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LIÇÃO 1

EVIDÊNCIAS
CRISTÃS
HISTÓRICAS

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem 51030-
110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269 www.ebnesr.com.br

NATUREZA OBJETIVA DO CRISTIANISMO:


DEFININDO NOSSO ESTUDO
Introdução

Nosso estudo começa com uma definição essencial que contrasta a


natureza objetiva da religião cristã histórica com o subjetivismo religioso.

O Subjetivismo Definido e Explicado

Um Apelo às Emoções

O subjetivismo é um apelo às emoções como prova de alguma


experiência espiritual, ou uma outra realidade. Muitos agem baseando sua fé
no subjetivismo, dizendo: “Eu sei que estou salvo porque sinto em meu
coração.” Mas a Bíblia nunca define que se sentir salvo é estar salvo.
Certamente, quando uma pessoa é salva, ela deve ter a alegria de sua
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salvação (cf. Atos 8:39). Mas, um professor falso pode convencer bem
algumas pessoas sinceras de que o seu ensino é verdadeiro e as deixar
pensando que são salvas, enquanto, de fato, não são.

O subjetivismo não é, portanto, confiável teologicamente, como também


historicamente.
Alguns tentariam provar historicamente que Jesus Cristo foi
ressuscitado dos mortos por meio de um sentimento dos dias atuais, dizendo:
“Eu sei que Jesus está vivo. Eu sei que Ele ressuscitou, porque Ele está em
meu coração.” Há até mesmo um hino Cristão nesse sentido. O coro da
música afirma: “Ele vive, Ele vive para dar salvação. Você me pergunta: como
é que eu sei que Ele vive,” e a letra da música responde: “Ele vive dentro de
meu coração.” Sentimentos subjetivos não são confiáveis como testemunho
para uma dada proposição histórica.

Nós não seremos capazes de provar que Jesus Cristo foi ressuscitado
dos mortos, ou que qualquer outra coisa aconteceu no primeiro século por
causa de uma emoção moderna que aconteça no coração de um homem
moderno.

O subjetivismo pode levar uma pessoa a acreditar que algo é verdade,


quando não é. Pode levar uma pessoa a acreditar que é salva, enquanto ela
pode não ser. Se fosse legítimo, o subjetivismo poderia também provar que
religiões falsas são verdadeiras.

Se nós podemos provar que o cristianismo é certo por causa de um


sentimento, então por que isso não funcionaria também para o hindu? Um
hindu poderia dizer: “Eu sei que Shiva é Deus porque sinto em meu coração.”
Por que isso não seria verdade sobre o hinduísmo, se fosse verdade sobre o
cristianismo?

Um muçulmano poderia raciocinar: “Eu acredito que Maomé é o


verdadeiro profeta de Deus, maior do que Jesus,
porque o sinto em meu coração.” Por que ele não
teria um argumento legítimo dizendo: “Eu acredito
que o Alcorão é a verdadeira escritura de Deus,
maior do que as Escrituras da Bíblia porque o meu
coração assim o diz.”, se um sentimento subjetivo
fosse um apelo legítimo à realidade do cristianismo?

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Não há evidência objetiva em apelar para um sentimento de que
qualquer religião é verdadeira, quer teologicamente, quer historicamente.

O perigo é óbvio. O subjetivismo pode nos levar a pensar que algo é


verdadeiro, quando não é. Uma pessoa que crê na Bíblia deve tomar uma
posição? Eu acho que todos vamos concordar que ela deve. Vamos examinar
as Escrituras para deixar claro que nós não devermos apelar ao que sentimos
como prova de que o cristianismo é verdadeiro.

A Palavra de Deus Deve Ser o Padrão

Deus, por meio do profeta Moisés, ordenou aos filhos de Israel que
costurassem um cordão azul em todas as roupas que
tivessem (Números 15:37-40). Eis a razão: quando você
vir o cordão azul em seu traje, você deve se lembrar de
guardar os mandamentos de Deus.
Há duas coisas que Deus queria que eles
lembrassem quando vissem o cordão azul:
- não seguirem o seu coração, e...
- não seguirem os seus olhos.

Deus sabe da propensão do homem para ver numa situação muito além
do que realmente nela está. Então, quando você vir o cordão azul, lembre-se
de confiar na Palavra de Deus. Não confie no que sente, vê, ou no que acha
que viu, especialmente se for contrário ao que Deus diz. Pessoas que creem
na Bíblia devem extrair disso uma posição bíblica.

O Coração Humano Não é Uma Fonte de Fatos Confiáveis

O livro de Provérbios afirma a mesma coisa:

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“O que confia no seu próprio coração é insensato,” (Provérbios 28:26).

Esta é uma linguagem bastante forte, mas Deus nos quer comunicar
que nosso coração não é uma fonte de informação confiável. Nós podemos
constatar a razão disso quando lemos Jeremias 17:9: “Enganoso é o coração,
mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o
conhecerá?” Deus nos está dizendo que o coração é tão corrompido pelo
pecado, que o homem não deve confiar nele, mas na Palavra de Deus.
Isto explicará o que lemos em Provérbios 14:12: “Há caminho que ao
homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte.” Deus queria
isto impresso nas mentes tão clara e permanentemente, que Ele afirmou a
mesma coisa em Provérbios 16:25: “Há caminho que parece direito ao
homem, mas afinal são caminhos de morte.”
Muitas pessoas têm dito:
“O que sei é que está certo. O que sei é que eu estou salvo. O que sei é que
Jesus é Senhor. O que sei é que algo é verdade”.

Mas por quê?

“Porque eu sinto.”

Mesmo assim, Deus afirmou por meio de Moisés, dos Provérbios e dos
profetas que esta não é a maneira pela qual determinamos a verdade de Sua
Bíblia.

O Caminho de Um Homem Não Está Em Si Mesmo

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Jeremias dá um conselho divino: “Ó Jeová, eu sei que o caminho de um
homem não está em si mesmo; não está no homem que caminha o dirigir os
seus passos.” (Jeremias 10:23, ASV).

A American Standard Version é a tradução mais exata aqui, porque


quando Jeremias diz: “Ó Jeová, eu sei que o caminho de um homem não está
em si mesmo;...”, ele está se referindo ao caminho que um homem deve
seguir. Ele está dizendo que não existe nenhum homem que, por iniciativa
própria, vá tentar fazer a coisa certa, portanto, ele falhará, a menos que tenha
a Palavra de Deus como seu conselheiro.

Como Jeremias sabia disso?

Ele não sabia disso porque teve um sentimento em seu coração, ou por
alguma experiência existencial, mas porque Deus assim o revelou.

A Bíblia é a revelação de Deus para nós.

A Bíblia é muito clara afirmando que há perigo no subjetivismo religioso,


que pode levar as pessoas a pensarem que há coisas que são verdadeiras,
quando não são, a aceitarem a religião falsa. A posição da Bíblia é: você não
deve seguir o que sente como base para determinar a verdade doutrinária ou
a realidade histórica do cristianismo.

A Natureza Objetiva da Religião Cristã Histórica

O Cristianismo É Uma Religião Histórica

Vamos examinar a natureza objetiva da religião cristã histórica. O

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cristianismo é uma religião histórica. Teve lugar num espaço e tempo
históricos. É uma religião de espaço e tempo. Não é construída sobre
ensinamentos, mas sobre eventos que ocorreram na história. Não podemos
saber o que aconteceu a respeito de Cristo, dos apóstolos e da igreja, a não
ser pelo Novo Testamento.

A Bíblia é Um Livro Histórico

Como é que nós sabemos se qualquer coisa aconteceu no passado?

Como é que nós sabemos que os eventos do cristianismo ocorreram?

Como é que sabemos que houve um homem chamado Jesus que asseverou
ser o Filho de Deus?

Como é que nós sabemos que Jesus Cristo alimentou 5.000 pessoas com
dois peixes e cinco pães?

Como sabemos que Jesus ressuscitou os mortos, ou que foi ressuscitado dos
mortos?

Não é por causa de algum sentimento que tenhamos em nosso coração.

Como é que sabemos que qualquer coisa ocorreu no passado?

Como é que sabemos que Napoleão Bonaparte foi completamente derrotado


por Wellington num local chamado Waterloo?

Quando eu faço esta pergunta aos meus alunos, invariavelmente alguém irá
responder: “Bem, isto é história.” Bem, claro que isto é história. Eu sei que isto
é história, e sei que você sabe que isso é história. Mas, a minha pergunta é:

Como nós sabemos que esta história é história?

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Há uma maneira: por meio do testemunho histórico. Não há nenhuma maneira
de nós sabermos o que aconteceu no passado, sem algum tipo de
testemunho para relatar aquela experiência.

É exatamente isso que seu Novo Testamento é: Testemunho Histórico


confiável.

O Novo Testamento nos fala sobre Cristo, o cristianismo, as obras dos


apóstolos e o estabelecimento da igreja. É um livro histórico. Eu quero lhe
convencer de que o cristianismo vem do testemunho histórico de testemunhas
oculares. Se uma pessoa acredita que Jesus é o Filho de Deus ou não, o
Novo Testamento pode ser provado como historicamente confiável no que
relata. Quando o Novo Testamento diz que Jesus fez asseverações de ser o
Filho de Deus, a coisa mais importante que precisamos saber é se o Novo
Testamento é história confiável, a seguir vem o fato de que houve um
Nazareno chamado Jesus que afirmava ser o Filho de Deus. Se acreditamos
no Novo Testamento como a Palavra de Deus ou não, uma coisa é certa: se é
história confiável, então Jesus andou sobre as águas, alimentou 5.000
homens com dois peixes e cinco pães e, corporalmente, ressuscitou dos
mortos.

Um Exemplo de Contexto Histórico

Feitos como estes podem lhe convencer de que as afirmações de Jesus


são verdadeiras. Eles me convenceram. O que nós queremos verificar é que o
Novo Testamento é historicamente confiável. Eu queria que entendêssemos
uma ilustração de Lucas 1:1-4. Lucas está escrevendo para um homem
chamado Teófilo. Nós ficamos sabendo, pelo tom de Lucas, que ele era um
ocupante de cargo na organização imperial romana. No versículo 3, Lucas
dirige-se a ele como: “excelentíssimo Teófilo.” Lucas também escreveu o livro
de Atos. Três vezes, neste livro histórico, a expressão “excelentíssimo” é
usada com relação aos governadores romanos. Desde que Lucas se dirige a
Teófilo como “excelentíssimo Teófilo,” nós podemos presumir que Teófilo era
provavelmente um romano. Ele tinha acesso aos arquivos e teria sido capaz
de conferir as coisas a fim de saber se elas foram assim mesmo.

Teófilo tinha sido instruído em um grau maior ou menor no caminho de


Cristo. Ele não sabia, aparentemente, se o que ouviu era verdade. Assim,
Lucas pega a caneta e escreve o que nós chamamos de o evangelho de
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Lucas. Ele afirma que pesquisou o assunto das próprias testemunhas
oculares (Lucas 1:1-2): os apóstolos. Ele então afirma: “igualmente a mim me
pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-
te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem,” (Lucas 1:3).
Depois, ele afirma que pesquisou o assunto cuidadosamente e que o registrou
acuradamente, então ele afirma a razão por tal cuidado na pesquisa e
exatidão de escrita. Ele diz: “para que tenhas plena certeza das verdades em
que foste instruído.” (Lucas 1:4).

Teófilo foi instruído no cristianismo, mas ele aparentemente não sabia


como isso era historicamente verdadeiro. Assim, Lucas diz: meu documento
pode fazer você saber a certeza da natureza histórica do cristianismo. Você
pode saber, por meio deste documento, da certeza dos fatos, e você será
capaz de deduzir desses fatos se Jesus é quem Ele afirmou ser. O que Lucas
reivindica é que seu livro é testemunho histórico confiável, que contém os
fatos como eles literalmente aconteceram. Esta é exatamente a posição dos
apóstolos e do Novo Testamento. Seu Novo Testamento é um livro histórico
que registra os eventos que testemunhas oculares como Mateus, João e
Pedro foram capazes de registrar, e que pesquisadores cuidadosos como
Lucas e outros autores dos livros do Novo Testamento foram capazes de
registrar.

João, uma testemunha ocular participante com Jesus, afirma que o


Mestre tinha estado em oração. Ele estava orando pelos apóstolos. João,
então, narra a oração de Jesus para todo o que cresse nEle até o fim dos
tempos. Ele diz: “Minha oração não é por eles somente. Eu também oro por
aqueles que crerão em mim por meio da mensagem deles,...” (João 17:20).
Qual é a base da fé em Cristo neste século? Não é um sentimento que requer
que deduzamos, de nossas próprias emoções, se a nossa fé é certa ou
errada. Mas, em vez disso, como Jesus disse, a base de nossa fé é o
testemunho de testemunhas oculares como o apóstolo João. João disse:
“Aquele que isto viu testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe
que diz a verdade, para que também vós creiais.” (João 19:35). João diz: O
que eu estou escrevendo é o que vi. Ele disse: Eu fui um participante no que
lhes estou escrevendo. E ele diz: eu sei que é verdadeiro, e estou escrevendo
para que possam crer.

Qual é a base da fé em Cristo? É o testemunho histórico de homens


como João e Mateus que eram apóstolos. Em João 20:24-29, temos umas
das mais notáveis afirmações nesse sentido na Bíblia. Depois do relato da
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ressurreição de Jesus, os apóstolos estavam juntos, mas Tomé não estava lá.
Jesus apareceu a eles, e eles O viram. Quando eles encontraram Tomé mais
tarde, eles disseram: “...Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse: “. . . Se eu não vir
nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão
no seu lado, de modo algum acreditarei.” (João 20:25). O que Tomé estava
pedindo era a evidência material de que o mesmo Jesus que ele conheceu
por três anos e meio estava de pé diante dele. Isto o convenceria de que Ele
estava ressuscitado dos mortos.

Neste mesmo documento, João diz que, oito dias mais tarde, Jesus veio
entre os discípulos e, desta vez, Tomé estava lá. Jesus estendeu as Suas
mãos. “E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega
também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.” (João
20:27). E Tomé, vendo a evidência, afirmou a coisa mais blasfema que um
Judeu podia dizer para um outro homem, a menos que aquilo que ele disse
fosse verdadeiro: “… Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28). A seguir, Jesus
fez uma afirmação que chega exatamente ao dia de hoje. Ele disse: “… Por
que me viste, creste? Bem-aventurado os que não viram e creram.” (João
20:29).

Por que hoje, nós que nada vimos, cremos? Eu não vi Jesus, e você
não ouviu Jesus fazer nenhuma afirmação. Por que cremos na asseveração
que Ele fez de ser o Filho de Deus, ou que andou sobre as águas? Por que
cremos que Ele foi crucificado e, depois, ressuscitado dos mortos? Nós não
cremos por causa de um sentimento, mas por causa de homens como Tomé,
Mateus, João, Pedro e outros que viram e registraram suas experiências de
testemunhas oculares. Se pudermos mostrar que o Novo Testamento é
historicamente confiável, então, quando ele afirma que Jesus andou sobre as
águas, é porque Ele andou sobre as águas. Quando o Novo Testamento diz
que Ele afirmou ser o Filho de Deus, quer você creia que Ele é o Filho de
Deus ou não, uma coisa é certa: Ele afirmou ser o Filho de Deus. Irá o andar
sobre as águas corroborar a asseveração que Jesus fez de ser o Filho de
Deus?

Se o Novo Testamento é historicamente confiável para relatar os eventos que


ocorreram no passado, então quando a Bíblia diz que Jesus ressuscitou dos
mortos, isso não daria a confiança que Ele pode lhe ressuscitar dos mortos?
Se eu posso mostrar que o Novo Testamento é historicamente confiável,
então, quando ele relata que Jesus foi ressuscitado do túmulo, isso não lhe
convencerá de que Ele era tudo o que afirmou ser?
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Há uma diferença entre subjetivismo religioso, que não tem substância
histórica ou material em si, e a natureza objetiva do testemunho histórico.
Como é que eu sei que Jesus foi ressuscitado dos mortos, ou que Ele é o
Filho de Deus? Eu sei disso por causa da evidência histórica que nos é dada
por testemunhas confiáveis.

A Afirmação Proposicional e a Metodologia de Estudo

Em nosso curso, temos uma afirmação proposicional. Uma proposição é


alguma coisa que precisa ser provada. Aqui está a afirmação proposicional de
nosso curso: Há abundantes evidências de fontes históricas, que são
apropriadas, para provar que Jesus é o Filho de Deus e a Bíblia é a palavra
de Deus.

Uma vez que aprendemos que os documentos do Novo Testamento são


historicamente confiáveis, seremos capazes de usá-los para provar que as
afirmações que Jesus fez são verdadeiras.

Isto nos conduz à metodologia. Como vamos desenvolver este curso?


Como iremos provar a proposição? Nós vamos empregar uma metodologia
dupla. A primeira coisa que queremos fazer é estabelecer a confiabilidade
histórica do Novo Testamento e provar a você que ele é um livro histórico,
totalmente confiável para relatar os eventos ocorridos no passado. Uma vez
que mostrarmos que o Novo Testamento é historicamente confiável, então
podemos ponderar sobre estas evidências históricas que o Novo Testamento
contém, e por meio de uma argumentação sistemática destes fatos, podemos
chegar à conclusão de que Jesus é o Filho de Deus, e de que a Bíblia é a
Palavra de Deus.

Conclusão

Aqui, então, nós vimos a definição de evidências Cristãs e a natureza


histórica do Cristianismo. Nós vimos a proposição e a metodologia, e é isto
que iremos seguir ao longo de todo o nosso curso.

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CAPÍTULO DOIS
EVIDÊNCIAS CRISTÃS
HISTÓRICAS

ESCRITORES NÃO BÍBLICOS E O JESUS


HISTÓRICO
Introdução

No livro Mundo em Fuga, Michael Green fez uma observação sobre


Confúcio e Cristo, a qual, acredito, irá ajudar a nos lançar na nossa linha de
pensamento nesta lição. Ele comentou que se algum dia
pudesse ser provado que Confúcio jamais existiu, o
confucionismo provavelmente sobreviveria de qualquer jeito.
Isto se deve ao fato de que o confucionismo, como uma
filosofia, não foi construído sobre o homem, porém, mais
exatamente, foi construído sobre os seus ensinamentos. Este,
mais ou menos, é o caso de todas as assim chamadas
“grandes religiões”, com exceção do Judaísmo e do cristianismo.

O cristianismo é construído sobre a pessoa de Cristo, e Sua obra na


história. Michael Green observou que se, algum dia, pudesse
ser provado que Jesus nunca existiu na história, o cristianismo
iria desmoronar como um baralho de cartas, e isso é verdade.
Portanto, antes que comecemos a desenvolver nossa
metodologia e mostrar que o Novo Testamento é um livro
historicamente confiável, nós primeiramente queremos
investigar o fato de Jesus enquanto pessoa real na história.

O cristianismo é muito mais do que uma filosofia, e não é meramente


um sistema ético. O cristianismo é um sistema que redime. O cristianismo é
crença em Jesus como pessoa real da história, como o Filho de Deus que
morreu na cruz, lavou os nossos pecados, e pagou o preço por nossas

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transgressões. Ele foi sepultado, e no terceiro dia, ressuscitou. Esta
ressurreição provou que Ele é o Filho de Deus.
Um dia, Ele estará voltando e julgará o mundo.
Qualquer investigação da autenticidade das
afirmações do cristianismo tem que começar
com uma investigação da realidade histórica de
Jesus. Sem Ele, não teria havido morte na cruz,
ressurreição, e, conseqüentemente, não teria
havido redenção da raça humana de sua situação trágica.

Evidências dos Escritores Não-Cristãos do Primeiro e Segundo Século

Cinco Antigos Escritores Pagãos

Agora, nós examinaremos a documentação histórica a respeito de


Jesus enquanto pessoa real na história. Nossas fontes de informação vêm de
três áreas diferentes, a primeira são as fontes pagãs. O termo “pagão” se
refere a pessoas que acreditam em muitos deuses, e não aceitam Jesus
como o Filho de Deus. Nós vamos estudar cinco antigas testemunhas que
comprovam, quer explícita, quer implicitamente que houve um Nazareno de
verdade chamado Jesus.

Thallus

Primeiramente, examinemos um historiador samaritano de nascimento


pelo nome de Thallus, que viveu e trabalhou em Roma por volta de meados
do primeiro século (c. 52 A.D). Nós não temos suas histórias, mas Júlio
Africano, um cronólogo do início do terceiro século, era familiar com as obras
de Thallus. Escrevendo por volta de 221 A.D., Africano mencionou a
escuridão que se seguiu à crucificação de Cristo. Ele
parece ter feito particular menção a Marcos 15:33, que
diz: “Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a
terra até a hora nona.” Isto teria sido por volta de 12:00
às 15:00h da tarde. Africano observa que Thallus, no
terceiro livro de suas histórias, explica atenuando a
escuridão como se fosse um eclipse do sol. Africano
foi muito cauteloso quando disse que isso parecia
irracional para ele, visto que eclipses solares não poderiam ter ocorrido
durante a lua cheia pascoal, ocasião em que Jesus foi crucificado. O ponto é
que havia um conhecimento geral na cidade de Roma sobre as circunstâncias
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que se seguiram à morte de Jesus. A igreja de Cristo começou em Jerusalém
por volta de 33. A.D. Uns vinte anos mais tarde, Roma já está zunindo com o
conhecimento de que houve uma escuridão que se seguiu à crucificação de
Jesus. Thallus achava que devia fazer uma defesa contra a percepção
comum de que a escuridão fora causada sobrenaturalmente.

Will Durant, outrora o professor de Filosofia da História na Columbia


University, em seu livro: “Caesar and Christ”, comenta sobre Thallus e Júlio
Africano. Ele diz que por volta da metade do primeiro século,
um pagão chamado Thallus, num fragmento preservado por
Júlio Africano, disse que a escuridão anormal que se afirmou
haver acompanhado a morte de Cristo foi um fenômeno
puramente natural e uma coincidência. A observação é muito
significativa. Ele diz que o argumento deu por certa a
existência de Cristo. Bem, claro que dá por certa! Thallus
nunca negou que Jesus existiu. Ele simplesmente disse:
“Ora, a escuridão que aconteceu durante a crucificação foi
um fenômeno natural. Foi provavelmente um eclipse solar.” O ponto que
Durant está fazendo é que Thallus deu por certa a existência de Cristo.

No primeiro século, o cristianismo tinha muitos inimigos, já mesmo


desde o seu início. Mas Durant faz esta observação com base em sua
pesquisa: “A negação da existência de Jesus parece nunca ter ocorrido, até
mesmo para o mais implacável dos gentios ou judeus oponentes do
cristianismo.” Jamais ocorreu aos inimigos do cristianismo tecer o argumento
de que Jesus jamais existiu. Houve um Nazareno de fato chamado Jesus. Ele
viveu, morreu, e Sua morte foi acompanhada por trevas sobre a terra.

Mara Bar-Serapion

Nossa próxima referência é a de um pagão de nome


Mara Bar-Serapion. Nós aprendemos a
respeito de Serapion em F. F. Bruce no
seu excelente livro: Merece Confiança o
Novo Testamento? Bruce, que foi
professor da cadeira Rylands de Crítica
Bíblica e Exegese na Universidade de
Manchester (Inglaterra), fez a observação de que temos
em nosso poder no Museu Britânico um manuscrito
produzido em algum momento após o ano 73 A.D. Nesse manuscrito, há o
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texto da carta de Serapion. Na época em que escreveu esta
carta, Serapion estava na prisão escrevendo para seu filho,
encorajando-o a buscar a sabedoria. Ele comentou que as
pessoas que perseguiram homens sábios geralmente
padeceram grandes infortúnios. O texto da carta contém uma
referência a três dentre os homens sábios próximos à época
de Serapion. Ele se refere a Pitágoras, Sócrates, e a Jesus,
embora ele não se refira a Jesus nominalmente. Mas, quando
lermos o texto desta carta, veremos que é claro que ele está
se referindo a Jesus de Nazaré. O texto da carta diz:

“Que proveito auferiram os atenienses com tirar a vida


a Sócrates? Fome e peste lhes sobrevieram como
juízo pelo nefando crime que cometeram. Que lucro
obtiveram os cidadãos de Samos com lançar Pitágoras
às chamas? Num instante seu território se viu coberto
de areia. Que vantagem alcançaram os judeus com a
execução de seu sábio Rei? Foi justamente em
seguida a êsse exício que se lhes aboliu o reino. Deus,
com justiça, vingou êsses três sábios: os atenienses a
fome os consumiu; os sâmios tragou-os o mar; os
judeus, arruinados e banidos da própria pátria, vivem
em completa dispersão. Entretanto, Sócrates não o
extinguiu a morte; continuou a viver no ensino de
Platão. Pitágoras não o aniquilou a morte; continuou a
viver na estátua de Hera. Nem o sábio Rei o destruiu a
morte; continuou a viver nos ensinos que transmitira”.
(SERAPION apud BRUCE, 1990, p.148).

