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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Dimensionamento de cabos MT/AT

João Pedro Barroso Riboira

Dissertação realizada no âmbito do


Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores
Major Energia

Orientador: José Rui da Rocha Pinto Ferreira

1-7-2022
ii

© João Riboira, 2022


iii

Resumo

A tendência crescente das necessidades de consumo de energia elétrica


verificada nos últimos anos não tem intenção de abrandar. Este crescimento leva ao
projeto, construção e atualização de infraestruturas. De forma a colmatar este aumento
terão que ser dimensionadas novas centrais de produção de energia e,
consequentemente, expandidas as redes de transporte e distribuição. Assim, do
desenvolvimento referido surgirá a necessidade de dimensionamento de cabos de média
e de alta tensão e dos respetivos percursos.
Este tipo de estudos decorre da necessidade de obter resultados para a decisão
do tipo de cabo a utilizar numa instalação, tendo em conta fatores como normas
aplicáveis, requisitos do cliente, topologia da instalação, cálculos elétricos e térmicos e
análise de curto-circuitos.
Assim surgiu a importância de desenvolver uma ferramenta flexível capaz de
efetuar o cálculo elétrico e térmico de forma exata e eficaz com o objetivo de auxiliar
os engenheiros no projeto de diferentes instalações, sistematizando este tipo de soluções
técnicas. A solução encontrada consistiu na criação de uma interface composta por vários
formulários e tabelas de resultados que interagem com uma base de dados onde estão
presentes vários parâmetros de cabos.

Palavras-chave
Cabos de média tensão
Cabos de alta tensão
Dimensionamento
iv

Abstract

The growing trend in electricity consumption seen in recent years is not intended
to slow down. This growth is a direct consequence from the design, construction and
modernization of infrastructures. To overcome this increase, new energy production
plants will have to be dimensioned and, consequently, the transport and distribution
networks will have to be expanded. Thus, from the afore mentioned development, the
need for dimensioning of medium and high voltage cables and their respective paths will
arise.
This type of studies stems from the need to obtain results for the decision of
the type of cable to be used in an installation, considering factors such as applicable
international and national standards, customer requirements, installation topology,
electrical and thermal calculations and short circuit analysis.
Thus arises the importance of developing a flexible tool capable of performing
electrical and thermal calculations accurately and effectively with the aim of helping
engineers in the design of different installations, systematizing this type of technical
solutions. The solution consisted in the creation of an interface composed of several
forms and tables of results that interact with a database where several cable parameters
are available.

Keywords
Medium voltage cables
High voltage cables
Conductor sizing
v
vi

Agradecimentos

Um agradecimento à SISINT por me ter acolhido e dado a oportunidade de


trabalhar num ambiente profissional, em especial ao Eng. César Seixas pela
disponibilidade e orientações dadas.

Ao professor José Rui Ferreira, por ter aceitado orientar a presente tese de
mestrado e pelo apoio e disponibilidade ao longo de todo o processo.

Aos meus pais pelo apoio incondicional ao longo da minha vida académica e à
minha irmã pelos conselhos que deu e exemplo que é.
vii

Índice

Capítulo 1 ..................................................................................1
Introdução ....................................................................................... 1
1.1 - Enquadramento Empresarial ........................................................ 2
1.2 - Motivação e objetivos ................................................................ 2

Capítulo 2 ..................................................................................5
Cabos de média e alta tensão ................................................................ 5
2.1 – Norma IEC 60228 ...................................................................... 5
2.2 – Norma IEC 60502-2 ................................................................... 6
2.3 – Norma IEC 60840 ...................................................................... 7
2.4 – Norma IEC 62067 ...................................................................... 7

Capítulo 3 ..................................................................................9
Dimensionamento .............................................................................. 9
3.1 – Corrente de serviço .................................................................. 9
3.2 – Corrente máxima admissível do cabo ............................................ 10
3.2.1 – Modos de instalação ....................................................... 10
3.2.2 – Fatores de correção ....................................................... 17
3.2.2.1 Fator de correção em função das temperaturas ambientes para
canalizações instaladas ao ar ..................................................... 17
3.2.2.2 Fator de correção em função das temperaturas ambientes para
canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos ............... 18
3.2.2.3 Fator de correção em função da profundidade de enterramento
para canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos ......... 19
3.2.2.4 Fator de correção em função da resistividade térmica do solo
para canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos ......... 19
3.2.2.5 Fator de correção em função do agrupamento .................... 20
3.2.2.6 – Fatores de correção na ausência de informação sobre cabos
entubados ............................................................................ 21
3.3 – Condição de aquecimento ......................................................... 21
3.3.1 – Folga ......................................................................... 22
3.4 – Queda de tensão .................................................................... 22
3.4.1 – Condição de queda de tensão ............................................ 23
3.5 – Curto-circuito ....................................................................... 23
3.5.1 – Reatância de neutro ....................................................... 27
3.5.2 – Fadiga térmica do cabo ................................................... 28
3.5.3 – Intensidade máxima admissível .......................................... 29
3.5.4 – Condição de curto-circuito (Smin) ........................................ 29
3.6 – Perdas por efeito Joule da alma condutora ..................................... 30

Capítulo 4 ................................................................................ 31
Ferramenta desenvolvida ................................................................... 31
4.1 Software ............................................................................... 31
4.2 Arquitetura ............................................................................ 32
4.3 Interface ............................................................................... 32
4.3.1 Menu ........................................................................... 33
4.3.2 Dimensionamento ............................................................ 33
4.3.3 Rede ........................................................................... 40
viii

4.3.4 Cálculo fator de correção do modo de instalação em canaleta ....... 41


4.3.5 Resultados .................................................................... 42
4.3.6 Resumo ........................................................................ 43
4.4 Base de dados ......................................................................... 44
4.5 Algoritmos de cálculo ................................................................ 46
4.5.1 Módulo fatores de correção ................................................ 48
4.5.2 Módulo escolher cabo ....................................................... 48
4.5.3 Módulo de cálculo das correntes IB e IZ’ .................................. 49
4.5.4 Módulo queda de tensão .................................................... 49
4.5.5 Módulo perdas ................................................................ 50
4.5.6 Módulo curto-circuito ....................................................... 51
4.6 Regras de utilização .................................................................. 53
4.7 Reflexão sobre o desenvolvimento ................................................. 54

Capítulo 5 ................................................................................ 55
Exemplo de cálculo .......................................................................... 55
5.1 Subestação 150/30 kV ............................................................... 55
5.1.1 Ligação ao transformador .................................................. 56
5.1.1.1 Cabo selecionado ....................................................... 56
5.1.1.2 Condição de aquecimento ............................................ 57
5.1.1.3 Quedas de tensão ...................................................... 58
5.1.1.4 Perdas joule ............................................................. 58
5.1.1.5 Curto-circuitos .......................................................... 59
5.1.2 Ligação ao TSA ............................................................... 59
5.1.2.1 Cabo selecionado ....................................................... 60
5.1.2.2 Condição de aquecimento ............................................ 60
5.1.2.3 Quedas de tensão ...................................................... 61
5.1.2.4 Perdas joule ............................................................. 61
5.1.2.5 Curto-circuitos .......................................................... 62
5.2 Parque fotovoltaico .................................................................. 62
5.2.1 Cabos selecionados .......................................................... 63
5.2.2 Ligação SE - PS.03 ........................................................... 64
5.2.2.1 Condição de aquecimento ............................................ 64
5.2.2.2 Quedas de tensão ...................................................... 65
5.2.2.3 Perdas joule ............................................................. 65
5.2.2.4 Curto-circuitos .......................................................... 65
5.2.3 Ligação PS.03 – PS.02 ....................................................... 66
5.2.3.1 Condição de aquecimento ............................................ 66
5.2.3.2 Quedas de tensão ...................................................... 67
5.2.3.4 Perdas joule ............................................................. 67
5.2.3.5 Curto-circuitos .......................................................... 67
5.2.4 Ligação PS.02 – PS.01 ....................................................... 68
5.2.4.1 Condição de aquecimento ............................................ 68
5.2.4.2 Quedas de tensão ...................................................... 68
5.2.4.3 Perdas joule............................................................. 68
5.2.4.4 Curto-circuitos .......................................................... 69

Capítulo 6 ................................................................................ 71
Conclusões e perspetivas de desenvolvimento ........................................... 71
6.1 Conclusões ............................................................................. 71
6.2 Perspetivas de desenvolvimento ................................................... 73
ix
x
xi

Lista de figuras

Figura 1.1 - Logotipo SISINT ……………………………………………………………………………………………… 2


Figura 3.1 - Instalação em esteira …………………………………………………………………………….…… 11
Figura 3.2 - Instalação em esteira juntiva ……………………………………………………………………. 11
Figura 3.3 - Instalação em trevo juntivo …………………………………………………………………….…. 11
Figura 3.4 - Instalação diretamente enterrada ……………………………………………………………… 11
Figura 3.5 - Instalação enterrada em tubos …………………………………………………………………… 11
Figura 3.6 - Instalação ao ar …………………………………………………………………………………………… 11
Figura 3.7 - Instalação em caminhos de cabos (Tripolares em esteira horizontal separados
por d=diâmetro) ……………………………………………………………………………………………………………… 12
Figura 3.8 - Instalação em caminhos de cabos (Tripolares em esteira horizontal
encostados entre si) ………………………………………………………………………………………………………. 12
Figura 3.9 - Instalação em caminhos de cabos (Unipolares em trevo juntivo separados por
d=diâmetro)……………………………………………………………………………………………………………………. 12
Figura 3.10 - Instalação em caminhos de cabos (Unipolares em trevo juntivo encostados
entre si) …………………………………………………………………………………………………………………………. 13
Figura 3.11 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em esteira
horizontal separados por d=diâmetro) …………………………………………………………………………… 13
Figura 3.12 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em esteira
horizontal encostados entre si) ……………………………………………………………………………………… 13
Figura 3.13 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Tripolares ou unipolares em
trevo juntivo com separação inferior a d e superior a d/4) …………………………………………. 13
Figura 3.14 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em trevo juntivo
separados por 2d) …………………………………………………………………………………………………………… 14
Figura 3.15 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Tripolares em esteira
separados por d=diâmetro) ……………………………………………………………………………………………. 14
Figura 3.16 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Tripolares em esteira
encostados entre si) ………………………………………………………………………………………………………. 14
Figura 3.17 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Unipolares em trevo
juntivo separados por 2d) ………………………………………………………………………………………………. 14
Figura 3.18 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Unipolares em
esteira encostados entre si) …………………………………………………………………………………………… 14
Figura 3.19 - Fixados à parede encostados entre si (Tripolares ou unipolares em trevo
juntivo) …………………………………………………………………………………………………………………………… 15
Figura 3.20 - Fixados à parede separados (Unipolares em esteira vertical) ………………… 15
xii

Figura 3.21 - Fixados perto da parede separados (Tripolares ou unipolares em trevo … 15


Figura 3.22 - Fixados perto da parede separados (Unipolares em esteira vertical) ……… 15
Figura 3.23 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Tripolares em esteira
horizontal encostados entre si) ……………………………………………………………………………………… 16
Figura 3.24 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Tripolares em esteira
horizontal separados por d=diâmetro) ……………………………………………………………………….…. 16
Figura 3.25 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Unipolares em esteira
horizontal encostados entre si) ……………………………………………………………………………………… 16
Figura 3.26 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Unipolares em trevo juntivo
separados por 2d) …………………………………………………………………………………………………………… 16
Figura 3.27 - Instalação em canaleta ……………………………………………………………………………… 16
Figura 3.28 - Curvas m ……………………………………………………………………………………………………. 25
Figura 3.29 - Curvas n ……….…………………………………………………………………………………………… 26
Figura 4.1 - Página inicial ………………………………………………………………………………………………. 33
Figura 4.2 - Botões "Ajuda", "Mostrar cabeçalho" e "Ocultar cabeçalho" ……………………… 34
Figura 4.3 - Botões "Novo projeto" e "Dimensionar novo cabo" ……………………………………… 34
Figura 4.4 - Botões "Adicionar cabo à base de dados" e "Verificar cabo" ……………………… 34
Figura 4.5 - Botões "Zeq", "Somatório Queda de Tensão", "Exportar -> Resultados" e
"Importar <- Resultados” ………………………………………………………………………………………………… 35
Figura 4.6 - Botão "Calcular" …………………………………………………………………………………………… 35
Figura 4.7 - Formulário onde se inserem diversas caraterísticas da instalação ……………. 36
Figura 4.8 - Formulário onde se seleciona as caraterísticas do cabo …………………………… 36
Figura 4.9 - Formulário onde se inserem as caraterísticas do modo de instalação ……… 37
Figura 4.10 - Formulário para nomeação da canalização e cálculo da corrente de serviço
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 37
Figura 4.11 - Formulário para cálculo da corrente máxima admissível do cabo, cálculo do
fator de correção, verificação da condição de aquecimento e da folga …………………….… 37
Figura 4.12 - Tabela onde são expostos os resultados do cálculo da queda de tensão … 38
Figura 4.13 - Tabela onde são expostos os resultados do cálculo das perdas joule ……… 38
Figura 4.14 - Formulário de cálculo das correntes de curto-circuito e verificação da
condição de curto-circuito ……………………………………………………………………………………………… 39
Figura 4.15 - Formulário de verificação da condição I0 ………………………………………………… 39
Figura 4.16 – Intensidade máxima admissível da corrente de curto-circuito ………………… 39
Figura 4.17 - Tabela onde é verificada a condição de fadiga térmica …………………………. 39
Figura 4.18 - Caixa de texto para apontamentos …………………………………………………………… 40
Figura 4.19 - Formulário onde se indica o valor da razão X/R caso desejado e botão
"Exportar -> Dimensionamento" ……………………………………………………………………………………… 40
Figura 4.20 - Formulário de introdução de valores de base para transformação p.u. …. 40
xiii

Figura 4.21 - Formulário caso seja escolhido o método de cálculo com o valor de X/R
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 40
Figura 4.22 - Formulário caso não seja escolhido o método de cálculo com o valor de X/R
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 40
Figura 4.23 - Caixas de texto onde são apresentados os resultados obtidos ………………… 41
Figura 4.24 - Botão "Apagar" …………………………………………………………………………………………… 41
Figura 4.25 - Botões "Calcular" e "Exportar -> Dimensionamento" ………………………………… 41
Figura 4.26 - Formulário onde se definem caraterísticas da caneleta …………………………. 42
Figura 4.27 - Formulário de introdução dos parâmetros dos cabos instalados na canaleta
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 42
Figura 4.28 - Tabela de exposição de resultados do cálculo do fator de correção para
instalações em canaleta …………………………………………………………………………………………………. 42
Figura 4.29 - Caixa de texto e botões presentes na página "Resultados" ……………………… 43
Figura 4.30 - Parte inicial da tabela de resultados ………………………………………………………… 43
Figura 4.31 - Botões presentes na página "Resumo" ……………………………………………………… 44
Figura 4.32 - Tabelas de resumo ……………………………………………………………………………………. 44
Figura 4.33 - Tabela de resumo da máxima queda de tensão e potência de perdas ……. 44
Figura 4.34 - Base de dados ……………………………………………………………………………………………. 45
Figura 4.35 - Formulário para adicionar cabos à base de dados …………………………………… 46
Figura 4.36 - Fluxograma método de dimensionamento ………………………………………………. 47
Figura 4.37 - Fluxograma método de obtenção dos fatores de correção ……………………… 48
Figura 4.38 - Fluxograma método de cálculo corrente de serviço e corrente máxima
admissível do cabo …………………………………………………………………………………………………………. 49
Figura 4.39 - Fluxograma método de cálculo da queda de tensão ………………………………… 50
Figura 4.40 - Fluxograma método cálculo das perdas ohmicas ……………………………………… 51
Figura 4.41 - Fluxograma método cálculo curto-circuito ……………………………………………… 52
Figura 4.42 - Fluxograma módulo de reatância de neutro ……………………………………………. 53
Figura 5.1 - Formulário “Adicionar cabo à base de dados” preenchido com parâmetros do
cabo ………………………………………………………………………………………………………………………………… 57
Figura 5.2 – Resultados da primeira verificação das condições de aquecimento …………. 58
Figura 5.3 – Resultados da segunda verificação das condições de aquecimento e folga
……………………………………………………………………………………………………………………………………….. 58
Figura 5.4 – Resultados da verificação da condição de queda de tensão da ligação ao
transformador ………………………………………………………………………………………………………………… 58
Figura 5.5 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora,
secção da bainha e corrente de CC máxima admissível ………………………………………………… 59
Figura 5.6 – Resultados da verificação da condição de fadiga térmica ………………………… 59
xiv

Figura 5.7 – Resultados da verificação da condição de aquecimento e folga da ligação ao


TSA …………………………………………………………………………………………………………………………………. 61
Figura 5.8 - Resultados da verificação da condição de queda de tensão da ligação ao TSA
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 61
Figura 5.9 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora,
secção da bainha e corrente de CC máxima admissível da ligação ao TSA …………………… 62
Figura 5.10 - Resultados da verificação da condição de fadiga térmica da alma condutora
da ligação do TSA ……………………………………………………………………………………………………………. 62
Figura 5.11 – Esquema simplificado das ligações a dimensionar e respetivos comprimentos
totais por fase ………………………………………………………………………………………………………………… 62
Figura 5.12 – Formulário “Modos de Instalação” preenchido com os dados da ligação SE –
PS.03 ………………………………………………………………………………………………………………………………. 64
Figura 5.13 – Resultados do cálculo de Ib, Iz’ e verificação da condição de aquecimento
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 65
Figura 5.14 – Resultados obtidos no cálculo da queda de tensão para a ligação SE – PS.03
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 65
Figura 5.15 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora,
secção da bainha e corrente de CC máxima admissível da ligação ao SE – PS.03 ………. 66
Figura 5.16 - Resultados da verificação da condição de fadiga térmica da alma condutora
da ligação SE – PS.03 ……………………………………………………………………………………………………… 66

ANEXO B
Figura B.1 – Rede de exemplo de cálculo de Zeq …………………………………………………………… 90
xv
xvi
xvii

Lista de tabelas

Tabela 2.1 - Temperaturas máximas para os diferentes materiais isolantes …………………. 6


Tabela 3.1 - Variação do valor da resistividade térmica do solo em função da humidade
e natureza do solo …………………………………………………………………………………………………………… 19
Tabela 3.2 - Valores de K ……….……………………………………………………………………………………… 26
Tabela 3.3 - Intensidade de corrente de curto-circuito máxima admissível (A) …………… 28

