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XVII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

Método não Invasivo para Estimativa da Temperatura Interna de


Transformadores de Distribuição a Óleo.

Mirelle Aparecida de Aguar1, Ronimack Trajano de Souza2

RESUMO
Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre o monitoramento de
transformadores, com destaque para a avaliação da temperatura como parâmetro de
monitoramento. E também, este trabalho realiza a análise de dados obtidos durante
os ensaios com um transformador de 45 kVA. As técnicas de monitoramento
analisadas foram o cálculo e supervisão em tempo real da temperatura em alguns
pontos do transformador, para dois níveis de carregamento, avaliação da
distribuição de perdas no transformador, seu aumento de temperatura no ponto
quente e a perda de vida útil correspondente do transformador. Os embasamentos
técnicos obtidos a partir dos trabalhos estudados possibilitaram avaliar a aplicação
de técnicas de monitoramento de temperaturas em transformadores de distribuição,
as quais poderão auxiliar no projeto e monitoramento de transformadores,
possibilitando estimar a temperatura interna do transformador com precisão,
permitindo que as concessionárias possam estabelecer proporcionar uma estimativa
da vida útil do transformador, aumentando assim a confiabilidade operacional do
sistema de distribuição.

Palavras-chave: Temperatura do ponto quente; Envelhecimento do transformador;


Monitoramento do transformador; Correntes harmônicas; Perdas.

1
Graduanda em Engenharia Elétrica, Departamento de Engenharia Elétrica, UFCG, Campina Grande, PB, e-mail:
mirelle.aguiar@ee.ufcg.edu.br
2
Engenharia Elétrica, Professor Doutor, Departamento de Engenharia Elétrica, UFCG, Campina Grande, PB, e-
mail: ronimack@dee.ufcg.edu.br
APPLICATION OF LIFETIME FORECASTING TECHNIQUES OF METAL OXIDE
SURGE ARRESTERS.

ABSTRACT
This paper presents a bibliographic review on the monitoring of transformers, with
emphasis on the evaluation of temperature as a monitoring parameter. The
monitoring techniques analyzed were the calculation and supervision in real time of
the temperature in some points of the transformer, for different levels of loading,
evaluation of the distribution of losses in the transformer, its increase in temperature
in the hot spot and the corresponding loss of life of the transformer. transformer. The
technical bases obtained from the studies studied will provide subsidies for
evaluating the application of temperature monitoring techniques in distribution
transformers, which can assist in the design and monitoring of transformers, making
it possible to estimate the internal temperature of the transformer with precision,
allowing the concessionaires can establish providing an estimate of the life of the
transformer, thus increasing the operational reliability of the distribution system.
Keywords: Hottest spot temperature; Transformer aging; Transformer monitoring;
Harmonic currents; Losses.
1 INTRODUÇÃO
A energia elétrica é essencial para o desenvolvimento das sociedades atuais.
Ela pode ser convertida para gerar luz, força para movimentar motores e fazer
funcionar diversos equipamentos elétricos e eletrônicos presentes nas nossas casas
(computador, geladeira, micro-ondas, chuveiro, entre outros). A possível falta desse
bem de consumo traria graves problemas à população como um todo, ocasionando
perdas em todas as esferas da sociedade, como o setor industrial, o comércio em
geral e as comunidades urbanas e rurais.
Tomando como exemplo o setor industrial, a falta de energia elétrica provoca
perdas de insumos e de dados armazenados em computadores caso não haja
geradores reserva, horas paradas, horas extras de colaboradores para cobrir o
tempo inativo, custos de vendas não realizadas, logísticas e entregas
comprometidas e diversas perdas que estão direta ou indiretamente relacionadas
com a falta de energia elétrica.
O sistema de fornecimento de energia elétrica pode ser dividido em três
etapas fundamentais, a geração, a transmissão e a distribuição. Na geração, sendo
uma exceção a geração solar, ocorre a transformação da energia mecânica em
energia elétrica, que pode ser transformada a partir de diversas fontes, normalmente
essa etapa está localizada em regiões distantes dos grandes centros (ELETROMAX,
2020).
Como dito anteriormente, as fontes de geração de energia ficam distantes, e
por isso é necessário enviar essa energia através das linhas de transmissão. Ainda
na etapa da geração, existe uma subestação elevadora que possui a função de
elevar as tensões até níveis de 138 kV, 230 kV, 500 kV, entre outros, cujo objetivo é
possibilitar a adoção de condutores de menor seção e/ou reduzir as perdas, o que
diminui o impacto econômico e simplifica as estruturas mecânicas do sistema. Ao
chegar à área consumidora, haverá uma subestação abaixadora que levará o nível
de tensão a valores na ordem de 34,5 kV ou para níveis menores como 13,8 kV, e
estes serão enviados as linhas de distribuição (ELETROMAX, 2020).
Assim, a energia elétrica é distribuída para os transformadores localizados
nas proximidades das unidades consumidoras, onde finalmente após um novo
rebaixamento as tensões chegam a níveis de 380/220 V ou 220/127 V geralmente,
finalizando dessa forma, o processo de fornecimento de energia elétrica.

