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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

ANÁLISE DO DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES DE FASES NO ENROLAMENTO DE


22 kV DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1 DA CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE
CHICAMBA

AUTOR SUPERVISORES

Telcêncio Mário Elias da Costa Nobre Eng.º Mateus G. Mudji Mamboza (EDM)

……MSc. Narciso Fernando Nota (ISPS)

Songo, Fevereiro de 2020


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE SONGO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

ANÁLISE DO DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES DE FASES NO ENROLAMENTO DE


22 kV DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1 DA CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE
CHICAMBA

AUTOR: SUPERVISORES

Telcêncio Mário Elias da Costa Nobre Eng.º Mateus G. Mudji Mamboza (EDM)
.....MSc. Narciso Fernando Nota (ISPS)

Songo, Fevereiro de 2020


TELCÊNCIO MÁRIO ELIAS DA COSTA NOBRE

ANÁLISE DO DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES DE FASES NO ENROLAMENTO DE


22 kV DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1 DA CENTRAL HIDROELÉCTRICA DE
CHICAMBA

Trabalho de conclusão do curso


apresentado para aprovação pelos
membros do júri, como requisito para
obtenção do grau de licenciatura em
Engenharia Eléctrica, pelo Instituto
Superior Politécnico de Songo

O SUPERVISOR

(Eng.º Mateus G. Mudji Mamboza)

O CO-SUPERVISOR

___________________________________________

(Engº. Narciso Nota, MSc.)

O EXAMINADOR

____________________________________________

(Engº. Daniel Eliote Mbanze, MSc.)

O PRESIDENTE DA MESA

______________________________________________

(Engº. Maxcêncio Sebastião Artur Tamele, MSc.)

Songo, Fevereiro de 2020


AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELECTRÓNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

NOBRE, Telcêncio Mário Elias da Costa

Análise de Desequilíbrio de Tensões de Fases


no Enrolamento de 22 kV do Transformador
Principal 1.

Relatório de Estágio Profissional – Licenciatura


em Engenharia Eléctrica.
CURSO DE ENGENHARIA ELÉCTRICA

TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO FINAL DE ESTAGIO

Declaro que, o estudante Telcêncio Mário Elias da Costa Nobre, entregou no dia
___/___/2020, as copias do seu Relatório de Estagio Profissional com referência:
Máquinas Eléctricas, Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica, intitulado
Análise do Desequilíbrio de Tensões de Fases no Enrolamento de 22 kV do
Transformador Principal 1 da Central Hidroeléctrica de Chicamba – EDM.

Songo, ____ de ______________ de 2020

Chefe da Secretaria

_______________________________________
DEDICATÓRIA

Este trabalho dedico aos meus pais Elias Eduardo da Costa


Nobre Júnior e Josefa Manuel da Costa Nobre, os meus
irmãos, em especial Luísa Maria da Costa Nobre Raúl, ao meu
cunhado, conselheiro Victor Raúl. Acreditaram e depositaram
muita confiança em mim e que isso seja motivo de grande
inspiração e exemplo para os meus sobrinhos.

i
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradecer ao senhor omnipotente DEUS pelas bênçãos e por tudo
que tem feito por mim, pelas pessoas maravilhosas que ele colocou na minha vida, se
hoje consegui estar nesta posição é pela sua graça.

Aos meus pais Elias Eduardo da Costa Nobre Júnior e Josefa Manuel da Costa Nobre
por me darem a vida.

Os meus irmãos Luísa Maria da Costa Nobre Raúl, Manuela da Costa Nobre, Alcides
Nobre, Márcia do Carmo da Costa Nobre, Adalgisa Rosa da Costa Nobre, Elias Emídio
da Costa Nobre.

Muito obrigado a minha namorada que contribuiu e vem contribuindo para o meu
sucesso, deu-me suporte necessário nos momentos em que não me sentia forte o
suficiente para vencer certos obstáculos, agradeço também pelo carinho, amor e
paciência.

De maneira igual, agradeço também a todos que fazem parte da equipe da Central
Hidroeléctrica de Chicamba em particular os senhores engenheiros Alexandre João
Pinto Madeira, José Carlos Saraiva, José Picardo, pelos ensinamentos práticos,
teóricos e sociais transmitidos.

Aos meus docentes, não existem folhas suficientes para escrever os meus
agradecimentos, foram anos difíceis mas só agora entendo o motivo de tanta
exigência, é porque sempre estavam atrás da excelência qualidade dos seus
estudantes, muito obrigado a todos em especial os engenheiros Humberto Sede, Igídio
Mutemba, Narciso Nota, Lionel Fanequisso, Anacleto Albino.

Os meus agradecimentos abrangem também os meus amigos Joubert Mavambe,


Joaquim da Graça, Moisés Dias, Edmilson Paulino, Jaime Mussa, Tinteiro Choe,
Augusto Chingore, Arsénio César, Manuel Baptista, Nelito Mbofana, Leo Pangaia, e
todos aqueles que de uma ou outra forma contribuíram de maneira positiva para o meu
sucesso.

ii
EPÍGRAFE

“A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho original.”

(Albert Einstein).

iii
RESUMO

Este trabalho centra-se na análise de um defeito do transformador de potência da


central hidroeléctrica de Chicamba. Os transformadores são equipamentos
indispensáveis no sistema eléctrico de potência, cumprindo um papel decisivo na
continuidade do fornecimento de energia eléctrica, o que impõe a necessidade de
monitoramento contínuo das condições operacionais por forma a prevenir possíveis
falhas do sistema. Eles têm a principal função de alternar os diferentes níveis de tensão
para interligar os sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia eléctrica.

No que diz respeito a desequilíbrio de tensão, há um trabalho que tem-se feito para o
cumprimento das normas regulamentadoras e recomendações internacionais que
estabelecem limites aceitáveis de desequilíbrio visando a proteger os equipamentos e
os consumidores.

Neste sentido, o objectivo desse trabalho é realizar um estudo sobre desequilíbrio de


tensão no transformador principal 1 da central hidroeléctrica de Chicamba, de 24,5
MVA, na EDM como estudo de caso, pelo facto de ser uma concessionária de energia
eléctrica de grande importância para o sistema eléctrico da região centro do país.

Em seguida, são discutidos os procedimentos dos ensaios realizados no transformador


e apresentados aspectos relacionados às causas do defeito e as recomendações de
modo a garantir maior confiabilidade e continuidade de serviço do equipamento.

Palavras-chave: transformador de potência, desequilíbrio de tensão, enrolamentos,


bobina, fases, transformador principal 1.

iv
ABSTRACT

This work focuses on the analysis of a defect in the power transformer of the Chicamba
hydroelectric plant. Transformers are essential equipment in the electrical power
system, playing a decisive role in the continuity of the supply of electrical energy, which
imposes the need for continuous monitoring of operating conditions in order to prevent
possible system failures. They have the main function of alternating the different voltage
levels to interconnect the electricity generation, transmission and distribution systems.

With regard to voltage imbalance, there is work that has been done to comply with
regulatory standards and international recommendations that establish acceptable limits
of imbalance in order to protect equipment and consumers.

In this sense, the objective of this work is to carry out a study on voltage imbalance in
the main transformer 1 of the Chicamba hydroelectric power station, of 24.5 MVA, in
EDM as a case study, as it is a major electricity utility for the electrical system in the
central region of the country.

Then, the testing procedures performed on the transformer are discussed and aspects
related to the causes of the defect and the recommendations are presented in order to
ensure greater reliability and continuity of service of the equipment.

Keywords: power transformer, voltage unbalanced, windings, coil, phases, main


transformer 1.

v
ÍNDICE

Sumário Pág.

1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ............................................................................. 1

1.1. Introdução ...................................................................................................... 1


1.2. Problemática e Justificativa ............................................................................ 2
1.3. Objectivos ....................................................................................................... 4
1.4. Metodologia .................................................................................................... 5
1.5. Delimitação do Trabalho................................................................................. 5
1.6. Descrição do Local de Trabalho ..................................................................... 6
1.6.1. Organograma .......................................................................................... 7
1.6.2. Central .................................................................................................... 8
1.6.3. Barragem ................................................................................................ 8
2. CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... 10

2.1. Transformadores de Potência ...................................................................... 10


2.2. Transformadores Trifásicos Terciários ......................................................... 11
2.2.1. Aspectos Construtivos .......................................................................... 12
2.2.2. Tipos de Ligações ................................................................................. 15
2.3. Transformador de Potencial ......................................................................... 17
2.4. Transformador de Corrente (TC) .................................................................. 18
2.5. Falhas Frequentes em Transformadores de Potência.................................. 19
2.5.1. Degradação de Materiais Isolantes....................................................... 19
2.5.2. Falha nos Enrolamentos ....................................................................... 19
2.5.3. Falha dos Contactos ............................................................................. 21
2.5.4. Perda de Óleo Isolante ......................................................................... 21
2.5.5. Falha nos Equipamentos de Manobra .................................................. 21
2.5.6. Falha de Bucha ..................................................................................... 23
2.5.7. Falha Em Manutenção .......................................................................... 24
3. CAPÍTULO III – GENERALIDADES DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1 DA
CENTRAL HÍDRICA DE CHICAMBA ....................................................................... 26

vi
3.1. Dados Técnicos do Transformador Principal 1 ............................................. 26
3.1.1. Características Eléctricas ..................................................................... 26
3.2. Protecções do Transformador principal 1 ..................................................... 28
3.2.1. Protecções Intrínsecas ......................................................................... 28
3.2.2. Protecções Extrínsecas ........................................................................ 31
4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE DO DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES ENTRE FASES
NO TRANSFORMADOR ........................................................................................... 36

4.1. Definição de Desequilíbrio de Fases ............................................................ 36


4.2. Desequilíbrio de Tensões no Transformador Principal 1 .............................. 37
4.2.1. Causas do Desequilíbrio de Tensões ................................................... 37
4.3. Efeitos do Desequilíbrio de Tensão .............................................................. 41
4.4. Normas Sobre Desequilíbrio de Tensão ....................................................... 42
4.4.1. Norma IEEE 1159-2009 ........................................................................ 42
4.4.2. IEC 61000-4-30 e IEC 1000-2-2 ........................................................... 42
4.4.3. ANSI ..................................................................................................... 42
4.5. Método de Cálculo de Desequilíbrio de Tensão ........................................... 43
4.5.1. Método de CIGRÉ................................................................................. 43
4.5.2. Método IEEE ......................................................................................... 44
4.5.3. Método das Componentes Simétricas .................................................. 44
4.5.4. Método ANSI......................................................................................... 45
4.6. Relação Entre Desequilíbrio de Tensão e Vida Útil ...................................... 46
5. CAPÍTULO V – COMISSIONAMENTO DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1

………………………………………………………………………………………………..48

5.1. Introdução .................................................................................................... 48


5.2. Equipamentos Utilizados no Comissionamento ........................................... 48
5.2.1. Mala de Teste DGA .............................................................................. 48
5.2.2. Mala de Teste DPA ............................................................................... 49
5.2.3. Mala de teste Omicron CPC 100 .......................................................... 50
5.2.4. Mala de Teste TTR (Transformer Turn Ratio) ....................................... 51
5.2.5. Megger .................................................................................................. 52
5.3. Ensaios e Análise de Resultados ................................................................. 52
5.3.1. Análise de Gases Dissolvidos no Óleo Isolante .................................... 52
vii
5.3.2. Ensaio da Rigidez Dieléctrica do Óleo .................................................. 56
5.3.3. Ensaio da Resistência de Isolamento ................................................... 58
5.3.4. Ensaio da Relação de Transformação .................................................. 61
5.4. Conclusão do Caso de Estudo ..................................................................... 64
6. CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................. 66

6.1. Conclusões................................................................................................... 66
6.2. Recomendações........................................................................................... 66
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 69
ANEXO .................................................................................................................. 71

viii
LISTA DE SÍMBOLO

Grandeza Unidade Símbolo


Intensidade do campo
tesla T
magnético
miliampere mA
Corrente Eléctrica ampere A
quilo-ampere kA
milímetro mm
Comprimento metro m
quilómetro km
hertz Hz
Frequência quilohertz kHz
megahertz MHz
Força newton N
ohm
quilo-ohm k
Ohm
megaohm M
gigaohm G
volt-ampére VA
Potência Aparente quilovolt-ampere KVA
megavolts-ampere MVA
Potência Activa megawatt MW
Pressão quilopascal kPa
volts V
Tensão
quilovolt kV
Temperatura grau centigrado °C
decímetro cúbico dmᶟ
Volume
metro cúbico mᶟ

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Diagrama eléctrico unifilar - Central de Chicamba. ....................................... 3


Figura 1.2: Organograma da Direcção de Centrais Centro. ............................................ 7
Figura 1.3: Localização da Central Hidroeléctrica de Chicamba. .................................... 9
Figura 2.1: Princípio de funcionamento de um transformador ideal. ............................. 10
Figura 2.2: (a) Configuração básica das bobinas no núcleo; (b) Circuito equivalente em
pu – transformador ideal. ............................................................................................... 11
Figura 2.3: Transformador de potência. ........................................................................ 12
Figura 2.4: Enrolamentos do transformador trifásico de potência. ................................ 13
Figura 2.5: Tap changer. ............................................................................................... 14
Figura 2.6: (a) Ligação Yy; (b) Fasores de tensão na sequência ABC. ......................... 15
Figura 2.7: (a) Ligação Dy; (b) Diagrama fasorial de tensões, sequência ABC. ............ 16
Figura 2.8: (a) Ligação Eléctrica; (b) Diagrama Fasorial. .............................................. 17
Figura 2.9: (a) Transformador de potencial; (b) Ligação de um TP. .............................. 18
Figura 2.10: (a) Transformador de corrente; (b) Esquema de ligação de um TC. ......... 18
Figura 2.11: Esforços electrodinâmicos que actuam sobre as bobinas do enrolamento
durante um curto-circuito. .............................................................................................. 20
Figura 2.12: Marcas de carbonização na região de conexão entre contactos fixos e
móveis do comutador. ................................................................................................... 22
Figura 2.13: Bucha de 110 kV, retiradas do transformador principal de 24,5 MVA. ...... 23
Figura 2.14: Danos na parte inferior da Bucha de alta tensão (230 kV). ....................... 24
Figura 3.1: Relé Buchholz. ............................................................................................ 29
Figura 3.2: Válvula de alívio de pressão. ....................................................................... 31
Figura 3.3: HMI das protecções do transformador principal 1. ...................................... 32
Figura 3.4: Esquema de protecção diferencial para transformador. .............................. 32
Figura 4.1: (a) Forma de onda sinusoidal de tensões equilibradas; (b) Digrama fasorial.
...................................................................................................................................... 36
Figura 4.2: (a) Tensões equilibradas; (b) Tensões desequilibradas. ............................. 37
Figura 4.3: Forma de onda da tensão de saída do inversor. ......................................... 39
Figura 4.4: Detalhe da forma de onda da tensão de saída do inversor. ........................ 40
Figura 4.5: Forma de onda da tensão de saída do inversor, alimentado a partir da linha
Vila Pery. ....................................................................................................................... 40

x
Figura 4.6 Detalhe da forma de onda da tensão de saída do inversor, alimentado a
partir da linha Vila Pery. ................................................................................................ 41
Figura 4.7: Relação entre desequilíbrio de tensão e temperatura. ................................ 46
Figura 4.8: Perda de vida útil versus factor de desequilíbrio. ........................................ 47
Figura 5.1: Mala Kelman TRANSPORT X para teste de DGA....................................... 49
Figura 5.2: Mala de Teste DPA até 75 kV da BAUR. .................................................... 50
Figura 5.3: OMICRON CPC 100.................................................................................... 51
Figura 5.4: Instrumento de medição de relação de transformação. ............................... 51
Figura 5.5: Megger BM21. ............................................................................................. 52
Figura 5.6: Colecta do óleo isolante do T1 para análise. ............................................... 53
Figura 5.7: Vista de frente e de cima do eléctrodo de disco. ......................................... 56
Figura 5.8: Esquema de ligação para medição resistência de isolamento entre os
enrolamentos MT e BT. ................................................................................................. 59
Figura 5.9: Circuito equivalente da medição de isolamento entre média e baixa tensão.
...................................................................................................................................... 59
Figura 5.10: Circuito equivalente para medição de . ............................................... 60
Figura 5.11: Esquema de ligação para medição de relação de transformação entre os
enrolamentos de MT e BT. ............................................................................................ 62

