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INTRODUÇÃO À TEOLOGIA

AULA 1

Prof.ª Larissa Fernandes Menegatti


CONVERSA INICIAL

Para iniciar a disciplina de introdução à teologia, é necessário que você


conheça de modo claro e sistemático o conceito, a natureza e o objeto da
teologia. Santo Agostinho, em uma expressão célebre, enfatiza a dinâmica que
exige o fazer teológico: intellige ut credas, crede ut intelligas; ou seja, é
necessário compreender para crer e crer para compreender (Agostinho, 1980,
p.18).
Na disciplina de introdução à teologia, você conhecerá os elementos
introdutórios essenciais, ou seja, a origem, a natureza e o objeto da teologia; terá
um panorama da história da teologia, e suas grandes matizes epistemológicas;
e conhecerá as fontes da teologia, das quais nascem seus rios caudalosos. Será
apresentado também a um painel das disciplinas teológicas. Aprenderá como a
teologia é força vital do mistério, de sabedoria, de compromisso social, de
valores e de santidade. Estudará também as principais características que
compõem o perfil do teólogo cristão católico.

TEMA 1 – A ORIGEM DA TEOLOGIA

O primeiro passo para você aprender sobre teologia e qualquer outro


conceito consiste em ir na etimologia da sua palavra. A origem palavra teologia
é composta por dois termos do grego: théos (Deus) + logos (palavra, ciência),
significando basicamente ciência, estudo sobre Deus. De acordo com Libânio e
Murad (2003, p. 63), há outros termos semelhantes à palavra teologia, que se
referem também a Deus, como teosofia e teodiceia, mas com significados
distintos.
Após conhecer a etimologia da palavra, cabe dar o próximo passo no
conhecimento do conceito: seu significado semântico, considerando que a
semântica trata sobre o estudo da significação da palavra através do tempo e do
espaço (Houaiss; Villar, Franco, 2001, p. 401). Veja que, antes da era cristã, o
termo teologia já era conhecido e utilizado para designar o estudo de Deus e/ou
dos deuses em outras perspectivas.
Eusébio de Cesareia (260-340 d.C.) é conhecido como o pai da história
eclesiástica, por conta de sua obra intitulada História eclesiástica, publicada por
volta de 324 d.C. É a partir dele que o termo teologia passa a ser utilizado

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largamente pelos cristãos no Ocidente, compreendendo a exposição compilada
e sistematizada da revelação.
Na escolástica surgem outros termos, como apresentam Libânio e Murad
(2003, p. 66), englobando o sentido da teologia para: doutrina cristã, sagrada
doutrina, doutrina divina. Algumas dessas expressões são altamente utilizadas
por São Tomás de Aquino (1225-1274). Com Duns Scoto (1266-1308), o termo
teologia assume no ocidente um significado técnico, imprimindo caráter
especulativo e consequentemente alterando seu teor semântico (Libânio; Murad,
2003, p. 66).
Na modernidade, há uma ruptura com o significado escolástico da
teologia, ganhando variadas ramificações de seu tronco, que definem a teologia
em determinadas especificidades como teologia mística, moral, apologética,
pastoral etc. Assim, pode-se hoje identificar a teologia em seu conceito
semântico antigo em analogia à teologia dogmática ou sistemática (Libânio;
Murad, 2003, p. 67).

TEMA 2 – NATUREZA DA TEOLOGIA

Apresentar a natureza de um conceito significa conhecer sua índole, seu


caráter, do modo mais original possível. A natureza da teologia consiste em
compreender e aprofundar as verdades reveladas à luz da razão iluminada pela
fé. A revelação é uma iniciativa divina e se estabelece como o princípio que
diferencia a teologia das demais ciências.
A teologia se apresenta naturalmente dotada de dimensões integrantes e
integradoras próprias de sua razão de ser. São abordagens que compõem o
grande legado histórico em que o fazer teológico se dá. A primeira a destacar é
a dimensão sapiencial, de cunho mais simbólico e estético; depois, a dimensão
racional, que exige um rigor mais sistemático do intelecto; e, por fim, a dimensão
prática, cujo fazer teológico lança luz sobre as situações históricas como sinal
de esperança – por isso, ela é profética.

Entretanto, não se pode esquecer que a revelação permanece


envolvida no mistério. Jesus, com toda a sua vida, revela seguramente
o rosto do Pai, porque ele veio para manifestar os segredos de Deus;
e, contudo, o conhecimento que possuímos daquele rosto, está
marcado sempre pelo carácter parcial e limitado da nossa
compreensão. Somente a fé permite entrar no mistério,
proporcionando uma sua compreensão coerente (FR, n.13).