ANEXO A
Tabela A3.1 – Fatores de correção para profundidades de enterramento diferentes de 0.8
m (Tabela B.12 e B.13 IEC 60502-2) ………………………………………………………………………………. 77
Tabela A3.2 – Fatores de correção para profundidades de enterramento diferentes de 1
m (Cables y Accesorios para Media Tensión, Prysmian 2013) ………………………………………… 77
Tabela A4.1 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo em cabos
unipolares (Tabelas B.14, B.15 IEC 60502-2) …………………………………………………………………. 78
Tabela A4.2 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo em cabos tripolares
(Tabelas B.16, B.17 IEC 60502-2) …………………………………………………………………………………… 79
Tabela A4.3 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo (Quadro 52-E6
RTIEBT) …………………………………………………………………………………………………………………………… 80
Tabela A5.1 – Fatores de correção para grupos de cabos tripolares / grupos de circuitos
trifásicos de cabos unipolares enterrados diretamente no solo ou enterrados em tubos
(Tabelas B.18, B.19, B.20 e B.21 IEC 60502-2) ……………………………………………………………… 81
Tabela A5.2 – Fatores de correção para grupos de cabos tripolares / grupos de circuitos
trifásicos de cabos unipolares enterrados diretamente no solo ou enterrados em tubos
(Cables y Accesorios para Media Tensión, Prysmian 2013) ……………………………………………. 82
Tabela A5.3 – Fatores de correção para agrupamento de diversos circuitos de cabos
tripolares, instalados ao ar, lado a lado, em camada simples (Tabela B.22 IEC 60502-2)
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 83
Tabela A5.4 – Fatores de correcção para agrupamento de diversos circuitos de cabos
unipolares, instalados ao ar, lado a lado, em camada simples (Tabela B.23 IEC 60502-2)
………………………………………………………………………………………………………………………………………… 84
Tabela A5.5 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos
em caminhos de cabos perfuradoscom separação entre cabos de d (diâmetro) …………… 85
Tabela A5.6 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos
em caminhos de cabos com separação entre cabos de d (diâmetro) ……………………………. 85
xviii

Tabela A5.7 – Fatores de correção para cabos tripolares ou trevos de cabos unipolares em
contacto entre si e com a parede, em caminhos de cabos ……………………………………………. 85
Tabela A5.8 – Fatores de correção para cablos tripolares ou trevos de cabos unipolares,
em contacto entre si, na parede …………………………………………………………………………………… 85
Tabela A5.9 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos
em caminhos de cabos perfurados com separação entre cabos inferior a d e superior a
d/4 …………………………………………………………………………………………………………………………………. 86
Tabela A5.10 – Fatores de correção para cabos unipolares, em caminhos de cabos com
separação entre cabos igual a d ……………………………………………………………………………………… 86
Tabela A5.11 – Fatores de correção para Cabos unipolares, em caminhos de cabos
perfurados com separação entre cabos igual a d …………………………………………………………… 86
xix
xx
xxi

Abreviaturas e Símbolos

Lista de abreviaturas

AT Alta Tensão
Al Alumínio
BD Base de dados
CC Curto-Circuito
Cu Cobre
EPR/HEPR Borracha de Etileno-propileno
Fc Fator de correção
IEC International Electrotechnical Commission
MT Média Tensão
NP Norma Portuguesa
PDIRT Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de
Transporte de Eletricidade
PVC Policloreto de Vinilo
RTIEBT Regras Técnicas de Instalações Elétricas de Baixa Tensão
TSA Transformador de Serviços Auxiliares
VBA Visual Basic For Applications
XLPE Polietileno Reticulado

Lista de símbolos

UO - Valor eficaz da tensão entre o condutor e a blindagem (kV)


U - Valor eficaz da tensão entre dois condutores (num sistema de cabos monopolares)
(kV)
Um - Valor eficaz máximo da “tensão mais elevada da rede”, para a qual o cabo pode ser
usado (kV)
IB – Corrente de serviço (A)
P - Potência ativa (W)
cos  - Fator de potência
IZ - Corrente máxima admissível de um cabo (A)
IZ’ - Corrente máxima admissível corrigida de um cabo (A)
K1 - Fator de correção em função da temperatura ambiente
xxii

K2 - Fator de correção em função da temperatura do solo


K3 - Fator de correção em função da profundidade de enterramento
K4 - Fator de correção em função da resistividade térmica do solo
K5 - Fator de correção em função do agrupamento de cabos
amb - Temperatura ambiente (referência) durante a medição da corrente máxima
admissível (°C)
’amb - Temperatura ambiente do local onde será colocado o cabo (°C)
s - Temperatura máxima do condutor em regime permanente (°C)
solo - Temperatura do solo (referência) durante a medição da corrente máxima
admissível (°C)
’solo - Temperatura do solo do local onde será colocado o cabo (°C)
Z - Impedância do cabo ()
RAC - Resistência do cabo em corrente alternada (/km)
X - Reatância do cabo (/km)
l - Comprimento do cabo (km)
l’ - Comprimento corrigido do cabo (km)
EM - Margem de erro considerada de forma a compensar eventuais erros de medição (%)
lponta - Comprimento de ponta (nos extremos de cada cabo) (km)
ε - Variação máxima da queda de tensão (%)
Unc - Tensão nominal composta do sistema (V)
Uns - Tensão nominal simples do sistema (V)
ZCC - Impedância durante o curto-circuito do cabo a dimensionar (/m)
RDC - Resistência em corrente contínua corrigida do cabo (/m)
R20C
DC - Resistência em corrente contínua do cabo à temperatura de 20 ºC ()

20 - Coeficiente de variação da resistividade com a temperatura (ºK -1)


 - Valor da temperatura final da alma condutora, corresponde a temperatura máxima
de funcionamento em curto-circuito (ºC)
c - Fator de tensão
Zeq - Impedância equivalente “vista” do ponto a calcular ()
Ith - Corrente de curto-circuito equivalente térmica
𝐼𝑘′′ - Corrente de curto-circuito trifásica inicial simétrica no ponto a calcular (A)
m - Coeficiente que representa o efeito do calor resultante da componente DC da
corrente de curto-circuito
n - Coeficiente que representa o efeito do calor resultante da componente AC da corrente
de curto-circuito
Smin – Secção mínima da alma condutora (mm2)
ta - Tempo de atuação das proteções (s)
K - Fator que depende do material da alma condutora e do isolamento do cabo
xxiii

tFT – Tempo de fadiga térmica (s)


S - Secção da alma condutora (mm2)
ICC - Intensidade de corrente-curto circuito a transmitir (A)
K’ - Coeficiente que depende da natureza do metal condutor
20 - Coeficiente de variação da resistividade com a temperatura (ºK -1)
i - Temperatura da alma condutora no início do curto-circuito (ºC)
f - Temperatura máxima admissível da alma condutora durante o curto-circuito (ºC)
 - Coeficiente que depende das caraterísticas do material da alma condutora
𝑊𝑗 – Perdas por efeito joule no cabo (W)
RAC – Resistência do cabo em corrente alternada ()
Introdução | 1

Capítulo 1

Introdução

Nos últimos anos verificou-se uma crescente necessidade de consumo de energia


elétrica por parte das populações levando ao consequente projeto e construção de centrais de
produção e redes de transporte e distribuição. Assim, torna-se imperativo um processo de
dimensionamento de cabos correto, adequado e fiável de forma a garantir a concretização dos
projetos definidos, garantindo a segurança dos seus operadores e utilizadores.
Com este desígnio foi proposta a criação de uma aplicação computacional que realize
o processo de dimensionamento de cabos e caminhos de cabos. O desenvolvimento de tal
aplicação tem o objetivo de se tornar numa ferramenta importante para o engenheiro que irá
dimensionar tais ligações elétricas uma vez que uma tarefa deste tipo implica o conhecimento
e cumprimento de várias normas nacionais e internacionais e a pesquisa e execução de cálculos
trabalhosos.
O presente documento encontra-se dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo,
encontra-se a motivação e objetivos inerentes ao trabalho realizado.
No capítulo 2 é exposta a fundamentação teórica relevante, nomeadamente a análise
das várias normas construtivas dos cabos de média e alta tensão.
No terceiro capítulo é descrito o método de dimensionamento e a verificação das várias
condições de segurança.
No quarto capítulo descreve-se a ferramenta desenvolvida. Encontra-se a justificação
da escolha de software, assim como a descrição das várias funcionalidades da aplicação.
No capítulo 5 é exemplificada a utilização da ferramenta em questãoIntrodução |
em dois casos
reais.
Finalmente, no sexto e último capítulo encontram-se as conclusões finais resultantes
da elaboração da presente dissertação, assim como possíveis perspetivas de desenvolvimento.
2 | Motivação e objetivos

1.1 - Enquadramento Empresarial

A Sisint (figura 1.1) é uma empresa de engenharia que desenvolve a sua atividade nas
áreas da energia, gestão técnica de edifícios e transportes.
No domínio da energia uma das principais competências da empresa é o projeto de
instalações elétricas, nomeadamente de subestações até 400 kV onde as suas competências são
abrangentes, permitindo oferecer aos seus clientes soluções que compreendem as diferentes
especialidades envolvidas nomeadamente, estudos de rede, dimensionamento eletromecânico
e projeto de sistemas de proteção e controlo.
Localiza-se na Rua de Murraceses, 550 4415-490 Grijó, Vila Nova de Gaia e desenvolve
a sua atividade para diferentes países como Portugal, China, Chile, Moçambique e Reino Unido.

Figura 1.1 - Logotipo SISINT

1.2 - Motivação e objetivos

Dado o incremento da atividade da empresa, sobretudo em mercados de exportação,


impõe-se a necessidade de otimizar e sistematizar algumas soluções técnicas que usa
recorrentemente.
O tema proposto enquadra-se nesse desígnio. Com ele a empresa pretende encontrar
soluções inovadoras que lhe permita oferecer aos seus clientes respostas mais económicas e
eficientes aos seus problemas. Assim, considera-se que o dimensionamento de cabos MT/AT e
respetivos caminhos tem uma enorme importância para o desenvolvimento de cada projeto.
Durante a realização do trabalho o principal objetivo foi a automatização do processo
de dimensionamento através do desenvolvimento de uma aplicação computacional de fácil
acesso, intuitiva e flexível, sendo possível a sua atualização em caso de eventuais alterações
de parâmetros, normas em vigor e componentes a dimensionar. A já existência de ferramentas
semelhantes é um facto, no entanto, estas não apresentam soluções com componentes de
vários fabricantes limitando as opções do utilizador - ver [1] e [2]. Assim, esta aplicação
permite ao utilizador concretizar uma escolha justificada do tipo de cabo a utilizar numa
determinada instalação.
3
4
Cabos de média e alta tensão | 5

Capítulo 2

Cabos de média e alta tensão

O principal objetivo é o dimensionamento de cabos para redes elétricas que


apresentem tensões entre 1.8 kV e 400 kV. Desta forma, os cabos a serem considerados terão
que respeitar as normas indicadas nos capítulos seguintes. Nos documentos a seguir referidos
é possível encontrar normas, para diferentes gamas de tensões estipuladas, para os materiais
constituintes dos cabos, assim como as suas caraterísticas intrínsecas, como dimensões e
temperaturas máximas de funcionamento. Estão também expostas as condições para as quais
os cabos devem ser testados.

2.1 – Norma IEC 60228

Este documento é de extrema relevância no cálculo realizado pela ferramenta, uma


vez que normaliza parâmetros como a secção nominal do condutor e os limites máximos de
resistência em corrente contínua dos mesmos, como se pode ver em [3].
Classifica os condutores em quatro classes:
• Classe 1: condutores rígidos
• Classe 2: condutores multifilares
• Classe 5: condutores flexíveis
• Classe 6: Condutores mais flexíveis que os da classe 5

Define também os materiais que devem ser utilizados para fabricar estes condutores,
sendo:
• Cobre
• Alumínio ou liga de alumínio
6 | Norma IEC 60502-2

2.2 – Norma IEC 60502-2

A norma em questão especifica a construção, dimensões físicas, parâmetros elétricos e


requisitos de teste de cabos com isolamento sólido extrudido para tensões estipuladas UO/U
(Um), expressa em kV:
• 3,6/6 (7,2)
• 6/10 (12)
• 8,7/15 (17,5)
• 12/20 (24)
• 18/30 (36)

Onde:
• UO é o valor eficaz da tensão entre o condutor e a blindagem;
• U é o valor eficaz da tensão entre dois condutores (num sistema de cabos
monopolares);
• Um é o valor eficaz máximo da “tensão mais elevada da rede”, para a qual o cabo
pode ser usado; Um é designada por “tensão mais elevada para o equipamento” - ver
[4].

Os condutores devem pertencer à classe 1 ou 2 de acordo com a norma IEC 60228, como
referido em 2.1.
Esta norma define também os tipos de materiais utilizados no isolamento assim como
as suas temperaturas máximas de funcionamento normal e de curto-circuito como é
apresentado na tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Temperaturas máximas para os diferentes materiais isolantes [3]

Temperatura máxima do condutor (ºC)

Temperatura máxima em curto-


Material do isolamento Temperatura máxima de
circuito (ºC) (duração máxima
funcionamento (ºC)
de 5s)

Policloreto de Vinilo (≤300


70 160
mm2) (PVC/B)

Policloreto de Vinilo (>300


70 140
mm2) (PVC/B)

Polietileno Reticulado (XLPE) 90 250

Borracha de Etileno-propileno
90 250
(EPR e HEPR)
Cabos de média e alta tensão | 7

2.3 – Norma IEC 60840

Na sequência da norma IEC 60502-2, a norma IEC 60840 especifica a construção,


dimensões e requisitos de teste de cabos que apresentem isolamento sólido extrudido em
instalações fixas para tensões estipuladas UO/U (Um), expressa em kV, maiores que 30 kV (Um =
36 kV) até 150 kV (Um = 170 kV), inclusive [5].

2.4 – Norma IEC 62067

Este documento surge em concordância com as normas referidas em 2.2 e 2.3


colmatando a falta das tensões estipuladas mais elevadas. Normaliza a construção, dimensões
e requisitos de teste de cabos que apresentem isolamento sólido extrudido em instalações fixas
para tensões estipuladas UO/U (Um), expressa em kV, maiores que 150 kV (Um = 170 kV) até 500
kV (Um = 550 kV), inclusive [6].
8
Dimensionamento | 9

Capítulo 3

Dimensionamento

Neste capítulo é possível encontrar as várias fórmulas que são utilizadas durante o
processo de dimensionamento realizado pela ferramenta. São abordados os temas do cálculo
de correntes, como corrente de serviço, corrente admissível do cabo e corrente de curto-
circuito. Também é abordado o cálculo de quedas de tensão e perdas.
O dimensionamento de um cabo não depende apenas da corrente que o atravessa, mas
sim de um conjunto variado de fatores como o modo de instalação do mesmo, a influência dos
fatores atmosféricos, a presença de outros cabos e a temporização dos mecanismos de
proteção.
A resolução deste problema envolve também a verificação de um conjunto de
condições de índole técnica [7].

3.1 – Corrente de serviço

A fórmula para o cálculo da corrente de serviço (IB) é a seguinte:

𝑃 1
𝐼𝐵 = × (𝐴) (3.1)
√3 × 𝑈 × cos  𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑓𝑎𝑠𝑒

Onde,
• P é a potência ativa, expressa em W. Considera-se apenas o valor de potência ativa
uma vez que se trata do mais desfavorável, que ocorre quando o fator de potência é
unitário;
• U é o valor de tensão composta, expressa em V;
• cos  é o valor do fator de potência.
10 | Corrente máxima admissível do cabo

3.2 – Corrente máxima admissível do cabo

A corrente máxima admissível de um cabo (IZ) é dos parâmetros mais importantes e


limitadores no dimensionamento de cabos. Corresponde ao maior valor de corrente que pode
circular na canalização elétrica em regime permanente. Devido às suas caraterísticas
construtivas os cabos poderão funcionar em regime permanente a uma temperatura máxima
que determina, por sua vez, o valor máximo de intensidade de corrente que podem veicular
[7].
A intensidade de corrente máxima admissível numa canalização depende, para além
das caraterísticas dimensionais, elétricas e térmicas dos cabos, das condições de instalação dos
mesmos, já que estes fatores condicionam diretamente a dissipação das perdas térmicas
geradas nos cabos [8].
Os fabricantes de cabos fornecem tabelas que associam este valor de corrente à secção
correspondente e ao respetivo modo de instalação. Em 3.2.1 e 3.2.2 é possível conhecer os
diferentes modos de instalação considerados, assim como os fatores de correção associados.
Após a obtenção de IZ e dos fatores de correção necessários deve-se multiplicar estes
valores entre si de forma a obter a corrente máxima admissível corrigida I Z’, como mostra a
expressão 3.2.

𝐼𝑍′ = 𝐼𝑍 × 𝐾1 × 𝐾2 × 𝐾3 × 𝐾4 × 𝐾5 (A) (3.2)

Onde,
• IZ é a corrente máxima admissível de um cabo, expressa em A
• IZ’ é a corrente máxima admissível corrigida de um cabo, expressa em A
• K1 é o fator de correção em função da temperatura ambiente
• K2 é o fator de correção em função da temperatura do solo
• K3 é o fator de correção em função da profundidade de enterramento
• K4 é o fator de correção em função da resistividade térmica do solo
• K5 é o fator de correção em função do agrupamento de cabos

3.2.1 – Modos de instalação

Os modos de instalação considerados na ferramenta estão divididos em três grandes


grupos: ao ar, diretamente enterrados, enterrados em tubos. Em relação aos modos de
colocação consideraram-se: em esteira (figura 3.1), esteira juntiva (figura 3.2) e trevo juntivo
(figura 3.3) (apenas em circuitos trifásicos de cabos monopolares).
Dimensionamento | 11

Figura 3.1 - Instalação em esteira [8]

Figura 3.2 - Instalação em esteira juntiva [8]

Figura 3.3 - Instalação em trevo juntivo [8]

Nas figuras 3.4 a 3.27 encontram-se exemplificados os diferentes modos de instalação


que é possível selecionar na ferramenta:

• Diretamente enterrados

Figura 3.4 - Instalação diretamente enterrada [4]

• Enterrados em tubos

Figura 3.5 - Instalação enterrada em tubos [4]

Dentro do grupo das instalações “Ao ar” temos:


• Ao ar

Figura 3.6 - Instalação ao ar [4]


12 | Modos de Instalação

Figura 3.7 - Instalação em caminhos de cabos (Tripolares em esteira horizontal separados por d=diâmetro)
[9]

Figura 3.8 - Instalação em caminhos de cabos (Tripolares em esteira horizontal encostados entre si) [9]

Figura 3.9 - Instalação em caminhos de cabos (Unipolares em trevo juntivo separados por d=diâmetro)
[9]
Dimensionamento | 13

Figura 3.10 - Instalação em caminhos de cabos (Unipolares em trevo juntivo encostados entre si) [9]

Figura 3.11 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em esteira horizontal separados
por d=diâmetro) [9]

Figura 3.12 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em esteira horizontal encostados
entre si) [4]

Figura 3.13 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Tripolares ou unipolares em trevo juntivo com
separação inferior a d e superior a d/4) [9]
14 | Modos de Instalação

Figura 3.14 - Instalação em caminhos de cabos perfurados (Unipolares em trevo juntivo separados por
2d) [4]

Figura 3.15 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Tripolares em esteira separados por
d=diâmetro) [4]

Figura 3.16 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Tripolares em esteira encostados
entre si) [4]

Figura 3.17 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Unipolares em trevo juntivo
separados por 2d) [4]

Figura 3.18 - Instalação em caminhos de cabos perfurados verticais (Unipolares em esteira encostados
entre si) [4]
Dimensionamento | 15

Figura 3.19 - Fixados à parede encostados entre si (Tripolares ou unipolares em trevo juntivo) [9]

Figura 3.20 - Fixados à parede separados (Unipolares em esteira vertical) [9]

Figura 3.21 - Fixados perto da parede separados (Tripolares ou unipolares em trevo juntivo) [9]

Figura 3.22 - Fixados perto da parede separados (Unipolares em esteira vertical) [9]
16 | Modos de Instalação

Figura 3.23 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Tripolares em esteira horizontal encostados
entre si) [4]

Figura 3.24 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Tripolares em esteira horizontal separados
por d=diâmetro) [4]

Figura 3.25 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Unipolares em esteira horizontal encostados
entre si) [4]

Figura 3.26 - Instalação em escadas (para cabos) / Consolas (Unipolares em trevo juntivo separados por
2d) [4]

Figura 3.27 - Instalação em canaleta


Dimensionamento | 17

3.2.2 – Fatores de correção

Após a definição do modo de instalação deve-se ter em conta fatores como as


temperaturas ambiente e do solo, profundidade de enterramento e resistividade do solo uma
vez que é comum que a instalação que se está a projetar não coincida com as condições na
qual foram testados os cabos indicados. Assim, devem-se multiplicar os valores de IZ pelos
fatores de correção adequados.
Como referido em 3.2 existem seis fatores distintos:
1. Temperatura ambiente (apenas para canalizações ao ar, caso não sejam é igual
a 1)
2. Temperatura do solo (apenas para canalizações enterradas, caso não sejam é
igual a 1)
3. Profundidade de enterramento (apenas para canalizações enterradas, caso não
sejam é igual a 1)
4. Resistividade térmica do solo (apenas para canalizações enterradas, caso não
sejam é igual a 1)
5. Agrupamento de canalizações
6. Cabos entubados (só considerado quando o valor de IZ apenas está disponível
em cabos diretamente enterrados, caso não sejam é igual a 1)

Os fatores considerados foram obtidos após consulta da norma IEC 60502-2 e do


catálogo Cables y Accesorios para Media Tensión, Prysmian 2013. A escolha deste catálogo
deve-se ao facto de ser comum o dimensionamento de cabos deste fabricante por parte da
empresa. Desta forma, aquando da escolha do cabo, caso este seja Prysmian, serão
considerados os fatores presentes no catálogo.