Josefo, o historiador, nos diz que após a destruição de Jerusalém por


Tito Vespasiano, o mercado de escravos ficou abarrotado de
judeus. Isto tem ligação com o que Mara Bar-Serapion estava
dizendo sobre aquele Rei dos Judeus. Ele estava se referindo
a Jesus Cristo. O ponto nisso é que, próximo a algum
momento depois de 73 A.D., à época em que Serapion estava
escrevendo para seu filho, Jesus Cristo já havia ganho fama e
estatura iguais a homens como Sócrates e Pitágoras. Para
Mara Bar-Serapion não havia dúvida de que Jesus havia sido
uma pessoa histórica real.

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Cornélio Tácito

Nossa terceira testemunha é Cornélio Tácito. Tácito é considerado o


maior dos historiadores romanos. Ele escreveu por volta de
110 a 115 A.D., e em sua obra A Vida de Nero (XVI:2), falou a
respeito do grande incêndio em Roma de 64 A.D. Surgiu o
rumor de que Nero, de fato, iniciou o incêndio a fim de receber
a glória por reconstruir a capital do império. Tácito diz: “Mas
nem todos os socorros humanos, nem as liberalidades do
príncipe [o imperador], nem as orações e sacrifícios aos
deuses podiam diminuir o boato de que o incêndio não fora
obra do acaso.” (TÁCITO apud COSTA, 1988, p. 30)

Tácito relata que houve um rumor, iniciado em Roma,


de que o próprio Nero causara o incêndio. Ele fez tudo o que
podia para desmentir a acusação, mas não pôde. Era comum
se pensar que foi Nero quem deu a ordem para iniciar o fogo.
Tácito nos conta que Nero fez um plano secreto para colocar
a culpa sobre os cristãos. Ele diz: “Por conseguinte, Nero,

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para se livrar dos rumores, acusou de crime e castigou com torturas
exageradas aquelas pessoas, odiosas por
causa de práticas vergonhosas, a quem a plebe
chama cristãos. Cristo, autor desse nome, foi
castigado pelo procurador Pôncio Pilatos,
durante o reinado de Tibério;” (TÁCITO apud
McDOWELL, 1998, p. 55). Tácito fala de Cristo
como “Christus” e faz a afirmação de que Ele
foi o fundador do cristianismo. Tácito
absolutamente deu por certo que seus leitores iriam reconhecer que Christus,
uma forma latinizada de Cristo, foi uma pessoa histórica.

A perseguição sobre Nero foi cruel, tal iria anos mais tarde de maneira ainda
mais perversa e abrangente por Domiciano. Veja esse vídeo de cristãos
sendo jogados na arena para os leões por ordem de Nero, leões os quais
ficavam dias sem alimento, até se verem prontos para o ataque.

Plinius Secundus (Plínio, o Jovem)

Nós também temos uma quarta testemunha, Plínio, o Jovem. Esta


designação o distingue de seu tio, Plínio, o Velho. Plínio, o Jovem, tinha um
relacionamento próximo com o imperador Trajano. Por
volta do ano 112 A.D., Trajano enviou Plínio para a
província da Turquia do norte chamada de Bitínia. Ele foi
nomeado pelo império romano para governar aquela
província.

Nós podemos ficar contentes pelo fato de Plínio


possuir uma mente burocrática. Ele mantinha intensa
correspondência com o imperador Trajano. Numa das

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cartas ao imperador, vemos que havia muita agitação dos romanos em
relação aos cristãos em sua província. Ele parecia querer conselho no tocante
a como lidar com este problema dos cristãos. Em sua carta ele disse: “tinham
o hábito [os cristãos] de reunir-se em um dia fixo antes de sair o sol, quando
entoavam um cântico a Cristo como Deus...” (PLÍNIO apud BRUCE, 1990, p.
154). Note, ele não define quem é este Cristo. Ele apenas escreve ao
imperador esperando que este entendesse quem era Cristo. Então, nós já
temos mais um testemunho confiável, proveniente de uma pessoa
politicamente importante, de que houve um Jesus histórico, tão bem
conhecido que Plínio, o Jovem, simplesmente se referiu a Ele como “Cristo,”
sabendo que o imperador iria imediatamente indentificá-lO.

Suetônio

A quinta testemunha é um oficial chamado Suetônio. Ele foi escritor da


corte na casa de Adriano. Por volta de 120 A.D. ele escreveu
seu famoso Vida dos Doze Césares. Ele começou com Júlio
César e continuou seu trabalho pelos demais Césares. Sua
afirmação mais famosa vem de seu A Vida de Cláudio
(XXV:4). Durante a época de Cláudio César, Suetônio nos diz
que o cristianismo foi apresentado à capital Romana, e
muitos judeus se tornaram cristãos. Ele disse: “De vez que
estavam os judeus promovendo constantes agitações sob a
instigação de Cristo, êle [Cláudio] os expulsou de Roma.”
(SUETÔNIO apud BRUCE, 1990, p.153).
Para Cláudio, o problema verdadeiro era judaico. Muitos judeus
estavam se tornando cristãos e ele pensava que se expulsasse os judeus,
expulsaria o problema cristão. Suetônio se refere a Jesus como “Chrestus”
outra variante latinizada de Cristo.

Assim, nós temos cinco testemunhas pagãs que nos falam de um Jesus
real histórico. Homens da envergadura de Tácito, Plínio, e Suetônio fazem da
historicidade de Jesus um fato inegável.

Duas Antigas Fontes Judaicas

Nossa segunda fonte de testemunhas é judaica. Nossas fontes são os


escritos talmúdicos judaicos e as histórias de Flávio Josefo.

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O Talmude

O que é o Talmude? Antes de 70 A.D. os judeus transmitiam suas leis


particulares oralmente. Mas não muito depois de 70 A.D., eles começaram a
colocar suas leis particulares na forma escrita. Estes escritos eram chamados
de Mishna, que se tornou um objeto de estudo e
muitos comentários judaicos. Estes comentários
eram chamados Gemara. Reúna estes comentários
com as leis particulares e você tem os escritos
talmúdicos. Interessantemente, há cerca de 80
referências a Jesus de Nazaré nos escritos
talmúdicos. Todas estas referências a Jesus são
hostis, não há nem sequer uma afirmação amigável
nelas. Mas são apresentadas de tal maneira que fazem o leitor saber que os
judeus estavam comentando sobre Cristo, e assim fizeram de maneira a
deixar a nítida impressão de que eles sabiam que Jesus havia sido uma
pessoa de existência real na história.

Flávio Josefo

Nossa próxima referência vem do eminente historiador judeu Josefo,


que em sua obra chamada “Antigüidades Judaicas” fala de
Jesus por duas vezes. Primeiramente, ele relata o
julgamento de Tiago, mencionando-o como o irmão de
Jesus, o assim chamado Cristo. Ele faz estas afirmações de
maneira tal como se esperasse que seus leitores
reconhecessem que houve um Nazareno de verdade
chamado Jesus. Antes disso, Josefo mencionou Jesus como
operador de feitos maravilhosos, um homem, ele diz, se de
fato ele pode ser chamado de homem. Ele afirmou que este
homem foi o fundador do grupo chamado de cristãos. Assim, Josefo menciona
Jesus Cristo duas vezes.

Tendo examinado tanto fontes pagãs quanto judaicas em seu livro


Merece Confiaça o Novo Testamento? F. F. Bruce (1990, p. 155) comenta:

“Quer se aceitem, quer se rejeitem outras ilações tiradas da


evidência oferecida por escritores antigos, judeus e gentios,
conforme a sumarizamos neste e no capítulo precedente,
uma conclusão, pelo menos se impõe absoluta àqueles que

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recusam o testemunho dos escritos cristãos: o caráter
histórico da pessoa de Jesus. [Bruce ainda observa:] Certos
estudiosos podem entregar-se à fantasia de um „Cristo
místico‟, mas o fazem não em decorrência de fundamentada
evidência histórica.”

Para essas pessoas, houve um Jesus de verdade na história.

Os Escritores do Novo Testamento

A fonte final é o próprio Novo Testamento. Quaisquer que sejam os


critérios aplicados aos antigos historiadores como Josefo e Tácito, quando
esses critérios são aplicados ao Novo Testamento, a fim de mostrar sua
integridade, sua genuinidade e confiabilidade, ele é aprovado quanto a esses
critérios tão bem quanto qualquer história clássica antiga em nosso poder hoje
em dia. O Novo Testamento é um registro que nos fala sobre o Jesus
histórico. O Novo Testamento, caso fosse o único documento que tivéssemos
em nosso poder mencionando Jesus, seria totalmente adequado para provar
que Ele foi uma pessoa real na história.

Will Durant, após investigar todo o material a respeito da historicidade


de Jesus, diz: “se nós não chegarmos à conclusão de que Jesus de Nazaré
foi uma pessoa de existência real na história, vamos ter que ficar com a
hipótese improvável de que Jesus foi inventado em uma geração.” Como
inventamos Jesus e o colossal cristianismo, conseguindo que, numa única
geração de incrédulos, tais pessoas aceitem a mensagem? A única conclusão
é que houve um Cristo de fato, e estas fontes – pagãs e judaicas, como
também o Novo Testamento – são todas fontes confiáveis para nos falar
sobre o Jesus histórico. O fato da existência de Jesus nos é fornecido por
fontes tanto amigáveis quanto hostis, e elas são de qualidade tal a fazer da
existência de Jesus uma questão histórica indiscutível.

Will Durant, após apresentar as referências históricas a Jesus, conclui:


“As idéias gerais da vida, caráter e ensinamento de Cristo permanecem
razoavelmente claras e constituem o aspecto mais fascinante do homem
ocidental.” Durant deixa evidente que houve uma pessoa real na história que
teve tal impacto que tem entrado pelos séculos, até mesmo ao dia de hoje.
Nós concluímos que houve um Jesus de verdade. O cristianismo é baseado
sobre a realidade deste Jesus histórico.

Página 9 - Capítulo 1
CAPÍTULO TRÊS
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

A CONFIABILIDADE HISTÓRICA DO
NOVO TESTAMENTO (1)

INTRODUÇÃO

Nesta lição nós começamos nosso exame da confiabilidade histórica do


Novo Testamento. Mantenha duas coisas em mente enquanto nós
começamos esta parte de nossa investigação. Primeiro: lembre-se da
afirmação proposicional. Segundo: lembre-se da lógica da metodologia.

Lembre-se de que a proposição é algo a ser provado. A proposição é:


“há abundante evidências, provenientes de fontes históricas, adequadas para
provar que Jesus é o Filho de Deus e a Bíblia é a Palavra de Deus”. Estas
fontes históricas são os documentos do Novo Testamento. Se nós pudermos
provar que o Novo Testamento é historicamente confiável para relatar os
eventos que aconteceram no passado, então nós poderemos desenvolver
nossa metodologia. Nós tomaremos os fatos históricos que o Novo

Página 1 - Capítulo 1
Testamento nos dá e, por argumentação sistemática, chegaremos à
conclusão de que Jesus é o Filho de Deus e que a Bíblia é a palavra de Deus.

Nossa Dependência do Novo Testamento

Nós Temos Conhecimento Limitado sobre Jesus a Partir de Fontes Não-


Cristãs

Nós somos totalmente dependentes dos documentos do Novo


Testamento para obtermos um retrato da personalidade de Jesus Cristo. Nós
podemos recorrer a todo o material que nos é dado dos escritos judeus,
gregos e romanos, e tudo o que nós iremos saber à parte sobre o Jesus do
Novo Testamento é que Ele foi crucificado por Pilatos sob a acusação de
sedição, fora da cidade de Jerusalém. Além disso, nós podemos saber muito
pouco.
Sem o Novo Testamento Nós Não Sabemos Nada sobre os
Ensinamentos de Cristo

Nós precisamos entender que sem o Novo Testamento nós não


sabemos nada sobre os ensinamentos, a vida, o sepultamento e as
evidências da ressurreição de Jesus Cristo. O que isto significa, então, em
termos de uma autêntica representação do que Jesus realmente disse e fez é
que nenhum historiador, teólogo ou pregador do evangelho pode
absolutamente afirmar, com qualquer base de autoridade, que Jesus fez,
disse ou que qualquer coisa Lhe tenha acontecido, sem um apelo ao Novo
Testamento como o livro histórico fonte para aquela afirmação.

Nossa Fé Vem do Novo Testamento (João 17:20)

Cristo afirma que a nossa fé vem do testemunho dos apóstolos.

Página 2 - Capítulo 1
Lembre-se de João 17:20. Nosso Senhor estava em oração pelos apóstolos.
A seguir, Ele ora por todos aqueles que crerão n'Ele por meio da palavra
deles. Qual é o fundamento de nossa fé em Jesus como o Filho de Deus?
Fontes pagãs? Não é Josefo, nem é qualquer tipo de experiência existencial
ou sentimento subjetivo. O fundamento de nossa fé é o testemunho dos
apóstolos.

O apóstolo Paulo reafirma isto quando ele diz em Romanos 10:17:

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”

Você pode não acreditar que o Novo Testamento é a Palavra de Deus. Mas
quando nós mostrarmos que o Novo Testamento é historicamente confiável,
então se você acredita que Jesus é o Filho de Deus ou não, e que a Bíblia é a
Palavra de Deus ou não, uma coisa é certa, se é história confiável, então
quando diz que Jesus fez certas asseverações, então Ele fez tais
asseverações. Quando diz que Jesus fez certas coisas, então Ele fez certas
coisas.

Se estes atos são suficientes para confirmar Suas asseverações, então a


razão tem que ser o juiz da evidência e inferir uma conclusão a respeito de
quem Jesus Cristo era exatamente.

Desde que todo o nosso material-fonte em favor de Cristo são os documentos


do Novo Testamento, eles têm que ser considerados historicamente
confiáveis.

A Arqueologia Confirma a Bíblia

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Neste capítulo e no próximo, nós iremos apontar as razões para
aceitarmos o Novo Testamento como historicamente confiável. Comecemos
pela Arqueologia. F. F. Bruce, que foi professor da cadeira Rylands de Crítica
Bíblica e Exegese na Universidade de Manchester (Inglaterra), diz que o ano
de 1798 marca o nascimento da moderna Arqueologia.
Houve bem poucos anos de pesquisa arqueológica antes desta época
de uma maneira que fosse bem aceitável e científica, mas isto parece, por
uma razão ou outra, ser a época na qual a pesquisa arqueológica, enquanto
ramo conhecimento científico teve seu início. Isto nos dá mais de 200 anos de
descobertas de artefatos arqueológicos que vêm apoiando afirmações
bíblicas. Isto é interessante do ponto de observação obtido desde o início do
desenvolvimento da Arqueologia.
Num livro escrito por Bryan M. Fagan chamado: The Rape of the Nile,
ele faz uma observação que nos dá um insight em relação ao início da
Arqueologia. Ele diz que em 1798 Napoleão Bonaparte autorizou uma força
expedicionária para tomar Malta e o Egito. No dia 19 de maio, ele navegou de
Toulon com uma frota de 328 embarcações e uma força expedicionária de
38.000 pessoas para conquistar o Egito. Isto se tornou num maravilhoso
triunfo para a Bíblia. Bonaparte desembarcou na baía de Abu Qir (também
conhecida como Canopo) perto de Alexandria em 1 de julho.

Página 4 - Capítulo 1
A expedição foi acompanhada por membros de uma comissão científica e
artística selecionada pelo próprio Napoleão para servir de base cultural e
tecnológica para os planos de colonização. Ele conclui afirmando que a
comissão consistia em 167 cientistas e técnicos. É nessa ocasião onde a
moderna Arqueologia tem seu início.

Em duzentos anos ou mais de pesquisa onde artefatos que apoiam as


afirmações bíblicas têm sido desenterrados em antigos sítios arqueológicos,
não há nenhuma contradição entre as descobertas arqueológicas e as
afirmações bíblicas. Isto tem acalmado os temores de um grande número de
pessoas quanto a se o Novo Testamento é historicamente confiável. A
arqueologia não prova toda a Bíblia absolutamente, mas, certamente,
confirma um grande número de suas afirmações.

Documentos Contemporâneos Escritos

Este próximo estudo é o que eu chamo de “documentação


contemporânea.” Um documento é um escrito que testifica sobre alguma outra
coisa. Você também sabe o que é algo contemporâneo, é o que procede da
mesma época do objeto estudado.

A ideia é que na época em que os autores do Novo Testamento


estavam escrevendo, quando Mateus escreveu Mateus e Marcos escreveu
Marcos, enquanto Lucas escrevia Lucas e João escrevia João, enquanto
Paulo escrevia suas cartas e Tiago e Judas, as suas, eles eram todos
contemporâneos. Homens como Tácito e Josefo também estavam
escrevendo histórias, e assim, nós devemos ter em mente que homens com
Tácito e Josefo não apenas falaram sobre o Jesus histórico, como também
escreveram sobre o Cristo histórico.

Estes homens também foram além do mero registro enquanto


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confirmavam a confiabilidade histórica do Novo Testamento. Quando esses
homens escreveram suas histórias, eles as colocaram no seu devido contexto
histórico. Lembre-se que o contexto histórico não é um lendário e vago: “era
uma vez num lugar distante,” mas o contexto histórico é onde você tem certos
indivíduos envolvidos em certos eventos, momentos e lugares. Se nós
pudermos encontrar as mesmas pessoas no Novo Testamento que
encontramos em Tácito e Josefo, e em alguns outros historiadores daquele
período, então você não teria que aceitar o Novo Testamento como pelo
menos tão confiável quanto Tácito ou Josefo?

Quando estes homens escreveram suas histórias, eles as colocaram


num contexto que diz: “Confira.” Isto é exatamente o que nós podemos fazer.
Nós podemos conferir. Eles também falaram sobre os costumes da época.
Eles falaram em tal estilo linguístico que conferi-lo é perceber a linguagem do
primeiro século enquanto distinta da linguagem do segundo século antes ou
depois da era cristã. É assim tão distinto. Estes homens como Tácito e
Josefo, juntamente com homens como Mateus, Marcos, Lucas, João, Pedro,
Paulo, Tiago e Judas, também colocaram as suas afirmações dentro do
contexto da política, clima, e da cultura e costumes da época.

Se uma pessoa recebe Tácito, Josefo, ou algum outro historiador


clássico da antiguidade como confiáveis, então vamos ter que aceitar o Novo
Testamento como confiável na mesma base como fazemos com essas outras
fontes. O Novo Testamento é um livro de história muito confiável.

Pessoas Históricas e Datas Registradas Tanto por Escritores Bíblicos


Quanto Pagãos

Permita-me dar algumas ilustrações de como as antigas fontes


históricas comprovam certas afirmações bíblicas. Em Lucas 3:1-2, vários
homens são mencionados. Em Lucas 3:1, Lucas apresenta o ministério de

Página 6 - Capítulo 1
Jesus por meio do ministério de João Batista: “No décimo quinto ano do
reinado de Tibério César ...” Note que ele não diz: “Era uma vez numa terra
distante, onde havia um certo rei.” Você não poderia localizar isso no espaço
e no tempo. Lucas diz que: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério
César,” algo aconteceu. Lucas data o evento. Ele diz: “... sendo Pôncio Pilatos
governador da Judéia, Herodes, tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe, tetrarca
da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias, tetrarca de Abilene, sendo
sumos sacerdotes Anás e Caifás, veio a palavra de Deus a João, filho de
Zacarias no deserto.”

Cada um desses homens – Tibério César, Pôncio Pilatos, Herodes,


tetrarca da Galiléia, Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites, Lisânias, tetrarca
de Abilene, Anás, Caifás e João Batista – podem ser encontrados fora das
afirmações da Bíblia, em afirmações extra bíblicas e em histórias clássicas. O
que você está lendo em Lucas é história do tipo confiável.

Nós já fizemos referência a Thallus. Lembre-se, ele era um historiador


pagão grego trabalhando em Roma por volta de meados do primeiro século.
Ele comentou que as trevas que ocorreram durante a crucificação de Jesus,
conforme registrado em Marcos 15:33, foram simplesmente um eclipse do sol.
Todavia, algo do que ele escreve o coloca em perfeita concordância com
Marcos 15:33, e também com Mateus (Mateus 27:45) e Lucas (Lucas 23:44),
desde que os seus relatos mencionam essa mesma escuridão ocorrendo no
momento da crucificação como sendo um evento histórico verídico. Thallus
pode estar defendendo o paganismo do seu tempo contra o sobrenaturalismo
do cristianismo, mas quando assim o faz, ele, não obstante, confirma a
confiabilidade histórica de Marcos quando este nos fala sobre as trevas que
ocorreram durante a crucificação de Cristo. Thallus comprova os relatos dos
três primeiros evangelhos a respeito deste evento.

Em Atos 11:27-28, Lucas escreve sobre profetas chegando de


Jerusalém até à igreja que estava em Antioquia. Um desses homens era um
profeta chamado Ágabo que profetizou uma fome por acontecer sobre toda a
terra nos dias de Cláudio César. Este evento é confirmado por Josefo. Josefo
faz a observação de que a fome ocorreu na época de Cláudio, por volta de 45
A.D. Houve um outro escritor do quinto século chamado Arosius, que também
faz a mesma confirmação de que uma fome ocorreu durante a época de
Cláudio. Portanto, Atos está no campo de história confiável.

Em Atos 13, Paulo e Barnabé, na primeira grande viagem missionária,


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foram para a ilha de Chipre. Durante a permanência deles em Chipre, ocorreu
ali a conversão de Sérgio Paulo, um homem de inteligência e nomeado pelo
estado romano como procônsul. F. F. Bruce nos diz que nós temos em nosso
poder um documento que foi escrito por Sérgio Paulo onde ele encorajava a
sua irmã a se tornar uma cristã. Nós estamos no campo da história.

Em Atos 18:1-2, uma das mais fascinantes afirmações do Novo


Testamento é feita (porque vai fazer você lembrar de Suetônio). Nós falamos
a respeito de Suetônio em nossa lição passada, como ele foi um cronista da
casa de Adriano por volta do ano 120, quando ele escreveu a “Life of the
Caesars” (A Vida Dos Césares). Em “A Vida de Cláudio”, ele se refere ao fato
de que o cristianismo estava causando entre os judeus agitação tal que exigiu
o decreto imperial ordenando que todos os judeus deixassem a cidade de
Roma. Esta afirmação é feita por Lucas no seu segundo volume chamado o
livro de Atos. Em Atos 18 isto foi registrado primeiro por este historiador nos
versículos 1 e 2: “Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto. Lá
encontrou um judeu chamado Aqüila, natural do Ponto, recentemente
chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado
que todos os judeus se retirassem de Roma...” O que Suetônio registrou, por
volta do ano 120, como tendo ocorrido em Roma, Lucas registrou muito mais
próximo ao evento em Atos 18. Ele registrou aquele evento particular por volta
do ano 60 ou 65, trazendo-nos a informação com cinquenta ou sessenta anos
de antecedência em relação a Suetônio.

Conclusão

Estas são apenas ilustrações de como os escritores clássicos, quando


fizeram afirmações de fatos que também podem ser encontrados na Bíblia,
dão a sua comprovação da confiabilidade do registro sagrado. Eles mostram
que a Bíblia é totalmente confiável historicamente.

Às vezes, em nossas afirmações, admitimos coisas que não notamos


que estamos admitindo. Uma ilustração disso pode ser a pessoa que afirma
que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e assim, ela está admitindo que há um
Deus. Eu acho que você pode ver lógica nisto. O mesmo pode ser dito a
respeito da confiabilidade histórica do Novo Testamento. Com todas as
informações que temos que chegaram até nós de antigas fontes, você pode
esperar que um ateu admita que Jesus foi uma pessoa que teve uma
existência de fato na história. Mas, claro, tais pessoas não acreditam que Ele
é o Filho de Deus. Elas não acreditam que o Novo Testamento é confiável
Página 8 - Capítulo 1
para falar sobre os milagres e a ressurreição.

Contudo, quando você pergunta a estas pessoas quem é Jesus, qual a


avaliação que elas fazem a respeito de quem Jesus Cristo realmente é, eu
nunca ouvi uma resposta diferente de “Jesus foi um grande homem na
história” Assim, elas acabaram de admitir algo sobre que provavelmente nem
sequer pensaram em admitir. Elas acabaram de admitir até certo ponto, que o
Novo Testamento é um livro de história confiável para relatar os eventos da
época de Cristo.