3
O sistema de fornecimento de energia elétrica da forma que é feito hoje, só é
possível, graças aos transformadores que conseguem adequar os níveis das
tensões que estão sendo transmitidas e distribuídas. Os transformadores
eletromagnéticos são equipamentos de operação estática que por meio de indução
transferem energia de um circuito primário para um ou mais circuitos, sendo mantida
a mesma frequência, porém com tensões e correntes diferentes (FILHO, 2005).
Considerando que uma possível falha pode provocar a interrupção da energia
elétrica para as residências de uma determinada área, prejudicando também os
índices de continuidade da concessionária, o monitoramento dos transformadores é
essencial para reduzir as interrupções de energia elétrica.
A grande maioria das concessionárias de energia elétrica nacionais,
normalmente, não considera as falhas em transformadores de distribuição como um
problema relevante do ponto de vista financeiro, visto que, qualquer medida
preventiva para abrandar o problema dentro da realidade atual pode ser mais
onerosa que a própria troca do equipamento (FERREIRA, 2013).
O tempo de vida útil dos transformadores de distribuição pode estar ligado à
diversos fatores, como o carregamento acima de sua capacidade nominal, cargas
desbalanceadas, equipamentos mal projetados, sobretensões internas e externas,
sistemas de proteção inadequados, entre outros. Muitos desses aspectos vêm
sendo ignorados, provocando uma significativa redução do tempo de vida do
equipamento (FERREIRA, 2013).
Um aspecto essencial que limita a capacidade de carga e o tempo de vida útil
de um transformador de distribuição isolado com óleo, é a temperatura máxima na
área do enrolamento, a “área de ponto quente” como é conhecida. Isso acontece
porque a principal atividade que estabelece o envelhecimento do transformador é o
processo químico ativado termicamente, o que prejudica a isolação da área do ponto
quente do enrolamento (FERREIRA, 2013).
A falha em um transformador pode ocasionar desde problemas de qualidade
de energia elétrica a interrupções no fornecimento de energia elétrica.
O termo “Qualidade de Energia Elétrica” está relacionado com qualquer
desvio que possa ocorrer na magnitude, forma de onda ou frequência da tensão
e/ou corrente. Esta designação também se aplica as interrupções de natureza
permanente ou transitória, que afetam o desempenho da transmissão, distribuição e

4
utilização da energia elétrica. Este assunto atualmente tem despertado cada vez
mais o interesse por parte das concessionárias, consumidores e pesquisadores
(GUEDES, 2006).
O transformador também é submetido às distorções harmônicas oriundas da
não-linearidade das correntes drenadas por muitas cargas ligadas ao sistema atual,
podendo estes ser encontrados em ambientes residenciais, comerciais e
principalmente nos industriais. Devido à grande diversidade de equipamentos com
características não-lineares supridas pelo sistema elétrico, pode-se dizer que
atualmente é quase impossível encontrar transformadores operando em ambientes
com processamento de formas de onda puramente senoidais.

2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
A pesquisa proposta tem como objetivo avaliar a correlação entre o nível de
carregamento de transformadores de distribuição e a temperatura do tanque e dos
componentes internos.
2.2 Objetivos específicos
• Avaliar a correlação entre as temperaturas internas e a temperatura da
carcaça do transformador;
• Avaliar a correlação entre as perdas internas do transformador e
temperatura do óleo;
• Avaliar a correlação entre as perdas internas do transformador e os
harmônicos da rede de alimentação.

3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento da pesquisa, é proposta uma metodologia dividida
em três etapas, conforme mostrado no fluxograma abaixo.
Primeiramente, foi feita uma pesquisa de preparação para que pudessem ser
feitos os ensaios em transformadores de forma correta, através de normas da ABNT.
Além disso, foi feito o levantamento dos equipamentos e dispositivos disponíveis no
Laboratório de Alta Tensão da UFCG para a realização dos ensaios.
Na segunda etapa, os ensaios foram realizados e os dados foram coletados
para posterior análise.

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Na última etapa, por fim, é feito um estudo dos dados obtidos através dos
ensaios para assim investigar o funcionamento do transformador, a partir do seu
comportamento térmico.
Não foi possível realizar todos os ensaios necessários para realizar a análise
pretendida no projeto, pois o transformador de 15 kVA que seria utilizado nos
ensaiosapresentou falha na carcaça, com vazamento de óleo e ruptura de um dos
enrolamento, não sendo possível a sua recuperação no decorrer deste projeto, o
que impossibilitou que se realizassem os testes pretendidos e relatados no relatório
parcial.

3.1 Levantamento bibliográfico


Avalia-se que mais de 40% da soma de todas as perdas na rede de
distribuição correspondem aos transformadores, cujas perdas são classificadas
como perdas em vazio e as perdas sobrecarga.
Uma das principais causas de danos em transformadores de distribuição é a
sobrecarga, ou seja, utilizar o equipamento para fornecer uma carga de potência
além da sua capacidade nominal. Ainda que as isolações elétricas dos
transformadores são capazes de suportar esse ciclo de carregamento, é necessário
considerar que o fator do envelhecimento precoce facilita as falhas de isolação e
minimiza o tempo de vida útil do equipamento (FERREIRA,2013).
A prática de sobrecarregamento de transformadores de distribuição é comum,
não apenas no Brasil, e permitida pelas normas técnicas como um mecanismo de
maximização do retorno de capital. Para projetos de novas redes de distribuição de
energia elétrica, as normas da concessionária de energia da região de implantação
devem ser consultadas para conhecer qual é o carregamento máximo admitido para
o dimensionamento do transformador.
A perda de vida útil do transformador é definida tendo em vista o seu perfil de
temperatura, este que é fruto do carregamento imposto. A perda de vida útil
econômica é obtida em função do fator de energia consumida, das taxas de juros
aplicadas e do preço de compra, sendo analisado por meio do tempo de retorno do
investimento (FERREIRA, 2013).
A expectativa de vida destes equipamentos é um aspecto complexo de
constatar, isto em virtude da complexidade e variedade das suas configurações e

