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SANTUÁRIO:
PATRIMÔNIO OU RISCO?
por Raymond F. Cottrell
Raymond Forest Cottrell, D. Div. (1912–2003). Pastor, missionário, professor, escritor e teólogo de renome nos meios
adventistas, foi editor associado do Comentário Bíblico ADVENTISTA (SDABC) na década de 1950 e co-fundador do
Instituto de Pesquisa Bíblica (BRI) da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Ele é neto de Roswell Cottrell
seguidor de Guilherme Miller. Durante as longas décadas de seu privilegiado envolvimento com a liderança
administrativa e teológica da IASD em sua sede administrativa nos Estados Unidos, Cottrell acompanhou de perto
os bastidores das maiores controvérsias teológicas pelas quais a igreja passou no século 20. Neste artigo, aborda do
ponto de vista histórico e exegético a interpretação adventista de Daniel 8:14 que deu origem à doutrina do santuário
e a problemática que ainda a persegue hoje. O presente material foi apresentado pela primeira vez no segundo
simpósio da JIF (2–4/11/2001) e novamente na reunião anual da Associação de Fóruns Adventistas de San Diego, CA
(09/02/2002).
“Encontrei problemas com a interpretação tradicional de Daniel 8:14 pela primeira vez na primavera
de 1955 durante o processo de edição de comentários sobre o livro de Daniel para o volume 4 do
Comentário Bíblico ADVENTista (SDABC). Como uma obra destinada a atender aos mais exigentes
padrões acadêmicos, pretendíamos que nosso comentário refletisse o significado obviamente
pretendido pelos autores bíblicos. Como um comentário adventista, ele também deveria refletir, da
forma mais precisa possível, o que os adventistas acreditam e ensinam. Mas em Daniel 8 e 9
descobrimos que era irremediavelmente impossível
cumprir esses dois requisitos.” R. F. Cottrell
A
santuário e juízo investigativo, que deu origem ao examinando- a com base no princípio Sola Scriptura,
Adventismo do Sétimo Dia e explica sua existência
como uma entidade distinta dentro da cristandade, reconhecer princípios básicos de exegese, bem como
tem sido objeto de mais críticas e debates, tanto por explorar procedimentos para prevenir que a igreja repitas as
adventistas quanto por não-adventistas, do que todas as outras experiências traumáticas do passado.
facetas do seu sistema de crenças combinadas. Ela também Na medida do possível, este artigo evita a terminologia
tem sido a que mais tem custado a igreja adventista em termos hermenêutica técnica, incluindo a transliteração das palavras
de disciplina eclesiástica por questões doutrinárias, apostasia, hebraicas usadas por estudiosos. A transliteração usada
e desvio de tempo, atenção e recursos da missão. destina- se a permitir que pessoas não familiarizadas com o
Tem sido repetidamente demonstrado que um ministro hebraico bíblico se aproximem da vocalização original. [Salvo
ordenado pode acreditar que Cristo é um ser criado (e não indicação, as citações bíblicas são da Almeida Revista e
Deus no sentido pleno da palavra), ou que uma pessoa pode Atualizada, ARA].
ganhar a salvação observando fielmente os Dez
Mandamentos, ou que Gênesis 1 não é um relato literal da ORIGEM E HISTÓRIA DA DOUTRINA DO SANTUÁRIO
criação há meros seis mil anos––sem passar por disciplina
ou perder suas credenciais ministeriais. Mas também tem 1. Formação da Doutrina do Santuário
sido o caso que um ministro ordenado não pode questionar a
autenticidade da interpretação tradicional de Daniel Os pioneiros adventistas do Sétimo Dia herdaram sua
8:14––nem em pensamento––sem que suas credenciais identificação do ano de 1844 como o fim dos 2.300 “dias”
ministeriais sejam revogadas. Como observado abaixo, em preditos na versão King James (KJV) de Daniel 8:14 por
vários casos, nem meio século de serviço à igreja tem sido Guilherme Miller. Anteriormente um cético confesso, Miller
suficiente para atenuar as consequências. Por essa razão, é se converteu em 1816 e se tornou um pregador batista leigo.
apropriado rever a origem, Ele dedicou seus primeiros dois anos como cristão recém-
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converso ao estudo diligente da Bíblia, que eventualmente
culminou em Daniel 8:14 e à conclusão de que ele profetizou no Seu ministério sacerdotal no lugar santíssimo, começando
a segunda vinda de Cristo “por volta do ano de 1843”. ali o “juízo investigativo”.
De acordo com a Enciclopédia Adventista do Sétimo Por vários anos, o “pequeno rebanho” de pioneiros
Dia, Miller “declarou repetidamente que suas Adventistas do Sétimo Dia “espalhados pelo mundo”
interpretações proféticas não eram novas”, mas insistiu que acreditaram que a fase do juízo investigativo do ministério
chegou às suas conclusões exclusivamente através de seu de Cristo seria muito breve (não mais de cinco anos, no
próprio estudo da Bíblia e uma concordância. No volume 4 do máximo7) e que, após isso, Ele retornaria imediatamente. A
livro Prophetic Faith of Our Fathers, LeRoy Edwin Froom eventual adesão de novos membros ao “pequeno rebanho”
observa que Miller não foi de modo algum o “originador” da provou ser uma evidência convincente de que a porta da
idéia de que os 2.300 “dias” eram anos proféticos graça em realidade permaneceu aberta, e no início de 1850
terminando por volta de 1843, e que é “um simples fato eles abandonaram o aspecto de “porta fechada” do
histórico que a origem da interpretação dos 2.300 anos como santuário no celestial (como interpretaram Daniel 8:14).
terminando naquela época, e sua ampla circulação, é anterior e Essa é a interpretação adventista tradicional de Daniel
independente de William Miller.”¹ 8:14, o santuário, e o juízo investigativo, que foi depois
Através de que processo Miller e aquele formidável grupo comumente referida como “a doutrina do santuário”
de estudantes bíblicos e pioneiros adventistas chegaram a estabelecida na declaração das crenças adventista, mais
1843/44 como o fim dos 2.300 “dias” de Daniel 8:14? recentemente como a crença 24 das 27 Crenças Fundamentais
Baseando-se na tradução KJV da Bíblia (1611, a única versão adotadas na sessão de 1980 da Conferência Geral em Nova
inglesa então disponível), eles: (1) identificaram o “santuário” Orleans.
como a igreja na terra; (2) aceitaram a interpretação da KJV
de erev boqer (literalmente, “tarde e manhã”) como 2. Ellen G. White e a Doutrina do Santuário
“dias”; (3) adotaram o princípio “dia-ano” na profecia
bíblica e assim interpretaram os 2.300 “dias” como anos Sempre que perguntas são levantadas a respeito da
proféticos; (4) interpretaram as setenta “semanas” de Daniel interpretação tradicional de Daniel 8:14, dela, o argumento
9:24–27 como o primeiro segmento destes 2.300 anos; (5) decisivo em defesa dela têm sido declarações de Ellen White.
identificaram a cessação do sacrifício e oferta como a última Como a suposta “intérprete infalível” das Escrituras, seu
metade da septuagésima das setenta “semanas” (v. 27) como apoio sempre resolveu a questão. Por exemplo, em 1888,
referindo-se à crucifixão de Jesus;2 (6) começando com a data quarenta e quatro anos depois do grande desapontamento de
da crucifixão e retrocedendo, eles identificaram o decreto do 22 de outubro de 1844, ela escreveu: “A passagem que,
rei persa Artaxerxes Longimano em seu sétimo ano (Esdras 7) mais que todas as outras, havia sido tanto a base como a
como sendo o decreto profetizado em Daniel 9:25, assim coluna central da fé do advento, foi: “Até dois mil e
localizando o início dos 2.300 anos em 457 a.C.; (7) com 457 trezentos dias e o santuário será purificado.”8 Ela dedicou
a.C. como ponto de partida chegaram em “por volta do ano um capítulo inteiro de O Grande Conflito à defesa da
1843”; (8) adotaram a interpretação da KJV de nitsdaq doutrina do santuário. Dezoito anos mais tarde, em
(literalmente, “restaurar”) como “purificar”; e (9) 1906, ela escreveu: “A correta compreensão da
concluíram que a purificação do santuário de Daniel 8:14 ministração no santuário celestial é o fundamento de nossa
significava a purificação da igreja na terra (e a própria terra) fé.”10
por fogo na segunda vinda de Cristo. Para compreender estas duas declarações no seu contexto
Quando o Grande Desapontamento de 22 de outubro de histórico, é importante recordar que Ellen White, e muitos
1844 provou conclusivamente que a identificação de Miller outros haviam experimentado o grande desapontamento de 22
do “santuário” em Daniel 8:14 como sendo a igreja na terra de outubro de 1844. Suas declarações sobre isso são precisas
e a natureza de sua purificação a segunda vinda de Cristo3 do ponto de vista histórico. A experiência ainda era vívida em
estavam erradas, os adventistas pioneiros reidentificaram o sua própria mente e nas mentes de muitos outros. Em ambas
“santuário” do versículo 14 como sendo o santuário celestial as declarações, Ellen White está simplesmente declarando um
do livro de Hebreus,4 e sua purificação como o equivalente fato histórico; ela não está interpretando a Bíblia. Em 1895 ela
celestial da purificação do santuário terrestre no Dia da escreveu: “Em relação à infalibilidade, nunca a reivindiquei;
Expiação.5 só Deus é infalível.”11 “A Bíblia é a única regra da fé e
Mantendo, porém, a suposta validade de 22 de outubro doutrina... Só a Bíblia ... é o fundamento de nossa fé. Só a
de 1844 como o cumprimento de Daniel 8:14 e que isso Bíblia deve
implicava o rápido retorno de Senhor, os pioneiros adventistas ser o nosso guia. As Escrituras Sagradas devem ser aceitas
concluíram que a porta da graça realmente havia se fechado como uma revelação autoritária e infalível da vontade [de
naquele dia fatídico, e que apenas aqueles que naquela época Deus]. ...
esperaram seu retorno eram dignos da vida eterna. Eles se Devemos receber a palavra de Deus como autoridade
referiam a isso como “a porta fechada” como na parábola das suprema”.12 Numerosas outras declarações poderiam
Dez Virgens.6 Eles logo associaram a teoria da “porta ser citadas.13 É importante lembrar que ela nunca se
fechada” à idéia de que o santuário de Daniel 8:14 era o considerou uma exegeta da Bíblia. Em numerosas ocasiões,
santuário no céu, do livro de Hebreus, que a “porta fechada” quando lhe pediram uma interpretação autoritária e
era a “porta” entre o lugar santo e o santíssimo, que em 22 de infalível de uma passagem bíblica, ela se recusou, e disse-
outubro Cristo havia concluído Seu ministério no lugar santo lhes que fossem eles mesmos à Bíblia para obter uma
e entrado resposta.
