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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Capítulo 0.1
FACULDADE DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA

Revisão de Circuitos
Electrónica Digital Combinatórios
Engº. Albino B Cuinhane
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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08

010818
0.1.1. Expressões e Circuito a partir da TBV
 É possível obter expressões a partir de circuitos, circuitos a partir de
expressões e expressões a partir de tabela de verdade assim como
circuitos a partir da tabela de verdade.

 No entanto a prática revela-nos uma dada situação e se coloca a


necessidade de desenhar um circuito para resolvê-la. Então, o
procedimento normal no projecto de circuitos combinatórios é
esquematizado assim:

Tabela da
Situação verdade
Expressões Circuito

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0.1.1. Expressões e Circuito da TBV 0.1.1. Expressões e Circuito da TBV


Duma forma geral as etapas para construir um Circuito Combinatório EXEMPLO.
são:
Um circuito de alarme dum banco comporta um sensor de porta aberta
a) Analisar a situação por forma a identificar as variáveis de entrada que detecta a porta aberta, um botão de emergência para provocar
e as de saída alarme sonoro em caso de emergência e um botão de activação que
arma ou desarma o sistema. Sempre que estiver armado, e for fora de
b) Em algumas situações podemos ter que dividir o problema em expediente e houver violação da porta, o alarme sonoro soara.
partes Sempre que pressionar o botão de emergência, o alarme soará.
Desenhar o circuito que produz o alarme sonoro.
c) Elaborar a(s) tabela(s) da verdade ilustrando todas as situações ___________________________________
possíveis
d) Encontrar as expressões das funções de saída
e) Simplificar
f) Implementar
Consolidemos ideias com um exemplo
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0.1.1. Expressões e Circuito da TBV 0.1.1. Expressões e Circuito da TBV
a) Pela exposição facilmente vemos que o sinal de saída é o alarme c) Construamos a tabela de verdade (Fig. 4.3) onde vamos colocar
sonoro. Designemos por S a esta variável que acaba sendo a função todas as possibilidades e observarmos o comportamento da função.
lógica procurada. Por outro lado vemos que o sistema é excitado por: Lembramos que na linha correspondente à combinação onde a
função existe colocamos 1 na coluna de S(A,E,P) .
· Um sensor de porta aberta que denominaremos por P.
Consideremos que enquanto aberta a porta, a variável P assume o
valor lógico 1. AEP S(A,E,P) d) Da tabela de verdade obtemos a
· O botão de emergência que designaremos por E. Consideremos 000 0 expressão de S(A,E,P) através da colecta
que enquanto pressionado o botão, a variável E assume o valor 001 0
dos termos produtos onde a função
lógico 1 010 1
assume o valor lógico 1:
011 1
· O botão de armação que designaremos por A. Consideremos que 100 0
enquanto armado o sistema, a variável A assume o valor lógico 1 S ( A, E , P )  AE P  AEP  A E P  AE P  AEP
101 1
110 1
111 1
b) O problema não nos parece tão complexo que mereça ser
desdobrado em problemas pequenos.
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0.1.1. Expressões e Circuito da TBV 0.1.1. Expressões e Circuito da TBV


e) A expressão obtida da tabela de verdade pode não ser a mais f) Vamos ao mercado para vermos quais as possibilidades que se nos
simplifica. Então recorremos a qualquer dos métodos de oferecem para implementar o circuito da função(ou funções)
simplificação para reduzi-la à forma mais simples. obtida(s) em e). Se tivermos disponíveis todas as portas lógicas
definidas pela função implementamo-la directamente.
EP A P E

00 01 11 10 F(A,E,P)
S(A,E,P)

=E
0 0 0 1 1 S(A,E,P)=AP+E
A
1 0 1 1 1 =AP
Caso contrário podemos ter que efectuar algumas modificações para
ajustar às condições presentes como se mostra no sub-capítulo a
seguir.
S(A,E,P)=AP+E
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F


Em algumas ocasiões podemos depararmo-nos com uma
função lógica cuja implementação consome muitos
recursos. Suponha a função lógica representada pelo Mapa
de Karnaugh seguinte:
CD
00 01 11 10
00 X 0 1 1
01 1 0 1 1
AB
11 1 1 0 0
10 X 1 1 X

Após a simplificação fica:

F ( A, B, C , D )  AC  AC  A B  C D (2.1)
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0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F 0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F
A B C D
Observando o mapa de V-K, donde tiramos a expressão final de F, vemos
que a parte onde a função não existe ocupa menos espaço. E mais
importante ainda, as células são adjacentes, o que nos permite efectuar
simplificação.
F(A,B,C,D)
Então encontremos a função que é dada por
ABCD  ABCD  ABCD  ABC D que simplificada resulta na expressão:

F ( A, B, C , D )  AC D  ABC (2.2)

A B C D

Esta implementação da função F mesmo simplificada consome 27 pinos _


E que implementada resulta F F
de circuitos integrados, onde estão encapsuladas as portas
no circuito ao lado

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0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F 0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F
A figura anterior mostra a implementação da função (2.1) através do 1. Assumindo que já não temos OR para tirar dela a nossa função,
seu complementar em (2.2). Esta implementação consome desta vez 17 acabamos percebendo que ela sairá duma saída negada.
pinos de circuitos integrados. Isto representa um ganho económico. 2. Como não queremos implementar a função onde ela não existe,
A implementação das funções via complemento é também útil nos então neguemos a saída negada para voltarmos à origem.
casos em que não temos portas com saídas no modo afirmativo. Na
prática a maior parte dos circuitos lógicos encapsulados nos circuitos 0.1. Depois aplicamos DeMorgan até vermos as portas NAND e NOR
integrados têm as saídas na forma negada em virtude de as portas a produzirem a função.
básicas serem NAND e NOR. Seja dada a função
4. As inversoras são facilmente produzidas pelas NAND e NOR,
bastando ligar todas as entradas à variável a negar (com efeito se
F ( A, B, C , D)  AC D  ABC (2.3) aplicar DeMorgam pode demostrar facilmente isto)
Acompanhemos a seguir as transformações indicadas:
e se tivermos que implementá-la apenas com portas NAND e NOR
devemos proceder do seguinte modo. AC D  ABC  AC D  ABC (2.4)
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0.1.2 Implementação de Funções Lógicas via ~F