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das diversas possíveis razões de falhas associadas. Normativamente, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (1997) prescreve que o tempo de vida útil
dos transformadores está relacionado com o desgaste do papel isolante presente
em seus enrolamentos, sendo este danificado pela temperatura de operação e por
falhas, quando da presença de água, oxigênio e ácidos.
A temperatura é, consequentemente, um parâmetro imprescindível para a
avaliação do rendimento dos transformadores, no entanto, acontecem limitações
quanto a medição de temperaturas, visto que, é difícil se obter sinais térmicos dos
enrolamentos confiáveis a baixo custo, devido aos desafios de instrumentação do
processo.
Os limites de temperaturas de transformadores em funcionamento normal são
determinados por classes, aqui no Brasil a norma NBR 5356/2007 estabelece uma
classificação dos transformadores de acordo com suas características térmicas de
operação, e assim os dividiu em 2 classes distintas:

 Classe 55 °C: são os transformadores cujo aumento da temperatura média


dos enrolamentos, não deve exceder a temperatura ambiente em 55 °C, e
cujo aumento de temperatura do ponto mais quente do enrolamento, não
deve ultrapassar a temperatura ambiente em mais de 65 °C;
 Classe 65 °C: são os transformadores cujo aumento da temperatura média
dos enrolamentos, não deve exceder a temperatura ambiente em 65 °C, e
cujo aumento de temperatura do ponto mais quente do enrolamento, não
deve ultrapassar a temperatura ambiente em mais de 80 °C.

Esta norma exibe uma tabela com os valores limites de elevação de


temperatura dos enrolamentos, do óleo, das partes metálicas e de outros
componentes dos transformadores planejados para o funcionamento nas condições
normais.
Figura 1 – Limites de Elevação de Temperaturas em condições normais

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Fonte: ABNT, 2007.

3.2 Perdas em transformadores


Existem dois grupos essenciais de perdas nos transformadores, estas são
conhecidas como perdas no ferro e perdas no cobre, as quais estão relacionadas ao
núcleo magnético e aos condutores, respectivamente.
As perdas no núcleo ou no ferro são formadas por duas parcelas, a primeira
ocorre devido ao fenômeno de histerese, já a segunda é resultado das correntes
parasitas que circulam no núcleo, também chamada de perda por Foucault
(MARTIGNONI, 1979).
É de grande relevância considerar essas perdas com cuidado, visto que, têm
uma influência importante no aumento da temperatura, no rendimento e na
capacidade dos dispositivos eletromagnéticos.
As perdas por histerese acontecem na região do núcleo magnético dos
transformadores, e estas estão intrínsecas ao processo de histerese.
As perdas por correntes parasitas são conhecidas também como perdas por
Foucault. Esse termo é utilizado para caracterizar as perdas de potência
relacionadas com as correntes circulantes que ocorrem em caminhos fechados
dentro do corpo de um material ferromagnético e geram uma perda desvantajosa por
aquecimento.

8
Essas correntes circulantes são geradas pelas diferenças de potencial
magnético existentes por todo o corpo do material, devido à ação do fluxo variável.
Se o circuito magnético for composto de ferro sólido, a perda de potência resultante
é significativa porque as correntes circulantes encontram relativamente pouca
resistência (MARTIGNONE, 1979).
Assim como foi exposto anteriormente, as perdas nos enrolamentos são
conhecidas como perdas no cobre, e dispõem de duas componentes. A parcela
fundamental se refere às perdas por efeito Joule, que ocorrem por conta da
resistência ôhmica dos enrolamentos. Essas perdas variam conforme a elevação ou
a redução da carga no transformador. A outra parcela é fruto do fluxo de dispersão
do transformador, e este dá início a circulação de correntes parasitas em seus
condutores e nas partes metálicas.
Considerando os enrolamentos primário e secundário, tem-se:
2 2
Pcobre =R p I p+ R s I s + P EC + POSL (1)
Sendo:
 Pcobre - Perdas no cobre para condição senoidal;

 R p , Rs - Resistências doas enrolamentos primário e secundário


respectivamente;
 I p, I s - Corrente eficaz nos enrolamentos primário e secundário
respectivamente;
 P EC - Perdas por correntes parasitas nos enrolamentos para condições
senoidais;
 POSL - Perdas suplementares (adicionais) nas partes metálicas (núcleo,
paredes do tanque, etc) para condições senoidais.
A figura 2 apresenta o circuito equivalente do transformador, considerando as
perdas já mencionadas.
Figura 2 - Circuito equivalente do transformador de potência.

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Fonte: FERNANDES, 2008.
As variáveis que representam os elementos do circuito equivalente de um
transformador são as seguintes:
 R1-Resistência do enrolamento primário;
 R2-Resistência do enrolamento secundário;
 X1-Reatância de dispersão do enrolamento primário;
 X2-Reatância de dispersão do enrolamento secundário;
 Xm-Reatância da magnetização;
 Gm-Perdas do núcleo;
 Iexc-Corrente de excitação.

