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A Educação no Brasil: da Colônia ao Império

Conteudista: Prof.ª Esp. Débora Cabrera Novaes


Revisão Textual: Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro

Objetivos da Unidade:

Observar as transformações educacionais no Brasil no período colonial;

Estudar os sentidos educacionais da atuação dos jesuítas;

Compreender as reformas realizadas no período do Marquês de Pombal;

Perceber o impacto da chegada da Corte portuguesa ao Brasil no campo da


educação.

ʪ Contextualização

ʪ Material Teórico

ʪ Material Complementar

ʪ Referências
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ʪ Contextualização

As transformações educacionais ocorridas no Brasil durante o período colonial são


importantes para que se desenvolva uma perspectiva analítica e crítica a respeito das bases
pedagógicas brasileiras. A compreensão desses processos históricos é, portanto, fundamental
para a atuação pro ssional de qualidade.
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ʪ Material Teórico

Introdução
A educação e o momento político do período entre a Colônia e o Império passaram por três
fases: a chegada dos jesuítas; as reformas realizadas pelo Marquês de Pombal; e a vinda da
Corte portuguesa ao Brasil, trazida por D. João VI.

A Atuação dos Jesuítas


A educação no Brasil iniciou-se no período colonial com a chegada, em 1549, dos padres
jesuítas a Salvador, mais precisamente com Manuel da Nóbrega, membro da Companhia de
Jesus, cujo ensino tinha como objetivo a propagação da fé.

Qual a razão da vinda dos jesuítas ao Brasil? Com a ruptura do cristianismo e o avanço do
protestantismo iniciado por Martinho Lutero, a Igreja católica procurava bases para frear o
protestantismo. Com esse intuito, o papa Paulo III Farnese fez uma convocação e, assim,
criou-se o Concílio de Trento (1546-1563).

Em 1534, Inácio de Loyola (1491-1556) fundou a Companhia de Jesus. A educação orientada


pelos jesuítas estava voltada para a memorização e a formação para o magistério, através de
manuais, normas e informações bibliográ cas. Suas normas para a educação foram de nidas
no documento “Organização dos Planos de Estudos”, chamado Ratio Studiorum.

Como a intenção era propagar a religião católica pelos países do novo mundo, entre eles o
Brasil, uma terra a ser colonizada e catequizada, traçaram-se novos rumos para a missão da
Companhia de Jesus. A ordem religiosa instalou-se no litoral. Penetrando nas aldeias
indígenas, os jesuítas aprenderam o tupi-guarani e zeram funcionar uma escola de ler e
escrever, com o m de substituir a cultura indígena. João de Aspilcueta Navarro foi o primeiro
jesuíta a aprender a língua dos indígenas. O padre foi um dos primeiros missionários a chegar
com a Companhia de Jesus.

Na realidade seu nome correto era Juan Azpilikueta, porém, como os portugueses tinham
grande di culdade em pronunciá-lo, acabaram aportuguesando, primeiro chamando-o de
Navarro, depois de Aspilcueta Navarro, como cou conhecido.

Manoel da Nóbrega e Aspilcueta Navarro juntaram-se a José de Anchieta, que, por sua vez, era
o responsável pela organização do ensino dos indígenas e dos lhos dos colonos. Anchieta,
para atrair os alunos, utilizava recursos interessantes, como teatro, música e poesia. É
necessário que que bem claro que todo esse aprendizado tinha como conteúdo principal a
religião e a moral cristã.

A princípio, a educação iniciou-se com a instrução e a catequese dos indígenas e dos lhos
dos colonos, com intuito de formar novos sacerdotes e a elite intelectual.

A educação ou catequese dos indígenas fazia parte de um jogo de interesses que visava,
predominantemente, à integração dos indígenas ao processo de colonização e à sua conversão
ao cristianismo, roubando-lhes a herança cultural. Porém, alguns colonos também queriam
os indígenas para utilizá-los como escravos. Foi um con ito injusto.

“Por isso é injusto considerar o índio preguiçoso, sem levar em conta que, na

sua cultura, tanto o objetivo do trabalho como o seu ritmo são bastante
diferentes dos impostos pelos europeus.”