Aplicando DeMorgan ao membro direito da expressão (2.4) vem:

AC D  ABC  AC D. ABC (2.5)

Donde se vê que há duas NAND que operam as variáveis na origem e


outra NAND que opera as outras NAND.
Contudo é preciso produzir antes o complementar de A e de C.
Finalmente temos:

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0.1.3 Codificador e descodificador EXEMPLO 2.1
0.1.3 Codificador e descodificador
Projectar um descodificador que converte o código BCD8421 no
Etapas para o desenvolvimento dum descodificador codigo decimal
A construção do descodificador segue a seguintes etapas: A B C D S9 S8 S7 S6 S5 S4 S3 S2 S1 S0

a) Na entrada temos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

4 bit para 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

codificação 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
a) Determinar quantos bits são necessários para realizar o BCD8421. Na
0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
código original e o final saída precisamos 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
de 10 variáveis 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
b) Elaborar uma tabela de correspondência, linha a linha, entre para representar 0 1 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
o código original e o final cada um dígitos 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
decimais 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
c) Considerar cada bit do código final como uma função de 1 0 1 0 X X X X X X X X X X
todas as variáveis do código de entrada b) Elaborar a tbv 1 0 1 1 X X X X X X X X X X
1 1 0 0 X X X X X X X X X X
d) Aplicar os métodos de construção de circuitos 1 1 0 1 X X X X X X X X X X

combinatórios para implementar cada uma das funções 1 1 1 0 X X X X X X X X X X

identificadas em c) 19
1 1 1 1 X X X X X X X X X X
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.3 Codificador e descodificador 0.1.3 Codificador e descodificador


c) As expressões das funções Si são: d1) Implementação directa das expressões das funções Si:

S 0  ABC D S1  A BC D S 2  ABC D S 3  ABCD S 4  ABC D A


S 5  ABC D S 6  ABC D S 7  ABCD S8  ABC D S 9  ABC D B
C
d) Implemantação
D
Prenchemos os mapas de V-K para melhor visualizar
S0 S1 S2 S3 0 0 1 0
S4 0 0 0 0
1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0
S0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0

S5 S6 S7 S8 0 0 0 0
S9 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0
0 0 0 0
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.3 Codificador e descodificador 0.1.3 Codificador e descodificador


d2) Implementação com don´t care E as expressões das funções Si ficam:
A implementação anterior pode não nos agradar por não ser a mais S 0  ABC D S1  A BC D S 2  BC D S 3  BCD S 4  BC D
económica.
S 5  BC D S 6  BC D S 7  BCD S8  AD S 9  AD
Considerando as combinações acima de 9 como x obtemos e
aproveitando-as para a simplificação temos:
Que implementadas ficam
S0 S1 S2 S3 0 0 1 0
S4 0 0 0 0
1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
0 0 0 0
X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X

0 0 X X 0 0 X X 0 0 X X 0 0 X X 0 0 X X

S5 S6 S7 S8 0 0 0 0
S9 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 1 0 0
X X X X X X X X X X X X X X X X
X X X X
0 0 X X 0 0 X X 1 0 X X 0 1 X X
0 0 X X

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
0.1.3 Codificador e descodificador 0.1.3 Codificador e descodificador
PROBLEMAS CONSTATADOS
1º PROBLEMA: ESTADOS FALSOS
A
Embora o circuito da figura anterior seja mais económico tem um
a)
problema grave: É que basta que A=1 e D=1 para que S9 seja activo. B colocação do Strob
Pois então, o S9 ficará activo mesmo que o código à entrada seja C
DESCODIFICADOR a) À entrada
1111. E esta combinação não corresponde a 9! b) À saída
D

Para evitar os estados falsos deve-se incluir na simplificação Strob S0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9


apenas os termos em que a função realmente existe.

2º PROBLEMA: RUIDO A

Na transição, por exemplo, de 0111 para 1000 sucede que as 4 B


b)
variáveis nunca mudam ao mesmo tempo. Suponha que muda DESCODIFICADOR

primeiro a D. Nessa altura teremos a combinação 0110 que é 6! O C

descodificador irá mostrar momentaneamente esse 0.3. D


Strob
Para evitar o ruido introduz-se à entrada ou à saída um sinal
chamado STROB como se mostra na figura seguinte. Este sinal S0 S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9
inabilita as entradas ou saídas até que atinjam o equilíbrio. 25 26
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores


Multiplex é um circuito composto por várias entradas todas
concorrentes para uma mesma saída.
Para que a informação das diversas entradas não entre em conflito
na saída, o mux tem ainda as entradas de seleção, que escolhem
qual entrada passa, pela única saída, em cada instante.

