ser humano consegue se
transportar e explorar o desconhecido.
30

REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola, 2007.

BAZI, Gisele A. do Patrocínio (2000). As dificuldades de aprendizagem em leitura


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Acesso em 04 de março de 2016 às 2h53min.

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arte e educação e suas ressonâncias no trabalho docente. 2013. Disponível em:
<http://www.ufsj.edu.br/portal2-repositorio/.../DISSERTACAO%20DAVID.pdf.>
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cotidiano. 197 f. Dissertação (Mestrado em educação) – Universidade Federal da
Bahia (UFBA/FACED), Salvador, 2009.

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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n25/n25a01.pdf/ acesso em 24 de
fevereiro de 2016.

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