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1:Características nominais de tensão e corrente. ........................................... 26


Tabela 3.2: Dados da impedância de curto-circuito em percentagem. .......................... 27
Tabela 3.3: Tensão de curto-circuito percentual do T1. ................................................ 27
Tabela 3.4: Corrente em vazio e suas componentes harmónicas considerando a
corrente nominal. ........................................................................................................... 27
Tabela 3.5: Corrente de curto-circuito e máximo tempo permitido. ............................... 27
Tabela 3.6: Impedância de sequência zero. .................................................................. 28
Tabela 5.1: Resultado do teste de óleo DGA ................................................................ 54
Tabela 5.2: Factor para o estabelecimento dos parâmetros de correlação de gases. .. 55
Tabela 5.3: Diagnóstico de transformadores a partir da correlação de gases. .............. 55
Tabela 5.4: Especificações do ensaio. .......................................................................... 57
Tabela 5.5: Resultado das medições. ........................................................................... 57
Tabela 5.6: Resultado das medições da resistência de isolamento .............................. 60
Tabela 5.7: Orientação para o diagnóstico da condição de isolamento. ....................... 61
Tabela 5.8: Indicação da condição de isolamento com base na tabela 5.7. .................. 61
Tabela 5.9: Resultados obtidos a partir do TTR na medição de relação de
transformação................................................................................................................ 63

xii
LISTA DE ANEXOS

Figura A 1.67: Grupos Geradores de 24,5 MVA da Central Hidroeléctrica de Chicamba.


...................................................................................................................................... 72
Figura A 2.67: Chapa de Característica do Alternado da HC. ....................................... 72
Figura A 3.68: Transformador principal 1, retirado de serviço para ensaios. ................ 73
Figura A 4.68: Chapa Característica do T1. .................................................................. 73
Figura A 5.69: Medição de resistência de isolamento T1. ............................................. 74
Figura A 6.69: Injecção de óleo para análise dos gases combustíveis. ........................ 74
Figura A 7.70: Resultados do DGA. .............................................................................. 75
Figura A 8.70: Resultados da rigidez dieléctrica do óleo. .............................................. 75
Figura A 9.71: Resultado da medição de resistência de isolamento. ............................ 76
Figura A 10.71:Resultado da medição de relação de transformação. ........................... 76
Figura A 11.72: Relatório de actividades realizadas durante o período de estágio. ...... 77

xiii
LISTA DE ABREVIATURAS

AT Alta Tensão
Instituto Nacional Americano de Normas (do inglês American
ANSI
National Standard Institute)
BT Baixa Tensão
BF Falha de Disjuntor (do inglês Break Failure)
BIL Nível de Impulso Básico (do inglês Basic Impulse Level)
CA/AC Corrente Alternada/Alternating Current
CC/DC Corrente Contínua/Direct Current)
Conselho Internacional de Grandes Redes Eléctricas (do
CIGRÉ
francês Conseil International des Grands Réseaux Electriques)
DGA Análise de Gás Dissolvido (do inglês Dissolved Gas Analysis)
DCC Direcção das Centrais Centro
EDM Electricidade de Moçambique
EP Empresa Pública
EN Norma Europeia (do inglês European Normalization)
FIPAG Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água
G1 Grupo Gerador 1
G2 Grupo Gerador 2
GP Grau de Polimerização
Subestação Isolada a Gás (do inglês Gas Insulated
GIS
Substation)
HC Hidroeléctrica de Chicamba
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
HMI Interface Humano-Máquina (do inglês Human Machine
Interface)
Instituto de Engenheiros Electricistas e Electrónicos (do inglês
IEEE
institute of Electrical and Electronics Enginners)
Comissão Electrotécnica Internacional (do inglês Internacional
IEC
Electrotechnical Commission)
IP Índice de Polarização
MT Média Tensão
NBR Norma Brasileira
ONAF Óleo Natural, Ar Forçado

xiv
ONAN Óleo Natural, Ar Natural
ppm Partes Por Milhão (do inglês Parts Per Million)
SEP Sistema Eléctrico de Potência
Hexafluoreto de Enxofre
T1 Transformador 1
Quantidade total de gases combustíveis (do inglês Total
TDCG
Dissolved Combustible Gas)
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial

TTR Relação de Transformação de Transformador (do Ingles


Transformer Turn Ratio)
UPC Unidade de Produção Centro

xv
CAPÍTULO I

1. CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

No actual cenário em que o mundo se encontra, onde a electricidade se tornou fonte de


luz, calor e força utilizada para se executar muitas das actividades básicas do ser
humano, assim como as actividades em empresas, indústrias e demais instalações, o
sistema eléctrico de potência (SEP) se depara com uma forte pressão imposta por
essas necessidades técnicas e comerciais que precisam de um fornecimento de
energia eléctrica de qualidade. Dentro deste cenário energético os transformadores de
potência destacam-se entre os componentes de maior porte e valor em instalações
eléctricas, tanto no processo de geração quanto no processo de transmissão e
distribuição de energia eléctrica. Sua finalidade é a conversão dos diferentes níveis de
tensão, permitindo a interligação entre centros produtores e consumidores de energia
eléctrica, num sistema interligado, com limites de estabilidade que dependem da
confiabilidade dos equipamentos.

Nesta ordem de ideia, o transformador é um equipamento indispensável nos sistemas


eléctricos, por isso que é importante entender o seu funcionamento, os tipos de falhas
que podem ocorrer, suas causas e formas de aumentar a sua confiabilidade. A
ocorrência de uma falha nesse tipo de equipamento resulta em transtornos
significativos em termos operacionais e financeiros, sobretudo na perca de potência da
instalação, já que muitas das vezes esses equipamentos são produzidos
especificamente para uma determinada instalação, nem sempre se dispõe de
equipamentos de reserva.

Assim, no sentido de aumentar o desempenho, a confiabilidade e a segurança dos


transformadores, além de critérios rigorosos e específicos para qualidade de energia e
disponibilidade de equipamentos para atender as necessidades do Sistema Eléctrico
de Potência, é necessário a realização de testes que certifiquem a integridade
operacional dos transformadores de potência por forma a garantir sua plena
operacionalidade. Estes testes são denominados testes ou ensaios de
comissionamento, onde são diagnosticadas possíveis falhas na operação dos
transformadores, que podem ocasionar perda do próprio transformador assim como
dos equipamentos adjacentes a ele.
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 1
CAPÍTULO I

1.2. Problemática e Justificativa

O transformador principal do grupo 1 é do tipo terciário com tensões nominais de 117


kV para enrolamento primário, 22,4 kV para enrolamento secundário e 6,6 kV para
enrolamento terciário, com desníveis de tensões aceitáveis de 5%. O enrolamento de
22 kV foi concebido para alimentar o barramento de serviços auxiliares da central
(essenciais e não essenciais).

Devido ao desequilíbrio de tensões que chega a ultrapassar o disjuntor


recebe ordens de disparo através do relé de protecção 87 N, detectando uma tensão à
terra, uma vez que o enrolamento primário 117 kV e secundário 22,4 kV estão
conectados em estrela com neutro aterrado solidamente e por meio de resistências, de
70 respectivamente. Por este motivo o enrolamento foi isolado e consequentemente
o barramento não recebe tensão vinda do transformador principal do grupo 1. Havendo
dois grupos geradores e dois transformadores G1 e G2, T1 e T2, respectivamente era
suposto que o transformador principal 2 alimentasse o barramento, mas este encontra-
se fora de serviço, por um defeito no comutador de posições.

Como alternativa, derivou-se do barramento de 22 kV do transformador do FIPAG que


está separado do barramento 22 kV dos serviços auxiliares da central de Chicamba, de
modo que este tenha uma alimentação, mas isso tem consequências negativas para o
cliente FIPAG e a própria central, porque o disjuntor da saída 22 kV do transformador
do FIPAG tem disparado com frequência por motivos de sobreintensidade.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 2


CAPÍTULO I

Figura 1.1: Diagrama eléctrico unifilar - Central de Chicamba.


Fonte: Adaptado do Scada da central de Chicamba.
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 3
CAPÍTULO I

Legenda:
Linha e barramento de 110 kV;
Linha e barramento de 22 kV;
Linha e barramento de 6,6 kV;
Linha e barramento de 400 V.
A cada vez que se detecta falta de tensão por defeito da rede na entrada do
barramento de 22 kV entra em serviço de forma automática o grupo à diesel para
alimentar o barramento de 400 V dos serviços essenciais e opcionalmente os serviços
não essenciais (depende do operador em função das necessidades).

Este desequilíbrio de fases tem aumentado na medida que o tempo passa e é


imperioso que se faça um estudo face a este defeito porque:

 Pode vir a afectar os outros enrolamentos (110 e 6,6 kV), deixando a central
sem produção uma vez que o outro transformador está fora de serviço;
 Prejudica a continuidade de serviço;
 O funcionamento constante do grupo à diesel acarreta custos para a empresa;
 A central não irá funcionar como foi projectada, tendo em conta que ainda
existem alguns equipamentos que estão dentro da sua garantia, e podem ser
comprometidos pelo seu funcionamento inadequado.

1.3. Objectivos

Objectivo Geral

 Analisar o problema de desequilíbrio de tensões no enrolamento secundário do


transformador principal 1 da HC.
Objectivos Específicos

 Analisar as cargas não lineares que são alimentadas pelo enrolamento de 22


kV;
 Realizar testes de diagnósticos do transformador principal 1 da HC;
 Analisar os resultados dos testes com base em normas especificadas de cada
teste.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 4


CAPÍTULO I

1.4. Metodologia

De modo a alcançar os objectivos específicos este relatório foi elaborado na base de


conhecimentos adquiridos durante os quatro anos do curso assim como os
conhecimentos consolidados no estágio profissional, foram importantes para o
desenvolvimento deste relatório. Por outro lado, as revisões bibliográficas dos arquivos
técnicos da Hidroeléctrica de Chicamba especificamente os manuais da empresa
TIRONI(1), foram indispensáveis para o desenvolvimento do relatório.

Paralelamente, foram agregadas pesquisas on-line em ficheiros digitais e em páginas


de internet cujos links são apresentados na bibliografia e o uso de alguns aparelhos
como o Omicron, Turn Ratio Meter, DGA, DPA e o Megger, e finalmente foram
privilegiados debates com os funcionários da empresa EDM e os especialistas em
transformadores da empresa electromecânica italiana de nome TIRONI, que
encontravam-se a realizar diagnósticos no transformador principal 2.

1.5. Delimitação do Trabalho

A composição do presente trabalho é descrita a seguir:

No capítulo 2, encontra-se a fundamentação teórica sobre as informações gerais que


envolvem os focos de estudo deste trabalho, que são: transformador de potência
(definição e importância), os aspectos construtivos, as falhas e defeitos em
transformadores de potência.

O capítulo 3 aborda sobre as generalidades do transformador principal 1 da HC, com


maior destaque nas características nominais eléctricas, também destaca-se as
protecções intrínsecas e extrínsecas do transformador.

No capítulo 4, apresenta-se os fundamentos associados ao desequilíbrio de tensão no


transformador principal 1, suas causas e seus efeitos no comportamento do
transformador em estudo. Exibem-se também os cálculos envolvidos na quantificação
desse fenómeno e algumas normas regulamentadoras sobre o desequilíbrio de tensão.

(1)
Empresa electromecânica italiana, especializada na fabricação de transformadores.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 5


CAPÍTULO I

Em seguida estima-se o tempo de vida do transformador devido à presença de


desequilíbrio de tensão.

No capítulo 5, encontram-se os ensaios feitos em campo e em laboratório para a


avaliação do motivo de tensões desequilibradas no transformador principal 1, e expõe-
se também a conclusão do estudo de caso com base nos resultados das análises.

Por fim no capítulo 6, expõem-se as conclusões gerais do relatório de estágio


profissional. Ademais, com base nas análises até então efectuadas, elaboram-se
recomendações para trabalhos futuros que preverão a continuidade a esta pesquisa.

1.6. Descrição do Local de Trabalho

O presente trabalho foi elaborado tendo como foco uma das unidades de produção da
empresa Electricidade de Moçambique EP.

A Electricidade de Moçambique, EP, é uma empresa de produção, transporte,


distribuição e comercialização de energia eléctrica em Moçambique. Esta empresa
criada em 1977, foi transformada em Empresa Pública, através do Decreto 28/95 de 17
de Julho, é detentora de cinco (5) centrais hidroeléctricas e dez (10) centrais
termoeléctricas das quais seis (6) estão em funcionamento.

A central hidroeléctrica de Chicamba é uma das cinco centrais exploradas pela EDM,
que até 2013 tinha uma capacidade de potência instalada de 38 MW mas com o factor
tempo de vida dos equipamentos (1977-2013) registou-se uma redução de potência de
geração pelo facto de muitos equipamentos ficarem descontinuados e entraram em
desuso.

Moçambique é um país com constantes necessidades energéticas, e pelas


necessidades da empresa EDM, satisfazer a sua clientela ao nível interno, mostrou-se
necessário realizar intervenções de vulto para dar resposta a estas solicitações do
mercado, como também para responder aos desafios colocados pelo Estado
Moçambicano.