Conclui-se daqui que a informação é distribuida temporariamente


na saída do mux
O elemento chave no mux é o gerador de produtos canónicos ao
qual se associa uma porta OR para encaminhar as entradas numa
única saída.
Seja dada uma porta AND de duas entradas, em que uma está
ligada a C0 e outra à P0

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores 0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores


Se P0 =0 a saída S será sempre 0 Já em T0 observaremos 0 se C0 for Low e 1 se C0 for High.
independente de C0. Como o 0 é neutro na soma, o que observarmos em S saberemos
que corresponde ao que existe em T0
Do mesmo modo se activarmos em 1 apenas P1 o que for
Se P0 =1 a saída S depende do valor de C0 . Deste modo conseguimos observado em S corresponde à C1
um circuito que pode vedar ou desvendar a passagem do sinal C0. Ao
sinal C0 chama-se Canal e P0 Linha de Seleção O perigo reside na possibilidade de activar mais do que um Pi,
Suponha agora que tem 4 canais por controlar. Pretende que alcancem pois se tal for, não saberemos se o valor em S pertence à que
um a um a saída S. Então montaria o circuito seguinte: porta aberta pela linha de seleção
A chave para resolver este problema é produzir as linhas de
seleção através dum Gerador de Produtos Canônicos (GPC). A
Se colocarmos P0 em High figura seguinte mostra um gpc de 4 produtos com o qual pode-
enquanto P1 , P2 e P3 em Low, se construir um mux de 4 canais de entrada e 1 de saída: MUX
observaremos Low em T1 , T2 e 4x1
T3 , de certeza.

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores 0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores
Para cada combinação das variáveis A e B apenas O circuito Multiplex pode ser

P3
uma porta AND estará com a saída em 1. abreviado como mostra a
P2
Na verdade o gpc é um descodifcador n para 2n figura ao lado, representando
P1 uma economia de portas.
Quando A=B=0 as portas P1 a P3 terão pelo O símbolo do Mux está na
menos uma entrada em Low e
P0

figura abaixo. As entradas AB


consequentemente a saída irá para Low. chamam-se entradas de
Apenas P0 vai ter à entrada a combinação que Seleção.
A
B

permite que vá ao estado 1. As entradas Ci chamam-se


C3 canais
P3
C2 C3
Usemos o GPC para construir o
C2
circuito da figura ao lado. Os C1
P2

sinais Ci só serão repetidos na C1 MUX


4x1 S
saída S quando o respectivo C0
P1 C0

produto canônico for igual a 1. P0


Desta forma construímos um Sel

Mux 4x1 31 32
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
A
B

0.1.4. Multiplexadores e demultiplexadores


DeMultiplex é um circuito composto por uma entrada que é
orientada para várias saídas a que se chamam canais.
Este circuito faz exactamente o inverso do Mux. Uma vez os
dados convertidos pelo Mux para caminharem numa linha, o
DeMux faz a recuperação dos sinais e os distribui pelos canais
respectivos.
C
O sinal em In será bloqueado em
todos os canais cujo produto
3

C canônico seja nulo.


2
In
Ci imitará In se as respectivas
C
entrada de seleção estiverem em 1.
1

C0
A
B

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.5. Somadores e subtractores 0.1.5. Somadores e subtractores


Um circuito muito utilizado nos circuito digitais é o somador. O
somador é usado para realizar a operação de adição de numero O somador completo tem, pois, este cuidado e a sua tabela de
binários. O circuito mais simples para somar é o meio-somador verdade é:
Onde Ci é o Co vindo de fora (“vem-1”).
O meio somador apenas opera 2 bits e gera o bit da soma e o “vai- CiAB S Co Da tabela vem S=Ci⊕A⊕B e
1”. Assim a tabela de verdade do meio somador é: 000 0 0
Co=AB+CiB+CiA
001 1 0
AB S Co
Onde A é um dos bits a somar e B o 010 1 0
outro; S é a soma dos dois bits e Co o 011 0 1
00 0 0
“vai-1”. 100 1 0
01 1 0
Da tabela vemos facilmente que S=A⊕B 101 0 1
10 1 0 e Co=AB
11 0 1 110 0 1
111 1 1 36

TPC: PROCURAR INFORMAÇÃO ADICIONAL SOBRE:


1. SUBTRATORES
35 2. SOMADOR/SUTRATOR PARALELO
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
3. SOMADOR/SUBTRATOS SERIAL
0.1.6. Comparadores
Em diversas ocasiões há necessidade de comparar números para
determinar qual deles é maior. Da mesma forma que nos
somadores, nos comparadores podemos encontrar o meio-
comparador e o comparador completo.
O primeiro compara dois bits e sinaliza qual deles é maior e
quando são iguais. Sejam A e B os bits a comparar; M o sinal de
saída que indica que A>B e I para indicar que A=B. A tbv fica:
AB M I Donde tiramos as expressões de M e I
00 0 1 assim:
01 0 0 M  AB
10 1 0
11 0 1 I  A B

37 38
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.1.6. Comparadores 0.1.6. Comparadores


Da mesma forma que no somador, em praticamente todas as Donde extraímos as expressões de M e I:
ocasiões nos deparamos com a comparação de números com mais
de 1 bit cada. Neste caso, ao fazer a comparação temos que M  M i  I i AB
observar primeiro se a comparação dos bits mais significativos
não decidiu já qual dos números é maior. I  Ii A  B
Assim o comparador completo fica com a tbv assim:
MiIiAB M I MiIiAB M I
Onde Mi e Ii
é a
0000 0 0 1000 1 0 indicação,
0001 0 0 1001 1 0 respectivame
0010 0 0 1010 1 0 nte, de que a
comparação
0011 0 0 1011 1 0
anterior é
0100 0 1 1100 X X Maior ou
0101 0 0 1101 X X Igual
0110 1 0 1110 X X
0111 0 1 1111 X X
39 40
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