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Para Clodovis Boff (2014, p. 72), em sua obra A teoria do método
teológico, a teologia encontra na vida seu elemento integrante, que confere
originalidade ao conhecimento teológico, como fonte teórica da reflexão
teológica e como finalidade da prática teológica. Por essa razão, a teologia
implica um conhecimento vital que busca compreender o mistério revelado e
suas consequências para a existência humana e para todo o cosmos.
A natureza da teologia configura dinamicamente a linguagem “comum”,
capaz de comunicar os postulados simbólico e sapiencial, “revelando-se aos
pequenos e humildes” (Mt 11:25-30), e a linguagem científica, que por seu
caráter sistemático, específico e dialógico. contribui reciprocamente com outros
saberes.
De fato, a linguagem humana fica sempre aquém do mistério sobre o qual
ela procura discursar. Essa tensão oscilante na teologia apresenta-se em duas
abordagens distintas: a teologia apofática, própria do oriente, se encerra no
silêncio do mistério ou esbarra em paradoxos ininteligíveis; a teologia catafática,
própria do ocidente, ousa declarar e verbaliza o mistério explicitamente (Libânio;
Murad, 2003, p. 90).

Daí que o trabalho teológico não se contenta em desenvolver o lado


veritativo ou dogmático da fé (fides quae), mas também o lado afetivo
ou espiritual (fides qua). Os dois aspectos estão recíproca e
intimamente imbricados, como cara e coroa. Em cristianismo, não
existe amor sem verdade, como não existe verdade sem amor. Daí que
a teologia comme il faut não pode ser racionalista (osso sem carne),
nem simplesmente espiritualista (carne sem osso), mas ambas as
coisas, conjuntamente (Boff, 2015, p. 116).

A verdade e o amor se encontram na essência de uma autêntica teologia


cristã. É nesse movimento intrínseco e dinâmico, entre fé e razão, que o corpo
da teologia se robustece.

TEMA 3 – OBJETO DA TEOLOGIA

Se a teologia é uma ciência, como você aprendeu, com características


próprias, é preciso identificar qual é o seu objeto de estudo. Primeiramente, é
importante distinguir que o processo de investigação das outras ciências ocorre
da seguinte maneira: o pesquisador se coloca acima do objeto de estudo a fim
de extrair o seu conhecimento. O pesquisador (teólogo), no processo de
investigação teológica, coloca-se sob o objeto, que se dá a conhecer pela
revelação.

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Boff (2014, p. 17), utilizando-se da definição de santo Anselmo de
Cantuária (1033-1109), dirá que a fonte objetiva da teologia é “a fé que ama
saber”, e consequentemente o amor, que nasce da fé, deseja saber as razões
porque ama. A fonte subjetiva da teologia é o ser humano, cujo espírito deseja
conhecer, inclusive os elementos da fé.
A apreensão do objeto da teologia nunca é total. Quem ousa contê-lo
inteiramente em suas especulações intelectuais, como ilustra santo Agostinho
com a imagem do menino que tenta encher um buraquinho na areia com a água
do mar, sente o mistério escapar-se pelos dedos. “Se compreendeste, não é
Deus. Se imaginaste compreender, compreendeste não Deus, mas apenas uma
representação de Deus. Se tens a impressão de tê-lo quase compreendido,
então foste enganado por tua reflexão” (Sermão 52, n. 16: pl 38, 360).

Ora, qual é o objeto próprio da teologia cristã? É idealmente o “Deus


vivo e verdadeiro” (I Ts 1:9). É, mais concretamente, o Deus de Jesus
Cristo, o Deus salvador. Portanto, o discurso teológico deve-se medir
por esse objeto, tal como ele se apresenta: o Deus revelado como
amor. Por conseguinte, a teologia terá que produzir um conhecimento
que corresponda àquele objeto. Será, pois, um conhecimento “vivo e
verdadeiro” (Boff, 2015, p.116).

Esse princípio aponta que, no processo do conhecimento, o objeto tem o


primado sobre o sujeito. No aprendizado há, pois, uma dialética; o objeto só
ensina enquanto é interrogado. E isso vale também para a teologia (Boff, 2015,
p. 115).
São Tomás de Aquino, tendo consciência do limite desse saber e da
transcendência divina, confessou ao final de sua vida, em experiência mística:
“tudo o que escrevi me parece palha perto do que vi”. Todavia, como marca de
seu caráter, o poema Atreve-te quanto puderes, revela com que bravura e
ousadia o doutor angélico desbravava os limites do conhecimento humano sobre
as coisas de Deus.