Daí que em 2015 contou com uma reabilitação e os trabalhos tiveram início em
Novembro de 2013 a cargo do consórcio franco-norueguês constituído pelas empresas

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 6


CAPÍTULO I

Cegelec, Hydrokarst e Rain Power. A intervenção efectuada pelo empreiteiro em


Chicamba consistiu na recuperação de turbinas e alternadores, com o melhoramento
do factor de potência, de 0,8 para 0,9 no que resultou em um aumento da potência
instalada de 38 MW para 48 MW, também contou com a instalação de novos
transformadores, sistema de monitorização digital, novo sistema auxiliar de baixa
tensão, instalação de sistema de protecção usando relés microprocessados,
recuperação de equipamentos de alta tensão na subestação principal, incluindo novos
disjuntores, comportas e válvulas.

Os recursos humanos da central de Chicamba conta com 17 trabalhadores efectivos,


dos quais nove (9) deles formados na área de electricidade e 14 trabalhadores
sazonais.

1.6.1. Organograma
Esta secção fornece uma visão geral da Direcção de Centrais Centro. O comité de
gestão da DCC está de acordo com o organograma da figura 1.2:

Figura 1.2: Organograma da Direcção de Centrais Centro.


Fonte: Alexandre Madeira.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 7


CAPÍTULO I

1.6.2. Central
A central hidroeléctrica de Chicamba é uma das fontes de produção de energia
eléctrica do país explorada pela Electricidade de Moçambique, EP desde 1977, fornece
energia eléctrica às províncias Moçambicanas de Manica e Sofala, e também a Mutare,
uma cidade do país vizinho Zimbabwe.

A Central Hidroeléctrica de Chicamba está interligada com a rede da HCB a partir da


subestação de Chibata, localizada a pouco mais de 50 km do oeste da cidade de
Chimoio, província de Manica. Quanto ao modo de funcionamento a hidroeléctrica de
Chicamba opera como central de ponta, constituído basicamente de:

 Dois (2) grupos geradores com capacidade de 24 MW cada;


 Dois (2) transformadores principais de 24,5 MW;
 Um (1) grupo Diesel de emergência;
 Uma linha de 110 kV em corrente alternada com destino a Mavuzi;
 Uma linha de 110 kV em corrente alternada com destino a Mutare;
 Uma linha de 22 kV em corrente alternada com destino a cidade de Chimoio.

1.6.3. Barragem
A barragem de Chicamba Real antiga barragem Oliveira Salazar, a ideia nasce
praticamente com o projecto têxtil que a Sociedade Algodoeira de Portugal pretendia
realizar em Vila Pery (actual cidade de Chimoio), de modo a satisfazer as necessidades
de energia eléctrica daquela nova industria.

A Barragem de Chicamba Real constitui assim uma grandiosa construção, estrutura em


betão armado, em superfície curva (de duas curvaturas), com o comprimento de 248 m,
tendo uma capacidade de reter cerca de 2,000,000 m³ de água, construída no quadro
do aproveitamento hidroeléctrico do rio Revué com altura de 75 m e 10 m da espessura
da base.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 8


CAPÍTULO I

Figura 1.3: Localização da Central Hidroeléctrica de Chicamba.


Fonte: Baptista et al, 2008

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 9


CAPÍTULO II

2. CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Transformadores de Potência

Transformadores de potência são equipamentos largamente utilizados nos sistemas


eléctricos de potência, têm a função de transformar o nível de tensão, ou de modificar a
impedância eléctrica de um circuito, na transmissão de uma determinada potência
eléctrica de uma fonte de corrente alternada (CA).

O princípio de funcionamento de um transformador está baseado nas leis de Faraday(2)


e Lenz(3) sobre os princípios da indução electromagnética. Esse princípio explica a
indução de uma corrente eléctrica em um condutor, quando este é imerso em um
campo magnético variável. Segundo Ulaby (2007, p.174), a grande descoberta de
Michael Faraday é que a indução dessa corrente eléctrica em um circuito fechado só
ocorrerá com a presença de um fluxo magnético variante no tempo. Com isso, fica
claro que um transformador tem seu funcionamento condicionado a circuitos de
corrente alternada.

Um transformador, comenta Fitzgerald et al 2006, é composto, essencialmente, por


dois enrolamentos (condutores), acoplados por meio de um fluxo magnético comum.
Ao se aplicar uma tensão alternada em um dos enrolamentos (primário, lado esquerdo
da figura abaixo), esta irá gerar um fluxo magnético variável. Ao atravessar o segundo
enrolamento (secundário, lado direito), esse fluxo induzirá uma tensão no mesmo.

Figura 2.1: Princípio de funcionamento de um transformador ideal.


Fonte: Enciclopédia CEAC (1974, p.34).
(2)
Foi um físico e químico britânico.
(3)
Foi um físico estoniano de etnia alemã.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 10


CAPÍTULO II

A razão de transformação dá-se a partir da equação seguinte:

2.1

2.2. Transformadores Trifásicos Terciários

Em termos genéricos o transformador terciário não difere do de dois enrolamentos


quanto ao princípio de funcionamento, isto é, as leis de Faraday e Lenz ainda são
válidas.

Como o nome já diz, transformador terciário, refere-se a um terceiro enrolamento que


lhe é colocado ao núcleo, tendo assim um primário e “dois secundários” conseguindo
assim com esta configuração 3 níveis de tensões diferentes. É importante deixar a
entender que cada enrolamento do transformador terciário pode ter uma potência
nominal diferente.

Figura 2.2: (a) Configuração básica das bobinas no núcleo; (b) Circuito equivalente em
pu – transformador ideal.
Fonte: Duncan Glover et al, 5ª ed, 2012
A razão de transformação deste tipo de transformador é dada por:

(2.2)

Onde:

: São forças electromotrizes do primário, secundário e terciário,


respectivamente, em [kV];

: Representam o número de expiras do transformador do primário, secundário


e terciário, respectivamente.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 11


CAPÍTULO II

2.2.1. Aspectos Construtivos


Para melhor entendimento do tema em estudo, este trabalho proporciona de uma
maneira resumida os componentes associados ao funcionamento do transformador,
tanto as partes eléctricas bem como mecânicas.

Figura 2.3: Transformador de potência.


Fonte: Bechara Ricardo.

Legenda:

1. Núcleo – é responsável pelo acoplamento magnético entre os enrolamentos do


transformador, é constituído de várias lâminas finas e isoladas entre si para minimizar o
efeito denominado por Foucault. Corrente de Foucault ou corrente parasita, é o nome
dado a corrente induzida em um condutor de forma indesejável, quando este é sujeito
há um campo magnético variável.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 12


CAPÍTULO II

2. Enrolamentos – são bobinas constituídas de várias espiras normalmente com uma


configuração física cilíndrica e feitas de condutores de cobre, isoladas entre si por
papel ou verniz. São responsáveis pela geração do campo magnético alternado.

O nível de tensão em um enrolamento é definido pela quantidade de números de


expiras que este enrolamento possui, isto é, para que haja diferentes níveis de tensão
é necessário que existam enrolamentos com números de espiras diferentes acoplados
ao mesmo núcleo. Existem enrolamentos com terminais intermediários denominados
por taps.

Figura 2.4: Enrolamentos do transformador trifásico de potência.


Fonte: Autor

3. Cuba do transformador – é o tanque na qual os enrolamentos, o núcleo, as barras de


cobre, são imersos em óleo isolante.

4. Tanque de expansão de óleo – o óleo isolante quando é sujeito a variações de


temperatura pode expandir-se ou comprimir. Por este motivo o tanque é responsável

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 13


CAPÍTULO II

por armazenar o óleo quando esse se expande no tanque principal, e deposita o óleo
quando comprime-se.

5. Buchas – são dispositivos de porcelana que permitem a passagem dos condutores


do enrolamento ao meio externo, isolando-o do tanque principal e outras partes do
transformador.

6. Tap changer – dispositivo electromecânico que permite a comutação de vários níveis


de tensão, curto-circuitando as espiras presentes nos enrolamentos.

Figura 2.5: Tap changer.


Fonte: Autor

7. Manípulo do tap – conjunto de mecanismos electromecânicos que fazem a mudança


da posição dos contactos do tap de acordo com os níveis de tensão desejado.

8. Radiadores – todo calor gerado na parte activa se propaga através do óleo e é


dissipado no tanque do transformador. O óleo é mantido em circulação por
flutuabilidade gravitacional no circuito fechado do sistema de refrigeração, que em
contacto com o ar ambiente, diminuem a temperatura do óleo isolante. Esta circulação
pode ser forçada (ONAF), ou natural (ONAN).

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 14


CAPÍTULO II

2.2.2. Tipos de Ligações


O estudo de um transformador trifásico pode ser considerado como o estudo de três
transformadores monofásicos conectados de maneira a formar um banco de
transformadores. Existem diversas maneiras de se fazer essas conexões, observando-
se o desfasamento entre as fases.

2.2.2.1. Ligação Estrela (Yy)


Nesta configuração o fechamento dos três enrolamentos é unido num ponto comum,
denominado de ponto neutro. Em contrapartida, a utilização desse neutro permitirá a
circulação da terceira harmónica no circuito, podendo ocasionar problemas na
qualidade da energia eléctrica.

Percebe-se a partir da figura abaixo que cada enrolamento da bobina estará sujeita a
uma tensão de fase que é . (2.3)

Figura 2.6: (a) Ligação Yy; (b) Fasores de tensão na sequência ABC.
Fonte: Guedes, 2004.

Com esta ligação, verifica-se que não há desfasamento entre as tensões simples
primárias e as tensões simples secundárias, isto é, a respectiva diferença de fase é
nula.

2.2.2.2. Ligação Triângulo-Estrela (Dy)


Esta ligação, as tensões primárias do transformador são tensões compostas ou de
linha e as secundárias são tensões simples. Quando se considera um transformador
trifásico com bobinas do enrolamento primário ligado em triângulo e o secundário em
estrela (Dy), verifica-se que existe um desfasamento de em atraso

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 15


CAPÍTULO II

entre a tensão simples do enrolamento secundário e a tensão simples do enrolamento


primário.

Figura 2.7: (a) Ligação Dy; (b) Diagrama fasorial de tensões, sequência ABC.
Fonte: Guedes, 2004.

Diferentemente da ligação estrela, na ligação triângulo não há um ponto comum aos


enrolamentos que possibilita um aterramento do transformador. Com isso não há um
caminho físico para correntes de sequência zero da frequência fundamental quando
ocorre falha à terra. Assim, não há a possibilidade de utilizar protecção para tal. Em
contrapartida, seu arranjo propicia um caminho fechado entre as fases, no qual
circulam as correntes de terceira harmónica, sem que as mesmas se dispersem na
rede (DELGADO, 2010).

2.2.2.3. Ligação em Zig-Zag (Z)


Na ligação denominada Zig-Zag, representada na figura 2.8, cada enrolamento
principal ( ) é formado por ao menos dois enrolamentos menores
( neste caso).

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 16


CAPÍTULO II

Figura 2.8: (a) Ligação Eléctrica; (b) Diagrama Fasorial.


Fonte: NASCIMENTO, 2013.

O factor importante que vale salientar com relação à ligação Zig-Zag é a combinação
das vantagens das ligações estrela e delta. Com ela, além de prover um neutro, é
possível alimentar cargas desequilibradas sem que o neutro seja submetido a tensões
elevadas. Ela proporciona, também, um caminho fechado para circulação de correntes
da terceira harmónica (ALVES; NOGUEIRA, 2009).

2.3. Transformador de Potencial

O TP é um equipamento monofásico que possui dois circuitos, um denominado


primário e outro denominado secundário, isolados electricamente um do outro, porém,
acoplados magneticamente. Os transformadores de potencial são usados para reduzir
a tensão a valores baixos com a finalidade de promover a segurança do pessoal, isolar
electricamente o circuito de potência dos instrumentos e reproduzir fielmente a tensão
do circuito primário no lado secundário e sempre devem ser ligados em paralelo com a
rede. As cargas nominais padronizadas são 12,5 VA, 25 VA, 35 VA, 75 VA, 200 VA e
400 VA.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 17


CAPÍTULO II

Figura 2.9: (a) Transformador de potencial; (b) Ligação de um TP.


Fonte: http://www.rehtom.com.brrehtom-produtos-transformadores-de-potencial

2.4. Transformador de Corrente (TC)

O TC é um transformador cujo enrolamento principal é ligado em série a um circuito


eléctrico e o enrolamento secundário se destina a alimentar bobinas dos instrumentos
de medição e protecção ou controle. Os TC’s têm correntes normalizadas no
secundário de 1 e 5 A. A figura 2.10 (b) mostra o esquema básico de ligação de um TC.

Figura 2.10: (a) Transformador de corrente; (b) Esquema de ligação de um TC.


Fonte: Cristiano Bertulucci.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 18


CAPÍTULO II

2.5. Falhas Frequentes em Transformadores de Potência

Os transformadores são equipamentos sujeitos a vários fenómenos tais como,


eléctricos, mecânicos, químicos, entre outros. Neste subcapítulo são apresentados os
modos de falha frequentes em transformadores de alta potência.

2.5.1. Degradação de Materiais Isolantes


O transformador na sua construção, é constituído por materiais isolantes sólidos (papel
e papelão) e líquido (óleo isolante). De modo genérico a função do papel é de
promover o isolamento entre as partes activas do transformador e o papelão isola todo
o enrolamento.

Os materiais isolantes sólidos utilizados em transformadores são de base celulósica


cujos índice de avaliação baseia-se na quantidade do polímero (GP) que é o número
de unidades estruturais menores que podem se verificar na estrutura de uma
macromolécula.

A degradação destes materiais está associada a vários factores, seja pelo


funcionamento normal ou alguns eventos anormais como o curto-circuito, sobrecarga,
descargas atmosféricas e óleo isolante contaminado por alguns agentes atmosféricos.
Quando um transformador aquece, as altas temperaturas podem gradualmente
enfraquecer a cadeia celulósica do material isolante e consequentemente o seu grau
de polimerização também diminui.

2.5.2. Falha nos Enrolamentos


O enrolamento é a parte mais susceptível a esforços eléctricos assim como mecânicos
e Manuel Bolotinha classifica dois habituais defeitos nos enrolamentos:

 Curto-circuito entre os enrolamentos primário e secundário da mesma fase;


 Curto-circuito entre espiras.
Na medida do funcionamento do transformador, quando não se verifica a condição dos
vedantes, há entrada do ar atmosférico que em contacto com o óleo isolante diminui a
sua rigidez dieléctrica. Todavia os ciclos sucessivos de sobrecarga e

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 19


CAPÍTULO II

sobreaquecimento criam a ruptura dieléctrica do isolamento, resultando assim em


curtos-circuitos entre espiras ou enrolamentos (Manuel Bolotinha, 2015).

Diz Bechara Ricardo, 2010, a ocorrência de curto-circuitos no sistema na qual o


transformador está alimentado é um factor preponderante que resulta em esforços
electrodinâmicos sobre as bobinas como pode se verificar na figura 2.11, e as
respectivas explicações.

