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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E
TECNOLOGIAS

Licenciatura em Engenharia Eletrotécnica


Ramo Energia – 3º Ano

Disciplina: instalacoes Elétricas


Condutores e cabos de energia – Queda de tensão
AULA 13

José Camilo Pina


08 DEZEMBRO 2022

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Queda de Tensão

Um dos problemas comuns nas redes elétricas BT são as quedas de tensão. As quedas de tensão são
diminuições de tensão ao longo dos condutores elétricos. Quanto maior for a distância entre a fonte de
alimentação (posto de transformação) e a carga (consumidor final) maior será a queda de tensão na rede
elétrica.
Outra causa de quedas de tensão na rede é o desequilíbrio entre fases, devido a má distribuição de cargas
pelas três fases. Isto deve-se ao facto de a alimentação da rede BT ser feita em dois níveis de tensão nominal:
400V, que requer uma ligação trifásica, e 230V, que requer uma ligação monofásica. Um sistema trifásico é
equilibrado quando as tensões são iguais em amplitude e desfasadas em 120º. No entanto, numa rede elétrica
BT, como é maioritariamente constituída por consumidores monofásicos, surgem desequilíbrios entre fases,
dado que a distribuição não é uniforme e o consumo não é igual entre elas. Ora, isto implica uma variação da
tensão elétrica na rede BT, que segundo a NP EN 50160 não deve ser inferior ou superior a 10% da tensão
nominal (Un), com uma frequência de rede que pode variar em 50±0,5 Hz durante 99,5% do ano, em condições
de normal funcionamento [19].

[19] NP EN 50160, 2010. Norma Portuguesa para referências bibliográficas: Instituto Português da Qualidade, Ministério da Industria e
Energia. Lisboa. 2
Queda de Tensão
Este desequilíbrio entre fases pode, também, ser causado pelo aumento de novos consumidores. No caso de
clientes monofásicos é necessária uma ligação de um condutor fase e do condutor neutro. Como toda a rede
elétrica, quer aérea quer subterrânea, é composta por quatro condutores é preciso ter em consideração a
ligação da baixada do novo cliente monofásico na escolha da fase a que este deve ser ligado, de forma a existir
um equilíbrio entre fases na rede elétrica. Assim, o operador de rede deve medir e escolher as fases para que
não haja desequilíbrios na rede elétrica. Se ocorrer um desequilíbrio entre fases, as correntes nelas ficam
desequilibradas, o que leva ao aparecimento de uma corrente no condutor neutro que origina perdas no sistema
em causa [23][38].
O Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Elétrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT) estipula que as redes
elétricas de distribuição deverão ser concebidas de forma a promover a eficiência energética, em condições de segurança, e
tem como limite para a variação de tensão elétrica 8% da tensão nominal (Un), tabela 3 [42].

[23] Gurpreet kour, R. K. Sharma, 2013. Different Techniques of Loss Minimization in


Distribution System. Disponível em:
http://www.erpublications.com/uploaded_files/download/download_01_03_2
013_22_17_30.pdf [último acesso em 22 de junho]

[38] FERNANDES, Carlos Miguel Marques - Desequilíbrio entre fases e perdas na rede
de baixa tensão. Lisboa: IST – Instituto Superior Técnico, 2010. Tese de Mestrado.

[42] RSRDEEBT – Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia


Elétrica em Baixa Tensão, Decreto regulamentar nº9/84.
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Queda de Tensão

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Queda de Tensão

As quedas de tensão podem ser, também, provocadas por excesso de energia reativa na rede elétrica, o que
aumenta a corrente nos condutores. Assim, uma redução/eliminação de energia reativa nos condutores
permitirá uma maior capacidade para o transporte de energia ativa aquando de uma grande solicitação pela
rede elétrica. Esta estará, assim, em melhores condições para responder a essa solicitação, evitando
sobrecargas dos condutores e, por isso, uma melhor qualidade da tensão elétrica na rede. O operador de rede
deve investir no controlo da tensão e da energia reativa nas redes elétricas, de forma a reduzir as quedas de
tensão, minimizando as perdas de energia e, por isso, aumentando o rendimento da sua rede elétrica [34][43].

