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Aristóteles.

Aristóteles
• De origem macedônica, Aristóteles foi discípulo de Platão. Aos 17 anos, após a morte do pai,
foi enviado para Atenas, onde ingressou na Academia. Lá permaneceu durante cerca de duas
décadas, primeiro como aluno e depois como professor. De regresso à Macedônia, tornou-
se tutor de Alexandre Magno. Quando este ascendeu ao trono, Aristóteles fundou a sua
própria escola em Atenas, num local chamado Liceu (por volta de 334 a.C.).

• As obras de Aristóteles, a maior parte das quais não chegaram até nós, incluem diálogos,
dissertações populares e ensaios eruditos sobre os seguintes temas: lógica, física,
política, economia, metafísica, meteorologia, retórica, estética e ética.

• Ao contrário de Platão, Aristóteles acreditava que a filosofia devia se basear naquilo que
nos é dado a conhecer por meio da observação. O seu projeto de uma investigação
sistemática dos fenômenos naturais que, não se restringindo a ciências como a biologia ou a
astronomia, abarcava também a história, a psicologia, a linguagem, a ética e a política,
marcando o nascimento da ciência empírica.
Rafael, A Escola de
Atenas, 1509-10
Platão X Aristóteles
Diferenças entre Platão e Aristóteles
Platão Aristóteles
1- Vocação matemática e idealista. 1- Vocação naturalista, observação do concreto,
materialista.

2- Nome de sua escola: Academia. 2- Nome de sua escola: Liceu.

3 - A verdade ou realidade estão no Mundo das 3- Não existem modelos reais das coisas sensíveis, ou
Idéias. seja, a verdade está no mundo material, e não no
mundo das ideias.

4- Mundo transcendente, hiperurânio (lugar além


do céu, é o mundo das Formas ou Ideias de Platão), 4- Nega a realidade ontológica (idealista) do mundo
onde estão as ideias nas quais se concentra toda a platônico das Idéias. Existem somente as substâncias
realidade. Nelas residem as substâncias imutáveis individuais particulares e concretas.
que são o objeto da ciência e da filosofia.
Platão Aristóteles
5- Desconfia dos sentidos. Recusa a passagem da 5- Os conceitos e o conhecimento são tirados da
sensação ao conceito, ou seja, à verdade ou à ideia. experiência mediante a evidência, ou seja, dos sentidos.
“Nada está na mente que não tenha passado pelos
sentidos.”

6- Não faz apologia ao estudo da natureza. A


construção do platonismo é de cima para baixo, ou 6- Faz apologia ao estudo da natureza: “Em cada parcela
seja, as ideias são originais. O que está no mundo da natureza, há sempre alguma maravilha” e, portanto,
material, por sua vez, são meras cópias. Dessa uma verdade. A construção do aristotelismo é de baixo
forma, desvia-se do método traçado por Sócrates. para cima, ou seja, a própria verdade combina a matéria
Seu idealismo frustra radicalmente seu desejo de e a ideia, partindo da realidade dos indivíduos concretos,
chegar à verdadeira realidade, pois temos apenas múltiplos e móveis do mundo físico, para construir sobre
uma concepção vaga da verdade, mesmo que eles as ciências na ordem lógica e também para chegar
usemos a razão. eficazmente à única realidade.
Platão Aristóteles
7- O conhecimento é inato, vem das ideias que são 7- O conhecimento vem da experiência e depende da
anteriores à nossa existência material. percepção sensível.

8 – Platão separa o conteúdo da forma dos objetos. 8- Forma e conteúdo estão ligados, são inseparáveis e
estão presentes na matéria.

9- A razão é vista como responsável por aniquilar e 9- A razão deve criar harmonia com as paixões ou
destruir as paixões. A razão deve governar e dominar sentidos, uma espécie de equilíbrio. Não considera a
as paixões ou sentidos. Baseia-se na ideia de que há a alma como coisa alheia ao corpo, senão que é seu
preexistência das almas. A alma está presa ao corpo princípio vital, unida a ele naturalmente como forma à
com uma união acidental, violenta e antinatural. O sua matéria, de maneira substancial, constituindo um
corpo é o túmulo da alma, decaída de uma vida composto único e natural, que é a pessoa humana.
anterior feliz.
Divisão dos estudos e obras de Aristóteles

• Lógica - Sobre a Interpretação, Categorias, Analíticos, Tópicos, Elencos Sofísticos e


os 14 livros da Metafísica, que denominou Prima Filosofia. O conjunto dessas obras é
conhecido pelo nome de Organon.