3.3 Teoria dos ensaios em transformadores


Os ensaios constituem importantes testes realizados em transformadores
para estabelecer parâmetros e verificar o funcionamento dos mesmos. Basicamente,
existem dois ensaios que são sempre realizados em transformadores, são esses o
ensaio de curto circuito e o ensaio de circuito aberto.
O ensaio de circuito aberto ou a vazio, se qualifica quando o transformador,
no qual, estão sendo aplicadas tensão e frequência nominais, apresenta os
enrolamentos secundário e terciários em aberto. Este ensaio proporciona a definição
direta da corrente eficaz em vazio Io e das perdas constantes no ferro (Pf). O teste
possibilita ainda calcular os valores de resistência de perdas no ferro (Rp) e da
reatância de magnetização (Xm) presentes nos circuitos equivalentes.
Para facilitar o processo de obtenção dos parâmetros no ensaio de circuito
aberto, é necessário realizar a simplificação do circuito equivalente de um
transformador como apresentado na Figura 3. Na figura 3 (a), é possível observar
que toda a corrente que vem da fonte é empregada como corrente de excitação

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(Iexc) para o estabelecimento do fluxo no núcleo do transformador e para
compensar as perdas em vazio. Dessa forma, a impedância percebida pela fonte de
tensão é:
ZOC =Z m + Z 1 (2)
Onde: Z m=Rm /¿ j X m , Z1 =R 1+ X 1.
Já que a corrente Ioc é relativamente pequena e, ainda, Z m ≫ Z1 , a queda de
tensão em Z1 pode ser desprezada, e o circuito que retrata o ensaio em vazio pode
ser simplificado para a forma ilustrada pela Figura 3(b). Portanto, a impedância
percebida pela fonte nessa situação é:
Rm . j X m
Z oc=Z m= (3)
Rm + j X m

Figura 3 - Circuito equivalente para o ensaio de circuito aberto: (a) circuito


equivalente completo; (b) circuito simplificado.

Fonte: FERNANDES, 2008


O ensaio de curto-circuito ocorre quando o transformador é alimentado com
corrente e frequência nominais e o enrolamento secundário é colocado em curto.
Este ensaio possibilita encontrar de forma direta, as perdas correspondentes à
condição de plena carga. Além disso, oferece dados satisfatórios para calcular a
impedância equivalente referida ao lado escolhido como primário.

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Este ensaio é realizado com o objetivo de estabelecer os elementos série do
modelo do transformador. O processo constitui-se em manter o primário à uma
tensão tal que provoque no secundário a circulação da corrente nominal, já que a
impedância série equivalente do transformador é pequena, uma tensão de
aproximadamente 10% da tensão nominal do primário é, normalmente, suficiente
para estabelecer a corrente nominal no secundário. A Figura 4 ilustra o circuito
equivalente para o ensaio de curto-circuito. A impedância percebida pela fonte de
tensão V1 é:
Z M . Z ´2
Z SC =Z1 + (4)
Z M + Z ´2
Onde: Z1 =R 1+ j X 1 ; Z M =R M /¿ j X M , em que Z M representa a impedância shunt do
2 2
modelo, enquanto Z ' 2=a Z 2=a ( R2 + j X 2 ) se trata da impedância do secundário
referida ao primário.
Figura 4 - Circuito equivalente do ensaio de curto-circuito aberto: (a) circuito
equivalente completo; (b) circuito simplificado.

Fonte: FERNANDES, 2008


Portanto, a impedância equivalente percebida pela fonte é
Z SC ≈ R1 + jX 1 + R ´ 2 + jX ´ 2=Req + jX eq (5)

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3.4 Cálculo da temperatura ponto quente do transformador
A norma brasileira IEEE C57.91 apresenta um método de cálculo para a
temperatura do ponto mais quente do transformador, e esta é formada por três
componentes dadas pela equação a seguir:
Θ H =Θ A + ΔΘ¿ + Δ Θ H (6)
Onde:
 Θ H representa a temperatura do ponto mais quente do enrolamento, °C

 Θ A representa a temperatura ambiente média durante o ciclo de carga a


ser estudado, °C
 Δ Θ¿ representa o aumento do topo do óleo em relação à temperatura
ambiente, °C
 Δ Θ H representa o aumento do ponto mais quente do enrolamento acima da
temperatura do óleo superior, °C
A temperatura do topo do óleo é dada pela seguinte equação:
Θ¿ =Θ A + ΔΘ¿ (7)
Onde:
 Δ Θ¿ representa o aumento do topo do óleo em relação à temperatura
ambiente, °C
O aumento da temperatura do topo do óleo logo após uma mudança de carga
escalonada é dado pela seguinte equação exponencial que utiliza uma constante de
tempo do óleo:

) ( I −e )+ Δ Θ
t
Δ Θ¿ =( ΔΘ ¿,U −ΔΘ¿ ,i τ¿ (8)
¿, i

Onde:
 Δ Θ¿ ,U representa o aumento definitivo do óleo superior em relação à
temperatura ambiente para carga L, °C
 Δ Θ¿ ,i representa o aumento inicial do óleo superior em relação a
temperatura ambiente para t = 0, °C
 τ ¿ representa a constante de tempo do óleo do transformador para
qualquer carga L e para qualquer diferencial de temperatura específica
entre o aumento final da temperatura do topo do óleo e o aumento inicial
da temperatura do topo do óleo, h