3.2.2.1 Fator de correção em função das temperaturas ambientes para


canalizações instaladas ao ar

Fator pelo qual deve ser multiplicado o valor da corrente máxima admissível do cabo
caso o valor da temperatura ambiente (amb) na instalação ao ar seja diferente da normalizada
pela norma ou fabricante.
O valor do fator de correção é dado pela expressão:

𝑠 −  ′𝑎𝑚𝑏 (3.3)
𝐾1 = √
𝑠 − 𝑎𝑚𝑏
18 | Fatores de correção

Onde,
• amb é a temperatura ambiente (referência) durante a medição da corrente máxima
admissível, expressa em °C;
• ’amb é a temperatura ambiente do local onde será colocado o cabo, expressa em °C;
• s é a temperatura máxima do condutor em regime permanente, expressa em °C.
A análise da expressão 3.3 permite concluir que se a temperatura ambiente do local
de instalação for menor que a de referência o fator será maior que a unidade, consequência
do melhoramento das condições de arrefecimento dos cabos.

3.2.2.2 Fator de correção em função das temperaturas ambientes para


canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos

Fator pelo qual deve ser multiplicado o valor da corrente máxima admissível do cabo
caso o valor da temperatura do solo (solo) na instalação seja diferente da normalizada pela
norma ou fabricante.
O valor do fator de correção é dado pela expressão:

𝑠 −  ′𝑠𝑜𝑙𝑜 (3.4)
𝐾2 = √
𝑠 − 𝑠𝑜𝑙𝑜

Onde,
• solo é a temperatura do solo (referência) durante a medição da corrente máxima
admissível, expressa em °C;
• ’solo é a temperatura do solo do local onde será colocado o cabo, expressa em °C;
• s é a temperatura máxima do condutor em regime permanente, expressa em °C.

A análise feita em 3.2.2.1 para a expressão 3.4 leva a conclusões semelhantes visto
que se a temperatura do solo do local de instalação for menor que a de referência o fator será
maior que a unidade, consequência do melhoramento das condições de arrefecimento dos
cabos.
Tanto em 3.2.2.1 como em 3.2.2.2 deve-se ter em atenção o valor da temperatura de
referência uma vez que, apesar de a maioria dos fabricantes respeitar o valor sugerido pela
norma ( = 20 ºC), este nem sempre é seguido.
Dimensionamento | 19

3.2.2.3 Fator de correção em função da profundidade de enterramento para


canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos

A quantificação da influência da profundidade de colocação de um cabo, sobre a


intensidade admissível, é delicada. No entanto, sabe-se que a resistividade térmica do terreno
envolvente do cabo, cresce com a profundidade, o que corresponde a uma diminuição da
capacidade de dissipação de energia térmica e como tal da corrente máxima admissível [8].
Segundo [11] a influência da profundidade de enterramento é desprezável para
distâncias entre 0.7 e 1.2 metros.
O fator de correção K3 pode ser encontrado no anexo A através da análise das tabelas
A3.1 e A3.2, caso se esteja a dimensionar considerando fatores da norma IEC 60502-2 ou do
catálogo Prysmian [10], respetivamente. Na decisão da tabela a utilizar deve-se também ter
em conta o valor de profundidade de referência, no qual K3 = 1. Segundo a norma IEC 60502-2
é de 0.8 metros, mas pode variar entre fabricantes. Consideraram-se os seguintes intervalos
para auxílio na decisão:
• Valor de referência <= 0.8 metros, Tabela A3.1
• 0.7 <= Valor de referência <= 1.2 metros, Tabela A3.2
• Valor de referência e Profundidade de enterramento > 1.2 metros: K3 = 1. Considerar
uma temperatura do solo do local superior à original e obter K2 com o novo valor de
’solo.
• Valor de referência > 1.2 metros e Profundidade de enterramento < 1.2 metros : K3 =
1. A condição de teste ao ser mais desfavorável que a condição de instalação garante
uma margem de segurança no dimensionamento.

3.2.2.4 Fator de correção em função da resistividade térmica do solo para


canalizações diretamente enterradas e enterradas em tubos

A resistividade térmica do solo é um fator que influencia a corrente máxima admissível


numa canalização, difícil de avaliar pois depende de vários fatores como a resistividade própria
dos materiais que constituem o solo, a sua compactação, humidade, etc [8]. De acordo com a
norma IEC 60502-2 pode-se assumir que as propriedades do solo são uniformes, não
considerando a alteração de propriedades do mesmo, como a humidade.
Segundo o quadro 52-E6 do RTIEBT, é possível confirmar a influência dos fatores
referidos no valor da resistividade térmica do terreno.
20 | Fatores de correção

Tabela 3.1 - Variação do valor da resistividade térmica do solo em função da humidade e natureza do
solo [12]

Observações
Resistividade térmica

do terreno (K.m/W) Natureza do


Humidade
terreno

0.40 Cabo imerso Lodo

0.50 Terreno muito húmido Areia

0.70 Terreno húmido

0.85 Terreno normal

1.00 Terreno seco Argila e Calcário

1.20

1.50

2.00 Terreno muito seco

2.50 Cinzas

3.00

É prática comum a correção do valor da resistividade do solo através da substituição


do terreno original por materiais de caraterísticas térmicas mais vantajosas, originando
melhores valores de K4.
Ao decidir o valor do fator de correção K4 tem que se ter em conta que nem todos os
fabricantes assumem como valor de referência o mesmo que o da norma (1.5 K.m/W), sendo
comuns valores de 1 e 1.2 K.m/W. No anexo A estão disponíveis duas tabelas A3 e A4 sendo
que devem ser analisadas de acordo com as seguintes sugestões:
• Cabos unipolares e Valor de referência >= 1.5 K.m/W, Tabela A4.1
• Cabos tripolares e Valor de referência >= 1.5 K.m/W, Tabela A4.2
• Valor de referência < 1.5 K.m/W, Tabela A4.3

3.2.2.5 Fator de correção em função do agrupamento

O fator de correção K5 pode ser influenciado por vários fatores e é essencial na escolha
da secção do cabo a dimensionar. Depende:
• Das características das canalizações colocadas na proximidade da canalização em
estudo, incluindo, eventualmente, o número de cabos colocados em paralelo, tipos,
secções e dimensões dos mesmos, bem como intensidades transmitidas;
• Da disposição relativa das canalizações nos locais onde mais se aproximam;
Dimensionamento | 21

• Das características térmicas do solo (quando diretamente enterrados ou enterrados em


tubos).

Como se sabe, um cabo durante o seu funcionamento emite calor consequência do


efeito Joule no seu condutor. Ao serem agrupadas canalizações o aquecimento mútuo entre
elas apenas se torna um aspeto desprezável quando a distância entre as mesmas for de pelo
menos um metro. Recomenda-se o distanciamento de pelo menos 0.2 metros entre canalizações
em esteira horizontal, encontrando assim um compromisso entre o fator de correção e a
eficiência na utilização de espaço. No entanto, tal nem sempre é possível. É desaconselhável
a colocação dos cabos em várias camadas sobrepostas. Esta disposição é sempre desfavorável
do ponto de vista térmico. Torna, além disso, delicada toda a intervenção posterior sobre os
cabos [11].
Os fatores em questão podem ser considerados uma estimativa confiável, apresentando
um certo nível de margem no efeito provocado pelo agrupamento de cabos. Porém, foram
calculados considerando que todos os cabos eram iguais. Para canalizações onde se encontrem
cabos de diferentes secções devem ser calculados tendo em conta o caso específico. Uma
alternativa é o sobredimensionamento ao considerar que todos os cabos apresentam a secção
do maior.
No anexo A é possível encontrar as várias tabelas com os valores de K5 para os
diferentes modos de instalação referidos em 3.2.1. No anexo A também é possível encontrar o
método de cálculo deste fator quando os cabos são agrupados em canaleta uma vez que
instalações desta natureza apresentam variações na disposição dos mesmos.

3.2.2.6 – Fatores de correção na ausência de informação sobre cabos


entubados

A maioria dos catálogos de cabos apresenta valores de corrente admissível para


diferentes modos de instalação. Contudo, por vezes apenas é fornecida a corrente para cabos
ao ar e/ou diretamente enterrados. Caso a canalização a dimensionar seja entubada o valor de
IZ deve ser multiplicado por 0.90.

3.3 – Condição de aquecimento

Condição que verifica se a corrente IB é inferior à corrente máxima admissível do cabo


(IZ ou IZ’ caso precedida de correção). Desta forma, garante-se a capacidade de o cabo
dimensionado veicular a corrente sem sofrer degradação.
22 | Fatores de correção

𝐼𝐵 ≤ 𝐼𝑍 (3.5)

3.3.1 – Folga

Condição subjetiva e imposta pelo projetista cujo objetivo é garantir a existência de


uma margem entre os valores de IB e IZ. O valor mínimo que a condição deve respeitar pode
depender consoante a instalação e requisitos do cliente. Trata-se de um teste extra à condição
de aquecimento vista em 3.1 e pode ser calculada pela expressão 3.6.

𝐼𝑍
𝐹𝑜𝑙𝑔𝑎 = ( − 1) ∗ 100 (%) (3.6)
𝐼𝐵

3.4 – Queda de tensão

No dimensionamento de uma instalação elétrica é essencial analisar o valor das quedas


de tensão no ponto de alimentação da carga, ou seja, a variação percentual entre os pontos da
canalização de tensão máximo e mínimo. Assim, é possível saber se a tensão disponível é
suficiente, respeitando os limites mínimos definidos, como será abordado em 3.4.1. Como se
trabalha apenas com instalações trifásicas este valor pode ser obtido pela expressão 3.7.

𝑈 = 𝑍 × 𝐼𝐵 ≈ (𝑅𝐴𝐶 cos  + 𝑋 sin ) × 𝑙 × 𝐼𝐵 (V) (3.7)

Onde,
• Z é a impedância do cabo, expressa em ;
• IB representa a intensidade da corrente de serviço, expressa em A;
• RAC é a resistência do cabo em corrente alternada, expressa em /km;
• X é a reatância do cabo, expressa em /km;
• l é o comprimento do cabo, expresso em km;
• cos  representa o fator de potência.

Deve-se considerar o valor de R à temperatura máxima de funcionamento, em regime


permanente, de forma a garantir uma situação mais desfavorável. Na tabela 2.1 é possível
encontrar os valores máximos da temperatura consoante o material do isolamento do cabo. O
valor de RAC é um dos vários parâmetros elétricos fornecidos nas folhas de caraterísticas dos
fabricantes de cabos.
Tendo em conta o comprimento de ponta e eventuais erros de medição o comprimento
do cabo (l) deve ser corrigido pela expressão 3.8.
Dimensionamento | 23

𝐸𝑀
𝑙 ′ = 𝑙 × (1 + ) + 2 × 𝑙𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 (km) (3.8)
100

Onde,
• l’ é o comprimento corrigido do cabo, expresso em km;
• l é o comprimento do cabo, expresso em km;
• EM é uma margem de erro considerada de forma a compensar eventuais erros de
medição, expresso em %;
• lponta é o comprimento de ponta (nos extremos de cada cabo), expresso em km.

3.4.1 – Condição de queda de tensão

A queda de tensão máxima admissível (ε.Uns) depende do tipo de instalação. Este valor
de ε geralmente não ultrapassa os 5 a 8% em instalações de média e alta tensão, podendo ir
até aos 10%.
Em primeiro lugar deve-se obter o valor da variação da tensão nominal como em 3.9.
Então a condição de queda de tensão é verificada pela expressão 3.10.

|𝑈|
ε= × 100 (%) (3.9)
𝑈𝑛𝑐
√3

|𝑈| ≤ ε. 𝑈𝑛𝑠 (3.10)

Onde,
• ε. 𝑈𝑛𝑠 é a queda de tensão máxima admissível, expressa em V;
• ε é a variação máxima da queda de tensão;
• Unc é a tensão nominal composta do sistema, expressa em V;
• Uns é a tensão nominal simples do sistema, expressa em V.

3.5 – Curto-circuito

Durante o curto-circuito circula no cabo uma corrente de intensidade muito superior à


que circula em regime permanente. Este aumento na intensidade da corrente provoca um
aumento significativo na temperatura da alma condutora, superior à temperatura em
funcionamento normal como se vê na tabela 2.1.
24 | Fatores de correção

O problema dos curto-circuitos é particularmente importante nas redes de média e alta


tensão devido às elevadas intensidades de corrente que se verificam. Para proteger a
integridade dos materiais que constituem o cabo e da carga que é alimentada são instalados
mecanismos de corte que atuam num intervalo de tempo muito curto. Consoante a duração do
defeito pode-se considerar dois tipos de processo: adiabático ou não adiabático. Um sistema é
descrito como adiabático quando não ocorrem trocas de calor entre a vizinhança dos materiais.
Considera-se um curto-circuito como adiabático quando a sua duração é inferior a cinco
segundos. Neste caso a resistência em corrente contínua do cabo, considerada no cálculo da
impedância de curto-circuito ZCC na expressão 3.11, não terá que ser corrigida consoante a
temperatura máxima de funcionamento em defeito, sendo considerado o seu valor a 20 ºC (mais
desfavorável). Caso o tempo de atuação das proteções seja superior a cinco segundos a
resistência deve ser corrigida segundo a expressão 3.12 de [13].

𝑍𝐶𝐶 = 𝑅𝐷𝐶 + 𝑗𝑋 (/m) (3.11)

Onde,
• ZCC é a impedância durante o curto-circuito do cabo a dimensionar, expressa em /m;
• RDC é a resistência em corrente contínua corrigida do cabo, expressa em /m;
• X é a reatância do cabo a dimensionar, expressa em /m.

20𝐶 [1
𝑅𝐷𝐶 = 𝑅𝐷𝐶 + 20 × ( − 20)] () (3.12)

Onde,
• R20C
DC é a resistência em corrente contínua do cabo à temperatura de 20 ºC, expressa

em ;
• 20 é o coeficiente de variação da resistividade com a temperatura, expressa em ºC-1.
Toma valores de 3.93x10-3 (ºC-1) para almas condutoras de cobre e 4.03x10 -3 (ºC-1) para
almas condutoras de alumínio [10];
•  é o valor da temperatura final da alma condutora, corresponde a temperatura
máxima de funcionamento em curto-circuito, expressa em ºC.

A corrente de curto-circuito trifásica inicial simétrica no ponto a calcular pode ser


calculada através da expressão 3.13 [14].

𝑈
𝑐× (3.13)
𝐼𝑘′′ = √3 (A)
|𝑍𝑒𝑞 |

Onde,
Dimensionamento | 25

• c é o fator de tensão. Em MT e AT, apresenta valores de 1.1 para correntes máximas e


apresenta valores de 1.0 para correntes mínimas [11].
• U é o valor da tensão composta, expressa em V;
• Zeq representa a impedância equivalente “vista” do ponto a calcular, expressa em .

O cálculo de Zeq depende principalmente do ponto K onde é calculado o defeito. Pode


depender também dos valores das impedâncias da rede, do ponto de ligação do sistema à rede,
da linha de ligação e do transformador. Valores como a razão X/R e as correntes de curto-
circuito máximas e mínimas nos pontos de ligação podem ser encontradas no relatório PDIRT
(Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade) do
ano em vigor. No Anexo B é possível encontrar as fórmulas associadas ao cálculo destas
impedâncias.
Com o valor de Ik’’ calcula-se, através de 3.14, o valor da intensidade da corrente de
curto-circuito equivalente térmica I th. Neste método, considera-se a ocorrência de trocas de
calor entre o cabo e a sua vizinhança (processo não adiabático) de forma a tornar mais
desfavoráveis as condições de dimensionamento e assim garantir uma margem de segurança.

𝐼𝑡ℎ = 𝐼𝑘′′ × √𝑚 + 𝑛 (A) (3.14)


Onde,
• 𝐼𝑘′′ é a corrente de curto-circuito trifásica inicial simétrica no ponto a calcular, expressa
em A;
• m é o coeficiente que representa o efeito do calor resultante da componente DC da
corrente de curto-circuito;
• n é o coeficiente que representa o efeito do calor resultante da componente AC da
corrente de curto-circuito.

Os valores de m e n podem ser encontrados através da análise das curvas m e n nas


figuras 3.28 e 3.29, respetivamente [11].
26 | Fatores de correção

Figura 3.28 - Curvas m [14]

Figura 3.29 - Curvas n [14]

O valor da secção mínima capaz de suportar a intensidade de corrente de curto-circuito


térmica é calculado através da expressão 3.15.

