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Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7

Cadernos PDE

II
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA
TURMA – PDE/2014

O CONTO E A SINOPSE COMO INSTRUMENTOS PARA


APERFEIÇOAMENTO DA ESCRITA
Autor: Silvia Suzana Rosa Nagnibeda Silva
Disciplina/Área: Língua Portuguesa / Linguística aplicada e Ensino
de Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Colégio Estadual Maestro Bento Mossurunga
Projeto e sua localização: Rua Aldo Vergani, 1004, Oficinas
Município da escola: Ponta Grossa – PR

Núcleo Regional de Ponta Grossa


Educação:
Professor Orientador: Profª Ms. Jaqueline Aparecida dos Santos Dutra
Instituição de Ensino UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa
Superior:

Durante nosso trabalho com a Língua


Portuguesa no Ensino Fundamental, pudemos
observar a grande dificuldade do aluno em
expressar suas ideias com clareza em um texto
escrito. Tal observação exige do professor um
trabalho mais sistemático, pois, conforme
Antunes (2003) o professor precisa oferecer aos
Resumo: alunos práticas pedagógicas que desenvolvam
as habilidades de planejar, escrever e reescrever
textos que estejam de acordo com a proposta da
produção. Sendo assim, o presente trabalho
tem por objetivo desenvolver estratégias que
levem o aluno à prática da produção textual,
analisando as produções dos alunos do 6º ano,
capacitando-os a produzirem seus textos, revisá-
los e reescrevê-los de forma autônoma, através
de atividades de leitura, escrita, revisão e
reescrita, utilizando para esses fins os gêneros
textuais conto e sinopse, dentro de uma unidade
didática.
Palavras-chave: Leitura, Escrita, Reescrita
Formato do Material Unidade Didática
Didático:
Público: Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental
APRESENTAÇÃO:

A produção textual dos alunos do 6º ano merece uma atenção especial,


tendo em vista as dificuldades que os mesmos apresentam quanto à organização
do texto escrito. Para isso é necessário desenvolver um trabalho estratégico,
aperfeiçoando atividades que desenvolvam sua capacidade de planejar, produzir
textos, revisá-los e reescrevê-los de forma autônoma e competente,
desenvolvendo assim suas habilidades linguístico-discursivas.
A presente produção didático-pedagógica faz parte do PDE (Programa
de Desenvolvimento da Educação), do Governo do Estado do Paraná, e tem como
público-alvo os alunos de duas turmas dos sextos anos do Colégio Estadual
Maestro Bento Mossurunga, localizado na Rua Aldo Vergani, 1004, Bairro Oficinas,
Ponta Grossa, Paraná, do período vespertino, e será aplicada no primeiro
semestre de 2015, durante as aulas de Língua Portuguesa.
Nosso trabalho busca, através de uma Unidade Didática, levar os
alunos a exercitar a prática da leitura, a compreensão de textos, o exercício da
produção, seguida de atividades de revisão e reescrita, a fim de aperfeiçoar e
adequar o texto produzido. O domínio da leitura e da escrita leva o aluno a
desenvolver conhecimentos nas diversas áreas e a ampliar sua capacidade
intelectual, dessa forma, a presente Unidade Didática se propõe a desenvolver
atividades de leitura e produção textual que proporcionem aos alunos um trabalho
com gêneros pertencentes ao seu contexto social, bem como a capacitação da
revisão e reescrita autônoma de seus textos.
Para tanto, escolhemos os gêneros textuais conto e sinopse, por serem
textos curtos, de fácil leitura e compreensão. Os contos, segundo Franco e Oliveira
(2009) são narrativas que inicialmente eram transmitidos oralmente e que contêm
um único conflito, que se dá de forma concentrada e se desenvolve rapidamente.
Sua leitura é rápida e a concentração do leitor fica centrada em uma única trama
central, evitando dispersões, sendo assim um exercício de leitura atraente para o
aluno. Já o gênero sinopse proporciona ao aluno realizar uma produção concisa e
objetiva, desenvolvendo estratégias que atraiam o leitor para a leitura do conto.
Segundo Costa (apud SILVA e GOMES, 2011), a sinopse é uma
apresentação abreviada de um texto, apresentando seu conteúdo de forma
concisa e coerente. Já para Silva e Gomes, 2011, a sinopse pode ser
caracterizada pela observação do enredo geral da obra, os atores e seus
personagens principais, bem como uma espécie de avaliação ou comentário da
obra. Ela “organiza-se em uma grande sequência narrativa”, “sobreposta num tipo
de discurso misto teórico interativo”, (SILVA e GOMES, 2011). Conhecer as
características do texto sinopse e ser capaz de produzi-lo, traz ao aluno a
oportunidade de exercitar sua prática escrita, trabalhando os principais pontos a
serem observados em um conto, destacando as ideias principais de forma atraente
e instigante na sinopse.
Para desenvolvermos nosso trabalho, serão propostas atividades que
contemplem a intenção de nossa produção didático-pedagógica, divididas em
capítulos, com textos selecionados e atividades direcionadas. Pressupõe-se um
trabalho de 32 horas/aula, com cada um dos sextos anos, e, ao final dos trabalhos
pretende-se reunir os textos produzidos e reestruturados pelos alunos em uma
pequena coletânea, a fim de que a mesma circule pela escola, com a pretensão de
valorizar o trabalho dos alunos.
Após o trabalho com cada conto, os alunos farão sua própria sinopse,
faremos a revisão e o texto será reescrito. Dessa versão estruturada, faremos
cópias e os alunos envolvidos no projeto as distribuirão para os colegas das outras
séries, com o objetivo de promover o interesse pela leitura dos contos. Teremos
cerca de 10 cópias de cada conto disponíveis para empréstimo na biblioteca.
Assim também será possível observar se há um aumento de interesse pela leitura
a partir da produção das sinopses.
UNIDADE DIDÁTICA
CAPÍTULO 1 ( 4 AULAS)

Professores: Esse questionário inicial é apenas uma ferramenta


para podermos conhecer os hábitos de leitura e escrita dos
nossos alunos. Frequentemente criamos pressuposições sem
realmente verificarmos se elas se concretizam. Como nosso
trabalho é com 6º ano, precisamos fazer um diagnóstico dos
alunos que estamos recebendo e com quem desenvolveremos
nossas atividades. É através desse conhecimento prévio que
podemos adequar nossas atividades, dando ênfase a um ou outro
aspecto pretendido durante nosso trabalho.

Como estão seus hábitos de leitura e escrita?

Caros estudantes, para que possamos refletir sobre nossas


atividades de leitura e escrita, respondam o questionário abaixo,
sendo o mais sincero possível.
Não se preocupem, não vale nota. :

- Nome: ___________________________________________________

- Idade:___________________________________________________

- O que você lê durante o dia:_______________________________________________

- Onde você encontra esses textos:__________________________________________

___________________________________________________ __________________

- Em que momento do dia você mais lê:_______________________________________

______________________________________________________________________

- Gosta de ler livros? Cite os que você já leu e que se lembra.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

- Que livro mais gostou?

______________________________________________________________________

- Prefere ler sozinho ou gosta que outras pessoas leiam para você?

______________________________________________________________________

- Costuma escrever? _________________________________

- Que tipo de textos você mais escreve?

__________________________________________________________________

- Depois que você escreve um texto costuma relê-lo para ver se ficou bem escrito?

_______________________________________________________________________

- Reescreve um texto se achar que é necessário? _____________________________

- Você costuma fazer uso do dicionário quando fica em dúvida sobre o significado de

uma palavra ou quando não tem certeza de como ela se escreve?

_____________________

- Com o que você acha que é mais importante nos preocuparmos quando escrevemos

um texto?

_______________________________________________________________________

- Se fosse para você produzir uma história, sobre o que você gostaria de escrever?

_______________________________________________________________________
Ainda na introdução, para recolhermos uma primeira produção
narrativa dos alunos, peça que façam um pequeno texto a partir da
sequência de imagens abaixo. Elas foram copiadas do site
http://sitededicas.ne10.uol.com.br/ctsem.htm onde há várias outras
sugestões de atividades. Vale a pena visitar!
Este texto será retomado no final do trabalho, para que o próprio
aluno faça sua revisão e reescreva-o, fazendo as adequações
necessárias. Espera-se que ele já esteja capacitado para fazer essa
atividade de forma autônoma.

Faça uma pequena história utilizando essa sequência de imagens. Você


pode dar o nome que quiser ao teu personagem, mas não esqueça de que sua
história deve fazer sentido. Mãos à obra:

NO SILÊNCIO DA NOITE

2)
1)

3) 4)
5) 6)

7) 8)

9)
CAPÍTULO 2 ( 6 AULAS)

CONTO – FELICIDADE CLANDESTINA

Nesse capítulo vamos:


- Ler, estudar e interpretar o conto Felicidade Clandestina, de Clarice
Lispector;
- Estudar a estrutura do conto;
-Conhecer ou reconhecer o gênero textual sinopse e suas
características;.

VOCÊ SABE QUE TIPO DE TEXTO É O CONTO?

Conto é um texto narrativo, que possui narrador, personagens,


enredo (ação), tempo e espaço. Ele é curto e possui um só
conflito, que se desenvolve de forma concentrada.

Vamos analisar alguns desses elementos do conto:


- Narrador: ele é a voz que conta a história. Pode ser em 1ª pessoa, quando
ele é também um dos personagens, ou narrador em 3ª pessoa, quando não
participa da história. Não devemos confundir o narrador com o autor. O
narrador é uma criação do autor, não o autor.
- Personagens: são aqueles que participam da narrativa. Podem ser
protagonistas, personagens principais que vivem a ação; antagonistas: que se
opõem aos protagonistas; adjuvantes: que auxiliam os personagens
protagonistas e antagonistas no desenvolvimento da ação e os figurantes, que
não participam diretamente da ação.
- Tempo: é o intervalo de tempo em que a história acontece. Pode ser
cronológico, quando é medido em horas ou dias, ou psicológico, que é o
tempo interior de cada personagem, é determinado pelo desejo ou
imaginação do próprio personagem (ou do narrador), e pode ser alongado ou
encurtado de acordo com o estado de espírito em que cada um se encontra.
- Espaço: é onde a ação acontece, o cenário.
- Enredo: são os acontecimentos narrados, é a história em si. Os contos se
concentram em uma única ação principal.
Segundo Franco e Oliveira, 2009,
“conto é a modalidade narrativa mais antiga,
pois vem desde a Bíblia,
se considerarmos o conflito entre Caim e Abel,
ou a Parábola do Filho Pródigo; na cultura oriental temos
ainda os contos das Mil e Uma Noites.”