• Filosofia da Natureza - Sobre o Céu, Sobre os Meteoros, oito livros de Lições de Física
e outros tratados de história e vida dos animais.

• Filosofia Prática - Ética a Nicômaco, Ética a Eudemo, Política, Constituição Ateniense


e outras constituições.

• Poéticas - Retórica e Poética.


METAFÍSICA
ASTRONOMIA, ALMA, DEUS, O SER

FÍSICA
BIOLOGIA, DINÂMICA DOS OBJETOS

MATEMÁTICA
DEUS, PRIMEIRO MOTOR OU MOTOR IMÓVEL
As Quatro causas em Aristóteles.
• Causa material: de que a coisa é feita? No exemplo da casa, de tijolos.

• Causa eficiente: o que fez a coisa? A construção.

• Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa.

• Causa final: o que lhe deu a forma?


O Silogismo de
Aristóteles.
• Devemos apontar que Aristóteles considerava os procedimentos dialéticos
de seu mestre, Platão, um tanto subjetivos e idealistas.

• Aristóteles propôs-se a realizar procedimentos de investigação científica por


meio de observações qualitativas, comuns e cotidianas. Isso se dava a
partir da correlação entre sensibilidade e racionalidade, de modo a
capturar a verdade no mundo posto diante de seus olhos, e não no plano
ideal, como é o caso de Platão. A partir disso, Aristóteles desenvolveu o
método lógico silogístico.
• “Um silogismo é um argumento no qual, estabelecidas certas coisas,
resulta necessariamente delas, por serem o que são, outra coisa diferente
das anteriormente estabelecidas.” (Aristóteles)

.“Um discurso no qual, uma vez que certas realidades são afirmadas, alguma
outra realidade diferente resultará necessariamente delas, pelo simples
fato de que elas foram afirmadas.” (Aristóteles)
Exemplos:
1
Todos os homens são mortais.
Sócrates é homem.
Sócrates é mortal.

2
Se todo o m é p,
e todo o s é m,
então todo o s é p.
• O silogismo é uma forma de raciocínio dedutiva.

• Na sua forma padronizada, é constituído por três proposições (expressões


verbais que resultam em afirmações): as duas primeiras denominam-se
premissas, e a terceira, conclusão.

• Atenção: mas o que é dedução e o que a diferencia da indução?


• Indução: parte da observação de elementos conhecidos, concretos e
particulares, com o objetivo de atingir uma conclusão sobre um ponto de vista
ou ideia geral, de acesso a todos (do particular para o geral). Tem-se um
conhecimento dado a priori, por exemplo, percebemos que “quando
percebemos que ‘João morreu’ ou ‘tenho fome’ ou ‘é dia’”.

• Dedução: parte do inverso da indução se inicia a partir de elementos gerais,


desconhecido em direção aos elementos particulares de maior conhecimento.
Pode partir de uma hipótese abstrata, de caráter geral, e nós tentamos
relacioná-los a situações factíveis e conhecidas (particulares), para buscarmos
uma conclusão. Esse é o processo feito pelo silogismo. Lembre-se que a
dedução é um encadeamento de raciocínios em que o conhecimento sobre
algo é dado a posteriori.
A natureza Aristóteles:
Natureza (physis) = indica aquilo que por si brota, se abre, emerge, o
desabrochar que surge de si próprio e se manifesta neste desdobramento,
pondo-se no manifesto. Trata-se, pois, de um conceito que nada tem de
estático, pois se caracteriza por uma dinamicidade profunda, genética.
Representa algo que é característico de um ser ou espécie e que permite o
desenvolvimento desse ser. Por isso, em nossa natureza humana, somos
dotados de razão e sentidos.

Ato e potência
De anima (A alma)
Relação da alma com o que existe ou vive.

• Alma vegetativa

• Alma sensitiva

• Alma Intelectiva
Aristóteles e a democracia
• Para Aristóteles, unicamente no Estado, efetua-se a satisfação de todas as
necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político,
não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do Estado.