TEMA 4 – TEOLOGIA COMO CIÊNCIA

Ao estudar sobre a teologia, alguns questionamentos iniciais podem


surgir: a teologia tem uma racionalidade própria ou trata-se de uma
pseudociência? Vejamos uma lúcida explanação sobre a questão no parágrafo
em destaque:

Tais perguntas são importantes, pois se não tem uma racionalidade, a


fé deve ser confinada ao mundo dos sentimentos, à vida privada e não

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tem nada a dizer ao mundo e sobre o mundo. Do mesmo modo há o
perigo de que, rejeitando a fé, a razão se limite a uma visão apenas
horizontal da vida, fechando-se em si mesma e caindo na escravidão
do racionalismo frio e calculista, incapaz de produzir valores. Em
ambas as situações, quem perde é a humanidade. (Zabot et al., 2016,
p. 64).

Então, de que forma se pode dizer que a teologia é uma ciência? Embora
a teologia seja ciência, paradoxalmente ela a transcende, pois não se reduz à
experimentação verificável e constatável do empirismo científico. Não se pode
engessar a produção teológica ao recinto da ciência, formatada na modernidade
aos moldes da razão instrumental. Exatamente por seu objeto material,
distintamente singular, a teologia se faz com o emprego de todas as faculdades
humanas sob o influxo da graça.
A Comissão Teológica Internacional, em seu documento Teologia
hoje: perspectivas, princípios e critérios, trata sobre as várias formas de viver e
assimilar a fé cristã e esclarece sobre a teologia científica como expressão
distinta.

O intellectus fidei assume várias formas na vida da Igreja e na


comunidade dos crentes, de acordo com os diferentes dons dos fiéis
(lectio divina, meditação, pregação, teologia como ciência, etc.). Torna-
se teologia, no sentido estrito, quando o crente se compromete a
apresentar o conteúdo do mistério cristão de uma forma racional e
científica. A teologia é, portanto, scientia Dei na medida em que é uma
participação racional no conhecimento de que Deus tem de si mesmo
e de todas as coisas. (CTI, 2012, n.18).

Santo Anselmo de Cantuária (1033-1109) retoma a tarefa de Santo


Agostinho de que a fé deve compreender o que professa (fides quaerens
intellectum). Essa busca do intelecto (intusllegere) implica ir além de rasas
deduções, frias e precipitadas, pois se insere em uma leitura mais profunda do
conhecimento humano. K. Rahner apresenta a teologia em face às exigências
da ciência em perspectiva dialógica. Dialeticamente, propõe uma atitude
autônoma da teologia em relação à ciência, tendo em si mesma seus postulados.
Marques, ao relatar um congresso interdisciplinar promovido pelo Faraday
Institute for science and religion, na universidade de Cambridge, na Inglaterra,
em 2012, destacou a diversidade de cientistas provindos de culturas, áreas do
conhecimento, religiões diferentes, inclusive ateus, ambos convictos
intelectualmente de que “o ser humano é o maior beneficiado pela promoção de
um frutuoso diálogo entre ciência e religião” (Zabot et al., 2016, p. 72-73).

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Desse modo, uma atitude dialogicamente madura da teologia com outras
ciências, outros saberes, pode oferecer um contributo significativo de
colaboração recíproca, dinâmica e autônoma do saber.

TEMA 5 – TEOLOGIA E OUTROS SABERES

A teologia não só está aberta aos outros saberes, como também os utiliza
como instrumentos eficazes na elaboração de seu discurso. Embora o conceito
de interdisciplinaridade seja recente, tal princípio remonta aos inícios da história
do conhecimento humano. O crescimento na busca da especificidade do saber
exige simultaneamente a habilidade de conhecer, associar e distinguir suas
interações.
Nesse sentido, é fundamental que a teologia saiba dialogar com outras
ciências humanas e também exatas, a fim de proporcionem, reciprocamente, um
crescimento autônomo de cada saber específico, exatamente pelo mútuo
estímulo e pela criticidade madura.
A história contada em recorrentes literaturas1 apresenta momentos de
entraves na relação entre fé e razão, ciência e religião. De fato, negar totalmente
essas ocorrências não é honesto. Mas um estudo mais apurado sobre o tema
demonstra exatamente o contrário. Por exemplo: corriqueiramente se ouve falar
de maneira pejorativa “sobre a Igreja católica e a Idade média, mas foi
justamente essa instituição que criou as universidades, e durante a Idade média”.
(Zabot et al., 2016, p. 69).
Essa realidade se reproduz em outros momentos históricos da Igreja,
inclusive o momento atual, contemporâneo. Por essa razão, um saber em
diálogo crítico com outros saberes se purifica da tentadora pretensão de se
tornar um saber autossuficiente. Inclusive a teologia trata do Absoluto, mas não
é um saber igualável ao seu objeto, pois perderia sua natureza epistemológica.
Para Libânio e Murad (2003, p.360), "a teologia é chamada, cada vez
mais, a articular seu saber com as ciências humanas, a serviço de uma reflexão
mordente, que fale das realidades terrestres e divinas, na perspectiva da fé". Os
mesmos autores apontam a necessidade de um aprimoramento dos
instrumentos pré-teológicos na relação com as outras ciências, a fim de não