LEITURA

Você pode responder onde está a Felicidade? Será que somos


capazes de encontrar a felicidade nas coisas mais simples da
vida? Este conto de Clarice Lispector, que podemos encontrar no
livro de mesmo nome, nos mostrará que sim!

Felicidade Clandestina

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio


arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se
não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o
que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo
menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai.
Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais
do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e
“saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando
balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente
bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o
seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia:
continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma
tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho,
de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele,
comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu
passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não
vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num
sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus
olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me
tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de
andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia
seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo
mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria
era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso
e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder,
que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o
drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido,
enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que
ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes
aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às
vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de
modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras
se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e
silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e
diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma
confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada
vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-
se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e
você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a
descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de
perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento
das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha:
você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto
tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é
tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na
mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí
andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o
contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito
estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois
ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo,
fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia
onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas
dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser
clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia
orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem
tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

(disponível em:
http://redebibliotecas.municipioarraiolos.pt/images/BIBLIOTECA/clarice_lispector_contos.pdf )

MÃOS À OBRA

Para compreendermos esse texto e fazermos uma reflexão sobre ele,


responda às perguntas abaixo. Você deve lembrar de voltar ao texto sempre que
for necessário!

1) O título é Felicidade Clandestina. Você sabe o que significa a palavra


“clandestina”? Se não, procure no dicionário seu significado e anote o que melhor
se encaixa nesse título.
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2) O narrador é em 1ª ou em 3ª pessoa? Copie uma frase que comprova isso.


R: ________________________________________________________________
_________________________________________________________________

3) Quais são os personagens principais? Quem é o protagonista e quem é o


antagonista? Existe algum personagem adjuvante? Quem?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________

4) Apesar da menina dona do livro ser descrita como má e irritante, ela tinha algo
que a narradora invejava. O que era?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
5) Você consegue descobrir onde essa história se desenrola? Em que partes do
texto é possível saber disso?
R: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________
6) Reveja este trecho “ O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e
diabólico.” A que plano a narradora se refere?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
7) Por que a narradora não comprava simplesmente o livro tão desejado, por que
se humilhava todos os dias indo à casa da garota? Isso está escrito no conto? Em
que parte?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8) Nos três últimos parágrafos podemos até dizer que ela havia iniciado “um
namoro” com o tão desejado livro. Qual sentimento está presente nesse
relacionamento?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
9) É possível que essa história tenha mesmo acontecido ou é só uma invenção da
autora? Dê sua opinião.
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________

10) No conto, qual é a felicidade clandestina que a narradora experimenta?


R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
________________________________________________________________

Professores, no site
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28047 há
outra opção de trabalho com esse conto.
É possível encontrar mais sobre a obra de Clarice Lispector e algumas
atividades que podem ser feitas com alunos do Ensino Médio no site
http://www.santanapg.com.br/felicidade.pdf

SINOPSE – O QUE É?
Podemos definir sinopse como sendo um texto curto, objetivo e preciso,
da estrutura narrativa, a partir do enredo principal, destacando-se elementos de
espaço, tempo, personagens principais e situações-chave. Não há necessidade de
dar todos os detalhes resumidos da história. Colocam-se apenas as informações
que serão capaz de dar ao leitor uma noção geral sobre ela. O suspense precisa
ser mantido, para que o leitor fique curioso, pois é através dela que se estimula ou
não o leitor a seguir com a leitura ou assistir à obra em questão. É uma espécie de
chamariz.
É possível fazer sinopses de livros, textos, filmes, novelas e outras
narrativas. É um recurso muito comum em TV e cinema, meios que por causa do
alto investimento financeiro exigem divulgação do trabalho, apresentando, através
da sinopse, a história que se pretende contar.
A sinopse deverá seguir algumas regras básicas para conseguir chamar
a atenção do público, como: Apresentar a história de forma resumida, sem contar o
final; caracterizar os personagens; contextualizá-los e dar o tom da narrativa.

Professores: deixar bem claro que há diferenças


entre o resumo e a sinopse, podendo dar
exemplos de ambos que os diferenciem.

Abaixo está a capa do livro de Clarice Lispector, que possui o mesmo


nome do conto que estudamos, o qual faz parte do livro:

Editora: Rocco
Ano de edição: 1998
Páginas: 159

disponível em: http://www.rocco.com.br/index.php/livro?cod=1920

Nos livros nós podemos encontrar na contracapa uma breve explicação


sobre seu conteúdo, às vezes com comentários e com as situações-chave do(s)
texto(s) ali presente. Esse breve comentário é uma sinopse.

Vamos ver a sinopse do livro acima:


Felicidade Clandestina

Nesta coletânea de 25 textos reúnem-se alguns contos e

crônicas publicados nos livros A legião estrangeira, Para

não esquecer e A descoberta do mundo. Temas caros ao

universo clariceano estão presentes neste livro: a relação

mágica com os animais, a descoberta do outro, as

inúmeras possibilidades de se escrever uma história, a

presença do inesperado no cotidiano previsível. Naqueles

textos de cunho autobiográfico é possível flagrar, por

exemplo, momentos da infância marcados pelos

sentimentos mais diversos; da euforia das descobertas ao

choque das frustrações, como em Restos do carnaval ou

em Cem anos de perdão.

Disponível em: http://www.claricelispector.com.br/1971_FelicidadeClandestina.aspx

Você pode observar que foram destacadas as principais características


do livro e os temas abordados. Não registramos a presença de uma opinião clara
sobre o livro, mas há um elogio à temática: “temas caros”. Nesse caso “caros” é
sinônimo de “precioso”, “coisa de valor”.
As sinopses também são encontradas com bastante frequência em
jornais, em especial para falar dos filmes que estarão em exibição nos cinemas.
Vamos fazer uma análise das sinopses de filmes encontradas
principalmente em jornais:
disponível em : http://dicasderoteiro.com/2010/01/30/sinopses-sao-um-perigo/
Podemos encontrar nessas sinopses dos filmes o título, onde foi
gravado, em que ano, a duração e o formato (16mm, 35mm, DVD), além, é claro,
do que se trata a história.
A sinopse ainda pode trazer o nome dos atores e os personagens que
eles interpretam. Veja um exemplo de sinopse de filmes que encontramos com
frequência em sites.

A Mansão Mágica
Título original: The House of Magic

Ano de lançamento: 2013


Gênero: Animação, Com projeção 3D
Diretor (s): Jeremy Degruson
Roteirista (s): James Flynn
Produzido por: Caroline Van
Elenco: Cinda Adams, George Babbit, Murray
Blue, Kathleen Browers, Joey Camen, Grant
George, Shanelle Gray, Nina Grillo, Danny
Mann, Sage Sommer e Doug Stone, entre
outros
Estreia no Brasil: 06/11/2014
Classificação indicativa: Livre
Duração: 85 minutos
Sinopse: Após ser abandonado na rua, um jovem gato encontra abrigo em uma
mansão sombria. Lá vive Leonardo, um senhor de idade que trabalha como mágico e
vive rodeado de animais e brinquedos que possuem vida. Ele logo adota o gato e lhe
dá o nome de Trovão, para desgosto do coelho Zeca e da ratinha Nina, que se sentem
ameaçados. Não demora muito para que a dupla planeje algo para expulsar Trovão do
lugar, mas logo todos precisam lidar com uma ameaça bem mais perigosa: Daniel,
sobrinho de Leonardo, que deseja vender a velha mansão
Idioma (s): Inglês
País (s): Bélgica
Cor: Colorido
Som: Dolby Digital
Distribuidora: Imagem Filmes
Disponível em http://guia.gazetadopovo.com.br/cinema/a-mansao-magica/9938/
MÃOS À OBRA

Vamos ver algumas sinopses na seção do Caderno G da Gazeta do Povo!

1) Com o Caderno G do Jornal a Gazeta do Povo, na seção cinema, selecione um


filme e complete o quadro abaixo:

Título em português
Título original
Local em que foi produzido
Ano em que foi produzido
Quem dirigiu
Quem são os atores

Gênero do filme
Duração
Censura

2) Além dessas informações, o que mais é possível encontrar na sinopse que


você selecionou?
R: _____________________________________________________________
__________________________________________________________________

3) Você sentiu vontade de assistir a esse filme somente lendo a sinopse? Por
quê?
R: _____________________________________________________________
__________________________________________________________________
4) Você se lembra de um filme a que tenha assistido e do qual tenha gostado?
Você é capaz de fazer uma sinopse para que seus colegas o conheçam e queiram
assistir ao filme? Não precisa colocar o nome dos atores, do diretor, de onde foi
gravado, em que ano e o título original, se não for um filme brasileiro. Apenas
monte a sinopse, falando do nome do filme, dos personagens, onde e quando a
história acontece e os fatos principais, como foi feito em “A Mansão Mágica”:
R: ____________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Após a escrita, vamos preparar nosso “Caderno G”?

• Releia o seu texto e analise se está bem escrito. Lembre-se, mais do que
escrever ortograficamente correto, você deve verificar se ele está adequado
aos objetivos da sinopse, se o seu leitor irá compreendê-lo e se ele é fiel
aos acontecimentos do filme.

• Passe-o a limpo em uma folha de papel A4, com uma letra bem legível.
Coloque o nome do filme em letras maiores e centralizado.

• Você pode recortar e acrescentar uma imagem que esteja de acordo com a
história.

• Então, você e seus colegas devem montar cartazes com as sinopses para
serem colocados no mural, como se fosse uma página do jornal que
utilizamos para nossa atividade anterior.
Professores, os textos deverão ser corrigidos se houver necessidade e os
apontamentos sobre as adequações deverão ser feitos individualmente,
durante a atividade. Analisar o texto na presença do aluno/autor ou fazer
um acompanhamento durante a produção permite a internalização e
compreensão das sugestões para o aperfeiçoamento e reorganização das
ideias. Destacamos aqui que revisar não é apenas corrigir, pode ser
também alterar o texto em aspectos que não estão “errados”, tornando-o
mais adequado à proposta.
Após todos terminarem a atividade, montar cartazes em cartolina ou
papel bobina/craft, para ser colocado no mural, sugerindo a montagem
como no Caderno G.
Se você achar interessante, ao invés de pedir uma sinopse de um filme a
que eles assistiram, peça para que inventem um roteiro, em que eles
mesmos serão os atores, criando personagens e o enredo!

