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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
QMC149 – QUÍMICA ANALÍTICA II
PROF DR. EDSON IRINEU MULLER

DETERMINAÇÃO DAS CONSTANTES DE IONIZAÇÃO DE ÁCIDOS


ORGÂNICOS POR CONDUDIMETRIA DIRETA

Raquel Beatriz Moraes e Silva

Santa Maria, RS
24/11/2023
INTRODUÇÃO

A condutimetria direta é uma técnica valiosa na determinação das propriedades


eletroquímicas de soluções, utilizando uma célula condutimétrica equipada com dois
eletrodos planos fixos imersos na solução em estudo. A condutividade da solução é um
reflexo da força do eletrólito presente, e a comparação entre diferentes eletrólitos é possível
por meio do conceito de condutância equivalente (Λ0). A condutância equivalente total,
resultante das condutâncias iônicas em diluição infinita, oferece uma medida abrangente da
capacidade de uma solução conduzir corrente elétrica.
A migração dos íons positivos e negativos em uma solução iônica, desencadeada pela
aplicação de um campo eletrostático, é fundamental para compreender a condutância elétrica
dessa solução. Vários fatores, como o número de íons presentes, suas cargas e mobilidades,
exercem influência direta na condutância da solução iônica, contribuindo para a
complexidade do fenômeno.
O propósito desta prática é realizar a medição da condutividade de ácidos orgânicos
por meio da condutimetria direta. A condução desse experimento incluirá a aplicação de
manipulações matemáticas para determinar as constantes de ionização desses ácidos. Ao
compreender as propriedades condutivas específicas dos ácidos orgânicos em análise,
poderemos avançar no entendimento de suas características e comportamentos em meio
iônico, proporcionando insights valiosos para a química e a pesquisa aplicada.
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Inicialmente, mergulhou-se a célula condutimétrica na solução, com o equipamento já


ajustado. Realizou-se a leitura da condutividade (k) e anotou-se o valor obtido, convertendo
para S cm-1. As soluções para a determinação foram a de ácido acético, ácido propiônico e
ácido cloroacético.
Com os valores já anotados e convertidos, determinou-se a condutância equivalente
(Ʌeq) a partir da equação 1:

𝑜𝑛𝑑𝑒 𝐶= 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑒𝑚 𝑁

Posteriormente, pelas equações 2 e 3, foi possível determinar o grau de ionização.

Estes dados de condutividade (𝜆0) são tabelados e referem-se a cátion e ânion, estão
dispostos na tabela 2.

Por fim, para determinar a constante de ionização dos ácidos orgânicos, utilizou-se da
equação 4. E comparou-se os valores obtidos experimentalmente com os da literatura.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados obtidos de condutividade convertidos para S/cm-1, condutância equivalente e


normalidade estão dispostas na tabela 1. Para se encontrar os valores Para encontrar os
valores de condutância equivalente, utilizou-se da equação (1).

Tabela 1 – Dados obtidos experimentalmente.

Ácido Condutividade Condutância Normalidade (C)


(S/cm-1) equivalente (Ʌeq)

Acético 0,0005203 4,95524 0,105

Cloroacético 0,000004 0,03960 0,101

Propanoico 0,000459 4,33019 0,106


Fonte: Autora, 2023

Para melhor entendimento, colocou-se em na tabela 2 os valores da condutividade (𝜆0)


para cada um dos cátions e ânions.
Tabela 2 – Dados de condutividade obtidos na literatura.

𝜆0 Condutividade Ácido Condutividade


(S/cm-1) (𝜆0++𝜆0−)

𝜆0𝐻+ 349.8 Acético 390,7

𝜆0𝐴𝑐− 40.9 Cloroacético 389,6

𝜆0𝐶𝑙𝐴𝑐− 36,6 Propanoico 385

𝜆0 𝑃𝑟𝑜𝑝𝑖𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 35.8 - -
Fonte: Autora, 2023

Já para os valores do grau de ionização, utilizou-se da equação (3). Com todos os


dados obtidos e calculados, é possível encontrar o valor da constante de ionização (Ka) para
os ácidos orgânicos, pela equação (4).

Tabela 3 – Dados obtidos experimentalmente.

Ácido Grau de ionização Constante de Constante de


(𝛼) Ionização (KaHa) Ionização (Ka)
Literatura
Acético 0,01268297439 0,0000175 0,0000173
Cloroacético 0,0001016528758 0,0000134 0,0000135
Propanoico 0,01124724332 0,0014 0,0012
Fonte: Autora, 2023

Considerando os resultados previamente apresentados, é notável que, ao compará-los


com a literatura, observa-se uma certa discrepância. No entanto, é válido salientar que, dadas
as complexidades inerentes ao manuseio do equipamento e possíveis falhas humanas, os
resultados obtidos ainda podem ser considerados satisfatórios.
Adicionalmente, procedeu-se à medição da condutividade da água proveniente da
torneira e da água deionizada, revelando valores de 1.97 µS e 237.2 µS, respectivamente. Tais
resultados, embora possam parecer divergentes à primeira vista, demonstram coerência
quando se considera que a água deionizada exibe uma presença significativamente reduzida
de íons em comparação com a água da torneira. Esta disparidade nas condutividades é um
reflexo direto da influência da concentração iônica na capacidade de condução elétrica,
destacando a natureza particular da água deionizada como um solvente praticamente
desprovido de íons.
CONCLUSÃO

Diante das etapas procedimentais realizadas, é possível afirmar que os resultados


obtidos revelam uma eficácia satisfatória. A obtenção do valor da constante de ionização e
sua comparação com os dados literários foram realizadas de maneira coerente, evidenciando
uma concordância notável. Todos os cálculos foram conduzidos de forma lógica,
apresentando valores próximos às referências encontradas na literatura pertinente.

Além disso, destaca-se a habilidade demonstrada na operação do condutivímetro


durante a coleta de medidas. O procedimento, portanto, não apenas proporcionou resultados
que se alinham com as expectativas teóricas, mas também demonstrou proficiência na
execução técnica. Este conjunto de aspectos corrobora a confiabilidade e validade do
experimento, evidenciando uma abordagem metódica e competente ao longo do processo.

QUESTIONÁRIO

1) Qual a relação da condutividade com a força dos ácidos?

A relação da condutividade com a força dos ácidos está intimamente ligada à


capacidade dos ácidos de ionizarem-se em solução. Ácidos fortes, que se ionizam
completamente em solução, tendem a apresentar maior condutividade, uma vez que a
presença de íons em maior quantidade possibilita uma melhor condução elétrica. Por outro
lado, ácidos mais fracos ionizam-se parcialmente, resultando em menor condutividade devido
à menor quantidade de íons em solução.

2) Qual a importância de medida da condutividade na área da Farmácia?

A medida da condutividade na área da Farmácia é de suma importância, pois


proporciona informações cruciais sobre a natureza iônica das substâncias em estudo. Em
formulações farmacêuticas, a condutividade pode ser utilizada para monitorar a qualidade e a
pureza de compostos, bem como para avaliar a eficácia de processos de purificação. Além
disso, em análises de soluções aquosas de fármacos ou excipientes, a condutividade pode ser
um indicador valioso da presença de íons e da natureza eletrolítica da substância,
contribuindo para a compreensão de propriedades críticas relacionadas à estabilidade e
eficácia dos produtos farmacêuticos.

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