[34] SILVA, João Carlos Dias da - Cabos Eléctricos de Alta Tensão - Optimização das
Técnicas de Instalação para Redução das Perdas. Porto: FEUP –Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, 2011. Tese de Mestrado.

[43] L. Ramesh, S. P. Chowdhury, S. Chowdhury, A. A. Natarajan, C. T. Gaunt, 2009.


Minimization of Power Loss in Distribuition Networks by Different Techniques.
Disponível em: http://waset.org/publications/939/minimization-of-powerloss-in-distribution-
networks-by-different-techniques [último acesso em 27 de
junho]

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

Limite de Quedas de Tensão


Em qualquer ponto de utilização da instalação, a queda de tensão verificada não deve ser superior aos seguintes
valores, dados em relação ao valor da tensão nominal da instalação:

a)7%, calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT, no caso de transformador de
propriedade da(s) unidade(s) consumidora(s);

b)7%, calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT da empresa distribuidora de eletricidade,
quando o ponto de entrega for aí localizado;

c)5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos de ponto de entrega com fornecimento em tensão
secundária de distribuição;

d)7%, calculados a partir dos terminais de saída do gerador, no caso de grupo gerador próprio.

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

Limite de Quedas de Tensão

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

Roteiro para Dimensionamento pela Queda de Tensão


PASSO 1:

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

PASSO 2: Cálculo da Queda de Tensão Unitária

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

PASSO 3: Escolha do Condutor

IMPORTANTE: a chamada “queda de tensão unitária”, dada em V/A.km e


Tabelada PELOS FABRICANTES DE CABOS para diversos tipos de circuitos
e diversos valores do fator de potência.

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

PASSO 4: Cálculo da Queda de Tensão pelo Método do Watts x metro

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CRITÉRIO DO LIMITE DE QUEDA DE TENSÃO

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Cálculo da Queda de Tensão
Segundo a norma, um dos fatores que deve ser considerado no dimensionamento dos condutores é a queda de
tensão.

A verificação da queda de tensão é feita após a obtenção da seção com capacidade de corrente suficiente para
resistir à corrente corrigida e superar a corrente nominal do disjuntor dimensionado.

A queda de tensão do programa é calculada a partir da seguinte fórmula:

Onde

Para circuitos com esquema F+N, F+F ou 2F+N o valor de K é 200;


Para circuitos com esquema 3F+N ou 3F o valor de K é 173,2;

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Cálculo da Queda de Tensão

Para circuitos com esquema F+N é utilizado o valor de tensão de fase ();
Para circuitos com esquema 3F+N ou 3F é utilizado o valor de tensão de
linha ();

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Calculo da Queda de Tensão
Na sequência de várias dúvidas apresentadas por alguns Instaladores, verifica-se que há por vezes alguma
dificuldade ou desconhecimento no dimensionamento, quer das Instalações de Utilização (IU), quer das secções
dos condutores relativamente às quedas de tensão máximas admissíveis, especialmente nas entradas, o que tem
levado a dissabores quando as IU são sujeitas a inspecção por parte da Entidade Certificadora

Para funcionar com um guia de consulta rápida e ajudar a colmatar estas lacunas apresentam-se abaixo quatro
quadros, onde se podem verificar os comprimentos máximos, em metros, a utilizar nas Entradas, em função das
Potências de Dimensionamento, e das Secções dos respectivos condutores.

Estes Quadros respondem ao estipulado nos pontos 801.5.2.2, 803.2.4.3.1, 803.2.4.4.2 e 803.2.4.4.3 das
RTIEBT.

A queda de tensão máxima regulamentar, segundo as RTIEBT, é de 1,5 % para as instalações individuais e 0,5%,
pelo que os comprimentos das canalizações das entradas especificados nos quadros 1 e 2 abaixo e para as
diversas secções, respeitam essa queda de tensão.

https://www.voltimum.pt/sites/www.voltimum.pt/files/pdflibrary/rtiebt.pdf
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Cálculo da Queda de Tensão
ENTRADAS COM CONDUTORES EM COBRE

Quadro 1. Entradas Monofásicas (230 V)

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Cálculo da Queda de Tensão
ENTRADAS COM CONDUTORES EM COBRE

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Quadro 2. Entradas Trifásicas (230/400 V)
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