Voltando à Felicidade Clandestina...

Vamos observar uma sinopse do conto que estudamos da Clarice Lispector:

“Clarice Lispector, no conto Felicidade Clandestina, apresenta o que seria a


primeira paixão de uma menina, que sofre com a impossibilidade de tê-la em seus
braços, por conta da interferência maldosa de uma outra menina, que resolve torturá-la,
impedindo o seu encontro. Começa assim um longo caminho recheado de sentimentos
como ansiedade, esperança e frustração, até que a mãe da menina má interfere, surpresa
com a crueldade da filha, e intervém em favor da personagem angustiada. Esse conto nos
leva a compreendermos que a verdadeira felicidade está nas pequenas coisas e nem
sempre valorizamos o que temos.”

Conversar com os alunos sobre essa sinopse e


identificar informações que podem ser encontradas
sobre o texto, ressaltando que se fala sobre o texto e
não apenas se resume a história.

As atividades abaixo podem ser feitas oralmente.


Dê sua opinião sobre a sinopse:
a) Ela foi bem escrita?
b) Que informações é possível obter por essa sinopse?
c) Ela é capaz de atrair o leitor para ler o texto?
d) É possível encontrar uma análise pessoal do escritor dessa sinopse?
Em que momento?
e) Se o leitor ainda não conhece a história, pode saber qual é a
“primeira paixão” da protagonista? Esse suspense permite ao leitor levantar quais
hipóteses?

Hora de produzir sua própria sinopse desse conto. Lembre-se,


ela deverá despertar nos colegas das outras turmas o interesse em ler esse
conto!

Professores, como explicado na apresentação, os alunos deverão


fazer suas próprias sinopses, que depois de revistas e reescritas
com letra bem legível, serão distribuídas aos colegas das outras
turmas. Cada aluno deverá fazer mais de uma cópia de cada sinopse
sua, o suficiente para atender ao número de alunos das outras
turmas. Se houver um grande número de turmas na escola, é
possível adotar outra estratégia, como fotocopiar ou colocar cópias
das sinopses fixadas nas salas de aula.
Poderemos selecionar alguns alunos para passarem nas salas
explicando o que é a sinopse, falando do projeto e esclarecendo
que os contos estarão disponíveis para empréstimos na biblioteca.
Dessa forma há um comprometimento com a atividade de leitura e
escrita.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a escritora:


Clarice Lispector
Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, no dia
10 de dezembro de 1920, veio para o Brasil em março de
1922, passou a infância na cidade do Recife e em 1937
mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se formou em
Direito.
Clarice Lispector estreou na literatura ainda muito jovem
com o romance "Perto do Coração Selvagem" (1943), que
teve calorosa acolhida da crítica e recebeu o Prêmio Graça
Aranha.
Em 1944, recém-casada com um diplomata, viajou para Nápoles, onde serviu num
hospital durante os últimos meses da Segunda Guerra. Depois de uma longa estada
na Suíça e Estados Unidos, voltou a morar no Rio de Janeiro.
Clarice Lispector começou a colaborar na imprensa em 1942 e, ao longo de toda a
vida, nunca se desvinculou totalmente do jornalismo. Trabalhou na Agência
Nacional e nos jornais A Noite e Diário da Noite. Foi colunista do Correio da
Manhã e realizou diversas entrevistas para a revista Manchete. A autora foi
cronista do Jornal do Brasil. Produzidos entre 1967 e 1973, esses textos estão
reunidos no volume "A Descoberta do Mundo".
Entre suas obras mais importantes estão a reunião de contos em "A Legião
Estrangeira" (1964), "Laços de Família" (1972), os romances "A Paixão Segundo
G.H. (1964) e "A Hora da Estrela" (1977).
Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro no dia 9 de dezembro de 1977.

disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/biografia/


CAPÍTULO 3 ( 6 aulas)

Leia:
Júlia Lopes de Almeida, escritora brasileira, em seu conto intitulado “A
Caolha”, nos apresenta o drama de uma mãe que passa todas as
dificuldades para criar seu filho e mais tarde se sente rejeitada por ele
devido a sua aparência física. A preocupação com o que os outros falam
leva o personagem Antonico a fazer coisas pelas quais sente remorso e
culpa. Será então que o amor de mãe é capaz de superar todos os
problemas?

Para conversar:

 É possível ter uma ideia sobre o que fala o texto?


 A mãe tem um problema físico que causa vergonha no filho. Apesar
de a sinopse não dizer qual é, dá para saber? Como?
 Essa sinopse é capaz de atrair a sua atenção para a leitura do texto,
ou não pareceu interessante?
 Há algum suspense, algo que dá vontade de descobrir nesse conto
de Júlia Lopes Almeida?

Vamos assistir a um vídeo em que essa história é contada pela atriz


Marília Pêra:

Professores: esse vídeo pode ser acessado no link:


https://www.youtube.com/watch?v=A3yFqsii84k . Caso
isso não seja possível,você mesmo pode ler o texto para
os alunos.

Agora, releia o texto em silêncio:


A CAOLHA

A caolha era uma mulher magra,


alta, macilenta, peito fundo, busto
arqueado, braços compridos, delgados,
largos nos cotovelos, grossos nos pulsos;
mãos grandes, ossudas, estragadas pelo
reumatismo e pelo trabalho; unhas
grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo,
de uma cor indecisa entre o branco sujo
e o louro grisalho, desse cabelo cujo
contato parece dever ser áspero e
espinhento; boca descaída, numa
expressão de desprezo, pescoço longo,
engelhado, como o pescoço dos urubus;
dentes falhos e cariados.
O seu aspecto infundia terror às crianças e repulsão aos adultos; não tanto pela
sua altura e extraordinária magreza, mas porque a desgraçada tinha um defeito horrível:
haviam lhe extraído o olho esquerdo; a pálpebra descera mirrada, deixando, contudo,
junto ao lacrimal, uma fístula continuamente porejante.
Era essa pinta amarela sobre o fundo denegrido da olheira, era essa destilação
incessante de pus que a tornava repulsiva aos olhos de toda gente.
Morava numa casa pequena, paga pelo filho único, operário numa fábrica de
alfaiate; ela lavava a roupa para os hospitais e dava conta de todo o serviço da casa
inclusive cozinha. O filho, enquanto era pequeno, comia os pobres jantares feitos por ela,
às vezes até no mesmo prato; à proporção que ia crescendo, ia-se a pouco e pouco
manifestando na fisionomia a repugnância por essa comida; até que um dia, tendo já um
ordenadozinho, declarou à mãe que, por conveniência do negócio, passava a comer fora...
Ela fingiu não perceber a verdade, e resignou-se.
Daquele filho vinha-lhe todo o bem e todo o mal.
Que lhe importava o desprezo dos outros, se o seu filho adorado lhe pagasse
com um beijo todas as amarguras da existência?
Um beijo dele era melhor que um dia de sol, era a suprema carícia para o triste
coração de mãe! Mas... os beijos foram escasseando também, com o crescimento do
Antonico! Em criança ele apertava-a nos braços e enchia-lhe a cara de beijos; depois,
passou a beijá-la só na face direita, aquela onde não havia vestígios de doença; agora,
limitava-se a beijar-lhe a mão!
Ela compreendia tudo e calava-se.
O filho não sofria menos.
Quando em criança entrou para a escola pública da freguesia, começaram
logo os colegas, que o viam ir e vir com a mãe, a chamá-lo - o filho da caolha.
Aquilo exasperava-o; respondia sempre:
- Eu tenho nome!
Os outros riam e chacoteavam-no; ele se queixava aos mestres, os mestres
ralhavam com os discípulos, chegavam mesmo a castigá-los - mas a alcunha pegou. Já
não era só na escola que o chamavam assim.
Na rua, muitas vezes, ele ouvia de uma ou outra janela dizerem: o filho da
caolha! Lá vai o filho da caolha! Lá vem o filho da caolha!
Eram as irmãs dos colegas, meninas novas, inocentes e que, industriadas pelos
irmãos, feriam o coração do pobre Antonico cada vez que o viam passar!
As quitandeiras, onde iam comprar as goiabas ou as bananas para o lanche,
aprenderam depressa a denominá-lo como os outros, e, muitas vezes, afastando os
pequenos que se aglomeravam ao redor delas, diziam, estendendo uma mancheia de
araçás, com piedade e simpatia:
- Taí, isso é para o filho da caolha!
O Antonico preferia não receber o presente a ouvi-lo acompanhar de tais
palavras; tanto mais que os outros, com inveja, rompiam a gritar, cantando em coro, num
estribilho já combinado:
- Filho da caolha, filho da caolha!
O Antonico pediu à mãe que não o fosse buscar à escola; e muito vermelho,
contou-lhe a causa; sempre que o viam aparecer à porta do colégio os companheiros
murmuravam injúrias, piscavam os olhos para o Antonico e faziam caretas de náuseas.
A caolha suspirou e nunca mais foi buscar o filho.
Aos onze anos o Antonico pediu para sair da escola: levava a brigar com os
condiscípulos, que o intrigavam e malqueriam. Pediu para entrar para uma oficina de
marceneiro. Mas na oficina de marceneiro aprenderam depressa a chamá-lo - o filho da
caolha, a humilhá-lo, como no colégio.
Além de tudo, o serviço era pesado e ele começou a ter vertigens e desmaios.
Arranjou então um lugar de caixeiro de venda: os seus colegas agruparam-se à porta,
insultando-o, e o vendeiro achou prudente mandar o caixeiro embora, tanto que a
rapaziada ia-lhe dando cabo do feijão e do arroz expostos à porta nos sacos abertos! Era
uma contínua saraivada de cereais sobre o pobre Antonico!
Depois disso passou um tempo em casa, ocioso, magro, amarelo, deitado pelos
cantos, dormindo às moscas, sempre zangado e sempre bocejante! Evitava sair de dia e
nunca, mas nunca, acompanhava a mãe; esta poupava-o: tinha medo que o rapaz, num
dos desmaios, lhe morresse nos braços, e por isso nem sequer o repreendia! Aos dezesseis
anos, vendo-o mais forte, pediu e obteve-lhe, a caolha, um lugar numa oficina de alfaiate.
A infeliz mulher contou ao mestre toda a história do filho e suplicou-lhe que não deixasse
os aprendizes humilhá-lo; que os fizesse terem caridade!
Antonico encontrou na oficina uma certa reserva e silêncio da parte dos
companheiros; quando o mestre dizia: sr. Antonico, ele percebia um sorriso mal oculto nos
lábios dos oficiais; mas a pouco e pouco essa suspeita, ou esse sorriso, se foi desvanecendo,
até que principiou a sentir-se bem ali.
Decorreram alguns anos e chegou a vez de Antonico se apaixonar. Até aí,
numa ou outra pretensão de namoro que ele tivera, encontrara sempre uma resistência
que o desanimava, e que o fazia retroceder sem grandes mágoas. Agora, porém, a coisa era
diversa: ele amava! Amava como um louco a linda moreninha da esquina fronteira, uma
rapariguinha adorável, de olhos negros como veludos e boca fresca como um botão de
rosa. O Antonico voltou a ser assíduo em casa e expandia-se mais carinhosamente com a
mãe; um dia, em que viu os olhos da morena fixarem os seus, entrou como um louco no
quarto da caolha e beijou-a mesmo na face esquerda, num transbordamento de esquecida
ternura!
Aquele beijo foi para a infeliz uma inundação de júbilo! Tornara a encontrar o
seu querido filho! Pôs-se a cantar toda a tarde, e nessa noite, ao adormecer, dizia consigo:
- Sou muito feliz... o meu filho é um anjo!
Entretanto, o Antonico escrevia, num papel fino, a sua declaração de amor à
vizinha. No dia seguinte mandou-lhe cedo a carta. A resposta fez-se esperar. Durante
muitos dias Antonico perdia-se em amarguradas conjecturas.
Ao princípio pensava: - É o pudor.
Depois começou a desconfiar de outra causa; por fim recebeu uma carta em
que a bela moreninha confessava consentir em ser sua mulher, se ele se separasse
completamente da mãe! Vinham explicações confusas, mal alinhavadas: lembrava a
mudança de bairro; ele ali era muito conhecido por filho da caolha, e bem compreendia
que ela não se poderia sujeitar a ser alcunhada em breve de - nora da caolha, ou coisa
semelhante!
O Antonico chorou! Não podia crer que a sua casta e gentil moreninha tivesse
pensamentos tão práticos!
Depois o seu rancor se voltou para a mãe.
Ela era a causadora de toda a sua desgraça! Aquela mulher perturbara a sua
infância, quebrara-lhe todas as carreiras, e agora o seu mais brilhante sonho de futuro
sumia-se diante dela! Lamentava-se por ter nascido de mulher tão feia, e resolveu
procurar meio de separar-se dela; iria considerar-se humilhado continuando sob o
mesmo teto; havia de protegê-la de longe, vindo de vez em quando vê-la à noite,
furtivamente...
Salvava assim a responsabilidade do protetor e, ao mesmo tempo, consagraria à
sua amada a felicidade que lhe devia em troca do seu consentimento e amor...
Passou um dia terrível; à noite, voltando para casa levava o seu projeto e a
decisão de o expor à mãe.
A velha, agachada à porta do quintal, lavava umas panelas com um trapo
engordurado. O Antonico pensou: "Ao dizer a verdade eu havia de sujeitar minha mulher
a viver em companhia de... uma tal criatura?" Estas últimas palavras foram arrastadas pelo
seu espírito com verdadeira dor. A caolha levantou para ele o rosto, e o Antonico, vendo-
lhe o pus na face, disse:
- Limpe a cara, mãe...
Ela sumiu a cabeça no avental; ele continuou:
- Afinal, nunca me explicou bem a que é devido esse defeito!
- Foi uma doença, - respondeu sufocadamente a mãe - é melhor não lembrar
isso!
- E é sempre a sua resposta: é melhor não lembrar isso! Por quê?
- Porque não vale a pena; nada se remedeia...
- Bem! Agora escute: trago-lhe uma novidade. O patrão exige que eu vá
dormir na vizinhança da loja... já aluguei um quarto; a senhora fica aqui e eu virei todos
os dias saber da sua saúde ou se tem necessidade de alguma coisa... É por força maior; não
temos remédio senão sujeitar-nos!...
Ele, magrinho, curvado pelo hábito de costurar sobre os joelhos, delgado e
amarelo como todos os rapazes criados à sombra das oficinas, onde o trabalho começa
cedo e o serão acaba tarde, tinha lançado naquelas palavras toda a sua energia, e
espreitava agora a mãe com um olhar desconfiado e medroso.
A caolha se levantou e, fixando o filho com uma expressão terrível, respondeu
com doloroso desdém:
- Embusteiro! O que você tem é vergonha de ser meu filho! Saia! Que eu
também já sinto vergonha de ser mãe de semelhante ingrato!
O rapaz saiu cabisbaixo, humilde, surpreso da atitude que assumira a mãe, até
então sempre paciente e cordata; ia com medo, maquinalmente, obedecendo à ordem que
tão feroz e imperativamente lhe dera a caolha.
Ela o acompanhou, fechou com estrondo a porta, e vendo-se só, encostou-se
cabaleante à parede do corredor e desabafou em soluços. O Antonico passou uma tarde e
uma noite de angústia.
Na manhã seguinte o seu primeiro desejo foi voltar à casa; mas não teve
coragem; via o rosto colérico da mãe, faces contraídas, lábios adelgaçados pelo ódio,
narinas dilatadas, o olho direito saliente, a penetrar-lhe até o fundo do coração, o olho
esquerdo arrepanhado, murcho - murcho e sujo de pus; via a sua atitude altiva, o seu dedo
ossudo, de falanges salientes, apontando-lhe com energia a porta da rua; sentia-lhe ainda
o som cavernoso da voz, e o grande fôlego que ela tomara para dizer as verdadeiras e
amargas palavras que lhe atirara no rosto; via toda a cena da véspera e não se animava a
arrostar com o perigo de outra semelhante.
Providencialmente, lembrou-se da madrinha, única amiga da caolha, mas que,
entretanto, raramente a procurava.
Foi pedir-lhe que interviesse, e contou-lhe sinceramente tudo o que houvera.
A madrinha escutou-o comovida; depois disse:
- Eu previa isso mesmo, quando aconselhava tua mãe a que te dissesse a
verdade inteira; ela não quis, aí está!
- Que verdade, madrinha?
Encontraram a caolha a tirar umas nódoas do fraque do filho - queria
mandar-lhe a roupa limpinha. A infeliz se arrependera das palavras que dissera e tinha
passado a noite à janela, esperando que o Antonico voltasse ou passasse apenas... Via o
porvir negro e vazio e já se queixava de si! Quando a amiga e o filho entraram, ela ficou
imóvel: a surpresa e a alegria amarraram-lhe toda a ação.
A madrinha do Antonico começou logo:
- O teu rapaz foi suplicar-me que te viesse pedir perdão pelo que houve aqui
ontem e eu aproveito a ocasião para, à tua vista, contar-lhe o que já deverias ter-lhe dito!
- Cala-te! - murmurou com voz apagada a caolha.
- Não me calo! Essa pieguice é que te tem prejudicado! Olha, rapaz! Quem
cegou a tua mãe foste tu!
O afilhado tornou-se lívido; e ela concluiu:
- Ah, não tiveste culpa! Eras muito pequeno quando, um dia, ao almoço,
levantaste na mãozinha um garfo; ela estava distraída, e antes que eu pudesse evitar a
catástrofe, tu o enterraste pelo olho esquerdo! Ainda tenho no ouvido o grito de dor que
ela deu!
O Antonico caiu pesadamente de bruços, com um desmaio; a mãe acercou-se
rapidamente dele, murmurando trêmula:
- Pobre filho! Vês? Era por isto que eu não queria dizer nada!

Disponível em: http://saladeleituraencantada.blogspot.com.br/2013/04/a-caolha-julia-lopes-


de-almeida.html
MÃOS À OBRA
Estudo do Texto:

1) A sinopse estava de acordo com a história?


R: ________________________________________________________________
2) Quem são os personagens desse conto? Divida-os em principais, secundários e
figurantes.
R: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________
3) Qual é o tempo e o espaço em que a história se desenvolve?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
4) A situação financeira da pequena família está descrita principalmente nesse
trecho:
“Morava numa casa pequena, paga pelo filho único, operário numa fábrica de

alfaiate; ela lavava a roupa para os hospitais e dava conta de todo o serviço da casa

inclusive cozinha. O filho, enquanto era pequeno, comia os pobres jantares feitos

por ela, às vezes até no mesmo prato;...”

Quais são as palavras que deixam essa condição clara?


R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________

5) Na frase final “Pobre filho”, o adjetivo pobre tem o mesmo significado de “comia
os pobres jantares”? Explique:
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________

6) No texto você pode perceber que há muitas palavras e expressões que não são
usadas no nosso dia a dia e talvez você não saiba o significado delas. Vamos
pesquisar então: escolha 5 palavras que você não conhece, anote-as abaixo e,
após procurar no dicionário, anote o significado que melhor se encaixa ao texto:
- ___________ : ___________________________________________________
- ___________ : ____________________________________________________
- ___________ : ____________________________________________________
- ___________ : ____________________________________________________
- ___________ : ____________________________________________________

7) Antonico saiu muito cedo da escola, com que idade e por quê?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________

8) O deboche e a implicância dos colegas de escola e de trabalho para com o


Antonico chama-se “bullying”. O bullying é uma prática que deve ser condenada e
combatida por todos, pois prejudica muito as pessoas, deixando marcas
profundas. Hoje existem muitas campanhas para acabar com isso. O que você
sabe sobre bullying? O que devemos fazer para acabar com ele?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

Professores: é necessário que na hora da correção da atividade de


vocabulário, todas as palavras e expressões desconhecidas sejam
trabalhadas no quadro, pois disso depende o bom entendimento do
texto. Ao se trabalhar o significado delas, a dica é voltar ao texto para
poder “encaixar” um sinônimo que possa deixar seu significado mais
claro.
Sobre o tema bullying, há uma análise desse tema utilizando o conto de
Júlia Lopes de Almeida, no site:

http://www.cchla.ufpb.br/ccl/images/ELAINE_PESSOA_GUEDES_DA_
SILVA_A_problematização_do_bullying_no_conto_A_COALHA.pdf
Você pode perceber que neste texto há várias expressões para referir-se a
Antonico, como:
- filho : “O filho, enquanto era pequeno, …”
- ele: “ele se queixava aos mestres...”
- o filho da caolha: “- Taí, isso é para o filho da caolha!...”
- rapaz: “O rapaz saiu cabisbaixo,...”
- o afilhado: “O afilhado tornou-se lívido...”

