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Ministério Arco - Íris


Escola Comunhão Arco-Íris de Pemba
Texto de apoio – Filosofia 12ª classe

UNIDADE TEMÁTICA IV: METAFÍSICA E ESTÉTICA

Tema: Metafísica

 Noções básicas

Origem do termo metafísica

A palavra metafísica, surge do vocábulo grego “meta que significa – depois de, para além de” e “physika
significa – física/o, material”, etimologicamente, o termo metafísica significa: “depois do físico
(a)/material”, “para além do físico (a)/material”. O termo metafísica foi empregado, pela primeira vez,
por Andrónico de Rodes (século I. a.C) o qual, compilou as obras de Aristóteles, para designar um tratado
que se seguia à física ou vinha depois da física.

Definição do conceito – Ontologia/metafísica geral

O termo “Ontologia” deriva do grego, “onto – significa ser, e lógia – significa estudo, tratado”. Como
definição a Ontologia: é a ciência do ser em geral, ou do ser enquanto ser e não tomado nas suas partes.

Para Aristóteles, metafísica: é a ciência primeira que estuda os primeiros princípios e as causas últimas
de todas as coisas e investiga o ser enquanto ser. A filosofia primeira é a ciência que se ocupa das
realidades que estão acima das realidades físicas e, não dos seres que encontramos a nossa volta.

Objecto de estudo da metafísica: A metafísica tem como objecto de estudo “o ser enquanto ser”, isto é,
tudo aquilo que transcende o campo experimental. Como por exemplo: Deus, a morte, sexo dos anjos, etc.

Ser: é tudo quanto existe, independentemente de modo como é, o “ser”não pode definir-se rigorosamente
na percepção de Aristóteles. Metafisicamente, o “ser” é inefável, isto é, não existe um outro conceito que
seja o seu género próximo, ou seja, não há como explicar a sua essência.

Formas do ser

Primeira (Física)

Substância

a) Real Segunda (espiritual)

Ser Acidente

b) Ideal (ou ente da razão)

Atributos transcendentes do ente/ser

 Unidade: o ser é sempre uno, não importa que possa dividir-se. (Ex: um homem, um astro, etc.).
 Verdade: todo o ser é vero (verdadeiro) é o que é.
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 Bondade: todo o ser é bonum (bom). O bem identifica-se com o ser. Isto significa que o mal é um
não ser, é uma negação ao bem.

Exercício de aplicação

1. Dos três atributos transcendentais do ente/ser qual faz parte do homem? Justifique a tua resposta.

As categorias do ser: substância e acidente

Categorias: são diversos modos do ser. Segundo Aristóteles existem dez (10) categorias do ser, sendo a
primeira é a substância e as restantes são acidentes.

Substância: é “o que existe em si e não noutro ou é aquilo que é em si e por si e não em outra coisa”.
Para Aristóteles existem dois tipos de substâncias: primeira (tudo o que é concreto) e segunda (tudo que é
abstracto).

Acidente: é tudo aquilo que acontece/ocorre. Aquilo que para ser necessita de se apoiar numa substância.

Após a sua divisão em categorias os nove (9) acidentes são:

 Qualidade: é a forma da substância. (exemplo: inteligente, mau, simpático, etc.).


 Quantidade: é a determinação da substância que permite atribuí-las a partes distintas das outras.
(exemplo: grande, pequeno, etc.).
 Relação: é a ligação que a substância ou acidente, estabelece com outra substância ou acidente.
(exemplo: pai, filho, primo, chefe, mestre, etc.).
 Tempo: é o momento apropriado para que uma coisa se realize. (exemplo: independência do
país no dia 25/6/1975)
 Lugar: é o espaço que um corpo substanciado ocupa em relação a outros corpos. (exemplo: na
escola, no mercado, etc.).
 Acção: é o que a substância faz usando as suas faculdades ou poderes causando efeitos em si
mesma ou noutros corpos circundados por uma substância. (exemplo: dialogar, conduzir um
automóvel, etc.).
 Estado: luxo, ostentação, conjunto de bens.
 Posição: lugar/postura relativa ocupada pela substância. (exemplo: sentado a ler um romance,
etc.).
 Paixão: sentimento, por um agente que, ao sobrepor-se à lucidez e à razão, provoca sofrimento
numa determinada substância. (exemplo: perda de um ente querido, a condenação de um
familiar, etc.).

Exercício de aplicação

1. O ser supremo defendido por ti a que substância pertence? Justifique a tua resposta.

Potência vs Acto

Aristóteles recorre a duas noções fundamentais para explicar o dinamismo do ser: potência e acto.