√𝑡𝑎 (3.15)
𝑆𝑚𝑖𝑛 = 𝐼𝑡ℎ × (mm2 )
𝐾

Onde,
Dimensionamento | 27

• ta é o tempo de atuação das proteções, expresso em s;


• K é um fator que depende do material da alma condutora e do isolamento do cabo. Os
valores que K pode apresentar encontram-se na tabela 3.2 [15].

Tabela 3.2 - Valores de K [15]

Tipo de isolamento
Material da alma
PVC ≤ 300 mm2 PVC > 300 mm2 EPR/HEPR e XLPE
condutora
Cobre 115 103 143
Alumínio 76 68 94

No entanto, a expressão 3.16 é mais precisa para calcular a secção mínima uma vez
que tem em conta a temperatura inicial e final de curto-circuito [16]. De notar que o valor de
K’ utilizado não será o mesmo apresentado na tabela 3.2.

𝐼𝐶𝐶 2 1 + 𝛼20 ∙ (𝜃𝑓 − 20)


( ) ∙ 𝑡 = 𝐾′ ∙ ln (3.16)
𝑆 1 + 𝛼20 ∙ (𝜃𝑖 − 20)
Onde,
• S é a secção da alma condutora, expressa em mm 2;
• ICC é a intensidade de corrente-curto circuito, expressa em A;
• K’ é um coeficiente que depende da natureza do metal condutor. K’ = 0.022 para
alumínio e K’ = 0.034 para cobre;
• 20 é o coeficiente de variação da resistividade com a temperatura, expressa em ºC-1.
Toma valores de 3.93x10-3 (ºC-1) para almas condutoras de cobre e 4.03x10 -3 (ºC-1) para
almas condutoras de alumínio [13];
• i é a temperatura da alma condutora no início do curto-circuito, expressa em ºC;
• f é a temperatura máxima admissível da alma condutora durante o curto-circuito,
expressa em ºC;

3.5.1 – Reatância de neutro

A utilização de reactâncias de neutro em subestações tem como objetivo a criação de


neutro artificial no secundário dos transformadores AT/MT e limitar as correntes de curto-
circuito fase terra a 300 A em redes aéreas e mistas, e a 1000 A em redes subterrâneas. A
secção da blindagem deve ser determinada considerando o regime mais desfavorável de carga,
ou seja, admitindo que a temperatura na mesma, antes da ocorrência de um curto-circuito
fase-terra, é igual à temperatura máxima do condutor em regime normal, diminuída de 10 °C,
e para um valor de intensidade de corrente de defeito de 1000 A durante 3s.O cabo, quando
28 | Reatância de neutro

sob aquelas condições de defeito, não deve sofrer deterioração ou envelhecimento


significativos [17].
No presente método de dimensionamento este valor de corrente é necessário na
verificação da secção da bainha de cobre do cabo. Conhecendo o valor da corrente de curto-
circuito fase-terra, a duração deste defeito e a secção da bainha é possível, através da análise
da tabela 3.3, descobrir a intensidade de corrente admissível. Os dados da tabela 3.3 foram
calculados de acordo com a norma IEC 60949.

Tabela 3.3 - Intensidade de corrente de curto-circuito máxima admissível (A) [10]

Duração CC Secção da Baínha Cu (mm)

(s) 10 16 25

0.1 5300 8320 12700

0.2 3880 6080 9230

0.3 3250 5090 7700

0.5 2620 4110 6160

1.0 1990 3130 4630

1.5 1720 2700 3960

2.0 1560 2440 3560

2.5 1450 2270 3290

3.0 1370 2150 3100

3.5.2 – Fadiga térmica do cabo

Um cabo é capaz de veicular uma determinada corrente de curto-circuito durante um


tempo máximo, chamado tempo de fadiga térmica (tFT), expresso em s e calculado através da
expressão 3.17. Este tempo depende da corrente de curto-circuito, da secção do cabo e da
natureza do metal condutor.

𝑆 2
𝑡𝐹𝑇 = (𝐾 × ) × (𝑓 − 𝑖 ) (s) (3.17)
𝐼𝐶𝐶

Onde,
• S é a secção da alma condutora, expressa em mm 2;
Dimensionamento | 29

• ICC é a intensidade de corrente-curto circuito a transmitir (para cálculo da secção da


bainha ver 3.5.1), expressa em A;
• K é um coeficiente que depende das temperaturas de funcionamento em CC e em
regime permanente, assim como da natureza do metal condutor. No entanto, é possível
adotar a seguinte aproximação: K = 7 para alumínio e K = 11 para cobre;
• i é a temperatura da alma condutora no início do curto-circuito (para cálculo da secção
da bainha ver 3.5.1), expressa em ºC;
• f é a temperatura máxima admissível da alma condutora durante o curto-circuito,
expressa em ºC;

Após o cálculo de 3.17 deve-se comparar os valores de tFT e ta de forma a garantir que
as proteções atuam antes que o defeito provoque fadiga no cabo.

𝑡𝐹𝑇 ≤ 𝑡𝑎 (3.18)

3.5.3 – Intensidade máxima admissível

Caso se deseje calcular a intensidade máxima admissível de curto-circuito tendo em


conta a secção e natureza da alma condutora, o tempo de duração do defeito, as temperaturas
máxima de funcionamento em curto-circuito e inicial deve-se utilizar a expressão 3.19.

𝑓 +  (3.19)
ln (
𝐾×𝑆 𝑖 +  )
𝐼𝐶𝐶 = ×√
√𝑡𝐶𝐶 𝑓 + 
ln (
𝑖 +  )

Onde,
• i é a temperatura da alma condutora no início do curto-circuito, expressa em ºC;
• f é a temperatura máxima admissível da alma condutora durante o curto-circuito,
expressa em ºC;
•  é um coeficiente que depende das caraterísticas do material da alma condutora.
Apresenta valores de 235 para cobre e 228 para alumínio.

3.5.4 – Condição de curto-circuito (Smin)

A verificação da condição de curto-circuito consiste na comparação do valor de secção


mínima obtido pela expressão 3.15 ou 3.16 com o valor da secção do cabo escolhido. Caso o
valor de Smin seja superior a condição é válida.
30

𝑆𝑚𝑖𝑛 > 𝑆𝑐𝑎𝑏𝑜 (3.20)

3.6 – Perdas por efeito Joule da alma condutora

As perdas por efeito joule no cabo a dimensionar são calculadas pela expressão 3.21.

𝑊𝑗 = 𝑅𝐴𝐶 × 𝐼 2 (W) (3.21)


Onde,
• RAC é a resistência do cabo em corrente alternada, expressa em ;
• I representa a intensidade da corrente veiculada pelo cabo, expressa em A;

As perdas por feito joule percentuais são dadas pela expressão 3.22.

𝑊𝑗
𝑊𝑗 (%) = × 100 (%) (3.22)
𝑃
Onde,
• P é a potência ativa, expressa em W.
Ferramenta desenvolvida | 31

Capítulo 4

Ferramenta desenvolvida

O principal objetivo do trabalho foi o desenvolvimento de uma ferramenta que


auxiliasse os engenheiros no cálculo do dimensionamento dos cabos MT/AT. Um dos requisitos
era a automatização do processo de dimensionamento atualmente seguido pela empresa
tornando-o mais eficiente.
Dentro do dimensionamento, as tarefas mais morosas são:
• O cálculo propriamente dito envolvendo a utilização de várias fórmulas variando de
instalação para instalação;
• A determinação dos fatores de correção da corrente máxima admissível do cabo. Este
é especialmente trabalhoso uma vez que os fatores em questão têm que ser escolhidos
e verificados manualmente consoante o modo de instalação desejado, envolvendo a
análise de diferentes tabelas onde a informação muitas vezes não é exposta da forma
mais intuitiva;
• A obtenção dos diferentes parâmetros elétricos dos cabos. A escolha destes parâmetros
envolve a análise de normas e data sheets de vários fabricantes, sendo este problema
solucionado através da introdução de uma base de dados onde estes valores podem ser
obtidos e adicionados caso necessário.

4.1 Software

A ferramenta foi desenvolvida em Excel devido à flexibilidade e fácil utilização deste


software. É também o software onde foi desenvolvida a ferramenta já utilizada pela empresa
servindo assim de ponto de partida para a aplicação pretendida.
32 | Software

Com o Excel foi possível programar na linguagem Visual Basic For Aplications (VBA)
permitindo a criação de macros de forma a automatizar tarefas repetitivas como verificação
de parâmetros dos componentes e formulários. Devido às capacidades de exposição de dados
proporcionadas pelo Excel foi também interessante para organizar em tabelas e relatórios os
resultados finais facilitando a compreensão e acessibilidade dos mesmos.

4.2 Arquitetura

A arquitetura da ferramenta é dividida em três partes que interagem e são dependentes


entre si.
Em primeiro lugar temos a interface que é o primeiro contacto por parte do utilizador,
constituída por vários menus e formulários onde são introduzidos diferentes tipos de inputs e
expõe os resultados obtidos (outputs).
Na secção 4.4 é descrita a estrutura da base de dados, que armazena os diferentes
parâmetros dos cabos.
Já na secção 4.5 é possível analisar os fluxogramas utilizados para demonstrar a
algoritmia dos módulos de cálculo tendo em conta as expressões apresentadas no capítulo 3.

4.3 Interface

Durante a elaboração do layout dos menus e formulários da ferramenta foi sempre tido
em mente uma utilização intuitiva. Desta forma, separaram se as diferentes folhas de cálculo
por tópicos tentando não sobrecarregar o utilizador com informação. Existem sheets sempre
visíveis e sheets ocultas que podem surgir consoante necessário.
As visíveis são:
• Menu;
• Dimensionamento;
• Resultado;
• Resumo.
Já as ocultas são:
• Rede: onde são calculados, caso desejado, vários valores de impedância como
da rede, da linha de interligação e de transformador;
• Fc: onde se encontram as tabelas dos fatores de correção (sempre oculta);
• Cálculo Fc Canaleta: para calcular o fator de correção específico caso o modo
de instalação seja em canaleta;
• Cabos: onde estão guardados os parâmetros dos cabos, (sempre oculta e
protegida);
Ferramenta desenvolvida | 33

• Modos de instalação: sheet auxiliar (sempre oculta e protegida);

Nas secções seguintes é possível encontrar várias figuras onde se apresentam os


formulários e menus referidos na presente secção, assim como a descrição das funcionalidades
em cada um.

4.3.1 Menu

Na figura 4.1 é apresentada a página inicial da ferramenta. Sempre que a ferramenta


é carregada são apresentadas ao utilizador duas opções:
• “Iniciar/Retomar Projeto” onde é convidado a iniciar um protejo de raiz (caso seja a
primeira utilização da ferramenta) ou a retomar o projeto anterior (caso deseje manter
os parâmetros introduzidos previamente)
• “Novo Projeto”, botão que realiza um reset completo à ferramenta. Apaga todos os
dados e resultados já obtidos.

Figura 4.1 - Página inicial

4.3.2 Dimensionamento

Trata-se da página mais importante da ferramenta. Aqui são inseridos a grande maioria
dos inputs e expostos os resultados mais importantes relativos ao dimensionamento de cabos.
Nesta folha de cálculo encontram-se vários botões com diversas funcionalidades e caixas de
texto separadas por tema.
34 | Dimensionamento

Na figura 4.2 aparecem três botões. O primeiro chamado “Ajuda” descreve as


funcionalidades dos restantes botões desta página. Os botões “Ocultar cabeçalho” e “Mostrar
cabeçalho” permitem ocultar e revelar, respetivamente, menus do Excel como a barra de
fórmulas e os indicadores de linha e coluna. Permite a melhor visualização da ferramenta
utilizando de forma mais eficiente o tamanho do ecrã.

Figura 4.2 - Botões "Ajuda", "Mostrar cabeçalho" e "Ocultar cabeçalho"

A figura 4.3 mostra dois botões. O botão “Novo projeto” permite reiniciar a
ferramenta. Apaga todos os cálculos e resultados, assim como caraterísticas da instalação e
caraterísticas do modo de instalação. Já o botão “Dimensionar novo cabo” permite dimensionar
um novo cabo ao apagar os valores inseridos, assim como os resultados obtidos, do
dimensionamento anterior. Não apaga as caraterísticas da instalação nem o modo de
instalação.

Figura 4.3 - Botões "Novo projeto" e "Dimensionar novo cabo"

Na figura 4.4 temos dois botões. O botão “Adicionar cabo à base de dados” permite
adicionar um cabo à base de dados da ferramenta. Abre um separador onde é possível inserir
diferentes parâmetros do cabo a adicionar. Pode se encontrar este formulário na secção 4.4.
Clicar em “Verificar cabo” permite verificar a existência do cabo selecionado na aba
"CABO" antes do dimensionamento. Após a seleção do mesmo, pressionar o botão verifica a sua
existência na BD e gera a designação segundo a norma NP 665.

Figura 4.4 - Botões "Adicionar cabo à base de dados" e "Verificar cabo"

Na figura 4.5 podemos ver quatro botões. O botão “Zeq” permite descobrir a
impedância equivalente necessária aos cálculos de curto-circuito. A ferramenta calcula este
valor através da análise dos nomes dos barramentos onde se inicia e termina cada canalização.
Estes são inseridos no formulário da figura 4.10. De seguida retorna o valor obtido para a
respetiva célula da figura 4.14. Já o botão “Somatório Queda de Tensão” permite descobrir o
Ferramenta desenvolvida | 35

somatório da queda de tensão. Para tal, a ferramenta analisa os nomes do início e fim de cada
canalização e calcula este somatório, importando da página resultados para a respetiva célula
da figura 4.12. Estes dois botões apenas são uteis quando na sheet resultados se encontrem
cabos que influenciem o cálculo que cada um efetua.
O botão “Exportar –> Resultados” exporta os resultados da página “Dimensionamento”
para a página "Resultados".
O botão “Importar <- Resultados” importa os resultados da página "Resultados" para a
página "Dimensionamento”. Útil para o redimensionamento de um cabo e/ou correção de
eventuais erros cometidos. Para importar o cabo desejado basta escrever o nome de início e
fim da canalização ou o nome do cabo na zona destinada para tal e em seguida pressionar no
botão.

Figura 4.5 - Botões "Zeq", "Somatório Queda de Tensão", "Exportar -> Resultados" e "Importar <-
Resultados”

Na figura 4.6 encontra-se uma imagem do botão “Calcular” rodeado de uma faixa
vermelha. Este botão permite ao utilizador calcular os resultados do dimensionamento
consequência dos inputs introduzidos nos formulários. De forma a evitar o cálculo com valores
indesejados o botão encontra-se rodeado por uma faixa que apresenta a cor verde se os
parâmetros não foram, entretanto, alterados ou vermelha caso algum valor tenha sido
alterado.

Figura 4.6 - Botão "Calcular"

Nas próximas figuras podem se encontrar os vários formulários de inserção de inputs,


assim como tabelas onde são apresentados os resultados. Uma vez que existem “híbridos” entre
formulários e tabelas de resultados as células destinadas a inputs foram destacadas a azul de
forma a facilitar a sua visualização.
Na figura 4.7 encontra-se o formulário onde se inserem as caraterísticas da instalação.
De notar a existência da opção de escolha da tensão de cálculo e do botão “Calcular Zrede”.
Este botão redireciona o utilizador para a página “Rede” abordada na secção 4.3.3.
36 | Dimensionamento

Figura 4.7 - Formulário onde se inserem diversas caraterísticas da instalação

No formulário da figura 4.8 são introduzidos os dados referentes ao cabo a dimensionar


como o fabricante, o material da alma condutora, o número de condutores, o tipo de
isolamento, se apresenta armadura ou não, a secção e a tensão. Após o preenchimento destes
parâmetros e caso o cabo em questão exista na base de dados irá surgir a sua designação
segundo a norma NP 665 e um indicador visual do sucesso da tarefa de verificação.

Figura 4.8 - Formulário onde se seleciona as caraterísticas do cabo

De seguida encontra-se o formulário de introdução dos dados relativos ao modo de


instalação (figura 4.9). Aqui são introduzidos valores como a distância entre agrupamentos de
cabos, número de caminhos de cabos (apenas disponível para instalações ao ar), número de
circuitos (grupos de cabos), comprimento de ponta, margem de correção do comprimento total
do cabo e a profundidade de enterramento (apenas disponível para cabos diretamente
enterrados ou enterrados em tubos). No mesmo formulário encontram se as células onde
colocar os valores de comprimento de ponta e correção de comprimento do cabo. Caso seja
selecionada uma instalação do grupo “ao ar” como exemplificado na secção 3.2.1 o utilizador
tem a opção de indicar se este cabo se encontra instalado numa canaleta. De destacar também
a existência de uma imagem representativa do modo de instalação de tamanho variável.
Ferramenta desenvolvida | 37

Figura 4.9 - Formulário onde se inserem as caraterísticas do modo de instalação

Na figura 4.10 apresenta-se o formulário onde se designa o nome da canalização a


dimensionar e indica o início e fim da mesma. Além disso também se encontram as células onde
se deve colocar os valores de potência, comprimento e número de cabos por fase de forma a
calcular o valor da corrente de serviço IB. Também é possível verificar os valores do
comprimento por fase e total (este último obtido ao multiplicar o valor de comprimento por
fase pelo número de condutores e pelo número de cabos por fase), calculados através dos
valores introduzidos no formulário da figura 4.9 e pela expressão 3.8.

Figura 4.10 - Formulário para nomeação da canalização e cálculo da corrente de serviço

Na figura 4.11 é possível visualizar as células onde serão apresentados os resultados do


cálculo da intensidade da corrente máxima admissível do cabo como na secção 3.2. O botão
“Calcular Fc” analisa as tabelas dos fatores de correção na página “Fc” consoante os valores
inseridos no formulário da figura 4.9 e de acordo com 3.2.2. De forma a evitar o cálculo com
valores indesejados o botão encontra-se rodeado por uma faixa que apresenta a cor verde se
os valores do modo de instalação não foram, entretanto, alterados ou vermelha caso algum
valor tenha sido alterado (por exemplo se tiver ocorrido uma importação da página resultados).
No entanto é possível ignorar a obtenção automática do fator de correção ao inserir o valor
desejado na célula a azul. Também é possível inserir o valor de folga desejado e visualizar o
valor obtido. Caso ambas as condições de aquecimento e folga sejam verificadas com sucesso
é apresentado um indicador do sucedido.

Figura 4.11 - Formulário para cálculo da corrente máxima admissível do cabo, cálculo do fator de
correção, verificação da condição de aquecimento e da folga
38 | Dimensionamento

Na figura 4.12 encontra-se a tabela que apresenta os resultados obtidos no cálculo da


queda de tensão (3.4). Além disso, o valor máximo da variação do valor da queda de tensão é
definido pelo valor inserido no canto superior direito da tabela, que no exemplo apresenta o
valor de 8%. De notar que na primeira coluna o valor relativo à temperatura de funcionamento
em regime permanente muda consoante o tipo de isolamento do cabo e tensão do sistema.

Figura 4.12 - Tabela onde são expostos os resultados do cálculo da queda de tensão.