Isso ocorre para que não se repita várias vezes a palavra Antonico, para
que o texto não fique cansativo e sem graça. Vamos reescrever os trechos abaixo
substituindo o termo que se repete, por outra palavra que o represente? Veja como
o texto fica melhor!
a) “Maria era uma menina baixinha, cabelos encaracolados e um olhar esperto.
Maria sempre saía de casa com a mãe, pois Maria não conhecia bem a cidade.”
R: ______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
________________________________________________________________

b) “Cebolinha e Cascão combinam mais um plano para derrotar a Mônica.


Cebolinha e Cascão se fantasiam de extraterrestres e vão até a casa da Mônica,
exigir o seu coelhinho, mas Mônica reconhece Cebolinha e Cascão e afugenta
Cebolinha e Cascão com uma coelhada.”
R: ______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
A correção deve ser feita no quadro pelos alunos, colocando-se
ao menos duas versões de cada item, para discutir qual ficou
melhor, destacando outras palavras que poderiam ser usadas
para substituir os temas repetidos.

Refletindo sobre gramática...

ADJETIVOS são palavras que modificam o substantivo,


atribuindo-lhes características, como cor, tamanho,
faixa etária, finalidade aspecto, estado entre outras.
Precisamos ficar atentos à concordância que o adjetivo
deve ter com o substantivo a que ele pertence:
ex.: “braços compridos, delgados...” os adjetivos
compridos e delgados estão no masculino e plural,
porque concordam com o substantivo braços, também
masculino e plural.

9) Volte ao 1º parágrafo e localize o substantivo a que se refere os


seguintes adjetivos ou expressões adjetivas:
a) magra, alta, macilenta: __________________________________
b) fundo: _______________________________________________
c) arqueado: ____________________________________________
d) largos nos cotovelos: ___________________________________
e) estragadas: ___________________________________________
f) cinzentas: _____________________________________________
g) crespo: ______________________________________________
h) indecisa: _____________________________________________

10) Complete os diagramas abaixo com alguns adjetivos que se referem à Caolha
e a Antonico:
LOCUÇÕES ADJETIVAS são conjuntos de palavras que têm a função
de adjetivo. Às vezes elas podem ser substituídas por adjetivos, mas
nem sempre isso é possível:
ex.: amor de mãe – amor materno
vaso de barro – vaso ?????
11) Nos trechos do texto “expressão de desprezo” , “gritos de dor” e “botão de
rosa” ocorrem locuções adjetivas, em que de desprezo caracteriza o substantivo
expressão, de dor é característica de grito e de rosa refere-se a botão.

Utilize os substantivos abaixo para criar locuções adjetivas para os termos dados:
pai – noite – rio – algodão – raiva - aula

a) período _______________________________
b) preocupação ___________________________
c) água _________________________________
d) sala __________________________________
e) casaco ________________________________
f) rugidos ________________________________

SUBSTANTIVAÇÃO é quando um adjetivo é usado com função de


substantivo. Veja o exemplo:
a) Os atletas jovens têm mais resistência.
b) Os jovens têm mais resistência.

Na frase a, jovens é adjetivo e está dando uma qualidade para


atletas. Já na frase b, jovens é o substantivo.

O mesmo acontece com a palavra “caolho”, que pode ser um


adjetivo ou um substantivo. No título desse conto, caolha está
sendo usada como substantivo. Mas na frase abaixo, é um
adjetivo, caracterizando o substantivo pessoa:
- Ele procurava uma pessoa caolha.

12) No texto a palavra infeliz também é usada como adjetivo e como substantivo.
Veja os trechos abaixo e indique em qual ela é usada como substantivo e em qual
é um adjetivo:
a) “A infeliz mulher contou ao mestre toda a história do filho... “

b) “Aquele beijo foi para a infeliz uma inundação de júbilo!”

R: ____________________________________________________________
______________________________________________________________
Vamos produzir:
Faça você uma sinopse desse conto. Não vale copiar a sinopse já
estudada. Reflita sobre os pontos fortes do conto, cite o título, nome da autora e
procure deixar os detalhes do desfecho da história como suspense, para que seu
interlocutor sinta vontade de conhecer a obra.

Não se preocupe,
A atividade deve ser entregue à professora, que irá
a identidade do autor
colocar algumas sinopses no quadro para analisá-las em
será preservada!
conjunto, observando se há necessidade de
reescrevê-las, quais os pontos fortes e o que devemos
observar para aperfeiçoá-las, tornando a sinopse um texto bem interessante.

Quando o professor devolver seu texto, vamos fazer as cópias


necessárias e levar aos colegas das outras turmas, certo?

Professores: esta produção servirá para podermos detectar a


compreensão que os alunos obtiveram do gênero sinopse, bem como sua
capacidade de sintetizar uma história. Também poderemos observar se
haverá alguma questão de ordem ortográfica ou gramatical que seja
necessário abordar antes de iniciar uma revisão.

Para a revisão, vamos reestruturar algumas sinopses no quadro, junto


com toda a turma, destacando os pontos positivos e marcando os pontos
que precisam ser aprimorados.

Sempre entregar os textos para os alunos com as considerações feitas


por você para que ele reescreva, por isso esse momento deve ser feito
de forma individual, apontando ao aluno as correções a serem feitas, se
houver, e que ele apresente a versão reescrita.

Lembre-os de que cópias das sinopses desse conto também serão


distribuídas aos colegas das outras turmas!
Vamos conhecer a autora desse conto, Júlia Lopes de Almeida, e a atriz
Marília Pêra:

JÚLIA Valentim da Silveira LOPES DE


ALMEIDA, nasceu em 24/09/1862 no
Rio de Janeiro e morreu em 30/05/1934
na mesma cidade. Passou parte da
infância em Campinas - SP. Casou-se
com o poeta português Felinto de
Almeida e seus filhos Afonso Lopes de
Almeida, Albano Lopes de Almeida e Margarida Lopes de
Almeida também se tornaram escritores.
Seu primeiro livro - Traços e Iluminuras - foi publicado aos 24
anos, em Lisboa. Antes disso já publicara artigos na imprensa,
tendo sido uma das primeiras mulheres a escrever para jornais,
colaborando com a Tribuna Liberal, A Semana, O País, Gazeta de
Notícias, Jornal do Comércio, Ilustração Brasileira, entre outros.
Com Felinto de Almeida escreveu, a quatro mãos, o romance A
Casa Verde.
Com uma linguagem leve, simples, cativou seu público: escreveu
e publicou mais de 40 volumes entre romances, contos,
narrativas, literatura infantil, crônicas e artigos. Foi abolicionista
e republicana além de mostrar, em suas obras, ideias feministas e
ecológicas.

(disponível em:
http://www.biblio.com.br/conteudo/JuliaLopesdeAlmeida/molduraobras.htm )
MARÍLIA PÊRA: Filha dos atores Dinorah Marzullo
Pêra e Manoel Pêra, Marília nasceu no Rio de Janeiro. Aos
quatro anos estreou na tragédia grega “Medéia”. Na
juventude foi bailarina chegando a se apresentar no exterior
e dançando na lendária montagem de “My fair lady”, com
Bibi Ferreira e Paulo Autran.
Tragédias, comédias, dramas e musicais, por todos esses gêneros teatrais deixou sua
marca. Seria impossível destacar alguns poucos espetáculos dentre os quase sessenta
protagonizados por Marília Pêra, mas “Brincando em cima daquilo” em 1984 foi
considerado pela crítica teatral um marco na atuação de uma atriz para o teatro brasileiro.
Mais recentemente, sua atuação em “Mademoiselle Chanel”, que fez temporada em
Paris, rendeu vigorosa saudação por parte da imprensa especializada francesa.
Em televisão já atuou em quase cinquenta programas, contando novelas, minisséries,
humorísticos, especiais, seriados, etc. Sua primeira aparição foi em “Rosinha do
sobrado” de 1965, na Rede Globo, onde fez a protagonista Rosinha. Dentre seus
personagens mais marcantes podemos citar a perversa Juliana na adaptação de “O primo
Basílio”, a doce Ana em “Quem ama não mata”, a brejeira Rafaela de “Brega e chique”, a
imponente Sarah Kubitschek, na minissérie “JK” e a irresistível Darlene no seriado “Pé
na cova” ainda no ar.
No cinema trabalhou em quase 30 filmes de longa-metragem, lembrado que na
prostituta Suely de “Pixote” e na beata Perpetua de “Tieta do agreste”, Marília ganhou
relevantes prêmios nos mais importantes festivais do mundo, incluindo o
prestigiadíssimo National Society Critics Awards de melhor atriz em 1982. Vale ressaltar
ainda as personagens Ana Moreno em “Bar Esperança” e as impagáveis Magda e Magali,
duas irmãs gêmeas no filme “Polaróides urbanas”, de Miguel Falabella.
Sendo uma artista completa, além de coreógrafa, bailarina, cantora e atriz, Marília
Pêra também é autora com dois livros publicados, diretora de teatro e de shows, dirigindo
atores como Ney Latorraca e Marco Nanini em “O mistério de Irma Vap” e cantores
como Wanessa Camargo e a dupla Christian e Ralph em espetáculos que correram todo o
Brasil . E, reafirmando todo esse histórico de sucesso, Marília reúne mais de setenta
premiações, homenagens e comendas recebidas.
( disponível em: http://mariliapera.com.br/?page_id=60 )
CAPÍTULO 4 (5 aulas)

Você pode descrever o trabalho realizado nessa imagem?

Disponível em: http://www.emfaria.com/2014/04/a-moca-tecela-por-marina-colasanti.html

O instrumento que a moça manuseia é um tear. Com ele é


possível trançar os fios, carreira por carreira e criar tecidos,
fazendo as mais diversas estampas. Hoje esses instrumentos
foram substituídos por máquinas automatizadas que realizam
esse trabalho mais rapidamente e em larga escala.

