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COORDENAÇÃO DE TEOLOGIA
BELÉM– PARÁ
2015
PASSO- 1
Autoria: O próprio livro indica a autoria do apóstolo Paulo, que estava preso quando
escreveu a carta. Portanto, a carta deixa claro que o apóstolo Paulo é o autor, não
somente na saudação inicial (1.1), mas também no corpo da carta (1.23) e na sua
conclusão (4.18).
Data da escrita: Dentre as evidências, tanto internas quanto externas mostram que
a carta aos Colossenses foi escrita durante o primeiro aprisionamento de Paulo em
Roma como prisioneiro político, passando dois anos detido na cidade. Portanto a
data da escrita deve ter sido por volta de 60 ou 61 d.C. No mesmo ano também foi
escrita Efésios e Filemom.
Local da Escrita: Com relação ao local da escrita temos que a carta própria carta
indica a ocasião precisa em que Paulo a teria escrita. O texto afirma que ele (Paulo)
recebeu a visita de um cristão chamado Epafras, que havia se convertido na cidade
de Éfeso mediante a sua pregação (Atos 19). Ao que parece, Epafras era da cidade
de Colossos, mas se converteu em Éfeso. Assim, o apóstolo Paulo escreve da
capital do Império Romano, conforme descrito em atos 28, estando em prisão
domiciliar.
Esboço do livro
I - Introdução - 1.1-8
COSTA, L. José Carlos. As Epístolas. In: Apostila de Novo Testamento II. Belém,
2014.
Colossenses 2:6. ως ουν παρελαβετε τον χριστον ιησουν τον κυριον εν αυτω περιπατειτε,
Colossenses 2:7. ερριζωμενοι και εποικοδομουμενοι εν αυτω και βεβαιουμενοι τη πιστει καθως
εδιδαχθητε, περισσευοντες εν ευχαριστια.
PASSO 3
FAMILIARIZE-SE COM O TEXTO
TRADUÇÃO LITERAL
BÍBLIA VIVA
BÍBLIA DE JERUSALÉM
PASSO 4
ESTABELECENDO O TEXTO (CRÍTICA TEXTUAL).
PASSO 5- ANÁLISE DO RELACIONAMENTO SINTÁTICO E ESTRUTURAL DAS
ORAÇÕES.
ουν
ὡς παρελαβετε τον χριστον ιησουν τον κυριον
εν αυτω περιπατειτε,
ερριζωμενοι
και εποικοδομουμενοι
εν αυτω και βεβαιουμενοι τη πιστει
καθως εδιδαχθητε,
περισσευοντες εν ευχαριστια.
Portanto,
EXORTAÇÃO- ANDAR EM
assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor CRISTO
2º: (É UMA ORDEM)!
Mantendo a fé
assim também Nele andai,
que foi 1º:
Enraizados Mantendo
doutrinada, e
isso com Edificados Nele firme a fé
abundante que recebeu COMO ANDAR EM
gratidão. E confirmados na fé Em Cristo! CRISTO?
Fundamento: O
Assim como fostes ensinados,
ensino sobre Cristo!
O modo: abundando em ação de graças.
Com
excessiva
gratidão!
ESBOÇO ANALÍTICO
TÍTULO: Como o Crente deve andar em Cristo?
INTRODUÇÃO: Falar sobre a realidade pós-moderna de hoje. Em que as pessoas se
fundamentam para viver neste mundo? Mostrar que o apóstolo Paulo nos exorta, como
crentes, a viver (andar) em Cristo. E isto não é uma opção, e sim uma necessidade urgente
diante de uma sociedade relativista, que não considera a verdade absoluta da Palavra de Deus.
Portanto uma ordem vinda do próprio Deus. O andar em Cristo, no conceito bíblico, é algo
mais do simplesmente estar lado a lado com alguém num mero caminhar.
CONCLUSÃO- Aquele que está andando com Cristo necessita estar de igual modo arraigado,
enraizado e aprofundado na fé que recebeu e também na fé doutrinada, fazendo isso com
abundante gratidão. Assim, o crente tem condições de andar em Cristo!
Palavras-chave:
Teológicas: Fé
Repetidas: Em (evn,); Ele (auvtω).
Importante no contexto da seção: Enraizados; Edificados, Abundando; Fé.