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Para o ciclo de sobrecarga de duas etapas com uma carga anterior
equivalente constante, o aumento inicial do óleo superior é dado pela seguinte
expressão:
n
( K i2 R+ I ) (9)
Δ Θ¿ ,i= ΔΘ¿, R [ ]
( R+ I )
Onde:
 Δ Θ¿ , R representa o aumento do topo do óleo sobre a temperatura
ambiente na carga nominal na posição da torneira a ser estudada, C
 K i representa a relação entre a carga inicial L e a carga nominal, por
unidade;
 N representa o expoente, empiricamente derivado, usado para calcular a
variação de Δ Θ¿ com mudanças em carga. O valor de n foi selecionado
para cada modo de resfriamento para contabilizar aproximadamente os
efeitos da mudança na resistência a partir da mudança na carga;
 R representa a relação entre a perda de carga na carga nominal e a
ausência de perda na posição da derivação a ser estudada;
Para o estudo do ciclo de carga em várias etapas com diversos intervalos de
tempo curtos, a equação (8) é utilizada para cada etapa de carga, e o aumento do
topo do óleo calculado no final da etapa anterior é usado como o topo inicial do
aumento de óleo para o próximo cálculo da etapa de carga.
O estudo realizado por (B. Suechoey, S. Tadsuan, C. Thammarat & M.
Leelajindakrairerk, 2005) analisou o comportamento da temperatura e da pressão
em um transformador de distribuição e desenvolveu um projeto de previsão da
temperatura para planejar a carga e melhorar a eficiência do equipamento.
O envelhecimento do isolamento de um transformador depende do seu
comportamento térmico e do tempo de operação. A degradação do isolamento
ocorre do ponto mais quente, por esse motivo B. Suechoey, S. Tadsuan, C.
Thammarat & M. Leelajindakrairerk (2005) realizaram testes em um transformador
com o objetivo de determinar a relação da temperatura em quaisquer pontos do
mesmo.
Os testes de temperatura foram realizados em um transformador de
distribuição imerso em óleo do tipo selado de 400 kVA 3 ph 50 Hz 22.000–400 / 230
V Dyn 11, nele foram instalados termopares do tipo K em 17 pontos do

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transformador, cujo lado de baixa foi curto circuitado. A tensão aplicada do lado de
alta foi sendo elevada até que a soma total das perdas, ou seja, perdas com e sem
carga resultassem no valor da constante 4.559,3 W, calculada a partir dos testes de
curto circuito e circuito aberto.
A partir dos dados obtidos nos testes e dos valores calculados para os
parâmetros a partir das equações presentes na norma IEEE C57.91, foi realizada
uma comparação entre os valores de temperatura medidos nos pontos escolhidos e
os valores calculados a partir da previsão para a carga nominal e para a situação de
baixa ou alta tensão aplicadas no primário. A figura 5 apresenta esse compartivo.
Figura 5: Comparação da temperatura do ponto quente em plena carga, entre
valores calculados e valores obtidos empiricamente.

Fonte: SUECHOEY et al, 2005


3.5 Influência das correntes harmônicas na degradação do transformador
A pesquisa realizada por (E. Cazacu, L. Petrescu & V. Ioniţă, 2017) investiga
quantitativamente o estado estacionário não-senoidal do transformador, avaliando a
distribuição de perdas na máquina, seu aumento de temperatura no ponto quente e
a perda de vida útil correspondente do transformador.
A pesquisa realizada por (E. Cazacu, L. Petrescu & V. Ioniţă, 2017) aborda
também o procedimento de redução das perdas suplementares do transformador
computando o aumento de temperatura extra gerado pelas correntes harmônicas de
alta ordem da carga. O método de cálculo proposto baseia-se nas recomendações
do padrão internacional e requer apenas os dados nominais do transformador e o
espectro harmônico das formas de onda da corrente.
O espectro harmônico das formas de onda da corrente poderia ser adquirido
convenientemente na parte secundária do transformador (local de baixa tensão) por
um analisador de qualidade de energia de alta precisão. Assim, um relatório
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operacional no local do transformador é gerado constantemente de acordo com as
mudanças de carga, ou seja, amplitude de corrente ou alternância de espectro. O
relatório compreende: determinações detalhadas de perdas, parâmetros de
eficiência computados, os principais indicadores de redução (MPC de corrente
máxima permitida, a redução na classificação de potência aparente RAPR),
temperatura de ponto quente, fator de aceleração de envelhecimento, perda de vida
e estimativas de vida real do transformador.
Existem três métodos para estimar o conteúdo de carga harmônica: o fator de
crista (CF), o fator harmônico ou a porcentagem de distorção harmônica total (%
THD) e o fator K. O percentual de THD pode ser definido de duas maneiras
diferentes, como um percentual do componente fundamental (% THDF, a definição
IEEE de THD) ou como um percentual do rms (% THDR, usado pela Canadian
Standards Association e pelo IEC) (SINGH et al, 2010).
A pesquisa realizada por (R. Singh & A. Singh, 2010) efetuou um estudo de
caso com o objetivo de compreender o andamento da vida útil transformador em uso
para abastecer determinada carga.
O estudo trata-se de uma instituição técnica alimentada por um transformador
de 500 kVA que estava operando já a 2 anos, neste caso, o valor da carga inicial era
de 300 kVA quase que em sua totalidade formada por cargas lineares. Desde a
instalação, a carga aumentou muito e a quantidade de cargas não lineares cresceu
relevantemente. Mesmo em condição de carga total, se não houvesse harmônicos, a
corrente teria apenas o valor fundamental, ou seja, corrente de carga total de 694 A.
Essa sobrecarga certamente será aumentada devido à operação de mais cargas
não lineares. Essa sobrecarga, por sua vez, causa superaquecimento e, portanto,
reduz a vida do transformador de distribuição. A vida útil do transformador foi
calculada e resultou em 10 anos, o que significa que este deve ser substituído em no
máximo dois anos por um transformador maior que comporte as novas cargas.
Embora este estudo não forneça resultados precisos, ele dá uma ideia sobre
o efeito do aumento da corrente de carga devido aos harmônicos no transformador
de distribuição.
A Celesc Distribuição S.A. teve 4.293 Transformadores de Distribuição (TD)
avariados durante o ano de 2008. Dentre as 53 diferentes causas identificadas pela
empresa como responsáveis pelas avarias identificadas, a segunda mais