Figura 2.11: Esforços electrodinâmicos que actuam sobre as bobinas do enrolamento


durante um curto-circuito.

Fonte: Bechara Ricardo, 2010

F1 – esforços de compressão axial: actuam com maior intensidade nas extremidades


dos enrolamentos, com direcção a mediatriz das bobinas.

F2 – esforços de expansão axial: actuam com maior intensidade na parte superior onde
as bobinas são fixadas, fazendo com que a parte inferior seja mais vulnerável a
deformações.

F3 e F5 – esforços de expansão radial: os condutores mais próximos ao diâmetro


interno experimentam forças mais elevadas comparadas àquelas próximas ao diâmetro

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 20


CAPÍTULO II

externo. Estes esforços fazem com que os condutores das bobinas se estiquem,
podendo romper a isolação ou mesmo o condutor por completo.

F4 e F6 – esforços de compressão radial: actuam para o interior o enrolamento,


provocam o amolgamento dos condutores das bobinas.

2.5.3. Falha dos Contactos


O transformador é uma máquina estática que possui uma diversidade de ligações
através de contactos fixos assim como móveis.

Um defeito nesses componentes diminuem a eficiência do transformador, porque


aumentam a temperatura interna, que resultam em perdas por aquecimento, devido a
redução da superfície de contacto, não só, possibilitam a geração de arcos eléctricos
internos. Em casos mais severos, esses eventos são catastróficos levando a perca
completa do transformador.

Argumenta Marcelo Paulino, 2012, que a deficiência desses equipamentos podem ser
causados por montagem incorrecta, baixa qualidade dos materiais ou solicitações
mecânicas devido a eventos de alta corrente do transformador, essa ocorrência tende a
evoluir de um defeito para uma falha.

2.5.4. Perda de Óleo Isolante


A perda de óleo isolante em um transformador pode ocorrer pelos parafusos de
junções, vedantes, soldas, dispositivos de alívio de pressão e outros.

Segundo Fasciculo 1998, as principais causas são: montagem inadequada de partes


mecânicas, filtros impróprios, junções inadequadas, acabamento de superfícies
incompatíveis com o grau necessário, pressão inadequada nos vedantes, defeitos no
material utilizado e falta de rigidez das partes mecânicas.

2.5.5. Falha nos Equipamentos de Manobra


O tap é um equipamento muito importante de um transformador de potência,
responsável pela regulação de tensão, com ou sem carga, dependendo dos perfis
diversificados dos comutadores.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 21


CAPÍTULO II

Os problemas associados a estes dispositivos são oriundos do excessivo desgaste dos


contactos fixos e móveis, sobre percurso do mecanismo de mudança de taps,
condensação de humidade no óleo destes mecanismos. O desgaste excessivo dos
contactos pode ser atribuído à perda de pressão das molas ou a um tempo de espera
insuficiente durante o percurso. Problemas devido ao sobre percurso do mecanismo de
mudança de taps são, usualmente, devido a ajustes incorrectos dos controladores de
contactos, (Plath e Pütter, 2017).

Manobra incorrecta do tap, fazendo com que os contactos permaneçam em uma


posição intermediaria. No acto da energização do transformador há uma grande
formação de arco eléctrico que pode resultar em incêndio.

Na figura 2.12, é apresentado um exemplo de dano no comutador a vazio de um


transformador por perda da pressão das molas que fazem o aperto.

Figura 2.12: Marcas de carbonização na região de conexão entre contactos fixos e


móveis do comutador.
Fonte: Bechara, 2010

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 22


CAPÍTULO II

2.5.6. Falha de Bucha


A conexão dos terminais das bobinas do transformador, com potenciais eléctricos em
meios com características geométricas que resultam em campos eléctricos elevados,
implica na necessidade de dispositivos de isolação compactos, com distâncias
dielétricas críticas, características que determinam o funcionamento das buchas
(Augusto Júnior, 2009).

A propagação através da condutividade térmica de falhas em buchas por vezes resulta


em eventos catastróficos, como explosão e incêndios que podem resultar em danos
expressivos por contaminação dos enrolamentos e até mesmo danos generalizados
que inviabilizam a recuperação do transformador (Bechara Ricardo, 2010). Ver figura
2.14.

Figura 2.13: Bucha de 110 kV, retiradas do transformador principal de 24,5 MVA.
Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 23


CAPÍTULO II

Figura 2.14: Danos na parte inferior da Bucha de alta tensão (230 kV).
Fonte: Bechara Ricardo, 2010

2.5.7. Falha Em Manutenção


A manutenção de transformadores possibilita que possíveis falhas sejam detectadas
antes de se tornarem um problema. Sendo a manutenção pode ser feita com base na
substituição de peças ou simplesmente através de ajustes.

Neste processo podem existir algumas falhas como o mau aperto das conexões, queda
de objectos dentro do transformador, quebra das buchas, entre outros.

O buchholz é um dos principais sistemas de protecção que detecta falhas no


isolamento do transformador, pois é sensível a falhas dielétricas e uma falha ou
eventual desconexão dos cabos de informação no acto da manutenção, este pode não
dar nenhuma informação para o sistema de monitoramento com o intuito de isolar o
transformador da falha.

Para uma operação segura e confiável de transformadores, é necessária manutenção


preventiva. A manutenção detecta problemas em um estágio inicial e pode impedir uma
deterioração adicional. A manutenção preventiva inclui amostragem e análise de óleo

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 24


CAPÍTULO II

(qualidade do óleo, nível de humidade, etc.) e medições eléctricas (resistência de


isolamento, resistência de enrolamento, etc.).

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 25


CAPÍTULO III

3. CAPÍTULO III – GENERALIDADES DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1 DA


CENTRAL HÍDRICA DE CHICAMBA

Instalado no recinto da central hidroeléctrica de Chicamba, o transformador é da marca


TIRONI de fabrico italiano construído em 19 de Fevereiro de 2015 sob norma EN
60076, com uma capacidade de 24,5 MW, para os acoplamentos YN e d11, e 2,5 MW
para o acoplamento yn0, funcionando nos modos de arrefecimento ONAN//ONAF. Os
enrolamentos AT, MT e BT são totalmente imersos em óleo isolante do fabricante
NYNAS com tipo NYTRO LYBRA. Com excepção das bobinas de BT, os enrolamentos
de AT e MT possibilitam 3 posições para a regulação de tensão, através do manípulo
regulador que apenas possibilita a regulação quando o transformador estiver sem
tensão.

3.1. Dados Técnicos do Transformador Principal 1

As características técnicas indicadas a seguir foram extraídas a partir do arquivo


técnico da empreitada CEGELEC que foram fornecidos pelo fabricante TIRONI.

3.1.1. Características Eléctricas


Valores nominais:

Potência 24,5 MVA


Frequência 50 Hz
Razão de transformação (kV/kV) 117/22,4/6,6
Acoplamento YNyn0d11

Tabela 3.1:Características nominais de tensão e corrente.

24,5 MVA 2,5 MVA 24,5 MVA


Tensão Corrente Tensão Corrente
Corrente Tensão BT
Posições AT AT Posições MT Posições BT
(kV) (A) (kV) (A) (kV) (A)
1 122,85 115,1 1 23,52 61,4 1 6,6 2143,2
2 117 120,9 2 22,4 64,4 2 6,6 2143,2
3 111.15 127,3 3 21,28 67,8 3 6,6 2143,2

Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 26


CAPÍTULO III

Tabela 3.2: Dados da impedância de curto-circuito em percentagem.

Posições AT/MT AT/BT MT/BT


1 10,38
2 10,42 1,63 0,61
3 10,55

Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104.

Tabela 3.3: Tensão de curto-circuito percentual do T1.


Potência
Enrolamento Condições de base Tensão de Curto-circuito [%]
MVA
Posição 1 24,5 10
AT/BT Posição 2 24,5 10,2
Posição 3 24,5 10,6
AT/MT 24,5 16
MT/BT 24,5 5,5
Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104.

Tabela 3.4: Corrente em vazio e suas componentes harmónicas considerando a


corrente nominal.

Componente Harmónica em % de Considerando


Enrolamento Condições U.M 3ᵃ 7ᵃ
Fundamental 5ᵃ Harmónica
Harmónica Harmónica
Sobretensão ONAF % 0,23 0,058 0,048 0,023
ONAN 0,114 0,035 0,03 0,014
Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104.

Tabela 3.5: Corrente de curto-circuito e máximo tempo permitido.


Curto-circuito
Tensão Máx. Duração
Enrolamento Tap Permanente I
(kV) (s)
máx. (kA)
HV Posição 2 117 31,5 3
MV ONAN 6,6 40 3
Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 27


CAPÍTULO III

Tabela 3.6: Impedância de sequência zero.


Tensão Impedância de sequencia zero
Configurações Condições
kV Ohm
III Enrolamentos n.a n.a n.a
Enrolamento BT 6,6 Infinita
Enrolamento MT 22,4 1,2
Posição 1 122,85 55
Enrolamento AT Posição 2 117 52
Posição 3 111,15 48
Fonte: CEGELEC, Main Transformer – CEG CHI 00 BAT DC 104.

3.2. Protecções do Transformador principal 1

Os sistemas de protecção são indispensáveis para a protecção do transformador


contra avarias internas e externas. A protecção é realizada por relés que fazem a
monitorização das grandezas do transformador principal 1 da HC e actuam quando são
excedidos os seus valores pré-definidos de operação normal.

Os relés responsáveis pela monitoração das grandezas do transformador estão


instalados em painéis presentes na sala de relés da HC e protegidos das condições
climáticas externas numa temperatura de 20º C. Os sinais de corrente e tensão são
recebidos pelos transformadores de corrente e potencial instalados no pátio da
subestação e no próprio transformador principal 1.

3.2.1. Protecções Intrínsecas


Os transformadores são dotados de dispositivos de protecção própria instalados e que
promovem seu desligamento em caso de falha. Estes dispositivos apresentam grande
percentual de falha (PENA, 2003). São exemplos de dispositivos de protecção própria:
relé detector de gás (Buchholz), relé indicador de temperatura do óleo e enrolamento,
válvula de alívio de pressão, TCs de buchas que alimentam os relés diferenciais e
outros.

3.2.1.1. Rele Buchholz – (ANSI 63)


A função é detectar a formação de gás no óleo/ar ou um violento jato de óleo,
resultante habitualmente de sobrecargas ligeiras, defeitos de isolamento, curto-circuito
entre espiras e defeito à terra, o que provoca a concentração do gás na proximidade do

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 28


CAPÍTULO III

relé. Este relé é alocado no tubo que conecta o conservador de óleo e o tanque
principal, possui dois contactos independentes, um para alarme e outro para disparo
(trip), com terminais conectado à caixa de distribuição. O primeiro contacto dispara
quando o volume de ar/gás acumulado (mesmo gradualmente) em sua câmara atinge
um volume de 0,175 dmᶟ (alarme), enquanto o segundo contacto dispara quando esse
volume atinge 0,3 dmᶟ (trip) ou quando a onda de pressão no óleo atinge uma
velocidade de 1m/s (trip).

O isolamento de terra dos circuitos eléctricos correspondentes foi verificado durante os


testes de fábrica. A corrente máxima permitida nos contactos é de 5 A a 220 Vac.

Figura 3.1: Relé Buchholz.


Fonte: Autor

3.2.1.2. Relé Imagem Térmica – (ANSI 49)


Fornece uma indicação contínua da temperatura presumível do enrolamento de cobre.
O dispositivo possui dois contactos e totalmente pré-seleccionáveis (alarme e disparo)
com o terminal conectado a caixa de distribuição. Serve também para controlar
operação dos ventiladores, quando a temperatura do enrolamento do cobre atingir 64
°C entra o primeiro estágio do arrefecimento forçado (ventilador 1 e 2), decorridos 0,5
segundos inicia o segundo estágio (ventilador 3 e 4), dispostos na posição diagonal.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 29


CAPÍTULO III

3.2.1.3. Dispositivo de Protecção do Óleo ao Ambiente


Este dispositivo serve para proteger o óleo do transformador principal do contacto com
o ar. Consiste em uma pasta elástica colocada na superfície livre do óleo, que se
movimenta de acordo com o nível de óleo e o separa do ar ambiente, que pode entrar
através do respirador.

3.2.1.4. Supervisor de Nível de Óleo – (ANSI 71)


Instalado no reservatório do óleo, o supervisor de nível de óleo é capaz de sinalizar
quando o óleo está abaixo do nível tolerável ou desligar o disjuntor quando o nível do
óleo estiver crítico, podendo prejudicar o funcionamento do transformador e até mesmo
danificá-lo.

O funcionamento do dispositivo é simples e consiste em uma bóia que flutua sobre o


óleo e conecta dois contactos eléctricos quando o nível do óleo estiver num patamar
alarmante e outros dois contactos diferentes quando o nível abaixa a um valor crítico.
Com estas duas actuações distintas, o operador é capaz de intervir de maneira
preventiva quando o alarme de nível de óleo é disparado realizando a manutenção sem
que haja desligamento não planeado do equipamento. Similarmente aos demais
dispositivos de protecção intrínseca, os contactos disponibilizados pelo supervisor de
nível de óleo são levados aos equipamentos de protecção que, por sua vez,
disponibilizam ao operador através do sistema SCADA.

3.2.1.5. Válvula de Alívio de Pressão – (63S)


Este dispositivo foi projectado de forma que se a pressão ultrapassar 70 kPa, abre-se
um pequeno orifício no qual há a libertação da pressão interna até que a mesma seja
normalizada e o orifício é novamente fechado. O deslocamento da tampa do orifício é
responsável por conectar contactos eléctricos, um normalmente fechado e outro
normalmente aberto, que levados até o relé de protecção do transformador por meio
eléctrico accionando uma sinalização de alarme que é apresentado ao operador via
SCADA. Este dispositivo possui uma válvula tipo 125T W/DUCT 1SWT com calibração de
70 kPa, calibrado no dia 13/10/2014.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 30


CAPÍTULO III

Figura 3.2: Válvula de alívio de pressão.


Fonte: Autor
3.2.2. Protecções Extrínsecas
Fazem parte das protecções extrínsecas aquelas que não são incorporadas no fabrico
do transformador, geralmente composto por equipamentos que baseiam seu princípio
de funcionamento em grandezas de natureza eléctrica.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 31


CAPÍTULO III

Figura 3.3: HMI das protecções do transformador principal 1.


Fonte: Autor

3.2.2.1. Protecção Diferencial – (ANSI 87)


A protecção diferencial, como o próprio nome indica, compara as correntes que entram
e saem da área delimitada pela protecção e opera quando a diferença entre essas
duas correntes excede um valor pré-determinado como mostra a figura 3.2. A figura
mostra também o esquema de conexão dos transformadores de correntes (TCs)
acoplados em série aos ramos primário e secundário. Neste, é a relação de
transformação entre o primário e secundário do transformador protegido.

Figura 3.4: Esquema de protecção diferencial para transformador.