A figura 4.13 a tabela onde são expostos os resultados das perdas joule na alma
condutora, assim como o peso relativo à potência que alimenta a carga e o somatório das
perdas no sistema. No canto superior direito é possível definir o valor máximo do somatório das
perdas.

Figura 4.13 - Tabela onde são expostos os resultados do cálculo das perdas joule

Na figura 4.14 podemos ver uma das situações onde aparecem inputs junto de outputs
sendo os primeiros distinguíveis pela cor azul da célula. Trata-se da tabela de cálculo de curto-
circuitos. Nesta tabela é possível visualizar os valores da impedância do cabo a dimensionar
(Z), valor do somatório da impedância de todos os condutores até ao ponto onde ocorre o
defeito (Zc) e o valor da impedância equivalente (que engloba Zc e os valores das
impedâncias de rede, da linha de interligação e transformador) (ver secção 3.5 e Anexo B). De
realçar que o valor de Zc pode ser introduzido manualmente ou obtido automaticamente
através do botão “Zeq” como demonstrado em 4.5.6. Inserir o valor zero nesta célula informa
a ferramenta que deve assumir o valor de Z REDE como inserido no formulário da figura 4.7.
É possível inserir o valor da corrente I’’k, caso não seja necessário o seu cálculo, ao
selecionar primeiro a opção “Sim” em resposta à questão “I’’k conhecido?”.
Também é possível escolher qual expressão utilizar no cálculo da secção mínima. Caso
se deseje utilizar a fórmula 3.15, devem-se inserir os valores de m e n necessários para o
cálculo de Ith através da expressão 3.14. Caso contrário, as células destinadas aos valores das
curvas m e n devem ser preenchidas com um hífen “-“, assim como os valores de temperatura
de curto-circuito indicando, desta maneira, a escolha da expressão 3.16.
Ferramenta desenvolvida | 39

Figura 4.14 - Formulário de cálculo das correntes de curto-circuito e verificação da condição de curto-
circuito

Na figura 4.15 encontra-se o formulário onde se pode inserir o valor máximo da corrente
de curto-circuito limitada pela reatância de neutro e a secção da bainha. Consoante o valor da
secção escolhido é obtido o valor da intensidade de corrente de curto-circuito máxima que a
bainha de cobre suporta e se esta verifica a respetiva condição (3.5.1).

Figura 4.15 - Formulário de verificação da condição I0

A figura 4.16 mostra onde são expostos os resultados obtidos pelos cálculos ilustrados
pela secção 3.5.3.

Figura 4.16 – Intensidade máxima admissível da corrente de curto-circuito

Já a figura 4.17 mostra onde são apresentados os resultados obtidos pelos cálculos
ilustrados pela secção 3.5.2.

Figura 4.17 - Tabela onde é verificada a condição de fadiga térmica

Finalmente, a figura 4.18 mostra a caixa de texto onde o utilizador pode escrever
apontamentos. Estes são guardados junto dos resultados obtidos quando exportados para a
página “Resultados”.
40 | Dimensionamento

Figura 4.18 - Caixa de texto para apontamentos

4.3.3 Rede

Nesta secção é apresentada a interface da página “Rede”, uma das páginas de cálculo
ocultas que se torna visível quando pressionado o botão “Calcular Zrede”. Aqui é possível
calcular valores como as impedâncias de rede, da linha de interligação e transformador segundo
o método do anexo B.
Nas figuras 4.19 a 4.22 é apresentado ao utilizador as duas hipóteses de cálculo
consoante o conhecimento ou não da razão X/R.

Figura 4.19 - Formulário onde se indica o valor da razão X/R caso desejado e botão "Exportar ->
Dimensionamento"

Figura 4.20 - Formulário de introdução de valores de base para transformação p.u.

Figura 4.21 - Formulário caso seja escolhido o método de cálculo com o valor de X/R

Figura 4.22 - Formulário caso não seja escolhido o método de cálculo com o valor de X/R
Ferramenta desenvolvida | 41

Quando terminado o cálculo, os resultados surgem nas células da figura 4.23 sendo de
seguida possível a exportação do valor da impedância Zrede+Zl+Ztr para a página
“Dimensionamento” através do botão “Exportar -> Dimensionamento”.

Figura 4.23 - Caixas de texto onde são apresentados os resultados obtidos

4.3.4 Cálculo do fator de correção do modo de instalação em canaleta

A folha de cálculo do fator de correção, quando o modo de instalação do cabo é em


canaleta é outra página oculta, sendo apenas visível após ser pressionado o botão “Cálculo Fc”,
como mostra a figura 4.11.
Nesta folha o utilizador tem ao seu dispor três botões. O botão “Apagar” (figura 4.24)
apaga todos os valores dos parâmetros introduzidos nas células a azul e os cálculos efetuados,
o botão “Calcular” (figura 4.25) que calcula o fator de correção pretendido e o botão “Exportar
-> Dimensionamento” (figura 4.25) que insere o valor obtido na célula correspondente na folha
“Dimensionamento”.

Figura 4.24 - Botão "Apagar"

Figura 4.25 - Botões "Calcular" e "Exportar -> Dimensionamento"

A figura 4.26 apresenta o local onde devem ser inseridos vários parâmetros da canaleta
como o seu perímetro, número de circuitos instalados e temperatura ambiente antes da
instalação de cabos.
42 | Cálculo do fator de correção do modo de instalação em canaleta

Figura 4.26 - Formulário onde se definem caraterísticas da caneleta

Em seguida, na figura 4.27, temos o formulário onde se introduzem os parâmetros dos


cabos instalados na canaleta. O número de linhas do formulário varia consoante o número de
circuitos instalados sendo a primeira dedicada ao cabo a dimensionar em “Dimensionamento”.
Desta forma, para o cabo a dimensionar o utilizador terá que introduzir manualmente os seus
valores da reatância capacitiva e fator de perdas no dielétrico. Nas linhas seguintes também
terão que ser introduzidos manualmente os valores dos restantes cabos.

Figura 4.27 - Formulário de introdução dos parâmetros dos cabos instalados na canaleta

Na figura 4.28 encontra-se a tabela onde os resultados são apresentados. Se o resultado


for satisfatório então o valor fc Total é exportado para a página “Dimensionamento”, como
referido anteriormente.

Figura 4.28 - Tabela de exposição de resultados do cálculo do fator de correção para instalações em
canaleta

4.3.5 Resultados

Na página “Resultados” o utilizador tem ao seu dispor um pequeno menu (figura 4.29)
onde se encontra uma caixa de texto e quatro botões.
A caixa de texto legendada “Nome do ramal” e os botões “Adicional Ramal” e “Remover
Ramal” têm como objetivo a distinção entre ramais dos cabos dimensionados. Assim, o
utilizador deve inserir na célula azul o nome do ramal e em seguida pressionar “Adicionar
Ramal”. O nome surge agora formatado na última linha da tabela. Caso o queira remover deve
verificar se o nome em “Nome do ramal” é o correto e pressionar “Remover Ramal”. Apesar de
ser possível apenas apagar a célula com o nome do ramal indesejado, é incentivado o uso do
botão uma vez que este também restaura a formatação original. Esta funcionalidade é
meramente estética, ou seja, não tem influência em nenhum cálculo.
Ferramenta desenvolvida | 43

O botão “Criar Resumo” analisa a designação dos cabos em “Resultados” e organiza os


valores obtidos em “Resumo”, como se pode ver em 4.3.6.
O botão “Apagar” apaga todos os resultados obtidos e restaura a formatação original
da tabela.

Figura 4.29 - Caixa de texto e botões presentes na página "Resultados"

Na figura 4.30 pode-se observar parte da tabela de resultados. Esta tabela guarda todos
os resultados obtidos assim como as caraterísticas da instalação de cada cabo dimensionado.

Figura 4.30 - Parte inicial da tabela de resultados

4.3.6 Resumo

À semelhança de outras páginas, na página “Resumo” o utilizador tem ao seu dispor


um menu (figura 4.31) onde se encontram três botões.
O botão “Criar Resumo” analisa a designação dos cabos em “Resultados” e organiza os
valores obtidos nas tabelas das figuras 4.32 e 4.33. Os cabos são organizados por designação e
é calculado o comprimento total e a quantidade de cada tipo de cabo.
O botão “Exportar PDF” exporta o resumo criado em formato pdf, sendo este ficheiro
guardado numa pasta à escolha do utilizador.
O botão “Apagar” apaga o resumo e restaura a formatação original da página.
44 | Resumo

Figura 4.31 - Botões presentes na página "Resumo"

Figura 4.32 - Tabelas de resumo

A figura 4.33 mostra a forma como são apresentados os valores da máxima queda de
tensão e a potência de perdas total.

Figura 4.33 - Tabela de resumo da máxima queda de tensão e potência de perdas

4.4 Base de dados

Tendo em mente a flexibilidade da utilização da ferramenta a base de dados está


inserida numa única tabela que possui os parâmetros necessários ao dimensionamento. Desta
forma, a ferramenta restringe-se a um único ficheiro não sendo necessárias bases de dados
externas. A tabela em questão apresenta trinta e sete colunas que armazenam os seguintes
tipos de parâmetros:
• Fabricante
• Designação
• Condutor
• Número de condutores
• Isolamento
• Armadura
• Secção (mm²)
• Corrente máxima admissível em regime permanente (A) (Ar, Enterrado, Entubado)
• Resistência DC 20⁰C (Ω/km)
Ferramenta desenvolvida | 45

• Resistência AC 90⁰C (Ω/km)


• Resistência AC 105⁰C (Ω/km)
• Reatância linear (para tensões (UO/U)): 1.8/3, 3.6/6, 6/10, 8.7/15, 12/20, 15/25,
18/30, 26/45, 36/60, 38/66, 64/110, 76/132, 87/150, 89/154, 127/220, 160/275,
200/345, 220/400 kV)
• Caraterísticas de teste do cabo: Modo de instalação, temperatura do terreno (ºC),
temperatura do ar (ºC), resistividade térmica do terreno (K·m/W), Temperatura do
condutor (ºC), Profundidade enterramento (m)

Os parâmetros Fabricante, Condutor, Nº Condutores, Isolamento, Armadura e Secção


são especialmente importantes uma vez que são estes que tornam único cada cabo presente
na base de dados. Na figura 4.34 pode-se observar a estrutura da tabela da base de dados.

Figura 4.34 - Base de dados

Atualmente a base de dados encontra-se prenchida com 488 cabos de fabricantes como
a Prysmian e a Cabelte, assim como da norma IEC 60502.
De acordo com a descrição dada em 3.4.2, adiciona-se cabos à base de dados através
do formulário que surge após pressionar o botão “Adicionar cabo à base de dados” (figura 4.35).
O utilizador agora tem duas opções. Caso queira verificar a existência de um cabo deve
preencher os dados relativos às caraterísticas gerais e pressionar o botão “Verificar se cabo já
existe”. Em seguida, surgirá um indicador visual que pode apresentar uma de duas cores (verde
se existe, vermelho caso contrário). Caso este indicador surja com a cor verde o utilizador é
convidado a preencher os restantes parâmetros. Ao pressionar o botão “Submeter” os dados
são inseridos na última linha da tabela da figura 4.34.
46 | Base de dados

Figura 4.35 - Formulário para adicionar cabos à base de dados

4.5 Algoritmos de cálculo

Nesta secção serão apresentados os fluxogramas representativos da algoritmia dos


diferentes processos de obtenção, verificação e computação de dados.
Na figura 4.36 é possível observar o fluxograma do método geral de dimensionamento
considerado. Este é constituído por vários processos que serão descritos nas subsecções
seguintes como:
• Caraterísticas da instalação / Modo de instalação: processo onde se inserem os valores
das caraterísticas da instalação nos vários formulários disponíveis. Este processo é
essencial pois permite a definição dos valores das variáveis a calcular nas fórmulas de
cálculo;
• Fatores de correção, aprofundado em 4.5.1;
• Escolha cabo, aprofundado em 4.5.2;
• Corrente de serviço (IB) e corrente máxima admissível (IZ), aprofundado em 4.5.3;
• Quedas de tensão, aprofundado em 4.5.4;
• Perdas, aprofundado em 4.5.5;
• Resultados: processo onde são expostos os resultados nas diferentes tabelas disponíveis
e páginas “Resultados” e “Resumo”.
Ferramenta desenvolvida | 47

Figura 4.36 - Fluxograma método de dimensionamento


48 | Algoritmo de cálculo

4.5.1 Módulo fatores de correção

Nesta subsecção apresenta-se o fluxograma do processo “Fatores de correção” (figura


4.37) onde se obtêm/insere o valor do fator de correção a aplicar à corrente máxima admissível
do cabo (Iz). O utilizador pode inserir o valor desejado ou obter automaticamente o valor do
fator consoante as caraterísticas definidas.

Figura 4.37 - Fluxograma método de obtenção dos fatores de correção

4.5.2 Módulo escolher cabo

Neste processo procede-se à escolha do cabo a dimensionar e à obtenção dos seus


parâmetros da base de dados. Também é possível verificar a existência de um cabo na base de
dados. Através da sequência única das caraterísticas Fabricante, Condutor, Nº Condutores,
Isolamento, Armadura, Secção e Tensão é possível recuperar os parâmetros do cabo
correspondente e verificar a existência do mesmo na BD.
Ferramenta desenvolvida | 49

4.5.3 Módulo de cálculo das correntes IB e IZ’

O presente módulo (figura 4.38) destina-se ao cálculo da corrente de serviço (IB) e da


corrente máxima admissível do cabo (IZ). Este apenas é executado após a definição das
caraterísticas da rede e a escolha do cabo, uma vez que as expressões 3.1 e 3.2 dependem de
parâmetros definidos nestes processos. Neste processo é também verificada a condição de
aquecimento como mostra a expressão 3.5.

Figura 4.38 - Fluxograma método de cálculo corrente de serviço e corrente máxima admissível do cabo

4.5.4 Módulo queda de tensão

Neste módulo é apresentada a sequência de eventos associados ao cálculo da queda de


tensão (figura 4.39). Em primeiro lugar calculam-se as expressões 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10. De
seguida, o utilizador tem que tomar a decisão de pressionar ou não o botão “Somatório de
Queda de tensão”. Este botão permite descobrir o somatório da queda de tensão analisando os
nomes do início e fim de cada canalização.
50 | Módulo queda de tensão

Figura 4.39 - Fluxograma método de cálculo da queda de tensão

4.5.5 Módulo perdas

Este processo (figura 4.40) destina-se ao cálculo das perdas óhmicas como abordado
na secção 3.6. Para tal são calculadas as expressões 3.20 e 3.21.
Posteriormente, na página “Resumos” o utilizador é capaz de calcular o somatório da
potência de perdas como abordado em 4.3.5.
Ferramenta desenvolvida | 51

Figura 4.40 - Fluxograma método cálculo das perdas ohmicas

4.5.6 Módulo curto-circuito

Neste módulo procede-se ao cálculo das correntes de curto-circuito e à verificação das


respetivas condições. Para tal segue-se o fluxograma ilustrado na figura 4.41.
Em primeiro lugar o utilizador indica se conhece ou não o valor da corrente de curto-
circuito trifásica inicial simétrica.
De seguida é necessário saber se o utilizador considera que se trata de um processo
adiabático ou não. A diferença reside na computação da expressão 3.12 que corrige o valor da
resistência consoante a temperatura de funcionamento. Em seguida, o método será o mesmo
até ao fim deste módulo. No entanto, deve-se ter em atenção se a reatância de neutro é
considerada (figura 4.42).
Este módulo foi desenvolvido tendo em conta um conjunto de regras de utilização,
abordadas em 4.6, essenciais ao cálculo correto das grandezas associadas.
52 | Módulo curto-circuito

Figura 4.41 - Fluxograma método cálculo curto-circuito


Ferramenta desenvolvida | 53

Figura 4.42 - Fluxograma módulo de reatância de neutro

4.6 Regras de utilização

A ferramenta foi desenvolvida tendo em mente a flexibilidade da sua utilização. No


entanto, o correto funcionamento dos módulos abordados em 4.5 depende de um conjunto de
regras entre as quais:
• Cada vez que se seleciona um cabo pressionar o botão “Verificar Cabo”;
• Preencher todas as células dedicadas a inputs;
• Não repetir pares de nomes de canalizações. Cada cabo deve ter um par de nomes
único de “Inicio” e “Fim” ao preencher o formulário da figura 4.10. Esta regra é
especialmente importante para garantir a correta realização dos cálculos associados
aos botões “Somatório Queda de Tensão” e “Zeq”;
• Dimensionar cada ramal por ordem, começando pelo cabo ligado ao nó principal
seguindo para o ponto mais afastado. Regra essencial ao correto funcionamento da
função associada ao cálculo da impedância equivalente de curto-circuito visto que a
análise depende da sequência correta de ligações.
54 | Reflexão sobre o desenvolvimento

4.7 Reflexão sobre o desenvolvimento

No presente capítulo foram apresentados todos os botões, formulários e tabelas de


dados presentes na ferramenta. O posicionamento destes na interface teve como objetivo o
seu fácil acesso e compreensão das suas funcionalidades. Foram também incluídos vários
indicadores visuais do sucesso ou insucesso do dimensionamento. Apresentou-se a base de
dados onde se armazenam os parâmetros dos cabos e as páginas onde se organizam os
resultados obtidos. Estas últimas, além de apresentarem resultados, possuem botões que
realizam diversas funções como organização em ramais e criação de resumos.
O desenvolvimento da aplicação em si começou pela decisão do software a utilizar. Foi
escolhido o Excel devido à excelente familiarização com o mesmo. Programar em VBA revelou-
se uma experiência enriquecedora uma vez que se tratava de uma linguagem pouco utilizada
até então.
De seguida foi decidido o layout da interface, cujo principal obstáculo foi a organização
dos vários formulários no espaço disponível. A programação em VBA levou a que qualquer
alteração ao posicionamento destes formulários envolvesse uma alteração manual ao código
fonte. Este aspeto revelou-se especialmente limitador a eventuais alterações futuras da
interface.
Depois foi construída e preenchida a base de dados. O preenchimento foi facilitado
através de software de reconhecimento de texto que convertia as tabelas presentes nos
catálogos em folhas de Excel.
O desenvolvimento de código iniciou-se na função obtenção dos fatores de correção.
Este foi facilitado pela existência de funções de pesquisa de tabelas por parte do Excel. O
principal obstáculo foi limitar a quantidade de modos de instalação existentes assim como as
diferentes variantes dos mesmos, tendo-se chegado a um consenso com os modos de instalação
abordados na secção 3.2.1.
Em seguida, desenvolveu-se a função responsável pela obtenção dos parâmetros do
cabo selecionado no formulário da figura 4.8.
Depois, procedeu-se o desenvolvimento do código do dimensionamento propriamente
dito. Dimensionar um único cabo é um processo acessível. No entanto, quando se deseja
dimensionar vários cabos do mesmo sistema as caraterísticas de cada um tem influência no
cálculo de fenómenos como a queda de tensão e curto-circuitos. A solução para este problema
foi limitar estes cálculos para redes radiais facilitando a comparação dos nomes de início e fim
da canalização.
Exemplo de cálculo | 55

Capítulo 5

Exemplo de cálculo

No presente capítulo é exemplificada a utilização da aplicação em dois casos reais de


dimensionamento de cabos MT/AT. O primeiro consiste no dimensionamento das ligações entre
um transformador e um switchgear e entre o mesmo switchgear e um transformador de serviços
auxiliares numa subestação de 150/30 kV. O segundo exemplo reside no dimensionamento de
um dos ramais de ligação de um parque fotovoltaico 150 MW a uma subestação de 400/30 kV.