- ARANHA, 2006, p. 101


Pode-se dizer que os indígenas passaram por um processo chamado aculturação, pelo qual
duas ou mais culturas diferentes originam mudanças importantes numa delas ou em ambas.
No caso, as mudanças ocorreram apenas em uma, monopolizando-a.

Os jesuítas tinham o apoio do governo de Portugal e, por isso, ganhavam doações de terras
para realizarem o trabalho de catequização.
Figura 1 – José de Anchieta
Fonte: Wikimedia Commons
As Missões
Para dar sentido a essas aspirações de catequese, entre os séculos XVI e XVII foram
organizadas as missões ou reduções, que consistiam, em linhas gerais, no con namento dos
indígenas para, entre outras coisas, a conversão religiosa, a educação e o trabalho. As missões
de maior destaque foram a da Amazônia e a da região do rio da Prata, no sul do Brasil.

As missões amazônicas foram desempenhadas por franciscanos e carmelitas e tiveram o


protagonismo do Padre Antônio Vieira, conhecido por sermões eloquentes, de grande valor
literário.

As missões no Sul se localizavam nas regiões dos atuais Paraná, Rio Grande do Sul, Paraguai,
Argentina e Uruguai, e caram conhecidas como Sete Povos das Missões. Tinham como
característica principal a alternância do projeto de catequese entre espanhóis e portugueses, a
depender dos territórios estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas.

As missões também são conhecidas como reduções devido à intenção de limitar a perspectiva
dos indígenas pela colonização, de reduzi-los ao jugo do Estado português.

Outros Aspectos da Educação Jesuítica


Os jesuítas dominaram os processos educacionais coloniais como um todo, desde a orientação
dos pressupostos epistemológicos para as elites até o desprezo pela educação formal de
mulheres e pessoas negras, sustentados por uma organização social de base escravista e de
exploração agrária.

“O ensino jesuítico manteve a escola conservadora, alheia à revolução intelectual

representada pelo racionalismo cartesiano e pelo renascimento cientí co.


Centrada no nível secundário, a educação visava à formação humanística,
privilegiando o estudo do latim, dos clássicos e da religião. Não faziam parte do
currículo escolar as ciências físicas ou naturais, bem como a técnica ou as artes.
A educação interessava apenas a poucos elementos da classe dirigente e, ainda
assim, como ornamento e erudição. Era literária, abstrata – além de dogmática
–, afastada dos interesses materiais, utilitários, e até estranha, por tentar trazer
o espírito europeu urbano para um ambiente agreste e rural.”

- ARANHA, 2006, p. 270-271

Com o desenvolvimento e crescimento de uma pequena burguesia no interior da sociedade


brasileira, indivíduos que desejavam seguir carreiras liberais passaram a estudar na Metrópole,
o que gerou processos sociais contraditórios. Esse contato com a sociedade europeia, por
mais que fosse mediado pelos princípios jesuíticos, possibilitava o conhecimento de modos de
vida e formas de leitura do mundo dissonantes dos da sociedade brasileira daquele momento,
fortemente amparada por valores agrários e patriarcais coloniais.

Contudo, apenas essa parcela da população tinha acesso aos processos educacionais. Aranha
(2006) fala em silenciamento cultural por causa da exclusão de mulheres e pessoas negras,
que se dava não só pela impossibilidade de acesso à educação formal, mas também pela
rejeição o cial de suas manifestações culturais. Criava-se, portanto, um fosso social no qual a
parte elitizada da sociedade, além de acesso privilegiado, tinha sua produção cultural e
intelectual valorizada, e se negava o acesso aos demais, cujos modos de vida, saberes,
religiosidade e formas de entender e produzir o mundo eram desprezados.
Figura 2 – As Ruínas de São Miguel, no Rio Grande do Sul
Fonte: Wikimedia Commons

As Reformas Realizadas pelo Marquês de Pombal


Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, nasceu em Lisboa, em 1669. Foi
ministro do reino em Portugal e um dos principais responsáveis pela expulsão da Companhia
de Jesus tanto do Brasil quanto de Portugal.

Nesse processo de expulsão dos jesuítas de terras brasileiras houve con sco de bens de
padres, incluindo a destruição de manuscritos e livros, efetivando assim um desmantelamento
daquela tradição pedagógica.
Em 1772, realizou uma série de reformas, conhecidas como Reformas Pombalinas, que deram
início à segunda fase da educação no Brasil, período em que o Estado assumiu a
responsabilidade pela educação em Portugal e no Brasil.