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significativa foi a causa 71 (sobrecarga no transformador), a qual foi responsável
pela avaria de 487 transformadores de distribuição, correspondendo a 11,3% do
total desses equipamentos avariados naquele ano. É consenso atualmente na
empresa que o número de avarias em TDs poderia ser significativamente reduzido
por meio de procedimentos de manutenção preventiva se algum dispositivo de
proteção, instalado de forma simples e rápida no circuito de baixa tensão dos
transformadores de distribuição, alertasse as equipes da concessionária, com uma
certa antecedência, da presença de sobrecargas de longa duração e, desta forma,
as equipes de manutenção efetuassem a troca do TDs identificados com sobrecarga
(ZIMATH LUIZ et al, 2015).
O procedimento atualmente adotado pela Celesc para a detecção de
sobrecargas de longa duração em transformadores de distribuição ocorre
mensalmente mediante o uso de softwares de simulação de carregamento nominal
vinculado à base de dados georreferenciada (GIS), como, as ferramentas
computacionais Genesis, Temperate e Equilibra. Executado em modo off-line e
baseado nos dados de faturamento mensal dos clientes atendidos por um
determinado transformador (ou seja, adotando-se o cálculo estatístico de
carregamento dos transformadores pela metodologia kVAs), estes recursos
identificam os transformadores eventualmente submetidos a sobrecargas, por
estarem operando continuamente acima da sua capacidade nominal.

3.6. Realização de ensaios em transformadores


Os ensaios foram realizados em um transformador trifásico de 45 kVA
presente no Laboratório de Alta Tensão da UFCG, nesse ensaio, através de um
autotransformador variável (Variac), foi aplicada uma tensão nos terminais de alta do
transformador que foi ajustada até primeiramente os valores de plena carga
(carregamento nominal) que corresponde a uma tensão de 418 V e uma corrente de
58 A. E depois para um carregamento de 50% do valor nominal, que corresponde a
uma tensão de 244 V e uma corrente de 34 A. Pare este ensaio os terminais de
baixa do transformador foram colocados em curto-circuito.
Com isso, utilizando o sensor DS18B20 e o relógio termo-higrômetro, foram
feitas medições da temperatura na carcaça do transformador, e utilizando outro
relógio termo-higrômetro foram feitas medições da temperatura no topo do óleo.

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Foram realizadas 16 aferições para o nível de 50% do carregamento e 8 aferições
para o nível de 100% do carregamento, com intervalo de 10 minutos entre medições.
Além disso, a temperatura ambiente também foi monitorada através de um
termômetro digital apropriado. Diante de todas as informações adquiridas durante a
revisão bibliográfica foi possível formar uma base consolidada para sustentar os
próximos passos da pesquisa, dessa forma, foi obtido um conhecimento elevado
acerca de tudo que já foi desenvolvido por outros pesquisadores nessa área.
O esquema do ensaio está apresentado na figura 6.
Figura 6- Esquemático do ensaio realizado.

Fonte: Autoria Própria


A figura 7 apresenta uma fotografia do momento do ensaio.

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Figura 7- Fotografia do ensaio

Fonte: Autoria Própria


4 RESULTADOS
Os dados obtidos no ensaio se encontram nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1- Ensaio para 50% do carregamento nominal.


Ensaio Transformador 45kVa (carregamento de 50%)
19/03/2021 DS18B20 (°C) Termometro (°C) oleo (°C) ambiente (°C)
08:38 25.75 26.6 26.5 26.94
08:48 25.87 26.9 26.6 27.12
08:58 26 27 27.3 27.12
09:08 26.25 27.4 27.8 27.31
09:18 26.62 27.9 28.3 27.56
09:28 27 28.1 28.6 27.87
09:38 27.25 28.4 29 28.12
09:48 27.56 28.6 29.5 28.19
09:58 27.81 28.9 29.8 28.19
10:08 28.06 29.1 30.1 28.19
10:18 28.31 29.4 30.5 28.5
10:28 28.62 29.8 30.8 28.5
10:38 28.81 29.9 31.1 28.56
10:48 28.94 29.9 31.4 28.44
10:58 29.25 30.1 31.7 28.56
11:08 25.75 26.6 26.5 26.94
Fonte: Autoria Própria

19
Tabela 2- Ensaio para 100% do carregamento nominal.
Ensaio Transformador 45kVa (carregamento de 100%)
DS18B20 Termometr oleo ambient
18/06/2021
(°C) o (°C) (°C) e (°C)
09:44 24,75 24,75 25,5 25,3
09:54 25,38 25,38 28,8 25,4
10:04 26,5 26,5 29,9 25,4
10:14 27,69 27,69 31,3 25,5
10:24 28,69 28,69 32,4 25,6
10:34 29,5 29,5 33,5 25,5
10:44 30,31 30,31 34,6 25,6
10:54 31,19 31,19 35,8 25,9
11:04 31,81 32,31 36,8 25,9
11:14 32,44 32,94 37,6 25,9
11:24 33 33,5 38,5 25,9
11:34 33,81 34,31 39,5 25,7
11:44 34,56 35,06 40,3 26,1
11:54 35 35,5 41,1 26,1
12:04 35,63 36,13 41,8 26,4
12:14 35,63 36,13 42,5 26,3
12:24 36,44 36,94 43,4 26,5
12:34 36,69 37,19 43,8 26,8
12:44 36,75 37,25 44,4 26,8
12:54 37,56 38,21 44,9 27,1
13:04 37,75 38,4 45,3 27,3

20
13:14 37,94 38,59 45,8 27,5
13:24 38,75 39,4 46,4 27,6
13:34 38,13 38,78 46,8 28
13:44 39,44 40,09 47,4 28,3
13:54 39,81 40,46 47,8 28,6
14:04 39,81 40,46 48,2 28,8
14:14 40,06 40,71 48,5 28,8
14:24 40,25 40,9 49 29

Fonte: Autoria Própria


5 ANÁLISE DOS DADOS
Primeiramente uma informação importante de salientar, corresponde ao fato
de que a diferença da temperatura do óleo em relação a temperatura ambiente não
ultrapassa o limite aceitável definido pela norma NBR 5356/2007, que define o limite
de 60°C para essa diferença o que pode ser considerado um indicativo do bom
funcionamento do transformador, assim como está apresentado na figura 4.
Figura 8 – Limites de Elevação de Temperaturas em condições normais

Fonte: ABNT, 2007.