Potência: é a possibilidade que uma matéria tem de vir ser algo em acto. Ou seja, tudo aquilo que existe
mudança nas coisas.

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Exemplo: a semente transforma-se em planta; a criança em homem, a farinha de trigo em pão ou bolo.

Acto: é o que a coisa é. Ou é a realização da potência.

Exemplo1: o bolo ou o pão está em acto, porque já não é aquela farinha de trigo que era antes.

Exemplo2: o médico, é médico em acto, porque já não é aquele estudante de medicina que era antes.

Exercício de aplicação

1. Apresente o acto de: leitão, pinto, estudante de teologia,

2. Apresente a potência de/a: mandioca, tecido, folha de eucalipto e pele de búfalo.

Essência e existência

Essência: é aquilo que faz com que uma coisa seja aquilo que realmente é, distinguindo-se das outras
coisas.

Exemplo: Pedro é racional. É expressar o essencial de Pedro como homem. Expressa também o ser
essencial de Paulina, David, Vanessa, etc.

Existência: é a actualização da essência; é a realidade.

A partir dos dois conceitos citados acima surgem dentro da filosofia duas correntes: o essencialismo e o
existencialismo.

Essencialismo: defende a primazia da essência sobre a existência.

Existencialismo: defende a primazia da existência sobre a essência.

Características do existencialismo

 Valorização do indivíduo como algo irredutível: os existencialistas defendem que o indivíduo é


algo tal importante que não pode ser reduzido a nenhum conceito. Por isso no que diz respeito ao
ser humano, “o homem primeiramente existe e só mais tarde se torna isto ou aquilo”, ou seja, “a
existência precede a essência” como afirmara Sartre.

 Valorização da liberdade humana enquanto ser situado no universo: para os existencialistas o


homem é um ser livre (liberdade como escolha). Para Sartre “o homem está condenado a ser
livre”.

Exercícios de aplicação

1. Explique o paradoxo sartreano “a existência precede a essência”.

2. Explique as razões do surgimento do existencialismo como uma corrente filosófica.

3. Sublinhe a essência e acidente das seguintes frases:

a). O homem é um animal racional.

b) O Carimo é um bom professor.

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4. Qual é a essência de: cão, gato, leão, mosca, galinha e homem?

A cadeia aristotélica de causas

Causa: é a condição da existência de qualquer coisa, ou seja, é aquilo que produz um determinado efeito,
isto é, todo princípio que dá existência real a outro ser. Segundo Aristóteles para a produção de um ser
causado são necessárias quatros (4) causas:

Exemplo: Para moldar a estátua de Samora Moisés Machel, foram necessárias quatros causas.

 Causa eficiente: é aquilo que produz alguma coisa. A causa eficiente responde à pergunta:
quem fez? Para o caso da estátua, a causa eficiente é o escultor.

 Causa matéria: é aquilo que uma coisa é feita. A causa material responde à pergunta: de que é
feito? Para o caso da estátua a causa material é o bronze.

 Causa formal: é a ideia/modelo de algo que é plasmado pelo seu criador. A causa formal
responde à pergunta: como foi feito isto? Para o caso da estátua a causa formal é a imagem do
homem (Samora).

 Causa final: diz respeito ao objectivo com que uma coisa é feita. A causa final responde à
pergunta: para que foi feito isto? Para o caso da estátua a causa final é o enfeite de uma praça.

Exercícios de aplicação

1. Apresente as quatro causas da existência do: homem.

2. Qual é o fim último do homem?

Tema: Estética

 Noções básicas

Origem do termo estética

Estética do grego “aisthetiké”, que significa “Tudo que pode ser percebido pelos sentidos”. A estética
é a ciência do belo. Na visão de Kant é a “ciência que trata das condições da percepção pelos
sentidos”. Esta ciência remonta a Alexandre Baumgartem. Assim sendo, ela tem como objecto de estudo
o “belo”.

A essência do belo

A arte é para Platão “uma imitação da natureza, que é por sua vez, cópias das ideias do mundo das
ideias”, o alvo da imitação é o belo. Para Aristóteles “a arte não é apenas a imitação da natureza. Mas
sim de uma produção com a intenção de a superar”.

Para Giambatista Vico “a arte é um modo fundamental e original de o homem se expressar numa
determinada fase do seu desenvolvimento”. O desenvolvimento Viquiano do homem é composto por
três (3) etapas: dos sentidos, da fantasia e da razão. Olhando a posição de Platão, Aristóteles e Vico a
respeito da essência do belo, pode-se concluir que, a essência do belo é a arte.

