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Aluno: Guilherme Luis Silva Busato

Disciplina: Comunicação em Língua Brasileira de Sinais (LIB038)


Instituição: Universidade Federal do Paraná
Docente: Brenno Barros Douettes

Resumo das Aulas online 07, 08 e 09 UNIVESP / Disciplina LIBRAS (LBS-001)

As aulas número 07, 08 e 09 do curso de Libras da UNIVESP tratam de mitos e


do funcionamento das línguas de sinais. Os textos base utilizados são: “Aprender a Ver”
dos professores Sherman e Phyllis Wilcox e "Australian Sign Language (Auslan): An
introduction to sign language linguistics" dos professores Trevor Johnston e Adam
Schembri.
As aulas 07 e 08 estão subdivididas em 5 perguntas para instigar o debate a
respeito dos mitos:
1) Língua ou Linguagem de Sinais
A resposta é: Língua. Pois o termo Língua é mais restrito que somente linguagem,
para se caracterizar algo como Língua, esta coisa deve cumprir critérios específicos que
vão além de somente comunicação em geral. Como por exemplo: ela surge de forma
espontânea em uma comunidade surda, crianças são capazes de aprendê-la como
qualquer outra língua.
A Língua de sinais é classificada como uma língua natural.

2) A Língua de Sinais é universal?


Não. Existe um catálogo que lista 138 línguas de sinais diferentes. Além disso,
existem países com mais de uma língua de sinais. Para a comunicação internacional, foi
inventada uma língua de sinais internacional para servir de Língua Franca.

3) As Línguas de Sinais foram inventadas pelos ouvintes?


Não, as línguas de sinais nasceram espontaneamente para atender as
comunidades surdas espalhadas pelo mundo.

4) A Libras é derivada do Português?


Não, a Libras não é uma representação gestual do Português, visto que existem
estruturas na Libras que não existem no Português e vice-versa. Tanto lexicais quanto
morfológicas e sintáticas.
O histórico do tronco linguístico da Libras também é diferente da história do
Português.

5) As Línguas de Sinais se Resumem a Gestos, Mímicas e Pantomimas?


Não, a mímica é uma comunicação gestual que pode ser compreendida pela
maioria das pessoas, enquanto a Libras é um sistema linguístico que tem que ser
adquirido pelas duas partes do diálogo para que faça sentido.

6) As Línguas de Sinais são totalmente icônicas?


A iconicidade é muito presente em Libras, mais do que nas Línguas Orais, mas
não é totalmente onipresente. Existem palavras nas Línguas de Sinais cuja forma não têm
relação aparente ao significado expressado. Além disso, a iconicidade pode se perder
com a passagem do tempo.
7) As Línguas de Sinais têm a mesma capacidade expressiva que as Línguas
Orais?
Sim. A Libras tem a mesma capacidade expressiva do Português. O fato de que
algumas palavras não existirem em uma língua ou outra língua com uma tradução perfeita
entre si, não significa que esta ou aquela seja inferior ou menos capaz de expressar. E as
Línguas de Sinais estão inclusas nesse panorama.

8)As Línguas de Sinais são mais conceituais que Línguas Orais?


Não, todas as línguas variam em como agrupam os seus conceitos. Na
sociolinguística existem os conceitos de Língua aglutinante e Língua sintética, e esta
mesma classificação pode ser feita nas Línguas de Sinais. Existem Línguas de Sinais que
expressam um morfema por sinal, enquanto outras aglutinam várias unidades de sentido
em um único sinal.

9) As crianças aprendem Línguas Orais e Línguas de Sinais de forma diferente?


Sim. Mas a maior parte das crianças surdas nasce em famílias ouvintes, que não
são fluentes em língua de sinais. E é claro, a criança não aprende uma língua sem ser
exposta a ela.
No entanto, estudos de aquisição de linguagem de sinais foram feitos em
situações ideias, criança surda nascendo em família surda, e que podem ter contato com
a língua de sinais desde o nascimento. Os estudos demonstram que as crianças que tem
contato com a língua de sinais desde o seu nascimento se desenvolvem de forma
análoga às crianças ouvintes.

Por fim, a aula 9 é focada em elementos linguísticos universais existentes em


línguas naturais e como eles se manifestam na Libras.
O professor André Xavier começa a aula apresentando um conceito de Língua
extremamente específico:
“Línguas são sistemas complexos de comunicação com vocabulário constituído
de símbolos convencionais e regras gramaticais que são compartilhadas pelos membros
de uma comunidade. As línguas também se caracterizam por serem passadas de geração
para geração, por mudarem com o passar do tempo e por serem usadas para a troca de
uma enorme gama de ideias, emoções e intenções.” (BAKER;COCKLEY, 1980)
A Libras, como uma língua que possui todas estas características citadas acima
estaria classificada como uma língua natural. O professor também apresenta as
propriedades das línguas naturais elencadas por Hockett (1960):
- Arbitrariedade dos símbolos:
Existem palavras não icônicas/arbitrárias em línguas de sinais.
- Gramaticalidade:
Libras possui um sistema arbitrário de regras que determina a ordem e a maneira
com que as palavras devem ser utilizadas.
- Discritude e dupla articulação:
As Línguas de Sinais operam em um nível de dupla articulação, com unidades
significativas que são afetadas por unidades distintivas menores. Estas não possuem
significado mas são capazes de afetar o significado da unidade significativa que
compõem, como por exemplo: configuração e localização de mão e movimento.
- Transmissão cultural
Libras é transmitida de geração em geração e se transforma com o tempo.
- Intercambialidade e reflexividade
A função comunicativa de Libras pode ir para ambos os lados. O emissor pode se
tornar receptor do diálogo e vice-versa. A Língua de Sinais também pode ser usada para
falar dela mesma (função metalinguística).
- Deslocamento
As Línguas de Sinais são capazes de fazer referência a pessoas, tempos e
espaços além daqueles presentes no momento de fala.
- Criatividade
A Libras é capaz de se desenvolver para abarcar novos conceitos e ideias. É
quase como um fator de adaptabilidade e evolução da língua. A capacidade de criar
novos recursos.

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