Também é vital lembrar que nas cerca de 47.00014
citações das Escrituras por parte de Ellen White ela faz uso da
Bíblia de
duas maneiras distintas: (1) cita a Bíblia ao narrar a história Bíblia é sua série de comentários sobre Gálatas 3:24: “De
bíblica em seu próprio contexto; e (2) aplica os princípios maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
bíblicos em seu conselho à igreja de hoje––fora de seu Cristo…” (1) Em 1856 ela identificou essa lei como o antigo
contexto original. Uma ilustração clara deste duplo uso da sistema de lei cerimonial, e não os Dez Mandamentos. 15 (2) Em
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1883 ela novamente identificou essa “lei” como “as interpretação tradicional de Daniel 8:14 perdeu suas
cerimônias obsoletas do judaísmo”.16 (3) Em 1896 ela credenciais ministeriais, foi desligado da obra forçosamente
escreveu: “Nesta Escritura, o Espírito Santo através do ou simplesmente deixou a igreja. Com uma ou duas possíveis
apóstolo está falando especialmente da lei moral”.17 (4) Em exceções, nenhum deles havia questionado abertamente a
1900 ela escreveu: “Me perguntam sobre a lei em autenticidade bíblica da doutrina do santuário, mas foram
Gálatas. ... Eu respondo: ambos o código cerimonial e o demitidos simplesmente por sequer cogitar suas dúvidas
código moral dos Dez Mandamentos”.18 (5) Em 1911 ela compartilhá-las com outros líderes da igreja! Ora, não se
novamente identificou a lei em Gálatas como exclusivamente tratam de novatos mas sim administradores experientes ou
“as cerimônias obsoletas do Judaísmo”. professores de teologia; pelo menos três deles serviram à
Nessas reversões (lei cerimonial exclusivamente, os Dez igreja fielmente por mais de meio século cada um.
Mandamentos exclusivamente, ambos a lei cerimonial e os O primeiro líder a questionar a doutrina do santuário foi
Dez Mandamentos, lei cerimonial exclusivamente) ela estava
se contradizendo ou mudou de idéia repetidamente? Nem uma Dudley M. Canright em 1887. É certo que ele poderia ter sido
nem outra! Uma leitura cuidadosa de cada afirmação no seu mais diplomático e paciente, mas por mais de vinte anos ele
próprio contexto torna evidente que: (1) quando ela identifica serviu à igreja como ministro, evangelista, administrador e
a lei em Gálatas como a lei cerimonial ela está comentando membro do Comitê Executivo da Conferência Geral, e ganhou
sobre Gálatas no seu próprio contexto histórico; e (2) quando o direito a uma audiência para expôr seus pontos de vista. Mas
ela aplica o princípio envolvido ao nosso tempo ela o faz fora os irmãos ou não lhe deram ouvido simplesmente não
do seu contexto bíblico. O princípio envolvido nos dias de entenderam seu questionamento––talvez ambos. Ele deixou a
Paulo e nos nossos é idêntico: os Gálatas não podiam ser igreja voluntariamente e tornou-se seu tão feroz oponente
salvos por uma observância rigorosa das leis cerimoniais; nem como havia sido seu defensor.
nós podemos ser salvos por uma observância rigorosa dos Dez Canright publicou o livro Seventh-day Adventism
Mandamentos! As duas definições contraditórias da lei em Renounced (O Adventismo do Sétimo Dia Renunciado) para
Gálatas são válidas e precisas! Um exame das milhares de alertar as pessoas sobre os erros do adventismo (o livro foi
citações ou alusões bíblicas de Ellen White, torna evidente traduzido em dezenas de línguas e ainda é usado para alertar
que suas declarações históricas a respeito de Daniel 8:14 são as pessoas contra o adventismo). Um adventista honesto e
historicamente precisas com respeito à experiência de 1844 e sofisticado ao ler o livro hoje teria que admitir que grande
não pretendem negar o significado da passagem em seu parte de seu ataque contra a doutrina do santuário teve—e
momento primário. ainda tem— fundamento.20
Podemos pensar na explicação do santuário celestial do Como Canright, Albion F. Ballenger serviu fielmente a
grande desapontamento como um dispositivo de proteção, igreja por muitos anos, e em 1905 tornou-se diretor da
uma muleta espiritual que permitiu ao “pequeno rebanho” de Missão Irlandesa. Orador e escritor capaz e um estudante
pioneiros adventistas “espalhados pelo mundo” sobreviver ao diligente das Escrituras, assim como Canright, Ballenger
grande desapontamento de 22 de outubro de 1844 e não nunca havia mencionado em público seus pontos de vista
perder a fé na iminente volta de Jesus. Essa explicação foi a sobre o santuário. Um comitê de vinte e cinco membros da
melhor que puderam dar, dado o método texto-prova em que, Conferência Geral foi escolhido para ouvi-lo relatar seus
por necessidade, se baseavam. Com o método histórico que pontos de vista contrário sobre o ministério de Cristo no
hoje temos à nossa disposição, já não precisamos dessa santuário celestial. Ele reconheceu a possibilidade de que
muleta “texto-prova” e faríamos bem em colocá-la na poderia estar errado, e implorou para que alguém indicasse
prateleira. É contraproducente em nosso testemunho do na Bíblia em que ponto estava errado, mas ninguém o fez.
evangelho eterno de hoje, tanto para adventistas biblicamente A igreja retirou suas credenciais ministeriais e o desligou
letrados quanto a não-adventistas. simplesmente pelo que ele acreditava, não por qualquer
coisa que ele tivesse dito ou feito. Vinte e cinco anos mais
3. Seis Líderes da Igreja que Questionaram a Doutrina do tarde, W. W. Prescott (membro das comissões ad hoc da
Conferência Geral nomeado para se reunir com os
Santuário dissidentes) comentou numa carta a W. A. Spicer, então
Por cerca de quarenta anos a doutrina do santuário não presidente da Conferência Geral: “Esperei todos estes anos
levantou suspeitas ou protestos explícitos. Mas, em média, a para que alguém desse uma resposta adequada a Ballenger,
aproximadamente cada quinze ou vinte anos desde 1887, Fletcher e outros em suas posições sobre o santuário, mas
algum administrador de igreja ou professor respeitado que essa resposta nunca veio”. Ballenger explicou suas opiniões no
ousou chamar a atenção de outros líderes para falhas na livro Cast Out for the Cross of Christ. “Ninguém”—
lamentou—que não a tenha experimentado pode perceber a
angústia da alma que assola aquele que, no estudo da
Palavra, encontra uma verdade que não se harmoniza com
aquilo em que acreditou e ensinou ser vital para a salvação”.21
Após vinte anos como ministro ordenado, missionário e
professor de teologia na universidade adventista de Avondale
na Austrália, em 1930, William W. Fletcher decidiu renunciar ao
ministério e cortar sua relação com a igreja, sob pressão
administrativa, apenas por causa das suas opiniões a respeito Central. Era estudante ávido da Bíblia e da história, bem
de erros na interpretação tradicional de Daniel 8:14. Dois anos como um administrador capaz, e prolífico escritor. Era muito
depois, publicou Reasons for My Faith (Razões da Minha respeitado pelos seus colegas administradores. Por mais de
Fé), expondo suas opiniões sobre o santuário e o ministério trinta anos cresceram na sua mente questões a respeito da
sacerdotal de Cristo no céu. Uma leitura objetiva da Bíblia e interpretação tradicional de Daniel 8:14, que ele
do seu livro leva à conclusão de que o entendimento de compartilhou pela primeira vez com alguns líderes da igreja
Fletcher sobre a doutrina era superior ao de seus críticos.22 em 1928 em uma audiência formal perante um comitê ad
Louis R. Conradi serviu fielmente a Igreja durante hoc de trinta e três membros nomeados pela Conferência
cinquenta e dois anos, a maior parte do tempo como vice- Geral e que finalmente levou à perda de suas credenciais e
presidente da Conferência Geral para a Divisão da Europa sua separação voluntária da igreja em 1931. Depois disso,
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uniu-se aos Batistas do Sétimo Dia, que lhe reinstituíram as era encorajar a experiência de justificação pela fé, como
credenciais, deram-lhe permissão para pregar as crenças apresentada nos livros de Romanos e Hebreus, em relação à
adventistas e fizeram dele o seu representante oficial na perfeição de Jesus Cristo. Os líderes da igreja na Divisão, no
Europa. Até a sua morte, ele expressou confiança na entanto, acusaram-no de estar em conflito com o conceito de
integridade fundamental do Adventismo, apesar dos erros um juízo investigativo como a purificação do santuário de
na doutrina do santuário.23 Daniel 8:14 e Hebreus 9. Se, como Paulo escreveu em
William W. Prescott foi um homem versátil que, durante Romanos 8:1, “agora não há nenhuma condenação para os
uma vida de mais de meio século em serviço à igreja (1885– que estão em Cristo Jesus”, “Como um registro desses
1937) se distinguiu como escritor, editor, educador, pecados pode ser preservado e revisado durante o curso de um
administrador e téologo. Como Conradi, seu estudo da juízo investigativo?” perguntou Greive. Ele também mostrou
Bíblia levou a um reconhecimento de graves falhas na que, de acordo com Hebreus 7:27 e 9:6–12, Cristo
doutrina do santuário, às quais, no entanto, nunca a completou Seu ministério equivalente ao lugar santo na cruz e
expressou publicamente. Ele manteve plena confiança na entrou no Seu ministério equivalente ao lugar santíssimo
credibilidade básica da mensagem do Adventismo. Seu quando subiu ao céu, e não dezoito séculos depois. Em seu
único “erro” foi em 1934, quando compartilhou seus julgamento, Greive concordou em ir até onde sua
pontos de vista com alguns dos “irmãos” da Conferência “consciência iluminada” permitiria, a fim de estar em
Geral os quais se voltaram contra ele. Ao contrário de harmonia com seus irmãos, mas para eles isso não foi
Conradi, porém, ele permaneceu na igreja, nunca perdeu suficiente. Em 1956, suas credenciais foram removidas e ele
suas credenciais ministeriais, mas retornou a Washington, saiu da igreja.24
D.C., onde se relacionou com seus críticos e participou Pense no tempo, atenção e custo perdidos em disciplinar
ativamente de várias atividades da Conferência Geral. esses seis administradores e estudiosos da Bíblia, listados
Depois de muitos anos de serviço à igreja, Harold E. acima, e que nos distraíram da missão! Pense também na
Snide era professor de Bíblia no Southern Junior College angústia e sofrimento que estes seis experimentaram. Pense,
(agora Southern Adventist University). Adventista de terceira também, no dano que alguns deles causaram à igreja!