Fonte: Daniel Barbosa, 2010

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 32


CAPÍTULO III

Durante a operação normal do transformador e em caso de falhas externas, as


correntes secundárias dos TCs registadas nos lados de alta ( ) e da baixa tensão ( )
do transformador protegido são iguais, desde que os TCs tenham mesma proporção de
razão de transformação, o que bloqueia a operação do relé diferencial. Todavia,
durante os defeitos internos, a diferença entre as correntes será significativa,
provocando sensibilização do relé.

Neste caso, a corrente diferencial ou corrente de operação pode ser obtida como a
soma das correntes que entram no equipamento protegido (Segatto e Coury, 2008).

No caso prático a lógica diferencial é uma das principais metodologias aplicadas ao


transformador de potência da HC ele dispõe da protecção de falha à terra (87N) e
protecção diferencial do transformador (87T).

3.2.2.2. Relé de Sobrecorrente


Conforme o próprio nome sugere, têm como grandeza de actuação a corrente eléctrica
do sistema. Isto ocorrerá quando esta atingir um valor igual ou superior ao ajuste
previamente estabelecido (corrente mínima de actuação), sendo assim o equipamento
protegido é desconectado através de uma ordem de abertura do disjuntor que isola a
parte defeituosa do sistema.

Para Nascimento e Brandão (2016), existem dois tipos de correntes à serem


detectadas:

 Corrente de fase – decorrentes de curto-circuitos entre fases;


 Correntes de terra – decorrentes de curto-circuitos à terra.
Geralmente os relés de sobrecorrente são compostos por duas unidades:
a) Relé de sobrecorrente instantâneo é um relé que opera instantaneamente se a
corrente de curto-circuito decorrente de um defeito no sistema eléctrico ou no
equipamento ultrapassar um valor pré-ajustado (KINDERMANN, 2012). Esta
função é explícita por varias nominações, tais como:
 50N – relé de sobrecorrente instantâneo de neutro;
 50G – relé de sobrecorrente instantâneo de terra;
 50BF – relé de protecção contra falha de disjuntor;

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 33


CAPÍTULO III

b) Relé de sobrecorrente temporizado em CA é um relé que actua com retardo


intencional de tempo, quando a corrente eléctrica alternada em um circuito
exceder um valor pré-ajustado.
Esta função também recebe várias nominações na tabela ANSI, tais como:

 51N – Relé de sobrecorrente temporizado de neutro;


 51G – Relé de sobrecorrente temporizado de terra;
 51Q – Relé de sobrecorrente temporizado de sequência negativa.
Os relés que protegem o transformador principal 1 da HC nos lados da AT, MT e BT,
(110 kV, 22 kV e 6,6 kV), respectivamente a combinação do relé de sobrecorrente
instantâneo e relé de sobrecorrente temporizado (50/51) protege este transformador
contra correntes de curto-circuito entre fases actuando de forma instantânea com a
função 50 e a função 51 sensibiliza para valores de correntes que chegam a atingir 20
vezes a corrente nominal com um retardo na actuação de 0.06 segundos ou seja 3
ciclos, para o caso da energização do transformador, as correntes de magnetização
são altas que podem vir a sensibilizar o relé se esta permanecer durante o tempo
predefinido.

Para os enrolamentos de AT e MT, eles dispõem dos relés de sobrecorrente 50N/51N


que actuam de forma similar as protecções 50/51 mas este opera em caso de falha
com o neutro, como curto-circuito fase à terra, sensibiliza a protecção de sobrecorrente
50N actuando de forma instantânea. A corrente máxima admissível que pode percorrer
pelo neutro é de 4 A.

3.2.2.3. Protecção de Falha do Disjuntor (ANSI 50BF)


Essa unidade de protecção actua analisando tanto o contacto que indica a posição do
disjuntor quanto a corrente que passa pelo mesmo com finalidade de certificar-se que a
protecção actuou com sucesso, ou seja, que o disjuntor abriu e o equipamento está
protegido da falha. Para tanto, a unidade de protecção realiza duas contagens de
tempo aguardando a identificação da interrupção da corrente do disjuntor e ou a
recepção do contacto referente a posição de “aberto” do disjuntor. Após o primeiro
período de tempo, 𝑇 𝑡 , há uma nova tentativa de abertura do disjuntor por meio de
cadeia de ordem independente, conhecido como retrip. Entretanto, se mesmo após a

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 34


CAPÍTULO III

tentativa de abertura do retrip não seja detectada a abertura do disjuntor dentro do


segundo período de tempo 𝑇 (tempo para que sejam accionados os disjuntores
adjacentes e declarada a falha do disjuntor alvo), a unidade de protecção declara a falha
do disjuntor e irá efectuar o disparo para a abertura de todos os disjuntores adjacentes
ao disjuntor em falha para que o equipamento possa ser isolado e o curto-circuito seja
extinto.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 35


CAPÍTULO IV

4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE DO DESEQUILÍBRIO DE TENSÕES ENTRE FASES


NO TRANSFORMADOR

Nesta secção, apresentam-se os conceitos, as causas, os efeitos, os métodos de


cálculo e as normas voltadas para o desequilíbrio de tensão, além de outras
discussões a cerca deste tema.

4.1. Definição de Desequilíbrio de Fases

O conceito de desequilíbrio de fases em sistema eléctrico é uma condição na qual as


três fases apresentam diferentes valores de tensão em módulo ou desfasagem angular
entre as fases diferentes de 120º eléctrico ou, ainda as duas condições. Dessa forma,
um sistema equilibrado, com sequência de fases positiva ou directa (sequência ABC), é
representado conforme as equações 4.1, 4.2 e 4.3:
̅ √ 𝑡 (4.1)

̅ √ ( 𝑡 ) (4.2)

̅ √ ( 𝑡 ) (4.3)

Figura 4.1: (a) Forma de onda sinusoidal de tensões equilibradas; (b) Digrama fasorial.
Fonte: Elior Rocha, 2004

Onde:

̅ ̅ , ̅ : são os fasores de tensão das fases A, B e C, respectivamente;

, , : são os módulos das tensões das fases A, B e C, respectivamente.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 36


CAPÍTULO IV

: velocidade angular do fasor em rad/s;

t: é o tempo em segundos.

4.2. Desequilíbrio de Tensões no Transformador Principal 1

No dia 24 de Novembro de 2018, pelas 17h:41min, verificou-se devido o enrolamento


de 22 kV, a actuação da protecção diferencial 87N por motivo de circulação de corrente
acima de 4 A no condutor neutro. Nota-se a partir da imagem da figura 4.2 a),
capturada a partir do software de monitorização SCADA que as tensões estão
equilibradas.

A manobra de ligação do disjuntor de entrada do barramento de 22 kV do T1


denominado por FT1-52 foi efectuada no dia 25 de Novembro de 2018 pelas 11h:47
min. Após esta manobra constatou-se um desequilíbrio de tensões entre as fases,
como pode-se observar na imagem a seguir.

Figura 4.2: (a) Tensões equilibradas; (b) Tensões desequilibradas.


Fonte: Autor

4.2.1. Causas do Desequilíbrio de Tensões


O desequilíbrio de tensão possui basicamente dois tipos de origem, a saber:

1. Relacionada a estrutura da rede eléctrica;


2. Relacionada a natureza da carga.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 37


CAPÍTULO IV

4.2.1.1. Relacionada a Estrutura da Rede


Este tipo de desequilíbrio origina-se da assimetria da rede eléctrica no nível de
transmissão e de distribuição. Em decorrência da pequena variação dos parâmetros da
rede eléctrica, esse tipo de causa é praticamente constante. Podem-se listar as
seguintes causas desse padrão:

 Linhas de distribuição extensas, essencialmente na distribuição rural;


 Impedâncias assimétricas de transformadores e de linhas de transmissão;
 Transposição incompleta de linhas de transmissão;
 Bancos de capacitares deteriorados;
 Presença de interrupções, subtensões, sobretensões, transitórios.

4.2.1.2. Relacionada a Natureza da Carga


Este relaciona-se a natureza da carga, e, portanto, depende das características
operacionais do próprio consumidor. Esse tipo de causa corresponde aos maiores
responsáveis pelo comprometimento da rede eléctrica em função do desequilíbrio de
tensão (Matos, 2012). Ainda Matos, 2012 afirma que podem-se elencar as seguintes
causas desse género:

 Distribuição irregular de cargas monofásicas entre as fases. Ademais, deve-se


considerar a dinâmica no processo de conexão e o desligamento de elementos
na rede;
 Numerosos conjuntos de usuários urbanos, com extenso volume de cargas
monofásicas;
 Motores eléctricos com impedâncias desequilibradas;
 Emprego de controladores de velocidade da carga;
 Níveis divergentes de distorção harmónica nas fases do sistema eléctrico;
 Variação nos ciclos de demanda de cada fase;
 Cargas não lineares.

4.2.1.3. Análise das Cargas Não Lineares


A saída 22 kV do T1 alimenta também algumas cargas não lineares como o rectificador
para o carregamento de bancos de baterias e o inversor faz conversão da corrente

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 38


CAPÍTULO IV

contínua do banco de baterias para a corrente alternada por forma a alimentar cargas
extremamente essenciais como os cubículos de protecção, dispositivos de
supervisionamento e accionamento. Todavia, esses equipamentos possuem elementos
não lineares (indutores e capacitores) na sua composição que podem criar distorções
na forma de onda de tensão e corrente provocando desequilíbrios de tensões que
podem ser reflectidas no terminal do transformador em questão.

As figuras 4.3 e 4.4 mostram a forma de onda de tensão vista na saída do inversor
quando alimentados pelo barramento de 22 kV do T1, onde o eixo das ordenadas
representam os valores de tensão em Volt e o eixo das abcissas indicam o tempo em
milissegundos.

Figura 4.3: Forma de onda da tensão de saída do inversor.


Fonte: Omicron CPC 100.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 39


CAPÍTULO IV

Figura 4.4: Detalhe da forma de onda da tensão de saída do inversor.


Fonte: Omicron CPC 100.
Através do detalhe da forma de onda da tensão de saída do inversor apresentado é
possível perceber a distorção da forma de onda da tensão em relação a uma onda
perfeitamente sinusoidal.

As figuras 4.5 e 4.6 mostram a forma de onda de tensão de saída do mesmo inversor
quando alimentado pela linha de Vila Pery, onde o eixo das ordenadas representam os
valores de tensão em Volt e o eixo das abcissas indicam o tempo em milissegundos.

Figura 4.5: Forma de onda da tensão de saída do inversor, alimentado a partir da linha
Vila Pery.
Fonte: Omicron CPC 100

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 40


CAPÍTULO IV

Figura 4.6 Detalhe da forma de onda da tensão de saída do inversor, alimentado a


partir da linha Vila Pery.
Fonte: Omicron CPC 100

Neste caso nota-se que a forma de onda da tensão de saída é completamente


sinusoidal quando a tensão que passa pelo inversor é a partir do barramento de 22 kV
– Vila Pery, contrariamente do que verificou-se no caso anterior quando o inversor
recebesse tensão do barramento de 22 kV – T1.

4.3. Efeitos do Desequilíbrio de Tensão

A presença de tensões desequilibradas no transformador é um dos mais habituais itens


de comprometimento do suprimento eléctrico. Seus efeitos nos diversos equipamentos
eléctricos são considerados nocivos, uma vez que, um pequeno desequilíbrio nas
tensões dos enrolamentos primário ou terciário resulta num elevado nível de
desequilíbrio nas correntes secundárias e, consequentemente, ocasiona o
sobreaquecimento dos enrolamentos (Ferreira Filho, 2008).
Os efeitos mais frequentemente observados em transformadores de potência
submetido a desequilíbrio de tensão são:
 Surgimento de correntes de sequência negativa, as quais são as principais
causadoras de sobreaquecimento nos enrolamentos;
 Danificação do isolamento entre os enrolamentos e das espiras, o que implica
na diminuição da vida útil e no aumento das perdas;

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 41


CAPÍTULO IV

 Mau funcionamento, sobreaquecimentos e falhas dos dispositivos de protecção


com redução da vida útil;
 Manifestação de harmónicas não características devido a disparos desiguais nos
dispositivos electrónicos que fazem o accionamento e controle de equipamentos
e cargas.
4.4. Normas Sobre Desequilíbrio de Tensão

Neste ponto são descritas as principais normas internacionais que discorrem sobre a
quantificação do desequilíbrio de tensão. Antes de serem apresentadas as soluções
para desequilíbrios de tensão, serão apresentados os limites permissíveis dos
desequilíbrios de tensão em sistemas eléctricos definidos por diversas normas. Estes
valores constituem-se como indicadores da necessidade ou não de se adoptar medidas
de mitigação, de modo a se respeitar a normalização vigente.

4.4.1. Norma IEEE 1159-2009


Segundo a norma IEEE 1159 (2009), o factor de desequilíbrio deve ser calculado
baseado no método das componentes simétricas ou no método CIGRÉ. O limite aceite
para o índice de desequilíbrio é de 2%, sendo desejável um valor menor que 1%.

4.4.2. IEC 61000-4-30 e IEC 1000-2-2


Internacional Electrotechnical Commission (IEC) é uma instituição de renome na
preparação e publicação de normas internacionais para as tecnologias eléctricas e
electrónicas. Baseado na norma IEC (2008), deve-se priorizar o emprego dos métodos
de cálculo das componentes simétricas ou do método CIGRÉ. Recomenda-se que em
sistemas de média tensão o VUF (Voltage Umbalaced Factor) não ultrapasse o limite
de 2% (IEC, 1990). Em alguns casos, valores elevados podem ocorrer durante
períodos limitados, por exemplo, durante um curto-circuito.

4.4.3. ANSI
Segundo a norma ANSI (1995), recomenda-se que os sistemas eléctricos sejam
projectados e operados de modo a limitar o máximo desequilíbrio de tensão em 3%,
sob condições em vazio.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 42


CAPÍTULO IV

4.5. Método de Cálculo de Desequilíbrio de Tensão

Na literatura correspondente, existem diversas metodologias para a obtenção do factor


de desequilíbrio de tensão. Os índices definidos por essas metodologias objectivam
traduzir o desequilíbrio de tensão ao qual o transformador é submetido, de forma a
permitir a análise do fenómeno. Alguns desses métodos envolvem os módulos e os
ângulos das tensões para a determinação do índice. Todavia em virtude de alguns
medidores não serem capazes de medir o desfasamento angular das tensões, também
existem métodos que consideram apenas os módulos das tensões em seus cálculos.

Descrevem-se a seguir as etapas para determinação dos índices de desequilíbrios de


cada um dos principais métodos utilizados.

4.5.1. Método de CIGRÉ


O método de CIGRÉ proposto pelo Conseil International des Grands Réseaux
Electriques (CIGRÉ), é empregado nos casos em que os aparelhos de medição
realizam leituras apenas dos módulos das tensões (tensão eficaz). O índice desse
método é intitulado Voltage Unbalacenced Factor (VUF) e é definido segundo as
equações a seguir (ANEEL, 2000).