• Por isso, a célebre frase do filósofo: “O homem é um animal político por


natureza”. (Aristóteles. A Política)

Animal político (zoon politikon) = ser político significa discernir, criar,


raciocinar e estabelecer o justo e o injusto, o bem e o mal. Eles devem ser
vividos intensamente em sociedade por meio do léxico (da palavra).
Portanto, todos os homens são animais políticos.
• Quanto à forma exterior do Estado, Aristóteles distingue três pares
antagônicos principais, da virtude ao vício, do equilíbrio à desmedida (hybris
– também verificada no comportamento de personagens das tragédias):
A) A monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na
unidade e sua degeneração é a tirania;

A) A aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na


qualidade e sua degeneração é a oligarquia;

A) A democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na


liberdade e sua degeneração é a demagogia.

As preferências de Aristóteles vão para uma forma de governo democrático-


intelectual, a forma de governo clássica da Grécia, particularmente de
Atenas.
• No entanto, com o seu profundo realismo, diferentemente do idealismo
platônico, Aristóteles reconhece que a melhor forma de governo não é
abstrata, e sim concreta: deve ser relativa, acomodada às situações
históricas, às circunstâncias de um determinado povo.

• De qualquer maneira, a condição indispensável para uma boa constituição


é que o objetivo da atividade estatal deve ser o bem-comum (a promoção
da excelência humana), e não a vantagem de quem governa
despoticamente.
• Para obter uma sociedade estável, ele considera que o regime mais
adequado é o misto, que equilibre a força dos ricos com o número dos
pobres.

• Para ele, a sociedade ideal seria aquela baseada na mediania, pois, ao mesmo
tempo que, graças a presença de uma poderosa classe média, atenua os
conflitos entre ricos e pobres, dá estabilidade à organização social.

• Esse governo, definido como uma democracia ou timocracia (timé = honra),


no qual o poder político seria exercido pelos cidadãos proprietários de algum
patrimônio (classe mediana) e que governariam para o bem-comum.

• Em outros momentos, esse regime ideal é chamado de politia (governo da


maioria, mas regido por homens selecionados segundo a sua renda), que ele
classifica entre as constituições retas.
Aristóteles considera a escravidão algo natural, tendo como pressuposto que existem
aqueles que nasceram para comandar e aqueles que nasceram para serem comandados.

“Quem pode usar o seu espírito para prever é naturalmente um comandante e naturalmente
um senhor, e quem pode usar o seu corpo para prover é comandado e naturalmente escravo;
o senhor e o escravo tem o mesmo interesse.”

Para Aristóteles a família, em sua forma perfeita, se compõe de: “ Escravos e pessoas livres
[...] Sendo elementos primários e mais simples de uma família o senhor e o escravo, o marido
e a mulher, o pai e os filhos”.

Aristóteles compara o escravo a um bem vivo, um instrumento que aciona outro


instrumento, sendo auxiliar em relação aos instrumentos de ação. Podemos encontrar a
ideia de “bens” expressa no seguinte fragmento:

“…O senhor é unicamente o senhor do escravo, e não lhe pertence, enquanto o escravo é não
somente o escravo do senhor, mas lhe pertence inteiramente”.
• Para Aristóteles:
“O animal é constituído de alma e corpo [...] a alma é dominante e o corpo é dominado com a
prepotência de um senhor, e a inteligência domina os desejos com a autoridade de um estadista ou
rei; [...] para o corpo é natural e conveniente ser governada pela alma”.

• Poderíamos fazer uma analogia em que o corpo seria representado pelo escravo e a alma pelo
senhor.

“É um escravo por natureza que é susceptível de pertencer a outrem (e por isto é de outrem), e
participa da razão somente até o ponto de apreender esta participação, mas não usa alem deste
ponto.”

• Os escravos não diferem dos animais, pois servem para serviços corporais. A natureza se
encarregou de fazer os corpos dos homens livres e dos escravos diferentemente. Enquanto o
escravo possui um corpo forte para as atividades servis, o senhor é considerado superior, incapaz
para tais trabalhos, mas apto para a vida de cidadão.

• Para o senhor ser o senhor não é necessário ter conhecimentos científicos, basta ser o que é, mas
existe uma ciência do senhor que ensina como usar os escravos, “pois a função do senhor não é
adquirir escravos, mas usá-los”.

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