Uma ação fundamental foi a implantação do ensino público o cial. Para desenvolver a nova
estrutura, a Coroa portuguesa estabeleceu um modelo educacional com nomeação e
pagamento de professores, substituição dos parâmetros pedagógicos jesuíticos por
parâmetros utilizados na Metrópole, novos planos de estudo e inspeção.

As novas perspectivas educacionais e culturais foram fortemente in uenciadas pelas ideias


iluministas que ressoavam naquele momento:

“Os estudos mais recentes, porém, descobriram na colônia um movimento mais

rico, embebido com as ideias iluministas. As ideias “afrancesadas” que já


circulavam em Portugal por meio das publicações dos intelectuais
“estrangeirados” também tiveram sua divulgação no Brasil. Não só pela atuação
dos formados pela Universidade de Coimbra, mas pela difusão entre nós de obras
iluministas, aquelas recomendadas por Pombal e também as que foram por ele
condenadas.”

- ARANHA, 2006, p. 321

A circulação das ideias iluministas era profícua naquele momento colonial, superando
inclusive os ambientes de letramento elitizados, por meio da divulgação de cópias dos escritos
de autores franceses, como Rousseau, pelas lojas maçônicas e pelas academias literárias.

Um importante marco desse processo foi a criação do Seminário de Olinda, em Pernambuco,


em 1798, pelo bispo Azeredo Coutinho. Nesse seminário, dedicado à formação de professores
e padres, dava-se ênfase aos estudos das ciências, das línguas vivas e da literatura moderna,
fundamentados por uma nova metodologia de ensino que se contrapunha a alguns
parâmetros anteriores, como a memorização e os castigos físicos.

Apesar de ter encontrado diversas resistências e di culdades, esse processo protagonizado


pelo Marquês de Pombal foi fundamental para a transformação da educação brasileira,
trazendo questões, métodos e abordagens que vieram a estruturar a educação moderna
brasileira.

A Vinda da Corte Portuguesa para o Brasil


Quando Napoleão invadiu Portugal, a Corte portuguesa veio para o Brasil, trazida pelo então rei
de Portugal, D. João VI (cujo nome completo era João Maria José Francisco Xavier de Paula
Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança), e instalou-se na cidade do Rio de Janeiro, que
passou a ser a sede do governo.

A chegada dos jesuítas e sua expulsão e, em seguida, o processo de desagregação e decadência


sofrido durante a vigência do sistema de educação imposto na colônia pelas reformas
pombalinas deixaram marcas na educação brasileira. Somente com a chegada de D. João VI, as
estruturas da política educacional foram modi cadas.

Com a vinda da família real, em 1808, o ensino superior passou por um processo de
organização, uma vez que se pretendia transformar o Brasil e torná-lo semelhante a Portugal.
Por esse motivo, D. João VI abriu os portos, criou a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a
Biblioteca Real, o Museu Nacional, a Escola de Artes, o que trouxe uma grande contribuição
para o desenvolvimento cultural.

Mais adiante, durante o Império, surgiria uma nova classe social, a pequena burguesia. Com o
grande crescimento urbano, as pessoas foram para as cidades, principalmente de Minas
Gerais, para trabalhar na exploração dos minérios e na plantação de cana-de-açúcar. A
urbanização exigia outra educação para formar pessoas capazes de atuar na política e na
administração do país.
A educação surgia, então, como um processo de instrumentalizar a classe social emergente.

Em 1808 foram criados o curso de Cirurgia, na Bahia, e os cursos de Cirurgia e Anatomia, de


Medicina, além da Academia Real Militar, no Rio de Janeiro.

O ensino, na Corte, foi estruturado em três níveis: primário (escola de ler e escrever),
secundário (aulas régias) e superior.

A Corte retornou a Portugal em 1821 e, um ano depois, em 1822, a Independência política do


Brasil foi instaurada por D. Pedro I.

Após a Constituição de 1824, a educação passou a contar com escolas primárias, ginásios e
universidades. Porém, não havia conformidade entre as propostas de ensino. Optou-se pela
adoção de um método que preconizava que os alunos deveriam ajudar uns aos outros, ou seja,
os mais adiantados ajudavam aqueles que apresentavam di culdades na aprendizagem; o
comando cava sempre nas mãos dos mais adiantados. Esse método, conhecido como
método lancasteriano, teve início na Índia com Andrew Bell e depois foi recriado na Inglaterra.