geração e estudante diligente das profecias, encontrou
problemas com a interpretação tradicional de Daniel,
especialmente em relação ao ministério de Cristo, 4. Outras Vítimas da Doutrina do Santuário
conforme estabelecido no livro de Hebreus. Ele foi até os Como um avião entrando inesperadamente em uma
líderes em Washington com os problemas que o região de turbulência, em 1945 o Dr. Desmond Ford começou a
incomodavam, mas não encontrou ajuda. O conflito entre a encontrar problemas exegéticos na interpretação adventista
interpretação tradicional de Daniel 8:14 e a Bíblia provou tradicional de Daniel 8:14, do santuário e do juízo
ser uma experiência traumática que eventualmente, por investigativo. Ele se propôs a colocar todas as peças díspares
volta de 1945, levou-o abandonar o adventismo. Sua juntas em um padrão coerente que resolveria os problemas,
esposa, no entanto, permaneceu adventista, e foi morar com que seria fiel a princípios confiáveis da exegese, e que
seus pais em Takoma Park, MD, onde a conheci. permitissem que ele continuasse adventista tendo total
A experiência de R. A. Greive foi única, pois, como confiança na integridade da igreja ao evangelho. Nos dez ou
presidente da Conferência de Queensland na Austrália, nunca quinze anos seguintes, Ford descobriu que alguns de seus
havia questionado a doutrina do santuário. Sua preocupação contemporâneos e outros antes dele haviam lutado com os
mesmos problemas. Em seu documento definitivo de 991
páginas, Daniel 8:14, the Day of Atonement, and the
Investigative Judgment (Daniel 8:14, o Dia da Expiação e o
Juízo Investigativo) preparado para as reuniões de Glacier
View em 1980, ele nomeia doze líderes adventistas com quem
havia discutido os problemas, pessoalmente ou por
correspondência. Ford dedicou seu mestrado e uma de suas
teses de doutorado ao assunto. Seus comentários publicados
sobre os livros de Daniel e o Apocalipse totalizam mais de
duas mil páginas. Ele provavelmente dedicou mais estudos
acadêmicos ao assunto e escreveu mais sobre ele do que
qualquer outra pessoa na história.
Durante seu longo mandato como diretor do
departamento de teologia no Avondale College na Austrália,
ele treinou cerca de metade dos ministros na Austrália. Na
sala de aula e por exemplo pessoal, inspirou milhares de
jovens para Cristo. Ele foi sempre procurado como orador, e
milhares passaram a ter uma compreensão e apreciação mais
claras do evangelho como resultado do seu testemunho. Seu
tema sempre foi—e ainda é—a salvação pela fé em Jesus
Cristo.
Ford nunca discutiu em público os aspectos controversos presentes detectaram o que consideraram ser heresia e relataram
da doutrina do santuário—isto é, até 27 de outubro de 1979, sua própria versão da palestra ao presidente da comissão do
quando, como professor de intercâmbio no Pacific Union colégio.
College (PUC), membros da faculdade o convidaram a Em vista do fato de que Ford ainda era um funcionário da
discutir suas opiniões sobre a questão do santuário em um do Avondale na Austrália e deveria retornar no final do ano
fórum uma tarde de sábado. Trinta e quatro anos de silêncio letivo de 1979–1980, o presidente logicamente encaminhou o
sobre o assunto certamente refletem louvável discrição assunto para a Conferência Geral. Em agosto de 1980, 115
pastoral e acadêmica. A apresentação no PUC “foi administradores líderes e teólogos de todo o mundo (a um custo
positiva sobre o papel providencial dos Adventistas e de estimado de um quarto de milhão de dólares) foram convocados
Ellen White”. No entanto, três ministros aposentados para um rancho localizado em Glacier View, Colorado, para
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servir como o Comitê de Revisão do Santuário. 25 Eles foram repetirão indefinidamente, até que a igreja enfrente os fatos
especificamente instruídos a não avaliar as crenças de Ford objetivamente, e lide com eles de forma realista e
com respeito a Daniel 8:14, o santuário e o juízo investigativo responsável, em harmonia com o princípio Sola Scriptura.
pela própria Bíblia, mas conforme estabelecido na declaração Diz-se que mais de 150 ministros ordenados,
das 27 Crenças Fundamentais, as quais a igreja já havia principalmente na Austrália, perderam suas credenciais
determinado como normativas. Várias semanas depois, a ministeriais após o caso Ford. Centenas de pessoas leigas,
Divisão Australasiana retirou as suas credenciais ministeriais. principalmente nos Estados Unidos, deixaram a igreja e
Os procedimentos em Glacier View consistiram numa formaram efervescentes “fraternidades” como resultado.
reafirmação da interpretação adventista tradicional de Daniel
Dale Ratzlaff foi pastor da igreja de Watsonville na
8:14. Mas Ford não teve oportunidade de apresentar as razões
Associação da Califórnia Central e professor de Bíblia na
para a sua interpretação “apotelesmática” da mesma, que
Monterey Bay Academy quando, em 1981, foi abruptamente
previa que a interpretação adventista tradicional é apenas um
demitido pela Associação por expressar uma convicção
dos vários cumprimentos da profecia, e não seu cumprimento
compartilhada pela maioria dos cerca de quarenta teólogos
primário. Novamente—como sempre—a igreja negligenciou
presentes em Glacier View, que a administração havia julgado
examinar as razões para a dissidência da interpretação
mal e maltratado Desmond Ford no ano anterior. Os anciãos
tradicional de Daniel 8:14 e meramente reafirmou-a em tons
da igreja de Watsonville convidaram o Dr. Fred Veltman do
estentóricos. De fato, a “declaração de consenso” votada no
Pacific Union College e a mim para nos encontrarmos com a
final daquela semana em Glacier View concordou tacitamente
igreja no sábado seguinte, no qual nos esforçamos para
com Ford em seis dos dez principais pontos sobre exegese.
apaziguar os ânimos.
Mais tarde, cerca de quarenta eruditos bíblicos assinaram um
documento conhecido como a Afirmação de Atlanta, Ratzlaff deixou a igreja adventista e vagou (tanto
criticando perante Neal Wilson a forma como a igreja havia geográfica quanto ideologicamente) por alguns anos, após o
tratado Ford em Glacier View. que embarcou no que ele chama de Ministério Certeza da
Em sua “aposentadoria” involuntária Ford continuou Vida, primeiro em Sedona e agora em Glendale, Arizona, com
a proclamar o evangelho, em um ministério que ele chamou o objetivo de alertar adventistas e outros contra a igreja.
de Good News Unlimited (Boas Novas Ilimitadas). Ao Primeiro veio uma polêmica de 350 páginas contra o Sábado,
e em 2001 o livro Cultic Doctrine of Seventh-day
contrário de Canright, Ballenger e outros antes dele que
haviam partido para vinganças contra a igreja, Ford Adventists (A Doutrina Sectária dos Adventistas do Sétimo
permaneceu Adventista do Sétimo Dia e manteve sua carta na Dia) que ele descreve como “um apelo à liderança da IASD”.
igreja até recentemente (2001).26 Seu alvo neste segundo livro é a tradicional interpretação
Ford, agora aposentado em sua terra natal, Queensland, adventista de Daniel 8:14, a doutrina do santuário e o juízo
Austrália, é o único sobrevivente de numerosos encontros investigativo. Em 1999 ele começou a publicar a
traumáticos com a interpretação tradicional de Daniel 8:14. “Proclamation”, uma revista bimestral dedicada a alertar
Poderíamos desejar que tais encontros com a doutrina do adventistas e outros contra o Adventismo. Aqui no oeste dos
santuário fossem coisas do passado. Mas uma nova geração EUA, a cruzada de Dale está tendo pelo menos uma medida
de vítimas está repetindo suas experiências traumáticas. Se o de sucesso. Ele também é editor do livro de Dr. Jerry
passado é algum indicativo para o futuro, tais experiências se Gladson: A Theologian’s Journey From Seventh-day
Adventism to Mainstream Christianity (A Trajetória de um
Teólogo: Do Adventismo ao Cristianismo, 2001).27
O Dr. Jerry Gladson teve a infelicidade de servir como
professor do Southern Adventist College. Se ele estivesse
ensinando em qualquer uma das outras oito universidades
adventistas na América do Norte, ele provavelmente ainda
seria um ministro e professor adventista. O colégio
Southern opera como uma agência do obscurantismo do
“cinturão bíblico” do sul americano. Além disso, a escola
ainda é em grande medida, dependente da generosidade de
ultra- fundamentalistas que insistem que a faculdade seja
administrada sob princípios ultra-fundamentalistas.
Novamente o alvo era a doutrina tradicional do santuário e
a acusação era simplemente o que Gladson pensava sobre o
assunto, não pelo que tivesse ensinado em suas aulas.
O então diretor do Seminário Teológico da Andrews, o
Dr. Gerhard F. Hasel, ex-aluno e professor do Southern e a
impiedosa personificação do obscurantismo adventista,
desempenhou papel ativo no linchamento público do Dr.
Gladson, papel esse no qual Hasel já se tinha distinguido
no Seminário. O diretor do departamento de religião do
colégio, responsável pelo derradeiro golpe de
misericórdia, tinha a
mente tão fechada e era tão impiedoso quanto Torquemada, ministeriais foram retiradas. Ele permaneceu como ministro
papel no qual ele já havia se distinguido como diretor do ordenado até que elas expirassem e não fossem renovadas. Em
Instituto de Pesquisas Bíblicas da Conferência Geral. Que vez disso, foi criado um clima de caça-às-bruxas no qual sua
chances tinha o Dr. Gladson de uma avaliação e saída provou ser o menor dos dois males. Não houve audiência
julgamento justos das acusações contra ele? Finalmente, o formal. Ninguém tentou entender suas razões para pensar como
presidente do conselho da faculdade distinguiu-se como ele pensava, ou sequer se importou. Os fariseus estavam no
feroz obscurantista, o instrumento escolhido da extrema- controle, e assim foi. Uma situação anômala de fato!27
direita adventista. Janet Brown tornou-se Adventista do Sétimo Dia em 1985.