060818

Capítulo 0.2

Circuitos
Sequenciais
41 42
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08
Características Básicas do Flip-Flop Características Básicas do Flip-Flop
A parte fundamental no circuito sequencial é o elemento de memória. CARACTERISTICAS FUNCIONAIS
É necessário que de alguma maneira consigamos reter o estado actual 1) a entrada J, quando activa(nível 1), força a saída Q a ficar activa(nível 1)
do circuito para usá-lo no futuro 2) a entrada K, quando activa, força a saída Q a ficar inactiva (nível 0)
Se tivermos em conta que estamos a falar de circuitos electrónicos 3) se a duas entradas estiverem inactivas nada sucede com a saída Q
temos que saber que fixar um estado é conservar o nível lógico 0
(normalmente 0V) ou o nível lógico 1(Normalmente 5V, 12V ou 18V) 4) se ambas entradas estiverem activas, forçam a saída Q a mudar de estado
Há vários elementos de memória. Mas o mais importante é um 5) As saídas Q e ^Q reagem às entradas J e K quando o sinal de controle for
elemento sequencial elementar denominado Flip-flop ou biestável que activo
tem as seguintes características: 6) a entrada Pr, quando activa, força a saída Q a ficar activa(nível 1)
independentemente das entradas J e K
CARACTERISTICAS FÍSICAS
7) a entrada Clr, quando activa, força a saída Q a ficar inactiva(nível 0)
1) Tem duas entradas principais J e K independentemente das entradas J e K
2) Tem uma entrada de controle Ck
RESTRIÇÕES
3) Tem duas entradas prioritárias Pr e Clr 1) As saídas devem ser sempre complementares
4) Tem duas saídas complementares Q e ^Q 2) As entradas prioritárias não devem ser activas em simultâneo
43 44
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

Características Básicas do Flip-Flop 0.2.1.5 Flip-Flop JK configurado em D e T


Quando as entradas J e K forem montadas de tal modo que são sempre
complementares, formamos o flip-flop do tipo D que é apenas um
conservador de dados

J Pr Q D Pr Q

Ck Ck
_ _
K Clr Q Clr Q

a) b)

Quando as entradas J e K forem montadas de tal modo que são sempre


O desenvolvimento deste dispositivo começou pelo latch SR, passou iguais, formamos o flip-flop do tipo T que muda de estado sempre de
pelo JK-simples até ao JK-ME ocorre uma transição de Ck e T=1

J Pr Q T Pr Q

Ck Ck
_ _
K Clr Q Clr Q

a) b)

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.2.2. Contadores
Contador é qualquer circuito sequencial cujas saídas mudam a cada
comando de Ck respeitando um sequência predeterminada.
As saídas que se tomam na determinação da sequencia são
exactamente as variáveis de estado que são as saídas dos flip-flops.
TIPIFICAÇÃO DOS CONTADORES

A. QUANTO À LIGAÇÃO DO CK
Um contador é um CS que pode ser assíncrono ou síncrono,
conforme o estabelecido no Sub-Capítulo 5.4
 Contadores assíncronos é uma classe de contadores em que o sinal
principal de Ck afecta um fli-flop. O sinal é propagado pelos
restantes flip-flop pelo efeito dominó, ou seja, cada flip-flop passa
em diante o sinal.

 Contadores Síncronos é uma classe de contadores nos quais o


comando de Ck age em simultâneo em todos os flip-flops.
47 48
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
0.2.2. Contadores 0.2.2. Contadores
B. QUANTO AO TIPO DE CONTAGEM D. QUANTO AO SENTIDO
 Binários quando contam na sequência binária natural.
Normalmente eles tem n bits e contam 2n estados.  Crescentes quando realizam um contagem numérica em que cada
estado representa um número maior que o do estado anterior
 Não-binários quando contam em qualquer sequência pre-  Decrescentes quando realizam um contagem numérica em que cada
estabelecida estado representa um número menor que o do estado anterior

C. QUANTO À FORMA DE INICIAÇÃO  Bi-direcionais quando um mesmo contador pode ser tanto crescente
 Auto-iniciados ou auto-correctores quando automaticamente como decrescente
entram na sequência correcta caso calhem fora dela. Esta falha
normalmente sucede na altura da ligação da fonte de alimentação e
em situação de interferência E. QUANTO AO TIPO DE SEQUÊNCIA
 Cíclicos quando contam numa sequência sem fim, isto é, quando
 Não auto-iniciados ou forçados quando precisam dum estímulo chegam ao último estado regressam à primeira
externo para entrarem numa sequência
 Acíclicos quando contam e páram no último estado
49 50
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.2.2.1. Contadores Assíncronos 0.2.2.1. Contadores Assíncronos


VANTAGENS DOS CONTADORES ASSÍNCRONOS
 Simples de realizar para contagem em binário natural
 Baratos dado que exigem poucos componentes

DESVANTAGENS DOS CONTADORES ASSÍNCRONOS


 Não são práticos para contagens de qualquer sequência
 Lentos. A frequência de Ck deve ter em conta o tempo de atraso
em toda a cadeia
Os flip-flops estão montados na configuração T e como as suas
 Forte efeito de trepidação
entradas estão ligadas ao nível 1, sempre que acontecer uma transição
útil de Ck, irão mudar o estado de Q.

Por outro lado, como apenas um está ligado ao Ck externo, apenas


este irá obedecer a este comando imediatamente. Os restantes
aguardam o comando nos seus Ck respectivos que vem do ^Q do flip-
flop anterior.

