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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

Curso: Licenciatura em História


Professora: Dra. Solyane Silveira Lima
Disciplina: História da Educação no Brasil
Discente:_Samile de Souza Carvalho_ Período:_Noturno_

FICHAMENTO 1

VEIGA, Cynthia Greive. Circulação de conhecimento e práticas de educação no Brasil colonial


(séc. XVI a XVIII). In: ____. História da Educação. São Paulo: Editora Ática, 2007. Pg. 49 - 78.

Objeto de Pesquisa: "A educação no Brasil no contexto da colonização portuguesa" (p.49)


Objetivos: É possível presumir que o objetivo da autora, ao tecer a sua narrativa, é traçar um perfil
acerca da experiência educacional no Brasil, considerando sua trajetória histórica e os atores sociais
que foram responsáveis pela sua construção.
Metodologia: Metodologicamente, este texto foi produzido a partir da articulação entre a
bibliografia e vestígios escritos, culminando em uma pesquisa documental, segundo a autora: "[...]
Para este estudo são destacadas as ações educacionais de religiosos e leigos nos primeiros séculos
de estruturação da sociedade colonial" (VEIGA, p. 49, 2007). Neste sentido, a autora divide o texto
em cinco partes, a fim de dar conta da ação dos jesuítas e de outros grupos religiosos, inserindo na
última parte atividades de reflexão.
Fontes: Registros documentais e literários, testamentos, inventários e censo de 1583.
Principais conceitos utilizados pelo autor
Companhia de Jesus: “[...] foi criada por Inácio de Loyola e reconhecida pelo papa Paulo III em
1540, com foco no combate às heresias e uma ação marcadamente missionária. Sua regra era a total
obediência aos mandamentos cristãos, e em nome do serviço de Deus e da fé os jesuítas se
espalharam pelo mundo e entraram em contato direto com os seus sujeitos-alvo.” (p. 54)
A ação jesuítica: “A ação jesuítica distinguia-se por ser eminentemente prática, não contemplativa.
Inserir-se no mundo foi uma referência básica de suas ações. Embora com um objetivo bastante
explícito - o de viver em Cristo e ganhar o mundo para Cristo -, suas intenções se voltaram para a
necessidade de conhecer o outro para converter e não para a pregação.” (p. 56)
Colégios coloniais: “[...] constituíam a base administrativa das atividades dos religiosos e tiveram a
atribuição nuclear de concentrar diferentes ações: alfabetização dos indígenas, ensino de artes e
ofícios para indígenas e escravos, ensino da gramática latina para filhos de colonizadores e
pretendentes ao clero, cultivo de hortas e pomares e criação de animais, entre outras. Além de
bibliotecas, os colégios possuíam oficinas, enfermarias e boticas e prestavam assistência À
população em geral. As Igrejas e colégios fundados pelos jesuítas foram as primeiras referências de
sociabilidade da civilização cristã colonial.” (p. 60)
Ratio Studiorum: livro “[...] que previa os processos de ensino e aprendizagem e também a
organização dos estudos segundo a Companhia de Jesus - foi publicado em 1599.” (pg. 62-63)
Seminários: “[...] internatos destinados ao clero e à educação de órfãos e de filhos dos
colonizadores, que se multiplicaram no século XVIII” (p.65)
Seminário Episcopal de Nossa Senhora da Graça: “[...] fundado em Olinda em 1800, destacou-se
por ter sido um dos primeiros estabelecimentos de ensino brasileiros de cunho marcadamente
iluminista.” (p. 66)
Corporações leigas: “ As corporações leigas tiveram um papel importante na socialização da cultura
religiosa. Isso porque, ao garantir a formação religiosa e moral dos seus membros, cumpriram uma
função fundamental na organização e controle dos grupos da cristandade, apartados pelas diferenças
étnicas e de classe.” (p.68)
História da educação das mulheres: “A história da educação das mulheres no período colonial não
se restringe à noção corrente de que elas viviam reclusas e se preparavam para exercer tão somente
as funções de senhoras do lar. Como no caso dos homens, a educação das mulheres variava de
acordo com a sua condição étnico-social - que, por sua vez, condicionava o modo como eram