Aqui está o porquê disto ser verdade. O Novo Testamento é o único


livro-fonte que temos para nos contar sobre a grandeza de Jesus. Lembre-se
que, no início dessa lição, nós fizemos a observação de que podemos pegar
todas as evidências que temos provenientes dos escritos dos judeus, gregos
e romanos, destilar tudo isso, e o que iremos saber sobre Jesus, sem a ajuda
de um Novo Testamento, é que Ele viveu e foi crucificado por Pôncio Pilatos
fora de Jerusalém, sob a acusação de sedição. Além disso, dificilmente
vamos saber qualquer coisa sobre Jesus. Então, se uma pessoa admite que
Jesus foi um grande homem da história, o que ela está dizendo é que o Novo
Testamento é confiável para relatar tal grandeza, porque é o único documento
em nosso poder que fala da grandeza de Jesus. É interessante que temos
tantas provas de que Jesus existiu e de que o Novo Testamento é confiável
para nos dizer o que Ele fez, o que Ele asseverou ser e o que Lhe aconteceu.
Homens hoje em dia estão admitindo consideravelmente, quer saibam ou não,
que o Novo Testamento é historicamente confiável.

Página 9 - Capítulo 1
CAPÍTULO QUATRO
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

CONFIABILIDADE HISTÓRICA DO NOVO


TESTAMENTO (2): OS PAIS APOSTÓLICOS
Introdução

QUEM ERAM OS PAIS APOSTÓLICOS?

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Esta é a parte dois de nosso estudo da confiabilidade histórica do Novo
Testamento. Tenha em mente que a evidência em favor de Cristo está
limitada aos documentos do Novo Testamento. Portanto, nós devemos
considerar o Novo Testamento como totalmente confiável historicamente.

Tenha em mente também a lógica de nosso estudo, que nós podemos


mostrar que o Novo Testamento é confiável para relatar os eventos que
ocorreram no primeiro século. Quer acreditemos que a Bíblia é a Palavra de
Deus quer não, e quer acreditemos que Jesus é o Filho de Deus quer não,
uma coisa é certa: se o Novo Testamento é confiável para relatar história,
então quando diz que Jesus fez asseverações, então Ele fez tais
asseverações.

Quando afirma que Jesus fez certas coisas, então Ele fez certas coisas.
Nós somos então capazes de fazer a correspondência entre estes feitos com
as asseverações e tirar uma conclusão para ver se as mesmas são
verdadeiras.

Qual é a função da razão? Não é se recusar aceitar a evidência só


porque há um preconceito contra o sobrenatural. A função da razão é julgar a
evidência como nos é apresentada e, então, tirar uma conclusão que seja de
acordo com as asseverações que são feitas.

O que nós queremos fazer neste capítulo é prover mais duas razões
para crer que o Novo Testamento é totalmente confiável historicamente. A
primeira dessas é chamada de o “teste de ácido,” e a segunda é chamada de
os “escritos dos pais apostólicos.”

A Prova de Ácido

Pensemos sobre a prova de ácido. O que ela significa? De fato, envolve


os cristãos no primeiro século que criam em Cristo e estavam dispostos a
sofrer por causa disto. Louis Cassels, um jornalista da United Press
International (UPI), fez uma observação sobre o evangelho de Marcos em seu
livro: “This Fellow Jesus,” que pode ser feita para cada um dos livros do Novo
Testamento. O relato de Marcos teve que sobreviver ao teste de ácido de todo
escrito histórico ou jornalístico, isto é, ser publicado numa época quando
pudesse ser lido, criticado e, se não for autêntico, denunciado por pessoas
que estavam vivas e presentes à época em que os alegados eventos
Página 2 - Capítulo 1
aconteceram. Deixe-me assegurá-lo, como repórter, que nada faz um escritor
ser mais cauteloso do que a certeza de que ele será lido por alguém que
possa dizer: “Eu estava lá.” Isto é bastante lógico.

O Novo Testamento não foi escrito quinhentos anos depois que os


eventos ocorreram. O Novo Testamento foi escrito na mesma geração em que
os eventos ocorreram. F.F.Bruce, ao comentar este ponto, diz: “Em avaliar a
confiabilidade de antigos escritos históricos, uma das perguntas mais
importantes é: quanto tempo depois que os eventos ocorreram eles foram
registrados?” Bem, obviamente, se alguma coisa acontecesse no primeiro
século e ninguém escrevesse os eventos até o terceiro ou quarto século,
então não haveria nenhum relato de testemunha ocular. O que nós temos em
Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos e os outros escritos do Novo Testamento
são relatos de testemunhas oculares. Estes homens viram e participaram dos
eventos ocorridos. Homens como Lucas, que era um pesquisador cuidadoso,
registrou os relatos das testemunhas oculares. Marcos, diz a tradição,
escreveu o que Pedro pregou. Claro que o apóstolo Pedro era uma
testemunha ocular. E assim os documentos do Novo Testamento que temos
em nossas mãos são realmente relatos de testemunhas oculares.

Estes relatos não foram escritos quinhentos ou seiscentos anos depois


que os eventos de Cristo ocorreram. Eles foram escritos na mesma geração
em que os eventos ocorreram, e eles foram postos em circulação entre
pessoas que estavam vivas quando os mesmos aconteceram, e que foram ou
participantes ou estavam tão próximas aos eventos, ou tinham parentes ou
amigos envolvidos nesses acontecimentos, que elas podiam dizer se ou não
estes eventos realmente aconteceram. O fato sobre o teste de ácido é que
dezenas de milhares de pessoas no primeiro século se tornaram cristãs e
sofreram perseguição e discriminação precisamente por causa do que estava
escrito nestes livros. F.F. Bruce nos diz que na virada do século, os romanos
enviaram a ordem ao exército para confiscar os escritos do Novo Testamento
e que a igreja de Cristo, mesmo assim, não desistira deles.

O que isto nos diz? Isto nos diz que eles acreditavam que estes
documentos eram a Palavra de Deus. Mas quer você aceite que é a Palavra
de Deus quer não, uma coisa é certa: estas pessoas certamente nos
confirmaram, até onde podiam saber, que estes documentos eram
historicamente confiáveis.

Os Escritos dos Pais Apostólicos


Página 3 - Capítulo 1
Uma outra área de investigação é a dos escritos dos pais apostólicos.
Estes escritos formam um corpus de escritos que chegaram até nós de
aproximadamente 90 a 160 A.D. Quando nós falamos dos pais apostólicos,
nós estamos falando sobre homens que vieram depois dos apóstolos e a eles
eram tão próximos cronologicamente que ou sentaram aos pés dos apóstolos,
ou aos pés daqueles que sentaram. Homens como Inácio, Policarpo, Barnabé
(não o Barnabé da Bíblia), e Clemente de Roma.

O que há de tão valioso nestes escritos? Eles são cartas às igrejas e a


cristãos para serem fiéis naqueles tempos de perseguição. Eles encorajaram
estas pessoas a serem fiéis fazendo citações do Novo Testamento. Eles
citaram os escritos de Mateus, João, Paulo e Pedro. A coisa significativa é
que eles citaram quase que todos os livros do Novo Testamento. De fato,
quase a totalidade do Novo Testamento pode ser reproduzida a partir desses
escritos.

O que isto nos diz? Primeiro: que durante aquelas datas (90-160 A.D.)
o Novo Testamento já havia sido completo e reunido num corpus (ou estava
muito perto de ser); leia 2 Pedro 3:15-16. Segundo: isto nos diz que os
cristãos no primeiro século receberam os documentos do Novo Testamento
como totalmente confiáveis historicamente para relatar os eventos
exatamente como eles ocorreram. Estas pessoas que receberam as cartas
estavam sendo perseguidas, e receberam o Novo Testamento como
autêntico. Não apenas já estava composto o Novo Testamento, mas já havia
sido completamente recebido pela igreja no primeiro século como confiável.
Os cristãos do primeiro século acreditavam que era a Palavra de Deus, e
durante a época da perseguição, eles não estavam nem mesmo querendo
desistir desses livros do Novo Testamento quando o exército saiu a confiscá-
los. Isto nos mostra que aquelas pessoas do primeiro século receberam o
Novo Testamento como a Palavra de Deus.

Quer você acredite ou não que é a Palavra de Deus, a coisa que isto
nos confirma é que o Novo Testamento foi considerado por essas pessoas
historicamente exato. Aqui, então, está a lógica de nosso curso: Nós podemos
mostrar que o Novo Testamento é confiável para relatar os eventos que
ocorreram no passado. A prova dessa confiabilidade se encontra na
Arqueologia, documentação contemporânea, no “teste de ácido” e nos
escritos dos pais apostólicos. Pode-se confiar no Novo Testamento para
relatar os fatos que relacionados a Cristo e aos apóstolos.
Página 4 - Capítulo 1
Os Fatos Históricos das Asseverações e Feitos de Jesus

Nós podemos saber que certas alegações foram feitas por Jesus. Nós
também podemos saber que estas alegações eram apoiadas pelas evidências
registradas por homens que as viram e ouviram. Quer você acredite que o
Novo Testamento é a Palavra de Deus quer não, se é um livro histórico, então
é conclusivo que João ouviu Jesus dizer: “Porque eu desci do céu. . .,” (João
6:38). Assim, quer você creia que Jesus veio do céu quer não, ainda assim,
houve um Nazareno que disse descer do céu. Houve um Jesus histórico que
viveu no tempo e no espaço e Ele realmente fez essa afirmação.

Se o Novo Testamento é historicamente confiável, então quando Jesus,


em João 7:16 disse: “...O meu ensino não é meu, e sim daquele que me
enviou.” Ele disse que o Seu ensino veio de Deus. Você pode não acreditar
que o ensino d'Ele veio de Deus, mas uma coisa é certa: os documentos
históricos do Novo Testamento registraram que houve um Nazareno que fez
tal afirmação. Esta alegação aconteceu na história. Em João 8:12, Jesus
realmente disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas
trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” Você pode não acreditar nisso, mas
é um fato que houve um Nazareno que disse isso. Em João 8:23-24, Jesus
disse: “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu
deste mundo não sou.” E a seguir Ele disse: “...eu vos disse que morrereis
nos vossos pecados; porque, se não crerdes que Eu Sou, morrereis nos
vossos pecados.” Ele disse que Sua origem foi diferente da nossa. Ele disse
que a natureza d'Ele, enquanto sendo idêntica à sua como homem, é ao
mesmo tempo distinta da sua, sendo Deus. Ele era o Deus-homem, Emanuel,
Deus conosco. Esta é a afirmação: quer você acredite que Cristo era Emanuel
quer não. Uma coisa é certa, se o Novo Testamento é história confiável, então
houve um Nazareno chamado Jesus que fez estas asseverações.

Em João 10:30, Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.” Assim que Ele fez
esta afirmação, os judeus começaram a pegar em pedras para O apedrejar, e
eles O acusaram de blasfêmia. Ele também disse: “...Tenho-vos mostrado
muitas obras boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais?” (João
10:32). E eles disseram: “...Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por
causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.” (João
10:33). Eles entenderam que quando Jesus disse: “Eu e o Pai somos um,” Ele
realmente afirmou ser Deus. Em João 10:36 Ele disse: “então, daquele a
quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque
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declarei: 'Sou Filho de Deus?’” Quer você acredite que Jesus é Deus descido
aos homens numa forma humana quer não, uma coisa é certa: o Novo
Testamento é um relato histórico. João registrou seu relato de testemunha
ocular. João ouviu Jesus dizer que Ele era o Filho de Deus. Isto realmente
aconteceu na história.

Jesus também fez uma outra afirmação em João 11:25. Ele disse: “...Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;”
Você pode não crer que Cristo é capaz de lhe ressuscitar dos mortos, mas Ele
afirmou que era. Este é um fato histórico. Houve um Jesus de verdade que
afirmou que podia ressuscitar as pessoas! Em João 12:48, Ele disse: “Quem
me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria
palavra que eu tenho proferido, essa o julgará no último dia. Porque eu não
tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem
prescrito o que dizer e o que anunciar.” Jesus disse que Sua palavra era a
Palavra de Deus e que Ele a recebeu do Pai. Jesus afirmou que Sua Palavra,
a Palavra de Deus, seria o padrão final do julgamento. Você pode não
acreditar nisso, mas uma coisa é certa, no espaço e tempo históricos, o
Nazareno chamado Jesus fez esta afirmação.

Em João 14:6 Jesus disse: “...ninguém vem ai Pai senão por mim.” Ele
disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida;” Você pode não acreditar nisso,
mas o Novo Testamento é historicamente confiável, e portanto, quando diz
que houve um Nazareno chamado Jesus, e que Ele afirmou ser o caminho e a
verdade e a vida, é verdade então que Ele fez esta afirmação.

Fatos Históricos sobre os Feitos que Jesus Realizou

O Novo Testamento não apenas registra para nós o fato histórico das
afirmações que Jesus fez, ele também registra para nós os fatos históricos
dos feitos que Ele realizou. Aqui, então, está a evidência de natureza que
estas afirmações são confiáveis. Jesus realizou vários feitos tão importantes
que eles são chamados de milagres. Um milagre é um acontecimento
sobrenatural, que desafia qualquer explicação natural.

João em seu evangelho quer que nós vejamos os feitos de Jesus como
obras de Deus. Em João capítulo 5, Jesus diz: “Mas eu tenho maior
testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para
que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que
o Pai me enviou.” (João 5:36). Ele diz que as obras que Ele está realizando,
Página 6 - Capítulo 1
obras que apenas Deus pode fazer, são obviamente miraculosas em natureza
e são testemunho do fato de que Ele é quem afirmou ser. Esta é a evidência
concreta. O Novo Testamento é historicamente confiável, e quando registra
estes feitos, você tem todo o direito a uma confiança de que estes eventos
ocorreram.

Vamos olhar em algumas dessas obras. João registra que Jesus estava
numa festa de casamento quando acabou o vinho para servir aos hóspedes.
Jesus transformou a água em vinho com uma palavra. Você pode não crer
que Jesus é o Filho de Deus e você pode não acreditar na afirmação de que
Ele é capaz de lhe ressuscitar dos mortos. Mas, se Jesus transformou água
em vinho com uma palavra num instante, e Ele transformou, então isto não
começaria a fazer você pensar que Jesus é quem Ele afirmou ser?

Em João 4:46 houve um oficial cujo filho estava doente. O oficial vivia
em Cafarnaum. Jesus tinha acabado de transformar água em vinho em Caná,
a vinte milhas de distância. O oficial foi ter com Jesus para trazê-lO de volta
consigo, para que pudesse curar o seu filho. Se Ele pode transformar água
em vinho, pensou provavelmente o oficial, então Ele pode curar o meu filho.
Jesus disse ao homem: “Volte para casa. Seu filho viverá” (João 4:50). O
homem voltou e descobriu que o seu filho tinha sido curado na mesma hora
em que Jesus disse que ele viveria.

Você pode ver um milagre acontecendo aqui. Isto não confirma as


afirmações? Quer você acredite que Jesus é o Filho de Deus quer não, este
milagre é um fato. Ele curou um homem que estava a vinte milhas de
distância. Por que João diria isso, se não fosse verdade? Ele gostava de ficar
exilado num amontoado de rochas chamado Patmos? Acaso ele sentia prazer
na perseguição? Você não pode esperar isso da natureza humana. João não
estava louco. Pessoas loucas não escrevem livros como Mateus, Marcos,
Lucas, João, Atos e Romanos. Estes livros são historicamente corretos. O que
nós estamos vendo aqui é que Jesus realizou feitos que confirmam Suas
afirmações.

Em João capítulo 5, nós lemos sobre um homem que havia sido coxo
por aproximadamente trinta e oito anos. Jesus o curou imediatamente. Em
João capítulo 6, Jesus pegou dois peixes e cinco pães da lancheira de um
garoto, os partiu, e alimentou cinco mil pessoas. João disse que ele estava lá
e viu tudo acontecer. João escreve: “Aquele que isto viu testificou , sendo
verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também
Página 7 - Capítulo 1
vós creiais.” (João 19:35). Ele está falando sobre todo o seu registro que nós
podemos chamar de o evangelho de João. Ele diz ser um testemunho do que
viu e participou. Ele também diz que sabe que isso é verdade, e está lhe
dizendo isso para que você possa crer.

João está afirmando que o que ele viu e participou é correta e


autenticamente representado em seu livro. Ele diz em João capítulo 6 que
Jesus realmente andou sobre as águas e todos os discípulos o viram. Em
João capítulo 9, João escreve que Jesus Cristo curou um homem cego de
nascença. Ele afirma em João capítulo 11 que Jesus ressuscitou Lázaro dos
mortos, que já estava morto há quatro dias. Estes são apenas sete dos sinais
que Jesus realizou.

João diz em João 20:30-31: “Na verdade, fez Jesus diante dos
discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados...” Fazendo referência a esses sete sinais: “... para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em Seu nome.” João nos fornece um registro histórico dos eventos que
ele viu acontecer. Sua afirmação proposicional é que ele registrou estes feitos
que são obviamente obras que apenas Deus poderia fazer, a fim de produzir
crença. Jesus fez uma afirmação em João 10:37-38, “Se não faço as obras do
meu Pai, não me acrediteis...” (se eu não faço esses feitos), “Mas se faço, e
não me credes,...” (isto é, se você não acredita nas afirmações d'Ele), “...
crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em
mim, e eu estou no Pai.” Jesus colocou a Sua reputação à prova. Ele fez
afirmações, e então, as fez acompanhar por obras que somente Deus poderia
realizar.

É difícil crer que um homem possa ressuscitar os mortos ou que as


palavras de um homem vão ser o padrão do julgamento final. É difícil de
acreditar que um homem seja a luz do mundo para nos tirar das trevas nas
quais estamos. Todavia, se um homem andou sobre as águas, transformou a
água em vinho, curou os enfermos e ressuscitou os mortos, não seria isso
evidência suficientemente boa de que Ele é tudo o que afirmou ser? Eis um
fato: Os documentos do Novo Testamento são relatos de testemunhas
oculares e são historicamente confiáveis para relatar os eventos que
ocorreram no passado. Se Jesus Cristo fez estas obras, então não começa a
parecer que Ele é tudo o que afirmou ser? Não apenas Jesus fez tais sinais,
mas há um outro sinal, o supremo sinal: Jesus Cristo foi ressuscitado do
túmulo. Isto também é confirmado por testemunhas oculares, da mesma
Página 8 - Capítulo 1
forma como o são quaisquer outras coisas registradas. Se Jesus foi
ressuscitado dos mortos, e Ele foi (é um fato histórico registrado), então Ele
deve ser algo mais do que um homem.

Conclusão

Quem foi Jesus? Ele afirmou ser o Filho de Deus. Ele afirmou ser a luz
do mundo. Ele afirmou em João 8:31 que se nós permanecermos na Sua
palavra, nós saberemos a verdade e a verdade nos libertará do pecado.

O Novo Testamento é um relato histórico. Quer acreditemos quer não


que é a Palavra de Deus, ainda assim é confiável para relatar os eventos que
ocorreram em torno de Jesus Cristo, dos apóstolos, e da igreja. Quer você
acredite quer não que Jesus Cristo é o Filho de Deus, a Bíblia é um livro
histórico. Houve um Nazareno que fez asseverações e deu suporte às
mesmas com feitos maravilhosos e com a ressurreição de Seu próprio corpo
do túmulo. A conclusão que nós tiramos a partir da evidência de natureza
histórica é que Jesus é o Filho de Deus.

A evidência convence você? Ela me convence. Eu estou completamente


persuadido, na base dos feitos que Ele realizou, na base da ressurreição, que
Jesus é o que e quem Ele afirmou ser. O que você conclui? A função do
raciocínio é receber a evidência como chega a nós, julgar a evidência, tirar
uma conclusão que esteja de acordo com a afirmação. O que diz a razão?

Página 9 - Capítulo 1
CAPÍTULO CINCO
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

CONFIABILIDADE HISTÓRICA DO NOVO


TESTAMENTO (3): CONFIRMAÇÃO PELOS
MANUSCRITOS

Introdução

Neste capítulo, nós vamos refletir sobre a integridade do Novo


Testamento. O que você está lendo em seu Novo Testamento é o que foi
originalmente escrito por homens inspirados. Esta é uma área legítima de
inquirição, visto que faz séculos desde que Mateus, Marcos, Lucas, João,
Pedro, Paulo, Tiago e Judas escreveram os documentos do Novo
Testamento. As pessoas têm perguntas muito legítimas que precisam ser
respondidas: é possível que tenham ocorrido corrupções que entraram no
texto da Escritura? É possível que existam corrupções depois da Bíblia ter
sido copiada e recopiada várias vezes? É possível que um erro de copista ou
alguma teologia pessoal pudessem ter entrado no texto?

Página 1 - Capítulo 1
A resposta é sim, têm havido erros de transmissão cometidos pelos
copistas, e até mesmo afirmações não inspiradas entraram no texto da
Escritura. Isto é tratado pela ciência da crítica textual, que busca detectar o
erro e restaurar o texto original. Nesta lição, nós vamos comparar o valor dos
manuscritos dos documentos do Novo Testamento com o valor dos
manuscritos de alguns clássicos da história. Nós seremos então capazes de
entender o que F.F. Bruce queria dizer quando afirmou que a evidência em
favor do Novo Testamento é muito maior do que a evidência em favor das
histórias clássicas.

O Valor dos Manuscritos

Nós Não Temos os Originais

Quando nós falamos dos manuscritos, nós não estamos falando dos
escritos originais dos apóstolos. Nenhum deles sobreviveu, do Novo
Testamento, ou dos clássicos. Nós não temos o documento original de
Mateus, Marcos, Lucas, ou de João. Todos eles estão perdidos. Nós não
temos os documentos “autógrafos”, isto é, as epístolas que foram escritas
pelos apóstolos e assinadas com o nome deles no final. Elas estão perdidas,
e talvez seja melhor assim, porque sabendo da propensão dos homens para
venerarem antigos documentos, elas poderiam facilmente se tornar objeto de

Página 2 - Capítulo 1
adoração.

Manuscritos São Cópias dos Originais

Quando nós falamos dos manuscritos, nós não


estamos falando dos originais. Nós estamos falando
sobre as cópias que são reproduções de imagem, não
simplesmente palavra por palavra, mas letra por letra.
O que nós queremos fazer nesta lição especial é
comparar as cópias manuscritas do Novo Testamento
com as cópias manuscritas das histórias clássicas.

Cópias Manuscritas das Histórias Clássicas

Vamos examinar as cópias manuscritas das histórias


clássicas. Primeiro: nós queremos observar As Guerras
Gaulesas. Júlio César, além de guerreiro, era também um
homem de cartas. Ele escreveu entre 58 e 50 A.C. Nós não
temos o manuscrito original, mas temos uma cópia do
mesmo. Nós temos nove ou dez bons manuscritos, e o que
está em melhores condições é de por volta da metade do
século nono. Então, da escrita original à melhor cópia em nosso poder, há um
intervalo de aproximadamente novecentos anos.

Segundo: observe a História Romana de Lívio, ele escreveu


aproximadamente de 59 A.C. a 17 A.D. Dos 142 livros originais, apenas 35
sobreviveram, em apenas vinte cópias manuscritas. A
melhor cópia em nosso poder vem de por volta da metade
do quarto século. Então, se ele escreveu em algum ponto
por volta da metade do primeiro século A.C., e a melhor
cópia em nosso poder vem de aproximadamente 350 A.D.,
então, nós temos aproximadamente um intervalo de
trezentos anos entre o original de Lívio e a melhor cópia que
dispomos.

Terceiro: vamos examinar Tácito, considerado o mais destacado dos


antigos historiadores romanos. Ele escreveu trinta livros: dezesseis dos Anais
e quatorze livros de suas Histórias. Ele escreveu por volta de 110 a 115 A.D.,
e dos trinta livros que ele escreveu, menos da metade sobreviveu. Apenas

Página 3 - Capítulo 1
quatorze livros e meio chegaram até nós, em apenas dois manuscritos. Um
manuscrito das Histórias remonta ao nono século
aproximadamente. Isto constitui um intervalo de oito séculos
do original até a nossa cópia. Nós então temos dos Anais,
que ele escreveu por volta da mesma época, a melhor cópia
datando do século onze, uma lacuna de
uns mil anos. Duas cópias manuscritas é
tudo o que nós temos e, ainda assim, os
historiadores clássicos não ouvem o
argumento, diz Bruce, de que a
autenticidade de qualquer uma dessas
cópias possa ser desafiada pelo fato da lacuna de tempo
ser tão grande entre a escrita original e a melhor cópia
manuscrita em nosso poder.

Quarto: vamos ainda mais distante na antiguidade e verifiquemos os


escritos de Tucídides e Heródoto. Tucídides escreveu em algum ponto por
volta da metade do quarto século A.C. A melhor cópia manuscrita em nosso
poder é do século nono de nossa era, o que representa um espaço de tempo
de aproximadamente mil e trezentos anos. A mesma coisa é verdade sobre
Heródoto. Nós temos oito cópias manuscritas de Tucídides e oito cópias
manuscritas de Heródoto. As que estão em melhor estado, conforme nos é
informado, vêm de por volta do nono século da era cristã, assim, uma lacuna
de mil e trezentos anos separa os escritos originais perdidos, das melhores
cópias que nos permitem saber que o autor fez a escrita.