√ (4.4)

| | | | | |
| | | | | |
(4.5)

Onde:

; ; são os módulos das tensões trifásicas.

Como o método CIGRÉ considera apenas os módulos das tensões medidas, o


resultado obtido é um valor escalar. Ressalta-se que as equações (4.4) e (4.5) são
válidas apenas para tensões de linha e se a componente de sequência zero do sistema
for nula (IEEE 1159, 2009).

Com base na norma (IEEE 1159, 2009) este método é descartado para o cálculo de
factor de desequilíbrio de tensão do transformador em estudo, visto que os
enrolamentos em que as tensões estão desequilibradas têm a conexão em estrela com

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 43


CAPÍTULO IV

o neutro solidamente aterrado, isto é, há um caminho para a circulação de correntes de


sequência homopolar.

4.5.2. Método IEEE


Actualmente o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) tem publicado
diferentes normas sobre o desequilíbrio de tensão. Consequentemente, o método de
cálculo considerado por essa instituição sofreu modificações nesse período.
Actualmente, o IEEE recomenda o método das componentes simétricas para o cálculo
do VUF, sugerindo como alternativa o método CIGRÉ (IEEE 1159, 2009).

4.5.3. Método das Componentes Simétricas


O método das componentes simétricas (Fortescue, 1918) baseia-se na decomposição
do sistema trifásico desequilibrado em três sistemas simétricos e equilibrados, sendo
eles:

 Um sistema de fasores na mesma sequência de fases do sistema desequilibrado


original, denominado de sequência positiva ou sistema de sequência directa;
 Um sistema de fasores na sequência de fases inversa ao sistema de fases do
sistema desequilibrado original, denominado sistema de sequência negativa ou
sistema de sequência inversa;
 Um sistema de fasores paralelos, denominado sistema de sequência zero.
Analiticamente, definem-se as componentes simétricas por meio da matriz de
Fortescue, apresentada na equação (4.6).

̅ ̅
[̅ ] [ ][̅ ] (4.6)
̅ ̅

Onde:

é o operador rotacional, cujo módulo é 1 e o ângulo 120°;

̅,̅, ̅ são os fasores de tensão das sequências zero, positiva e negativa,


respectivamente.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 44


CAPÍTULO IV

Este método pode ser aplicado tanto para tensões de linha quanto para tensões de
fase, e seu índice é definido pela razão entre os módulos das tensões de sequência
negativa e positiva, conforme as equações (4.7), (4.8) e (4.9), respectivamente.
(4.7)

̅ ̅ ̅ ̅ (4.8)

̅ ̅ ̅ ̅ (4.9)

Onde:

é o módulo da tensão da sequência positiva;

é o módulo da tensão da sequência negativa.

Segundo ANEEL (2000), dos métodos de quantificação, o índice VUF é o que melhor
representa o grau de desequilíbrio em virtude da abordagem simultânea das
amplitudes e dos ângulos das tensões. Contudo descartou-se este método pela
incapacidade de leitura dos ângulos dos aparelhos de medidas instalados na central
hidroeléctrica de Chicamba.

4.5.4. Método ANSI


Segundo a American Nacional Standard Institute (ANSI), a LVUR (Line Votage
Unbalanced Rate) é definido conforme a seguinte equação (Oliveira, 2012):

(4.10)

Onde:

é a máxima diferença entre as tensões medidas e ;


é a média das tensões de linha.

Ressalta-se que neste método aplicam-se apenas as tensões de linha. Segundo IEEE
1159 (2009).
No caso em estudo a máxima tensão de linha ( ) é de 25,27 kV, envolvendo as
fases 3 e 1. A média das tensões de linha envolvendo as 3 fases é de 23,298 kV. Os
dados foram obtidos a cada 1 hora, durante 7 dias no período mais crítico, com a
posição 2 no tap changer. Daí que pode-se calcular o LVUR:

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 45


CAPÍTULO IV

Pelo método ANSI verifica-se um factor de desequilíbrio de tensão de +8,16% e a


norma define que as tensões devem estar desfasadas em módulo, de ±2%. De notar
que os valores de tensão para qualquer um dos taps não podem ultrapassar 22,4 kV,
1x±5% e o método ANSI mostra também que este parâmetro do fabricante foi violado.

4.6. Relação Entre Desequilíbrio de Tensão e Vida Útil

Embora existam diversas fórmulas, correspondentes a outros tantos modelos, não há,
ao momento, nenhuma que permita, de forma incontroversa, efectuar o cálculo da vida
útil restante de um transformador, devido ao imenso número de variáveis envolvidas.

Sabe-se no entanto que o tempo de vida do transformador se reduz a cerca de metade,


por cada 6-8ºC de subida de temperatura, para além da temperatura normal de
operação (william, F., 2004).

O gráfico da figura 4.7 a seguir indica a elevação da temperatura em função do grau de


desequilíbrio de tensão calculado na secção 4.5.4. O gráfico foi obtido com base no
valor o desequilíbrio de tensão. Constatou-se o seguinte:

8
7
Temperatura em °C

6
5
4
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10
LVUR (%)

Figura 4.7: Relação entre desequilíbrio de tensão e temperatura.


Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 46


CAPÍTULO IV

Para o factor de desequilíbrio de tensão de 8,16%, a subida de temperatura para além


da temperatura normal de operação é cerca de 7,22ºC. Segundo William, F., este
transformador tem a sua vida útil reduzida a metade. Para transformadores, as normas
internacionais como a IEC Publication 354, ANSI C57.92/1981 e IEEE Std 756, que na
realidade são guias de carregamento, o principal factor de expectativa de vida dos
transformadores é o factor térmico.

Ainda pode se notar no gráfico a seguir a redução da vida útil do transformador


principal 1 da HC em mais de 70%, em relação ao factor de desequilíbrio de tensão.

90
Perda de vida útil em %

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10
LVUR (%)

Figura 4.8: Perda de vida útil versus factor de desequilíbrio.


Fonte: ANSI C57.92/1981 (pág.5).

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 47


CAPÍTULO V

5. CAPÍTULO V – COMISSIONAMENTO DO TRANSFORMADOR PRINCIPAL 1

5.1. Introdução

Em transformadores o comissionamento visa identificar possíveis falhas no


equipamento, através da medição de suas propriedades e características eléctricas,
possibilitando o reparo programado e antecipado das falhas, evitando paradas não
programadas, atraso na produção e demais prejuízos referentes a lucro cessante.
Desta forma o comissionamento, fornece dados que poderão ou não garantir que o
equipamento funcionará da forma para a qual foi projectado, ou seja, mantendo as
características de fabricação.

O presente capítulo refere-se aos ensaios realizados no transformador principal 1 da


central hidroeléctrica de Chicamba para aferição das razões de aparecimento das
tensões desequilibradas nas fases ABC do lado de 22 kV.

5.2. Equipamentos Utilizados no Comissionamento

5.2.1. Mala de Teste DGA


A mala usada foi Kelman TRANSPORT X é um sistema portátil compacto de Análise de
Gás Dissolvido (DGA) que foi utilizado para analisar amostras do óleo para todos os
gases de falha que podem estar presentes no óleo isolante do transformador em
estudo bem como a humidade. É conhecido como o teste mais importante para
monitorar transformadores de potência. O equipamento fornece diagnósticos adicionais
usando várias regras de interpretação aprovadas pela IEEE/IEC se ocorrem níveis
anormais.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 48


CAPÍTULO V

Figura 5.1: Mala Kelman TRANSPORT X para teste de DGA.


Fonte: Autor

5.2.2. Mala de Teste DPA


O equipamento usado foi o BAUR Oil Tester DPA 75 C, possui uma tensão de teste
eficaz simétrica de 75 kV, concebido tanto para a operação em laboratório, quanto para
a aplicação móvel, este faz o teste de ruptura dieléctrica em óleos isolantes de forma
automática, basta introduzir o óleo no recipiente de vidro e mergulhar por completo os
eléctrodos que lá se encontram, verificar que não haja agitação do óleo, de seguida
definir o número de medições a efectuar. O teste de tensão de ruptura dieléctrica avalia
as impurezas dos líquidos isolantes. Com base nos resultados dos testes pode-se
determinar se o óleo está envelhecido ou não. O software ITS Lite da BAUR facilita o
processamento dos resultados de medição, o relatório individual e arquivamentos de
dados, funcionando sob norma do IEC 60156/1995.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 49


CAPÍTULO V

Figura 5.2: Mala de Teste DPA até 75 kV da BAUR.


Fonte: Autor

5.2.3. Mala de teste Omicron CPC 100


O CPC 100 foi utilizado para medição da resistência de enrolamento do T1 é um
equipamento de testes primário e multifuncional desenvolvido pela OMICRON
ELECTRONICS que trabalha com uma base tecnológica de geração de sinais digitais,
electrónica de potência que fornecem valores de saídas precisos, medições avançadas
e interface de usuário ergonómica com geração de relatórios, o que faz com que este
equipamento de testes seja preciso e fácil de manusear. Trabalha em uma faixa de
frequência que varia de 15 a 400 Hz, podendo gerar até 800 A (AC), 2 kV (AC) e 400 A
(DC). Existem também as pequenas saídas de sinais (6 A AC, 130 V AC e 6 A DC) que
são utilizadas para alimentação de circuitos secundários. Gerando energia reactiva
internamente, o equipamento tem capacidade de fornecer todos os valores de saídas
que podem ser fornecidos por uma tomada de parede.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 50


CAPÍTULO V

Figura 5.3: OMICRON CPC 100


Fonte: Autor

5.2.4. Mala de Teste TTR (Transformer Turn Ratio)


O Raytech TR-SPY Mark II utlizado em campo para este estudo, é um medidor de
relação de espiras de transformador trifásico totalmente automático. É um instrumento
leve e robusto que mede automaticamente a taxa de voltas, a taxa de tensão, a
corrente de excitação, o relacionamento de tensões e o deslocamento de fases. Uma
única conexão ao transformador é tudo o que é necessário para executar uma série
completa de testes, porque todas as conexões de várias configurações do
transformador são realizadas internamente.

Figura 5.4: Instrumento de medição de relação de transformação.


Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 51


CAPÍTULO V
5.2.5. Megger
Para a medição da resistência de isolamento do transformador T1 usou-se o Megger
BM21 de até 5 kV que é um instrumento portátil, alimentado por uma bateria e com
teclados fáceis de usar. Possui um selector de tensões de teste que varia de 500,
1000, 2500, 5000 V cc. Um temporizador integral controla automaticamente o teste e
interrompe a tensão de saída quando o tempo predefinido expirar.

Figura 5.5: Megger BM21.


Fonte: Autor

5.3. Ensaios e Análise de Resultados

Por meio a identificar o motivo da falha de aparecimento das tensões desequilibradas


nas fases ABC do lado de 22 kV do T1 foram realizados os seguintes testes:

 Análise de gases dissolvidos no óleo isolante;


 Medição da resistência de isolamento;
 Ensaio de relação de transformação.

5.3.1. Análise de Gases Dissolvidos no Óleo Isolante


O óleo isolante gera pequenas quantidades de gases quando submetido a
determinados tipos de fenómenos de natureza eléctrica ou térmica. A composição dos
gases produzidos depende do tipo de anormalidade apresentada, sendo que o

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 52


CAPÍTULO V
diagnóstico foi feito a partir da avaliação individual dos níveis de determinados gases,
chamados de gases chave.

Os principais gases identificados neste ensaio foram o hidrogénio ( ), Metano ( ),


Etano ( ), Acetileno ( ), Etileno ( ), Monóxido de carbono , e Dióxido de
carbono ( ).

O teste consistiu na colecta da amostra do óleo isolante, a partir da válvula de


amostragem baixa do transformador principal 1, colocado em um recipiente apropriado
de vidro pelas 12:47:39 horas do dia 29 de Novembro de 2019, o óleo foi extraído a
uma temperatura externa de 31 °C.

Figura 5.6: Colecta do óleo isolante do T1 para análise.


Fonte: Autor

Após a colecta da amostra, levou-se até ao laboratório onde se encontrava o


instrumento de teste DGA. Os acessórios da mala Kelman (seringa, filtros e recipiente)
foram lavados pelo óleo a ser analisado de modo que o óleo do teste antecedente não
crie efeito no teste a ser efectuado. O instrumento foi configurado para fazer uma
autolimpeza que durou 10 minutos, após este tempo foi inserido 10 ml de óleo no
misturador através de uma seringa (ver anexo A6.66). Passados 15 minutos o processo
de identificação e contagem das partículas contidas no óleo isolante do T1 terminou e o
resultado verifica-se na tabela 5.1.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 53


CAPÍTULO V
Tabela 5.1: Resultado do teste de óleo DGA

Gases Dissolvidos no Óleo e Valores Medidos Valores de Referência [ppm]


Humidade [ppm(4)] Normal Anormal Crítico
Hidrogénio ( ) <5 <100 100-700 >700
Dióxido de Carbono ( ). 377 <2500 2500-4000 >4000
Monóxido de Carbono (CO) <1 <350 350-570 >570
Etileno ( ) 56 <50 50-100 >100
Etano ( ) 156 <65 65-100 >100
Metano ( ) 13 <120 120-400 >400
Acetileno ( ) 2,5 <2 2a5 >5
(5)
TDCG 218 <700 700-1900 >1900
Humidade 23 <30
RS [%] 27,5
Temperatura do Óleo [°C] 38 N/A
Fonte: Autor

5.3.1.1. Análise dos Resultados


A interpretação dos dados é feita com base na quantidade total dos gases
combustíveis no óleo (TDCG) que segundo a norma IEEE Guide for the Interpretation
of Gases Generated in Oil-Immersed Transformers, considera que o transformador está
operando satisfatoriamente devido ao TDCG ser de 218 ppm.

Ainda na tabela 5.1 os resultados apontam de que há indícios de anormalidade para o


Etileno e Acetileno, 56 e 2,5 ppm, respectivamente, e indícios de criticidade para o
Etano (156) ppm.

Além dos parâmetros de referência apresentados, especificamente para este estudo, é


descrito o procedimento prescrito na norma IEEE C57. 104, que se baseia na
correlação entre gases combustíveis, isto para indicar o motivo da elevação de alguns
gases, como concretamente o Etileno, Acetileno e Etano.

Para obtenção do resultado é feita a correlação das taxas de acetileno ( ) com


etileno ( ), metano ( ) com hidrogénio ( ) e etileno ( ) com etano ( ),
conforme indicado na tabela 5.2.