educadas e os locais onde essa educação ocorria (p. 71)
Principais conclusões do autor
“Assim, é controverso afirmar que o período colonial se caracterizou por uma educação brasileira.
O modelo era lusitano e expressava valores e conteúdos vigentes em Portugal, ainda que aplicados
no Brasil.”(p.51)
“Quanto ao segundo aspecto a destacar no período, a educação colonial não foi um mero reflexo da
expansão ultramarina. As características da educação colonial estiveram associadas às mudanças
religiosas da época, às discussões humanistas e científicas, às organizações políticas das monarquias
absolutistas, à expansão da burguesia mercantilista e à composição Igraja-Estado. Apesar da
característica universalista de sua doutrinação religiosa, a ação católica associou-se aos interesses
políticos e econômicos dos colonizadores portugueses.” (p.51)
"Entretanto, apesar de o processo de ocupação levado a cabo pelos colonizadores, inicialmente
foram os jesuítas os mais bem-sucedidos na empreitada de fixação territorial. Embora também
itinerantes, devido à sua prática missionária, os padres da Companhia de Jesus insistiam em
permanecer nos lugares - ao contrário dos colonizadores, que muitas vezes abandonavam fazendas e
atividades. (p. 56)
“A codificação gramatical do idioma tupi-guarani permitiu aos jesuítas recém-chegados dominar a
língua local. Isso representou, junto com a alfabetização e a educação estética proporcionada por
cantos, danças e representações dos autos religiosos uma parte fundamental do objetivo de educar
os indígenas para a civilização. Ao mesmo tempo, essas ações favoreceram a difusão da língua
brasílica na Colônia.” (p. 58)
“[...] embora trouxessem prestígio, as letras e a cultura ainda não se constituíam um meio necessário
para a ascensão social e o enriquecimento. Um sem-número de proprietários e homens abastados
gozavam de riqueza e prestígio sem sequer saber ler e escrever.” (p. 64)
“Como síntese pode-se afirmar que a presença e a atuação dos jesuítas solidificaram os elos entre a
expansão comercial da colonização e a Igreja. O reordenamento do espaço físico e cultural, a
submissão dos índios aos valores católicos e a propagação do humanismo cristãonos colégios
contribuíram significativamente para a consolidação do absolutismo e da economia mercantilista.”
(p. 64)
“Além do jesuítico, outros modelos educacionais, vinculados ou não ao clero, também marcaram
ordens religiosas, bispado, governo real, corporações, confrarias e sociedades literárias.” (p. 64)
“A socialização das mulheres, de forma genérica, circunscreveu-se ao convívio religioso, das
missas dominicais e das festas de santos, e não exigia mais que decorar algumas rezas e cânticos.”
(p. 75)
Comentário pessoal:
Com uma linguagem leve, a autora consegue retratar, ainda que sem esgotar, de forma
aprofundada, o contexto histórico que cerca a trajetória educacional do Brasil colônia. Neste
sentido, o texto carrega a responsabilidade de pontuar a diversidade étnica e cultural dos agentes
envolvidos nas primeiras experiências educacionais do período colonial, segundo o que remonta a
historiografia. Dito isto, a autora considera, em sua narrativa, a importância da ação dos grupos
religiosos para a educação brasileira, conferindo destaque para a ação dos jesuítas. Além dos
jesuítas, a autora também dialoga sobre a experiência do ensino promovido por pessoas leigas e por
grupos religiosos como as irmandades e os conventos na educação de órfãos, mulheres e alguns
escravizados.
Trazer luz à estas experiências educacionais foi, em um só tempo, o ponto forte e o ponto
fraco do texto, explico o por quê: enquanto historiadores e educadores entendo que a ação dos
jesuítas merecem ser estudadas com muita profundidade mas ao dedicar mais da metade da sua
escrita aos jesuítas, os “outros espaços e formas de educação e socialização” - como ela mesmo
intitula um dos capítulos do seu texto - se tornou um resumo carregado de informações que
poderiam ser melhor aprofundadas.
Palavras-chave: História da Educação; Brasil Colônia; Jesuítas; Educação de Mulheres.

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