Bruce faz a observação de que a evidência a favor dos nossos escritos


do Novo Testamento é muito maior do que a evidência em favor de muitos
escritos de autores clássicos, cuja autenticidade ninguém sonha em
questionar. Embora os originais tenham sido escritos há tanto tempo e
estejam cronologicamente tão afastados dos manuscritos em nosso poder,
para os historiadores estes manuscritos são cópias que autenticam o que nós
possuímos. Eles são uma representação autêntica do que foi originalmente
escrito por aqueles antigos historiadores.

No que diz respeito ao historiador, os mesmos padrões que se aplicam


aos clássicos têm que ser aplicados ao Novo Testamento. Bruce diz:

Página 4 - Capítulo 1
“A história de Tucídides (cêrca de 460-400 A.C.) é-nos
conhecida mercê de oito mss., o mais antigo dos quais data
das vizinhanças de 900 A.D., e de uns poucos fragmentos de
papiro, datados por volta do comêço da era cristã. O mesmo se
dá com a História de Heródoto (cêrca de 480-425 A.C.).
Entretanto, nenhum conhecedor profundo dos clássicos daria
ouvidos à tese de que a autenticidade de Heródoto ou
Tucídides padece dúvida por quanto os mais antigos mss. de
alguma valia para nós que lhes restam dos escritos famosos
datam de mais de 1.300 anos após os originais.” (BRUCE,
1990, p. 23-24).

Confirmação dos Manuscritos do Novo Testamento

Os historiadores clássicos estão absolutamente convencidos de que as


poucas cópias manuscritas em suas mãos, séculos distanciadas dos originais,
são, apesar de tudo, uma representação autêntica do que foi originalmente
escrito por aqueles homens. O mesmo tipo de confirmação pode ser feito a
favor do Novo Testamento. Se você aplicar ao Novo Testamento o mesmo
critério e ele passar, então para sermos justos, nós teremos que insistir que
os documentos do Novo Testamento serão autenticamente representativos do
que foi originalmente escrito pelos apóstolos.

O Novo Testamento foi originalmente escrito em grego Koinê no


primeiro século. Foi copiado diversas vezes. Suponha que nós tivéssemos
cinquenta cópias do Novo Testamento Grego.

Suponha que algumas dentre essas cinquenta cópias fossem uma reprodução
total do Novo Testamento, de Mateus a Apocalipse. Suponha que algumas
outras dentre essas mesmas cinquenta cópias fossem apenas fragmentárias,
e que ainda outras dessas cinquenta fossem apenas parte dos originais.
Suponha que dessas cinquenta cópias, a melhor cópia manuscrita não
remontasse a além do nono século, e suponha que uma ou duas dessas
cópias fossem do ano 350 A.D. Nós não estaríamos apenas autenticando os
originais tão bem quanto Lívio e Tácito, mas nós estaríamos também fazendo
muito melhor do que Heródoto e Tucídides.

Nós realmente temos que dizer que há uma confirmação superior em termos
de manuscritos em favor do Novo Testamento do que há para os clássicos.
F.F. Bruce informa que nós temos 5.000 cópias do Novo Testamento

Página 5 - Capítulo 1
Grego no todo ou em partes! Como nós estamos nos saindo com respeito
aos números? Muito bem, não é?

Dessas 5.000 cópias do Novo Testamento


Grego, nós temos cinco cópias muito antigas que
estão em excelente estado, e que de tão antigas,
se aproximam bastante da época de sua produção
original. Antes que nós comecemos a verificá-las,
examinemos a palavra “códice”. Nós ouvimos falar
do Códice Sinaítico, Códice Alexandrino, etc.

Mas o que é um códice?

Originalmente utilizavam-se rolos, longos pedaços de papiro, com hastes


atadas nas extremidades. Os antigos iam desenrolando à medida que liam.
Mais tarde, eles descobriram que se cortassem em folhas de igual tamanho e
as costurassem, teriam o que chamavam de
“códice”, e que nós comumente chamamos de livro.
Nesse formato de livro antigo ou códice, do Novo
Testamento, nós temos cinco exemplares.

Estas são cópias, ou seja, reproduções de


imagem do texto original. O primeiro é chamado de
Códice Sinaítico. É assim chamado por causa de
Tischendorf, o grande erudito alemão que, na metade do século dezenove, no
deserto Sinaítico, próximo ao Mosteiro de Santa Catarina, descobriu este
antigo manuscrito. Mais tarde ele foi comprado pelo Museu Britânico onde se
encontra agora.

O Sinaítico contém a Bíblia inteira, todo o Novo Testamento, assim como


muitos outros livros não-canônicos. O Sinaítico foi copiado por volta de 350
A.D. Isto separaria o códice da conclusão da escrita original do Novo
Testamento por apenas dois séculos e meio. Apenas dois séculos e meio
separam os escritos dos apóstolos da cópia que chegou até nós na forma do
Códice Sinaítico.

Há um outro códice que rivaliza com o Sinaítico em antiguidade,


confiabilidade e autenticidade: o Códice Vaticano. Foi descoberto no Vaticano,
em Roma. Possui a mesma confirmação do Sinaítico, tendo sido copiado por
volta de 350 A.D.

Página 6 - Capítulo 1
A seguir, há o Códice Alexandrino. Você pode ouvir nele o nome da cidade
Alexandria no Egito. Foi copiado em meados do século quinto A.D., uma
lacuna de apenas trezentos e cinquenta anos a partir da época em que o
Novo Testamento foi completo até a época em que o Alexandrino foi
produzido.

O Códice Efraimita foi copiado em algum momento no século quinto A.D.,


talvez 400 anos a partir da cópia original. Nós também temos o Beza que está
atualmente na biblioteca de Cambridge. Foi escrito em alguma data por volta
do século quinto A.D. Há talvez um intervalo de quatrocentos anos que separa
a cópia em nosso poder do original escrito pela mão dos apóstolos. Estas
cinco cópias se encontram em sua maior parte completas. Elas contêm quase
todo o Novo Testamento. O Códice Efraimita não possui Segunda aos
Tessalonicenses ou a Segunda de João, mas o restante do Novo Testamento
pode ser localizado.

Como você se sente em relação ao número de cópias em nosso poder?

Há oito cópias manuscritas para Tucídides, oito cópias


manuscritas para Heródoto, umas vinte cópias para a
história romana de Lívio. Mas nós temos cinco mil cópias
do Novo Testamento Grego. Duas dessas produzidas
apenas 250 anos após o original. Quanto aos
historiadores, quando você aplica critérios aos clássicos,
então você deve aplicar os mesmos critérios ao Novo
Testamento. Você pode ver que as lacunas de tempo a
partir do original até nossas cópias são muito mais curtas
do que qualquer coisa que tenhamos nestas histórias clássicas. Além dessas
Página 7 - Capítulo 1
cinco antigas cópias que possuem todo o Novo Testamento, nós possuímos
mais 4.995 cópias manuscritas. Como estamos nós em relação ao valor
manuscrito do Novo Testamento quando comparado ao valor manuscrito das
histórias clássicas? O valor manuscrito do Novo Testamento é, de longe,
superior. Esta não é a afirmação de um cristão tendencioso, mas, em vez
disso, é uma afirmação dos fatos.

Frederic Kenyon ex-diretor do Museu Britânico falava sobre manuscritos


com absoluta autoridade. F.F. Bruce faz esta observação: “Nós podemos
citar o veredicto do falecido Sir Frederic Kenyon, um erudito cuja autoridade
para fazer pronunciamentos sobre antigos manuscritos não ficava devendo
nada a ninguém.” “O intervalo então,” ele cita Kenyon dizendo:

“entre as datas da composição original e a evidência mais antiga existente se


torna tão pequeno a de fato ser insignificante. E o último fundamento em favor
de qualquer dúvida de que as Escrituras chegaram até nós substancialmente
como elas foram escritas tem sido agora removido. Tanto a autenticidade
como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser
consideradas como finalmente estabelecidas.”
Isto mostra a você que o valor dos manuscritos
do Novo Testamento em nosso poder é
extraordinariamente maior do que temos das
histórias clássicas.

Do ponto de observação do historiador, se


o mesmo critério for aplicado a uma fonte, então tem que ser igualmente
aplicado à outra. Se nós aceitarmos as cópias manuscritas dos clássicos que
estão em nosso poder como representações autênticas do que foi
originalmente escrito, igualmente vamos ter que aceitar que as cópias
manuscritas, nas quais nossos atuais exemplares do Novo Testamento se
baseiam, e a partir das quais fazemos nossas traduções, são tão boas quanto
as das histórias clássicas. De fato, nós vimos que as cópias do Novo
Testamento são muito, mas muito melhores.

Importantes Fragmentos de Códices de Papiro

Permita-me dar uma ilustração de outras cópias manuscritas que


dispomos atualmente. Há em nosso poder um conjunto fragmentos de livros
do Novo Testamento, os chamados de Papiros Bíblicos Chester Beatty. Há,
nesse conjunto, umas onze partes dos livros do Novo Testamento, não livros
Página 8 - Capítulo 1
completos, mas pedaços e fragmentos do Novo Testamento em todos estes
onze livros. Mas estes fragmentos das cópias do Novo Testamento foram
escritos antes mesmo, por exemplo, do Códice Sinaítico e do Códice
Vaticano.

Os Papiros Bíblicos Chester Beatty datam de uns cem a duzentos anos antes
dos melhores códices em nosso poder. Três desses livros na coleção bíblica
Chester Beatty contêm a maior parte dos livros do Novo Testamento. Um livro
tem os quatro evangelhos e o livro de Atos, e foi copiado por volta do ano 200
a 250 A.D. Isto deixa uma lacuna de apenas 100 a 150 anos do original até
esta cópia. Outro dos livros contém as cartas de Paulo às igrejas, mais o livro
de Hebreus copiado por volta do segundo século A.D. deixando um intervalo
de apenas cem anos desde que os apóstolos do Novo Testamento
escreveram os originais até que essa cópia fosse feita. Nós até mesmo temos
um fragmento do livro de Apocalipse que foi copiado por volta do ano 250. Isto
seria uma lacuna de aproximadamente 150 anos.

Com todas essas cópias manuscritas em nosso poder trazendo uma


confirmação tão importante, você não diria que o seu Novo Testamento,
traduzido a partir dessas cópias, é pelo menos tão confiável quanto as cópias
que temos em favor de Tácito e Tucídides, ou de As Guerras Gaulesas?

Nosso Novo Testamento vem de uma confirmação manuscrita de longe


superior às histórias clássicas. Nós podemos ser gratos a Deus que, em Sua
providência, nos deu estas cópias. Você pode confiar: o que você tem lido no
seu Novo Testamento é uma representação 99.44 % autêntica do que foi
originalmente escrito.

Página 9 - Capítulo 1
CAPÍTULO SEIS
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

IMPLICAÇÕES DA RESSURREIÇÃO

Introdução

Nós sempre queremos ter em nossas mentes, enquanto estamos


estudando evidências cristãs históricas, qual é a proposição do nosso curso,
ou seja, a afirmação de que há abundantes evidências, provenientes de
fontes históricas, que são adequadas para provar que Jesus é o Filho de
Deus e que a Bíblia é a Palavra de Deus. Há uma abundância de evidências
em nossas mãos vindas do Novo Testamento histórico de que Jesus é tudo o
que Ele afirmou ser.

Nós já vimos que Jesus andou sobre as águas, transformou água em


vinho, curou os enfermos e ressuscitou os mortos. Mas há um outro evento
que ocorreu, o sinal supremo do cristianismo. Este evento é a ressurreição de
Página 1 - Capítulo 1
Jesus Cristo dentre os mortos. Se eu puder lhe mostrar que Cristo
ressuscitou, então as implicações desta ressurreição são que você pode
colocar sua mão esquerda sobre o livro de Gênesis, e sua mão direita sobre o
livro de Apocalipse e dizer: “eu creio em tudo o que a Bíblia diz.” Esta
afirmação pode ser feita porque a ressurreição é o sinal supremo da natureza
divina de Jesus.

Implicações se Jesus Não Houvesse Ressuscitado dos Mortos

Ele Não Estaria Vivo para nos Ressuscitar do Túmulo e o Cristianismo


Iria Desmoronar

O assunto sobre o qual queremos pensar agora são as implicações da


ressurreição. O que implica se Jesus ressuscitou? Vejamos primeiro o que
implica se Jesus não ressuscitou. Nós já vimos que os documentos
registraram para nós as obras maravilhosas que Jesus realizou. Mas, se
Jesus não ressuscitou dos mortos, então Ele não está vivo próximo a nós
para nos ressuscitar dos mortos. Isto é o que Paulo queria dizer em I Coríntios
15:17, quando ele disse: “E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda
permaneceis nos vossos pecados.” Obviamente isto é verdade. E assim, ele
afirmou no versículo 19: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a
esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.”

Isto fazia sentido para os Coríntios exatamente como faz para as


pessoas hoje em dia que estão sofrendo perseguição por causa de sua fé em
Jesus como o Filho de Deus. Se Jesus não tivesse ressuscitado, Ele não
poderia nos ressuscitar e assim, nós temos jogado fora a única vida que
dispomos. Estas são as implicações se Cristo não houvesse ressuscitado.

Implicações da Ressurreição de Cristo

Página 2 - Capítulo 1
A Proposição da Escritura

Vamos ver algumas implicações da ressurreição quanto à afirmação


que Jesus fez de ser o Messias e o Filho de Deus. A proposição das
Escrituras a respeito de Jesus é que Ele é o Cristo, o Filho de Deus (João
20:30-31). Quando nós dizemos que Jesus é o Cristo, o que isto significa? A
palavra “Cristo” é a tradução grega para a palavra hebraica Messias, que
significa o “ungido”. No Velho Testamento, havia afirmações de que viria um
Messias a quem Deus ungiria para ser o libertador de Israel. Quando Jesus
afirmou ser o Cristo, o que Ele afirmou foi ser o cumpridor de todas as
profecias messiânicas. Cristo também afirmou ser o Filho de Deus. O que isto
quer dizer é que Ele estava afirmando algo em relação à Sua natureza. Ele
afirmou ser divino e igual com o Pai em Sua natureza. Estas são as duas
afirmações básicas do Novo Testamento a respeito do Jesus histórico.

Vamos ver como a ressurreição implica ser Jesus o Messias, o Filho de


Deus, e que Ele, de fato, foi o Emanuel, Deus conosco. Se Cristo ressuscitou,
então Ele tem que ser algo mais do que um simples homem. A ressurreição é
a prova suprema da divindade, e, portanto, da confiabilidade de Suas
afirmações.

A Ressurreição de Jesus Prova Ser Verdadeira a Proposição


Página 3 - Capítulo 1
Vamos examinar as implicações da ressurreição quanto à afirmação de
Jesus ser o Messias. Os judeus vieram a Jesus e Lhe pediram um sinal. Ele
disse: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do
grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no
coração da terra.” (Mateus 12:38). Eles pediram um sinal e Ele lhes deu o
sinal da ressurreição dos mortos. O que Ele disse foi que o evento histórico de
Jonas na barriga do monstro marinho era análogo à Sua própria morte,
sepultamento e ressurreição.

Em João 2:18-22 nós vemos que Jesus purificou o templo.


Posteriormente, os judeus vêm a Ele e dizem: “...Que sinal nos mostras, para
fazeres estas coisas?” (João 2:18). Imediatamente, Ele disse: “Destruí este
santuário, e em três dias o reconstruirei” (João 2:19). João foi cuidadoso em
registrar a explicação que ouviu de Jesus quando afirmou que estava se
referindo ao santuário de Seu corpo. João então registrou no versículo 22
que, depois que Jesus ressuscitou dos mortos, Seus discípulos se lembraram
de que Ele fizera estas afirmações. Assim, eles pediram um sinal, e Jesus
apontou para a ressurreição como prova de que Ele era o Messias da
profecia.

Em Lucas 24:44-48 depois do relato da ressurreição, Jesus está falando


com os apóstolos. Ele disse: “...São estas as palavras que eu vos falei,
estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Então, lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: ‘Assim está
escrito...’” Ele interpreta o que está escrito no Velho Testamento. “... ‘o Cristo
havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu
nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as
nações, começando em Jerusalém.’” Ele então afirma no versículo 48: “Vós,”
os apóstolos, “sois testemunhas dessas coisas.” Jesus afirmou que as
Escrituras do Velho Testamento profetizaram que o Messias seria identificado
pelos eventos históricos de Sua crucificação, sepultamento, e ressurreição.
Desde que Jesus de Nazaré foi crucificado, sepultado e ressuscitado no
terceiro dia da maneira que as profecias do Velho Testamento afirmaram,
então Ele tinha que ser o Messias da profecia. A seguir, Ele afirmou que os
apóstolos tinham que se tornar testemunhas oculares do cumprimento dessas
profecias messiânicas do Velho Testamento.

Paulo faz uma afirmação a respeito da ressurreição e a natureza divina


Página 4 - Capítulo 1
de Jesus. Ele diz que Jesus foi declarado Filho de Deus com poder de acordo
com o Espírito de santidade pela ressurreição dos mortos (Romanos 1:4). As
implicações da ressurreição a respeito de Cristo como o Messias e o Filho de
Deus são conclusivas.

A Ressurreição Prova que a Bíblia é a Palavra de Deus

Vamos pensar sobre as implicações da ressurreição a respeito da


fidedignidade da Bíblia. A lógica não é difícil de seguir. Se Jesus ressuscitou,
então isto é prova suficiente de que Ele é o Filho de Deus. O Filho de Deus é
confiável, você pode confiar n'Ele para lhe dizer a verdade. Se Jesus
ressuscitou, Ele é Deus. O que Deus diz é verdade, e se Ele endossa o Velho
Testamento como a Palavra de Deus, então
é só uma questão de se você confia em
Cristo para lhe dizer a verdade. Se Jesus
endossa as escrituras do Velho Testamento
como fidedignas historicamente, então nós
temos as afirmações do próprio Deus de que
o Velho Testamento é fidedigno.

Se Cristo ressuscitou, isto prova que Ele é


Deus, e isto pode provar serem verdadeiras tais afirmações do Velho
Testamento, que algumas pessoas têm desafiado como Palavra de Deus.
Tome, por exemplo, os livros que Moisés escreveu: Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio. Muitas pessoas hoje em dia afirmam que estes
livros não são realmente a Palavra de Deus, mas em vez disso que eles estão
cheios de mitos. Mas Cristo deu crédito a estes livros como sendo totalmente
confiáveis, pois são a Palavra de Deus. Em Mateus 22, os Saduceus vieram a
Cristo. Eles não acreditavam na ressurreição dos mortos. Ele respondeu: “E,
quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou:
Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó?’ Ele não é
Deus de mortos, e sim de vivos.” (Mateus 22:31-32). Jesus citou Moisés com
exatidão em Êxodo 3:16. Ele então disse que Deus mesmo tinha falado a
Moisés note a frase: “...Deus vos declarou”. Assim, se Cristo ressuscitou, e
Ele ressuscitou, então Ele é Deus. Ele é totalmente fidedigno. Ele citou o livro
de Êxodo que Moisés escreveu e disse que o próprio Deus tinha falado a
Moisés. A questão aqui é: você confia em Cristo? Se Ele ressuscitou, então
Ele é fidedigno. Este é o assunto em pauta: se confiamos ou não em Cristo
para nos dizer a verdade.

Página 5 - Capítulo 1
Alguns gostariam de nos fazer crer que um grande número das histórias
do Velho Testamento não passam de lenda ou mito. Como ilustração, tome o
relato de Jonas sendo mantido vivo no ventre do peixe por três dias e três
noites. O registro de Mateus da resposta de Jesus aos fariseus, falando sobre
Sua ressurreição, mostra claramente que Jesus endossou a história de Jonas
como registro de um fato histórico. “Então, alguns escribas e fariseus
replicaram: ‘Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal.’ Ele, porém,
respondeu: ‘Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe
será dado, senão o do profeta Jonas. Porque assim como esteve Jonas três
dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará
três dias e três noites no coração da terra.’” (Mateus 12:38-40). Jesus disse:
“...assim como esteve Jonas... assim o Filho do Homem estará...” Se Cristo
ressuscitou, e Ele foi, então Ele é Deus. Em Deus nós podemos confiar.
Então, quando o Senhor disse: “...esteve Jonas...”, então Jonas esteve.

O liberal pode dizer: “Bem, eu não tenho dificuldade alguma em notar


que Jesus apelou a um mito para ilustrar um ponto espiritual.” Mas você não
encontra nada no texto que nos dê a idéia de que Jesus apelou para um mito.
Jesus disse: “...esteve Jonas...” Além disso, não há ponto espiritual aqui.
Jesus não está fazendo nenhum ponto espiritual. Ele simplesmente disse:
“Porque assim como esteve Jonas...”
literalmente e historicamente falando. Na
realidade, ele esteve no ventre de um peixe. A
palavra hebraica para peixe é dag. Esta
palavra é traduzida por peixe, não baleia. Nós
lemos que Jesus disse que este evento
ocorreu literalmente, e exatamente como o
evento ocorreu, “...assim estará o Filho do
Homem três dias e três noites no coração da
terra.” O que Jesus disse foi que a profecia de Jonas era uma profecia
histórica de sua própria morte histórica, sepultamento e ressurreição. Não há
ponto espiritual a ser feito, mas sim, um ponto histórico que precisa ser feito.
Se Cristo ressuscitou, então Ele é Deus. O que Deus diz é verdade, e quando
Ele disse que Jonas esteve, então, de fato, Jonas esteve, e Ele endossou a
profecia de Jonas como um registro do que literalmente ocorreu no tempo e
no espaço.

Página 6 - Capítulo 1
As pessoas hoje em dia tentam fazer da época de Noé e dos dias do
dilúvio um mito. Mas Cristo coloca Seu selo de aprovação sobre esta exata
parte da Escritura. Em Mateus 24, Jesus estava falando da destruição de
Jerusalém. Ele começou a dizer que quando os exércitos romanos
começassem a marchar em redor da cidade para destruí-la, os judeus
daquela época provavelmente estariam em incredulidade da mesma forma
como as pessoas da época de Noé estiveram. Em Mateus 24, Jesus estava
falando sobre a destruição de Jerusalém. Então Jesus disse nos versículos 37
a 39: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do
Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e
bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou
na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos,
assim será também a vinda do Filho do Homem.” Jesus Cristo fala acerca de
Noé como uma pessoa de verdade na história. Ele fala dos dias do dilúvio
como um evento histórico literal e sobre a arca como um navio marítimo
literal. Quanto a Jesus, este evento aconteceu como registrado em Gênesis
capítulo 6 a 9.

Você confia em Jesus para lhe contar a verdade? Se ressuscitou, então


Ele provou ser, de fato, o Filho de Deus.
Deus é confiável, e aqui Jesus Cristo está
citando Gênesis capítulos 6 a 9, nos quais
o registro que Moisés nos dá é de um
dilúvio mundial histórico, não uma
inundação local, mas um dilúvio mundial
porque todos os animais foram levados
para dentro da arca e foram, assim, preservados do dilúvio. Caso fosse uma
enchente local, os animais teriam simplesmente ido para um local mais alto e
enxuto. O que estamos vendo é que Jesus endossou a afirmação de Moisés
em Gênesis 6 a 9 como um registro do que literalmente aconteceu no espaço
e tempo históricos. Uma das coisas que os liberais fazem é dizer: “Bem, eu
não tenho dificuldade em ver quer Jesus apelou para um mito para ilustrar um
ponto espiritual.” Mas você não vê Jesus apelando para um mito. Não há
nada nesta afirmação que faça você acreditar que Ele apelou para um mito, e
não há nada no registro de Gênesis para fazer você pensar que Moisés
estava apelando a um mito.

Página 7 - Capítulo 1
Nós veremos que o registro de Gênesis não pode ser explicado como
mito. O liberalismo nega que Gênesis capítulos 1-3 sejam um registro do que
literalmente aconteceu. Este ponto de vista ocorre por causa da crença liberal
de que somos um produto aleatório de um processo evolucionário. Além
disso, o registro mosaico da origem humana contradiz a evolução.

Em Gênesis nós temos o relato das origens do universo, humanidade, família


e do pecado.

São afirmações verdadeiras ou apenas um mito?

Cristo ressuscitou dos mortos? Sua ressurreição é um fato histórico. Se Cristo


ressuscitou, então Ele é fidedigno. Ele disse a verdade. Em Mateus 19:3-6, os
judeus vieram a Jesus e Lhe perguntaram: “É
lícito ao marido repudiar a sua mulher por
qualquer motivo?” Jesus responde: “Não
tendes lido que o Criador; desde o princípio, os
fez homem e mulher ...” Cristo usou as exatas
palavras de Gênesis 1:27-28 onde é registrado
que Deus os fez homem e mulher desde o
princípio. Observe que aqui Jesus diz: “Não
tendes lido que o Criador; desde o princípio os
fez homem e mulher?” Quem os fez homem e mulher? Deus. Moisés
escreveu Gênesis capítulo 1, mas Jesus disse que foi Deus quem fez a
afirmação. E depois Ele diz: “Não tendes lido que o Criador; desde o princípio
os fez homem e mulher?” Ele a seguir diz: “Por esta causa deixará o homem
pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne.” Jesus fala sobre o
relato de Gênesis a respeito de Adão e Eva como um fato histórico literal.