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O belo como fundamento da arte

Tudo o que é belo é subjectivo. Daí a dificuldade em chegar a um consenso sobre o que é belo ou sobre o
que não é. O belo é o que nos reúne mais facilmente e mais misteriosamente. Daqui resulta a visão de que
a obra de arte deve ser uma representação bela do mundo subjectivo do artista.

As belas artes

Arte: é a representação subjectiva da realidade. Para Kant a arte é, a forma mais expressiva da liberdade
humana. Ela é fruto da manifestação da liberdade do homem, é a forma de libertação de uma ideia. Para
Platão a arte é fruto do amor que impele/arrasta a alma para a mortalidade. No entanto para o mesmo, a
única arte digna de ser cultivada, é a música. Esta educa para o belo e forma a alma para a harmonia
interior.

Doravante, podemos dividir a arte em: artes mecânicas (metalurgia e têxteis) e belas-artes. Nas artes
mecânicas o artista está preocupado com a utilidade da sua obra, isto é, o lucro. Enquanto nas belas-artes
a preocupação fundamental do artista é a expressão do gosto pelo gosto.

Classificação das belas-artes

As belas artes classificam-se em: artes plásticas e artes rítmicas

Artes plásticas: são as artes que exprimem a beleza sensível através de uso das formas e das cores. Estas
compreendem:

 A escultura: representa imagem plásticas em relevo total ou parcial e exprime sentimentos a


atitudes através das formas vivas, buscando a perfeição e a beleza sublimes.

 A pintura: pela combinação imaginativa e sensitiva das cores exprime a percepção tem da
natureza.

 A arquitectura: pela imaginação e criatividade esta atinge e expressa a beleza com equilibradas e
agradáveis proporções das massas pesadas.

Artes rítmicas/artes de movimentos: são artes, que na sua essência, produzem obras que exprimem a
belezamediante em várias formas: som, ritmos e movimentos. Estas compreendem:

 Poesia/arte literária: com ritmo mais ou menos suavizado pelas rimas e palavras harmonizadas
entre si, cria uma sensação agradável e é recitada ou lida em silêncio.

 A música/arte musical: expressa a beleza através de acordes vocais, melodias e ritmos ou batidas
compassadas em tempos alternadas. Através da música, o artista exprime o que lhe vem da alma,
ou o que gostaria que fosse, mas não é.

 A coreografia/a dança: conhecida como arte mista ou arte da dança. É caracterizada pelo uso de
movimentos corporais realizados de forma rítmica, ao som da música ou do canto.

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Exercícios de aplicação

1. Em uma página e meia no máximo, discorre sobre a dança tradicional da tua província/distrito.

2. Tendo em conta a classificação das belas artes: plásticas e rítmicas escolhe um tipo e um subtipo.
Assim que escolher faça um trabalho da sua escolha. Máximo uma página.

Exemplo: O João escolheu a arte plástica como um tipo. E dentro das artes plásticas o João escolheu a
pintura. Isto é, teve que desenhar algo e pintar.

Se for a dança, escreva a música e por baixo apresente autor da música. Caso seja a música faça o mesmo.

NB: Data de entrega para grupo “B” segunda-feira. Para o grupo “A” terça-feira.

Significado e valor social das produções artísticas

As obras de arte retratam a vida quotidiana de uma sociedade. Por esta razão, elas podem pretender
representar o universal, porque constituem uma expressão da visão do mundo do artista. Nem toda a gente
tem a capacidade de fazer uma leitura crítica da sociedade/de ter um olhar antecipado da realidade, mas o
artista pode representar a sociedade de forma crítica, intuído o que poderá vir a ser a sociedade futura.

A arte e a moral: relação mútua

A questão da moralidade da arte tem ocupado um lugar de destaque entre os temas de discussão
científica. Doravante, há correntes que defendem a separação de campos entre estas ciências. Segundo
elas, tanto a arte como a moral têm cada um seu fim específico, cada qual dentro da sua própria esfera. Há
no entanto, outros que defendem que a arte deve visar exclusivamente fins morais. Com efeito, vimos em
Kant “o belo é simbolo da moral”. É esteticamente belo o que é moralmente belo.

Referência bibliográfica

DIAS, Rui dos Anjos. Filosofia 7º ano. Coimbra: Livraria Almeida Editora, 1972. P. 195-239.

GEQUE, Eduardo & BIRIATE, Manuel. Filosofia 12: Pré-universitário. 1ª ed. Maputo: Longman
Moçambique. 2010. P.137-150.

MARQUES, António & SANTOS, Ribeiro dos. Filosofia. Lisboa: Editorial o livro. S/d, p. 85.

MONDIN, Battista. O Homem, que ele é? São Paulo: Edições Paulina. 1987. P. 72/4-254.

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