Graças aos dados obtidos em ensaio, ainda é possível relacionar a


temperatura do óleo com a temperatura da carcaça do transformador e assim
determinar um valor aproximado da temperatura do óleo a partir do valor da

21
temperatura da carcaça. Para determinar a equação da curva foi utilizada a técnica
de interpolação polinomial.
A interpolação polinomial tem por objetivo aproximar funções por polinômios
de grau até n. Isso tem como intuito facilitar o cálculo das funções em pontos que
não são dados (interpolar significa calcular pontos internos não dados). Se
definirmos o polinômio aproximador P(x) como sendo:
P(x)=a 0+ a1 ( x ) +a 2 ( x 2 ) +…+ an (x n)
Precisaremos apenas encontrar os coeficientes a i do polinômio, e para isso
basta resolver o sistema linear:
P( x 0)=a 0+ a1 ( x0 ) + a2 ( x 0 ) +…+ an (x n )= y 0
2 n

p ( x 1) = y 1
.
.
.
p ( x n )= yn
Utilizando o software computacional Excel, essa aproximação foi realizada
para um polinômio de ordem 2 e o resultado juntamente com a curva podem ser
observados nas figuras 6 e 7.
Figura 6 – Relação entre a temperatura do óleo e da carcaça-100% do
carregamento

Relação entre a temperatura do óleo e da


carcaça-100% do carregamento
60
Temperatura do topo do óleo (°C)

50
f(x) = 0.0004004782021 x³ − 0.0385919482661 x² + 2.640374517709 x − 20.983926120665
R² =400.995422357870289

30

20

10

0
23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
Temperatura da Carcaça(°C)

Fonte: Autoria Própria


Figura 7 – Relação entre a temperatura do óleo e da carcaça-50% do carregamento

22
Relação entre a temperatura do óleo e da
carcaça-50% do carregamento

33
32
Temperatura do óleo(°C)

f(x) =310.0890193115063 x³ − 7.4259628287575 x² + 207.69135796106 x − 1917.5256236427


R² = 30
0.994687780328604 oleo (°C)
29 Polynomial (oleo
28 (°C))
27
26
25
24
23
25.5 26 26.5 27 27.5 28 28.5 29 29.5
Temperatura da Carcaça(°C)

Fonte: Autoria Própria


O R-quadrado é uma medida estatística de quão próximos os dados estão da
linha de regressão ajustada. Ele também é conhecido como o coeficiente de
determinação ou o coeficiente de determinação múltipla para a regressão múltipla. A
definição do R-quadrado é bastante simples: é a porcentagem da variação da
variável resposta que é explicada por um modelo linear. Ou:
R-quadrado = Variação explicada/Variação total
Seus valores variam de 0 a 1, sendo que quanto mais próximos de 1, melhor
o modelo é capaz de representar os dados e quanto mais próximo de zero, o modelo
não representa os dados reais com fidelidade, e a confiabilidade do mesmo, é
considerada frágil.
Para as curvas em questão nessa pesquisa, o valor do parâmetro R-quadrado
consiste em 99.54% para o nível de carregamento de 100%, e em 99.47% para o
nível de carregamento de 50%, e assim pode-se afirmar que a aproximação
realizada pode ser considerada viável para relacionar as duas temperaturas.
Graças ao empenho em realizar uma extensa leitura de artigos científicos e
outras obras nesse tema, ficou clara a escassez de métodos de monitoramento de
transformadores de distribuição que estejam sendo aplicados e melhorados no
últimos anos. Principalmente métodos de baixo custo que não se tornem mais
onerosos que a própria troca do equipamento.
Os resultados dos testes, citados anteriormente, realizados nas pesquisas de
referência apresentam alguma diferença em relação à teoria. Foi possível observar
que as temperaturas do óleo no meio do tanque eram relativamente próximas da
23
temperatura máxima do óleo. Além disso, os testes realizados na pesquisa realizada
por (B. Suechoey, S. Tadsuan, C. Thammarat & M. Leelajindakrairerk, 2005), foram
considerados aceitáveis, pois a temperatura máxima do óleo não foi superior ao
valor de aceitação (60 ° C) e a temperatura do ponto mais quente do condutor (Θh)
também não foi superior ao valor de aceitação (140 ° C).
Apesar das diferenças existentes entre a teoria e esses testes, os parâmetros
do transformador, definidos pelos autores da pesquisa, podem prever a temperatura
do ponto mais quente do condutor, já que os valores previstos foram relativamente
próximos ao teste.
Outro aspecto que pode-se destacar na pesquisa de (B. Suechoey, S.
Tadsuan, C. Thammarat & M. Leelajindakrairerk, 2005) se trata da previsão com os
valores indicados na pesquisa só realizar-se da forma correta para transformadores
do tipo ONAN de 400 kVA, para que esta seja reproduzida para outros
transformadores é necessário ajustar os parâmetros de temperatura.
Pode-se dizer que o resultado obtido nessa pesquisa pode ser usado para
planejar o suprimento de carga e assim, não exceder a temperatura de aceitação.
Como consequência disso, a vida útil do transformador seria prolongada e a
estabilidade do sistema de distribuição aumentaria.
É possível afirmar ainda que a maneira de usar essa pesquisa (B. Suechoey,
S. Tadsuan, C. Thammarat & M. Leelajindakrairerk, 2005) como referência para a
pesquisa aqui tratada, é testar a condição de sobrecarga do transformador, a fim de
obter os dados de referência para operação e projeto do mesmo.
Já com relação a influência de correntes harmônicas na deterioração do
transformador, a literatura possibilitou dimensionar o grau de aumento da
temperatura do ponto quente do transformador, por conta da presença de correntes
harmônicas de alta ordem da carga.
A pesquisa de (E. Cazacu, L. Petrescu & V. Ioniţă, 2017) mostrou que
utilizando um sistema de medição simples é possível gerar constantemente um
relatório operacional da máquina no local. Neste relatório consta os principais
parâmetros de trabalho do transformador e necessita apenas os dados nominais do
transformador e o espectro de harmônicas de correntes adquiridos no lado de baixa
tensão do transformador por um analisador de qualidade de energia.