Jerry Gladson não foi demitido nem suas credenciais Como leiga, ela era uma ávida estudante da Bíblia e, como tal,
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“começou a perceber mais e mais problemas e inconsistências Quando, em meados da década de 1950, Walter Martin e
entre os ensinamentos da IASD e a Bíblia”. Por um tempo ela
Donald Grey Barnhouse exploraram os ensinamentos adventistas
ignorou essas “rachaduras na armadura do Adventismo”, mas
quando “as evidências realmente começaram a se acumular” em profundidade com pessoas nomeadas pela Conferência
ela sentiu que não podia mais “permanecer honesta” consigo Geral, concluíram que, com duas exceções, estamos em
mesma e continuar como adventista. Para ela, o juízo harmonia com o evangelho: (1) a nossa doutrina do santuário,
investigativo se assemelha ao purgatório católico, na medida e (2) o papel que atribuímos a Ellen White como intérprete
em que mantém as pessoas em suspense quanto à sua posição infalível das Escrituras––em contradição com as suas próprias
diante de Deus e “não faz sentido biblicamente”. Em 1995, declarações explícitas em contrário. A primeira, concluíram
ela deixou a Igreja Adventista e opera um site dedicado a eles, viola o princípio Sola Scriptura da Reforma.32 Sobre
opor-se a ela.28 isso, Barnhouse escreveu:
Don W. Silver de Ashland, Kentucky, é outra pessoa leiga
que deixou o Adventismo recentemente, principalmente por A doutrina [do santuário] é, para mim, o fenômeno psicológico de
autopreservação mais colossal da história religiosa. [...]
causa da doutrina do santuário, à qual se opõe Pessoalmente, não acreditamos que haja sequer a suspeita de um
veementemente. Evidentemente bem educado, ele fala com versículo nas Escrituras que sustente uma posição tão peculiar, e
fervor e lógica impecável. Sua esposa, assim como ele, ensina também acreditamos que qualquer esforço para estabelecê-la é
na Universidade Marshall e continua sendo fiel adventista e obsoleto, raso e inútil. [É] sem importância e beira à
líder na igreja adventista local (suas filhas o seguiram no ingenuidade.33
agnosticismo).29
Outros exemplos contemporâneas de oposição à doutrina Essa é precisamente a reação de estudiosos bíblicos não-
do santuário e subsequente apostasia poderiam ser citados. adventistas à doutrina adventista do santuário.34
Conheço pessoalmente outros empregados da igreja que
foram demitidos pela mesma razão, leigos que deixaram a 6. Meu Encontro Pessoal com a Doutrina do Santuário
igreja e famílias que foram separadas como resultado. O Eu encontrei problemas com a interpretação tradicional
problema do santuário ainda está conosco e continua a de Daniel 8:14, profissionalmente, pela primeira vez, na
impactar a vida dos Adventistas do Sétimo Dia sinceros. primavera de 1955 durante o processo de edição
do comentário de Daniel para o volume 4 do Comentário
5. Reação Não-Adventista à Doutrina do Santuário Bíblico ADVENTista (SDABC). Como uma obra destinada a
Foi a doutrina do santuário baseada em Daniel 8:14 que atender aos mais exigentes padrões acadêmicos,
nos fez Adventistas do Sétimo Dia e que permanece, hoje, a pretendíamos que nosso comentário refletisse o significado
pedra fundamental de nosso distinto sistema de crenças e obviamente pretendido pelos escritores da Bíblia. Como um
missão. Ellen White escreveu: “A Escritura que, acima de comentário adventista, ele também deveria refletir, da forma
todas as outras, foi o fundamento e pilar central de nossa fé mais precisa possível, o que os adventistas acreditam e
foi a declaração: ‘Até dois mil e trezentos dias; então o ensinam. Mas em Daniel 8 e 9 descobrimos que era
santuário será purificado’”30 e: “A correta compreensão do irremediavelmente impossível cumprir esses dois requisitos.35
ministério no santuário celestial é o fundamento de nossa Em 1958, a Review and Herald Publishing Association
fé”. “Nenhum traço deve ser removido daquilo que o Senhor precisou de novas placas de impressão para o clássico Bible
estabeleceu. O inimigo trará falsas teorias, tais como a Readings, e decidiu-se revisá-lo a fim de concordar com o
doutrina de que não há santuário. Este é um dos pontos sobre Comentário. Voltando novamente ao livro de Daniel, decidi
os quais haverá um afastamento da fé”.31 tentar mais uma vez encontrar uma maneira de ser
absolutamente fiel a Daniel e à interpretação adventista
tradicional de 8:14, mas novamente achei impossível.
Formulei então seis perguntas sobre o texto hebraico da
passagem e seu contexto e as submeti a cada professor de
hebraico e a cada diretor do departamento de religião de todas
as nossas faculdades norte-americanas––todos amigos pessoais
meus. Sem exceção, eles responderam que não há base
linguística ou contextual para a interpretação adventista
tradicional de Daniel 8:14.36
Quando os resultados desse questionário foram levados
à atenção do presidente da Conferência Geral, foi nomeado
um comitê super-secreto chamado Problemas do Livro de
Daniel, do qual eu era membro. Nos reunimos
intermitentemente durante cinco anos (1961–1966), e
consideramos 48 trabalhos relativos a Daniel 8 e 9 e, na
primavera de 1966, adiamos as reuniões sine die
(indefinidamente), incapazes de chegar a um consenso.37
A experiência que eu tive com Daniel e o Comentário exaustivos38 de mais de 150 palavras hebraicas relevantes que
Bíblico Adventista mencionada acima me levou a um estudo Daniel usa, através do Antigo Testamento, estudei a gramática e
abrangente, sem pressa (nas horas vagas) e aprofundado de sintaxe hebraica em detalhes, fiz uma análise minuciosa de
Daniel 7 a 12, que continuou sem interrupção por dezessete dados contextuais,39 comparei traduções antigas do grego e do
anos (1955–1972), em busca de uma solução conclusiva para latim de Daniel,40 investiguei livros apócrifos e passagens
o problema do santuário. Meu objetivo era estar totalmente relevantes do Novo Testamento,41 traçei a interpretação judaica
preparado com informações bíblicas, objetivas e definitivas na e cristã de Daniel dos tempos antigos aos tempos modernos, 42 e
próxima vez que a questão surgisse durante o curso do meu fiz um estudo exaustivo da formação, desenvolvimento e
ministério. Entre outras coisas memorizei, em hebraico, todas experiência adventista subsequente com a doutrina tradicional
as partes relevantes de Daniel 8 a 12 para lembrar e comparar do santuário.43 Eventualmente, incorporei os resultados desta
instantaneamente (60 versículos), conduzi estudos linguísticos investigação em um manuscrito de 1.100 páginas, que mais
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tarde reduzi a 725 páginas, mas decidi não publicar até um
próprio céu”— para aparecer na presença de Deus em nosso
momento apropriado.
favor.50 Ele nos convida a vir ousadamente a Ele, pela fé,
para encontrar misericórdia e graça em nosso
As considerações acima demonstram conclusivamente que
momento de necessidade.51 Ele aparecerá em breve, uma
nossa interpretação tradicional de Daniel 8:14, o santuário e o segunda vez, “aos que aguardam para salvação”52.
juízo investigativo, conforme estabelecido na crença 24 das
Crenças Fundamentais, não reflete com precisão o ensinamento EXAMINANDO A DOUTRINA PELO PRINCÍPIO SOLA
das Escrituras com respeito ao ministério de Cristo em nosso SCRIPTURA
favor desde Seu retorno ao céu.44
7. “Manejando Bem a Palavra da Verdade”53
Assim sendo, é apropriado: (1) notar onde a crença 24 é As idéias quase infinitamente diversas e muitas vezes
defeituosa;45 (2) revisar a crença de modo a refletir o ensino contraditórias atribuídas à Bíblia sugerem a importância de
bíblico sobre este aspecto de Seu ministério com precisão; e identificar princípios com base nos quais possamos ter
(3) sugerir um processo destinado a proteger a igreja de confiança na validade das nossas conclusões sobre a vida e
experiências traumáticas no futuro.46 a realidade que o divino Autor e os escritores inspirados
Alguns dos conceitos associados ao juízo investigativo quiseram transmitir com as suas palavras.
são, de fato, bíblicos, mas a Bíblia em nenhum lugar os Lemos e estudamos a Bíblia com o objetivo de
associa a um juízo investigativo; não há qualquer base para aprender quem somos, como e porque viemos parar aqui,
ele de acordo com o princípio Sola Scriptura.47 como devemos nos relacionar com a vida e aproveitar ao
Ao ascender ao céu, Jesus assegurou aos Seus discípulos: máximo suas oportunidades, para onde vamos e como
“E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação melhor chegar lá. Isto constitui o que podemos chamar de
dos séculos” (Mat 28:20). O livro aos Hebreus é nossa nossa “visão de mundo”, nosso conceito do que é a vida no
principal fonte de informação sobre Seu ministério no céu planeta terra.
desde aquele tempo. Eu sugiro que o seguinte resumo de Seu Nossa busca por essa informação é como uma viagem
ministério como apresentado em Hebreus forneça uma base cujo caminho não conhecemos. Ao planejar tal jornada,
apropriada para um artigo 23 revisado das Crenças devemos primeiro saber onde estamos, onde queremos estar
Fundamentais, caso tal declaração eventualmente seja no final da jornada, e a melhor maneira de chegar lá. Nosso
desejada. O autor de Hebreus compara o ministério de Cristo planejamento deve levar em consideração os fatos da
no céu em nosso favor com o papel do sumo sacerdote no geografia e das viagens como elas realmente são e não como
antigo ritual do santuário: gostaríamos ou imaginamos que sejam. Em outras palavras,
temos de ser objetivos quanto à realidade, aos fatos
Na cruz, Jesus ofereceu-se como um Único sacrifício que geográficos da viagem tal como realmente são. Ser subjetivos
expiou pelos pecados daqueles que se aproximam de Deus em nosso planejamento pode eventualmente mostra-se
por meio Dele.48 Aquele ÚNIco sacrifício O qualificou para desastroso. O mesmo acontece com a leitura e o estudo da
servir como nosso grande Sumo Sacerdote no céu, Bíblia: objetividade é essencial. Ser subjetivo em nosso estudo
e pensamento inevitavelmente impõe nossas opiniões pessoais,
perpetuamente.49 Tendo feito esse sacrifício, Cristo entrou não iluminadas, sobre a Bíblia e nos deixa cegos e surdos ao
no Lugar Santíssimo—“o que Deus está tentando nos dizer através dela. Como
resultado, assumimos que nossas opiniões pessoais constituem
a voz de Deus!