Fé (πιστις):
Na literatura clássica, pistis significa “confiança” que um homem tem em algo ou em
alguém, é dar crédito ou confiabilidade. Assim, da mesma forma pisteuo significa “confiar”.
No contexto da filosofia a fé revela a essência do homem. A fidelidade do homem ao seu
destino moral e espiritual leva à fidelidade para com outras pessoas. No âmbito do Novo
Testamento há uma exigência. Nas religiões místicas, a fé significa o abandono de si mesmo à
divindade, recebendo sua proteção e seguindo suas instruções e ensinos. No Corpus
Hermeticum de revelações sincretísticas platônicas (sec. II e III d.C.), a fé é uma forma mais
alta do conhecimento, pertencente ao âmbito do nous (Razão, Mente). O homem é guiado
misticamente para fora do Logos, até que seu espírito descanse no conhecimento da fé,
participando do divino. A salvação era para aquele que acreditava.
O pano de fundo do cristianismo e do judaísmo deu origem aos “filhos divinos”, que
apareciam com reivindicações expressas à revelação, apresentando uma alternativa ao
cristianismo. A mesma exigência se verifica em todas: “Crê, se queres ser salvo, senão afasta-
te”.1 Para Paulo, pistis é indissoluvelmente vinculada com a proclamação. O paulino implica
uma continuidade com o ensino da igreja judaica da palestina e da igreja helênica. Utiliza
termos como “os que creem” para se referir aos seus leitores. A fé significa receber a
mensagem da salvação e da conduta fundamentada no evangelho. É explicitamente uma fé
salvadora, baseada na cruz e na ressurreição de Jesus. Combate o entendimento judaico que
toma como ponto de partida a validez da antiga aliança e da lei, entendendo mal a razão de ser
da existência escatológica.
1
Orígenes, Contra Cels, 6,11, in Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol.I, 2000, pp.811.
O NOVO TESTAMENTO Comentado por William Barclay- (Colossenses
p. 53-55). 1959.
Esta epístola, semelhante à epístola aos Romanos, foi escrita a pessoas que Paulo
nunca tinha visto, nem conhecia de forma mais pessoal. Embora Paulo não tenha plantado
esta igreja, ele não a negligenciou. Na subseção (2.6-15), o apóstolo trata das falsas filosofias
que devem ser rejeitadas. Nesta perícope (vv. 6-7), ele os adverte contra os falsos mestres;
exortando a igreja de Colossos a se firmar na verdadeira doutrina, que se fundamenta no
evangelho de Cristo. Paulo traz um antídoto para a Igreja contra os sedutores (falsos mestres),
que estavam surgindo com palavras sedutoras; com falsos princípios e práticas perversas,
como o próprio apóstolo diz em Romanos 16.18: “(...) não servem a Cristo nosso Senhor, mas
ao seu ventre; e com palavras suaves e lisonjas enganam os corações dos inocentes”; por isso
exorta os colossenses. Eles “receberam o Cristo Jesus como o Senhor”. É com “receber”, e
não com nosso agir e realizar que começa a condição cristã. Aqui como em outras passagens
importantes (1Co 11.23; 15.1; Gl 1.9,12; 1Ts 2.13; 4.1; 2Ts 3.6) Paulo emprega um termo
que já lhe era familiar da sinagoga. “Receber” a “tradição” dos pais e “retransmitir” o que foi
recebido era nisso que consistia a essência da erudição dos escribas. Com relação a isso,
Werner de Boor afirma que:
“O conjunto de conceitos paradidónai e paralambánein = ‘transmitir’ e
‘receber desde cedo fazia parte do contexto de vida de Paulo como
judeu e fariseu. Mas a mesma dupla de termos também aparece no
mundo dos cultos de mistérios, a fim de designar a transmissão e
recepção de misteriosas consagrações, forças e conhecimentos.
Novamente nos deparamos, pois, com palavras que podem ser termos
técnicos de conotação específica, mas que também são usados no
linguajar comum em múltiplos sentidos diferentes”2.
