Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL


CURSO DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

ESTUDO DO EQUILÍBRIO LÍQUIDO-VAPOR EM UM SISTEMA BINÁRIO


USANDO DESTILAÇÃO SIMPLES.

Professora Dra. Rosana Maria Nascimento de Assunção

Alunas: Cleidiane Aparecida Araújo


Giovana Jabur Teixeira

ITUIUTABA
JUNHO/2019
1 INTRODUÇÃO

Dentre os processos de separação empregados na indústria química, a


destilação é considerada como uma das mais importantes. A separação dos componentes
de uma mistura nestes processos requer um íntimo conhecimento do comportamento das
fases líquidas e vapor em equilíbrio.
A separação por destilação só é possível se os diferentes componentes da
mistura a separar tiverem volatilidades diferentes, ou seja, pontos de ebulição diferentes.
Estas diferenças estão necessariamente relacionadas com diferenças nas forças
intermoleculares de cada componente, dependentes das respectivas estruturas
moleculares, o que conduz a pressões de vapor diferentes para os vários componentes da
mistura.
A Pressão de Vapor de um líquido a uma dada temperatura é a pressão na
situação de equilíbrio (quando o número de moléculas que deixam o líquido é igual ao
das que retornam), exercida pelas moléculas que passam através da superfície livre.
Diz-se que um líquido entra em ebulição quando a sua pressão de vapor iguala
a pressão ambiente. Os líquidos com pressões de vapor elevadas entram em ebulição a
temperaturas mais baixas (para uma dada pressão total).
Índice de refração é a razão entre as velocidades da luz entre dois meios pelos
quais ela se propaga. O índice de refração absoluto, por sua vez, é calculado tendo como
referência o vácuo, o meio pelo qual a luz propaga-se com a maior velocidade possível.
Sendo assim, podemos dizer que esse índice mede quantas vezes a velocidade da luz é
maior no vácuo do que em outros meios, enquanto o índice derefração relativo é
definido como a razão entre as velocidades da luz entre dois meios quaisquer.
O índice de refração é uma grandeza escalar, adimensional, cujo módulo é
sempre maior ou igual a 1. Por exemplo, a velocidade da luz no vácuo é 1,33 vezes
maior do que a da luz que se propaga em um meio cujo índice de refração é igual a 1,33.
Além disso, não há conhecimento de nenhum meio no qual a luz propague-se com
velocidade maior que no vácuo.
Ainda, o índice de refração depende diretamente da frequência da luz incidente
sobre o meio. Geralmente, quanto maior é a frequência da luz, maior será o índice de
refração da luz para aquela frequência específica. É por esse motivo que a luz
sofre dispersão e passa a exibir as cores do espectro visível, por exemplo, ao propagar-
se através de um prisma.
2. OBJETIVO

O presente experimento teve como objetivo a construção e o estudo do


diagrama de fase líquido vapor.

3. REAGENTES, VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS

- Acetona -Refratômetro
-Clorofórmio. -Sistema de destilação simples
- Etanol absoluto. -Pipetas
- Água destilada. -Peras
- Balões volumétricos de 10 mL.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 CONSTRUÇÃO DA CURVA ANALÍTICA

Na primeira etapa deste experimento realizou-se aconstrução de uma curva de


calibração baseada no índice de refração das misturas de acetona e clorofórmio. Para
preparação da curva de calibração preparou-se as misturas conforme as seguintes
composições da tabela 1:

Tabela 1: Composição dos balões para curva de calibração


Balão Composição Acetona/Clorofórmio
1 1mL / 9mL
2 2mL / 8mL
3 3mL / 7mL
4 4mL / 6mL
5 5mL / 5mL
6 6mL / 4mL
7 7mL / 3mL
8 8mL / 2mL
9 9mL / 1mL

Preparou-se as misturas em balões volumétricos de 10 mL, com o auxílio de


uma pipeta volumétrica foram adicionados os volumes a cada balão individualmente. Os
balões foram bem agitados e posteriormente medidos os índices de refração das
misturas e dos solventes puros usados nas misturas a uma temperatura aproximada de
23,8°C usando um refratômetro de Abbe. Após as medições foi possível obter a Tabela
2:

Tabela 2: Composição dos balões para curva de calibração


Balão Acetona/Clorofórmio Índice de Refração Temperatura (ºC)
1 1mL / 9mL 1436 23,5
2 2mL / 8mL 1426 23,5
3 3mL / 7mL 1420 23,5
4 4mL / 6mL 1412 23,5
5 5mL / 5mL 1402 23,4
6 6mL / 4mL 1399 23,4
7 7mL / 3mL 1384 23,4
9 Acetona Pura 1358 23,8
10 Clorofórmio Puro 1445 23,7