(4)
Quantidade existente em um universo de 1 milhão (parts per million)
(5)
Quantidade total de gases combustíveis no óleo

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 54


CAPÍTULO V
Tabela 5.2: Factor para o estabelecimento dos parâmetros de correlação de gases.
Relação de Gases
Factor R

0,1>R 0 1 0
0,1<R<1 1 0 0
1<R<3 1 2 1
3<R 2 2 2
Fonte: IEEE C57.104

Calculado o factor R, a partir da tabela pode-se fazer a seguinte correlação:

, o valor a ser considerado é 0;

, o valor a ser considerado é 2;

, o valor a ser considerado é 0.

A partir dos resultados corrigidos é feita a análise de valores com base na tabela 5.3.

Tabela 5.3: Diagnóstico de transformadores a partir da correlação de gases.


Relação de Gases
Caso Falha Característica C2H2 CH4 C2H4 Exemplos Típicos
C2H4 H2 C2H6
A Sem falha 0 0 0 Envelhecimento normal.
Descargas parciais de Descargas nas bolhas de gás resultante de
B pequena densidade de 0 1 0 impregnação incompleta, de supersaturação ou de
energia alta humidade.
Descargas parciais de alta Como acima, porem provocando arvorejamento ou
C 1 1 0
densidade de energia perfuração da isolação sólida.
Centalhamento contínuo no óleo devido a mas
Descargas de energia conexões de diferentes potenciais ou potências
D 1-2 0 1-2
reduzida flutuantes. Ruptura dieléctrica do óleo entre
materiais sólidos.
Descargas de potência. Arco. Ruptura dieléctrica do
óleo entre enrolamentos, entre espiras ou entre
E Descargas de alta energia 0 2 0
espiras e massa, corrente de interrupção no
selector.
Falha térmica de baixa
F 0 0 1 Aquecimento generalizado de condutor isolado.
temperatura > 150 °C
Falha térmica de baixa
G 1 0 2 Sobreaquecimento local do núcleo devido a
temperatura 150 °C-300 °C
concentrações de fluxo. Pontos quentes de
Falha térmica de
temperatura crescente, desde pequenos pontos no
H temperatura media 300 °C 0 2 1
núcleo, sobreaquecimento no cobre devido a
- 700 °C
correntes de Foucault, maus contactos (formação de
Falha térmica de alta carbono por pirólise) atem pontos quentes devido a
I 0 2 2
temperatura >700 °C corrente de circulação entre núcleo de carcaça.

Fonte: IEEE C57.104

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 55


CAPÍTULO V
Com base na análise feita da correlação dos gases, a tabela 5.3 indica que o
transformador T1 pode estar sujeito ao caso “E”, onde a falha característica é a
descarga de alta energia os exemplos típicos para esta falha é o arco eléctrico, ruptura
dieléctrica do óleo entre os enrolamentos, entre espiras ou entre espiras e a massa.
Para que se confirme um desses exemplos típicos de falha recorreu-se a outros testes
como a rigidez dieléctrica do óleo e testes de isolamento.

5.3.2. Ensaio da Rigidez Dieléctrica do Óleo


No caso do teste utilizado, o do ensaio com eléctrodos de disco da BAUR sob a norma
IEC 60156:1995. Os eléctrodos foram previamente limpos com solvente e papel de
soda seco e a distância entre eles foi ajustada para 2,5 mm. O frasco que contém a
amostra de óleo foi suavemente agitado para que as eventuais partículas suspensas no
óleo pudessem ficar em suspensão. Temperatura de 27 °C foi obtida a partir do
termómetro digital embutido no instrumento.

Antes do ensaio, o óleo foi mantido em repouso entre 2 e 3 minutos para que as bolhas
de ar pudessem ser expelidas.

Entre uma medição e outra, o óleo ficou em repouso por 1 minuto. O instrumento
dispara um pequeno estalo quando a rigidez do dieléctrico entre os eléctrodos é
rompida. Com isso o valor do campo eléctrico é lido.

Figura 5.7: Vista de frente e de cima do eléctrodo de disco.


No total, 6 medições da rigidez foram obtidas com o instrumento de rigidez dieléctrica,
essas medidas são mostradas nas tabelas 5.4 e 5.5:

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CAPÍTULO V
Tabela 5.4: Especificações do ensaio.
Características do Ensaio
Valor Nominal da Rigidez
Método Utlizado
Dieléctrica
60 kV Eléctrodos de disco
Espaçamento Entre os Temperatura
Tipo de Teste
Eléctrodos Ambiente [°C]
Ensaio de comissionamento 2,5 mm 27

Fonte: Autor

Tabela 5.5: Resultado das medições.

Resultados Obtidos
Rigidez
Teste
dieléctrica [kV]
1 61,4
2 72,5
3 72,8
4 70,9
5 75,0
6 75,0
Média (̅) 71,3
Desvio padrão (s) 5,1
Fonte: Instrumento BAUR DPA 75 C.
5.3.2.1. Análise dos Resultados
Para avaliar as medidas obtidas não é necessário fazer uma verificação de natureza
estatística. Serão avaliados dois critérios, descritos a seguir.

Critério 1

A avaliação das medidas obtidas é dada pela razão entre o desvio padrão e a média
dos 6 valores individuais. Se essa relação for maior do que 0,1 é provável que o desvio
padrão das 6 medidas seja excessivo e portanto, o erro provável da medida também o
seja. Neste caso, não podem ser tiradas conclusões sobre a rigidez dieléctrica do óleo.

O desvio padrão “s” das medidas da rigidez dieléctrica da tabela 5.5 é .

Como ̅
, então pelo critério 1 as medidas são consistentes.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 57


CAPÍTULO V
Critério 2

Subtrair o valor mínimo encontrado para a tensão de ruptura do valor máximo obtido e
multiplicar o resultado por 3. Se o produto for maior do que o segundo menor valor da
tensão de ruptura, é provável que o desvio padrão seja excessivo.

Usando os dados da tabela 5.5 tem-se:

Como 70,9 kV é o segundo menor valor da tensão de ruptura e 40,8 kV<70,9 kV,
conclui-se que pelo critério 2, as medidas também, são consistentes.

5.3.3. Ensaio da Resistência de Isolamento


O ensaio da resistência de isolamento consistiu em aplicar no isolamento uma tensão
em corrente continua, com valor de 5000 V, isso provocou um fluxo pequeno de
corrente. O BM21 possui três cabos de conexão, sendo eles o cabo LINE –
Correspondente ao terminal Positivo, cabo EARTH – Correspondente ao terminal
negativo ou Terra, cabo GUARD - Correspondente ao cabo Guarda.

A seguir são descritos procedimentos que foram usados para a realização do teste de
resistência de isolamento:

 Foram obedecidos todos os procedimentos relativos às recomendações de


segurança, segundo as especificações da instalação da empresa;
 O transformador foi tirado de serviço;
 Desconectou-se os cabos externos. O ensaio de resistência de isolamento deve
ser executado com todos os cabos do transformador desconectado das buchas,
inclusive o cabo da bucha de neutro;
 Foram curto-circuitados os terminais das buchas dos dois lados onde pretende-
se medir entre si, para obter uma melhor distribuição do potencial e mantendo o
terceiro enrolamento em aberto;
 A carcaça do transformador manteve aterrado.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 58


CAPÍTULO V

Figura 5.8: Esquema de ligação para medição resistência de isolamento entre os


enrolamentos MT e BT.
Como a resistência dos enrolamentos frente à de isolação é desprezível, e o
transformador estão ligados internamente em Y ou , segue-se que o circuito
equivalente será o seguinte:

Figura 5.9: Circuito equivalente da medição de isolamento entre média e baixa tensão.
Onde:

: resistência de isolamento do primário para a terra;

: resistência de isolamento do primário para o secundário;

: resistência de isolamento do secundário para a terra.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 59


CAPÍTULO V
Para se medir , procede-se de acordo com o circuito a seguir:

Figura 5.10: Circuito equivalente para medição de .

Onde:

: corrente que circula sobre a resistência de isolamento.

Os resultados medidos são apresentados na tabela 5.6, junto com o nível de tensão
utilizada nos ensaios e os valores para o intervalo de tempo estipulado para fazer as
medições.

Tabela 5.6: Resultado das medições da resistência de isolamento


Resistência de Isolamento (GΩ) do Transformador 24.5/2.5/24.5MVA/110/22/6.6kV, Temp: 27 °C
MEGGER BM21 Tensão (Vcc) T=15 Segundos T=60 Segundos Valores recomendados
AT – MT 5000 4.78 7.10
AT – BT 5000 6.35 9.25
MT – BT 5000 2.42 4.98
BT – Terra 5000 2.30 3.98
>1GΩ
MT – Terra 5000 3.28 5.10
AT – Terra 5000 5.10 7.50
AT + MT + BT – Terra 5000 2.06 3.36
Fonte: Autor
5.3.3.1. Análise dos Resultados
Os resultados apresentados na tabela 5.6 indicam valores satisfatórios para aquilo que
é a recomendação do fabricante do transformador em estudo. O fabricante recomenda
que os valores de isolamento devem ser maiores que 1GΩ.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 60


CAPÍTULO V
Para além de se realizar a avaliação pela comparação dos valores de resistência de
isolamento obtidos ao longo do ensaio, sendo realizadas medidas em intervalos de 15
segundos a 1 minuto, a condição do índice de polarização apontarão o estado de
isolamento.

Tabela 5.7: Orientação para o diagnóstico da condição de isolamento.


Condição de Índice de absorção
isolamento
Pobre <1,0
Duvidoso 1,0 - 1,4
Aceitável 1,4 - 1,6
Bom >1,6
Fonte: CIGRE Brasil, GT A2.05, 2013
Tabela 5.8: Indicação da condição de isolamento com base na tabela 5.7.
MEGGER BM21 T=15 s T=60 s Condição de isolamento
AT – MT 4.78 G 7.10 G 1,48 Aceitável
AT – BT 6.35 G 9.25 G 1,45 Aceitável
MT – BT 2.42 G 4.98 G 2,05 Bom
BT – Terra 2.30 G 3.98 G 1,73 Bom
MT – Terra 3.28 G 5.10 G 1,55 Aceitável
AT – Terra 5.10 G 7.50 G 1,47 Aceitável
AT + MT + BT – Terra 2.06 G 3.36 G 1,63 Bom

Fonte: Autor
Segundo o critério de avaliação do CIGRE para valores admissíveis de resistência de
isolamento, os valores medidos estão dentro da normalidade de isolação do
equipamento, portanto os valores apresentados na tabela 5.8 nos permite concluir que
as características de isolação do transformador de potência ensaiado estão em
perfeitas condições de integridade.

5.3.4. Ensaio da Relação de Transformação


O instrumento usado para medição da relação de transformação (TR-Spy Mark II), é
capaz de fazer o teste em 3 fases de uma única vez, diferentemente de outros
aparelhos.

Para o ensaio alguns procedimentos foram observados com a retirada completa de


serviço do transformador, os cabos foram desconectados da bucha. O instrumento

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 61


CAPÍTULO V
possui 6 condutores dos quais 3 para os terminais de um enrolamento e 3 para outro.
Os condutores de excitação X1, X2 e X3 foram conectados nos terminais do
enrolamento de baixa tensão (3U, 3V e 3W), e H1, H2 e H3 nos enrolamentos de
média tensão (2U, 2V e 2W), com esta conexão mede-se a relação de transformação
entre os enrolamentos da AT e BT. O mesmo procedimento aplicou-se para os
enrolamentos de alta e média e, alta e baixa. A figura 5.11 mostra o esquema de
ligação utilizado para a medição da relação de transformação.

Figura 5.11: Esquema de ligação para medição de relação de transformação entre os


enrolamentos de MT e BT.
Relação de transformação nominal:

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 62


CAPÍTULO V
Onde:

: tensão nominal do primário;

: tensão nominal do secundário.

Relação de transformação medida:

Onde:

: tensão do primário, através do TTR;

: tensão do secundário, através do TTR.

Cálculo do erro (%):

Contudo, os ensaios foram realizados e os resultados são apresentados na tabela 5.9:

Tabela 5.9: Resultados obtidos a partir do TTR na medição de relação de


transformação.

Valores Teóricos Valores Medidos


Tap AT (kV) BT (kV) AT/BT 1U/3U I (mA) E(%) 1V/3V I(mA) E(%) 1W/3W I (mA) E(%)
1 122.85 10.759 10.747 2 -0.11 10.745 1.5 -0.13 10.749 2.6 -0.10
2 117.00 10.247 10.446 2.4 1.94 10.244 -0.03 -0.03 10.248 3.1 0.01
6,6
3 111.15 9.735 9.7451 2.4 0.11 9.7438 1.8 0.09 9.7471 3.2 0.13
Tap AT (kV) MT (kV) AT/MT 1U/2U I (mA) E(%) 1V/2V I(mA) E(%) 1V/2W I (mA) E(%)
1 122.85 23.520
2 117.00 22.400 5.223 5.2364 2.3 0.25 6.2163 1.7 19 5.2371 2.8 0.27
3 111.15 21.280
Tap MT (kV) BT (kV) MT/BT 2U/3U I (mA) E(%) 2V/3V I(mA) E(%) 2W/3W I (mA) E(%)
1 23.520 2.0599
2 22.400 1.9618 1.9565 42.5 -0.04 1.6477 40.9 -16.0 1.9566 49.5 -0.27
6.6
3 21.280 1.8637

Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 63


CAPÍTULO V
5.3.4.1. Análise do Resultado
Conclui-se de uma forma geral, que o transformador não apresenta valores normais de
relação de transformação, pois os valores lidos no instrumento de medição devem ser
comparados com os teóricos e a variação máxima admissível é de ±0.5% em todos
taps de comutação. Sabe-se que intensos campos eléctricos são aplicados sobre o
material dieléctrico responsável pelo isolamento entre espiras, esse facto poderá ter
levado a degradação do dieléctrico.

5.4. Conclusão do Caso de Estudo

A partir das análises feitas conclui-se que a natureza de cargas não lineares não é
motivo de imposição de tensão desequilibrada no enrolamento de 22 kV, visto que para
as mesmas cargas e para mesmo o disjuntor de entrada do barramento de 22 kV, mas,
trocando a linha que trás a tensão para este barramento, as tensões na saída dos
inversores são completamente sinusoidais e sem aparição de tensões desequilibradas
no barramento dos serviços auxiliares.

Pode-se dizer que trata-se de um defeito interno do próprio transformador. Para a


identificação precisa da falha foi necessário uma série de ensaios ao transformador.

O indicador quantitativo do factor de desequilíbrio de tensão indica +8,16% entre


tensões de linha, ou seja, a tensão de linha em relação as duas tensão de linha que
têm o mesmo módulo e . Este factor é de extrema importância pois a partir deste
factor determinou-se a perda da vida útil do transformador em mais de 70%.

O aquecimento, factor principal da redução da vida útil de um transformador, provoca


um envelhecimento gradual e generalizado do sistema de isolamento interno até o
limite de tensão a que está submetido, quando então o transformador ficará sujeito a
um curto-circuito interno de consequência desastrosa.

