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LIÇÃO DE NÚMERO 1

INTRODUÇÃO E SAUDAÇÃO
(Extraída da Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense – Ano 19 – nº 79 –
4T2023, com diversos Comentários Bíblicos e Notas Pessoais)

APRESENTAÇÃO E ABERTURA
Olá! Graça e paz da parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, Amém! Você que nos
assiste e nos acompanha seja muito bem-vindo, você está no Canal Beit Sêfer Escola
Bíblica à distância. E eu estou muito feliz pela sua audiência e grato a Deus por todos que
nos assistem e nos acompanham.
Nós estamos começando um novo trimestre esta semana. Como você sabe nós utilizamos
a Revista Palavra & Vida da Convenção Batista Fluminense. O tema central neste
trimestre será: Corpo e Unidade – cartas de Paulo aos Coríntios. Hoje vamos estudar a
Lição de número 1, com o seguinte subtema: Introdução e Saudação.

INTRODUÇÃO
Paulo iniciou suas viagens missionárias para pregar o evangelho, e enquanto isso
acontecia, ele organizava os convertidos em congregações locais. Paulo foi então um
pregador e plantador de igrejas. Os dois papéis aparecem de forma intensa em suas
viagens missionárias. Exatamente por isso, estas viagens não tiveram a mesma duração.
Não havia um padrão estabelecido. Isso porque eventualmente ele precisava passar mais
tempo numa cidade, em vez de continuar a viagem.
O capítulo 18 de Atos narra o momento em que Paulo sai de Atenas e chega a Corinto,
na sua segunda viagem missionária. Ele passará então um bom tempo naquela enorme
cidade na península do Peloponeso, com cerca de 250 mil habitantes. Desta parada,
surgiu então a igreja de Corinto, marcada por polêmicas, crises, disputas e embates. As
cartas que iremos estudar nesta Revista se dedicarão, então, a pastorear e ministrar às
situações concretas desta igreja dos primórdios da fé.

Para dar início ao nosso estudo eu convido você a abrir e acompanhar com a sua Bíblia
a leitura em 1 Coríntios 1.5-8 (NVI) – “Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, em
toda palavra e em todo conhecimento, 6 porque o testemunho de Cristo foi confirmado
entre vocês, 7 de modo que não lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês
aguardam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado. 8 Ele os manterá firmes até o
fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo”

DESENVOLVIMENTO
Segundo o Livro - Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento… Paulo permaneceu
em Corinto por cerca de dezoito meses, vivendo com um casal de judeus, Áquila e
Priscila, fazedores de tendas como ele. Algum tempo depois da chegada de Paulo, Silas e
Timóteo chegaram da Macedônia, trazendo uma oferta que possibilitou que Paulo
dedicasse todo o seu tempo e energia para pregar o Evangelho e plantar uma igreja.
Depois do contato inicial com a sinagoga local, Paulo sofreu dura oposição da liderança
judaica, que o arrastou a um tribunal romano. Gálio, procônsul da Acaia naquela época,
recusou-se até a julgar o caso, considerando o conflito messiânico entre a igreja e a
sinagoga como uma questão puramente judaica, que deveria ser tratado pelo tribunal
judaico em Corinto. Essa decisão marcante forneceu, sem dúvida, um refúgio legal para a
igreja local durante as duas décadas seguintes.

1. DOIS CONCEITOS FUNDAMENTAIS


Os dois conceitos mais fundamentais nestes primeiros versículos de 1 Coríntios são
"apóstolo" e “igreja". O primeiro termo, "apóstolo”, começou a ser usado pelos
escritores gregos. Não era uma expressão técnica, e sim uma característica, um adjetivo,
um atributo de alguém que foi enviado. Para os judeus do período pós-exílico, apóstolos
eram os rabinos comissionados que visitavam os judeus residentes fora da Palestina, na
diáspora, para coletar dinheiro para o templo de Jerusalém ou para supervisionar as
comunidades.
Nesse sentido, o jovem rabino Saulo que saiu de Jerusalém levando nas mãos uma
carta autorizando-o a perseguir os cristãos em Damasco era um apóstolo do sumo-
sacerdote (Atos 9.1-2). No uso das primeiras igrejas e na maior parte do Novo
Testamento, a palavra apóstolo distanciou-se do uso inicial helênico e se aproximou da
maneira como os judeus a usavam, recebendo carga ainda maior de novas ideias, por
causa da origem do comissionamento, que normalmente era feito por Deus ou pelo
próprio Cristo. Isso significa que, ao ser enviado, o apóstolo recebia poder e autorização
para representar Jesus, bem como a obrigação de prestar contas a ele. Os apóstolos eram
testemunhas oculares (Atos 1.21,22; 1 Coríntios 9.1); tinham poderes sobrenaturais ou
miraculosos (Mateus 10.1; Atos 5.15,16; Efésios 2.2); e recebiam um serviço ou missão
definida durante o tempo de suas vidas (Mateus 19.28).