5.1 Subestação 150/30 kV

O objetivo desta secção é apresentar os cálculos de dimensionamento relativos às


ligações em média tensão de uma subestação de 150/30 kV. Neste estudo são consideradas as
seguintes caraterísticas da subestação fornecidas pelo cliente:

• Potência estipulada do transformador (máxima) ….………………………………….……….. 35 MVA


• Tensão do sistema AT……………………………………………………………………………….…………….150 kV
• Tensão do sistema MT………………………………………………………………………….…………………. 30 kV
• Fator de potência (cos ) ………………………………………………………………………….…………………. 1
• Corrente de serviço AT (máxima) ….………………………………………………….……………………135 A
• Corrente de serviço MT (máxima) ….……………………………………………………….………….… 674 A
• Temperatura do condutor (regime permanente/curto-circuito) ………..…. 85 ⁰C / 200 ⁰C
• Corrente CC em AT .................................................................... 15.023 kA
• Corrente CC em MT ...................................................................... 7.470 kA
• Corrente CC pico em AT .............................................................. 36.946 kA
• Corrente CC pico em MT .............................................................. 19.603 kA
• Duração do CC em AT ...................................................................... 0.5 s
• Duração do CC em MT ....................................................................... 0.5 s
• Ligação do neutro ……………………………………….…. Através de reactância de neutro (300 A)
56 | Subestação 150/30 kV

Outras caraterísticas:

• Instalação ................................................................................. Exterior


• Tipo de serviço .......................................................................... Contínuo
• Altura acima do nível médio do mar ................................................. < 1000 m
• Temperatura ambiente máxima......................................................... +40 ⁰C
• Temperatura ambiente mínima ........................................................... -25 ⁰C
• Temperatura ambiente media diária .................................................... +30 ⁰C
• Resistividade térmica do solo ...................................................1.3798 K∙m/W
• Humidade relativa máxima ................................................................ 100 %
• Velocidade do vento/pressão ................................................ 34 m.s-1 / 700 Pa
• Atividade sismica ..................................... Tipo 1 – 0.35 m.s-2 / Tipo 2 – 0.8 m.s-2
• Espessura do gelo .......................................................................... 10 mm
• Nível de poluição ........................................................ Classe e (muito densa)

5.1.1 Ligação ao transformador

Trata-se de uma ligação de 25 metros concretizada por cabos unipolares em trevo


juntivo enterrados em tubos a uma profundidade de 0.8 metros.

5.1.1.1 Cabo selecionado

No estudo da ligação entre o transformador e o seccionador foi selecionado pelo cliente


o cabo da General Cable designado HERSATENE_CLASS_RHZ1-OL 20kV_30kV H16 Al2, com os
seguintes parâmetros físicos e elétricos:

• Tensão simples (U0) ......................................................................... 18 kV


• Tensão composta (U) ....................................................................... 30 kV
• Tensão composta máxima (Um) ........................................................... 36 kV
• Secção .................................................................................... 630 mm2
• Material ................................................................................... Alumínio
• Isolamento .................................................................................... XLPE
• Armadura ............................................................................ Fios de cobre
• Secção da armadura ...................................................................... 16 mm2
• Temperatura máxima em regime permanente ........................................... 90 ⁰C
• Temperatura máxima em regime de curto-circuito ................................... 250 ⁰C
• Resistência DC (20 ⁰C) ............................................................... 0.046 Ω/km
• Resistência AC (90 ⁰C) ............................................................... 0.063 Ω/km
• Reactância (50 Hz) ................................................................... 0.100 Ω/km
• Capacidade ...........................................................................0.343 μF/km
• Intensidade máxima admissível do cabo (diretamente enterrado em trevo) ....... 575 A
• Caraterísticas de teste:
o Temperatura ambiente – 40 ⁰C
Exemplo de cálculo | 57

o Temperatura do solo – 25 ⁰C
o Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W
o Profundidade de enterramento – 1.0 m
o Temperatura do condutor – 90 ⁰C
Em primeiro lugar verificou-se que o cabo em questão não estava presente na base de
dados da aplicação. Desta forma, inseriram-se os parâmetros referidos anteriormente no
fórmulario acedido pelo botão “Adicionar cabo à base de dados” (figura 5.1).

Figura 5.1 - Formulário “Adicionar cabo à base de dados” preenchido com parâmetros do cabo

5.1.1.2 Condição de aquecimento

Uma vez que apenas está disponível na datasheet o valor da corrente máxima
admissível para cabos diretamente enterrados este é multiplicado por 0.9, como abordado em
3.2.2.6. Desta forma Iz passa de 575 A para 517.5 A.
Para esta instalação, após pressionar o botão “Calcular Fc”, foi obtido um valor de
fator de correção 1.03. Como abordado em 3.2 este fator é decomposto em seis parcelas:

• K1 (Temperatura ambiente – 40 ºC) = 1


• K2 (Temperatura do solo – 25 ºC) = 1
• K3 (Profundidade de enterramento – 0.8 m) = 1.03
• K4 (Resistividade térmica do solo – 1.3798 K∙m/W) = 1 visto que a aplicação apenas
considera incrementos de 0.5 logo apresenta o valor para uma resistividade térmica do
solo de 1.5 K∙m/W
• K5 (Agrupamento – 1 grupo de cabos unipolares) = 1
Aplicando a expressão 3.2 obteve-se um valor de intensidade máxima admissível do
cabo de 533 A (figura 5.2).
58 | Ligação ao transformador

Figura 5.2 – Resultados da primeira verificação das condições de aquecimento

Como se pode observar na figura 5.2 a instalação não respeita a condição de


aquecimento. Isto deve-se ao facto de o cabo simplesmente não conseguir veicular a corrente
de serviço de 674 A. A solução consiste na instalação de dois cabos por fase em paralelo
espaçados por 0.2 metros. Consequentemente, cada grupo passa a veicular metade da
corrente, ou seja, 674/2 = 336.79 A. Assim a parcela K5 apresenta agora o valor de 0.85 e,
consequentemente, o fator de correção o valor de 0.876. Recuperando a expressão 3.2 foi
calculado o valor de IZ’ de 453 A.

Figura 5.3 – Resultados da segunda verificação das condições de aquecimento e folga

5.1.1.3 Quedas de tensão

Uma vez que o comprimento da ligação entre o transformador e o seccionador é muito


pequeno (25 metros aproximadamente) e como o nível de tensão é elevado a queda de tensão
apresenta valores muito baixos, podendo ser desprezados (figura 5.4).

Figura 5.4 – Resultados da verificação da condição de queda de tensão da ligação ao transformador

5.1.1.4 Perdas joule

A perda de potência devido ao efeito joule na alma condutora também pode ser
desprezável uma vez que é igual a 178 W, representando 0.0005% da carga da ligação. Ao ser
inferior a 3% encontra-se dentro dos limites estipulados pelo cliente.
Exemplo de cálculo | 59

5.1.1.5 Curto-circuitos

A secção mínima necessária para aguentar a corrente de curto-circuito máxima foi


calculada de acordo com a expressão 3.15 obtendo-se o valor de 63.67 mm2. É verificada a
condição uma vez que a secção de 630 mm2 é maior que 63.67 mm2. Na figura 5.5 também se
verifica a condição de corrente de curto-circuito máxima que o cabo pode veicular. Através da
expressão 3.18 foi calculada esta corrente obtendo-se o valor de 90.937 kA superior aos 7.470
kA máximos. Também se verifica que a bainha apresenta uma secção suficiente para suportar
as correntes máximas impostas pela reatância de neutro (figura 5.5).

Figura 5.5 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora, secção da

bainha e corrente de CC máxima admissível

Como indicado na secção 5.1, o defeito é eliminado pela proteção em 0.5 segundos
(valor estandardizado). Assim, foi verificada a condição de fadiga térmica concluindo-se que o
defeito é eliminado 55 segundos antes de ocorrer fadiga térmica do condutor (figura 5.6). Para
o cálculo de verificação da secção da bainha foram consideradas as condições da subsecção
3.5.1 e obtidos os resultados apresentados na figura 5.6.

Figura 5.6 – Resultados da verificação da condição de fadiga térmica

5.1.2 Ligação ao TSA

Trata-se de uma ligação entre o seccionador e o TSA de 5 metros concretizada por


cabos unipolares em trevo juntivo enterrados em tubos a uma profundidade de 0.8 metros. O
transformador de serviços auxiliares apresenta as seguintes caraterísticas:

• Potência estipulada TSA (máxima) ..................................................... 100 kVA


• Tensão do sistema em MT .................................................................. 30 kV
• Tensão do sistema em BT .................................................................. 0.4 kV
• Fator de potência (cos φ) ....................................................................... 1
• Corrente de serviço em MT (máxima) ...................................................... 2 A
60 | Ligação ao TSA

• Corrente de serviço em BT (máxima) ................................................... 144 A


• Temperatura do condutor (regime permanente/curto-circuito) ........... 85 ⁰C / 200 ⁰C
• Corrente CC em MT ..................................................................... 8.480 kA
• Corrente CC pico em MT .............................................................. 22.057 kA
• Duração do CC ................................................................................ 0.5 s

5.1.2.1 Cabo selecionado

No estudo da ligação entre o transformador de serviços auxiliares e o seccionador foi


selecionado também o cabo da General Cable designado HERSATENE_CLASS_RHZ1-OL
20kV_30kV H16 Al2, mas com secção inferior. O cabo apresenta os seguintes parâmetros físicos
e elétricos:
• Tensão simples (U0) ......................................................................... 18 kV
• Tensão composta (U) ....................................................................... 30 kV
• Tensão composta máxima (Um) ........................................................... 36 kV
• Secção ..................................................................................... 95 mm2
• Material ................................................................................... Alumínio
• Isolamento .................................................................................... XLPE
• Armadura ............................................................................ Fios de cobre
• Secção da armadura ...................................................................... 16 mm2
• Temperatura máxima em regime permanente ........................................... 90 ⁰C
• Temperatura máxima em regime de curto-circuito ................................... 250 ⁰C
• Resistência DC (20 ⁰C) .............................................................. 0.320 Ω/km
• Resistência AC (90 ⁰C) .............................................................. 0.430 Ω/km
• Reactância (50 Hz) ................................................................... 0.134 Ω/km
• Capacidade ...........................................................................0.166 μF/km
• Intensidade máxima admissível do cabo (diretamente enterrado em trevo) ...... 205 A
• Caraterísticas de teste:
o Temperatura ambiente – 40 ⁰C
o Temperatura do solo – 25 ⁰C
o Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W
o Profundidade de enterramento – 1.0 m
o Temperatura do condutor – 90 ⁰C

5.1.2.2 Condição de aquecimento

Uma vez que não está disponível na base de dados o valor de Iz para cabos entubados
o valor para diretamente enterrados é multiplicado por 0.9, como abordado em 3.2.2.6. Desta
forma Iz será 184.5 A.
Para esta instalação foi obtido um valor de fator de correção 1.03 descomposto em
cinco parcelas:
Exemplo de cálculo | 61

• K1 (Temperatura ambiente – 40 ºC) = 1


• K2 (Temperatura do solo – 25 ºC) = 1
• K3 (Profundidade de enterramento – 0.8 m) = 1.03
• K4 (Resistividade térmica do solo – 1.3798 K∙m/W) = 1 visto que a aplicação apenas
considera incrementos de 0.5 logo apresenta o valor para uma resistividade térmica do
solo de 1.5 K∙m/W
• K5 (Agrupamento – 1 grupo de cabos unipolares) = 1

Aplicando a expressão 3.2 obteve-se um valor de intensidade máxima admissível do


cabo corrigida de 190 A que é evidentemente bastante superior ao valor de corrente de serviço
(figura 5.7).

Figura 5.7 – Resultados da verificação da condição de aquecimento e folga da ligação ao TSA

5.1.2.3 Quedas de tensão

Uma vez que o comprimento da ligação entre o transformador e o seccionador é muito


pequena (25 metros aproximadamente) e o nível de tensão é elevado a queda de tensão
apresenta valores muito baixos, podendo ser desprezados.

Figura 5.8 - Resultados da verificação da condição de queda de tensão da ligação ao TSA

5.1.2.4 Perdas joule

A perda de potência devido ao efeito joule na alma condutora nesta ligação é


desprezável.
62 | Ligação ao TSA

5.1.2.5 Curto-circuitos

A secção mínima do cabo necessária para veicular a corrente de curto-circuito máxima


foi calculada de acordo com a expressão 3.15 obtendo-se o valor de 72.28 mm2. Sendo
verificada a condição dado que 95 é superior a 72.28. Também se verifica que a bainha
apresenta uma secção suficiente para suportar as correntes máximas impostas pela reatância
de neutro (figura 5.9). Na figura 5.9 também se verifica a condição de corrente de curto-
circuito máxima que o cabo pode veicular. Através da expressão 3.18 foi calculada esta
corrente obtendo-se o valor de 15.047 kA sendo assim, superior aos 8.480 kA máximos.

Figura 5.9 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora, secção da bainha

e corrente de CC máxima admissível da ligação ao TSA

Como indicado em 5.1, o defeito é eliminado em 0.5 segundos. Assim, a condição de


fadiga térmica também foi verificada uma vez que a proteção atua primeiro.

Figura 5.10 - Resultados da verificação da condição de fadiga térmica da alma condutora da ligação do

TSA

5.2 Parque fotovoltaico

Nesta subsecção é apresentada a utilização da ferramenta no dimensionamento de um


ramal de ligação a uma subestação de 150/30 kV, constituido por três postos de transformação
em série. Estes postos tem várias funções sendo uma delas transformar a tensão proveniente
das várias strings de painéis fotovoltaicos e respetivos inversores de 0.8 kV para 30 kV. Os três
PTS encontram-se ligados por três cabos em série entre os seus barramentos de 30 kV e com a
subestação (figura 5.11).
Exemplo de cálculo | 63

Figura 5.11 – Esquema simplificado das ligações a dimensionar e respetivos comprimentos totais por fase

O sistema em questão apresenta as seguintes caraterísticas:


• Potência posto de transformação (unitário) ........................................ 6500 kVA
• Tensão do sistema AT ..................................................................... 150 kV
• Tensão do sistema MT ....................................................................... 30 kV
• Fator de potência (cos ) ........................................................................ 1
• Temperatura do condutor (regime permanente/curto-circuito) ........... 85 ⁰C / 200 ⁰C
• Duração do CC em MT ....................................................................... 0.1 s
• Ligação do neutro .................................. Através de reactância de neutro (300 A)

Caraterísticas da subestação:
• Tensão no ponto da ligação da rede à subestação .................................... 400 kV
• Corrente de CC máxima trifásica ....................................................... 17.8 kA
• Frequência ....................................................................................50 Hz
• Resistência da linha de interligação .............................................. 0.070 Ω/km
• Impedância da linha de interligação .............................................. 0.413 Ω/km
• Comprimento da linha de interligação ................................................... 22 km
• Tensão barramento AT .................................................................... 400 kV
• Tensão barramento MT ..................................................................... 30 kV
• Potência estipulada do transformador ................................................ 150 MVA
• Ucc .............................................................................................. 10 %

5.2.1 Cabos selecionados

Os três cabos selecionados são fabricados pela Prysmian com a designação AL


VOLTALENE H 18/30 kV apresentando as seguintes caraterísticas:

• Tensão simples (U0).......................................................................... 18 kV


• Tensão composta (U) ........................................................................ 30 kV
• Tensão composta máxima (Um) ........................................................... 36 kV
• Material ................................................................................... Alumínio
• Isolamento .................................................................................... XLPE
• Armadura ........................................................................... Fios de cobre
• Secção da armadura ...................................................................... 16 mm2
• Temperatura máxima em regime permanente .......................................... 90 ⁰C
• Temperatura máxima em regime de curto-circuito ...................................250 ⁰C
• Resistência DC @ 20 ⁰C .............................................................. 0.061 Ω/km
• Resistência AC @ 90 ⁰C .............................................................. 0.084 Ω/km
• Reactância @ 50 Hz .................................................................. 0.102 Ω/km
64 | Cabos selecionados

• Intensidade máxima admissível do cabo (500 mm2) (diretamente enterrado) ..... 505 A
• Intensidade máxima admissível do cabo (185 mm2) (diretamente enterrado) ..... 295 A
• Intensidade máxima admissível do cabo (95 mm2) (diretamente enterrado) ....... 205 A
• Caraterísticas de teste:
o Temperatura ambiente – 40 ⁰C
o Temperatura do solo – 25 ⁰C
o Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W
o Profundidade de enterramento – 1.0 m
o Temperatura do condutor – 90 ⁰C

5.2.2 Ligação SE - PS.03

A ligação entre a subestação e o posto de transformação PS.03 será concretizada por


três cabos unipolares, de secção 500 mm2, em trevo juntivo, diretamente enterrados a uma
profundidade de 0.8 metros e com um comprimento total por fase de 4503 metros. Esta ligação
apresenta uma carga de 19500 kVA devido à ligação com PS.01 e PS.02.

5.2.2.1 Condição de aquecimento

Na figura 5.12 podemos ver o formulário preenchido as caraterísticas da instalação. De


notar que uma vez que é conhecido o comprimento total por fase os valores de comprimento
de ponta e correção de comprimento devem ser zero.

Figura 5.12 – Formulário “Modos de Instalação” preenchido com os dados da ligação SE – PS.03

Foi obtido um valor de fator de correção 0.752 descriminado em cinco parcelas:


• K1 (Temperatura ambiente – 40 ºC, desprezado por se tratar de uma instalação
enterrada) = 1;
• K2 (Temperatura do solo – 15 ºC) = 1.074;
• K3 (Profundidade de enterramento – 0.8 m) = 1.03;
• K4 (Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W) = 1;
• K5 (Agrupamento – 4 grupos de cabos em esteira no mesmo caminho espaçados por 0.2
m) = 0.68.
Exemplo de cálculo | 65

Da base de dados foi extraído o valor de Iz sendo este 505 A. Através das expressões
3.1 e 3.2 obteve-se um valor de 375.28 A para a corrente de serviço e um valor de 379 A para
a corrente máxima admissível corrigida do cabo. Na figura 5.13 podemos ver os resultados
obtidos na interface da ferramenta do cálculo de Ib, de Iz’ e a consequente verificação da
condição de aquecimento.

Figura 5.13 – Resultados do cálculo de Ib, Iz’ e verificação da condição de aquecimento

5.2.2.2 Quedas de tensão

Obteve-se uma queda de tensão de 0.82% sendo inferior à queda de tensão máxima
admissível de 5% definida pelo cliente, validando assim a condição de queda de tensão.