➔ Marina Colassanti, outra escritora brasileira escreveu um conto


intitulado “A Moça Tecelã”. Vamos lê-lo?
A MOÇA TECELÃ

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas
da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando
entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete
que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na
lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida
pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido.
Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.
Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e
espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol
voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes
pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.
Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de
escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave
era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de
escuridão, dormia tranquila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e
pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.
Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca
conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E
aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo
aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da
ponta dos sapatos, quando bateram à porta.
Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de
pluma, e foi entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que
teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.
E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos,
logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser
nas coisas todas que ele poderia lhe dar.
— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo,
agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para
os batentes, e pressa para a casa acontecer.
Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.
— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer
resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e
salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite
chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem
parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para
ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.
— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta
à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!
Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de
luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o
que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior
que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom
estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com
novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre,
sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao
contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido.
Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e
o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e
sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e,
espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro
dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-
lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E
foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha
do horizonte.

Fonte: COLASANTI, Marina. Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. Global Editora ,
Rio de Janeiro, 2000.
VOCABULÁRIO
Vamos conhecer o significado nesse texto de algumas palavras diferentes:
pender: inclinar-se; estar pendurado
lançadeira: peça de tear por onde passa o fio da tecelagem
penumbra: sombra incompleta; meia-luz
pente: peça onde passam os fios de um tecido
entremear: misturar; intercalar
emplumado: enfeitado com plumas ou penas
aprumado: alinhado, arrumado
batente: rebaixo onde janela e porta se encaixam ao fechar
estrebaria: lugar onde se recolhem cavalos e arreios
capricho: desejo, extravagância

Agora, liste outras palavras que você não conhece no texto, procure seu
significado no dicionário e anote aquele que melhor se aplica ao texto:
- ___________________________________________________________
- ___________________________________________________________
- ___________________________________________________________
- ___________________________________________________________

APÓS A LEITURA DO TEXTO, VAMOS RESPONDER:


1) A moça tem um grande poder nas mãos, qual é?
R: _______________________________________________________________
2) Qual a relação das cores das linhas com o dia a dia?
R: _______________________________________________________________
3) Você acha que ela tinha conhecimento desse poder? Retire do texto uma frase
que comprova isso.
R: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4) Mesmo parecendo ser um trabalho cansativo e chato, a moça gostava do que
fazia? Como podemos saber disso?
R: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
5) Que sentimento fez com que ela tecesse algo para si? O que ela teceu então?
R: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
6) Mesmo com o poder que ela tinha, ela passou a fazer coisas que não queria,
não sentia necessidade de ter. Quem a induziu a fazer coisas que não
demonstravam a sua vontade? Por que você acha que ela obedecia?
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
7) Leia esse trecho e explique-o com suas palavras:
“E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o

palácio com todos os seus tesouros..”

R: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8) Qual foi a decisão que ela tomou depois que se deu conta de sua tristeza?
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________

9) Com base no texto, marque a opção que você acha que é a mensagem principal
do texto:
( ) Antes só do que mal acompanhado.
( ) Cada um de nós é responsável pelo próprio destino.
( ) A riqueza não traz felicidade.
( ) Nunca é tarde para recomeçar.

Professores: Nessa atividade é necessário observar que não há


resposta errada, porém a que melhor se destaca é a 2, por isso deve-
se comentar com os alunos que há alguns indícios que reforçam essa
mensagem, como o fato de que a escolha dos fios é dela, ela decidia se
iria ter sol ou chuva, ela admite que por suas mãos ela mesmo lhe
trouxe a tristeza.
MOMENTOS DA NARRATIVA

Toda a narrativa possui alguns momentos que fazem parte da sua estrutura
e funcionam como um esqueleto para dar forma ao texto. São eles:
Apresentação: é o momento em que o narrador apresenta os fatos iniciais, as
personagens, e às vezes, o tempo e o espaço. Também pode ser chamado de
situação inicial.

Conflito: ocorrência inesperada que desestabiliza a vida dos personagens, e o


desequilíbrio da ordem, da paz.

Clímax: momento de maior tensão, quando o conflito se complica radicalmente.

Desfecho: dissolução do conflito, que pode ser surpreendente, trágica, cômica,


etc., e corresponde ao final da história.

Professores: expliquem o significado de cada parte da estrutura


do conto podendo para isso fazer perguntas para identificar os
momentos da história:
- Como o conto começa?
- Em que momento surge algum problema?
- Qual é o momento de maior apreensão, tensão?
- Como termina o conto?

Esse trabalho pode ser feito voltando aos contos já lidos e com
anotações no quadro.

Vamos completar o quadro, apontando esses momentos no conto de Marina


Colassanti?
MOMENTO PARÁGRAFOS E O QUE É APRESENTADO
APRESENTAÇÃO Os 4 primeiros parágrafos, em que o narrador
apresenta a rotina da moça.
CONFLITO

CLÍMAX 20º parágrafo, em que ela se descobre triste e que


toda a riqueza que teceu não tem mais
importância.
DESFECHO

NARRADOR
Quem conta a história é chamado de narrador. Existe o narrador em
1ª pessoa: é um narrador-personagem que participa da história. Por exemplo, no
conto Felicidade Clandestina, quem conta a história é a própria personagem:

“Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia,


nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. “

Narrador em 3ª pessoa: ele não é um personagem, ele conta a


história sem estar participando dela. Ele pode ser narrador-observador que não
participa da história, limita-se a contar o que vê e o narrador-onisciente que
também não participa da história, mas é aquele que tudo sabe, expondo o
universo emocional, psicológico dos personagens. O conto “A Caolha” possui
um narrador em 3ª pessoa e pode ser considerado narrador onisciente, pois
sabe dos sentimentos dos personagens:

“Ela fingiu não perceber a verdade, e resignou-se.


Daquele filho vinha-lhe todo o bem e todo o mal.
Que lhe importava o desprezo dos outros, se o seu filho adorado lhe pagasse
com um beijo todas as amarguras da existência?”

Atividades:
1) Vamos ver se ficou bem entendido? Diga se em cada trecho o
narrador é em 1ª pessoa (1ª) ou em 3ª pessoa (3ª):
a) ( ) “ Contei o dinheiro que tinha na bolsa e cheguei à conclusão
que dava para pagar todos os doces que ainda restavam.” ( MARTINS, Georgina.
A menina e as balas.)
b) ( ) “Custava acreditar que estivesse agora se aproximando dessa
fonte de claridade. Sentiu bater mais depressa o coração. E desejou que o dia
raiasse logo. “ ( MACHADO, Aníbal. Viagem aos seios de Duília.)
c) ( ) “O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai
acontecida cinco meses antes, foi de conseqüências decisivas para a felicidade
familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato
da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves
dificuldades econômicas.” ( ANDRADE, Mário. Peru de Natal.)
d) ( ) “ Na sombra do camarote, Inocêncio sente que ele não pode,
não deve participar daquela glória. Foi um mau marido. Um péssimo pai. Viveu na
vagabundagem, enquanto a mulher se matava no trabalho.” ( VERISSIMO, Erico.
As mãos de meu filho.)
e) ( ) “ De longe vi logo que tinha mais gente que de costume na
porta da loja. Gente diferente da que ia lá; algumas mulheres.” (FONSECA ,
Rubem. A força humana.)

Todos os trechos acima foram retirados de contos do livro de


Ítalo Moriconi,“Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”.
2) E sobre o conto “A Moça Tecelã”, qual é o narrador? Comprove isso
com um trecho do texto.
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

PRODUZINDO:

Vamos produzir uma sinopse para esse conto. Lembre-se: é preciso


apresentar os fatos marcantes da história, sem explorá-los até o final para que o
leitor fique instigado com o conteúdo ao qual a sinopse se remete. Para facilitar o
seu trabalho, leia novamente todo o texto, anote quem são os personagens, quais
suas características e os principais acontecimentos. Em seguida redija seu texto,
lembrando que os verbos devem estar no tempo presente.

Depois de produzida a sua sinopse, você trocará o texto com seu colega
e fará uma análise da sinopse dele, respondendo a essas perguntas:

a) Você encontra as informações principais sobre o conto, como


título, autor, quem é ou são os personagens, como eles são e como
esse conto se desenrola?

b) Foi criado um clima de suspense ou foi feito um chamariz para


atrair o leitor?

c) Há algum trecho que acha que deveria ser reescrito? Dê sua


sugestão de reescrita ao colega.

Em seguida, essa atividade deve ser entregue ao professor(a),


juntamente com o texto original do colega. Na sequência o professor lhe devolverá
para que você revise e faça a versão final.
Só então faremos as cópias e distribuiremos na escola.

Professores, nesse momento os textos e as sugestões de reescrita


deverão ser analisados, para verificar se os textos e as intervenções
feitas pelos colegas estão de acordo com a proposta, para só então
serem devolvidas aos alunos para a reescrita. Lembrá-los que cópias
de todas as produções reestruturadas serão guardadas e expostas
ao final do trabalho em varais na escola e em uma coletânea
Unidade 5 (6 aulas)
impressa.
CAPÍTULO 5 (5 aulas)

Para conversar:

O que aconteceria se de repente você fosse assaltado e o ladrão te deixasse nu,


no meio da rua?
Ou se um dia você simplesmente não quisesse se vestir para sair de casa?
Será que existe alguma proibição com relação a isso?
Se você visse alguém nu andando pela rua, qual seria a sua atitude?

Procurar ouvir a opinião de todos os alunos, pois é um assunto que gera


muita discussão, principalmente por ser um fato considerado tabu na
nossa sociedade.
Falar também do Código Penal, art. 233 “Ato obsceno
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou
exposto ao público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.” (fonte:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm ).
Fomentar discussão sobre o que seria um ato obsceno. Falar da cultura
indígena e dos naturistas, que defendem a liberdade à nudez, entre
outras coisas.
Isso pode servir de pesquisa ou trabalho interdisciplinar com História.

Você lembra de algumas notícias no ano passado de pessoas que


saíram nuas na rua no Brasil? Aqui no nosso município houve casos flagrados de
nudez?
Vamos ler uma reportagem do site G1 sobre um dos casos ocorridos no
Rio Grande do Sul, em 30/10/2014:
disponível em: http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/10/mulher-e-
flagrada-correndo-sem-roupa-em-parque-de-porto-alegre.html
Leia o texto na íntegra:

Mulher é flagrada correndo nua em parque e é


detida em Porto Alegre
Mulher chamou a atenção dos frequentadores do Parcão nesta
quinta-feira. Brigada Militar abordou a corredora e a levou em
uma viatura.