Nesse contexto, é preciso verificar no próprio Paulo que sentido ele associa aos
termos. Com toda a certeza só Jesus conhecemos no cristianismo pela “tradição”. Não
podemos imaginar um Jesus por nossa conta, precisamos “receber” da tradição informações
sobre quem e como era esse Jesus Cristo, o que ele disse e fez. Não é à toa que as palavras
“Jesus Cristo” venham precedidas pelo artigo definido. É provável que aqui a noção da
palavra “Cristo” seja o que ela de fato é: não nome próprio, mas título, o título real de
“Messias”. Jesus é o Cristo, o Messias. Mas o artigo no mínimo define toda a determinação
da personalidade a que os colossenses se entregaram com todo seu ser. Apesar disso é
característico para Paulo que também nesse aspecto ela tenha rompido radicalmente com o
2
Comentário Esperança, in Carta aos Colossenses, 2006, p. 34.
farisaísmo de seu passado. “Aceitar um ensinamento” apropriar-se pelo aprendizado de uma
“tradição”, continua sendo “carne”, no sentido de Fp 3.
Quando o fariseu Saulo se tornou um cristão ele não trocou uma doutrina deficiente
por uma melhor, porém considerou tudo o que vinha antes como perda, a fim de ganhar uma
pessoa com toda a sua plenitude de vida, e ser encontrado nela. Também adverte os
colossenses no v. 8 contra as “tradições dos seres humanos”. De qualquer modo não
receberam “doutrinas”, mas “o Cristo Jesus como Senhor”, a pessoa de Jesus viva e definida,
o Mestre irrestrito da vida pessoal, porque ele também é o “Senhor”. No entanto, justamente
porque não receberam um conhecimento de diversas verdades que pudessem levar
tranqüilamente para casa na forma de outro “saber”, conservando-o ali, mas por lhes ter sido
concedido um Senhor vivo, eles não podem permanecer estagnados no que se chama “crer
em Cristo”. Um “senhor” dispõe sobre toda a nossa vida e gera em nós movimento ativo. Por
essa razão trata-se de “andar nele”, o que transforma Jesus cada vez mais plenamente em
nosso Senhor, “para que já não busquemos outro Mestre”.
Por isso, Paulo adverte quanto ao perigo de filosofias e vãs sutilezas, segundo os
rudimentos do mundo (v.8). Assim, o apóstolo vem dizer que há uma filosofia que é um
exercício nobre das nossas faculdades racionais e altamente útil para a religião, ou seja, um
estudo das obras de Deus que nos leva ao conhecimento dele e confirma nossa fé em Cristo.
Nesse contexto, vemos claramente refletida a pedagogia e economia judaica, bem como a
ciência dos pagãos, que apresentava especulações interessantes a respeito das pessoas ou de
coisas que não traziam benefício algum para a comunidade; um conhecimento vazio e
constantemente enganoso. Considerando que os judeus eram governados pelas tradições dos
anciãos e os elementos ou rudimentos do mundo, os ritos e observâncias que eram somente
preparatórios e introdutórios para o estado do evangelho.
“Um relato do historiador judaico Flavio Josefo demonstra que havia judeus vivendo
em Colossos, ao escrever que Antíoco Magno havia transferido cerca de 2.000 famílias
judaicas para a Frígia (região em que se situava Colossos)”3. Outra prova para o fato de que
em Colossos havia judeus é que o general romano Glaco certa vez confiscou tributos judaicos
recolhidos para o templo e destinados para Jerusalém. Cumpre mencionar ainda um terceiro
ponto: por ocasião da perseguição aos judeus na cidade vizinha Laodicéia, um total de 12.000
judeus teria sido morto nas três cidades - Colossos, Laodicéia e Hierápolis. A existência dessa
numerosa população judaica em Colossos também explica a exigência de que certas leis do
AT não fossem deixadas de lado no propósito de alcançar uma “santidade” no discipulado de
3
Comentário Esperança, in Carta aos Colossenses, 2006, p. 6.
Cristo “ainda melhor” do que a anunciada por Paulo. Por isso se exigia o cumprimento do
sábado e a celebração festiva de cerimônias de lua nova (Cl 2.16). A isso se acrescentava a
ênfase unilateral nas leis levíticas de pureza e na circuncisão (cf. Cl 2.11,16,21). Defendia-se
que cumprir tais preceitos combinaria muito bem com a fé dos cristãos, até mesmo tornando-a
mais santa e perfeita.