Figura 5.14 – Resultados obtidos no cálculo da queda de tensão para a ligação SE – PS.03

5.2.2.3 Perdas joule

A perda de potência devido ao efeito joule na alma condutora foi de 159 kW,
representando 0.82% da carga da ligação. Sendo inferior a 3% encontra-se dentro dos limites
aceitáveis.

5.2.2.4 Curto-circuitos

Não sendo conhecido o valor da corrente de curto circuito térmica trifásica (I’’k) este
teve que ser cálculado. Em primeiro lugar, obteve-se o valor da impedância de rede através do
método exposto no anexo B automatizado na página “REDE” da ferramenta. De seguida inseriu-
se o valor de Zc fornecido, descobriu-se Zeq e consequentemente I’’k . A secção mínima do
cabo necessária para veicular a corrente de curto-circuito máxima foi calculada de acordo com
a expressão 3.15 obtendo-se o valor de 99.71 mm2. A condição de secção mínima é verificada
66 | Curto-circuitos

dado que 500 é superior a 99.71. Também se verifica que a bainha apresenta uma secção
suficiente para suportar as correntes máximas impostas pela reatância de neutro (figura 5.15).
Na figura 5.15 também se verifica a condição de corrente de curto-circuito máxima que o cabo
pode veicular. Através da expressão 3.18 foi calculada esta corrente obtendo-se o valor de
149.36 kA sendo assim, superior aos 26.16 kA máximos.

Figura 5.15 – Resultados da verificação da condição de secção mínima da alma condutora, secção da

bainha e corrente de CC máxima admissível da ligação ao SE – PS.03

A condição de fadiga térmica também foi verificada uma vez que as proteções atuam
primeiro.

Figura 5.16 - Resultados da verificação da condição de fadiga térmica da alma condutora da ligação SE –

PS.03

5.2.3 Ligação PS.03 – PS.02

A ligação entre os postos de transformação PS.02 e PS.03 será concretizada por três
cabos unipolares, de secção 185 mm2, em trevo juntivo, diretamente enterrados a uma
profundidade de 0.8 metros e com um comprimento total por fase de 2085 metros. Esta ligação
apresenta uma carga de 13000 kVA devido à ligação com o posto de transformação PS.01.

5.2.3.1 Condição de aquecimento

Foi obtido um valor de fator de correção 0.898 devido agora apenas se encontrarem
dois circuitos no mesmo caminho de cabos.
Exemplo de cálculo | 67

• K1 (Temperatura ambiente – 40 ºC, desprezado por se tratar de uma instalação


enterrada) = 1;
• K2 (Temperatura do solo – 15 ºC) = 1.074;
• K3 (Profundidade de enterramento – 0.8 m) = 1.03;
• K4 (Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W) = 1;
• K5 (Agrupamento – 4 grupos de cabos em esteira na mesma vala espaçados por 0.2 m)
= 0.68.

Da base de dados foi extraído o valor da corrente admissível máxima sendo este 295 A.
Obteve-se um valor de 250.19 A para a corrente de serviço e um valor de 265 para a corrente
máxima admissível corrigida do cabo. É então verificada a condição de aquecimento.

5.2.3.2 Quedas de tensão

Obteve-se uma queda de tensão no cabo de 0.62%. Uma vez que já foi dimensionada a
ligação SE – PS.03, pressionar o botão “ V” calcula a queda de tensão total resultando num
valor 1.44%. É assim verificada a condição de queda de tensão.

5.2.3.4 Perdas joule

A perda de potência devido ao efeito joule na alma condutora foi de 81.7 kW,
representando 0.62% da carga da ligação. Somando o valor obtido na ligação SE – PS.03 obtêm-
se o valor de 1.44 %, sendo inferior a 3% encontra-se dentro dos limites aceitáveis.

5.2.3.5 Curto-circuitos

De forma a descobrir o valor de Zc e consequentemente o valor de Zeq pressionou-se


o botão “Zeq”. Agora é possível calcular I’’k resultando num valor de 15.6 kV.
Consequentemente, a secção mínima que verifica a condição de curto-circuito é 59.49 mm2. A
secção da bainha com 16 mm2 também é capaz de suportar as correntes máximas impostas pela
reatância de neutro de 300 A. O cabo também apresenta a capacidade de veicular um máximo
de 56.7 kA de corrente de curto-circuito, superior aos 15.6 kV obtidos. Finalmente, é verificada
a condição de fadiga térmica uma vez que este tempo de 1.10 segundos é superior ao tempo
de atuação das proteções (0.1 s).
68 | Curto-circuitos

5.2.4 Ligação PS.02 – PS.01

A ligação entre os postos de transformação PS.01 e PS.02 será concretizada por três
cabos unipolares, de secção 95 mm2, em trevo juntivo, diretamente enterrados a uma
profundidade de 0.8 metros e com um comprimento total por fase de 275 metros. Esta ligação
apresenta uma carga de 6500 kVA.

5.2.4.1 Condição de aquecimento

Foi obtido um valor de fator de correção 1.096 decomposto nas seguintes parcelas:
• K1 (Temperatura ambiente – 40 ºC, desprezado por se tratar de uma instalação
enterrada) = 1;
• K2 (Temperatura do solo – 15 ºC) = 1.074;
• K3 (Profundidade de enterramento – 0.8 m) = 1.03;
• K4 (Resistividade térmica do solo – 1.5 K∙m/W) = 1;
• K5 (Agrupamento) = 1.

Obteve-se um valor de 125.09 A para Ib e um valor de 223 A para Iz’. É então verificada
a condição de aquecimento.

5.2.4.2 Quedas de tensão

Obteve-se uma queda de tensão no cabo de 0.084%. Uma vez que já foram
dimensionadas as ligações SE – PS.03 e PS.03 – PS.02, pressionar o botão “ V” calcula a queda
de tensão total resultando num valor 1.53%. É assim verificada a condição de queda de tensão.

5.2.4.3 Perdas joule

A perda de potência devido ao efeito joule na alma condutora foi de 5.5 kW,
representando 0.084% da carga da ligação. Somando o valor obtido na ligação SE – PS.03 obtêm-
se o valor de 1.53 %, sendo inferior a 3% encontra-se dentro dos limites aceitáveis.
Exemplo de cálculo | 69

5.2.4.4 Curto-circuitos

De forma a descobrir o valor de Zc e consequentemente o valor de Zeq pressionou-se


o botão “Zeq”. Agora é possível calcular I’’k resultando num valor de 12.1 kV.
Consequentemente, a secção mínima que verifica a condição de curto-circuito é 46.33 mm2. A
secção da bainha com 16 mm2 também é capaz de suportar as correntes máximas impostas pela
reatância de neutro de 300 A. O cabo também apresenta a capacidade de veicular um máximo
de 33.4 kA de corrente de curto-circuito, superior aos 12.1 kV obtidos. Finalmente, é verificada
a condição de fadiga térmica uma vez que este tempo de 0.48 segundos é superior ao tempo
de atuação das proteções (0.1 s).
70
Conclusões e perspetivas de desenvolvimento | 71

Capítulo 6

Conclusões e perspetivas de
desenvolvimento

6.1 Conclusões

Neste capítulo são expostas as conclusões alcançadas ao longo da elaboração da


presente dissertação que incidiu sobre a temática do dimensionamento de cabos de média e
alta tensão. Desenvolveu-se uma ferramenta cujo objetivo principal era automatizar a pesquisa
de tabelas de dados e o cálculo inerente ao dimensionamento referido. Durante a realização
do trabalho o principal objetivo foi a automatização do processo de dimensionamento através
do desenvolvimento de uma aplicação computacional de fácil acesso, intuitiva e flexível, sendo
possível a sua atualização em caso de eventuais alterações de parâmetros, normas em vigor e
componentes a dimensionar. Estes objetivos foram alcançados uma vez que a ferramenta
permite o dimensionamento de cabos com diferentes tipos de isolamento e modos de
instalação, assim como de diferentes fabricantes, possível pela implementação de uma base
de dados.
Em primeiro lugar foram apresentadas as principais normas analisadas que especificam
a construção, dimensões e requisitos de teste dos cabos considerados.
De seguida foi descrito todo o processo de cálculo e a sua implementação na ferramenta
através de fluxogramas representativos do algoritmo implementado. Foram utilizados vários
formulários e tabelas de exposição de dados procurando uma experiência simples e intuitiva.
Foram implementadas funcionalidades desde cálculo de parâmetros, criação de resumos e
formatação disponíveis através de vários botões e várias páginas.
72 | Conclusões

Procedeu-se ao teste da ferramenta comparando os resultados obtidos com vários casos


reais obtendo-se resultados iguais e em determinados casos mais corretos uma vez que permitiu
a comparação de resultados alcançados por diferentes métodos de cálculo. Determinadas
expressões, como o cálculo da secção mínima, dependem de constantes que variam consoante
o material da alma condutora e/ou de isolamento revelando um peso considerável no resultado
final.
A obtenção automática dos fatores de correção revelou a sua utilidade durante o
cálculo ao tornar muito mais eficiente o processo e ao evitar eventuais erros de análise das
tabelas associadas.
A facilidade em alterar os parâmetros das caraterísticas de instalação revelou a
influência dos mesmos nos resultados finais. Verificou-se que a temperatura é um dos principais
fatores limitadores tendo um impacto direto em parâmetros como a resistência e
consequentemente a corrente máxima admissível dos cabos. Com o aumento da temperatura
ambiente aumenta a resistência do cabo. O agrupamento de vários cabos na mesma vala
provoca o aquecimento mútuo entre eles sendo um aspeto apenas desprezável quando a
distância entre os mesmos for de pelo menos um metro.
A corrente máxima admissível de um cabo depende também da resistividade do solo e
da profundidade de enterramento. Sabe-se que a resistividade térmica do terreno envolvente
do cabo cresce com a profundidade o que corresponde a uma diminuição da capacidade de
dissipação de energia térmica e como tal da corrente máxima admissível.
Verificou-se que a intensidade máxima da corrente de curto-circuito admissível num
cabo depende, da secção da alma condutora, do tempo de duração do defeito, das
caraterísticas da alma condutora e do material de isolamento e das temperaturas iniciais e
finais de curto-circuito.
Finalmente, concluiu-se a importância de conhecer o ponto onde ocorre o defeito uma
vez que deve ser calculado o valor da impedância equivalente a partir desse ponto. A situação
mais desfavorável ocorre quando o defeito surge no início da canalização, sendo a corrente de
curto-circuito máxima neste ponto.
Conclusões e perspetivas de desenvolvimento | 73

6.2 Perspetivas de desenvolvimento

Apesar de se terem alcançado todos os objetivos propostos, nesta secção encontram-


se áreas onde o trabalho desenvolvido pode ser expandido.
Implementar o cálculo para valores de frequência diferentes e consequentes alterações
dos parâmetros dos cabos.
Realização de uma análise económica onde seja possível descobrir a secção mais
económica tendo em conta custos de investimento e exploração.
Implementar o dimensionamento de cabos de baixa tensão já que este implica a
consideração de mais e diferentes modos de instalação assim como métodos de cálculo de
curto-circuitos e quedas de tensão distintos.
74

Referências

[1] “Cálculo da Média Tensão,” Cálculo de Média Tensão – General Cable®. [Online]. Available:
https://www.generalcable.com/eu/pt/information-center/tools-applications/gc-app-
medium-voltage. [Accessed: 25-Jan-2022].
[2] “E-design - applications and software,” Low Voltage Products. [Online]. Available:
https://new.abb.com/low-voltage/support/software/e-design. [Accessed: 11-Feb-2022].
[3] Conductors of insulated cables, IEC 60228, 2004
[4] Power cables with extruded insulation and their accessories for rated voltages from 1 kV
(Um = 1,2 kV) up to 30 kV (Um = 36 kV) – Part 1: Cables for rated voltages of 1 kV (Um = 1,2
kV) and 3 kV (Um = 3,6 kV), IEC 60502-1, 2021
[5] Power cables with extruded insulation and their accessories for rated voltages above 30 kV
(Um = 36 kV) up to 150 kV (Um = 170 kV) – Test methods and requirements, IEC 60840, 2020
[6] Power cables with extruded insulation and their accessories for rated voltages above 150
kV (Um = 170 kV) up to 500 kV (Um = 550 kV) - Test methods and requirements, IEC 62067,
2022
[7] J. P. T. Saraiva, Dimensionamento e Protecção de Canalizações Eléctricas em Baixa Tensão,
2000.
[8] J. Neves dos Santos, Condutores e cabos de energia, 2005.
[9] Medios técnicos mínimos requeridos para la verificación o inspección de elétricas de alta
tension, Instrucción Técnica Complementaria ITC-LT 06, 2008
[10] Prysmian, Cables y Accesorios para Media Tensión, 2013
[11] Solidal Condutores Eléctricos S.A., Guia Técnico, 2007
[12] Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão, Portaria nº949-A, 2006
[13] Electric cables – Calculation of the current rating – Part 1-1: Current rating equations (100
% load factor) and calculation losses – General, IEC 60287-1-1, 2006
[14] Short-circuit currents in three-phase a.c. systems, IEC 60909, 2016.
[15] ABB, Electric Installation Handbook, Vol 2, 2004
[16] IEEE Guide for Safety in AC Substation Grounding, IEEE Std 80, 2015
75

[17] Condutores isolados e seus acessórios para redes de distribuição, Cabos isolados de Média
Tensão, Características e ensaios, DMA-C52-300, 2005
76
77

ANEXO A
Tabela A3.1 – Fatores de correção para profundidades de enterramento diferentes de 0.8 m (Tabela B.12

e B.13 IEC 60502-2)

Unipolares
Tripolares
Diretamente enterrados Entubados

Secção Diretamente
Profundidade (m) Entubados
≤185 mm² >185 mm² ≤185 mm² >185 mm² enterrados

Ao ar 1 1 1 1 1 1

0.5 1.04 1.06 1.04 1.05 1.04 1.03

0.6 1.02 1.04 1.02 1.03 1.03 1.02

0.8 1 1 1 1 1 1

1 0.98 0.97 0.98 0.97 0.98 0.99

1.25 0.96 0.95 0.96 0.95 0.96 0.97

1.5 0.95 0.93 0.95 0.93 0.95 0.96

1.75 0.94 0.91 0.94 0.92 0.94 0.95

2 0.93 0.9 0.93 0.91 0.93 0.94

2.5 0.91 0.88 0.91 0.89 0.91 0.93

3 0.9 0.86 0.9 0.88 0.9 0.92

Tabela A3.2 – Fatores de correção para profundidades de enterramento diferentes de 1 m (Cables y

Accesorios para Media Tensión, Prysmian 2013)

Diretamente
Entubados
enterrados

Secção
Profundidade (m)
≤185 mm² >185 mm² ≤185 mm² >185 mm²
Ao ar 1 1 - -
0.5 1.06 1.09 1.06 1.08
0.6 1.04 1.07 1.04 1.06
0.8 1.02 1.03 1.02 1.03
1 1 1 1 1
1.25 0.98 0.98 0.98 0.98
1.5 0.97 0.96 0.97 0.96
1.75 0.96 0.94 0.96 0.95
2 0.95 0.93 0.95 0.94
2.5 0.93 0.91 0.93 0.92
3 0.92 0.89 0.92 0.91
78

Tabela A4.1 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo em cabos unipolares (Tabelas B.14,

B.15 IEC 60502-2)

Secção Cabos unipolares


Tipo de do
instalação condutor 0.7 0.8 0.9 1 1.5 2 2.5 3
2
mm
16 1.29 1.24 1.19 1.15 1 0.89 0.82 0.75
25 1.3 1.25 1.2 1.16 1 0.89 0.81 0.75
35 1.3 1.25 1.21 1.16 1 0.89 0.81 0.75
50 1.32 1.26 1.21 1.16 1 0.89 0.81 0.74
70 1.33 1.27 1.22 1.17 1 0.89 0.81 0.74
Cabos
95 1.34 1.28 1.22 1.18 1 0.89 0.8 0.74
diretamente
120 1.34 1.28 1.22 1.18 1 0.88 0.8 0.74
enterrados
150 1.35 1.28 1.23 1.18 1 0.88 0.8 0.74
185 1.35 1.29 1.23 1.18 1 0.88 0.8 0.74
240 1.36 1.29 1.23 1.18 1 0.88 0.8 0.73
300 1.36 1.3 1.24 1.19 1 0.88 0.8 0.73
400 1.37 1.3 1.24 1.19 1 0.88 0.79 0.73
16 1.2 1.17 1.14 1.11 1 0.92 0.85 0.79
25 1.21 1.2 1.14 1.12 1 0.91 0.85 0.79
35 1.21 1.18 1.15 1.12 1 0.91 0.84 0.79
50 1.21 1.18 1.16 1.12 1 0.91 0.84 0.78
70 1.22 1.19 1.15 1.12 1 0.91 0.84 0.78
Cabos
95 1.23 1.19 1.16 1.13 1 0.91 0.84 0.78
enterrados
120 1.23 1.2 1.16 1.13 1 0.91 0.84 0.78
em tubos
150 1.24 1.2 1.16 1.13 1 0.91 0.83 0.78
185 1.24 1.2 1.17 1.13 1 0.91 0.83 0.78
240 1.25 1.21 1.17 1.14 1 0.9 0.83 0.77
300 1.25 1.21 1.17 1.14 1 0.9 0.83 0.77
400 1.25 1.21 1.17 1.14 1 0.9 0.83 0.77
79

Tabela A4.2 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo em cabos tripolares (Tabelas B.16,

B.17 IEC 60502-2)

Secção Cabos tripolares


Tipo de do
instalação condutor 0.7 0.8 0.9 1 1.5 2 2.5 3
2
mm
16 1.23 1.19 1.16 1.13 1 0.91 0.84 0.78
25 1.24 1.2 1.16 1.13 1 0.91 0.84 0.78
35 1.25 1.21 1.17 1.13 1 0.91 0.83 0.78
50 1.25 1.21 1.17 1.14 1 0.91 0.83 0.77
70 1.26 1.21 1.18 1.14 1 0.9 0.83 0.77
Cabos
95 1.26 1.22 1.18 1.14 1 0.9 0.83 0.77
diretamente
120 1.26 1.22 1.18 1.14 1 0.9 0.83 0.77
enterrados
150 1.27 1.23 1.18 1.15 1 0.9 0.83 0.77
185 1.27 1.23 1.18 1.15 1 0.9 0.83 0.77
240 1.28 1.23 1.19 1.15 1 0.9 0.83 0.77
300 1.28 1.23 1.19 1.15 1 0.9 0.82 0.77
400 1.28 1.23 1.19 1.15 1 0.9 0.82 0.76
16 1.12 1.11 1.09 1.08 1 0.94 0.89 0.84
25 1.14 1.12 1.1 1.08 1 0.94 0.89 0.84
35 1.14 1.12 1.1 1.08 1 0.94 0.88 0.84
50 1.14 1.12 1.1 1.08 1 0.94 0.88 0.84
70 1.15 1.13 1.11 1.09 1 0.94 0.88 0.83
Cabos
95 1.15 1.13 1.11 1.09 1 0.94 0.88 0.83
enterrados
120 1.15 1.13 1.11 1.09 1 0.93 0.58 0.83
em tubos
150 1.16 1.13 1.11 1.09 1 0.93 0.88 0.83
185 1.16 1.14 1.11 1.09 1 0.93 0.87 0.83
240 1.16 1.14 1.12 1.1 1 0.93 0.87 0.82
300 1.17 1.14 1.12 1.1 1 0.93 0.87 0.82
400 1.17 1.14 1.12 1.1 1 0.93 0.86 0.81
80