1 Especialmente nas obras escritas de John Draper (1811-1882) e Andrew White (1832-1918),
há relatos evidentes de muitas “lendas” modernas de oposição entre ciência e religião, que se
disseminaram por todo o século XX.
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desvirtuar “o círculo hermenêutico da fé, condicionando negativamente as
conclusões da reflexão teológica” (Libânio; Murad, 2003, p.359).
Em relação a isso, são João Paulo II, na encíclica Fides et ratio (1998, n.
41), analisa a relação dos padres da Igreja (no período patrístico) com as escolas
filosóficas, adotadas como instrumento de pré-elaboração do fazer teológico. De
fato, “não eram pensadores ingênuos. Precisamente porque viviam de forma
intensa o conteúdo da fé, eles conseguiam chegar às formas mais profundas da
reflexão”.
Assim, fica evidente que a relação da teologia com as ciências não se
estabelece de maneira impositiva, mas autônoma e respeitosa. Ou seja, a
teologia cristã, em sua mais alta autenticidade, sabe valer-se das outras ciências,
reconhecendo a transcendência da fé como sua especificidade.

NA PRÁTICA

A teologia se constitui como ciência, possuindo um objeto, e sendo dotada


de uma natureza específica. No entanto, ela se distingue essencialmente de
todas as outras ciências exatamente por seu objeto de estudo, que transcende
a realidade palpável. Para ilustrar essa colocação a fim de entendê-la na prática,
preste atenção à parábola de Santo Agostinho e o Menino à beira do mar.
Andando pela areia da praia, santo Agostinho submergia certa vez em
pensamentos profundos e altíssimos que se elevavam ao céu. Entre seus
raciocínios, pensava ele no mistério da Santíssima Trindade: “como é que pode
haver três pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – em um mesmo
e único Deus”?”.
Ele avistou, de repente, um menino com um baldinho de madeira, que ia
até a água do mar, enchia o seu pequeno balde e voltava, despejando a água
em um buraco na areia.
Santo Agostinho, observando atentamente o menino, lhe perguntou:
– O que estás fazendo?
O menino, com grande simplicidade, olhou para Agostinho e respondeu:
– Coloco neste buraco toda a água do mar!
Diante da inocência do menino, o santo sorriu e disse:
– Isto é impossível, menino. Como podes querer colocar toda essa
imensidão de água do mar neste pequeno buraco?
O anjo de Deus o olhou então profundamente e lhe disse com voz forte:
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– Em verdade, te digo: é mais fácil colocar toda a água do oceano neste
pequeno buraco na areia do que a inteligência humana compreender os
mistérios de Deus!

FINALIZANDO

Para uma boa introdução à teologia, você estudou o conceito, a natureza


e o objeto da teologia, elementos básicos para o conhecimento de um assunto.
No tocante à teologia, há aspectos peculiares bem distintos que devem ser
conhecidos, a fim de garantir sua autenticidade. Como você aprendeu, não basta
um contato meramente racional com os conteúdos da fé. Ainda que a razão seja
uma via de acesso a Deus, é a fé que ilumina o trajeto, atraindo para um
conhecimento sempre mais denso e vivo, que envolve a própria existência,
aprimorando o fazer teológico.

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REFERÊNCIAS

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inflame o coração. Curitiba Revista Pistispraxis, v. 7, n. 1, p. 112-141, 2015.

_____. Teoria do método teológico: versão didática. 6. ed. Petrópolis: Vozes,


2014.

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JOÃO PAULO II. Fides et ratio: sobre as relações entre fé e razão. São Paulo:
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LIBÂNIO, J. B.; MURAD, A. Introdução à teologia: perfil, enfoques, tarefas. São


Paulo: Loyola, 2003.

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SPITERIS, Y. Apofatismo. In: Lexicon: Dicionário Teológico Enciclopédico. São


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