51 52
ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.2.2.2. Contadores Síncronos 0.2.2.2. Contadores Síncronos


Contadores Síncronos é uma classe de contadores nos quais o PROJECTO DUM CONTADOR SÍNCRONO
comando de Ck age em simultâneo em todos os flip-flops. EXEMPLO 0.2.1:
PROJECTAR UM CONTADOR SÍNCRONO, CÍCLICO, QUE
VANTAGENS DOS CONTADORES SÍNCRONOS REALIZA A CONTAGEM DE 0 À 9 NA FORMA CRESCENTE.
 Realizam qualquer sequência O projecto simplificado dum contador síncrono usa também flip-flops
 Reduzem o efeito da trepidação do tipo T e segue algumas etapas que facilitam o desenho final do
 São fáceis de projectar para qualquer sequência circuito:
1. Determinar a sequência a realizar e com isso as variáveis
intervenientes (entrada e de estado)
DESVANTAGENS DOS CONTADORES SÍNCRONOS 2. Elaborar uma tabela de estados, em que aparece a combinação
 Consomem mais recursos na sua construção actual e a seguinte.
 São sensíveis a desfasamentos do sinal de Ck 3. Verificar que estados actuais precedem estados em que um dado
flip-flop terá mudado de estado. Aqueles estados são usados para
definir o valor 1 da entrada T do flip-flop.
4. Encontrar dessa observação as equações de entradas dos flip-flops
5. Simplificar as expressões encontradas
6. Implementar o circuito
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
0.2.2.2. Contadores Síncronos 0.2.2.2. Contadores Síncronos
Voltando ao EXEMPLO proposto seguimos para o passo 1: Passo 3. Observando a tabela anterior vemos que:
1. A variável A muda de estado quando se está nos estados 0111 e
Como o contador conta de 0 à 9 e é cíclico então a sequência será: 1001
0, 1, 2, ..., 9, 0…
2. A variável B muda de estado quando se está nos estados 0011 e
Passo 2: como conta de 0 à 9 e não tem variáveis de entrada 0111
usaremos apenas as de estado que devem ser 4 (A, B, C e D) para
codificar 10 estados 3. A variável C muda de estado quando se está nos estados 0001,
0011, 0101 e 0111
A 0B 0 C 0 D 0 A 1B 1C 1 D 1 A 0B 0C 0D 0 A 1B 1C 1D 1 4. A variável D muda de estado quando se está nos estados 0000,
0000 0001 0110 0111 0010, …, 1001, ou seja, está sempre a mudar de estado.
0001 0010 0111 1000 Passo 4 e 5. Das ilações tiradas do passo 3 vem (considerando X as
0010 0011 1000 1001 combinações 10 à 15):
0011 0100 1001 0000 TA  ABCD  A BC D  BCD  AD
0100 0101
TB  A BCD  ABCD  ACD
0101 0110
TC  ABC D  ABCD  ABC D  ABCD  AD
TD   m(0,1,2,3,4,5,6,7,8,9)  1
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.2.2.2. Contadores Síncronos 0.2.2.3. Contadores Auto-iniciados


Passo 0.3. Implementar o circuito O contador anterior embora bem projectado, tem uma anomalia.
Verifique como é que se comportaria se ao ligar a fonte entrasse num
estado acima de 9. É provável que ele nunca entre na sequência, dando
a impressão de que há algum erro.

Este problema resolve-se com os contadores inicializados: Auto


iniciados ou forçados.
A inicialização consiste em forçar os flip-flops a irem para um
estado pré-determinado. Isto é feito através das entradas prioritárias.

Existem 3 modos de auto-inicialização:


a) Ao ligar a fonte de alimentação
b) Ao atingir um estado crítico
c) Ao cair num estado falso

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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I

0.2.2.3. Contadores Auto-iniciados 0.2.2.3. Contadores Auto-iniciados


AUTO-INICIALIZAÇÃO PELA FONTE AUTO-INICIALIZAÇÃO PELO ESTADO CRÍTICO
Esta é feita pela ligação dum circuito que ao se ligar a fonte de Esta é feita normalmente nos contadores crescentes ou decrescentes.
alimentação impoe por certo tempo (curto) uma condição nas Consiste na detecção do estado a seguir ao último estado da
entradas prioritárias sequência. A detecção pode ser feita através dum minitermo ou
maxtermo.
A saída do circuito detector é ligada às entradas prioritárias de
acordo com o estado seguinte que se pretende.

AUTO-INICIALIZAÇÃO AO CAIR EM ESTADOS FALSO


Quando um contador não esgota todas as combinações possíveis
para o numero de bits, existirão estados fora da sequência (estados
falsos). É possível remeter o contador a qualquer estado da
sequência através da previsão de transições adequadas que levam o
contador a entrar rapidamente na sequência.
Ao ligar a fonte de alimentação o condensador entra em curto-circuito
instantâneo injectando o nível 0 no circuito. Passado algum tempo Consolidarems estes conceitos nas aulas práticas.
carrega e injecta 1 que permanecerá até desligar-se o circuito.
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ABC UEM - Digital I ABC UEM - Digital I
Considerações Finais Sobre Contadores
1. Estados falsos
São os estados fora da sequência quando um contador de n bits não
esgota todas as 2n combinações. Para evitar os estados falsos o
contador deve ser auto-iniciado
2. Uso de dont care
O uso dos X implica que o contador está autorizado a passar pelos
estados com X. Embora o uso dos X ajude na simplificação há o
perigo de o CNT perder tempo a flutuar pelo estados falsos.
Para minimizar o efeito nefasto dos X, o CNT deve ser auto-
iniciado.
3. Módulo dum Contador
Um contador é de módulo m se na sua sequência tem m estados.