Cristo cita Gênesis 2:23, quando Deus trouxe a mulher a Adão. Ele
disse: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-
se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.” Deus então disse: “Por isso,
deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne.” (Gênesis 2:24). Jesus diz que o que Moisés escreveu foi dito por
Deus. Agora, se Jesus ressuscitou dos mortos, então Ele é confiável quando
afirmou que os escritos de Moisés sobre a criação do homem e origem da
família eram uma afirmação literal do que aconteceu no espaço e tempo
históricos. Mateus 19:5 afirma que Jesus disse: “Por esta causa deixará o
homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só

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carne...”

Jesus apela para estes capítulos a fim de tirar uma conclusão dupla. Em
19:6, Ele diz: “De modo que ...” Você consegue ver esta conclusão? Ele
acabara de falar sobre o que Deus fez no princípio, como Ele fez o homem, a
mulher e a família. Ele então disse: “De modo que já não são mais dois,
porém uma só carne.” Como é que eu sei que Deus fez o homem, a mulher, e
que quando eles se casam eles podem se ajuntar e se tornar uma só carne?
Eu sei porque Cristo ressuscitou; Ele é totalmente confiável, e Ele acabou de
endossar o que Moisés disse como sendo fato histórico. Na base do registro
de Moisés sobre a origem do homem, mulher, e da família, Ele disse: “De
modo que já não são mais dois, porém uma só carne.” Jesus tirou sua
conclusão na base do que Moisés disse, portanto, endossando suas
afirmações como fato.

Jesus tira ainda uma outra conclusão em Mateus 19:6. Ele diz: “De
modo que ...” Quando você vê um “De modo que” esta expressão introduz o
resultado de algo redigido na parte anterior da sentença. Jesus, na base dos
escritos de Moisés, agora fala sobre Gênesis 2. Em Mateus 19:6, Ele afirma:
“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” Observe isto. “... o
que Deus ajuntou...” Quando o homem toma uma esposa para si, eles se
tornam um. Assim Jesus diz que eles são união de Deus. Onde Jesus obteve
a idéia de que o casamento era entre duas pessoas, entre um homem e uma
mulher por uma vida inteira até a morte? Jesus, sendo o Filho de Deus,
poderia ter simplesmente dito: “Aqui está o que eu vos estou dizendo.” Mas
Ele não fez isso. O que Ele fez foi citar Moisés. Ele citou a origem da família
de Moisés, e na base do que Moisés escreveu sobre o homem, a mulher, o
casamento e a família, Jesus disse: “Portanto, o que Deus ajuntou não o
separe o homem.” Jesus nos mostrou que o divórcio não é o que Deus quer
para qualquer casamento que já tenha sido juntado pelo Senhor e baseou
Sua resposta na veracidade dos escritos de Moisés sobre as origens.

Conclusão

A ressurreição de Cristo é um fato histórico. Ele é fidedigno? Nem é


preciso dizer. Se Cristo ressuscitou, então só Ele é confiável. Tendo em vista
que Ele citou o Velho Testamento como a Palavra de Deus, tirando dali os
Seus argumentos, sendo estes moralmente impostos aos cristãos até a ponto
de envolver seus relacionamentos matrimoniais, então nós podemos confiar
Página 9 - Capítulo 1
totalmente no que Ele tinha a dizer, e consequentemente na confiabilidade
das Escrituras.

Nos próximos capítulos futuros, nós vamos examinar os argumentos a


favor da ressurreição de Cristo. Nestes capítulos, tenha em mente estas
implicações.

Página 10 - Capítulo 1
CAPÍTULO SETE
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

A RESSURREIÇÃO DE JESUS (1):


O TÚMULO VAZIO

Introdução

Nossas lições anteriores nos prepararam para chegar neste ponto de


estudo, no qual apresentaremos as evidências a favor da ressurreição de
Jesus Cristo. Nada deve ser presumido; toda a nossa evidência vem do Novo
Testamento, porque ele é totalmente confiável para relatar os eventos
relativos à vida de Jesus Cristo assim como eles aconteceram.

Página 1 - Capítulo 1
Nós vamos começar nossa investigação em João 19, onde lemos sobre
a crucificação de Cristo e a preparação de Seu sepultamento. João 19:35 traz
uma afirmação maravilhosa: “Aquele que isto viu testificou, sendo verdadeiro
o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós
creiais.” João afirma ser o testemunho de uma testemunha ocular o que ele
está nos escrevendo. O que estamos lendo é história confiável. Cristo foi
crucificado, sepultado; e, no capítulo vinte, João nos oferece a evidência da
história a favor de Sua ressurreição.

O Túmulo Estava Aberto e Vazio

“No primeiro dia da semana, Maria


Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda
escuro, e viu que a pedra estava revolvida. Então,
correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro
discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: ‘Tiraram
do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o
puseram.’” (João 20:1-2).

Há duas afirmações que são muito claras. Primeira: no versículo um


nós vemos que o túmulo foi aberto; e segundo: no versículo 2, que o túmulo
está vazio. O corpo de Jesus se fora. Este fato histórico é aceito por um
historiador como Will Durant em seu livro César e Cristo, onde ele afirma que
depois da crucificação e sepultamento: “...as mulheres vieram ao túmulo no
terceiro dia. Elas o acharam vazio.” (DURANT, op. Cit., p.573). Onde Durant
obteve esta informação? Do mesmo exato local onde você e eu obtivemos, o
único lugar onde a informação se encontra: Mateus, Marcos, Lucas e João.
Não há outro testemunho. Durant está dizendo que o Novo Testamento é
confiável para relatar as afirmações e os eventos relativos a Cristo. Houve um
Nazareno, e Ele afirmou que seria crucificado, que ressuscitaria no terceiro
dia. Ele foi crucificado; o túmulo está vazio, e o túmulo está vazio exatamente
Página 2 - Capítulo 1
no terceiro dia. Isto é tão histórico e real
quanto pode ser.

Veja duas afirmações feitas em João


20:1-2. A mulher vem ao túmulo e vê
que a pedra havia sido revolvida. Esta
palavra “revolvida” significa que a pedra
que tampava a entrada havia sido tirada
da parede do túmulo. Mateus 28:1-2 deixa claro que um anjo veio e rolou a
pedra. Isto não significa que apenas a empurrou para cima uma curta
distância no sulco sobre o qual a pedra rolava, e a deixou encostada próxima
à entrada do túmulo. Esta é a maneira que algumas gravuras em literaturas
bíblicas infantis mostram, mas não representam a linguagem do texto. O que
o texto diz é que a pedra foi levada do túmulo. Mateus disse que quando um
anjo rolou a pedra ele sentou sobre ela, que está na horizontal, plana sobre o
chão, ela havia sido retirada, e o corpo já não estava no túmulo. O túmulo
estava completamente aberto, e o corpo de Cristo não estava mais ali. Estes
são fatos históricos.

Nós precisamos tratar uma questão aqui. Quem removeu o corpo de


Cristo? Quem abriu o túmulo? Isto teria que ser feito pelos homens ou por
Deus. Foram os amigos de Cristo, Seus discípulos, ou o túmulo foi aberto e
esvaziado por Seus inimigos: os romanos e judeus? Há pessoas que vão lhe
fazer afirmações e sugestões quanto a por que o túmulo estava vazio. Por
exemplo, quando alguém diz que os romanos ou os judeus vieram e
removeram o corpo de Jesus porque não queriam que o túmulo fosse
adorado, tais hipóteses não resistem à investigação, mas são desmentidas
pelos fatos que se apresentam neste caso.

Foram os Discípulos de Cristo?

Mateus, uma testemunha ocular,


registra para que havia uma guarda
posicionada junto ao túmulo para evitar
que qualquer pessoa removesse o corpo
de Jesus dali:

“No dia seguinte, que é o dia


depois da preparação,
reuniram-se os principais
Página 3 - Capítulo 1
sacerdotes e os fariseus e,
dirigindo-se a Pilatos, disseram-
lhe: ‘Senhor, lembramo-nos de
que aquele embusteiro,
enquanto vivia, disse: “Depois
de três dias ressuscitarei.”
Ordena, pois, que o sepulcro
seja guardado com segurança
até ao terceiro dia, para não
suceder que, vindo os discípulos, o roubem e depois digam ao
povo: “Ressuscitou dos mortos;” e será o último embuste pior do
que o primeiro.’ Disse-lhes Pilatos: ‘Aí tendes uma escolta; ide e
guardai o sepulcro como bem vos parecer.’ Indo eles montaram
guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta.”
(Mateus 27:62-66).

Pense sobre esta guarda romana, pois há muitas razões para entender
o quão importante esta guarda é. Uma das razões é dada em Mateus 28:11-
12, onde diz: “E, indo elas,” já depois do registro da ressurreição, “eis que
alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o
que sucedera. Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande
soma de dinheiro aos soldados,” Eis aí as autoridades judaicas dando
dinheiro a estes guardas. Para quê? “Recomendando-lhes que dissessem:
‘Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos.’”
(Mateus 28:13). Não é espantoso? Eles estão tendo que subornar estes
homens para dizerem que enquanto eles dormiam alguém veio e roubou o
corpo. Claro, há a persistente suspeita de que homens que estão dormindo
não sabem o que está se passando ao seu redor. Como eles saberiam que
alguém tinha vindo para roubar o corpo se eles estavam dormindo? Não
existem testemunhas oculares se estivessem dormindo. Você não acha que
se por acaso eles tivessem uma desculpa melhor, teriam dado?

Por que as autoridades judaicas deram dinheiro a estes guardas? Se


fossem judeus, não precisariam ser subornados. Seus superiores lhes teriam
passado uma ordem; e estes homens, estando sob autoridade, seriam
obrigados a obedecer. Esta guarda, muito provavelmente, não é judaica,
parece ter sido uma guarda romana para precisar ter sido subornada. Isto não
é tudo, nós descobriremos que o túmulo estava selado. Uma grande pedra
rolava por uma fenda, descendo para fechar a entrada do túmulo. O selo
colocado sobre aquela pedra não necessariamente estava fechando o túmulo

Página 4 - Capítulo 1
hermeticamente; em vez disso, é provável que duas tiras de couro, que se
cruzavam ao meio, foram fixadas aos lados ou à parede do túmulo; e a seguir
no cruzamento daquelas duas tiras, derramaram cera onde imprimiram o selo
de César, como que dizendo: “Quem se atrever a tocar neste selo estará
cometendo grave crime.” Este é o significado de Mateus 27:66: “Indo eles
montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta.” Uma
guarda foi posicionada junto ao túmulo. Josh McDowell, em seu livro As
evidências da ressurreição de Cristo comenta que poderia ter havido de
quatro a dezesseis guardas naquele túmulo. Isto certamente apresentaria
uma incrível resistência à qual um intruso teria que transpor a fim de obter o
corpo de Cristo. Não podemos precisar se havia quatro, oito, doze, ou
dezesseis guardas; o que sabemos é que todos estariam munidos do famoso
pique romano, uma grande haste tipo lança; como também de sua espada de
guerra no outro lado. Se quatro homens ficassem na frente daquele túmulo e
os outros quatro, oito, ou doze estivessem deitados para dormir um pouco, de
cabeça voltada para o interior do túmulo, assim eles vigiavam o túmulo se
revesando em turnos. Aquela guarda foi posta ali precisamente para evitar
que qualquer pessoa entrasse e roubasse o corpo.

Havia pelo menos três soldados ali, pois isto fica óbvio em Mateus
28:11: “E, indo elas, eis que alguns da guarda foram à cidade...” Agora, se há
“alguns da guarda,” então não temos todos os da guarda. Quando se fala de
alguns é lógico presumir que há no mínimo dois, e estes “alguns” não está se
referindo a todos. Há mais guardas. Teria que ter havido pelo menos mais um
guarda, o que totaliza no mínimo três guardas presentes no túmulo. Quem iria
enfrentar um soldado romano? Nós temos pelo menos três, talvez quatro, ou
dezesseis guardas. O que eu gostaria de saber é que homem decidiu ir ao
túmulo e levar o corpo de Jesus? Quem tomou a decisão de tentar passar
pela guarda, rolar a pedra, entrar no túmulo, tirar o corpo de Jesus e dar
sumiço nele, levando para algum lugar desconhecido só para pregar uma
peça nas pessoas? Quem arriscaria suas vidas para fazer isso? É mais fácil
crer na ressurreição do que acreditar que alguém tentaria passar por uma
guarda romana.

Foram os Inimigos de Cristo?

Tudo isto nos mostra a lógica dos judeus e romanos e sua cooperação
para se livrarem do cristianismo. Obviamente, eles queriam o corpo de Jesus
deixado no túmulo até o terceiro dia. Era de conhecimento comum que Jesus
havia pregado durante todo o Seu ministério que ressuscitaria ao terceiro dia.
Página 5 - Capítulo 1
O que eles queriam fazer era manter o corpo no túmulo até o terceiro dia. Se
eles pudessem manter o corpo bem seguro no túmulo, então no terceiro dia, o
dia anunciado por Jesus como sendo o de Sua ressurreição, eles reuniriam
todos os discípulos, retirariam a pedra violentamente, puxando o corpo para
fora e, chutando o corpo de Cristo exclamariam em alta voz: “aqui está o
Messias de vocês,” e o cristianismo, com um Cristo morto, jamais teria
decolado rumo ao Pentecostes.

Mas o corpo de Cristo não estava mais ali! O que aconteceu ao corpo
de Jesus se Ele não ressuscitou? Ninguém precisa ser louco para ser um
cristão. Nós precisamos é da evidência daquele túmulo no qual o Jesus
histórico esteve, túmulo que foi aberto, mas estava vazio. O corpo não estava
mais ali. Os amigos não poderiam removê-lo, pois uma guarda bem montada
estava ali. Os inimigos não teriam removido o corpo, pois tudo o que queriam
era que o corpo fosse mantido ali. Quem, senão Deus, abriu e esvaziou o
túmulo? Se Cristo ressuscitou, como o corpo de Jesus deixou o local? A
ressurreição é uma conclusão razoável, pois está inteiramente de acordo com
os fatos.

Os Lençóis de Linho que Foram Deixados no Túmulo

Uma outra evidência são os lençóis que foram deixados no túmulo. João
diz que depois de as mulheres haverem chegado e informado sobre o túmulo
vazio e aberto que: “Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.
Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que
Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de linho;
todavia, não entrou” (João 20:3-5). Observe ao que João chama a atenção:
abaixando-se, ele vê o interior do túmulo que está vazio. A propósito, deixe-
me fazer uma pergunta: por que o túmulo estava aberto? Foi para Jesus sair,
ou para as pessoas verem o seu interior e constatarem que estava, de fato,
vazio? A passagem afirma que João curvou o corpo diante do túmulo. Foi
exatamente isso que eu tive que fazer em 1966 quando visitei as terras
bíblicas. Eu observei escavações arqueológicas e um dos túmulos que havia
sido descoberto era bem próximo a um lugar que lhe faria lembrar do lugar da
caveira. Isto foi muito bem documentado, e para todos, o local que visitamos
batia com tudo o que nós lemos aqui. Para que eu pudesse ver o interior
daquele túmulo, tive que me curvar. Isto mostra a você o quão exata a sua
Bíblia é.

Página 6 - Capítulo 1
A Posição dos Lençóis de Linho

João diz que quando ele se abaixou e olhou para dentro, ele viu alguma
coisa. Mas o que ele viu? Os lençóis de linho nos quais Jesus fora envolto
para o sepultamento. Os lençóis estavam dispostos bem ali, mas ele não
entrou para examiná-los. João diz: “Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou
e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre
a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar
à parte. Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao
sepulcro, e viu, e creu.” (João 20:6-8). O que nós vemos aqui? Nós vemos
João dizendo duas vezes o que o impressionou e o que ele quer que nos
impressione também. Ele viu os lençóis ali dispostos.

Você já teve a impressão de que quando eles entraram no túmulo e


viram os panos mortuários ali colocados eles estivessem bem desarrumados?
Mas em vez disso, quando nós investigamos, nós verificamos que estavam
dispostos em um certo local, provavelmente em forma de casca tipo casulo
que provavelmente havia desmoronado no meio.

Costumes Funerários Judaicos

Se olharmos o documento histórico que é o evangelho de João


encontramos em 11:43-44 o relato da ressurreição de Lázaro; ele estivera
morto, e Jesus veio e disse: “Lázaro, vem para fora!” O registro diz que
Lázaro saiu tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto
num lenço. Então afirma-se que Jesus disse: “Desatai-o e deixai-o ir.” Quando
Jesus disse: “Lázaro, vem para fora!”, isto não queria dizer caminhar até a
entrada do túmulo e vir para fora. Lázaro não podia porque Jesus disse às
outras pessoas: “Desatai-o e deixai-o ir.” Quando Ele disse: “vem para
fora ...” Ele estava dizendo: “Eu vou trazer você de volta dos mortos,” e ele
trouxe. Então Ele disse: “Desatai-o...” Ele estava todo atado em panos
mortuários, e havia um lenço envolvendo sua cabeça. O que é significativo a
respeito disso?

Jesus Foi Sepultado de Acordo com os Costumes Judaicos


(João 19:39-40)

A importância é o costume funerário dos judeus. Se notarmos João


19:39-40, veremos que Jesus foi sepultado de acordo com este costume
judaico. No versículo 39, João escreve: “E também Nicodemos, aquele que

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anteriormente viera ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de
um composto de mirra e aloés.” Então, no versículo 40, afirma: “Tomaram,
pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de
uso entre os judeus na preparação para o sepulcro.” Cristo foi sepultado de
acordo com os costumes judaicos. Você pode querer ler II Crônicas 16:14 e
descobrir que reis eram sepultados com especiarias. Tabletes cuneiformes
dizem que até mesmo reis gentios eram sepultados com especiarias. Assim,
Cristo foi sepultado como um rei. Ele foi atado com tecidos mortuários. Eles O
envolveram dos dedos dos pés subindo até abaixo dos braços e então eles
atavam os braços juntos e, a seguir, envolveram um lenço em redor de Seu
rosto. Então eles O deitaram no túmulo. Estas especiarias eram derramadas
nas voltas dos tecidos de sepultamento. O que é encontrado no túmulo? O
relato de testemunha ocular que João fornece é que ele vai para dentro do
túmulo e vê os panos de linho lá dispostos. Eles não estavam desarrumados.
Eles estão exatamente do jeito que ficaram quando Jesus havia se
transportado para fora deles, tendo sido deixados vazios, eles foram talvez
desmoronados no meio, numa casca tipo casulo.

Quando diz: “e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não
estivera com os lençóis, mas deixado num lugar à parte.” (João 20:7),
provavelmente significa que depois que Jesus transportou-se para fora dos
panos mortuários Ele desenrolou o lenço de Sua cabeça, o dobrou
jeitosamente e colocou em um outro lugar para chamar a atenção para o
lenço.

Aqui está a questão a ser respondida: Quem roubou o corpo passando


pelos guardas romanos? Simplesmente não poderia ter sido feito! Quem rolou
a pedra sem os guardas jamais notarem? Não poderia ter sido feito! Quem
entrou no túmulo, desenrolou o corpo de Jesus e, depois, colocou o corpo de
lado e enrolou novamente os panos para fazer parecer que ninguém havia
mexido neles? Quem deu sumiço no corpo de Jesus para um lugar
desconhecido só para pregar uma peça? Quem é que arriscaria sua vida só
para pregar uma peça? Há apenas uma conclusão, e esta é que Jesus
ressuscitou dentre os mortos.

Outras Explicações para o Túmulo Vazio que Não a Ressurreição

Jesus Não Morreu na Cruz, Ele Meramente Desmaiou

Tem sido sugerido que Jesus não realmente morreu; que Ele
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meramente desmaiou na cruz, fazendo parecer que havia morrido, mas no frio
do túmulo, ressuscitou. Todavia cada um dos escritores dos evangelhos diz
que Ele morreu. O centurião do pelotão de execução entendia que Jesus tinha
morrido, e assim informou a Pilatos, este, por sua vez também achava que
Ele morreu e concedeu o corpo a José de Arimatéia que também achava a
mesma coisa, e com Nicodemos, preparou o corpo de Jesus para o
sepultamento (Marcos 15:42-46, João 19:38-42). Qualquer outra conclusão é
mera conjectura sem base nas evidências.

Se, todavia, Jesus não tivesse morrido, mas meramente desmaiado e


mais tarde houvesse acordado no túmulo, ainda existiria o problema não
explicado de como é que Ele foi embora dali. Como Ele sairia? Jesus havia
sido surrado, crucificado, uma espada transpassara o Seu corpo, perdeu
sangue e fluidos corporais, e foi envolvido em panos de sepultamento de uma
maneira que nenhum ser humano comum seria capaz de livrar-se sozinho (cf.
João 11:43-44), especialmente após tais lesões corporais. Como teria sido
possível sobreviver a tamanho dano físico? E, se de alguma maneira Ele
sobreviveu, como teria conseguido sair do túmulo? Como Ele poderia ter
rolado aquela pedra extraordinariamente grande após tamanho abuso físico e
se apresentar como figura saudável e inspirar uma visão de divindade
triunfante a Seus apóstolos? Um grande eco responde: “Como?” Tamanho
feito revelar-se-ia um milagre igual ao da ressurreição.

As Mulheres Foram ao Túmulo Errado

Os escritores dos evangelhos nos dizem que certas mulheres, que


tinham seguido a Jesus por todo o Seu ministério, vieram ungir o corpo no
terceiro dia e encontraram o túmulo vazio, e que quase imediatamente Jesus
apareceu a elas e lhes disse para relatar Sua ressurreição a Seus discípulos
(Mateus 28 28:1-10; Marcos 16:1-13; Lucas 23: 55-24:10; João 20:1-18). Tem
sido proposto que as mulheres foram ao túmulo errado e, o achando vazio,
concluíram que Jesus havia ressuscitado. Mas onde está a evidência de que
as mulheres foram ao túmulo errado? Não há nenhuma. É mera conjectura
sem fundamento. Ao mesmo tempo isto só aumenta o problema visto que as
mulheres encontraram panos mortuários no túmulo errado! Ainda parece que
alguém ressuscitou.

Página 9 - Capítulo 1
Os Apóstolos Chegaram Precipitadamente à Conclusão de Que Jesus
Havia Ressuscitado

Cada um dos escritores dos evangelhos nos diz que, no terceiro dia
após o sepultamento, o túmulo de Cristo foi encontrado vazio. O corpo de
Jesus não estava mais ali e os panos de sepultamento foram encontrados
deixados ao lado. A razão nos compele a perguntar, o que aconteceu ao
corpo de Cristo se Ele não ressuscitou? Têm sido formuladas suposições
afirmando que os discípulos chegaram ao túmulo e o encontrando vazio,
chegaram precipitadamente à conclusão de que Ele havia ressuscitado. Mas
este não é o caso. De fato, todos, exceto João, foram muito lentos para
acreditar; mesmo depois que ouviram o testemunho das mulheres de terem-
no visto vivo (Marcos 16:9-14; Lucas 23:55-24:12). Até mesmo Pedro não
acreditou imediatamente, mas partiu para sua casa, perguntando a si mesmo
sobre o que sucedera. Mais tarde, Jesus os censurou pela sua lentidão em
crer (Marcos 16:9-14).
Ninguém estava chegando a conclusões precipitadas.

Baseou-se a Ressurreição Numa Ideia Teológica Preconcebida?

A propósito, Não profetizou o Velho Testamento que o Messias


ressuscitaria no terceiro dia após Sua morte? Esta crença não iria ter levado
os seguidores de Jesus a concluir, a partir do túmulo vazio, que Jesus havia
ressuscitado? Talvez, se eles soubessem que o Velho Testamento fizera tais
profecias. Mas nenhum judeu entendia que o Velho Testamento continha tal
profecia até o dia de Pentecostes, quando Pedro começou a demonstrar no
Salmo 16:8-10 que a linguagem profética exigia uma ressurreição. Foi então
que eles entenderam esta verdade pela primeira vez. João tem o cuidado de
dizer que depois que Pedro observou o túmulo aberto e vazio e os panos
mortuários dentro que: “... ainda não tinham compreendido a Escritura, que
era necessário ressuscitar ele dentre os mortos.” (João 20:9). João acreditava
que Jesus havia ressuscitado na base da evidência do túmulo; não por causa
de qualquer profecia do Velho Testamento. Os apóstolos não estavam
enviesados teologicamente a partir de alguma Escritura do Velho Testamento
de que o Messias ressuscitaria dos mortos três dias após a crucificação. De
fato, depois de haver Jesus abertamente explicado aos apóstolos que Ele
seria preso, crucificado e ressuscitaria ao terceiro dia, Lucas claramente
afirma que: “Eles, porém, nada compreenderam acerca dessas coisas;”
(Lucas 18:34a).