Tabela A4.3 – Fatores de correção para a resistividade térmica do solo (Quadro 52-E6 RTIEBT)

Resistividade
Factor de
térmica
correcção
do terreno (k.m/W)
0.40 1.25
0.50 1.21
0.70 1.13
0.85 1.05
1.00 1.00
1.20 0.94
1.50 0.86
2.00 0.76
2.50 0.70
3.00 0.65
81

Tabela A5.1 – Fatores de correção para grupos de cabos tripolares / grupos de circuitos trifásicos de cabos unipolares enterrados diretamente no solo ou enterrados em tubos
(Tabelas B.18, B.19, B.20 e B.21 IEC 60502-2)

Espaçamento Número de circuitos agrupados


entre
circuitos (m) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
0 0.8 0.69 0.62 0.57 0.54 0.51 0.49 0.47 0.46 0.45 0.43
Tabela B.18 - Fatores
de correção para 0.2 0.86 0.77 0.72 0.68 0.65 0.63 0.61 0.6 0.59 0.57 0.56
grupos de cabos 0.4 0.9 0.82 0.79 0.76 0.74 0.72 0.71 0.7 0.69 0.69 0.66
tripolares enterrados 0.6 0.92 0.86 0.83 0.81 0.8 0.78 0.78 0.77 - - -
diretamente no solo
0.8 0.94 0.89 0.87 0.85 0.84 0.83 - - - - -
0 0.85 0.75 0.69 0.65 0.82 0.59 0.57 0.55 0.54 0.52 0.51
Tabela B.20 - Fatores
de correção para 0.2 0.88 0.8 0.75 0.72 0.69 0.67 0.65 0.54 0.63 0.62 0.61
grupos de cabos 0.4 0.92 0.85 0.82 0.79 0.77 0.76 0.75 0.74 0.73 0.73 0.72
tripolares enterrados 0.6 0.94 0.88 0.86 0.84 0.83 0.82 0.81 0.8 - - -
em tubos
0.8 0.95 0.91 0.89 0.87 0.87 0.86 - - - - -
Tabela B.19 - Fatores 0 0.73 0.6 0.54 0.49 0.46 0.43 0.41 0.39 0.37 0.36 0.35
de correção para 0.2 0.83 0.73 0.68 0.63 0.61 0.58 0.57 0.55 0.54 0.53 0.52
grupos de circuitos
0.4 0.88 0.79 0.75 0.72 0.7 681 0.67 0.66 0.65 0.64 0.64
trifásicos de cabos
unipolares enterrados 0.6 0.9 0.83 0.8 0.78 0.75 0.75 0.74 0.73 - - -
diretamente no solo 0.8 0.92 0.86 0.84 0.82 0.81 0.8 - - - - -
Tabela B.21 - Fatores 0 0.78 0.66 0.59 0.55 0.51 0.48 0.46 0.44 0.43 0.42 0.4
de correção para 0.2 0.85 0.75 0.7 0.66 0.64 0.61 0.6 0.58 0.57 0.56 0.55
grupos de circuitos
0.4 0.89 0.81 0.77 0.74 0.72 0.71 0.7 0.69 0.68 0.67 0.87
trifásicos de cabos
unipolares enterrados 0.6 0.91 0.55 0.82 0.8 0.78 0.77 0.76 0.76 - - -
em tubos 0.8 0.93 0.88 0.86 0.54 0.83 0.82 - - - - -
82

Tabela A5.2 – Fatores de correção para grupos de cabos tripolares / grupos de circuitos trifásicos de cabos unipolares enterrados diretamente no solo ou enterrados em tubos
(Cables y Accesorios para Media Tensión, Prysmian 2013)

Número de circuitos agrupados


Espaçamento
entre circuitos
(m) 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0 0.76 0.65 0.58 0.53 0.5 0.47 0.45 0.43 0.42


0.2 0.82 0.73 0.68 0.64 0.61 0.59 0.57 0.56 0.55
Diretamente
0.4 0.86 0.78 0.75 0.72 0.7 0.68 0.67 0.66 0.65
enterrados
0.6 0.88 0.82 0.79 0.77 0.76 0.74 0.74 0.73 --
0.8 0.9 0.85 0.83 0.81 0.8 0.79 -- -- --
0 0.8 0.7 0.64 0.6 0.57 0.54 0.52 0.5 0.49
0.2 0.83 0.75 0.7 0.67 0.64 0.62 0.6 0.59 0.58
Enterrados em
0.4 0.87 0.8 0.77 0.74 0.72 0.71 0.7 0.69 0.68
tubos
0.6 0.89 0.83 0.81 0.79 0.78 0.77 0.76 0.75 --
0.8 0.9 0.86 0.84 0.82 0.81 -- -- -- --
83

Tabela A5.3 – Fatores de correção para agrupamento de diversos circuitos de cabos tripolares, instalados ao ar, lado a lado, em camada simples (Tabela B.22 IEC 60502-2)

Número de cabos

Modo de instalação Número de


caminhos 1 2 3 4 6 9
de cabos

Cabos sem afastamento entre si e 1 1.00 0.88 0.82 0.79 0.76 0.73
afastados dos elementos da 2 1.00 0.87 0.80 0.77 0.73 0.68
Caminhos de construção de d >= 20 mm 3 1.00 0.86 0.79 0.76 0.71 0.66
cabos perfurados
horizontais Cabos com afastamento entre si 1 1.00 1.00 0.96 0.95 0.91 -
>= De e afastados dos elementos 2 1.00 0.99 0.96 0.92 0.87 -
da construção de d >= 20 mm 3 1.00 0.98 0.95 0.91 0.85 -
1 1.00 0.88 0.82 0.78 0.73 0.72
Caminhos de Cabos encostados
2 1.00 0.88 0.81 0.76 0.71 0.70
cabos perfurados
verticais Cabos com afastamento entre si 1 1.00 0.91 0.89 0.88 0.87 -
>= De 2 1.00 0.91 0.85 0.87 0.85 -
Cabos sem afastamento entre si e 1 1.00 0.87 0.82 0.80 0.79 0.78
afastados dos elementos da 2 1.00 0.86 0.80 0.78 0.76 0.73
Escadas (para construção de d >= 20 mm 3 1.00 0.85 0.79 0.86 0.73 0.70
cabos), consolas,
etc. Cabos com afastamento entre si 1 1.00 1.00 1.00 1.00 1.00 -
>= De e afastados dos elementos 2 1.00 0.99 0.95 0.97 0.96 -
da construção de d >= 20 mm 3 1.00 0.98 0.97 0.96 0.93 -
84

Tabela A5.4 – Fatores de correção para agrupamento de diversos circuitos de cabos unipolares, instalados
ao ar, lado a lado, em camada simples (Tabela B.23 IEC 60502-2)

Número de circuitos
trifásicos
Modo de instalação Número de
caminhos 1 2 3
de cabos
Cabos sem 1 0.98 0.91 0.87
afastamento entre si e 2 0.96 0.87 0.80
Caminhos de cabos
afastados dos
perfurados
elementos da
horizontais 3 0.95 0.85 0.78
construção de d >= 20
mm
Caminhos de cabos 1 0.96 0.86 -
perfurados Cabos encostados
verticais 2 0.95 0.84 -
Cabos sem
1 1.00 0.97 0.96
afastamento entre si e
Escadas (para
afastados dos 2 0.98 0.93 0.89
cabos), consolas,
elementos da
etc
construção de d >= 20 3 0.97 0.90 0.86
mm
Cabos com
afastamento entre si 1 1.00 0.98 0.96
Caminhos de cabos
>= De e afastados dos
perfurados
elementos da 2 0.97 0.93 0.89
horizontais
construção de d >= 20
mm 3 0.96 0.92 0.86
Caminhos de cabos Cabos com 1 1.00 0.91 0.89
perfurados afastamento entre si
verticais >= De 2 1.00 0.90 0.86
Cabos com 1 1.00 1.00 1.00
afastamento entre si 2 0.97 0.95 0.93
Escadas (para
>= De e afastados dos
cabos), consolas,
elementos da
etc 3 0.96 0.94 0.80
construção de d >= 20
mm
85

Tabela A5.5 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos em caminhos
de cabos perfurados com separação entre cabos de d (diâmetro)

Número de caminhos de Número de cabos tripolares ou trevos unipolares


cabos 1 2 3 6 9
1 1 0.98 0.96 0.93 0.92
2 1 0.95 0.93 0.9 0.73
3 1 0.94 0.92 0.89 0.69
6 1 0.93 0.9 0.87 0.86

Tabela A5.6 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos em caminhos
de cabos com separação entre cabos de d (diâmetro)

Número de caminhos de Número de cabos tripolares ou trevos unipolares


cabos 1 2 3 6 9
1 0.95 0.9 0.88 0.86 0.84
2 0.9 0.85 0.83 0.81 0.80
3 0.88 0.83 0.81 0.79 0.78
6 0.86 0.81 0.79 0.77 0.76

Tabela A5.7 – Fatores de correção para cabos tripolares ou trevos de cabos unipolares em contacto entre
si e com a parede, em caminhos de cabos

Número de caminhos de Número de cabos tripolares ou trevos unipolares


cabos 1 2 3 6 9
1 1 0.84 0.8 0.75 0.73
2 1 0.8 0.76 0.71 0.69
3 1 0.78 0.74 0.7 0.68

6 1 0.76 0.72 0.68 0.66

Tabela A5.8 – Fatores de correção para cablos tripolares ou trevos de cabos unipolares, em contacto
entre si, na parede

N.° de cabos tripolares Junto a Afastados da


ou trevos unipolares parede parede >0.2 cm
1 0.95 1
2 0.78 0.93
3 0.73 0.9
6 0.68 0.87
9 0.66 0.86
86

Tabela A5.9 – Fatores de correção para cabos tripolares ou unipolares em trevos juntivos em caminhos
de cabos perfurados com separação entre cabos inferior a d e superior a d/4

Número de cabos tripolares ou trevos


Número de caminhos de unipolares
cabos
1 2 3 4
1 1 0.93 0.87 0.83
2 0.89 0.83 0.79 0.76
3 0.8 0.76 0.72 0.69
4 0.75 0.7 0.66 0.64

Tabela A5.10 – Fatores de correção para cabos unipolares, em caminhos de cabos com separação entre
cabos igual a d

Número Número de grupos de cabos


de unipolares
caminhos
1 2 3
de cabos
1 0.92 0.89 0.88
2 0.87 0.84 0.83
3 0.84 0.82 0.81
6 0.82 0.8 0.79

Tabela A5.11 – Fatores de correção para Cabos unipolares, em caminhos de cabos perfurados com
separação entre cabos igual a d

Número Número de cabos


de
caminhos 1 2 3
de cabos
1 1 0.97 0.96
2 0.97 0.94 0.93
3 0.96 0.93 0.92
6 0.94 0.91 0.9
87

Método de cálculo do fator de correção para cabos instalados em Canaletas


(Prysmian)
A perda total (WTOT) num cabo corresponde à soma das perdas por efeito joule (Wj) no
condudor e na blindagem e as perdas no dielétrico (Wd).

𝑊𝑇𝑂𝑇 = 𝑊𝑗 + 𝑊𝑑 (𝑊/𝑘𝑚) (A.1)

𝑊𝑗 = 𝑅𝐴𝐶 × 𝐼 2 (𝑊/𝑘𝑚) (A.2)

(𝑈 2 × 𝑡𝑔)
𝑊𝑑 = (𝑊/𝑘𝑚) (A.3)
𝑋𝐶

O fator fC é calculado a partir do acréscimo de temperatura no interior da

canaleta ao qual deve ser multiplicado pelos fatores de correção originais.

𝑊𝑇𝑂𝑇 × 10−3
𝑇 = ( 𝐶) (A.4)
3𝑝

𝑇𝐶 − 𝑇𝑎 − 𝑇
𝑓𝐶 = √ (A.5)
𝑇𝐶 − 𝑇𝑎

Onde,

• WTOT é a perda total de potência no cabo, expressa em (W/km);


• Wj são as perdas por efeito joule gerados no condutor e na blindagem, expressa em
(W/km);
• Wd Perdas no dielétrico, expressa em (W/km);
• RAC é a resistência do cabo em corrente alternada, expressa em /km;
• XC é a reatância capacitiva do cabo, expressa em /km;
• U é a tensão composta do sistema, expressa em V;
• tg  é o fator de perdas no dielétrico. Depende do material do isolamento do cabo.
EPR/HEPR – tg  = 0.040 e XLPE - tg  = 0.008
• T é o acréscimo de temperatura na canaleta, devido às perdas no cabo, expressa em
(ºC)
• p é o perímetro enterrado na canaleta, expresso em m;
• fC é o fator de correção da capacidade de condução de corrente devido ao acréscimo
de temperatura na canaleta
• TC é a temperatura máxima admissível no condutor em regime de operação normal,
expressa em (º C)
• Ta é a temperatura ambiente da canaleta, antes da energização dos cabos (ºC)
88

ANEXO B
B.1 Método de cálculo de vários tipos de impedâncias (ponto de ligação,
linha interligação, transformador do parque)
Independentemente de o cálculo ser ou não realizado através do valor da X/R são
necessários os valores de base para transformação em p.u:

• Sb – potência aparente base, expressa em MVA;


• Ub,AT – tensão de base em alta tensão, expressa em kV;
• Ub,MT – tensão de base em média tensão, expressa em kV

Agora é possível calcular as impedâncias e correntes base:


2
(𝑈𝑏,𝐴𝑇 × 103 )
𝑍𝑏,𝐴𝑇 = () (B.1)
𝑆𝑏 × 106

2
(𝑈𝑏,𝑀𝑇 × 103 )
𝑍𝑏,𝑀𝑇 = () (B.2)
𝑆𝑏 × 106

𝑆𝑏
𝐼𝑏,𝐴𝑇 = (kA) (B.3)
√3 × 𝑈𝑏,𝐴𝑇

𝑆𝑏
𝐼𝑏,𝑀𝑇 = (kA) (B.4)
√3 × 𝑈𝑏,𝑀𝑇

B.1.1 Impedância no ponto de ligação (Zrede)

B.1.1.2 Método de cálculo tendo conhecimento do valor de X/R

Em primeiro lugar calcula-se a potência de curto-circuito máxima,

𝑆𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋 = √3 × 𝑈𝑛 × 𝐼𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋 (MVA) (B.5)

𝑆𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋
𝑆′′ = (𝑝. 𝑢. ) (B.6)
𝑆𝑏
Onde,

• Un é a tensão estipulada no ponto de ligação, expressa em kV;


• ICC,MAX é a corrente máxima de curto-circuito no ponto de ligação, expressa em kA;

Agora é possível calcular a impedância neste ponto,

1
𝑍 ′′ = (𝑝. 𝑢. )
𝑆′′

Com o valor da razão X/R calcula-se a resistência e a reatância da seguinte forma,

𝑅 = 𝑍 ′′ × cos [ 𝑡𝑎𝑛−1 (𝑋⁄𝑅) ] (𝑝. 𝑢) (B.7)


89

𝑋 = 𝑍′′ × sen [ tan−1 (𝑋⁄𝑅) ] (𝑝. 𝑢) (B.8)

B.1.1.3 Método de cálculo não tendo conhecimento do valor de X/R

Em primeiro lugar calcula-se a potência de curto-circuito máxima,

𝑆𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋 = √3 × 𝑈𝑛 × 𝐼𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋 (MVA) (B.9)


𝑆𝐶𝐶,𝑀𝐴𝑋
𝑆′′ = (𝑝. 𝑢. ) (B.10)
𝑆𝑏

Onde,

• Un é a tensão estipulada no ponto de ligação, expressa em kV;


• ICC,MAX é a corrente máxima de curto-circuito no ponto de ligação, expressa em kA;

Agora é possível calcular a impedância neste ponto,

1
𝑍 ′′ = (𝑝. 𝑢. ) (B.11)
𝑆′′

É possível desprezar o valor da resistência, então:

1
𝑋= (𝑝. 𝑢. ) (B.12)
𝑆′′
𝑋 = 𝑋(𝑝.𝑢) × 𝑍𝑏,𝑀𝑇 () (B.13)

B.1.2 Impedância da linha de interligação (Zl)

O cálculo da impedância da linha de interligação é simples. Apenas é necessário


conhecer os valores da resistência, reatância e comprimento da linha. Assim,

𝑅 = 𝑅(/km) × 𝑙 () (B.14)


𝑋 = 𝑋(/km) × 𝑙 () (B.15)

Onde,
• l é o comprimento da linha de interligação, expresso em km.

Convertendo para p.u.,

𝑅
𝑅(𝑝.𝑢) = (p. u) (B.16)
𝑍𝑏,𝐴𝑇
𝑋
𝑋(𝑝.𝑢) = (p. u) (B.17)
𝑍𝑏,𝐴𝑇

B.1.3 Impedância do transformador (Ztr)

A impedância do transformador é calculada através da seguinte fórmula:


90

2
𝑈𝐶𝐶 𝑆𝑏 𝑈𝑛,𝑀𝑇
𝑋= × ×( ) (𝑝. 𝑢. ) (B.18)
100 𝑆𝑛 𝑈𝑏,𝑀𝑇

Onde,
• Sn é a potência estipulada do transformador, expressa em MVA;
• Un,MT é a tensão estipulada no barramento MT do transformador, expressa em kV.

B.2 Cálculo de Zeq

Zeq é a impedância equivalente vista do ponto onde ocorre o defeito. Esta resulta do
somatório das impedâncias descritas em B.1 com a impedância dos cabos (ZC).

𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑍𝑙 + 𝑍𝑡𝑟 + 𝑍𝐶 (B.19)

B.2.1 Impedância dos cabos (Zc)

ZC representa o valor da impedância dos cabos até ao ponto onde ocorre o defeito.
Como se deseja calcular a corrente de curto-circuito máxima esta impedância será o somatório
das impedâncias de todos os cabos em série a montante, sendo assim apenas válida para redes
radiais. A impedância do cabo onde surge o curto-circuito é ignorada visto que a situação mais
desfavorável ocorre quando o defeito surge no início da canalização.
Considera-se a rede radial da figura B.1 como exemplo.

Figura B.1 – Rede de exemplo de cálculo de Zeq

Quando o defeito ocorre no barramento E, Zeq calcula-se através da expressão seguinte:


𝑍𝑒𝑞 = 𝑍𝑅𝐸𝐷𝐸 + 𝑍𝐴𝐵 + 𝑍𝐵𝐸 (B.20)

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