Uma cena inusitada surpreendeu os frequentadores de um dos mais


tradicionais parques de Porto Alegre na manhã desta quinta-feira (30). Por volta das 11h,
uma mulher foi flagrada correndo nua e descalça no Parque Moinhos de Vento, o Parcão.
Além de ser ponto de encontro dos gaúchos, o local reúne praticantes de corrida e
caminhada.
Ao ser alertada por pessoas que estavam no parque, a Brigada Militar foi até o
local e a abordou. A mulher foi levada em uma viatura até um posto de saúde na Zona
Norte de Porto Alegre, onde ela ainda passava por avaliação psiquiátrica às 17h30.
Segundo testemunhas, os policiais usaram um lençol do posto para enrolar a
mulher e levá-la para atendimento. A polícia não deve registrar boletim de ocorrência. A
Secretaria da Saúde disse que só irá se manifestar depois que o atendimento for concluído.

 É comum vermos pessoas nuas nas ruas? Por quê?


 Por que você acha que a polícia foi acionada para atender a essa
ocorrência?
 Ela não foi levada à delegacia, mas a um posto de saúde, para fazer
exames psiquiátricos. Por quê?
 Será que ela foi obrigada a ficar nua, como no caso de um assalto, ou
foi escolha dela? Que trecho da notícia sugere isso?

Fernando Sabino escreveu um texto engraçado sobre essa situação um


tanto constrangedora. Quer conhecê-lo?

O Homem Nu

Ao acordar, disse para a mulher:


— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o
sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade,
estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir
rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui
dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar
— amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um
banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café.
Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse
completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a
dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito.
Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o
pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à
espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro
interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o
sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro
subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o
elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos
nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares,
vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim
despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos
na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o
botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a
subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o
embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali,
em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava
sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um
verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e
desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares,
obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de
que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo
continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E
agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta,
enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem
nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente
cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele
entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho.
Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.

(Extraído do livro “O Homem Nu”, de Fernando Sabino.)

Vocabulário:
vigarice: Ato de trapaça; fraude.
lanço: Parte de uma escada entre dois patamares sucessivos; o mesmo que
lance.
grotesco: Ridículo, extravagante.
encetar: Iniciar, começar.
em pelo: Nu, pelado.
pesadelo de Kafka: Referência ao escritor checo Franz Kafka, que criou histórias
fantásticas com toques de terror e situações incomuns. Muitas vezes, seus
personagens se sentiam assustados e em agonia, como se vivessem um
pesadelo.
Regime do Terror: Referência ao período da Revolução Francesa compreendido
entre 31 de maio de 1793 e 27 de julho de 1794, em que milhares de pessoas
foram executadas na guilhotina por se oporem ao governo e às ideias de
Maximilien de Robespierre.
estarrecida: Espantada, horrorizada, perplexa.
radiopatrulha: Veículo da polícia, equipado com rádio.

Professores, boa parte dos autores consideram esse texto uma crônica,
o próprio autor publicou-o em um livro de crônica. Mas, além dele
apresentar todas as características de um conto, o autor Ítalo
Moriconi, inclui-o em seu livro “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do
Século”, por isso optamos por abordá-lo em nosso trabalho.

Estudo do texto:

1. Qual é o momento de mais tensão, de mais nervosismo no texto?


R: ___________________________________________________________
______________________________________________________________
2. De acordo com o texto e com o esquema abaixo que revê os momentos da
narrativa, complete-os com suas palavras sobre o texto O homem nu.
Apresentação Conflito Climax Situação
final
Começo da narrativa, em Desequilíbrio ou Momento de maior Resolução do
que se apresentam problema provocado por tensão na história. conflito, final da
personagens, tempo, algum motivo. história.
lugar e uma situação de
equilíbrio.

a) Apresentação: É dia de pagar a prestação da TV e o cobrador virá para


receber.

c) Conflito: O homem não tem dinheiro para pagar a prestação da TV e não quer
atender o cobrador e ter que se explicar, então resolve não atender à porta quando
ele vier cobrar, passando essas instruções para a esposa. No entanto, após se
despir para o banho, ele vai ao corredor do apartamento nu e a porta bate,
deixando-o do lado de fora.

d) Clímax: ___________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

e) Situação final :_____________________________________________


___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

3. Coloque os fatos na ordem em que aparecem no texto:


a. ( ) O marido tira a roupa para tomar banho.
b. ( ) O marido pega o embrulho do pão.
c. ( ) A mulher entra primeiro no banheiro para tomar banho.
d. ( ) O cobrador da televisão bate à porta.
e. ( ) Ele grita e esmurra a porta, alertando os vizinhos.
f. ( ) A mulher abre a porta.
g. ( ) O homem e a mulher decidem fingir que não estão em casa.
h. ( ) A mulher desliga o chuveiro.
i. ( ) O elevador começa a subir.
j. ( ) A porta do apartamento se fecha e o homem fica trancado nu do lado de
fora.
k. ( ) O marido toca a campainha do apartamento.
l. ( ) O marido entra no elevador e aperta o botão de emergência.
m. ( ) O marido põe a água para esquentar.
4. Em vários momentos, o autor criou suspense no texto. Localize um trecho no
texto e descreva-o:
R: ___________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

5. Você acha que esta história pode ter acontecido no nosso tempo atual? Que
fatos comprovam isso?
___________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
6. Retire do texto “O homem nu” três palavras ou expressões que marcam o
tempo na narrativa.
R: ________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

7. Qual é o espaço em que essa história acontece?


R: ________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

8. Por que uma vizinha grita que o padeiro está nu? Essa era a profissão do
homem?
R: ________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
DISCURSO DIRETO E INDIRETO: FORMAS DE COLOCAR A FALA
DOS PERSONAGENS

Discurso direto: quando o narrador dá a palavra ao


personagem que aparece claramente separada da fala do narrador por
aspas ou travessão. Exemplo:

Ao acordar, disse para a mulher:


— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão,
vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe
dinheiro da cidade, estou a nenhum.

Discurso indireto: quando o que o personagem fala vem dito


pelo narrador. Os verbos são usados na 3ª pessoa. Exemplo:

“Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o


livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.” (Felicidade
Clandestina)

“...até que um dia, tendo já um ordenadozinho, declarou à mãe que,


por conveniência do negócio, passava a comer fora...” (A Caolha)

1) Identifique o discurso utilizado em cada enunciado como direto ou indireto:


a) O vendedor informou:
- Eu garanto a marca deste produto.
_________________________________
b) O vendedor informou que garantia a marca daquele produto.
____________________________
c) A patroa disse-lhe que não queria aquela funcionária em sua casa.
_________________________
d) - Não quero aquela funcionária aqui na minha empresa! – disse a patroa.
______________________
e) - Faça-me um favor: compre os ingressos – pediu-lhe o amigo.
_____________________

2) Passe alguns trechos do texto para o discurso indireto, ou seja, o narrador conta
o que falou o personagem:
Exemplo: Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
R: Ele bateu com o nó dos dedos e chamou em voz baixa a esposa Maria, pedindo
que abrisse porque era ele.

Observe que há mudanças no tempo verbal. Quando


no discurso direto o personagem diz “sou eu”, o
verbo está no presente. Ao passarmos para o
discurso indireto, em que o narrador expõe o que o
personagem fala, ele usa o verbo no passado:”
...disse que era ele...”

a) Ao acordar, disse para a mulher:


— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem
aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe
dinheiro da cidade, estou a nenhum.
R: _______________________________________________________________
_______________________________________________________________
________________________________________________________________
__________________________________________________________________

b) E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:


— Tem um homem pelado aqui na porta!
R: _______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________

c) Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:


— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
__________________________________________________________________
d) — Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
R: ______________________________________________________________
__________________________________________________________________

3) Agora faça o contrário nas frases abaixo, passando-as para o discurso direto.
Não esqueça de usar o travessão e os verbos de elocução (disse, pediu,
comentou...) para explicar de quem é a fala:
a) O filho perguntou ao pai o que era eletricidade.
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
_________________________________________________________________
b) Atendeu o telefone e disse com voz grossa que não havia ninguém lá com
esse nome.
R: _______________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
c) Maria pediu gentilmente o vestido emprestado para Ana.
R: ________________________________________________________________
__________________________________________________________________
d) A mãe explicou ao filho que aquele barulho eram apenas fogos de artifício.
R: ________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
4) Veja essa tira do Hagar:

disponível em: http://produzirtextosgeotambau.blogspot.com.br/2014/06/revisao-


discurso-direto-e-indireto.html
a) Complete os espaços passando esse texto para o discurso indireto:

“Ao ser provocado por um viking encrenqueiro, Hagar disse não querer
brigar porque _____________________________ do tipo quieto e sensível, mas o
viking provocou-o dizendo que ele ______________________________ com
medo e ___________________________ de gordão. Hagar então derrubou-o com
um soco e Eddie justificou a atitude do amigo dizendo que Hagar
_________________________ especialmente ______________________ sobre
o seu ______________________ de peso. “

b) Vamos escrever essa história utilizando o discurso direto:


_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________
Produção:
Voltando ao texto “O Homem nu”, Faça uma sinopse desse texto. Não
esqueçam que uma cópia será entregue aos alunos das outras turmas, para que
eles queiram conhecer o texto de Fernando Sabino. Lembre-se que sua produção
também será colocada no varal de textos da escola.
Anote as informações mais importantes do texto, produza sua sinopse,
leia com atenção e corrija o que for necessário
Seu texto deverá conter o título do conto, o autor, quem é ou são os
personagens principais, onde e quando a história ocorre e qual é o conflito que cria
a história. Use os verbos no tempo presente e procure instigar o desejo do seu
interlocutor para conhecer o texto. Lembre-se, sua sinopse é um texto curto e
objetivo.
Após a 1ª escrita, faça uma análise do seu texto. Para isso sugerimos o
seguinte roteiro:
ITEM ESTÁ BOM PRECISA
MELHORAR
Informações básicas como título, autor...
Apresentação dos personagens
Diz onde e quando isso se passa
Dá uma ideia geral da história
Cria um suspense que faz o leitor querer mais
Está bem escrito

Reescreva seu texto mantendo o que está bom e aperfeiçoando aquilo


que pode melhorar. Passe-o a limpo e dê para sua professora ver. Faça as cópias
que deverão ser entregues aos alunos da outra turma.
Unidade 6 (6 aulas)

Você produzirá um conto a partir dessa sinopse criada especialmente


para essa atividade. Veja que não há título nem autor, porque você será o autor e
você dará o título à sua história.