Na Bíblia, mesmo uma criança ou uma pessoa semi-
analfabeta pode encontrar o caminho da salvação e segui-lo
até aos portões celestiais. Mas para um estudo aprofundado de
algumas porções da mesma, aqueles que não estão
familiarizados com hebraico e grego antigos devem fazer uso
de material de referência relevante preparado por pessoas
confiáveis que estejam familiarizadas com essas línguas.
Certos fatores são essenciais para todos que estão realizando
um estudo aprofundado da Bíblia. O seguinte é um breve
resumo dos fatores essenciais para tal estudo.
Objetividade é a qualidade mental que aspira avaliar idéias
e tirar conclusões relacionadas a sua realidade intrínseca, sem
depender de pressupostos subjetivos não-testados. A
objetividade é essencial para determinar o significado
pretendido da Bíblia.
Pressupostos subjetivos e não testados sobre a natureza e
ensino da Bíblia quase inevitavelmente levam a conclusões
erradas. Todos, consciente ou inconscientemente, vêm à
Bíblia com um conjunto de pressuposições que controlam a
avaliação dos dados considerados e, por conseguinte,
impactam as
conclusões sobre a Bíblia. Assim, a importância dos processo de raciocínio, a fim de harmonizá-lo com a realidade
pressupostos é crucial para determinar a validade das objetiva.
conclusões. Os pressupostos devem sempre permanecer É possível testar o pressuposto de que a Bíblia é, como
abertos à revisão, assim que evidências mais claras e objetivas afirma ser, a revelação única da vontade e propósito infinitos de
o exijam. O objetivo é eliminar todos os fatores subjetivos do Deus para a raça humana? Sim. A evidência objetiva para isso
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consiste em: (1) a avalição da Bíblia sobre o estado ético- cooperar inteligentemente com Seu propósito para a raça
moral-espiritual humano; (2) seu remédio perfeito para as humana. Essa revelação, transmitida ao longo dos séculos
imperfeições desse estado natural; (3) a demonstração de que da antiguidade, forneceu ao Israel antigo instrução que os
esse remédio transformou incontáveis milhões de seres qualificaria individual e coletivamente como uma nação
humanos por mais de dois mil anos; e que (4) se os princípios para representar plenamente o valor supremo e a
bíblicos fossem universalmente aceitos e praticados, conveniência de cooperar com Seu propósito eterno.
eliminariam automaticamente toda guerra, todo crime e toda Vislumbrava o clímax da história dat e a restauração
manipulação egoísta de outros seres humanos—e completa da soberania divina sobre toda a terra no final dos
transformariam este mundo em um pequeno céu na terra! Se tempos do Antigo Testamento. O Novo Testamento assume
concedida tal oportunidade, a experiência humana confirmaria a validade desta perspectiva do Antigo Testamento da
tais conclusões sem sombra de dúvida. Isso autentica os história da salvação como atingindo um clímax na vida,
princípios bíblicos como sendo de origem mais que humana, ministério, crucifixão, ressurreição e Sua promessa de
e valida o pressuposto acima como objetivo e confiável. voltar em breve—ainda no final dos tempos do Novo
O Antigo Testamento foi escrito entre vinte e quatro e Testamento.57
trinta e sete séculos atrás, principalmente em hebraico antigo Esta perspectiva bíblica da história da salvação estava
e em um mundo mais do que um pouco diferente e estranho implícita nas Escrituras e nas mentes das pessoas daquela
para nós. O Novo Testamento foi escrito em grego há uns época. Também deve estar em nossas mentes quando lemos a
dezenove séculos. O Antigo Testamento registra a história dos Bíblia. Assim, a perspectiva da história da salvação do tempo
hebreus como povo da aliança e instrumento escolhido do em que uma passagem foi escrita deve ser levada em
propósito divino para eles e para a raça humana nos tempos consideração a fim de determinar seu significado pretendido.
antigos, contém instrução destinada a qualificá-los para serem O texto original das Escrituras, nas línguas em que foi
representantes vivos e testemunhas do verdadeiro Deus, e sua escrito, é a autoridade final e suprema sobre o que ela diz. 58
resposta individual e corporativa a essa instrução. 54 A língua Boas traduções modernas como a Nova Versão Padrão
hebraica tinha um vocabulário limitado que refletia a cultura e Revisada (NRSV59), e a Nova Versão Internacional (NVI), 59 e
visão de mundo primitiva: sua escrita consistia apenas em são tão precisas e confiáveis quanto qualquer tradução
consoantes e a gramática e a sintaxe diferem das nossas hoje. disponível hoje. A KJV, com seu gradioso e imponente estilo
A Bíblia foi assim historicamente condicionada,55 ou seja, literário, tem tido uma profunda influência na língua inglesa e
adaptada e especificamente dirigida às necessidades, encantado os leitores por quase quatro séculos, mas às vezes
compreensão e papel no concerto de seus destinatários no não reflete com precisão o texto original. 60 Isso ocorre porque
momento em que foi escrita, e às suas circunstâncias e a KJV foi baseada em manuscritos tardios que tinham
percepção do propósito divino, sendo tais princípios acumulado numerosos erros de escribas e mudanças editoriais
fundamentais e de valor e aplicabilidade universal. Ela foi ao longo de vários séculos desde que os autógrafos originais
escrita em sua linguagem e em formas de pensamento com as se perderam. Desde que um manuscrito antigo conhecido
quais eles estavam familiarizados, e reflete a perspectiva da como Sinaítico foi descoberto em 1844, milhares de
história da salvação de seu tempo. Esse registro, entretanto, manuscritos antigos––em muitos casos séculos mais
“foi escrito para nossa instrução” também. Assim, precisamos próximos dos originais––foram encontrados e nos
condicionar nossas mentes ao seu tempo, circunstâncias e fornecem, hoje, informações muito mais precisas sobre o
perspectiva da história da salvação, a fim de compreender que realmente continham os autógrafos originais.61 Além
plenamente e apreciar a sua mensagem para o nosso tempo. O disso, as línguas bíblicas bem como a história e cultura da
estudo profundo e a apreciação da Bíblia requerem que as antiguidade são melhor compreendidas hoje do que o eram em
circunstâncias históricas nas quais uma passagem foi escrita 1611, quando a KJV se tornou disponível. Estudos
sejam levadas em consideração. linguísticos—a maneira pela qual as palavras hebraicas e
A perspectiva da história da salvação do Antigo gregas ocorrem na Bíblia e seu significado conforme definido
Testamento vislumbrava o Israel antigo como o povo da pelo contexto, em cada caso— são essenciais para determinar
aliança divina, o instrumento escolhido para cumprir o seu significado.
propósito divino de restaurar harmonia entre humanidade e O contexto literário de uma passagem é essencial para uma
Deus.56 Deus revelou tudo isso a eles para que pudessem determinação exata de seu significado. Isto inclui seu contexto
imediato, em particular, mas também seu contexto estendido
em todo o documento do qual faz parte. O hebraico antigo,
no qual a maior parte do Antigo Testamento foi escrito, 62 já
estava se tornado uma língua morta quando Esdras leu “o
livro da lei de Moisés” (a Torá, ou Pentateuco) em público
por volta de 450 a.C., tanto é que Esdras precisou interpretá-
lo para os judeus de seu tempo.63
Várias características do hebraico antigo foram
responsáveis por isso. (1) Por um lado, o hebraico tinha um
vocabulário muito limitado, no qual muitas palavras eram
usadas para expressar uma grande variedade de significados.
(Por exemplo, a KJV traduz dez palavras hebraicas comuns
por
uma média de oitenta e quatro expressões em inglês cada, e séculos depois do hebraico ter se tornado uma língua morta, de
uma delas por 164 palavras e expressões em inglês! 64). (2) A acordo com o que eles pensavam ter sido o significado
escrita hebraica antiga consistia apenas de consoantes, e o pretendido. Por esta razão, é fútil correlacionar duas passagens
leitor tinha que fornecer as vogais que ele achasse corretas, e do Antigo Testamento com base na mesma palavra em inglês
em alguns casos poderia fornecer um conjunto de vogais localizada em uma concordância—como Guilherme Miller fez
diferentes daquelas que o escritor pretendera. 65 As vogais que ao desenvolver a doutrina do santuário!
agora aparecem nas Bíblias hebraicas foram adicionadas às O método analogia das Escrituras—o uso de uma passagem
suas consoantes pelos Masoretas, estudiosos judeus, muitos bíblica para esclarecer outra—deve ser usado com cautela. 66 O
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contexto de ambas as passagens deve primeiro ser levado em equivocada. Por essa razão, a profecia bíblica, mesmo a
conta para determinar se elas podem ou não ser usadas juntas. apocalíptica, é sempre condicional, e seu elemento tempo é
sempre flexível, a fim de proporcionar o livre exercício da
Em resumo, o estudo aprofundado da Bíblia requer a consideração escolha humana.69 É uma previsão do que pode ser, não do
dos pressupostos de cada leitor, as circunstâncias históricas às quais uma que necessariamente será.
passagem foi endereçada e a que circunstâncias deveria ser aplicada, Assim, as setenta semanas de anos de Daniel 9:24–
sua perspectiva da história da salvação, seu sentido conforme 27 proporcionaram aos exilados hebreus na Babilônia um
vislumbre do futuro que os aguardava, sujeito à sua
determinado pela língua original, seu contexto literário e o uso cooperação.70
cauteloso de outras passagens bíblicas para amplificá-la.