Antes de continuar vamos ler a Bíblia em 1 Coríntios 1.1-2 (NVI) – “Paulo, chamado para
ser apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Sóstenes, 2 à igreja de Deus
que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos,
juntamente com todos os que, em toda parte, invocam o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo, Senhor deles e nosso”

Segundo o Comentário do Novo Testamento – Exposição da Primeira Epístola aos


Coríntios de Simon J. Kistemaker… Paulo endereça sua carta “à igreja de Deus que está
em Corinto”. Ele escreve a palavra ecclesia, uma expressão que no mundo helenista de
então era um termo técnico tradicional […] (comparar com Atos 19.32;39,41). Pela
metade do século I, os cristãos começaram a designar suas próprias assembléias como a
igreja (ecclesia) em Cristo. Usavam o termo para distinguirem-se dos judeus, que usavam
a palavra synagogue para seus locais de reunião (comparar, porém, com o texto grego de
Tiago 2.2). Paulo distingue cuidadosamente os encontros dos cristãos tanto das
assembléias gentílicas como das sinagogas judaicas.

[Desta forma] o termo Igreja é uma tradução do grego ecclesia. Este substantivo é
formado por uma preposição (de dentro para fora) com um verbo (chamar ou convocar).
Etimologicamente, "igreja" significa "alguém que é chamado para fora". A literatura mais
antiga refere-se a "ecclesia" como uma convocação de pessoas para a guerra. No
florescer da civilização grega, a partir do século V a.C., "ecclesia" passou a representar a
convocação de cidadãos efetivos de uma cidade (polis) para reuniões populares. Dessa
forma, seu significado tornou-se dinâmico, ligado ao ajuntamento de pessoas e não para
um determinado local ou edifício, ou mesmo para rituais religiosos. Igreja é o conjunto
das pessoas, e não o local ou o prédio em que se reúnem. A igreja de Corinto era o
conjunto de crentes regenerados em Cristo que se reunia na cidade de Corinto. O espaço
onde eles se reuniam não faz muita diferença neste caso, pois o mais importante no
conceito é a ideia de corpo e unidade de missão.

2. O AUTOR E O DESTINATÁRIO DE 1 CORÍNTIOS (1-3)


Os versículos estudados nesta lição formam uma espécie de prefácio epistolar a 1
Coríntios. Nela, Paulo se apresenta com uma série de afirmações identitárias. Ele se
denomina Apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus. O termo "apóstolo", como já
tratado no tópico anterior, eram bem conhecido daqueles crentes. Ao usá-lo, Paulo se
declara enviado, comissionado, para uma determinada tarefa. Quem o comissionou foi o
próprio Cristo, o Messias enviado por Deus.
Isso indica que sua identidade pessoal foi transformada no dia em que foi encontrado
no caminho de Damasco. Naquele dia ele foi mudado em outra pessoa. Tudo o que era
ou possuía antes daquele evento deixou de fazer sentido, e o que ele ouviu naquela hora
mudou sua vida. Ali ele foi chamado para ser discípulo de Jesus e pregador das boas
novas da ressurreição.