“ Pedro é um menino de 12 anos, baixo para a idade, mas muito

esperto. Ele gosta muito de jogar bola com os amigos em um campinho ao

lado de um matagal, no final da sua rua, mas seus pais não permitem, então

ele sempre inventa uma história: que há um trabalho a ser feito na escola,

ou na casa de um amigo, e foge para lá. Naquele dia porém, ao ir buscar a

bola que rolou para baixo dos arbustos, Pedro vê uma cena que o deixa

aterrorizado. Pega a bola e diz aos amigos que precisa ir, não contando

nada a ninguém. E agora? Como poderá contar aos pais o que viu, se eles não

sabem que ele estava lá? Com quem poderia contar? Ou esconderia aquele

segredo para sempre? Em meio a esse dilema, as coisas pioram: ele também

foi visto.”

Veja algumas dicas que vão ajudá-lo:

Comece determinando os elementos da sua narrativa:


 tipo de narrador;
 personagens:
 características dos personagens:
 espaço:
 tempo:
 enredo:

Para o desenvolvimento do enredo, resuma os principais momentos,


utilizando o quadro abaixo:
APRESENTAÇÃO

CONFLITO

CLÍMAX

DESFECHO

Faça o primeiro esboço do seu texto. Releia-o e faça as correções que


forem necessárias. Lembre-se, você é o primeiro leitor do seu texto.
Utilize a tabela abaixo para avaliar seu texto antes de reescrevê-lo:
Itens Sim Não
a) Colocou título centralizado na folha?
b) Marcou os parágrafos com um espaço da margem?
c) Sua letra está legível?
d) Não há erros de ortografia?
e) Se houver diálogo (discurso direto) ele está marcado pelo
travessão ou aspas?
f) Usou letra maiúscula no início das frases e em nomes
próprios?
g) Você deixou claro quem são os personagens e quais são
suas características?
h) A apresentação, conflito, clímax e desfecho estão bem
claros na sua narrativa?
i) Existe coerência na sua história? Não estão faltando
informações?
j) Uniu as ideias colocando conectivos que fazem sentido,
como mas, por isso, no entanto, e, porém...?
k) Evitou a repetição das mesmas palavras, trocando-as por
sinônimos ou pronomes?
l) Os adjetivos estão concordando com o substantivo a que se
referem?

Professores, esta tabela é apenas uma sugestão, os itens colocados para


autoavaliação podem ser outros, estando de acordo com o enfoque dado
durante o trabalho. A primeira vez o aluno pode precisar de ajuda para
analisar seu próprio texto, mas ele logo se sentirá seguro para realizar a
tarefa sozinho.
Se houver necessidade, é possível selecionar um texto, colocá-lo no
quadro e analisá-lo com toda a turma, preenchendo esta tabela e
reescrevendo-o. É uma atividade demorada, mas, às vezes, necessária.
Procure sempre manter a identidade do autor do texto em sigilo. Se
houver trabalho em turmas diferentes, é recomendável que não se use
um texto de alunos da mesma sala.
A sugestão de colocar ilustrações para a história pode ser uma
oportunidade de um trabalho em conjunto com a disciplina de Artes.

Enquanto a professora ajuda os colegas na correção dos seus


trabalhos, passe seu texto a limpo, com uma letra bem bonita, fazendo as
adequações que forem necessárias e entregue-o à professora, que guardará para
fazer a montagem do livrinho de textos.
Se você quiser, faça ilustrações para a sua história.
VOLTANDO AO COMEÇO...

Lembra-se do 1º texto que você escreveu no início do projeto? “No


silêncio da Noite” ?
A professora lhe devolverá o texto para que você possa avaliá-lo. Use
os conhecimentos que você adquiriu ao longo do processo.
Primeiro preencha as informações sobre os elementos da narrativa que
estão no seu texto:
Narrador: _______________________________________________________

Personagem (ns): __________________________________________________

Características do(s) personagem(ns): _________________________________

_________________________________________________________________

Lugar: ____________________________________________________________

Tempo: ___________________________________________________________

Sobre o enredo, defina os parágrafos em que se encontram:


a) a apresentação: _______________________________

b) o conflito: ___________________________________

c) o clímax: ___________________________________

d) o desfecho: _________________________________

Faça uso da tabela apresentada anteriormente para fazer a avaliação do


texto. Reescreva os trechos que você considera que precisam ser melhorados.

Após este trabalho de revisão, você está pronto para escrever a versão
definitiva do seu texto, que será colocada na nossa coletânea.
Compare as duas versões e veja como você melhorou!
ORGANIZANDO NOSSAS ATIVIDADES:

Para a organização da nossa coletânea de textos, traga um desenho


para cada texto trabalhado: “Felicidade Clandestina”, “A Caolha”, “A Moça Tecelã”,
“O Homem Nu”, “No silêncio da Noite” e a história que você criou a partir da
sinopse dada.
Vamos iniciar sempre com as sinopses que vocês produziram sobre
cada texto e em seguida colocaremos o conto original. Não devemos esquecer de
colocar a biografia de cada autor. A professora selecionará alguns desenhos para
ilustrar os contos. Em seguida, colocaremos os contos produzidos por vocês.
Para isso, cada um deve escrever um breve texto sobre si mesmo,
como uma pequena biografia, colocando seu nome, data e local de nascimento e
série, pois vocês também são os autores. Não esqueçam!
Após essa organização, a professora providenciará algumas cópias que
serão deixadas na biblioteca para que vocês e os outros alunos possam emprestar
para ler.

“Lembre-se, você é um escritor, por isso seus textos devem estar

sempre bem escritos. Para isso faça sempre as revisões e reescreva a versão

definitiva, fazendo as adequações que forem necessárias.”

Professores, para a organização da coletânea de textos, utilizaremos todas as


produções, após serem revisadas e reescritas pelos alunos.
Há muito mais atividades que poderão ser desenvolvidas ao longo dessa unidade
didática, assim como alguns exercícios podem ser descartados. Isso fica a critério
do professor, tendo em vista o perfil da turma.
O foco na reestruturação do texto se dará pelo professor de forma individual,
fazendo o atendimento individual aos alunos com dificuldades.
Sabemos que é um trabalho cansativo, mas deve ser meticuloso, para que as
intervenções surtam o efeito esperado. Procuraremos realizar a escrita do texto em
sala de aula, uma vez que há uma certa dificuldade em conseguir que os alunos
produzam em casa, por motivos diversos, além dele poder contar com o auxílio do
professor.
Desejamos a tod@s um bom trabalho!
REFERÊNCIAS:

ANTUNES, Irandé. A aula de Português: encontro & interação. São Paulo:


Parábola Editorial, 8ª ed., 2003.

BORGATTO, Ana T., BERTIN, Terezinha E MARCHESI, Vera. Projeto Telaris:


Português. São Paulo: Ed. Ática, 2012.

COLASANTI, Marina. Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento. Rio de janeiro:


Global Editora, 2000.

FRANCO, Jefferson L. e OLIVEIRA, Silvana. Teoria Literária. Ponta Grossa: Ed.


UEPG, 2009.

MORICONI, Italo (organizador) Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio


de Janeiro: Objetiva, 2001.

RODELLA, Gabriela, NIGRO, Flávio e CAMPOS, João. Português – A Arte da


Palavra, 6º ano. São Paulo: Ed. AJS, 2009.

SABINO, Fernando. O Homem Nu. Rio de Janeiro: Ed. do Autor, 1960.

SILVA, Josenir S. da; GOMES, Rosivaldo. O ensino do gênero textual


resumo/sinopse de filme por meio de sequência didática. Revista Práticas de
Linguagem, Juíz de Fora, v. 1, n. 2, p.1-12, 01 jul. 2011. Semestral. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/praticasdelinguagem/files/2012/02/Relato-1-O-ensino-do-
gênero-textual-resumo-sinopse-de-filme-por-meio-de-Sequência-Didática.pdf>.
Acesso em: 10 nov. 2014.

SITES ACESSADOS:

http://dicasderoteiro.com/2010/01/30/sinopses-sao-um-perigo/ ( acesso em
10/10/2014)

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/10/mulher-e-flagrada-
correndo-sem-roupa-em-parque-de-porto-alegre.html ( acesso em 27/11/2014)

http://guia.gazetadopovo.com.br/cinema/a-mansao-magica/9938/ ( acesso em
01/12/2014)

http://mariliapera.com.br/?page_id=60 ( acesso em 23/10/2014 )

http://pensador.uol.com.br/autor/clarice_lispector/biografia/ (acesso em 23/10/2014)

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=28047 ( acesso em
23/10/2014)

http://produzirtextosgeotambau.blogspot.com.br/2014/06/revisao-discurso-direto-e-
indireto.html ( acesso em )

http://redebibliotecas.municipioarraiolos.pt/images/BIBLIOTECA/clarice_lispector_c
ontos.pdf ( acesso em 23/10/2014)

http://saladeleituraencantada.blogspot.com.br/2013/04/a-caolha-julia-lopes-de-
almeida.html ( acesso em 23/10/2014)

http://sitededicas.ne10.uol.com.br/ctsem.htm ( acesso em 23/10/2014)

http://www.biblio.com.br/conteudo/JuliaLopesdeAlmeida/molduraobras.htm
( acesso em 23/10/2014)

http://www.cchla.ufpb.br/ccl/images/ELAINE_PESSOA_GUEDES_DA_SILVA_A_pr
oblematização_do_bullying_no_conto_A_COALHA.pdf ( acesso em 23/10/2014 )

http://www.claricelispector.com.br/1971_FelicidadeClandestina.aspx ( acesso em
23/10/2014)

http://www.emfaria.com/2014/04/a-moca-tecela-por-marina-colasanti.html ( acesso
em 23/10/2014)

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm ( acesso em
23/10/2014)

http://www.rocco.com.br/index.php/livro?cod=1920 ( acesso em 23/10/2014)

http://www.santanapg.com.br/felicidade.pdf ( acesso em 23/10/2014)

https://www.youtube.com/watch?v=A3yFqsii84k ( acesso em 23/10/2014 )

www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1112-2.pdf ( acesso em
23/10/2014)

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