Em 1838, foi criado o Colégio Pedro II, destaque na época, o qual teve grande importância para
a educação. Foi criado para atender ao curso secundário, porém seu foco passou a ser a
preparação para o ensino superior. Com o tempo, o currículo do colégio sofreu várias
reformulações, de acordo com as concepções e os pensamentos em voga na Europa. O
currículo era trabalhado segundo um programa que ora priorizava o ensino literário, ora o
cientí co.

Em comparação com a educação europeia, havia uma inadequação do nível de ensino, pois a
qualidade cava muito aquém daquela almejada segundo os padrões europeus. Além de não
haver preocupação com a formação cientí ca, o ensino estava mais voltado aos jovens do que
às crianças.

Em 1850 consolidou-se o Império, iniciando uma nova fase da educação. Em 1854, criou-se a
Inspetoria-Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, com o objetivo de
supervisionar o ensino. Após oitenta anos da expulsão dos jesuítas, a iniciativa privada
organizou-se para criar colégios dentro dos modelos deixados por eles como herança. Um
exemplo é o Colégio Caraça, em Minas Gerais, administrado por padres.

Os protestantes também trouxeram sua contribuição, criando escolas conforme os padrões


educacionais americanos, como o Colégio Mackenzie, fundado em São Paulo, no ano de 1870,
e o Colégio Americano, em Porto Alegre, fundado em 1885.

A ideia de criar, no século XIX, colégios orientados pelos padrões religiosos ia em direção
oposta à de outros países. São perceptíveis, nessa tendência, os resquícios deixados pela
Igreja. Na época os colégios sem vínculos religiosos eram mais inovadores e progressistas.

Pouco se falava na formação dos mestres. Foram criados alguns cursos normais, com duração
de dois anos, em algumas cidades do Rio de Janeiro, como Niterói, da Bahia, do Ceará e de São
Paulo.

Até esse momento não se falava em educação feminina. Em geral, as mulheres, no período do
Império, podiam dedicar-se apenas às atividades domésticas. Poucas tinham acesso à leitura.
Os dados apontam a existência de 174 escolas femininas, somente em 1873, em São Paulo.

A Reforma Leôncio de Carvalho, em 1879, signi cou uma importante renovação para a
educação no período do Império, na medida em que propunha a liberdade no ensino.

Leôncio de Carvalho, ministro do Império e professor da Faculdade de Direito de São Paulo,


criou o Decreto de nº 7.247, que instituiu a liberdade no ensino. Essa reforma abrangia os
ensinos primário e secundário, no município da Corte, e também o ensino superior, em todo o
Brasil. Segundo esse decreto, qualquer pessoa que se sentisse preparada tinha liberdade para
formular o seu próprio método e ensinar.

A partir daí surgiram os exames vagos e rigorosos, com frequência livre, pois a lei entendia
que, no ensino superior, o aluno deveria ter liberdade de frequência e assumir as suas
ausências. A lei também estabeleceu a organização do ensino por matérias, ou seja, os alunos
poderiam escolher as disciplinas a serem cursadas na escola e as que eles cursariam fora do
ambiente escolar, condicionando-se o ensino aos exames (exemplo: vestibular).
Dentro do contexto apresentado percebe-se que não houve um grande desenvolvimento na
área da educação; houve, sim, uma sistematização de projetos educacionais que deixaram suas
consequências, até os dias de hoje.

O contexto educacional do Brasil foi apropriado aos interesses da elite, uma vez que era esta
que dominava a estrutura social; a educação seguia os moldes que atendiam aos interesses de
quem estava no poder. Foi um período de descaso para com a formação de professores, haja
vista a pouca importância dada à educação elementar.

Figura 3 – Embarque da família real portuguesa no cais de


Belém, em 29 de novembro de 1807
Fonte: Wikimedia Commons

Ensino de Arte
Embora tenha havido experiências que podem ser entendidas como práticas educacionais de
ensino da arte no Brasil, costuma-se atribui-lo à chegada da família real portuguesa com a
chamada Missão Francesa, que contava com muitos intelectuais e artistas, com destaque para
Joaquim Lebreton (1760-1819), Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), Auguste-Marie Taunay
(1768-1824), Charles Pradier (1786-1848) e Jean-Baptiste Debret (1768-1848).