Página 10 - Capítulo 1
O que João diz é: “aqui está a razão para minha crença: O túmulo
estava aberto e vazio no terceiro dia, os panos de sepultamento estavam
dentro dispostos em voltas; e o lenço, enrolado em um lugar à parte.” Esta
evidência aponta para apenas uma coisa que pode explicar a ausência do
corpo de Jesus: Ele havia ressuscitado dos mortos. Explicações alternativas
não podem responder adequadamente aos fatos como os temos.

Conclusão

A função da razão é julgar as evidências e tirar uma conclusão que


responde à asserção. Cristo afirmou ser o Filho de Deus. Os apóstolos
afirmaram ter visto Jesus Cristo vivo depois da crucificação e por quarenta
dias após Sua ressurreição, eles virtualmente viveram com Ele até que foi
levado para os céus à vista deles. O que a sua razão conclui a partir das
evidências? Que Cristo foi ressuscitado dos mortos é uma conclusão lógica.

Página 11 - Capítulo 1
CAPÍTULO OITO
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

A RESSURREIÇÃO DE JESUS (2):


A MUDANÇA EM PENTECOSTES

Introdução

Nesta lição sobre a ressurreição vamos pensar sobre uma mudança que
ocorreu nos apóstolos no dia do Pentecostes, uma mudança de proporções
tão extremas que processos naturais são totalmente inadequados para
explicar a sua causa. E, então, devido à natureza deste caso, veremos ser
razoável concluir que esta mudança foi produzida pelo próprio Espírito Santo.
Isto, por sua vez, vai trazer crédito sobre a ressurreição de Jesus.

Lembre-se que nossa evidência vem de documentos historicamente


confiáveis, o Novo Testamento, que nos apresenta fatos históricos. Ao

Página 1 - Capítulo 1
desenvolver este argumento em prol da ressurreição, chamado de “a
mudança em Pentecostes”, há cinco fatos a serem analisados.

A Promessa de Jesus Concernente ao Espírito Santo e aos Apóstolos

Fato Número Um: A Vinda do Espírito Santo como Prometido por Jesus

O fato número um é a missão do Espírito Santo que Jesus prometeu


que iria efetuar nos apóstolos. Em João 14:26, Jesus disse: “mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.”
Jesus está falando apenas aos apóstolos aqui. Em João 16:13, Jesus disse:
“quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade;
porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos
anunciará as coisas que hão de vir.”

Jesus diz que a missão do Espírito incluiria realizar três coisas sobre
eles.

Em primeiro lugar: o Espírito Santo deveria pôr sobre os apóstolos a


lembrança das coisas que Jesus dissera durante Seu ministério. Isto será
evidentemente um ato sobrenatural. Ele iria, miraculosamente, fazer com que
lembrassem de todas as coisas que Jesus dissera.

Em segundo lugar: o Espírito os ensinaria todas as coisas que eles ainda


não sabiam até aquele momento.

E, em terceiro lugar: o Espírito Santo iria até mesmo declarar aos apóstolos
coisas que aconteceriam no futuro. Por exemplo, o registro em II
Tessalonicenses sobre a rebelião, a grande apostasia da igreja, que, de fato,
veio a acontecer. Isto é obviamente um ato sobrenatural. Jesus diz que o
Espírito Santo vai pôr sobre as mentes e corações dos apóstolos um
conhecimento que eles não seriam capazes de receber de outro modo.

Página 2 - Capítulo 1
Fato Número dois: A Vinda do Espírito Era Condicional

Cristo pôs uma condição necessária sobre si mesmo, para o Espírito


Santo vir aos apóstolos. Ele diz em João 16:7: “Mas eu vos digo a verdade:
convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós
outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.” Cristo deixa abundantemente
claro que, antes da vinda do Espírito Santo, Ele teria que ascender de volta ao
lugar de onde veio. Para onde Ele estava indo? Em João 16:5 Ele disse:
“Mas, agora, eu vou para junto daquele que me enviou...” E no versículo 10
Ele diz: “... porque vou para o Pai,...” Jesus deixa claro que para o Espírito
Santo vir aos apóstolos fazer a obra que Jesus disse que Ele iria fazer, antes,
seria necessário que Jesus voltasse ao Pai.

Fato Número Três: Jesus Morreu no Calvário

Isto nos remete ao terceiro fato, a saber, que Jesus morreu. Qualquer
afirmação no sentido de Jesus ter sobrevivido à cruz para ir viver em outro
lugar não encontra evidência histórica que a apoie. Às vezes você pode ouvir
que Jesus sobreviveu à cruz e que Ele foi ao norte da Índia e viveu ali até os
seus oitenta e tantos anos de idade. Há um túmulo naquela região como
“prova” disso. Eles podem ter um túmulo, mas isto não prova que Jesus
esteve, ou esteja dentro dele. Os japoneses têm algo parecido. Eles dizem
que no verdadeiro túmulo de Cristo está no norte do Japão, mas nós não
temos evidência de natureza alguma que Jesus Cristo não morreu na cruz. De
fato, precisamos notar que Mateus, João, Pedro e Tiago, todos disseram que
Ele morreu. Estes homens foram testemunhas oculares. Marcos disse que
Jesus morreu. Lucas, que obteve suas informações dos apóstolos, disse que
Ele morreu. Em Marcos 15, o autor do segundo evangelho registra muito
cuidadosamente que quando José de Arimatéia veio pegar o corpo de Jesus,
Pilatos chamou o centurião do pelotão de execução e ficou sabendo dele que
Jesus estava morto. O centurião estava convencido disso porque colocou sua

Página 3 - Capítulo 1
lança no lado de Jesus e o documento histórico diz que dali saíram sangue e
água. Jesus morreu. Os escritores dos evangelhos estavam convencidos de
que Ele havia morrido. Pilatos estava convencido de que Ele tinha morrido.
José de Arimatéia e Nicodemos, que ajudaram a prepará-lo para o
sepultamento, estavam totalmente persuadidos de que Ele morrera. Não
deixe alguém vir hoje em dia como hindus ou muçulmanos lhe dizer que
Jesus sobreviveu à cruz e viveu Sua vida em algum outro lugar. Isto é
completamente contrário a todos os fatos que possuímos. Não há evidência
que negue a morte de Jesus.

É neste ponto que realmente tomamos conhecimento da força deste


argumento, isto é, a mudança que ocorreu no Pentecostes. Jesus havia dito
que o Espírito Santo estava para vir e, sobrenaturalmente, pôr conhecimento
sobre a mente dos apóstolos. Jesus, todavia, disse que para o Espírito vir, Ele
primeiramente tinha que voltar ao Pai. Mas como isto é possível se Jesus
sofreu a morte na cruz e foi sepultado num túmulo? Ele morreu de fato, assim,
se Jesus voltar para o Pai a fim de enviar o Espírito Santo, então é necessário
que tenha ressuscitado.

O que precisamos para provar que Jesus ressuscitou? Só precisamos


provar que o Espírito Santo fez aos apóstolos exatamente o que Jesus disse
que faria. Ele efetuou a mudança que estava para ocorrer nos apóstolos. Se,
então, esta mudança aconteceu pelo Espírito, então é conclusivo – Ele, que
morreu, ressuscitou a fim de voltar ao Pai e enviar o Espírito.

Fato Número Quatro: O Conceito Judaico (dos apóstolos) do Messias e


Seu Reino Antes do Pentecostes

Isto nos traz ao fato número quatro. É necessário que estudemos aqui o
estado dos apóstolos antes do dia de Pentecostes. É no dia de Pentecostes,
apenas cinquenta dias depois da ressurreição de Cristo, que a Sua igreja teve
início com a pregação dos apóstolos. Notemos o estado dos apóstolos antes
do dia de Pentecostes.

Primeiro: a condição deles teologicamente, enquanto militantes


nacionalistas, dava-lhes a ideia de que o reino de Deus era algo de caráter
nacionalista, confinado aos judeus. Eles nutriam o pensamento de que o reino
de Deus sobre o qual Jesus falava iria ser banhado no esplendor salomônico
novamente. Acreditavam que as fronteiras seriam geográficas; e as bênçãos,
físicas. Eles eram teologicamente nacionalistas em sua interpretação do
Página 4 - Capítulo 1
Velho Testamento quanto ao reino messiânico. Isto fica evidente em
passagens como Marcos 10:35-38: “Então, se aproximaram dele Tiago e
João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: ‘Mestre, queremos que nos concedas o
que te vamos pedir.’ E ele lhes perguntou: ‘Que quereis que vos faça?’
Responderam-lhe: ‘Permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua
direita e outro à tua esquerda.’” Jesus então respondeu-lhes de acordo com o
entendimento deles no versículo 38. Ele disse: “Não sabeis o que pedis...”
Eles não entendiam a natureza do reino, não entendiam que era de natureza
espiritual e estavam realmente tentando ficar numa posição de autoridade no
reino de Deus. Eles não entendiam a natureza do reino teologicamente e não
viam as coisas como Jesus.

Em Mateus 16:13-20, Jesus chegou às regiões de Cesaréia de Filipe, e


perguntou a Seus discípulos: “...‘ Quem diz o povo ser o Filho do Homem?’”
Qual era a impressão deles? Eles começaram a dizer que Ele era como um
dos grandes profetas. Mas Pedro respondeu: “...‘Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo.’” Esta afirmação estava certa. Mas, então Jesus disse algo muito
estranho. No versículo 20, Jesus lhes fala para não dizerem a ninguém que
Ele era o Cristo. Ele tinha acabado de perguntar: “Quem diz o povo ser o Filho
do Homem?” E Pedro disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” E então
Ele disse: “Não o digam a ninguém.”

Você pode perguntar a si mesmo por que Ele perguntou-lhes quem Ele
era, para apenas se voltar e dizer: “mas não digam a ninguém”. Foi porque
eles não entendiam a natureza do reino de Deus. Isto foi o motivo em João
16:12, que Jesus disse: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o
podeis suportar agora.” Ele a seguir disse no versículo 13: “quando vier,
porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade.” O que eles
não entendiam? Eles não entendiam a natureza do reino. Em João 18:36,
Jesus disse a Pilatos: “...‘O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino
fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que
não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.’” Não
era um tipo de rebelião militar, uma insurreição, nem algo parecido com isso.

Em Mateus 16:21, depois que Pedro confessou ser Jesus o Cristo, o


Filho de Deus e Jesus tinha dito: “Não digam a ninguém”, imediatamente no
versículo 21 Ele diz que tem que ir a Jerusalém, e lá Ele sofreria nas mãos
dos escribas, dos fariseus, dos principais sacerdotes e seria morto.
Imediatamente o apóstolo Pedro intervém e diz: “...‘Tem compaixão de ti,
Senhor; isso de modo algum te acontecerá.’” Pedro era leal. Ele acreditava
Página 5 - Capítulo 1
em seu Senhor. Ele o amava docemente. E o que ele disse foi: “Eu sou seu
amigo, e eu vou provar. Eles não vão lhe pegar sem passarem por cima do
meu cadáver.” Isto é lealdade. Isto é amor, e deve ser valorizado. Mas Jesus
respondeu no versículo 23 dizendo: “...‘Arreda, Satanás! Tu és para mim
pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos
homens.’” Eu imagino que isto foi como que um golpe para Pedro. Ele tinha
acabado de prometer sua vida para Cristo, e Jesus diz: “...‘Arreda, Satanás!
não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens.’” Pedro não
entendeu. Os discípulos não entenderam. Teologicamente, estes homens
simplesmente não entendiam a natureza do reino de Deus. Teologicamente,
eram nacionalistas.

Segundo: qual era o estado intelectual deles? É interessante que


notemos que certamente eles eram certamente vagarosos de percepção. Eles
não tinham a perspicácia que Jesus esperava que tivessem. Em Mateus 16:5-
12, Jesus disse: “...acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.”
Imediatamente, os discípulos começaram a discutir entre si sobre pão comum.
Jesus disse no versículo 9-11:

“Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco
mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os
quatro mil e quantos cestos tomastes? Como não compreendeis que não
vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos
fariseus e dos saduceus.”

Jesus estava falando sobre estarem precavidos contra o fermento dos


fariseus. Mateus então registra que eles finalmente conseguiram compreender
que Jesus lhes estava falando sobre a doutrina e ensino dos fariseus que iria
atuar como fermento entre o povo (Mateus 16:12). Eles eram simplesmente
lentos de percepção neste momento.

Terceiro: vejamos o estado deles posicionalmente. Antes do dia de


Pentecostes, os apóstolos se encontravam num estado de tensão. Lembre-se
que eles estavam pedindo para se assentarem à direita e esquerda de Jesus.
Marcos registra em Marcos 10:35-45, que quando o restante dos discípulos
ficaram sabendo disso, ficaram indignados com estes que pediram assentos
privilegiados, mostrando que havia tensão, até mesmo divisão entre eles. Em
Lucas 22:24, à sombra da cruz de Jesus Cristo, estes homens estavam de
verdade competindo uns com os outros sobre quem é o maior no reino de
Deus. Aqui, eles estão manobrando para se colocar em posição como num
Página 6 - Capítulo 1
jóquei; à direita, à esquerda, quem é o maior? Aqui estão homens divididos
entre si antes do dia de Pentecostes.

Quarto: vejamos o seu estado emocionalmente ou psicológico. Em


Marcos 14:27 diz: “Todos vós vos escandalizareis, porque está escrito: ‘Ferirei
o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.’ Mas depois da minha ressurreição,
irei adiante de vós para a Galiléia.” Qual é a condição desses homens antes
do Pentecostes? Eles estão amedrontados. Eles estão morrendo de medo.
Embora compreensível, o fato deixado bastante claro em João 20:19, é que,
depois da crucificação, estes homens estavam se escondendo por detrás de
portas trancadas por medo dos judeus.

Conclusão

Eis aqui a condição dos apóstolos antes do dia de Pentecostes.


Teologicamente eram militantes nacionalistas interpretando a profecia do
Velho Testamento como zelotes interpretariam. Eles estavam prontos para
pegarem suas lanças, arcos e flechas e seguirem este Nazareno para
lançarem de seu pescoço o jugo romano. Intelectualmente eles eram bastante
lentos, não perspicazes. Posicionalmente eles estavam divididos, e
psicologicamente estes homens estavam simplesmente amedrontados. Esta
era a sua condição real. O que, então, causou tal mudança neles?

Note cuidadosamente o fato número cinco. Os apóstolos mudaram no


dia de Pentecostes, e esta mudança foi drástica. Perceba quão extrema esta
mudança chegou a ser. Em Atos 2, estes homens imediatamente começaram
a pregar Cristo crucificado, sepultado e ressuscitado. Estes homens
começaram a pregar um evangelho redentor. Eles estavam pregando a
remissão de pecados. Eles estavam pregando que a igreja de Cristo é a
resposta para as profecias do Velho Testamento falando sobre a vinda do
reino de Deus. Estes homens têm sua teologia drasticamente mudada de um
nacionalismo judaico a um conceito mundial que abrangeria os gentios
Página 7 - Capítulo 1
igualmente com os judeus no herdarem o reino de Deus.

O que produziu esta mudança em sua teologia? Intelectualmente eles


eram lentos em percepção, mas agora eles são tão vivos e perceptivos
quanto podem ser. Eles são instruídos sobre tudo que eles falam ao povo.
Eles são instruídos sobre Jesus, sobre a profecia do Velho Testamento e
sobre a igreja. Você faz uma pergunta a eles; e eles lhe dão uma resposta na
ponta da língua. Todos eles estão de acordo uns com os outros. De onde este
conhecimento maravilhoso veio? Há uma demonstração de conhecimento tão
notável quanto tudo que podemos encontrar no livro de história. Em Atos 2,
quando o Espírito veio sobre os apóstolos no Pentecostes, eles começaram a
falar pelo guiar do Espírito exatamente como Jesus disse que eles fariam.
Atos 2:5, “Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos,
vindos de todas as nações debaixo do céu.” O texto diz que quando eles
ouviram o som que acompanhou a vinda do Espírito, as pessoas ficaram
confusas, como o versículo 6 afirma: “Quando, pois, se fez ouvir aquela voz,
afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os
ouvia falar na sua própria língua.” O versículo 7 diz que eles estavam todos
atônitos e maravilhados dizendo: “... ‘Não são, porventura, galileus todos
esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa
própria língua materna?” Eles ficaram perplexos que estes galileus pudessem
falar-lhes em seus próprios dialetos, em sua própria língua materna. Estas
pessoas no dia de Pentecostes estão pasmas com o que estes homens estão
fazendo. Eles são galileus, e eles não mostram nenhum sinal de qualquer
dificuldade de comunicação absolutamente. O povo diz no versículo 11: “... os
ouvimos falar em nossas próprias línguas as grandezas de Deus!”

De onde veio esta capacidade de falar em línguas? De onde eles


obtiveram o conhecimento se não foi feito exatamente como Jesus dissera
que seria feito, pelo Espírito Santo pondo o conhecimento sobre a mente
desses homens? O fato é que eles tinham esta habilidade. Você acha que

Página 8 - Capítulo 1
Lucas inventou a história, e a seguir, foi capaz de passar isto para uma igreja
que soubesse que estas coisas não aconteceram e, mesmo assim, a igreja
guardou o livro sob intensa perseguição? Você não pode esperar isso da
natureza humana. A igreja do primeiro século guardou estes documentos
porque sabia que representavam a verdade. De onde, então, este
conhecimento e capacidade de falar em línguas vieram se não do Espírito
Santo? Em um momento eles estavam posicionalmente e intencionalmente
divididos, mas agora eles estão completamente unidos. Eles não estão
apenas unidos em irmandade, mas eles estão unidos em doutrina.

Quem foi que, entre o momento da morte de Jesus e o dia de


Pentecostes, pegou o conjunto de ensinos do Velho Testamento com o
sistema sacrificial e colocou uma salvação redentora eclesiástica nesse
conjunto? Isto era contrário a tudo o que eles haviam tipicamente acreditado
outrora em seu nacionalismo. Quem foi que converteu cada um desses
apóstolos à idéia de que esta era a única interpretação correta? Como todos
eles tiveram a capacidade de comunicar esta doutrina como se eles tivessem
crescido nela? Isto é fantástico! De fato, a única resposta à qual eu posso
chegar é que tal unidade de entendimento, tal unidade de doutrina, poderia ter
sido produzida apenas por um feito sobrenatural. Mas isso não é exatamente
o que Jesus disse que iria ocorrer?

Finalmente, nós vemos que psicológica e emocionalmente, estes


homens estavam com medo. Mas no Pentecostes nós vemos que estes
homens estão destemidos. Um dos termos favoritos de Lucas no livro de Atos
é que a intrepidez destes homens foi notada por todos que os viram e
ouviram. Em Atos 4:13, quando Pedro e João falaram, o povo que ouvia ficou
admirado com a intrepidez desses apóstolos. Eles reconheceram o fato de
que aqueles homem tinham estado com Jesus. Estes homens estavam
destemidos, a ponto de sofrerem a morte. Isto é um fato histórico.

Veja a mudança que ocorreu com estes homens no Pentecostes. Veja a


mudança do seu estado anterior em relação ao estado em que se
encontravam no dia de Pentecostes. Aproximadamente sete semanas
separam a morte de Cristo do dia de Pentecostes. O que causou esta
mudança dinâmica a se verificar? A Bíblia afirma que foi o Espírito Santo. Não
foi isso o que Jesus disse que o Espírito faria? Sim, foi. Isto é exatamente o
que Lucas afirma que aconteceu. Ele diz, em Atos 2, que no dia de
Pentecostes todos os apóstolos estavam juntos. A seguir, ele afirma que o
Espírito veio e eles começaram a falar como o Espírito lhes concedia que
Página 9 - Capítulo 1
falassem.

Lucas afirma que foi o Espírito que causou esta mudança. Paulo em I
Coríntios 2, e em Efésios 3 faz a mesma afirmação. I Pedro 1 e II Pedro 1
trazem a mesma afirmação. João 2 faz a mesma afirmação. Lucas e os
apóstolos estão em completo acordo que o Espírito Santo produziu a
mudança no Pentecostes. Se, contudo, aquela mudança foi produzida pelo
Espírito Santo, então Jesus tinha que ter ressuscitado! Jesus disse que a fim
do Espírito vir, Ele teria que subir de volta ao Pai. De outro modo, o Espírito
não viria. Mas Jesus foi crucificado e morto, como, então, Ele seria capaz de
voltar ao Pai e enviar o Espírito a menos que houvesse ressuscitado? A
mudança em Pentecostes é por causa da ressurreição de Cristo, Sua
ascensão de volta aos céus, e o Seu envio do Espírito Santo. Se nós não
aceitamos isto, então o que vamos ter que aceitar é o fato da mudança,
porque ninguém nega que ela aconteceu.

Natural ou Sobrenatural?

Quais são os processos naturais absolutamente essenciais para tal


mudança ocorrer em tais homens num intervalo de tempo tão curto? Como
professor há vinte e sete anos, eu conheço as duas coisas necessárias:
tempo e educação. É absolutamente essencial que o processo educacional
aconteça. Tal mudança pode ocorrer naturalmente, mas ela não pode ocorrer
num período de tempo tão curto como a que aconteceu no Pentecostes. É
impossível. Nós não temos razão para acreditar que os apóstolos mudaram
em qualquer coisa absolutamente, até o dia exato do Pentecostes. O que nós
somos informados é que a mudança ocorreu imediatamente. Cinquenta dias
não é tempo o bastante para produzir aquele tipo de mudança em mim ou em
você. Ela simplesmente não vai acontecer.

Quem teria sido o educador daqueles homens? Quem os uniu? Quem


os teria unido doutrinariamente? Quem os teria convencido senão Jesus? Mas
Jesus estava morto. Assim, se não foi Cristo, e se não foi o Espírito, então
quem os educou? Isto não pode ser respondido, pois ninguém mais tinha este
conceito do reino, exceto Jesus e o Espírito Santo de Deus. A única
conclusão à qual podemos chegar é que aquele processo natural
simplesmente não é a resposta, pois não é adequado para responder os fatos
no caso da mudança dinâmica, radical e extrema que aconteceu com os
apóstolos no dia de Pentecostes. Desde que processos naturais de tempo e
educação não podem explicar a mudança, eu devo concluir que a mudança
Página 10 - Capítulo 1
foi produzida por um processo sobrenatural. O Espírito veio de fato, e Ele foi
quem efetuou a mudança. Jesus disse que Ele iria efetuar a mudança, e
Lucas disse que Ele efetuou. Os apóstolos insistiram que foi isso o que
aconteceu. Eu estou completamente persuadido disso. Mas, se o Espírito
veio, então Jesus, que foi crucificado, tinha que ter ressuscitado e voltar ao
Pai, a fim de enviar o Espírito. Se não é o que aconteceu, então como é que a
mudança aconteceu? O que diz a razão?

Página 11 - Capítulo 1
CAPÍTULO NOVE
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS
A RESSURREIÇÃO DE JESUS (3):
O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS
Introdução

Nesta lição, vamos estudar o testemunho dos apóstolos como uma


prova da ressurreição de Jesus. Em Lucas capítulo 24, depois do relato da
morte, sepultamento e ressurreição, Jesus se dirige aos apóstolos no
momento de Sua ascensão. Lucas escreve em Lucas 24:44-48:

“A seguir, Jesus lhes disse: ‘São estas as palavras que eu vos falei,
estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.’ Então, lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: ‘Assim
está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos
no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para
remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós
sois testemunhas destas coisas. Eis que envio sobre vós a promessa de
meu Pai; permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos
de poder.’”

Embora eles não entenderam isso na hora, eles foram testemunhas do


que havia sido profetizado no Velho Testamento do que aconteceria ao

Página 1 - Capítulo 1
Messias. Ele morreria, estaria no túmulo, e no terceiro dia ressuscitaria.

Jesus morreu na cruz como fora predito, e no terceiro dia, ressuscitou. Os


apóstolos, como testemunhas desses eventos, viram o cumprimento da
profecia do Velho Testamento. Agora, no dia de Pentecostes, estes homens
começam a testificar que Jesus Cristo é, de fato, o Cristo da profecia.

Eles pregaram aos judeus que Jesus é o Messias e provaram isto


satisfatoriamente com o próprio testemunho deles. No final de sua pregação,
3.000 pessoas foram batizadas para o perdão de seus pecados, para a sua
salvação, entraram na igreja e no reino de Deus.

A igreja e o cristianismo começaram, na base do testemunho dos apóstolos.

O que nós queremos fazer nesta lição é vermos que o testemunho apostólico
é uma das grandes provas em favor da ressurreição de Jesus.

Estes homens levaram seu testemunho adiante desde o Pentecostes, indo


pelo mundo inteiro com a mensagem da ressurreição onde fosse crida quer
por judeus, quer por gentios.

Qual a força em favor da ressurreição que vem do testemunho dos apóstolos?