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I

0.2.3.1. Registo SISO 0.2.3.1. Registo SISO


Registos são circuitos lógicos sequenciais construídos por flip-flops Como o objectivo deste circuito é transferir o dado que existe na
com propósito de manipular a posição de bits entrada do flip-flop para a saida, a montagem a realizar deve ser a que
permite que se execute a 2ª e 3ª linhas da tbv do JK.
Registos são também usados como elementos de memórias onde
conservam-se inertes os dados até que ocorra um impulso de ck que
os movimenta conforme o tipo de registo. Quer isto dizer que é usado o flip-flop JK na configuração D.
O primeiro registo que analisaremos tem os dados a serem
introduzidos através dum flip-flop a cada impulso de ck. Deste flip-
flop são transferidos para o seguinte e deste para diante.
Enquanto o sinal de ck activar o registo, os bits são deslocados até
atingirem o último e saem um a um
Como os dados são introduzidos um a um e saem também um a um Suponha que no início todos os ff estão em 0. Coloquemos à entrada
no outro extremo, o registo diz-se SISO – Serial In – Serial Out o bit 1 e depois activemos o Ck. Esta acção faz com que o 0 que
(Entrada Serial – Saída Serial). São registos usados na transmissão esteve em C passe para a saída, o que estava em B para C e o que
serial, onde há necessidade de conservação temporária de dados estava em A passe para B
Finalmente o bit 1 que estava à espera em J e K do primeiro flip-flop
passa para A.
63 64
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08

0.2.3.1. Registo SISO 0.2.3.2. Registo SIPO


Voltemos a colocar 0 na entrada e de seguida activamos o Ck. Esta Em algumas ocasiões ligamos equipamentos que tratam o transporte
acção move o 0 em C para a saída, o que está em B para C e o 1 em A de informação de modo diferenciado.
para B. A tabela a seguir ilustra isso Se o equipamento emissor trata a informação de modo serial, ele
Entrada Ck A B C Saida disponibiliza à sua saída os dados bit a bit. Tem apenas um ponto de
acesso ao exterior.
1 ↓ 1 0 0 0
0 ↓ 0 1 0 0 O receptor processa a informação de modo paralelo de modo que
0 ↓ 0 0 1 0 tem na sua entrada n pontos de acesso e necessita de receber todos
os bits ao mesmo tempo
0 ↓ 0 0 0 1
O registo Serial In-Parallel Out(Entrada Serial-Saída Paralela) faz a
Verificamos da tabela de verdade que houve um deslocamento dum 1 conversão dos dados seriais em dados paralelos
da entrada para a saída. Na verdade houve também deslocação dos 0
que sempre estiveram presente dentro e na entrada do registo.

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08
0.2.3.2. Registo SIPO 0.2.3.3. Registo PISO
Imagine que um equipamento que recebe os dados em paralelo precisa
Analisemos o circuito da Figura anterior de devolver os dados para o ambiente em que os dados são tratados de
Inicialmente colocamos o sinal Hab(habilitador) no nível lógico 0, modo serial.
de modo que as portas AND bloqueiem as saídas dos flip-flops Para conseguir ligar os dois ambientes devemos converter dados
paralelos em seriais. Para tal usamos o circuito do Registo PISO –
Com o Hab=0, o registo por baixo funciona como um SISO visto Parallel In – Serial Out (Entrada Paralela – Saída Paralelo)
antes. Após 4 impulsos de Ck os dados que se pretendem introduzir
ocupam os seus lugares dentro do registo.

Após os 4 impulsos de Ck, habilitamos a saída do registo colocando a Hab


entrada Hab no nível lógico 1. Nessa altura todos os bits residente nos
pinos Q dos flip-flop passam para a saída.

Deste modo foi feita a conversão de dados que chegaram em série


para saírem em paralelo. Ck

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08

0.2.3.3. Registo PISO 0.2.3.4. Registo PIPO


O funcionamento do registo é dividido, como no SIPO, em 2 Momentos existem em que pretendemos ligar dois sistemas que tratam
momentos: o da introdução e o da extracção a informação de modo paralelo mas por qualquer motivo (como
diferenças de velocidade ou simplesmente a necessidade de retenção)
No momento de introdução colocam-se os dados em Di e passa-se o precisamos de reter os dados por algum momento
habilitador para 1. Nessa altura os dados entram nos flip-flops
independentemente do sinal de Ck. Para conseguirmos isso construímos o registo PIPO – Parallel In –
Se Di=0, a entrada Clr do flip-flop fica em Low e a Pr em High e Parallel Out (Entrada Paralela-Saída Paralela)
com isso limpa-se a saída Q.
Se Di=1, a entrada Pr do flip-flop fica em Low e a Clr em High, A obtenção desse
fazendo com que o Q seja forçado a ir para High circuito consiste na
derivação de acesso
No momento de extracção coloca-se o habilitador em 0. Esta operação paralelo no registo
faz com que ambas entradas Pr e Clr fiquem em 1 tornando-as PISO. Assim que os
inactivas. dados forem
introduzidos podem
Como cada flip-flop tem a entrada ligada à saída do anterior, o ser retirados pela
circuito torna-se um registo SISO saídas Si
No momento de extracção activa-se o Ck e em cada transição deste
os bits deslocam-se para a direita
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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08