A Missão Francesa é considerada por alguns autores como a primeira ação de sistematização
do ensino de arte no Brasil. Nesse contexto foram criados o Museu Nacional, a Biblioteca Real,
a Escola Real de Artes e o Observatório Astronômico. Esse processo de implementação
encontrou uma série de barreiras e algumas contradições fundamentais em seu interior. A
formação cultural, social e política dos missionários tinha a Revolução Francesa como base
assentada: a conduta, o pensamento e as práticas se norteavam pelas perspectivas burguesas.
Por outro lado, a Corte portuguesa e a realidade brasileira tinham como pilares de sustentação
os ideários coloniais escravocratas e aristocráticos.

Essas diferenças desencadearam inúmeros choques e contradições, gerando, por vezes,


situações peculiares e especí cas para a formação cultural e educacional brasileira. Nesse
sentido, por exemplo, no século XIX, se consolidou um ensino de arte elitizado:

“O ensino de arte no Reinado e no Império como da Educação Brasileira em

geral, tem como prioridade o grau superior, ou seja, a formação de uma elite que
defendesse a Colônia dos invasores e que movimentasse culturalmente a Corte,
sendo considerado como a base para o desenvolvimento do ensino primário e o
secundário.”

- BARBOSA, 2008, p. 16
Esse processo formativo elitista tinha como princípios práticos de ensino artístico a
observação de retratos, estampas, paisagens etc. e sua consequente reprodução. Formulava-
se, então, um conceito pedagógico artístico baseado na cópia do modelo, legando assim ao
aluno apenas a capacidade de repetição do já construído, restringindo-lhe, portanto, a
imaginação, a criatividade, e a possibilidade de investigação dos materiais e elementos da
linguagem.

Os processos de abolição da escravatura (1888) e da proclamação da República (1889)


aglutinaram várias mudanças signi cativas no interior da sociedade brasileira, entre as quais
o avanço do ideário liberal e positivista, que tinha a educação como área estratégica para a
difusão e o enraizamento de suas ideias e a consolidação de suas práticas sociais. Nesse
horizonte, Rui Barbosa, uma das mais importantes guras, foi responsável por reformas
educacionais que incluíam o ensino de desenho no currículo escolar.

Foi nesse período que ganhou força, sob in uência das ideias liberais, a ideia da educação
como preparação para a produção capitalista. Nesse sentido, a educação artística tinha como
um dos objetivos fundamentais a preparação de mão de obra especializada, por isso se
organizavam os conteúdos com base em princípios técnicos. A arte se caracterizava, portanto,
pela sua utilidade para a sociedade do trabalho, e seu ensino se pautava pela formação de
indivíduos aptos a serem futuros trabalhadores.

Figura 4 – Vista do Paço de São Cristóvão, por Jean-


Baptiste Debret
Fonte: Wikimedia Commons
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta


Unidade:

Vídeos

Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas

D-06 - Os Primeiros Tempos: A Educação pelos Jesuítas (1/2)


História da Educação no Brasil – Reformas Pombalinas

História da Educação no Brasil - Aula 4 - Reformas Pombalinas

Dom João no Brasil

Dom João no Brasil | Ep. 01: Nos tempos de Bonaparte


Leitura

Vida artística no período joanino (Viviane Gouvea)

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ACESSE
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ʪ Referências

ARANHA, M. L. A história da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São Paulo:


Moderna, 2006.

BARBOSA, A. M. Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2008.

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DALAROSA, A. A. Epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio UEPG


Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ponta Grossa, v. 16, n. 2, p. 343-350, dez.
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GUIRALDELLI JUNIOR, P. História da educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

RIBEIRO, M. L. S. História da educação brasileira: organização escolar. 18. ed. Campinas:


Autores Associados, 2003.

ROMANELLI, O. O. História da educação no Brasil. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

SAVIANI, D. Epistemologia e teorias da educação no Brasil. Pro-Posições, v. 18, n. 1 (52),


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WOJNAR, I. Bogdan Suchodolski. Recife: Fundação Joaquim Nabuco; Editora Massangana,
2010.

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