4.2 PREPARAÇÕES DAS SOLUÇÕES BINÁRIAS DE CLOROFORMIO/ACETONA

Construiu-se o diagrama de fases em duas fases. O grupo 1 iniciou as


preparações acetona pura e adicionou-se clorofórmio e o Grupo 2 iniciou com
clorofórmio puro e adicionou-se acetona. As quantidades de solventes foram
adicionadas conforme tabela 3. Com o auxílio de uma pipeta volumétrica, transferiu-se
50 mL de acetona pura para um balão de destilação de 125 mL do sistema de destilação,
foram inseridaspedras de porcelana e montou-se o sistema conforme a figura 1.
Figura 01: Descrição do aparelho de destilação simples

O sistema foi aquecido até a ebulição da mistura e desprezadas as primeiras


gotas de acetona (no caso a partir da divisão feita anteriormente ficou designado ao
grupo 01 iniciar os processos com acetona) e mediu-se o ponto de ebulição 47ºC.
Esperou-se o sistema retornar a temperatura ambiente, adicionou-se a primeira alíquota
de clorofórmio. Aqueceu-se novamente até o ponto de ebulição, mediu-se a temperatura
e mediu-se o índice de refração. Repetiu-se o procedimento com diferentes quantidades
de clorofórmio e montou-se com referidos dados a tabela 03:

Tabela 03: Soluções para o sistema clorofórmio acetona


Exp Volume (mL acetona) p/ o sistema Exp Volume (mL Clorofórmio) p/
adicionado a 50mL de Clorofórmio sistema adicionado a 50mL de
Acetona
01 8,0 07 10,0
02 8,0 08 10,0
03 8,0 09 9,0
04 6,0 10 8,0
05 6,0 11 7,0
06 6,0 12 6,0

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 DETERMINAÇÃO DA CURVA ANALITICA


Para a determinação da curva analítica, após a pesagem dos balões conforme
procedimento e medição dos índices de refração, obteve-se os seguintes dados contidos
na tabela 04:

Tabela 04 – Dados para obtenção da curva analítica


Nº M Nº mol Massa Nº mol Xa Xb (acetona) Índice de
Balão clorofórmio clorofór acetona acetona (clorofór Refração a
(g) mio (g) (mol) mio) 25ºC
(mol)
A - - - - 0,0000 1,0000 -
1 1,48 0,0124 7,12 0,1226 0,0918 0,9081 1.366
2 2,96 0,0248 6,33 0,1089 0,1855 0,8145 1.375
3 4,44 0,0372 5,54 0,0953 0,2807 0,7192 1.383
4 5,92 0,0496 4,75 0,0817 0,3777 0,6222 1.393
5 7,40 0,0619 3,95 0,0681 0,4761 0,5238 1.401
6 8,88 0,0744 3,16 0,0545 0,5772 0,4228 1.410
7 10,36 0,0868 2,37 0,0408 0,6802 0,3197 1.420
8 11,84 0,0992 1,58 0,0272 0,7848 0,2152 1.426
9 13,32 0,1116 0,79 0,0136 0,8914 0,1086 1.431
B - - - - 1,0000 0,0000 -

Os dados de índice de refração medidos para as soluções puras de A


(clorofórmio) e B (acetona) ficaram próximos dos índices de refração fornecidos pela
literatura. Conforme LIDE, 2003, a 20°C os índices de refração do clorofórmio e
acetona são respectivamente 1,4459 e 1,3588, e nas medições obtiveram-se
respectivamente 1,4437 e 1,3575 a 25°C. Com estes dados, plotou-se o gráfico da fração
molar de acetona pelo índice de refração, a fim de obter-se a regressão linear.