7.1. Três Métodos de Estudo da Bíblia
Os Adventistas do Sétimo Dia hoje afirmam o A interpretação adventista tradicional de Daniel 8:14 foi
princípio Sola Scriptura da Reforma em princípio, mas, às formulada com base no que é comumente conhecido como o
vezes, involuntariamente o comprometem na prática, método texto-prova de estudo e interpretação, que ajunta
notavelmente afirmando a interpretação tradicional de passagens bíblicas em termos do que um leitor moderno pensa
Daniel 8:14. O Adventismo do Sétimo Dia surgiu como ser a sua importância. Este método tem as seguintes
uma entidade única dentro da comunidade cristã em 23 de características: (1) é altamente subjetivo; (2) compreende a
outubro de 1844 como resultado de uma compreensão Bíblia a partir das perspectivas culturais e históricas do leitor
particular de Daniel 8:14 e do Grande Desapontamento que moderno; (3) aceita uma tradução da Bíblia como normativa;
seguiu à sua desilusão no dia anterior. 67 Esse entendimento, (4) torna os pressupostos pessoais e grupais do leitor como
que foi subseqüentemente modificado em alguns detalhes e sendo normativos para avaliar a informação; e então (5) tira
tornou-se a interpretação tradicional adventista, tem, desde conclusões. Este método não requer treinamento ou
então, sido considerado a pedra angular da auto-identidade experiência especial, e é seguido pela maioria dos leitores
do adventismo, da compreensão da Bíblia, da teologia e do leigos da Bíblia. Desde o início a maioria dos adventistas tem
sentido da missão.68 seguido este método, mas nenhum estudioso bíblico
Em Jeremias 18:7–10 o profeta resume a natureza e respeitável o segue hoje. Quando Daniel 8:14 é estudado pelo
o propósito da profecia preditiva da seguinte forma: método histórico, sérias falhas na interpretação tradicional
7 tornam-se aparentes porque o método histórico: (1) aspira a
No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um ser o mais objetivo possível; (2) se esforça para entender a
reino para o arrancar, derribar e destruir, 8se a tal nação se
converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me Bíblia como os vários escritores pretendiam que seus escritos
arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. 9E, no momento em fossem entendidos e como sua audiência de leitura original
que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar teria entendido a partir de sua perspectiva cultural, histórica e
e plantar, 10se ele fizer o que é mau perante mim e não der da história da salvação;
ouvidos à minha voz, então, me arrependerei do bem que houvera (3) considera palavras, formas literárias e declarações de
dito lhe faria.
acordo com seu significado na língua original como
Conseqüentemente, a profecia preditiva é sempre condicional normativas; (4) se esforça para avaliar dados objetivamente; e
(5) baseia suas conclusões no peso da evidência. Este método
à resposta do povo a quem ela é dirigida. Sua função não é
requer ou treinamento especializado nas línguas bíblicas e na
demonstrar o conhecimento divino, nem necessariamente história e ambiente da antiguidade, ou dependência em
predeterminar o curso dos acontecimentos, pois se o fizesse, ferramentas de estudo preparados por pessoas com tal
privaria as pessoas do poder de escolha. Seu propósito é treinamento. Desde cerca de 1940, a maioria dos eruditos
capacitá-los a fazer escolhas sábias no presente, indicando o bíblicos adventistas tem seguido este método.
resultado final de uma escolha acertada ou Desde cerca de 1970 um híbrido destes dois métodos
conhecido como o método histórico-gramático tem alcançado
popularidade limitada entre estudiosos adventistas e leigos
bem como maior apoio por parte de administradores. 71 Por
quê? Porque tal método consiste em procedimentos
utilizados pelo método histórico mas que estão sob o
controle de pressupostos e princípios do texto-prova. Isso
lhe permite fornecer um aparente apoio acadêmico para as
conclusões tradicionais. É um método altamente subjetivo,
aspira dominar e eventualmente controlar todo o estudo
teológico adventista oficial, e tem mais ou menos
controlado a política doutrinária da Conferência Geral nos
últimos trinta anos.
Imitemos a sinceridade e diligência dos nossos
antepassados espirituais no seu estudo da Palavra de Deus.
Não temos nenhuma razão válida para criticá-los por causa
das falhas que encontramos na sua compreensão da Bíblia.72
Recordemos que eles fizeram o melhor que sabiam ao estudar
a Bíblia pelo método do texto-prova que era geralmente aceito 8. Explicando Daniel 8:14 Corretamente
naquela época.73 Eles não tinham acesso aos manuscritos O primeiro imperativo para se compreender as profecias de
bíblicos antigos mais precisos que temos hoje, nem ao nosso Daniel no sentido que a Inspiração as pretendeu é uma
conhecimento de hebraico e grego ou à história dos tempos
mentalidade objetiva, despojada de todo pressuposto pessoal
antigos. Ao tomarmos nota das falhas na interpretação
subjetivo moderno quanto ao seu significado.
tradicional de Daniel 8:14, podemos ser gratos por sua
dedicação, construir sobre a fundação que deixaram e ser fiéis O segundo imperativo é identificar as circunstâncias
em nosso tempo como eles foram no seu.74 apresentadas em Daniel 1 a 6 e 9:1–23, que fornecem o pano
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de fundo histórico dentro do qual a Inspiração estabeleceu A explicação de Gabriel dessa “palavra” nos versículos
suas cinco passagens proféticas, e como pretendeu que Daniel 25– 27 esboçou muito brevemente o futuro do povo da
e seus leitores as compreendessem. Assim, a fim de entender aliança de Deus durante as setenta semanas de anos, e seu
essas passagens como a Inspiração pretendia que fossem clímax na opressão implacável do “príncipe que há de
compreendidas, devemos fazê-lo com essa perspectiva vir” durante a septuagésima das setenta “semanas”, que ele
histórica em nossas mentes: a mesma perspectiva da história já havia predito no capítulo 8:9–13 e explicado nos versículos
da salvação que Daniel e seus leitores tinham. Qualquer 19–25.78
interpretação que ignore ou mesmo desafie essa perspectiva Como já observado, Daniel 9:23–25 começa as
histórica bem como a perspectiva da história da salvação setenta semanas de anos no momento em que a “palavra” foi
deles é automaticamente suspeita e impõe uma interpretação emitida no céu, em 537 a.C. Da mesma forma, a
estranha, não-inspirada sobre essas profecias. identificação contextual do “ele” do versículo 27
Os primeiros seis capítulos do livro de Daniel narram o identifica eventos da história que marcam seu encerramento
exílio de Daniel e seus compatriotas na Babilônia “no terceiro na septuagésima das setenta “semanas”. É universalmente
ano do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá”, datado entre 606– aceito que o antecedente imediato de um pronome pessoal
605 a.C., e suas experiências durante os setenta anos de identifica a pessoa a quem se refere, a menos que o contexto
exílio preditos por Jeremias (29:1–14). De acordo com não especifique claramente o contrário. Conseqüentemente, o
Daniel 9:1, no “primeiro ano de Dario” (que é datado de versículo 26 identifica o antecedente imediato do pronome
537–536 a.C. pela contagem inclusiva judaica), Daniel “ele” (v. 27) que faz “uma firme aliança com muitos” na
esteve no exílio por exatamente setenta anos. Mas ainda septuagésima das setenta “semanas” e que “faz cessar o
não havia nenhuma evidência visível de que a libertação sacrifício e a oferta de manjares” durante metade da última
do exílio estava iminente. Consequentemente, Daniel orou “semana”, como o mau “príncipe que há de vir”, não o
fervorosamente pelo fim do exílio e para a restauração (Dan “príncipe ungido” dos versículos 25–26! Daniel 11:23
9:4–19). confirma o fato de que o seu pseudônimo, o último rei do
Enquanto Daniel ainda orava, o anjo Gabriel reapareceu 75 norte, realmente faz tal aliança com o povo que estava em
e disse: “agora, saí para fazer-te entender o sentido. No “aliança” com ele. Seu destino (v. 27), “até que a destruição
princípio das tuas súplicas, saiu [obviamente no céu], a ordem determinada, se derrame sobre ele”, é equivalente ao fim do
[lit. “palavra”], e eu vim, para to declarar, porque és “chifre pequeno” que “será quebrado sem esforço de mãos
mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão” (Dan humanas” (8:25), e ao fim do rei do norte que “chegará
9:22– 23). Gabriel então repete essa “palavra” literalmente ao seu fim, e não haverá quem o socorra” (11:45).79
(versículo 24), como ele havia prometido, e passa a explicá-la
O capítulo 9:24–27 fornece assim uma explicação exata e
nos versículos 25 a 27.
É de crucial importância notar que Gabriel identifica muito mais completa da pergunta e resposta de Dan 8:13–14
explicitamente a “palavra” que “saiu para restaurar e edificar sobre os eventos entre o tempo de Daniel e “o tempo
Jerusalém” no início das setenta semanas de anos como determinado do fim” em “dias mui distantes”, quando “a
“a palavra” que “saiu”—no céu—enquanto Daniel visão da tarde e da manhã” deveria ser cumprida.80 Não
estava orando.76 Essa “palavra” era obviamente aquela que é isso exatamente o que Gabriel explicou em 9:24–27?81
só o próprio Deus (e não um monarca terrestre) poderia ter Essa é a perspectiva de Daniel sobre a história da
emitido!77 Com a autoridade de não menos do que o anjo salvação. A fim de entender os capítulos 8 e 9 como a
Gabriel, as “setenta semanas” de anos começaram em 537 Inspiração pretendeu que fossem entendidos, devemos nos
a.C., e não oitenta anos depois em 457 a.C.! imaginar nas circunstâncias históricas de Daniel e lê-los a
partir de sua perspectiva da história da salvação, a fim de
formar uma compreensão exata do que foi revelado a ele.
NOTAS 4. Heb 8: 2.
A maioria dos meus artigos citados nas seguintes notas estão arquivados na 5. Lev 16.
Sala do Patrimônio da Biblioteca Del E.Webb no campus da Universidade 6. Mat 25:1–13.
de Loma Linda. A Associação de Fóruns Adventistas está atualmente 7. Cf. Primeiros Escritos, 58
planejando um website e solicitou uma lista de todos os meus principais 8. O Grande Conflito, 409
artigos. 9. O Grande Conflito, 409–422.