Assim, os gentios misturavam suas máximas de filosofia com seus princípios cristãos;
e ambos alienavam sua mente. Aqueles que afivelam sua fé nas mangas de outras pessoas, e
andam no caminho do mundo, deixaram de seguir a Cristo. Os impostores eram especialmente
os mestres judeus, que se empenhavam em guardar a lei de Moisés junto com o evangelho de
Cristo, mas na verdade, buscavam competir e mesmo entrar em contradição com ele. Porém,
Paulo tinha ouvido que os Colossenses eram ordeiros e corretos; e embora nunca os tivesse
visto, ele deixa claro que poderia facilmente imaginar-se no meio deles e olhar com prazer
para o bom comportamento deles. A condição para isso é a firmeza dos cristãos, a lealdade à
doutrina cristã. Assim, quanto mais firmes a fé deles em Cristo, melhor seria a condição de
caminharem pela fé recebida e doutrinada por meio de Cristo, pois a forma como satanás
enreda as almas é por meio do engano. Dessa forma, Paulo adverte sobre o perigo das
palavras sedutoras daqueles que mentem e distorcem a verdadeira doutrina do evangelho. É
obvio que em Colossos também havia dificuldades, mas não em tal medida para transformar-
se em epidemia. Existia uma ameaça que se continuasse crescendo podia transformar-se em
ruína. Para Paulo prevenir era melhor que curar. Com esta Carta enfrenta o mal antes que se
difunda, floresça e cresça. Por isso, nessa perícope, o apóstolo diz que aquele que está
andando com Cristo necessita estar de igual modo arraigado, enraizado e aprofundado na fé;
abundando em ação de graças.
COLOSSENSES- UMA EXPOSIÇÃO COM OBSERVAÇÕES PRÁTICAS (Comentário Bíblico Mathew Henry)
No Novo Testamento não há outra série de documentos mais interessante que as cartas
de Paulo. Isto se deve a que de todas as formas literárias, a carta é a mais pessoal. Demétrio,
um dos críticos literários gregos mais antigos, escreveu uma vez: "Todos revelamos nossa
alma nas cartas. É possível discernir o caráter do escritor em qualquer outro tipo de escrito,
mas em nenhum tão claramente como nas epístolas" (Demétrio, On Style, 227). É evidente
que quando Paulo escrevia suas cartas o fazia segundo a forma em que todos faziam.
Deissmann, o grande erudito, disse a respeito destas cartas: "Diferem das mensagens achadas
nos papiros do Egito não como cartas, mas somente em que foram escritas por Paulo."
Quando as lemos encontramos que não estamos diante de exercícios acadêmicos e tratados
teológicos, mas diante de documentos humanos escritos por um amigo a seus amigos.
Há outro fato interessante e significativa nesta saudação inicial. Dirige-se aos santos e
fiéis irmãos de Colossos. Agora Paulo muda seu costume no modo de dirigir-se ao
destinatário. As Cartas de 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios e Gálatas se dirigem às
Igrejas do distrito correspondente. Mas começando com Romanos todas as Cartas de Paulo se
dirigem ao povo consagrado a Deus de tal e tal lugar. Assim é com Romanos, Colossenses,
Filipenses e Efésios. À medida que avançava em idade, Paulo via com maior clareza que o
que interessava eram os indivíduos. A Igreja é esse povo.
Com o correr dos anos Paulo pensava cada vez menos na Igreja como uma totalidade e
cada vez mais nos homens e mulheres que a compõem. Desta maneira chegando no fim de sua
Carta dirige suas saudações, não a alguma sociedade abstrata chamada Igreja, mas sim a
homens e mulheres individuais dos que sempre a Igreja deve compor-se.
A saudação de abertura se encerra colocando duas coisas em estreita vinculação.
Escreve aos cristãos que estão em Colossos e em Cristo. O cristão se move sempre em duas
esferas. Encontra-se num lugar: um povo, uma sociedade que o localiza em este mundo; mas
também está em Cristo. O cristão vive em duas dimensões. Vive neste mundo, e portanto não
toma levianamente os deveres e as relações com o mesmo. Cumpre todas as suas obrigações
para com o mundo em que vive. Mas acima e mais além do mundo, vive em Cristo.