Antes de continuar vamos ler a Bíblia em 1 Coríntios 1.1-2a (VIVA) – “DE PAULO,
escolhido por Deus para ser missionário de Cristo, e do irmão Sóstenes. 2 Para: Os cristãos
de Corinto, convidados por Deus para serem seu povo, feitos dignos dele por obra de
Cristo Jesus…”

Segundo o Livro - Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento… acredita-se que seja a


segunda carta escrita por Paulo aos convertidos na Acaia. Uma carta anterior,
mencionada em 5.9, foi perdida, e esta epístola canônica tornou-se tradicionalmente
conhecida como Primeira aos Coríntios. 1 Coríntios pertence às epístolas paulinas não
questionadas pelos críticos. Os relacionamentos pessoais de Paulo com os destinatários
durante sua segunda viagem missionária, as duas referências à sua autoria no livro (1.1;
16.21), e o testemunho da tradição cristã primitiva (Por exemplo, Clemente de Roma)
garantem sua aceitação generalizada. Já para o Comentário do Novo Testamento –
Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios de Simon J. Kistemaker… em relação a
evidência Interna: Primeiro, a própria carta atesta a autoria paulina, pois em muitos
lugares Paulo faz referências a si mesmo (1.1, 12, 13; 3.4, 5, 22; 16.21). Segundo a
saudação, o endereçamento, a bênção e a ação de graças no começo, e as saudações e
doxologia na conclusão da carta são semelhantes às de outras epístolas de Paulo.
Terceiro, referências cruzadas a Atos e às epístolas paulinas em diversos lugares
confirmam os nomes e os assuntos discutidos nessa carta.

[Como podemos observar] esta perspectiva pessoal dá o tom das orientações que Paulo
escreverá na carta. Tudo o que ele vai escrever está baseado na sua comissão no
caminho de Damasco, na certeza de que é um enviado de Jesus e na convicção de que ele
apenas cumpre a vontade de Deus.
Apesar de ainda inserir o irmão Sóstenes na saudação, é consenso entre os estudiosos
que esta carta é de autoria única e exclusiva do apóstolo dos gentios.
Após se apresentar, ele descreve seus leitores por meio de três atributos:
- Igreja de Deus que está em Corinto;
- Santificados em Cristo Jesus;
- Chamados para ser santos.

Neste ponto é importante destacar que ao dizer: “Aos santificados em Cristo Jesus”,
Paulo está dizendo que a igreja pertence a Deus, o qual, por meio de Jesus Cristo,
chamou o seu povo do mundo para uma vida de santidade. Seu povo não deixa o mundo,
mas demonstra ao mundo que foi santificado em Cristo Jesus. Apesar das frequentes
brigas, facções e imoralidades dos coríntios, Paulo, não obstante, os descreve como povo
que foi santificado em Cristo Jesus. Ao dizer que eles foram: “Chamados para ser santos”,
Paulo declara que a Santidade é mais do que um estado. Para os que creem, a
santificação é tanto um ato definitivo de Deus quanto um processo ao longo da vida
(Comentário do Novo Testamento – Exposição da Primeira Epístola aos Coríntios de
Simon J. Kistemaker).

Estes atributos são curiosos se tivermos em mente o restante da carta. Boa parte dela
será usada para descrever os problemas da igreja. A igreja de Corinto era cheia de
dificuldades. Mas ainda assim, apesar de tudo, eles foram salvos por Cristo, santificados
nele e chamados para viver uma vida santa. É como se Paulo conseguisse fazer uma
separação entre o status espiritual daqueles crentes diante de Deus (salvos e santificados
em Cristo), e a dura realidade da luta contra o pecado e a velha natureza.
3. GRATIDÃO A DEUS
A seção que começa em 1 Coríntios 1.4 descreve a experiência de oração do Apóstolo.
Paulo diz que sempre agradece a Deus pela vida dos irmãos de Corinto, aqueles crentes,
mesmo os intransigentes, são alvos contínuos de oração. É possível ver aqui então um
exemplo de líder que ora por todos os seus liderados, mesmo por aqueles que dão mais
trabalho.
No momento de explicar as razões que o levam a continuamente orar por suas vidas,
Paulo nos apresenta o verdadeiro status espiritual daqueles irmãos de Corinto:
- Eles são ricamente abençoados pela graça de Cristo por meio da palavra e do
conhecimento, Eles conhecem a Cristo, que foi pregado naquela igreja de forma plena.
Paulo não apresentou pela metade o Salvador, de forma que não dá para dizer que falta
algo do conhecimento de Cristo entre eles.
- Eles são testemunhas do que Deus pode fazer na vida de uma pessoa. A mensagem não
foi apenas pregada na cidade, mas confirmada por sinais do poder do Evangelho.