10. Evangelismo, 221
1. Le Roy Edwin Froom, Prophetic Faith of our Fathers, 11. Carta 10, 1895.
4:403. 2. Cf. Mat 27:51 12. Fundamentos da Educação Cristã, 112, 126. Mensagens Escolhidas,
3. 1 Ped 3:7–12. 1:21; 2:85; Conselhos aos Escritores e Editores, 145; Testemunhos para a
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Igreja, vol. 5:663, 691; 6:402; O Grande Conflito, p. 7; O Colportor
Evangelista, 125 32. Meu artigo “Questions on Doctrine: A Historical-
13. Mensagens Escolhidas 1:37, 164; 3:33. Critical Evaluation” (Questões Sobre Doutrina: Uma Avaliação Crítico-
14. Índice dos Escritos de E. G. White, pp. 21–176. Histórica), é uma revisão detalhada das dezoito entrevistas de Martin-
Barnhouse com o pessoal da Associação Geral em 1955 e 1956. Meu
15. Carta a E. J. Waggoner e A. T. Jones (Carta 37, 2/18/1887). J. H. artigo de 10 páginas “Questions on Doctrine: Footnotes to History”
Waggoner, The Law of God, an Examination of the Testimony of (Questões Sobre Doutrina: Rodapés da História) relata uma série de
Both Testaments (Rochester, NY, 1854), 70, 108. Em 1856, James e momentos hilários durante as entrevistas de Martin-Barnhouse.
Ellen White e outros se encontraram por dois dias em Battle Creek, 33. Donald G. Barnhouse, ed., Eternity 7:67 (setembro de 1956), 6–7,
Michigan, e decidiram que Waggoner estava errado em identificar a lei 43–45.
em Gálatas como os Dez Mandamentos. James White retirou o livro de 34. Meu artigo “An Evaluation of Certain Aspects of the Martin
circulação. Articles” (Avaliação de Aspectos dos Artigos de Martin, 16 pp.) cita e
16. Esboços da Vida de Paulo 188–192. resume comentários na imprensa cristã evangélica contemporânea
17. Mensagens Escolhidas, 1:234. (1956) sobre as entrevistas de Martin e Barnhouse. Este documento foi
18. Mensagens Escolhidas, 1:233. preparado a pedido do comitê editorial do livro Questions on Doctrine.
19. Atos dos Apóstolos, 383–388. 35. Meu artigo “The Role of Israel in Old Testament Prophecy” (O
20. D. M. Canright, Seventh-day Adventism Renounced (O papel de Israel na Profecia do Antigo Testamento) no volume 4 do
Adventismo do Sétimo Dia Renunciado), 118–126. Para ler uma discussão Comentário Bíblico Adventista (SDABC) (pp. 25–38) classifica e resume
mais detalhada, veja o meu livro The Eschatology of Daniel, capítulo 20, cerca de cinco mil passagens do Antigo Testamento sobre o concerto de
“Daniel in the Critics Den” (Daniel na Cova dos Críticos). Deus com Israel, incluindo a perspectiva vétero testamentária da história
21. Albion F. Ballenger, Cast Out for the Cross of Christ (Expulso Pela da salvação, que culminou com a vinda do Messias e o estabelecimento
Cruz de Cristo) Introdução, i–iv, 1, 4, 11, 82, 106–112.Veja a nota 20. de Seu reino de justiça logo após o encerramento dos tempos do Antigo
Testamento. Essas cinco mil passagens foram acumuladas quando
22. W. W. Fletcher, The Reasons for My Faith, 6, 17, 23, 86, 107, 115– ensinei a classe do Antigo Testamento por vários anos no Pacific Union
138, 142–170, 220. Ver especialmente pp. 111–112, onde ele cita uma College durante as décadas de 1940 e 1950. A sentença entre parênteses
carta para Ellen White . na página 38, “Esta regra não se aplica àquelas partes do livro de Daniel
23. Veja o capítulo 20, “Daniel in the Critics Den” em meu livro que o profeta foi ordenado a calar e selar, ou a outras passagens cujo
The Eschatology of Daniel, onde cito extensivamente de documentos aplicação a Inspiração pode ter limitado exclusivamente ao nosso próprio
originais preservados nos Arquivos da Conferência Geral. tempo”, foi adicionada por F. D. Nichol durante o processo editorial.
24. Para informações detalhadas sobre R. A. Greive veja o documento de Ele pessoalmente concordou com tudo no artigo e não fez alterações
Desmond Ford para Glacier View, Daniel 8:14, the Day of Atonement, nele, mas temia pela recepção adversa do Comentário Bíblico
and the Investigative Judgment (Daniel 8:14, o Dia da Expiação e o Adventista, sem essa observação.
Julgamento Investigativo”, edição impressa pp. 55–61). 36. Veja nota 26.
25. Para um resumo dos destaques das 991 páginas de Desmond Ford 37. Meu conjunto de artigos considerados pela comissão está nos
Daniel 8:14, the Day of Atonement, and the Investigative Judgment veja arquivos da Conferência Geral.
meu artigo “Dr. Desmond Ford’s Position on the Sanctuary” (A Posição 38. Meu estudo de 150 palavras importantes nas porções aramaica e
do Dr. Desmond Ford Sobre o Santuário). Para ler uma descrição muito hebraica de Daniel preenche 108 páginas datilografadas.
detalhada de procedimentos na reunião Glacier View do Comitê de Revisão 39. Minha correlação das profecias de Daniel 7, 8, 9 e 11–12 preenche
do Santuário, de 10 a 15 de agosto de 1980, veja meu relatório “The 14 páginas datilografadas.
Sanctuary Review Committee and Its New Consensus” (O Comitê de 40. Por conveniência, escrevi (em colunas paralelas) passagens-chave das
Revisão do Santuário e Seu Novo Consenso) em Spectrum, 11:2 profecias de Daniel em hebraico, grego (ambos LXX e Theodotion), a KJV,
(novembro de 1980), 2–26. O artigo baseia-se em minhas anotações e a Revised Standard Version.
completas em taquigrafia de todos os discursos e em todos os trabalhos do 41. Especialmente nos primeiros quatro capítulos de 1 Macabeus,
Grupo 2, do qual eu era membro, e nas sessões plenárias da tarde e da noite. onde encontrei vinte e quatro pontos de identidade específica entre o
Meu artigo não publicado de 20 páginas “Dinâmicas de Grupo em Glacier chifre de Daniel e a trajetória de Antíoco IV Epifânio. Concluí, porém,
View” explica de que tratou Glacier View. O meu artigo não que Cristo designou o cumprimento das profecias de Daniel aos tempos
publicado, “Pós mortem de Glacier View”, resume minha reação aos do Novo Testamento e que os escritores do Novo Testamento quase
eventos em Glacier View. Meu artigo “A Hermeneutic for Daniel 8:14,” quarenta vezes antecipam o retorno prometido de Jesus em sua geração.
foi distribuído como documento oficial em Glacier View. Meu relatório de O capítulo 4 “The Old Testament Perspective of Salvation History” (A
uma pesquisa de estudiosos da Bíblia adventistas sobre Daniel 8:14 e Perspectiva do Antigo Testamento da História da Salvação) e o capítulo
Hebreus 9 resume as respostas a 125 perguntas. A pesquisa foi enviada para
uma lista de todos os estudiosos da Bíblia na América do Norte (ativos e 12 “The New Testament Perspective of Salvation History” (A
não-ativos) fornecidos pelo Departamento de Educação da Conferência Perspectiva do Novo Testamento da História da Salvação) em meu
Geral, e para vários países estrangeiros. Este relatório inclui, também, uma manuscrito não-publicado, The Eschatology of Daniel, define tudo isso
lista de respostas a uma pesquisa de 1958. Enviei a 27 professores de em detalhes. Veja a nota 131.
hebraico em faculdades adventistas da América do Norte e alguns outros 42. O capítulo 13 do meu manuscrito do livro The Eschatology of Daniel,
proficientes em hebraico, todos meus amigos pessoais. “Interpretação Judaica de Daniel”, traça a interpretação judaica em
26. Ford ainda é membro da igreja do Pacific Union College [2002]. alguns detalhes desde a antiguidade até os tempos modernos. Para isso eu
me baseei principalmente nas Antiguidades dos Judeus e Guerras dos Judeus
27. The Cultic Doctrine of Seventh-day Adventists de Dale Ratzlaff de de Josefo, A History of Messianic Speculation in Israel (Abba Hillel Silver),
1996 (384 pp.), se concentra na doutrina adventista tradicional do santuário. e The Messianic Idea in Israel (Klausner).
A Theologian’s Journey from Seventh-day Adventism to Mainstream
Christianity de Jerry Gladson (A Trajetória de Um Teólogo: Do Adventismo 43. O capítulo 14 de The Eschatology of Daniel, “A Doutrina do
do Sétimo Dia ao Cristianismo Tradicional) é um relato da perseguição da Santuário e o Julgamento Investigativo”, traça o desenvolvimento da
interpretação adventista tradicional de Daniel 8:14 em detalhes
liderança obscurantista como resultado da doutrina tradicional do santuário. consideráveis.
28. Janet Brown email: janet.e.brown@intel.com. 44. O capítulo 17 de The Eschatology of Daniel, “O Santuário Celestial
29. A Sra. Donald W. Silver é filha do Dr. e Mrs. Robert H.Brown. na Epístola aos Hebreus”, explora seu comentário sobre o ministério de
30. O Grande Conflito, 409. Cristo no santuário celestial em detalhes consideráveis.
31. Evangelismo, 221, 224. 45. Veja a seção 9, “Falhas na Doutrina do Santuário”.
46. Veja a seção 14, “Um Remédio Permanente para o Obscurantismo”.
47. Veja nota 44.
48. Heb 7:27; 10:11–12.
49. Heb 2:17–18; 4:14–15; 6:19–20; 7:24–28.
50. Heb 7:25; 9:12 e 24.
51. Heb 2:17–18; 4:14–16.
52. Heb 9:28; 10:37.
53. 2 Tim 2:15. A hermenêutica bíblica tem sido o foco de meu
estudo por mais de cinquenta anos, sendo o capítulo “Principles of
Biblical Interpretation” em Problems in Bible Translation (79–127; 1953)
um dos meus primeiros trabalhos publicados nesta área. Entre meus
muitos trabalhos sobre este assunto tem sido “Hermeneutics: What
Difference Does It Make?” (Hermenêutica: Que diferença faz?”), “Ellen
G.White and the Bible”, “The Role of Biblical Hermeneutics in
Preserving Unity in the Church”, e muitos outros.
54. Veja a nota 35.
55. O artigo “Historical Conditioning in the Bible and the Writings
of Ellen G. White” (Condicionamento Histórico na Bíblia e os Escritos
de Ellen G. White”, 92 pp.) foi escrito por solicitação para o
Comitê de Pesquisa Bíblica (BRC).