Gráfico 1 – Índice de refração x fração molar de acetona


A regressão linear obtida permite a determinação da fração molar de
clorofórmio a partir das medidas de índice de refração na próxima etapa do
experimento.Após a medição de todas as alíquotas, montou-se a tabela 05 com os
respectivos dados de índice de refração e frações molares, a partir dos dados
previamente conhecidos:

 MM Clorofórmio = 119,38 g/mol


 Densidade Clorofórmio = 1,49 g/mL
 MM Acetona = 58,08 g/moL
 Densidade Acetona = 0,79 g/mL
Tabela 05: Fração Molar de Clorofórmio no resíduo e no destilado

Amostra Abs / Índice de Refração Fração Molar de Clorofórmio (Z


ºC clorofórmio)
Resíduo Destilado Resíduo (X Destilado (Y
(nr) (nd) clorofórmio) clorofórmio)
A 58 - - 0 0
1 58 1.430 1.432 0,1080 0,1092
2 61 1.420 1.422 0,3197 0,3216
3 62 1.414 1.416 0,3802 0,3834
4 61 1.408 1.409 0,4016 0,4088
5 59 1.404 1.407 0,5078 0,5120
6 61 1.375 1.368 0,8145 0,8887
7 53 1.387 1.377 0,7452 0,8059
8 50 1.389 1.382 0,6459 0,7497
9 50 1.397 1.386 0,5948 0,6852
10 49 1.402 1.391 0,5027 0,6623
B 52 - - 1 1
Acetona 56 1.358 0
Clorofórmio 59 1.443 1
Com estes dados em mãos, plotou-se o gráfico2 de diagrama de fases inicial.

Gráfico 2 – Diagrama de fases com todos dados obtidos.


Na destilação, um grupo iniciou o procedimento com acetona pura, e o outro
com clorofórmio puro. Ambos passaram do ponto do azeotropo, conforme mostra o
gráfico. Com isso, pode-se reconstruir o diagrama de fases excluindo-se os dados das
amostras 4 até 9, que são os pontos que apresentaram tendência fora do esperado. O
gráfico 3 mostra o diagrama de fases final.

Gráfico 3 – Diagrama de fases final

Excluindo-se os pontos mencionados, o gráfico mostra uma tendência correta de


um azeotropo de máximo, conforme afirma ATKINS e DE PAULA, 2008.
Durante a destilação, cada vez que se aquece o sistema, coleta-se e resfria-se o
destilado, se mede o índice de refração do destilado, se resfria o resíduo do balão e se
mede seu índice de refração, obtém-se assim a comprovação da teoria, onde segue-se a
linha de amarração para encontrar as composições do vapor e do líquido (ATKINS e DE
PAULA, 2008). Nota-se que cada par de pontos é obtido a partir de uma mesma
temperatura. No gráfico 3, a partir de XB> 0,4, o ponto da esquerda corresponde à
composição da fase líquida, e à direita na linha de amarração o ponto que corresponde à
composição da fase vapor. O contrário é observado com XB< 0,4.
A mistura binária de clorofórmio e acetona, conforme mencionado anteriormente,
apresenta azeotropo de máximo devido ao desvio negativo da lei de Raoult, pois as
interações entre os componentes da mistura são mais favoráveis que nos líquidos puros,
o que diminui a pressão de vapor, aumentando o ponto de ebulição (ATKINS e DE
PAULA, 2008). O ponto a 60°C e cerca de 0,4 de fração molar de acetona é o ponto de
máximo, e apresenta a composição azeotrópica.
O gráfico 3 apresenta algumas divergências de temperatura de ebulição com as
mencionadas na literatura. Conforme LIDE, 2003, a temperatura de ebulição do
clorofórmio e acetona são respectivamente 61 e 56°C, diferentes das obtidas no
experimento, que foram 58 e 52°C, trazendo assim a tendência do gráfico para cerca de
3 a 4°C abaixo do esperado. Isso pode ter ocorrido devido à exposição da coluna de
destilação à temperatura ambiente sem o devido isolamento térmico, o que pode ter
prejudicado o equilíbrio térmico entre o vapor e o termômetro.

6 CONCLUSÃO

Após a realização do experimento e construção das curvas foi possível analisar a


diferença entre os diagramas das substâncias binárias e substâncias puras.
Mesmo com a observação de diferença de temperatura de ebulição dos valores
teóricos com o experimental, o experimento possibilitou a construção do diagrama de
fases da mistura binária de clorofórmio e acetona, conforme o proposto, possibilitando a
visualização do azeotropo e comprovação da teoria presente na literatura mencionada.

7 REFERÊNCIAS

http://www.feq.unicamp.br/~mak/Roteiros/elv.PDF
http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?
option=com_content&task=view&id=223&Itemid=413
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/indice-refracao.htm
ATKINS, P.; DE PAULA, J. Físico-Química. Vol. 1. Oitava Edição. Rio de Janeiro:
LTC, 2008.
LIDE, D. R., HandbookofChemistryandPhysics. 84ª ed. CRC Press/Taylor and
Francis, Boca Raton,

Você também pode gostar