Vamos ler a Bíblia em 1 Coríntios 1.3-4 (VIVA) – “Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus
Cristo dêem de todas as suas bênçãos a vocês, bem como grande paz, tanto de mente
como de coração. 4 Nunca posso deixar de agradecer a Deus todos os dons magníficos
que Ele lhes concedeu, agora que vocês são de Cristo”

Segundo o Comentário do Novo Testamento – Exposição da Primeira Epístola aos


Coríntios por Simon J. Kistemaker… mais do que a qualquer outra igreja, Paulo devotou
seu talento, tempo e lágrimas à congregação de Corinto. Os membros receberam três
visitas (2 Coríntios 13.1), orientação sadia, longas cartas e incessante oração.
Apresentaram diversos problemas práticos que angustiavam a jovem congregação
coríntia. Como pai dessa igreja específica (4.15), Paulo orientou os crentes sobre como
lidar com todas as suas dificuldades. No entanto, suas palavras não estão limitadas a
certas pessoas ou a determinada época; Paulo deixou por escrito orientações para a
igreja universal. A mensagem teológica que ele apresenta aplica-se a situações existentes
em inúmeras congregações através do mundo. De fato, seus ensinamentos sobre
casamento, divórcio, separação, virgens e viúvas (capítulo 7) servem para todos.
Consequentemente, a epístola de Paulo é dirigida a cada crente de qualquer época ou
século em todas as partes do mundo.

Eles são cheios de dons espirituais. Apesar das crises de relacionamento entre Paulo e a
igreja, nela havia realmente manifestações dos dons e talentos que o Espírito Santo
outorga aos crentes.
- Eles aguardam a volta de Jesus, olhando para o dia em que as dificuldades do mundo
terminarão e o Senhor apontar nos ares.
- Eles foram justificados por Deus, que os mantem salvos, ao ponto de serem guardados
"irrepreensíveis no dia do nosso Senhor". Aqueles a quem Jesus salvou, certamente
continuarão em sua fé e viverão com Deus para sempre. Não é o caso que não possam
errar ou cair mas, em última análise, eles perseverarão em sua fé devido à capacitação
divina.
- Deus é fiel, o que significa que toda as suas promessas serão cumpridas. É somente
baseado em sua fidelidade que é possível afirmar o dom da vida eterna para os salvos.

Paulo foi chamado para ser um apóstolo de Jesus Cristo e, assim, comprometeu-se a ser
porta-voz de Cristo. De forma semelhante, Deus chamou os crentes ao estado de
santidade e espera deles que pratiquem a santidade. Esse chamado permanece eficaz
tanto para o apóstolo como para os coríntios, de forma que, por toda a sua vida, eles
permanecem chamados (Comentário do Novo Testamento – Exposição da Primeira
Epístola aos Coríntios por Simon J. Kistemaker).

CONCLUSÃO (PARA PENSAR E AGIR)


Paulo conclui esta seção da primeira carta aos Corintos com uma oração de ação de
graças (1 Coríntios 1.4-9). Nesta oração, ele reforça o status espiritual dos crentes (ricos
em Cristo, abundantes no Espírito) e apresenta o seu alvo para aquela igreja:
- Irrepreensíveis no dia da volta de Jesus;
- Uma vida de comunhão através de Jesus.
Como vimos a introdução focaliza não naquilo que os coríntios tinham realizado por
Deus (em contraste com os tessalonicenses, por exemplo), mas naquilo que Deus havia
realizado por eles. Alguns dos temas tratados posteriormente são mencionados aqui, tais
como dons espirituais e a esperança da ressurreição. O tema geral da carta, maturidade
espiritual, é apresentado no v.8, e a esperança de Paulo de que seria alcançada, repousa
na fidelidade de Deus no v.9 (Livro - Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento).
Estes alvos fornecem as metas da caminhada para aquela igreja. Certamente eles não
eram irrepreensíveis e nem possuíam comunhão, mas o alvo estava estipulado. O papel
da igreja era olhar diariamente para estes alvos, avaliar-se continuamente para verificar
o estágio em que se encontrava e continuar a caminhada.
Que estes alvos possam ser igual mente os nossos, para que sirvam de impulso e
estímulo durante a vida cristã.
Eu finalizo perguntando: Nos dias atuais seria possível apontar os ministérios da igreja
que exercem a função apostólica de pregar e plantar igrejas? Como relacionar o status
espiritual dos crentes como simultaneamente santos e pecadores? Como aplicar o
exercício paulino de oração por todos os crentes independente do grau de
relacionamento?

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