24
A contribuição dessa pesquisa é nos passar suporte para a futura
implementação de um procedimento próprio de manutenção simples e de baixo
custo para transformadores de distribuição, que pode ser otimizado e aperfeiçoado
para ser adotado pelas empresas de distribuição de energia, preservando a
expectativa de vida dos transformadores.
Através da observação dos dados de medição da temperatura do óleo foi
constatado que o transformador utilizado no ensaio respeita os limites definidos pela
ABNT para a elevação da temperatura do óleo, o que traz um importante indicativo
do bom funcionamento do transformador como contribuição para a formatação do
método de monitoramento de transformadores de distribuição proposto nesse
projeto.
Na etapa de validação, foram calculadas medidas estatísticas como o
NRMSE, NMAE, MAPE.

Tabela 3- Medidas estatísticas de avaliação dos dados levantados

NRMSE NMAE MAPE


n n

| |
1 1
n∑
❑ ( y i− ^y i )
2
∑ ❑| y i−^y i|
n i=1
1

n

y i−^y i
i=1
n i=1 yi
y max − y min y max − y min
Fonte: Autoria Própria

Tanto o MSE, quanto o MAE e o MAPE são medidas estatísticas que


quantificam as taxas de erro do modelo implementado.
Tabela 4- Avaliação Quantitativa do Modelo que relaciona as temperaturas para a
carga de 100%

MAPE (%) 0.41897

NMAE 0.02193

NRSME 0.01760

R
2 0.9954

Fonte: Autoria Própria

25
Tabela 5- Avaliação Quantitativa do Modelo que relaciona as temperaturas para a
carga de 50%

MAPE (%) 1.60463

NMAE 0.08506

NRSME 0.08877

R
2 0.9947

Fonte: Autoria Própria


Partindo da análise dos parâmetros estatísticos calculados é possível afirmar
que como os valores obtidos são baixos o modelo de interpolação utilizado é
eficiente, no entanto, para o nível de carregamento de 50%, o modelo de
aproximação por polinômio de terceira ordem se mostrou menos eficaz, já que os
valores dos parâmetros estatísticos são de fato levemente maiores.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Infelizmente, não foi possível atingir todos os objetivos propostos inicialmente
para a pesquisa e isso se deve ao contexto atual de pandemia do novo corona vírus,
e também a falta do equipamento necessário, já que o único transformador
disponível em laboratório foi avariado.
Ainda assim, as informações adquiridas da literatura mostraram que é
possível realizar um estudo térmico muito completo de transformadores de
distribuição. Outras pesquisas já obtiveram resultados bem satisfatórios com o
monitoramento contínuo e online desses equipamentos.
Como foi dito anteriormente, os trabalhos já realizados por outros
pesquisadores conseguiram obter uma ideia sobre o efeito do aumento da corrente
de carga por conta dos harmônicos no transformador de distribuição. Com isso, seria
possível avaliar através de sinais de corrente obtidos do transformador se as perdas
devido à presença de harmônicos estão ultrapassando níveis aceitáveis e
prejudicando relevantemente a vida útil do equipamento.
As pesquisas levantadas nas referências bibliográficas obtiveram boas
conclusões com a tentativa de medir continuamente a temperatura de diversos
pontos do transformador e ainda de comparar a temperatura do ponto quente do
mesmo com o valor calculado a partir do método disponibilizado pela norma. Esse

26
procedimento era pretendido nessa pesquisa, e esse resultado positivo nos oferece
embasamento para procedimentos futuros.
Também foi possível determinar uma relação eficiente entre a temperatura da
carcaça e do óleo de um transformador em operação, esse resultado será de grande
valia para posteriormente desenvolver um método não invasivo de monitoramento
da temperatura interna do transformador.
Caso este transformador esteja ligado ao sistema de distribuição, ainda existe o
fato de que a manutenção de sensores nessa área se torna um processo muito
complexo já que este equipamento não pode ser desconectado da linha sem que
haja prejuízo na continuidade do sistema de distribuição, por esse motivo também,
que o resultado obtido na pesquisa até aqui é de fato importante.

AGRADECIMENTOS
Aos que fazem o Laboratório de Alta Tensão (LAT), por ter cedido o espaço
físico e suporte técnico. E, ainda, a todos aqueles que de forma direta ou indireta
contribuíram para a execução deste trabalho.

REFERÊNCIAS
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29

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