56. Veja a nota 35.
57. Veja o capítulo 12 em The Eschatology of Daniel, “The New disponíveis em inglês.
Testament Perspective of Salvation History” (A Perspectiva do Novo 59. Salvo indicação em contrário, usei a Revised Standard Version da
Testamento Sobre a História da Salvação). Aproximadamente quarenta Bíblia, mas freqüentemente me referi a outras traduções.
vezes os escritores do Novo Testamento antecipam o retorno de Cristo 60. Dois problemas limitam o valor da versão KJV para o estudo sério:
dentro de sua geração. Ver nota 131. (1) baseou-se em manuscritos tardios (Textus Receptus) que acumularam
58. Me baseei na terceira edição da Biblia Hebraica de Rudolf Kittel e um grande número de erros de escribas; e (2) várias centenas de palavras
dois dicionários de hebraico: VeterisTestamenti Libros (Koehler, inglesas transmitem um significado diferente hoje do que em 1611.
Baumgartner) e Theological Dictionary of the Old Testament Ronald Bridges e Luther A. Weigle’s Bible Word Book explicam várias
(Botterweck, Ringgren Fabry) onze volumes dos quais estão agora centenas de palavras inglesas na KJV que hoje são obsoletas ou arcaicas.
www.AdventismoHoje.com
24
61. Notas de rodapé na Biblia Hebraica listam numerosas e úteis versões
variantes nas versões antigas e traduções. 100. Dan 1:12; 8:26–27; 10:13–14; 11:20; 12:11–12.
62. Meu conhecimento de aramaico é 101. Como em Levítico 16.
limitado. 63. Nee 8:7–8. 102. Uma comparação da carreira de Antíoco IV Epifânio, conforme
64. Analytical Concordance to the Bible (Young). apresentada em 1 Macabeus 1 a 4 com o chifre pequeno de Daniel,
65. No hebraico antigo de Gênesis 1:1, a palavra para “criado” era resulta em 24 pontos de correspondência inegável. Isso levou antigos
escrita br’ (somente consoantes). Os massoretas forneciam as vogais para eruditos judeus a identificá-lo como o cumprimento das predições de
fazer com que se leia bara’, “criou”. Da mesma forma, poderiam ter Daniel. No entanto, as declarações de Cristo em Mar 1:15, Mat 24 (etc.)
também fornecido vogais para torná-lo ler bore’, que teria significado e cerca de quarenta vezes pelos escritores do Novo Testamento
“Quando Deus começou a criar ...”, tornando verso 1 uma cláusula localizam o cumprimento das profecias de Daniel no final dos tempos do
dependente, com verso 2 a declaração principal. Novo Testamento. Ver referências citadas nas notas 130 e 131.
66. Veja a seção 7 sobre analogia nas Escrituras. O santuário celestial do 103. O conceito profético do “dia-ano” foi originalmente formulado
livro de Hebreus não é uma cópia válida do santuário de Daniel 8:14 porque pelo erudito judeu caraíta Nahawendi no século IX, em um esforço para
os versículos 9 a 13 o identificam como o santuário localizado no identificar eventos de seu tempo como o cumprimento das profecias de
“terra formosa” (tsebi), Judéia. O capítulo 11:16, 41 confirma essa Daniel. A idéia de que esse “princípio” estava operando com
identificação, e em 11:45 tsebi o “formoso” monte sagrado em Jerusalém respeito às setenta “semanas” de anos de Daniel 9, ignora o fato de que
é onde o templo estava localizado. Além disso, o contexto era, na verdade, uma aplicação do antigo sistema jubilar de datação judaica,
(8:11–13) identifica especificamente a raciocínio o santuário precisa não o suposto “princípio” dia-ano. O antigo livro judaico Livro dos Jubileu
de “purificação” ou restauração por causa de seu pisoteio pelo chifre usa esse sistema de datações de tempos para datar eventos na história
pequeno (cf. 11:31). judaica. Veja o capítulo 15, “Interpretação Judaica de Daniel”, em The
67. O nome “Adventistas do Sétimo Dia” foi escolhido em 1860 Eschatology of Daniel, para ver um número de exemplos relevantes do Livro
e a Conferência Geral foi organizada em 1863. dos Jubileus. Veja também Abba Hillel Silver, A History of Messianic
68. Veja a seção 2, “Ellen G. White e a Doutrina do Santuário”. Speculation in Israel, pp. 52–55, 208; Le Roy Edwin Froom, Prophetic
Eu explorei o senso de missão do adventismo em meu artigo “Adventism Faith of Our Fathers,1:713; 2:196.
in the Twentieth Century”, 6–9. 104. Cf. verse 11.
69. No discurso de despedida de Moisés a Israel antes de sua entrada na 105. Vv. 11–12.
terra prometida (Deut 28), ele expôs as coisas boas que lhes aconteceriam se 106. Vv. 3, 21–23.
obedecessem às instruções de Deus (versículos 1–14) e os 107. Vv. 2–6, 27.
infortúnios se desobedecessem (vv. 15–68). O argumento de que 108. Dan 8:16, 26–27.
Daniel 8 e 9 são “apocalípticos” (e, portanto, supostamente 109. Dan 9:24–27.
imunes ao princípio do condicionalismo) ignora o fato de que, 110. Dan 9:25.
contextualmente, eles se aplicam especificamente ao povo hebreu e estão
sujeitos às condições especificadas. em Jeremias 18:7–10. 111. Esdras 7:21–27.
70. Veja nota 69. 112. Esdras 6:13–15.
71. Veja meu artigo “The Adventist Theological Society and Its 113. Dan 9:3–19.
Biblical Hermeneutic” (A Sociedade Teológica Adventista e Sua 114. Dan 9:7–19.
Hermenêutica Bíblica). 115. Dan 9:24
72. Ao ler um dos livros de William Miller, descobri que seu mal uso 116. Dan 9:25–27.
incessante de princípios de exegese universalmente aceitos é uma 117. Dan 9:25.
experiência profundamente perturbadora. 118. Dan 9:23.
73. Para ver as características do método do texto-prova, veja a seção 7. 119. Dan 9:24.
74. Para uma lista de mudanças que a igreja já fez na doutrina do 120. Dan 11:23.
Santuário, ver Daniel 8:14, the Day of Atonement, and the Investigative 121. Dan 8:11–13; cf. 9:27.
Judgment de Desmond Ford, p. 88 (edição impressa). 122. Dan 9:27.
75. Dan 9:23 cf.8:16. 123. Dan 8:23–25.
76. Dan 9:21–23. 124. Dan 8:20, 23.
77. Dan 9:24. 125. Verso 26.
78. Dan 7:24–25. 126. Veja nota 35.
79. Dan 11:45. 127. Mat 24:44; Rom 13:12; 2 Ped 3:11–12.
80. Dan 8:17, 26. 128. Mat 24:42.
81. Dan 9:22–25. 129. Veja nota 35.
82. Dan 2:37–40; 7:3–7; 8:3–8; 11:2–3. 130. Mat 24:1–31 30–34.
83. Dan 2:41–43; 7:7–8, 17, 23; 8:8–9; 11:4–5, 25–29, 40–43. 131. 1 Ped 1:20; 4:17, 27; 2 Ped 3:11–14; João 21:21–23; 1 João 2:18;
84. Dan 9:25. Apoc 1:1, 3; 3:11; 12:12; 22:6–7, 10, 12, 20; Tia 5:7–9: Rom 13:11–12; 1
85. Dan 2:44; 7:28; 8:17, 19, 26; 9:24, 27; 11:35, 40. Cor 1:7–8; 7:29; 10:11; Fil 3:20; 4:5; 1 Tess 3:13; 4:15–17; Heb 1:2; 9:26–
86. Dan 7:21, 25; 8:10, 13, 24–25; 9:26; 12:1, 2, 7. 28; 10:37.
87. Dan 8:9; 9:36; 11:22, 24, 41. 132. Apoc 1:1, 3; 3:11; 22:6–7, 12, 20.
88. Dan 8:11, 25; 11:36 133. Veja meu artigo de 82 páginas, “Adventism in the
Twentieth Century”, 34–54.
89. Dan 7:25; 8:11–12; 9:26–27; 11:31; 12:11 134. Veja [R. Allan Anderson] “Atas do Conselho de Professores
90. Dan 8:13; 9:27; 11:31 de Bíblia, Colégios Adventistas do Sétimo Dia, Washington, DC, de 30
91. Dan 8:12–13; 9:27; 11:22 de julho a 25 de agosto de 1940,” p. 32 e [L. H. Hartin] “Relatório do
92. Dan 7:25; 12:7 Conselho de Professores da Bíblia, Angwin, Califórnia, 23–31 de julho de
93. Dan 7:25; 9:27; 12:7 1950, p. 74 (nos arquivos da Conferência Geral).
94. Dan 8:14. 135. Meu arquivo completo de documentos da BRF está na Sala do
Patrimônio da Biblioteca James White Memorial da Andrews University
95. Dan 9:27; 12:1, 7. (durante os primeiros dois anos de nossas reuniões mensais na tarde de
96. Dan 7:22, 26; 8:25; 9:27; 11:45; 12:11 sábado na PUC, algumas apresentações eram apenas orais, sem documentos
97. Dan 7:22, 27; 8:14; 12:1–3, 13–14. formais).
98. Veja a nota 35. 136. Veja nota 135 para a reunião de 1950.
99. Enumerado abaixo. 137. “Let Us Have an Associate Secretary for Bible Research in
the Ministerial Association.” Enviei esta proposta para Le Roy Froom,
fundador da Associação Ministerial e meu amigo pessoal por 28 anos;
R. Allan Anderson, atual diretor da Associação Ministerial e W. E.
Read.
138. “A Draft Proposal for a Seventh-day Adventist Institute of
Biblical Studies” (Uma proposta preliminar para um Instituto Adventista
do Sétimo Dia de Estudos Bíblicos, 14 pp.) Anexado a este documento
estava “Twenty- five Years of Cooperative Research-type Bible Study”
(Vinte e Cinco anos de Estudo Bíblico Colaborativo em Estilo Pesquisa),
no qual revisei os eventos dos anos de 1940 a 1966. O apêndice tinha a
intenção de fornecer- lhe informações sobre o que havia acontecido nos
estudos bíblicos adventistas durante sua ausência prolongada.
139. Raymond F. Cottrell, “The Untold Story of the Bible
Commentary” (A História Não Contada do Comentário Bíblico),
Spectrum 16:3 (agosto de 1985), pp. 34–51. O Comentário não
identificou os autores por causa de numerosas mudanças editoriais feitas
em algumas contribuições. Meu artigo lista todos os contribuintes.
140. Veja pág. 10 de qualquer volume do Comentário.