140818

Capítulo 0.3

Memórias

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun/08 ABC UEM - Digital I, Fev_Jun
0.3.1 Introdução 0.3.1 Introdução
Nunca teriam sido possíveis os sistemas digitais sem os dispositivos Endereço – é um conjunto de bits que combinados formam um
de memória. Não são só os flip-flops que usamos como dispositivos identificador único da localidade. O tamanho do endereço depende da
básicos de memória. Existem muitos outros dispositivos de memórias quantidade das localidades. Um endereço de n bit pode endereçar 2n
cuja finalidade é conservar dados para uso futuro localidades .
O sequenciamento de operações capitalizado pelos sistemas digitais só CLASSIFICAÇÃO DAS MEMÓRIAS
é possível com recurso a dispositivos de memória, onde são
armazenados os comandos a serem executados uma atrás de outra  Voláteis
Quanto à Conservaçã o 
 Não Voláteis
Memória – é um dispositivo de armazenamento de informação de  Só de Leitura
qualquer natureza. Nos sistemas digitais a informação conservada é Quanto ao Manuseio de dados 
apenas o estado lógico 0 ou 1. As informações são guardadas em  De Escrita e Leitura
locais chamadas localidades. Quanto ao
Sequenciais
Acesso 
 Aleatórios
Localidade – é uma entidade física composta por uma ou várias
células básicas de memória. Esta entidade tem um identificador único.  Estáticas
Localidade é comparável a talhões num bairro com a particularidade Quanto à retenção 
de todos serem iguais em tamanho. Estas localidades são identificadas  Dinâmicas
através dos seus endereços .
73 74
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.1 Introdução 0.3.1 Introdução


Memórias Voláteis perdem a informação armazenada assim que Memória de acesso sequencial tem a informação organizada de tal
perdem a fonte de alimentação. O flip-flop é um exemplo típico deste modo que para aceder a um dado, deve-se passar por todos os dados
tipo de memória. A conservação de dados é feita pela manutenção anteriores. Numa fita magnética, para chegar a um dado deve-se
dum nível de tensão num determinado ponto do circuito bobinar a fita até atingir o local físico onde está a informação desejada
Memória de acesso aleatório tem a informação organizada de tal
Memórias Não voláteis conservam os dados mesmo que não estejam modo que para aceder a um dado basta endereçá-lo. Uma vez mais as
alimentadas. O exemplo disso são as memórias magnéticas e ópticas. memórias feita à base de flip-flop são dianteiras neste aspecto.
Uma vez gravadas as informações não se perdem mesmo que o meio
de transporte físico dos dados seja removido do local donde se gravou Memórias estáticas conseguem reter a informação durante todo o
tempo em que ela é necessária. O flip-flop, a fita, o disco, são casos
deste tipo de memória
Memórias só de leitura são feitas de modo que são gravadas uma
única vez e depois só se pode ler. Um CD-R é um exemplo típico Memórias dinâmicas precisam de serem refrescadas de quando em
vez para não perderem a informação. São à base de condensadores e a
informação é guardada em forma de carga eléctrica. Só que como
Memórias de escrita e leitura permite que a informação seja escrita e estão ligadas a alguma carga vai descarregando através dela. É pois
lidas várias vezes. O flip-flop é o caso mais gritante desta capacidade. necessário que de tempo em tempo volte-se a introduzir o mesmo
Não muda nenhuma propriedade mesmo que seja apagada e escrita dado num processo chamado refrescamento. (a nossa memória deve
nela a informação por milhões de vezes, até à avaria do circuito . ser à base de condensadores!)
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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC

0.3.2 Memória de Escrita/Leitura


0.3.2.1. Construção da Célula Básica
Memória de Escrita/Leitura (Vulgarmente conhecido por RAM -
Random Access Memory) são dispositivos de conservação de acesso
aleatório e de escrita/leitura. São feitos normalmente à base de flip-
flops ou condensadores. Vamos analisar os primeiros
Para escrever ou ler dado
nesta célula é necessário
endereçá-la primeiro. Para
isso, deve-se colocar a linha
End em 1 para habilitar as
portas AND

Para escrever um dado, deve-se colocá-lo na linha Dado para aguardar


em D. A seguir realizar uma transição positiva em HE – Habilitador de
Escrita. Como End =1 então a entrada Ck do flip-flop irá reconhecer a
77 transição positiva de Ck e aceitará o dado em D . 78
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun
0.3.2 Memória de Escrita/Leitura 0.3.2 Memória de Escrita/Leitura
Para ler um dado basta colocar o sinal HL – Habilitador de Leitura no 0.3.2.2. expansão da Memória
nível lógico 1. Isso habilita a porta AND na saída e o dado disponível
em Q passa para S A célula básica de memória tem apenas uma localidade que conserva
apenas 1 bit. No entanto em muitas ocasiões precisamos de armazenar
dados com mais do que um bit e em mais duma localidade e pode ser
As entradas HE e HL podem ser associadas de modo que se revezem representada pelo esquema a seguir:
no funcionamento. X S
A expansão da memória pode ser feita primeiro
pelo aumento de bits por localidade e depois
Normalmente a entrada HE/L fica D 1x1
aumentar a quantidade de localidades. Mas
no nível lógico 0 habilitando a End
também pode ser feita primeiro a expansão de
leitura. Assim, basta activar a localidades de 1 bit e depois o aumento de bits por
linha de endereçamento para localidade.
efectuar a leitura. Quando se
deseja escrever, activa-se a linha
de endereçamento e inverte-se o
estado lógico de HE/L para 1 e
nessa altura há uma transição
positiva de Ck
79 80
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.2 Memória de Escrita/Leitura 0.3.2 Memória de Escrita/Leitura


A. expansão de localidades
B. Expansão de bits
A expansão de localidade implica o aumento da quantidade de
localidades de n bits cada. Uma característica importante na Podemos encapsular o circuito acima para termos uma memória 4x1 a
construção das memórias é que todas as localidades duma dada seguir. Depois usamos esse dispositivo para construir uma memória
memória têm a mesma quantidade de bits, normalmente 8. maior
A expansão de bits implica o aumento da
Construamos uma memória 4x1, isto é, 4 localidades de 1 bit cada. X
mem quantidade de bits por conservar em cada
Para tal montaremos 4 memórias 1x1 como se segue: 4x1 S
localidade. Construamos uma localidade com 4
D
X S End
bits. A Fig. a seguir mostra o esquema duma
memória de 4x4, isto é, 4 localidades de 4 bits.
X
S
X
S
X
S
X
S
Todas as células básicas têm o mesmo endereço e a
D D D D mesma linha de habilitação de escrita e leitura.
End End End End
Contudo como desejamos introduzir um dado de 4
Para endereçar cada bits, estes terão caminhos diferentes em direcção à
End0
localidade faz-se uso do cada célula básica.
End1
gpc gerador de produtos
D
canónicos que activa uma
linha de cada vez de acordo
com as entradas End
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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.2 Memória de Escrita/Leitura


