O documento resume nove aulas sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) que discutem mitos e características linguísticas. As aulas abordam tópicos como a diferença entre língua e linguagem, a não universalidade da Libras, sua origem espontânea e diferenças em relação ao português. Também discutem capacidade expressiva, iconicidade, aquisição por crianças e elementos linguísticos universais presentes na Libras.
O documento resume nove aulas sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) que discutem mitos e características linguísticas. As aulas abordam tópicos como a diferença entre língua e linguagem, a não universalidade da Libras, sua origem espontânea e diferenças em relação ao português. Também discutem capacidade expressiva, iconicidade, aquisição por crianças e elementos linguísticos universais presentes na Libras.
O documento resume nove aulas sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) que discutem mitos e características linguísticas. As aulas abordam tópicos como a diferença entre língua e linguagem, a não universalidade da Libras, sua origem espontânea e diferenças em relação ao português. Também discutem capacidade expressiva, iconicidade, aquisição por crianças e elementos linguísticos universais presentes na Libras.
Disciplina: Comunicação em Língua Brasileira de Sinais (LIB038)
Instituição: Universidade Federal do Paraná Docente: Brenno Barros Douettes
Resumo das Aulas online 07, 08 e 09 UNIVESP / Disciplina LIBRAS (LBS-001)
As aulas número 07, 08 e 09 do curso de Libras da UNIVESP tratam de mitos e
do funcionamento das línguas de sinais. Os textos base utilizados são: “Aprender a Ver” dos professores Sherman e Phyllis Wilcox e "Australian Sign Language (Auslan): An introduction to sign language linguistics" dos professores Trevor Johnston e Adam Schembri. As aulas 07 e 08 estão subdivididas em 5 perguntas para instigar o debate a respeito dos mitos: 1) Língua ou Linguagem de Sinais A resposta é: Língua. Pois o termo Língua é mais restrito que somente linguagem, para se caracterizar algo como Língua, esta coisa deve cumprir critérios específicos que vão além de somente comunicação em geral. Como por exemplo: ela surge de forma espontânea em uma comunidade surda, crianças são capazes de aprendê-la como qualquer outra língua. A Língua de sinais é classificada como uma língua natural.
2) A Língua de Sinais é universal?
Não. Existe um catálogo que lista 138 línguas de sinais diferentes. Além disso, existem países com mais de uma língua de sinais. Para a comunicação internacional, foi inventada uma língua de sinais internacional para servir de Língua Franca.
3) As Línguas de Sinais foram inventadas pelos ouvintes?
Não, as línguas de sinais nasceram espontaneamente para atender as comunidades surdas espalhadas pelo mundo.
4) A Libras é derivada do Português?
Não, a Libras não é uma representação gestual do Português, visto que existem estruturas na Libras que não existem no Português e vice-versa. Tanto lexicais quanto morfológicas e sintáticas. O histórico do tronco linguístico da Libras também é diferente da história do Português.
5) As Línguas de Sinais se Resumem a Gestos, Mímicas e Pantomimas?
Não, a mímica é uma comunicação gestual que pode ser compreendida pela maioria das pessoas, enquanto a Libras é um sistema linguístico que tem que ser adquirido pelas duas partes do diálogo para que faça sentido.
6) As Línguas de Sinais são totalmente icônicas?
A iconicidade é muito presente em Libras, mais do que nas Línguas Orais, mas não é totalmente onipresente. Existem palavras nas Línguas de Sinais cuja forma não têm relação aparente ao significado expressado. Além disso, a iconicidade pode se perder com a passagem do tempo. 7) As Línguas de Sinais têm a mesma capacidade expressiva que as Línguas Orais? Sim. A Libras tem a mesma capacidade expressiva do Português. O fato de que algumas palavras não existirem em uma língua ou outra língua com uma tradução perfeita entre si, não significa que esta ou aquela seja inferior ou menos capaz de expressar. E as Línguas de Sinais estão inclusas nesse panorama.
8)As Línguas de Sinais são mais conceituais que Línguas Orais?
Não, todas as línguas variam em como agrupam os seus conceitos. Na sociolinguística existem os conceitos de Língua aglutinante e Língua sintética, e esta mesma classificação pode ser feita nas Línguas de Sinais. Existem Línguas de Sinais que expressam um morfema por sinal, enquanto outras aglutinam várias unidades de sentido em um único sinal.
9) As crianças aprendem Línguas Orais e Línguas de Sinais de forma diferente?
Sim. Mas a maior parte das crianças surdas nasce em famílias ouvintes, que não são fluentes em língua de sinais. E é claro, a criança não aprende uma língua sem ser exposta a ela. No entanto, estudos de aquisição de linguagem de sinais foram feitos em situações ideias, criança surda nascendo em família surda, e que podem ter contato com a língua de sinais desde o nascimento. Os estudos demonstram que as crianças que tem contato com a língua de sinais desde o seu nascimento se desenvolvem de forma análoga às crianças ouvintes.
Por fim, a aula 9 é focada em elementos linguísticos universais existentes em
línguas naturais e como eles se manifestam na Libras. O professor André Xavier começa a aula apresentando um conceito de Língua extremamente específico: “Línguas são sistemas complexos de comunicação com vocabulário constituído de símbolos convencionais e regras gramaticais que são compartilhadas pelos membros de uma comunidade. As línguas também se caracterizam por serem passadas de geração para geração, por mudarem com o passar do tempo e por serem usadas para a troca de uma enorme gama de ideias, emoções e intenções.” (BAKER;COCKLEY, 1980) A Libras, como uma língua que possui todas estas características citadas acima estaria classificada como uma língua natural. O professor também apresenta as propriedades das línguas naturais elencadas por Hockett (1960): - Arbitrariedade dos símbolos: Existem palavras não icônicas/arbitrárias em línguas de sinais. - Gramaticalidade: Libras possui um sistema arbitrário de regras que determina a ordem e a maneira com que as palavras devem ser utilizadas. - Discritude e dupla articulação: As Línguas de Sinais operam em um nível de dupla articulação, com unidades significativas que são afetadas por unidades distintivas menores. Estas não possuem significado mas são capazes de afetar o significado da unidade significativa que compõem, como por exemplo: configuração e localização de mão e movimento. - Transmissão cultural Libras é transmitida de geração em geração e se transforma com o tempo. - Intercambialidade e reflexividade A função comunicativa de Libras pode ir para ambos os lados. O emissor pode se tornar receptor do diálogo e vice-versa. A Língua de Sinais também pode ser usada para falar dela mesma (função metalinguística). - Deslocamento As Línguas de Sinais são capazes de fazer referência a pessoas, tempos e espaços além daqueles presentes no momento de fala. - Criatividade A Libras é capaz de se desenvolver para abarcar novos conceitos e ideias. É quase como um fator de adaptabilidade e evolução da língua. A capacidade de criar novos recursos.