O Conceito Denominacional de Testemunho

Antes que nós apresentemos as evidências da ressurreição por meio do


testemunho dos apóstolos, nós queremos ver que há uma grande distinção
entre o testemunho apostólico, o tipo de testemunho que lemos na Bíblia, e o
testemunho ao qual as pessoas afirmam dar hoje em dia.

Há pessoas hoje que vão dizer a você que elas vão dar um “testemunho
de Jesus”. O que elas provavelmente querem dizer, com toda boa intenção é
que Jesus fez algo por elas recentemente. Elas não querem dizer que vão dar
testemunho do que Jesus fez há 2.000 anos atrás como você pode ler na
Bíblia. O que elas estão dizendo é: “Eu estava doente, orei a Jesus e Ele me
curou. Sou uma prova viva de que Jesus é o Senhor.” Bem, agora como
sabemos que Jesus nos curou? Alguém diz: “O que há de errado nisso? Se
você pedir a Jesus para lhe curar e você fosse curado, você não acreditaria?”
Sim, mas eu acredito porque o Novo Testamento afirma que é assim, não
porque tive uma experiência.
Quando trabalhamos sob a lógica do testemunho que pessoas alegam
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dar hoje em dia, pondere sobre esta cena: lá vem uma doce garota católica, e
ela diz: “Ah, eu estava doente, fui diagnosticada como tendo câncer e tinha
seis semanas de vida. Orei a Maria, e ela me curou. Sou uma prova viva de
que Maria pode lhe curar também.”
Agora, - você acredita que Maria pode curar as pessoas?
A Bíblia não ensina isso absolutamente.
Quando ela conclui, lá vem um garotinho muçulmano, e ele diz: “Ouça,
eu era amarrado em haxixe. Eu era amarrado nesta coisa terrível. Eu não
conseguia escapar disso. Assim, fui aos sacerdotes hindus, eles oraram para
o deus macaco ou a Shiva, ou para os outros 30 milhões de deuses hindus.
Fui curado e liberto. Sou uma prova viva de que o hinduísmo é a religião
verdadeira.”
- Você acredita nisso?
Então lá vem um muçulmano que diz: “Eu estava doente e não podia
ser curado, assim fui para um dos sacerdotes muçulmanos e ele me levou a
um canto e me mostrou o Alcorão. Orou a Alá, ele me curou e agora sou uma
prova viva de que o Islã é a religião verdadeira para o homem nos dias de
hoje.” Agora, se isto funciona para o cristianismo, por que não funcionaria
para o paganismo? Nós veremos que a ideia moderna de testemunhar não
corresponde à ideia bíblica de testemunhar.

A Ideia Bíblica de Testemunho

O nosso objetivo agora é notar que este testemunho é confinado a um


grupo seleto de homens, a saber, os apóstolos. Em João 15:26-27, Jesus está
preparando os apóstolos para a grande obra que o Espírito iria levá-los a
fazer. Ele disse: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da
parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho
de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o
princípio.”

Notam-se duas coisas aqui.

Primeiro: quando o Espírito viesse, os apóstolos iriam dar testemunho porque


estavam com Jesus “desde o início.” O que “início” Jesus estava se referindo?
Nós veremos em breve.

Em segundo lugar: Em João 17, Jesus estava orando pelos apóstolos. No


versículo 20, Ele começa a orar por todos os crentes. Ele diz: “Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por

Página 3 - Capítulo 1
intermédio da sua [dos apóstolos] palavra; ...” Ele deixa claro que o
testemunho dos apóstolos é a base de nossa fé. Por quê? Eles eram
testemunhas oculares e tinham estado com Jesus desde o início, o
acompanhando ao longo da totalidade de Seu ministério. Eles o viram morto,
e a seguir, o viram vivo ao terceiro dia, Eles o tocaram e andaram com Jesus.
Viveram com Ele e o assistiram subir aos céus. Esses homens seriam
capazes de testemunhar em favor do que tinham visto? Obviamente que sim!
É isto o que é ser uma testemunha. É alguém que tem visto ou ouvido algo.
Você e eu não somos testemunhas de Jesus! Nós não O vimos, e assim, nós
não podemos testemunhar em favor de Cristo. Nossa tarefa é apresentar o
testemunho de testemunhas oculares.

Em Atos 10:39-41, o apóstolo Pedro é enviado a Cornélio, o centurião


romano, a fim de convertê-lo. Ele dá testemunho em favor do que viu como
testemunha. Ele diz: “e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra
dos judeus e em Jerusalém; ao qual também tiraram a vida, pendurando-o
num madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia e concedeu que fosse
manifesto, não a todo o povo, mas às testemunhas que foram anteriormente
escolhidas por Deus,... ” agora veja Pedro identificar quem estas testemunhas
eram. Ele disse: “‘isto é, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que
ressurgiu dentre os mortos;” Ninguém hoje em dia pode dizer que viveu com
Jesus. Eles não podem dizer que O viram morto e, mais tarde, viram-no vivo a
fim de mostrar que tinha ressuscitado. Quem viu Jesus ressuscitar? Ninguém!
Mas eles estiveram com Jesus; eles o viram morto, e eles afirmam o ter visto
vivo ao terceiro dia. Portanto, eles podem testemunhar que este que morreu e
agora está vivo, ressuscitou. Esta é a lógica.

Os apóstolos estiveram com Jesus pelos três anos e meio do Seu


ministério. Durante esta época eles o ficaram conhecendo, assim, eles seriam
capazes de identificar Aquele com quem eles comeram e beberam depois que
ressuscitou.
Há uma afirmação em Atos 10:42 muito interessante. Pedro faz uma
distinção entre testemunhar, ou testificar, e pregar. Ele diz que Deus os
encarregou de pregar ao povo e testificar que este é quem Deus ordenara
juiz dos vivos e dos mortos. Isto faz uma distinção muito clara entre a
pregação (eu posso pregar; você pode pregar), e o testemunho que está
confinado às testemunhas oculares que nos estão dando este relato. O
apóstolo Paulo está em completo acordo com isto.
Em Atos 13:30-31, o apóstolo Paulo está pregando o evangelho, e ele
chega a este mesmo ponto da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
Página 4 - Capítulo 1
Ele oferece a evidência para as pessoas às quais ele está pregando. Ele diz:
“Mas Deus o ressuscitou dentre os mortos; e foi visto muitos dias pelos que,
com ele, subiram da Galiléia para Jerusalém, os quais são agora as suas
testemunhas perante o povo.” Até mesmo o apóstolo Paulo se excluiu deste
grupo particular. Paulo, como veremos mais tarde, deu o testemunho de sua
experiência com Cristo. Aqui, ele está chamando o povo a ver o testemunho
que os apóstolos podiam dar, porque haviam sido parte do que ocorrera.
Agora ele diz que os apóstolos são aquelas testemunhas que com Jesus
subiram da Galiléia a Jerusalém. “Eles”, disse Paulo, “são agora Suas
testemunhas”. Você é capaz de ver que o testemunho está confinado a um
grupo seleto de homens, a saber, os apóstolos, aqueles que foram escolhidos
antes?

Se você quer saber quem foram estes escolhidos anteriormente,


simplesmente leia Atos 1:1-3, onde Lucas inicia o seu segundo volume a
Teófilo e diz:

“Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus


começou a fazer e a ensinar até ao dia em que, depois de haver dado
mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que
escolhera, foi elevado às alturas. A estes também, depois de ter
padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis,
aparecendo-lhes durante quarenta dias e quarenta noites e falando das
coisas concernentes ao reino de Deus.”

Nem todos do povo eram testemunhas, mas apenas aqueles que Ele
escolhera anteriormente para serem testemunhas. Agora, quem eram estas
testemunhas? Eram aqueles que estiveram com Ele desde o início. O que é o
início? Nós veremos quando investigarmos as qualificações de uma
testemunha.

Há pelo menos duas qualificações que as pessoas hoje em dia não


preenchem. Nós lembramos que em João 15:26-27, Jesus disse que quando
o Espírito viesse, os apóstolos dariam testemunho. Isto significa obviamente
que o Espírito os guiaria em seu testemunho. Ele então disse: “... porque
estais comigo desde o princípio.”
Em Atos 1:21-22, encontramos o relato de como Pedro e o restante dos
apóstolos reservam um momento para nomear um homem que tomaria o
lugar de Judas Iscariotes. Há dois homens que preenchem as qualificações
descritas nos versículos 21 e 22. Pedro diz: “É necessário, pois, que, dos
Página 5 - Capítulo 1
homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou
entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi
levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua
ressurreição.” Você tem dois pontos aqui.

Primeiro: você viu o que é o início – é desde os dias do batismo de João.


Depois que o ministério de Jesus teve início no batismo de João, então os
homens que seriam testemunhas oculares tinham que estar na presença de
Jesus, ouvindo, vendo, e se familiarizando com Ele. Então eles tinham que
vê-lo morto.

Segundo: depois da Sua ressurreição ao terceiro dia, eles tinham ficado com
Jesus por mais quarenta dias, comido, bebido e vivido com Ele. Eles também
o tocaram, e sabiam que Ele era a mesma pessoa com a qual eles tinham
estado por três anos e meio. A seguir, eles presenciaram a Sua ascensão.
Daqueles homens que preenchiam estas qualificações, apenas um poderia
ser selecionado para tomar o lugar de Judas Iscariotes. Dois homens
preenchiam estas qualificações. E os lançaram em sortes, a sorte veio sobre
Matias, e Lucas diz que ele foi contado com os onze. E assim, o homem
escolhido para se tornar uma testemunha foi aquele que possuía estas
qualificações especiais. Ninguém hoje em dia satisfaz a estas qualificações
especiais.

Lucas nos diz o propósito de ser uma testemunha. Ele iria testificar em
favor da ressurreição de Jesus Cristo. Aqui está o propósito pelo qual os
apóstolos deram testemunho: a fim de provar que Jesus é o Filho de Deus,
nós temos que mostrar que Ele pode fazer mais do que um simples homem.
Cristo afirmou ser o Filho de Deus. Ele afirmou que vai nos julgar. Ele afirmou
que Suas palavras são o padrão de julgamento e que um dia Ele nos levará
aos céus para a eternidade num mundo maravilhoso além dessa terra. Qual a
prova disso? A ressurreição é certamente a prova disso. Se pudermos
mostrar que Jesus ressuscitou, então isto é uma confirmação de que Ele é
tudo o que afirmou ser. Este foi o trabalho dos apóstolos; eles deveriam dar o
seu testemunho como testemunhas oculares.

O Poder do Testemunho dos Apóstolos

Qual é a força do testemunho de testemunhas oculares?

A força é tríplice.

Página 6 - Capítulo 1
Primeiro: teria que haver mais de uma testemunha. Teria que ter havido
várias a fim de corroborar o testemunho delas. Se alguém viesse e dissesse
que tinha visto algum tipo de coisa notável acontecer, então você poderia crer,
como também poderia não crer. Mas se uma outra pessoa viesse ao lado
daquela pessoa e dissesse: “Sim, eu vi a mesma coisa,” então isto iria
corroborar o seu testemunho. Suponha que uma terceira pessoa que viesse
fosse bastante confiável, não dada ao exagero, e esta terceira pessoa
dissesse: “Sim, eu vi a mesma coisa ocorrer.” E, a seguir, uma quarta pessoa
viesse e dissesse: “Sim, eu vi acontecer.” Se não houvesse nada de errado
quanto ao caráter desses homens, se não houvesse nada de errado após
serem investigados quanto à sua aptidão para dar testemunho em favor do
que eles disseram que viram, então quatro, cinco, seis testemunhas seriam o
bastante para convencer quase todo mundo de que a coisa que eles disseram
acontecer, aconteceu de verdade.
Nós temos o testemunho de doze homens, e este é um número muito
bom. Aqui estão doze homens que, no dia de Pentecostes, ficaram de pé,
todos juntos e testificaram que tinham visto o Cristo. Quando doze homens
dão o mesmo testemunho, você vai pensar que isto deve ser verdade mesmo.

Em Segundo Lugar, a força do testemunho deles é a unidade ou a


unanimidade de seu ensino. Eles estavam em perfeito acordo uns com os
outros. Não havia desacordo.
Leonard Kale foi um dos meus alunos alguns anos atrás. Leonard tinha
servido por vinte anos na Patrulha Rodoviária do Estado da Califórnia. Ele era
um homem bastante acostumado a obter testemunhos de testemunhas
oculares que tinham presenciado acidentes e as suas circunstâncias. Na
minha aula eu queria mostrar a necessidade que os apóstolos tinham de
receberem o Espírito Santo como uma qualificação para o seu testemunho
apostólico. Esta é a segunda qualificação, que é absolutamente necessária.
Lembre-se que Jesus disse: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos
enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará
testemunho de mim; e vós também testemunhareis porque estais comigo
desde o princípio.” (João 15:26-27). Lembre-se, também, que em João 14:26
e João 16:13, Jesus disse que o Espírito guiaria esses homens
sobrenaturalmente, miraculosamente, na verdade que eles precisavam
pregar. Então, em Atos 1:8, Ele disse: “mas recebereis poder, ao descer sobre
vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”

Página 7 - Capítulo 1
- Quando, então, é que os apóstolos se tornariam testemunhas?
Eles já tinham estado com Jesus por três anos e meio.
Eles o tinham visto morto.
Três dias mais tarde eles afirmaram tê-lo visto vivo e, quarenta dias depois,
presenciaram a Sua ascensão.
Eles já eram testemunhas?
Bem, eles o tinham visto, mas não, eles ainda não eram testemunhas oficiais
porque ainda não tinham recebido o Espírito Santo que guardaria o
testemunho humano deles do erro.

Estas são as duas qualificações.


Eles tinham que ter estado com Jesus desde o início, ficado com Ele
depois da ressurreição e presenciado a Sua ascensão. Contudo, até mesmo
isso não era suficiente e não seria o suficiente até o dia de Pentecostes,
quando eles receberiam o Espírito Santo que guardaria e guiaria o
testemunho deles em cem por cento de exatidão.

Enquanto eu estava apresentando esta aula, perguntei a Leonard Kale


qual era o percentual de concordância do testemunho de testemunhas
oculares em relação a algo como um acidente. Eu pensava que talvez
sessenta ou setenta por cento. Ele sorriu e disse: “É apenas quarenta por
cento de exatidão.”
Alguém não fica simplesmente na esquina e diz: “Eu acho que vou esperar
aqui até que um acidente ocorra e eu veja.” Simplesmente não acontece
desse jeito, acontece?
Um testemunho ocular de algum fato pode não ser um testemunho
ocular voluntário. O ser uma testemunha simplesmente acontece.
Casualmente elas veem o evento ocorrer. E duas ou três pessoas muito
honestas e bem intencionadas podem dar seu testemunho e contradizerem-se
entre si. Leonard Kale fala de um percentual de apenas quarenta por cento de
concordância entre testemunhas oculares.
Mas o que temos nos apóstolos é a garantia de uma concordância de
cem por cento entre todos os doze homens. Assim, nós vemos a força do
testemunho dos apóstolos. Havia doze deles, um bom número, e eles
estavam todos em perfeita concordância.

Terceiro: Estes homens sofreram perseguição por aquilo em que


acreditavam. Estes homens sofreram discriminação. Cada um desses homens
viveram uma vida de mártir até que todos, com exceção de João, morressem
a morte de um mártir. E o próprio João foi exilado para uma ilha rochosa
Página 8 - Capítulo 1
chamada Patmos. Diga-me então que esses homens mentiram sobre o que
eles viram. Qual seria o propósito da mentira? Homens não mentem para
serem perseguidos. Todavia, estes homens mantiveram sua posição sob
intensa perseguição, sob discriminação e sob ameaça de morte. Por toda sua
vida nenhum deles abjurou de seu testemunho. Cada um deles foi fiel até à
morte. Agora, quando você tem doze homens que estão em total
concordância em tudo o que eles dizem, e eles vivem isso sob perseguição,
então você tem que concluir que estes homens eram sinceros. Nós não
encontramos nenhuma evidência em contrário para qualquer testemunho que
eles tenham dado. Tudo isto tem dado crédito ao testemunho apostólico que
Jesus foi ressuscitado dos mortos.

Esta é a linha exata de ensino com a qual os apóstolos iniciaram no


Pentecostes, e pode ser traçada por todo o Novo Testamento. Em Atos 2:22-
24, Pedro disse:

“Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno,


varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e
sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre
vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo
determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes,
crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual porém, Deus
ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era
possível fosse ele retido por ela.”

Há a proposição de Pedro e dos demais apóstolos no Pentecostes.


Vocês o mataram; Deus O ressuscitou, e Pedro então começa a fornecer a
prova de que Jesus foi ressuscitado. Depois que ele apresenta sua prova,
afirma em Atos 2:32: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas.” Os apóstolos se levantam de braços dados com todos
os doze dizendo: “Deus ressuscitou Jesus dos mortos.” Uma das grandes
provas de Deus ter ressuscitado Jesus dos mortos é que os apóstolos
disseram: “Nós o vimos.” Três mil pessoas deram o passo adiante na
conversão para serem batizadas.

Estes homens foram imediatamente perseguidos por aquilo que


disseram ter visto. Em Atos 3:1ss, Pedro e João vieram a um coxo, e eles o
curaram. Isto atraiu uma multidão. Em 3:14-15, Pedro e João começaram a
pregar. Eles pregaram a crucificação e a ressurreição de Jesus. Em Atos
3:14-15 eles disseram à multidão que estava reunida para ver este homem

Página 9 - Capítulo 1
que eles tinham acabado de curar: “Vós, porém, negastes o Santo e o Justo e
pedistes que vos concedessem um homicida. Dessarte, matastes o Autor da
vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos
testemunhas.” O que eles apresentam como prova de que Deus o
ressuscitara? Eles disseram: “do que nós somos testemunhas.” Eles
apresentaram seu próprio testemunho como prova de que Ele fora
ressuscitado.

Em Atos 4 nós descobrimos que a igreja começa a ser perseguida


precisamente por causa da pregação da ressurreição. Os saduceus não criam
na ressurreição, e assim eles iniciaram esta perseguição baseados nesta
doutrina. Pedro e João são presos pela hierarquia judaica. Dizem-lhes que
não ensinem mais o nome de Jesus (Atos 4:18). Contudo, diz em 4:19-20,
“Mas Pedro e João lhes responderam: ' julgai se é justo diante de Deus ouvir-
vos antes a vós outros do que a Deus; pois não podemos deixar de falar das
coisas que vimos e ouvimos.’” Novamente eles apelaram para a ressurreição
e seu próprio testemunho como prova de que Ele havia ressuscitado.

A mesma coisa acontece no quinto capítulo. Eles começaram a pregar e


são presos. Mas um anjo do Senhor aparece e abre as portas da prisão e diz
a eles que devem sair e pregar a Jesus. Eles vão ao templo, onde ficam de pé
e falam. Em Atos 5:25 afirma-se que chega a notícia ao Sinédrio Judaico que
eles estão no templo pregado sobre a ressurreição novamente. Pedro e João
são presos mais uma vez e trazidos diante do Sinédrio que lhes diz:
“‘Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome; contudo,
enchestes Jerusalém de vossa doutrina; e quereis lançar sobre nós o sangue
desse homem.’ Então Pedro e os demais apóstolos afirmaram: ‘Antes, importa
obedecer a Deus do que aos homens.’” (Atos 5:28-29). Ele a seguir disse: “O
Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-
o num madeiro. Deus, porém, com sua destra o exaltou a Príncipe e Salvador,
a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora,
nós somos testemunhas desses fatos, e bem assim o Espírito Santo, que
Deus outorgou aos que lhe obedecem.“ (Atos 5:30-32).

Por todo o livro de Atos você encontra todos estes testemunhos dos
apóstolos. Eles estiveram com Jesus; viram-no vivo; e depois, viram-no morto.
A seguir, viram-no vivo novamente. Eles viveram com Jesus, comeram com
Ele, apalparam-no e presenciaram a Sua ascensão. Eles disseram: “Nós
vimos tudo!” Eles começaram a ser perseguidos por causa dEle, e nunca se
desviaram em meio a esta perseguição.
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João nos leva direto para o final do Novo Testamento com o mesmo
testemunho. Há uma fabulosa afirmação em 1 João 1:1: “O que era desde o
princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios
olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao
Verbo da vida...” Esta afirmação refere-se somente aos apóstolos. João
continua: “(e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos
foi manifestada).” (1 João 1:2). Nós vivemos só por um pouquinho, e depois
nós morremos. Como pode a vida eterna ser manifestada? É por uma morte,
um sepultamento, e uma ressurreição. E os apóstolos disseram: “Nós vimos a
Jesus. Nós o vimos morto. Depois, nós o vimos vivo.” Eles deram testemunho
aos outros dessa ressurreição. Existe a vida eterna. E João diz em I João 1:3,
“o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o
Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo.”

Conclusão

Nossa fé hoje em dia é dependente do testemunho dos apóstolos assim


como Jesus orou em João 17:20. Os apóstolos insistem que nós somos
salvos por fé em Jesus. Mas nós não podemos ter fé independentemente da
palavra dos apóstolos. Paulo disse em Romanos 10:17: “E, assim, a fé vem
pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” Você pode não acreditar
que a Bíblia é a Palavra de Deus, mas uma coisa é certa: é um livro histórico.
Ela traz em si o testemunho de testemunhas confiáveis, homens que
estiveram com Jesus por três anos e meio, homens que o assistiram realizar
milagres, homens que o viram pendurado no madeiro até que morresse,
homens que o viram morto, e homens que no terceiro dia viram-no vivo. Eles
tocaram, comeram, viveram com Ele, e assistiram à Sua ascensão. Então, no
Pentecostes eles começaram a dizer que tinham feito e visto todas estas
coisas. Por causa da fala deles, passaram a ser perseguidos, viveram vidas
de mártires, até que morreram como mártires. De onde obtiveram a habilidade
de suportar a perseguição, a menos que o que eles disseram ter visto, fosse
real? O que diz a razão? Ela diz: “Julgue a evidência e tire uma conclusão que
concorda com os fatos.” O que a razão diz? Para mim ela diz: “Jesus
ressuscitou dos mortos,” e uma das grandes provas é o testemunho dos
apóstolos.

Página 11 - Capítulo 1
CAPÍTULO DEZ
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

A RESSURREIÇÃO DE JESUS (4):


A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

Introdução

Nosso argumento final em favor da ressurreição de Cristo se baseia


numa invocação ao testemunho dos fatos relacionados à conversão de Saulo
de Tarso. A força desse argumento está no seu modo de viver antes de ter se
tornado um cristão, quando ele era um perseguidor do cristianismo. O furioso
zelo de Saulo, a severidade de sua perseguição à igreja e a sincera convicção
de que o que ele estava fazendo estava correto, tudo se combina para

Página 1 - Capítulo 1
produzir uma personalidade que não poderia ser atingida por nenhuma
combinação de esforços humanos. Mesmo assim, este homem foi alcançado
e convertido ao cristianismo.

Esta mudança abrupta de um autonomeado exterminador da religião


cristã, a um expoente pregador do evangelho revela um contraste de
proporções tão extremas que nem toda a soma de processos naturais seria
adequada para explicar esta mudança e conversão que aconteceu em sua
vida. Will Durant, em seu livro César e Cristo, faz esta exata observação,
quando Ele admite que houve um Saulo de Tarso na história, que perseguiu a
igreja, e que foi convertido a Cristo: “Ninguém pode dizer que processo
natural está por trás dessa experiência pivô.” Eu diria que é porque processos
naturais são totalmente inadequados para explicar a mudança que ocorreu a
este homem.

É aqui que encontramos uma razão muito inteligente e convincente para


acreditar que Jesus ressuscitou: Ele apareceu repentinamente a Saulo no
caminho para Damasco, quando ia prender cristãos; e o enviou a Damasco.
Foi lá que Jesus veio a Saulo e o converteu. Ananias então veio e o batizou
em Cristo.
Esta conversão é mencionada quatro vezes no Novo Testamento, e
assim, possui bastante peso. Nós temos alguns fatos aqui que precisamos
investigar.

Primeiro: houve um Nazareno que foi crucificado – Jesus Cristo. Este é um


fato histórico.

Um outro fato histórico: Saulo de Tarso foi um perseguidor da igreja de Cristo,


foi convertido ao cristianismo e disse que viu Jesus na estrada de Damasco.

Página 2 - Capítulo 1
Tudo isto é fato.

Nós não estamos simplesmente dizendo que ele viu a Jesus. Nós estamos
dizendo que ele disse que viu Jesus. Se, de fato, Saulo de Tarso viu a Cristo
como afirma ter visto, e Cristo é a causa de sua conversão, então, visto que
Cristo foi crucificado e sepultado, a fim de aparecer a Saulo, conseguir sua
atenção e fazer uma reviravolta radical acontecer a esse homem, então Cristo
tinha que estar ressuscitado a fim de fazer esta aparição pós-ressurreição. É
exatamente isto que nós veremos que ocorreu.

Quem Foi Saulo?