B. Expansão de bits X
S3
S2
S1
S0

X S X S X S X S
4x1 4x1 4x1 4x1
D . D . D . D .
D3
End End End End

D2
D1
D0
End0
End1

Feito isto podemos encapsular X S3


este circuito para termos uma mem S2
MEM 4x4 (4 localidade de 4 bits) D3 4x4 S1
D2 S0
D1
D0 End

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun
0.3.3 Memória de Leitura 0.3.3 Memória de Leitura
Memórias de Leitura (vulgarmente conhecidos por ROM - Read Only 0.3.3.1. Construção da Célula Básica
Memory) são dispositivos de conservação de dados com a
característica de apenas permitirem a leitura de dados já previamente Como na de Leitura pretendemos conservar dados imutáveis não
introduzidos durante a fabricação. precisamos de usar o flip-flop. A célula básica é feita como ilustra a
As Memórias de Leitura subdividem-se em: figura seguinte:
ROM – Read Only Memory. São programadas na fábrica Nesta célula básica é conservada em I um
dado que tanto pode ser igual a 0 ou a 1.
PROM – Programmable ROM. São programadas pelo utente. Mas Sempre que esta célula for endereçada pela
uma vez programadas, com recursos especiais, tornam-se ROM linha de endereço End em S fica disponível
o dado em I.
EPROM – Erasable PROM. São idênticas às PROM mas podem ser
apagadas por meio dum feixe de raios ultravioletas.

EEPROM – Electrical EPROM. São idênticas à EPROM porém são


apagadas electricamente

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ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.3 Memória de Leitura 0.3.3 Memória de Leitura


0.3.3.2. Expansão da Memória B. Expansão de bits
A. Expansão de Localidades
Vamos de seguida construir uma memória 2x2, ie, 2 localidades de 2
Para expandir as localidades e construir uma memória de n localidades bits cada. Para tal temos que conseguir fazer com que um único
de 1 bit, é necessário construir um gpc que endereça exclusivamente endereço seleccione um conjunto de 2 bits ao mesmo tempo. O
cada localidade. À saída todos s bits são reunidas numa porta OR. O circuito a seguir implementa esse efeito.
dado lido na saída desta OR será equivalente à da célula endereçada,
uma vez que as outras extraem o valor 0 e este é neutro na adiç

Quando a linha End=0 a célula


contendo o dado I0 é endereçada. De
contrário é endereçada a célula
contendo o dado I1.
A memória da figura ao lado é 2x1,
ie, 2 localidades de 1 bit.

87 88
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis


Com o desenvolvimento da tecnologia de integração ficou
relativamente mais caro construir CI com apenas algumas portas.
Em muitos casos os projectistas especificam o circuito e, em vez de
construir por portas discretas, é integrado, permitindo assim
incorporar muitos dispositivos.

Mesmo assim fica caro produzir CI para uma aplicação específica,


principalmente se a encomenda for reduzida.
Uma saida é construir células simples que implementam as funções
AND e OR e combinadas geram diversas funções lógicas

Nisto criaram-se os chamados PLD (Programmable Logic Devices) ou


Dipositivos Lógicos Programáveis – DLP. Estes são baseados nos
chamados PLA (programmable Logic Array) ou Matriz Lógica
Programável
89 90
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun
0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis 0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis
A matriz lógica é feita por diodos e resistores montados de modo a Com os circuitos vistos atrás pode-se
realizarem a função AND ou OR. Conectando essas células cria-se a construir a porta AND e a OR.
soma de produtos canónicos representativos da função desejada. Observe a Figura ao lado. A saída S só vai ter
Obseve-se a Figura em baixo. Aplicando o nível 0 em A o diodo o nível lógico High se todos os diodos forem
conduz e em S será observada uma tensão da ordem de 0V ou 0.7V ligados a Vcc ou não conectado. Basta que
que corresponde ao nível de tensão considerada Low. um deles seja colocado em 0 para que S vá
para Low. Este é o comportamento da
Aplicado o nível +Vcc o diodo fica polarizado directamente, no 1º função(porta) AND.
circuito e, inversamente no 2º. Provendo que S esteja ligado a uma
resistência suficientemente grande, a saída ira assumir o valor lógico
High. Já no circuito da figura ao lado a saída S
irá ao nível 1 assim que pelo menos uma
das entradas for colocada em Vcc, o que
representa a função(porta) OR
Suponha que pretende implementar a
função seguinte:
f ( a, b, c)  abc  bc
91 92
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis 0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis

Bastará juntar os circuitos


vistaos atrás, formando o
PLA e montar o circuito ao
lado.

 abc  bc

abc bc

O PLA pode ser programada pelo utilizador. Para que isso seja
possível ele é fabricado munido de fusíveis como mostra o circuito
a seguir. Para programar basta quebrar o fusível conforme a função
As matrizes AND e OR podem ser simbolicamente representadas desejada, como se ilustra igualmente nessa figura.
como se segue:

93 94
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

0.3.4. Dispositivos Lógicos Programáveis


PLA
virgem

PLA
programado

95
ABC UEM - Digital I, Fev_Jun

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