Com base na análise dos resultados obtidos através dos ensaios apresentados no
capítulo 5, conclui-se que o motivo de aparecimento das tensões desequilibradas no
enrolamento de 22 kV, é devido a graves defeitos na relação de transformação
causados pelo curto-circuito entre espiras com o tap na posição 2.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 64


CAPÍTULO V
O curto-circuito entre espiras diminui ou aumenta o número de voltas da bobina
dependendo da posição do tap-changer, isso tem consequências na alteração da
relação de transformação, podem atingir erros muito significativo como apresentado na
tabela 5.9 da secção 5.3.4. cerca de 1,94% entre as fases U dos enrolamentos AT e
BT, 19% entre as fases V dos enrolamentos AT e MT, e 16% entre fases V dos
enrolamentos MT e BT.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 65


CAPÍTULO VI

6. CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. Conclusões

Os transformadores são equipamentos fundamentais para o bom funcionamento de


todo o sistema de energia eléctrica. Sua falha repentina pode trazer grandes prejuízos
financeiros, não apenas para a concessionária de energia, mas também para todos os
consumidores.

Após um estudo feito às cargas não lineares, no capítulo 4, notou-se que o motivo de
aparecimento de tensões desequilibradas deve-se a um defeito interno do próprio
transformador e no estudo do caso no capítulo 5, os trabalhos de diagnóstico para a
caracterização da falha foram desenvolvidas a partir da colecta e análise de dados
obtidos através de instrumentos específicos usados em campo e no laboratório.

Depois do estudo aprofundando acerca das causas do desequilíbrio de tensão do


transformador principal 1 da HC que é cerca de 8,16%, conclui-se que o transformador
não apresenta valores nominais de relação de transformação, pois os valores lidos no
instrumento de medição quando comparados com os valores teóricos que admitem
erros até ±0,5%, verifica-se um erro de 1,94% para o grupo vectorial YNd11 na fase U,
19% para o grupo vectorial YNyn0 na fase V, e 16% para o grupo vectorial ynd11 na
fase V, para o tap 2, causados pelo curto-circuito entre espiras do enrolamento para o
mesmo tap.

Por fim, através dos procedimentos mostrados neste trabalho e dos conhecimentos
adquiridos durante o período de estágio profissional, foram obtidas informações relevantes
para uma caracterização operacional completa do transformador de potência do grupo
principal 1 da Central Hidroeléctrica de Chicamba.

6.2. Recomendações

Apesar de apresentar valores satisfatórios da resistência de isolamento e da rigidez


dieléctrica do óleo isolante é de extrema importância a solicitação do órgão competente
para a retirada do transformador em serviço pois esta falha pode causar a perda de
isolamento entre os enrolamentos.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 66


CAPÍTULO VI

Recomenda-se que se faça a secagem do óleo isolante por meio de furna, com
objectivo de diminuir a humidade e os gases encontrados fora dos parâmetros normais
de funcionamento, uma vez que a empresa EDM tem a disponibilidade desse
equipamento, isto constitui uma vantagem em termos de gestão de tempo e no factor
económico.

Apela-se a substituição da bobina da fase U, do enrolamento da alta tensão e as


bobinas das fases U e V do enrolamento media tensão, com a intensão da eliminação
da falha do desequilíbrio de tensão no lado de 22 kV e 110kV.

Com perspectiva de trabalhos futuros pode-se sugerir o seguinte:

 A especialização de técnicos da central Hidroeléctrica de Chicamba a fim de


participar em comissionamento feito em fábrica na aquisição de um novo
equipamento;
 Sugere-se que se façam testes de diagnósticos rotineiros e que os resultados
sejam conservados de modo que se faça uma comparação de históricos;
 Um upgrade no sistema operativo dos computadores usados para a
monitorização do sistema eléctrico, visto que a Microsoft deixou de dar suporte
para o Windowns 7, isto é, os computadores estão vulneráveis a certos
malwares.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 67


BIBLIOGRAFIA

[1] ALMEIDA, A. T. L.; PAULINO M. E. C. Manutenção de Transformadores de


Potência. Curso de Especialização em Manutenção de Sistemas Elétricos –
UNIFEI, 2012.
[2] ANSI IEEE C57.13.1- Guide for Field Testing of Relaying Current Transformer.
2006.

[3] ANEEL Nota Tecnica nº 0040/2007 – SFE?ANEEL, de 14.08.07.


[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR IEC 60076-
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[5] BECHARA W., Bissacot A.C.B., Rubik M.C., Repotenciamento de


Transformadores. Revista Qualimetria, São Paulo, n. 28, p. 38-43, 1993.
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Terminal Part 1: Historical Case Analysis. IEEE, p 312-317.
[8] FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY, C.; KUSKO, A.. Máquinas Elétricas. Rio de
Janeiro: McGraw Hill, 1992.
[9] GLOVER, J. Duncan., SARMA Mulukutra S., OVERBYE Thomas J. Overbye:
Power system analysis and design; 5ᵃ ed. CENGAGE, United States, 2012;
[6] IEC. (2008). IEC 61000-4-30: testing and measurement techniques, power
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[10] KHAPARDE, S. A.; KULKARNI, S. V. Transformer Engineering. Design,


Technology and Diagnostics.; Second Edition, 2013.
[11] KINDERMANN, G.. Proteção de sistemas elétricos de potência. 2. ed.
Florianopolis: G. Kindermann, 2005.
[12] LNEC – Barragem de Chicamba Real. Plano do sistema de observação
geodésica. Relatório 367/2005 - NGA, Lisboa, 2005.
[13] MORGAN, Schaffe.; Prevenção de falhas em transformadores de potência
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[14] PETRY, C.A.: “Rigidez Dielétrica de Óleo Mineral”.
[15] Transformer Committee of IEEE Power Engineering Society. IEEE Guide for
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Telcêncio M. E. da Costa Nobre 68


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[17] ALMEIDA, A. T. L.; Paulino M. E. C. Manutenção, 2012.


[18] BARBOSA, Daniel. Sistema híbrido inteligente para monitoramento e
protecção de transformadores de potência. Escola de Engenharia de São
Carlos – Tese de Doutorado. São Carlos, 2010.
[19] BECHARA, Ricardo. Análise de falhas em transformadores de potência.
2010.102 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
[20] BINDA M., Avaliação da Expectativa de Vida de Transformador de Potência
Através da Degradação do Isolamento Celulósico. Furnas Centrais Electricas
S.A., 1998. P 1-44.
[21] BRANDÃO, Augusto Ferreira Jr., Identificação dos Principais Tipos de Falhas
em Transformadores de Potência, Universidade de São Paulo, 2019.
[22] DELGADO, Rodrigo Da Silva. Estudo dos Requisitos Essenciais a
Especificação de Transformadores de Potencia em Condições Normais de
Operação. Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ,
2010
[23] ENCICLOPEDIA CEAC DE ELETRICIDAD. Transformadores Convertidores.
Barcelona, 1974.
[24] FASCICULO. Manutenção de Transformadores. Ed. 98. São Paulo, 2012.
[25] FITZGERALD, A. E,; KINGSLEY Jr., Charles; UMANS. Stephen D. Maquinas
Electricas. São Paulo: Bookman, 2006.
[26] FITZGERALD, A.E.; KINGSLEY, C.; KUSKO, A.. Máquinas Elétricas. Rio de
Janeiro: McGraw Hill, 1992.
[27] FORTESCUE C.L. Method of Symmetrical Coordinates Applied to the Solution
of Polyphase Networks Trans. AIEE, part II, vol.37, 1918, pp. 1027-1140.
[28] GUEDES, Manuel Vaz. Transformadores; Ligações e Esfasamentos.
Faculdade de Engenharia; Universidade de Porto, 2004.
[29] LIU, Jun.; Eng., Den.; RIDLEY, William, F. – The impact of synthetic isoparaffin
insulating fluids on heat transfer in high voltage power transformers – Doble
Engeneering Company, 2004.
[30] NASCIMENTO, Guilherme A.; MEIER, Martin B. Study of Three/Seven Phase
Transformers Applied to 14 Pulse Rectifiers with High Power Factor. Curitiba,
2013.
[31] NOGUEIRA, Daniel Da Silva. ALVEZ, Diego Prandido. Transformadores De
Potencia – Teoria e Aplicação. Escola Politecnica da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.
[32] PENA, Miguel Carlos Medina. Falhas em Transformadores de Potencia.
Dissertação (Mestrado) – UNIFEI, 2003.
[33] PLATH, CORNELIUS.; PÜTTER, Ensaios em Subestações; Análise Dinâmica e
Testes do Comutador sob Carga com Medição de Resistência Dinâmica. Ed 140;
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 69
Brasil, 2017.
[34] SEGATTO, Ênio Carlos. COURY, Denis Vinícius. Relé Diferencial para
Transformadores de Potencia Utilizando Ferramentas Inteligentes. Tese de
Doutorado; São Paulo, 2008.
[35] ULABY, Fawwaz T. Electromagnetismo para Engenheiros. Traducao Jose
Lucimar do Nascimento. – Porto Alegre: Bookman, 2007.
[36] http://www.rehtom.com.brrehtom-produtos-transformadores-de-potencial, visitado no dia 28 de
Novembro de 2019.
[37] https://www.citisystems.com.br/transformador-de-corrente/, visitado no dia 28 de Novembro de
2019.

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 70


ANEXO

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 71


Figura A 1.67: Grupos Geradores de 24,5 MVA da Central Hidroeléctrica de Chicamba.
Fonte: Autor

Figura A 2.67: Chapa de Característica do Alternado da HC.


Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 72


Figura A 3.68: Transformador principal 1, retirado de serviço para ensaios.
Fonte: Autor

Figura A 4.68: Chapa Característica do T1.


Fonte: Autor
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 73
Figura A 5.69: Medição de resistência de isolamento T1.
Fonte: Autor

Figura A 6.69: Injecção de óleo para análise dos gases combustíveis.


Fonte: Autor
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 74
Figura A 7.70: Resultados do DGA.
Fonte: Autor

Figura A 8.70: Resultados da rigidez dieléctrica do óleo.


Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 75


Figura A 9.71: Resultado da medição de resistência de isolamento.
Fonte: Autor

Figura A 10.71:Resultado da medição de relação de transformação.


Fonte: Autor

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 76


Figura A 11.72: Relatório de actividades realizadas durante o período de estágio.

Período Actividades
 Apresentação aos colaboradores da central e barragem pelo
engenheiro José Saraiva;
 Breve palestra sobre HST;
 Indução à central pelo engenheiro José Saraiva;
 Indução à barragem pelo senho Zeca Domingos;
 Instalação eléctrica na sala de lazer;

Primeiro mês  Operação;


(20 de Agosto  Vistoria semanal ao grupo diesel, sala de baterias, sala de relés,
– 20 de
Setembro) painel dos 400 V e painel de excitação;
 Reparação avaria na iluminação da galeria das rochas;
 Vistoria semanal às bombas de abastecimento de água;
 Intervenção de avaria na zona do triângulo;
 Vistoria ao motor eléctrico da prancha do barco;
 Visita a conduta forçada, comporta da tomada de água do grupo
gerador 2.
 Vistoria mensal ao grupo gerador 1, transformador principal 1 e o
transformador de excitação 1;
 Vistoria mensal aos transformadores de serviços auxiliares 1 e 2;
 Vistoria no PT que alimenta o escritório;
 Substituição de lâmpadas fundidas na sala de máquinas;
 Definição do tema para trabalho de final do curso;
Segundo mês  Reparação do quadro de sistema automático de arranque das
(21 de
Setembro – bombas de abastecimento de água;
20 de  Troca do motor de 18 kW da bomba de abastecimento de água
Outubro)
(fonte);
 Construção da nova rede eléctrica de baixa tensão a partir da
aldeia até ao Siba;
 Remoção do óleo isolante do T2;
 Remoção do transformador principal 2 para a descubagem;
 Desmontagem dos radiadores, tanque de expansão e buchas do
Telcêncio M. E. da Costa Nobre 77
T2;
 Desmontagem do main box do T2;
 Enchimento do gás SF6 no disjuntor CL76-52;
 Operação;
 Manobras de reposição das linhas CL75 e CL76;
 Intervenção na avaria no truck rash;
 Treinamento contra incêndio.
 Diagnóstico da bomba submersa de abastecimento de água
localizada a montante da barragem;
 Medição da resistência do enrolamento da bomba submersa
localizada na barragem;
 Substituição da bomba submersa;
 Medição de resistência de terra para aterramento da bomba
submersa da barragem;
 Colocação de eléctrodos de terra para a bomba submersa da
Terceiro mês barragem;
(21 de
Outubro – 20  Reparação da avaria no inversor de frequência do motor da
de comporta do grupo gerador 1;
Novembro)
 Reparação da avaria do microswitch da válvula dispersora do
grupo gerador 2;
 Operação.
 Controlo do gás SF6 no disjuntor CL76-52;
 Manutenção do disjuntor de sincronização do grupo gerador 1;
 Manutenção ao sistema de refrigeração do grupo gerador 1;
 Vistoria à sela do neutro do grupo de gerador 1 e 2;
 Visita ao núcleo do alternador 1.
 Vistoria semanal ao grupo diesel, painel dos 400 V, sala de
Quarto mês baterias e painel de excitação;
(21 de
Novembro –  Vistoria semanal à fonte (bombas de abastecimento de água);
20 de  Medição de resistência de isolamento do transformador principal 1
Dezembro)
e T2 da EFACEC;

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 78


 Medição da resistência de enrolamento do transformador principal
1 e T2 EFACEC;
 Medição da relação de transformação do transformador principal
1 e T2 EFACEC;
 Retirada da amostra de óleo isolante do transformador principal 1
e T2 EFACEC;
 Análise da rigidez dieléctrica do óleo isolante do T1 e T2
EFACEC;
 Teste de gases dissolvidos no óleo isolante do T1 e T2 EFACEC;
 Operação;
 Leitura de gás SF6 nos disjuntores CL75-52, CL76-52, CT1-52,
CT2-52 e CT3-52, localizados na subestação.
 Remoção do transformador T1 para a descubagem;
 Procura de esquema antigo do transformador T2 EFACEC para
voltar a colocar em funcionamento;
 Análises de como fazer ajuste de modo que o transformador
antigo (T2 EFACEC) tenha a monitorização via SCADA;
 Colocação do transformador T2 EFACEC no compartimento do
transformador T1;

Quinto mês  Reaperto das buchas e vedantes do transformador T2 EFACEC;


(21 de  Circulação de óleo isolante na parte activa do transformador T2
Dezembro –
09 Janeiro) EFACEC por método de secagem por furna;
 Conexão dos cabos de 6,6, 22 e 110 kV nos terminais do T2
EFACEC;
 Montagem de TI no cabo de neutro aterrado do enrolamento de
22 kV;
 Montagem de suporte para TI’s, que irão servir como TI’s de
bucha;
 Lançamento de cabos para conexão dos TI’s;

Telcêncio M. E. da Costa Nobre 79

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