A Afirmação Quádrupla de Paulo: Gálatas 1:11-13

O que irá nos convencer que Saulo de Tarso de fato viu a Cristo, que
fora crucificado e, portanto, tinha que estar ressuscitado? Nós vamos começar
nosso estudo no livro de Gálatas onde o apóstolo Paulo oferece à igreja na
Galácia algumas razões para crer que foi Jesus quem lhe deu o evangelho
que pregava. Nós começamos em Gálatas 1:11-13. Nos versículos 11 e 12
Paulo faz uma afirmação quádrupla, que se torna uma proposição que ele
prova. Ele diz no versículo 11, “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o
evangelho por mim anunciado não é segundo o homem,” Qualquer pregador
do evangelho pode dizer que nosso evangelho não é segundo o homem, isto
é, não é um evangelho feito pelo homem. Mas as próximas afirmações que
ele faz, não podemos fazer. Ele diz no versículo 12: “Porque eu não o recebi,
nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo.”

Página 3 - Capítulo 1
Paulo faz esta afirmação quádrupla: seu evangelho não é feito pelo
homem, porque nenhum homem lhe trouxe esse evangelho, e nem tão pouco
fora educado nesse evangelho por um lento processo educacional. Ele diz:
“Mas em vez disso, foi dado a mim pela divina revelação de Jesus.”
Obviamente, antes que Paulo fosse convertido, Jesus Cristo foi crucificado no
Calvário (o que é um fato histórico). Se pudermos provar que Jesus apareceu
a Saulo e lhe deu o evangelho como ele mesmo afirmou que Cristo o fez,
então vamos ter que acreditar que o Cristo crucificado ressuscitou a fim de
fazer aquela aparição pós-ressurreição.

O Argumento Tríplice de Paulo que Jesus lhe Apareceu

Qual foi o argumento que Paulo deu à igreja de Cristo na Galácia?


Paulo havia estabelecido a igreja na Galácia, e a seguir, falsos professores
chegaram depreciando o apostolado e evangelho de Paulo. Paulo teve que
provar que era um apóstolo, que ele, de fato, viu a Jesus como os apóstolos
originais e recebeu o evangelho de Cristo até mesmo como os apóstolos
originais receberam, a fim de defender sua autoridade apostólica e evangelho.
Começando no versículo 13, o apóstolo nos conduz ao versículo 14, e fornece
um argumento tríplice à igreja na Galácia, demonstrando que Jesus lhe
apareceu e deu o evangelho que ele pregava. Paulo escreve:

“Por que ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como
sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. E, na minha
nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade,
sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.” (Gálatas 1:13-
14).

Paulo informa aos membros desta igreja o que eles já tinham ouvido.
Ele não os está educando em coisa alguma, mas sim, os lembrando daquilo
que já sabem. Ele afirma que não obteve nem foi educado neste evangelho
por homem algum, mas em vez disso, recebeu por meio da revelação do
próprio Senhor. Paulo disse: “Por que...”. A palavra “por que” vem do grego
gar, que significa “deixe-me lhe dizer por quê.” Paulo faz exatamente isto,
pois ele começa a dar suas razões. Ele diz: “Por que vocês sabem minha
maneira de viver no passado no judaísmo...” Paulo diz que, enquanto no
judaísmo, sua maneira de viver era tão oposta ao cristianismo que ele não
poderia ser alcançado por nenhum tipo de combinação de esforços humanos.
Portanto, foi necessária a aparição sobrenatural de Jesus para convertê-lo.

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Aqui está a evidência que ele oferece. Ele diz: “Vocês conhecem minha
maneira de viver.” Os gálatas tinham ouvido sobre sua vida anterior, e assim,
sabiam a respeito dela. Ele disse: “Vocês sabem como eu persegui a igreja de
Deus sobremaneira.” Como ele perseguiu a igreja? Sobremaneira. Ele disse:
“... e a devastava” (Gálatas 1:13). Por ser constituída de seus
contemporâneos, a igreja na Galácia
iria entender isto perfeitamente. Eles
podiam conferir. Você e eu não temos
esta informação fora do Novo
Testamento. Mas no livro de Atos
vamos ser capazes de ver
reproduzido um retrato histórico de
Saulo de Tarso, e assim, com esta
fotografia, poderemos notar o que se
esperava que os gálatas entendessem quando Paulo disse: “Por que ouvistes
qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia
eu a igreja de Deus e a devastava.”

Lucas vai pintar um retrato histórico de Saulo em sua severa


perseguição anti-cristã, tentando erradicar o cristianismo da terra. Em Atos 7,
vemos que Estêvão está pregando o evangelho, e ele fala com tal sabedoria
que Lucas diz que aqueles que estavam ouvindo não eram capazes de
entendê-lo; e assim eles recorrem à violência. Em Atos 7:58 diz que eles
deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. O texto também
continua nos dizendo que eles apedrejaram Estêvão. Em Atos 8:1a, Lucas
escreve: “E Saulo consentia na sua morte.” Os homens deixaram suas vestes
aos pés de Saulo (Atos 7:58). Neste versículo, somos apresentados a Saulo
de Tarso pela primeira vez na história. Quando diz que deixaram suas vestes
aos seus pés, isto significa que o reconheciam como o líder. Saulo foi o
iniciador da perseguição à igreja e diz em Atos 8:1b: “Naquele dia, levantou-
se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.” Lucas então
afirma no versículo 3: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas;
e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.”

Página 5 - Capítulo 1
Veja os verbos nessas afirmações. O texto diz que Saulo assolava a
igreja e que ele estava matando pessoas. Ele entrava em cada casa à
vontade prendendo homens e mulheres. Nem mesmo as mulheres
escapavam da fúria perseguidora desse homem. O texto diz que ele os
prendia e levava a julgamento e que ele estava tentando eliminar
completamente o cristianismo. Atos 9:1-2 afirma:

“Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do


Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as
sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do
Caminho, assim homens como mulheres os levasse presos para
Jerusalém.”

Em sua cruel tentativa de erradicar a religião cristã, Saulo obteve


documentos oficiais e autoridade para sair da terra santa, a Palestina, para
Damasco. Se ele encontrasse quaisquer cristãos ali, ele tinha permissão de
trazê-los presos a Jerusalém. Ele recebeu o direito de extradição. Ele poderia
encontrar, prender e finalmente extraditá-los para Jerusalém a fim de serem
julgados.

Isto mostra algo do retrato que Lucas está tentando pintar para nós no
livro de história chamado Atos, e que o apóstolo Paulo esperava fosse
imediatamente reconhecido pelos gálatas quando disse: “... como
sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava.” Anos mais tarde,
sendo Paulo já um veterano em Jesus Cristo, ele vem a Jerusalém. Preso, ele
começa a falar ao povo. Em Atos 22:4
Paulo diz: “Persegui este Caminho até à
morte, ...” Eis a severidade à qual Paulo
chegou. Você lembrará que ele falou
aos gálatas que perseguiu a igreja
sobremaneira tentando fazer dela uma
devastação. Sua versão pode dizer:
“...procurando destruí-la.”(Gálatas 1:13,
NVI). É exatamente isto que Paulo está
dizendo aqui.

Em Atos 26:9-13, vemos que o


apóstolo Paulo tinha estado na prisão em Cesaréia por dois anos inteiros. Ele
vai colocar-se perante o rei Agripa e perante o governador Festo, a fim de
apresentar-lhes a razão pela qual os judeus o colocaram na prisão. Ele diz em

Página 6 - Capítulo 1
26:2: “Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na tua
presença, poder produzir a minha defesa de todas as acusações feitas contra
mim pelos judeus;...” e ele continua a dizer que Agripa era familiar com todos
os costumes dos judeus. Paulo começa a fazer sua defesa no 26:4, quando
ele diz: “Quanto à minha vida, desde a minha mocidade, como decorreu
desde o princípio entre o meu povo e em Jerusalém, todos os judeus a
conhecem;” Ele começa falando a respeito de seu modo de viver no passado.

Paulo descreve o ódio anti-cristão que o levou a empreender sua


perseguição contra a igreja. Ele apresenta a Agripa e Festo o fato de que
Deus pode ressuscitar os mortos. No versículo 8, ele diz: “Por que se julga
incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?” No versículo 9, ele começa
a pintar um quadro da maneira pela qual ele estivera tentando destruir o
cristianismo: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu
praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno.” A propósito, deixe-me,
exatamente a esta altura de nosso estudo, expor um pensamento. Às vezes,
você pode ouvir alguém dizer que Saulo de Tarso era um homem que tinha
um pensamento dividido sobre o que ele estava fazendo aos cristãos. Afinal
de contas, estes eram pessoas boas. Elas não estavam fazendo nada de
errado, e Saulo era um homem religioso sincero. Sua consciência
provavelmente se sentia culpada quando ele pensava sobre isso, e por esta
razão, ele tinha um pensamento dividido. Este homem que foi levado pela
convicção e ainda assim, tinha sentimentos de culpa contra o que ele estava
fazendo, provavelmente teve um “momento psicológico”, pensando que ele
viu a Jesus, quando na verdade, ele não viu. Estas pessoas dão uma razão
psicológica para a mudança de Paulo!

Contudo, isto é completamente contrário aos fatos no caso. Paulo disse:


“Eu estava fazendo o que eu achava que eu deveria estar fazendo.” Ele não
teve nenhuma dor de consciência contra o que ele estava fazendo. Sua
consciência estava limpa. Ele pensava estar servindo a Deus. Ele prossegue
dizendo em Atos 26:10: “E assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido
autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas
prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam.” Ele estava
matando os cristãos. Ele diz no versículo 11: “Muitas vezes, os castiguei por
todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente
enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia.” A quem
você pune? Você pune pessoas por fazerem coisas erradas. Mas a quem ele
estava punindo? Ele diz: “Eu os punia em todas as sinagogas.” Bem, você
encontra judeus em sinagogas. Por que ele estava punindo judeus? Ele não
Página 7 - Capítulo 1
era um judeu também? Bem, o motivo era que estes judeus tinham se
convertido ao cristianismo, e eles estavam provavelmente ocupando suas
sinagogas com assembleias cristãs. Assim, ele disse: “...obrigando-os até a
blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades
estranhas os perseguia.” A consciência desse homem estava limpa, e isto nos
dá um quadro nítido da perseguição de Saulo contra a igreja.

Paulo continua em 26:12-13, dizendo: “Com estes intuitos, parti para


Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles
comissionado. Ao meio dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu,
mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam
comigo.” Ele relata que Jesus lhe apareceu, o detendo exatamente onde ele
estava, teve sua atenção, e o enviou para Damasco onde o próprio Jesus o
converteu.

Aqui nós temos o retrato histórico. Aqui nós verificamos que Saulo era
severo em sua perseguição do cristianismo a ponto de tentar fazer da igreja
de Cristo uma terra arrasada. O que você pode dizer sobre tudo isso?
Observe tudo o que está envolvido nessa situação. Ele perseguiu a igreja
sobremaneira, a ponto de persegui-la até com um certo fanatismo.

Este é o retrato que Lucas nos dá, e esta é exatamente a mesma coisa
que Paulo esperava que os cristãos na Galácia concluíssem quando ele os
fez lembrar de sua maneira de viver no passado. Ele disse: “Eu não recebi o
evangelho de nenhum homem, mas em vez disso,” ele disse: “Eu o recebi de
Jesus assim como os apóstolos originais receberam.” Mas Jesus foi
crucificado. Como Paulo foi capaz de receber o evangelho de Jesus que foi
crucificado, a menos que ele estivesse ressuscitado dos mortos e aparecesse
a ele na estrada de Damasco, até mesmo como Paulo afirmou que ele
apareceu? Saulo era um fanático. Como você alcança um fanático? Você não
pode. Não há jeito pelo qual você possa. Não há nenhuma quantidade de
esforços humanos que pudessem se combinar para alcançar um fanático
chamado Saulo de Tarso. Mas ele foi alcançado. Como? Deus o alcançou
com Jesus. Contudo, se Jesus Cristo não foi ressuscitado e se Jesus, que foi
ressuscitado, não apareceu a Saulo na estrada de Damasco, então diga-me,
como Saulo se converteu ao cristianismo? Quem o converteu? Isto tem que
ser respondido.

Em segundo lugar, Paulo diz aos gálatas: “Eu quero provar a vocês que
eu obtive o meu evangelho diretamente de Jesus.” Ele disse: “E, na minha

Página 8 - Capítulo 1
nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo
extremamente zeloso das tradições de meus pais.” (Gálatas 1:14). Há muitas
áreas onde o jovem brilhante Saulo de Tarso se avantajava no judaísmo. Ele
se avantajava na sociedade. Ele nasceu fariseu. Isto o garantia um grande
número de privilégios profissionais, educacionais e até mesmo financeiros.
Nós descobrimos que ele se avantajava até mesmo aos de sua própria idade.
Aqui, então, está o brilhante jovem Saulo de Tarso, se avantajando em
finanças, autoridade, poder, educação e na religião dos judeus. Qualquer
pessoa que tivesse avançado em finanças, poder, autoridade, sociedade e
educação teria que ser um indivíduo proeminente. Isto é fato neste caso. O
que temos nós além de um proeminente fanático? Estes são geralmente os
tipos mais difíceis de serem convertidos. Quem converteu o proeminente
fanático? Quem poderia ter feito isto? Amigos ou inimigos? Seus amigos eram
os judeus. Eles o estavam sustentando em sua perseguição contra a igreja.
Eles não o teriam convertido ao cristianismo. E os cristãos? Eles certamente
não poderiam. Paulo os lançaria na prisão antes do anoitecer.

Uma coisa nós sabemos: este proeminente fanático se converteu


mesmo. Se não foi Jesus, então quem foi capaz de fazê-lo? Que resposta
sensata nós podemos dar? Finalmente, não apenas ele disse ter perseguido a
igreja fanaticamente, ele não apenas avançou no judaísmo a uma posição de
proeminência, mas ele disse que era extremamente zeloso das tradições de
seus pais. O fato de dizer que ele era zeloso já é interessante, mas Paulo diz
que era mais do que zeloso. Ele era extremamente zeloso. Saulo de Tarso,
como Paulo, o cristão, tinha uma só velocidade: a todo vapor. Tudo o que ele
encarava era feito com o maior zelo. Mas pelo que ele tanto zelava? Pelas
tradições de seus pais, seus pais fariseus. Este fariseu cresceu na casa de
um fariseu. Ele aprendeu o farisaísmo. Foram os fariseus quem se opuseram
a Cristo e o crucificaram. E este fariseu, Saulo de Tarso, estava perseguindo
o cristianismo pela mesma razão que seus pais perseguiram o fundador do
cristianismo. Eis aqui um homem que acreditava com toda a genuína
sinceridade ser certo o que fazia, pois o fazia como se fosse em nome de seu
Senhor. Mas o nome já tinha prejulgado a religião cristã. Ele era um fanático
proeminente de opinião preconcebida. A pergunta que eu levanto é: “Quem
pode converter um homem desses?” É possível para qualquer ser humano a
capacidade de converter um proeminente fanático preconceituoso? O que
você lhe ofereceria? O que você lhe daria? O que haveria a oferecer? Ele já
tem uma educação. Ele já tem acesso a finanças. Aqui está um homem
convencido de que a religião na qual vive é certa. Ele próprio fez grande
progresso; ele é dedicado ao que está fazendo, e o faz em nome de Deus. Ele
Página 9 - Capítulo 1
parece ter a idéia de que Deus se agrada dele. Ele não tinha pesquisado o
cristianismo; ele estava tentando completamente aniquilá-lo. Estas forças se
combinam para mostrar que este homem era totalmente inatingível. E mesmo
assim, ele foi atingido. Quem o alcançou, senão Jesus Cristo?

Outras Considerações Sobre a Conversão de Saulo

Quando o apóstolo Paulo tinha terminado de fazer sua defesa perante o


rei Agripa e Festo, Lucas afirma em Atos 26:24: “Dizendo ele estas coisas em
sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: ‘Estás louco, Paulo! As muitas
letras te fazem delirar.’” Ora, Festo não estava realmente acusando Paulo de
estar louco. Nós falaríamos provavelmente da seguinte maneira: “Bem, você
não está falando sério.” Festo estava na verdade dizendo: “O que você está
dizendo, Paulo, não é verdade.” Mas Paulo disse: “Paulo, porém, respondeu:
Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de
verdade e de bom senso.” (Atos 26:25). Ele então afirmou: “Porque tudo isto é
do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou
persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se
passou em algum lugar escondido.” (Atos 26:26).

A vida inteira de Paulo era como um livro aberto para qualquer pessoa
ler. Eles podiam constatar que a vida de Saulo de Tarso, antes de se tornar
um cristão, estava em aberta oposição ao cristianismo, e resultou de um
sincero desejo de fazer o que ele achava que iria agradar a Deus ao livrar-se
do cristianismo. Ele diz: “Nada disso se passou em algum lugar escondido.
Está aberto para todos investigarem.” Depois que Will Durant examinou estes
mesmos fatos da história, ele fez a observação que nós vimos anteriormente
nesta lição. Ele diz: “Ninguém pode dizer que processo natural está
subjacente a esta experiência pivô.” Visto que processos naturais não
poderiam ter se combinado para produzir a conversão de Saulo de Tarso, sua
conversão ainda assim foi produzida. A única conclusão que nós temos é que
este homem, que era inatingível, foi atingido por Jesus. Mas Jesus foi
crucificado. Como foi possível então para ele aparecer a Saulo na estrada
para Damasco, a menos que, de fato, estivesse ressuscitado dos mortos?

Qual é a função da razão? A função da razão não é recusar a evidência


e dizer: “Bem, isto é sobrenatural. Nós não vamos nem mesmo considerar
isto.” Os fatos estão diante de nós em documentos historicamente confiáveis.
Estes fatos devem ser considerados. Esta é a função da razão: julgar a
evidência e tirar uma conclusão que seja de acordo com a afirmação. A

Página 10 - Capítulo 1
afirmação que Paulo fez foi que ele viu a Jesus na estrada de Damasco.

O que diz a razão?

O que diz a evidência?

O que diz você?

Página 11 - Capítulo 1
CAPÍTULO ONZE
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

JESUS, UM HOMEM COM UM DESTINO

Introdução

Há certas asseverações e fatos concernentes à vida e morte de Jesus.


Quando observarmos que os fatos confirmam as asseverações que Ele fez
sobre Sua vida e morte, vamos constatar que eles se combinam para produzir
um argumento muito forte de que Jesus é muito mais do que um mero
Página 1 - Capítulo 1
homem, que Ele é, de fato, um homem de natureza e destino divinos.

As Afirmações de Cristo Concernentes à Sua Vida e Morte

Jesus Afirmou que Ninguém Podia Tirar-Lhe a Vida

A fim de desenvolver esta nossa lição, queremos notar três


asseverações que Jesus fez a respeito de Sua vida e morte. A primeira
asseveração que Jesus fez está em João 10:17-18. Jesus disse: “Por isso, o
Pai me ama, porque eu dou minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de
mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a
entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” Observe
a afirmação: Ninguém pode tirar-Lhe a vida.” Esta é a asseveração que nós
queremos investigar.

Quando Ele diz: “Ninguém pode tirar-me a vida”, isto é equivalente a


dizer que Ele tem poder e controle sobre Sua própria vida e sobre as
circunstâncias a ela ligadas. Além disso, tendo em vista que Ele afirmou que
ninguém podia tirar-Lhe a vida, Ele teria que ter poder e controle sobre as
vidas de todas as outras pessoas. O que isso mostra é que Ele, de fato, tem o
poder para impedir qualquer pessoa, que atentasse contra a Sua vida, de
levar tal tentativa a cabo. Ele diz que qualquer tentativa de matá-lO seria vã.
Esta é uma prerrogativa que pertence unicamente ao próprio Deus.

Jesus Afirmou Ter Poder Para Dar a Sua Vida

A segunda asseveração que Jesus fez foi a de ter poder para dar a Sua
vida. Em João 10:18a Jesus disse: Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou.” Perceba que Jesus disse que Ele dá a Sua vida e
que tem poder para fazer isso. Alguém pode fazer a seguinte observação:
“Bem, por acaso uma pessoa não pode dar a sua vida quando quiser? Acaso
não é possível para um homem cometer suicídio? Nós poderíamos nos matar,
tirar nossas vidas na hora que quiséssemos, não é mesmo? Mas Jesus não
está falando de suicídio aqui.

Quando um soldado está numa trincheira e; subitamente, olhando ao


seu redor, vê uma granada fumegante e pula sobre ela, dando sua própria

Página 2 - Capítulo 1
vida para que seus camaradas possam viver; isto não é suicídio. Ele é
condecorado pelo seu governo – Eis aqui um homem que se sacrificou a fim
de que outros pudessem viver. Cristo não está falando de suicídio; Ele está
falando de sacrificar-se a si mesmo. Ele disse que podia dar a Sua vida
quando quisesse. Ninguém pode tirar-Lhe a vida; mas Jesus diz que Ele
próprio tem o poder para a entregar na hora em que quiser. Isto é interessante
porque há certas situações nas quais os seres humanos não podem tirar suas
próprias vidas. A crucificação, como observaremos mais tarde, é uma dessas
ocasiões.

Jesus Asseverou Que Morreria Por Crucificação

Cristo fez três asseverações. Número um: Ele afirmou que ninguém
podia tirar-Lhe a vida. Número dois: Ele afirmou que tinha poder para a
entregar. Jesus fez asseverações relativas à Sua morte, mas em Sua
asseveração número três, Ele descreveu a maneira pela qual morreria.
Notemos, primeiramente, que Ele não simplesmente disse que morreria, mas
afirmou de que maneira específica isto ocorreria. Em Mateus 16:21, Ele
começou a dizer a Seus apóstolos que iria a Jerusalém e ali, seria maltratado
pelos escribas, fariseus, anciãos e pelos principais sacerdotes. Ele também
afirma que seria morto; mas Ele não diz como. Contudo, em Mateus 20:19,
Ele disse que morreria por crucificação.

É uma coisa predizer que você vai morrer. A maioria de nós acredita
que veremos a morte, a menos que Jesus venha primeiro. Mas Jesus disse
que morreria mediante crucificação, o que é completamente contrário à
maneira pela qual você esperaria que um judeu morresse, especialmente às
mãos de outros judeus. Em João 3:14, Jesus assevera que da mesma
maneira que a serpente foi levantada no deserto, o Filho do Homem será
levantado para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna. Agora, o
que é este ser levantado? Bem, é morte por crucificação. Nós sabemos disso
por causa do que está registrado em João 12:32 quando o apóstolo cita as
palavras de Jesus: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim
mesmo.” João a seguir explica: “Isto dizia, significando de que gênero de
morte estava para morrer.” (João 12:33). Nós sabemos que Jesus morreu por
crucificação. Sua morte na cruz foi exatamente assim! Sendo levantado.

Cristo predisse a Sua morte e a exata maneira pela qual morreria.

Página 3 - Capítulo 1
Lembre-se, quando Jesus morreu na cruz, uma profecia se cumpriu. Isto será
bastante significativo para nós, tendo em vista que várias tentativas foram
feitas de matá-lO, de diversas maneiras; mesmo assim, nenhuma delas
obteve êxito.

Ele Afirmou Que Morreria Num Certo Momento

Há uma outra asseveração que Jesus fez sobre a situação de Sua


morte. Ele asseverou que morreria num certo momento. Um dos estudos mais
fascinantes no Novo Testamento é a afirmação sobre a hora da morte de
Cristo. Isto fala de Cristo como, de fato, um homem com um destino.

Em João 2, você encontra o relato de Cristo na festa de casamento em


Caná da Galiléia. João, sendo uma testemunha ocular e participante naquele
evento, registra o momento histórico. João diz que acabou-lhes o vinho. Do
que eu estudei, se acabasse-lhes o vinho numa ocasião festiva como aquela,
isto iria envergonhar o noivo e a jovem noiva, e os deixar constrangidos. Maria
estava na festa de casamento, e assim que souberam que o vinho havia
acabado, ela se volta para o seu filho e diz em 2:3: “...‘Eles não têm mais
vinho.’” Esta não foi uma afirmação à toa, mera curiosidade, ou algo para
levar a conversa adiante. Não é óbvio? Neste evento, João registra
precisamente a razão pela qual Maria fez tal afirmação: ela esperava que seu
filho fosse capaz de fazer algo sobre o problema. Todavia Jesus respondeu-
lhe imediatamente dizendo: “... Ainda não é chegada a minha hora.” (João
2:4). Jesus foi em frente e transformou a água em vinho e, em 2:11, João diz
que Ele: “...manifestou a Sua glória ...” Mas o que Sua mãe esperava que Ele
fizesse completamente? Ele disse: “Não é a hora de fazer isso ainda. Ainda
não é chegada a minha hora.”

Esta frase: “Ainda não é chegada a minha hora.” é feita de maneira a


nos fazer entender que havia uma hora específica, um destino específico na
direção do qual Jesus avançava e para o qual Jesus havia nascido. João 7:1
diz que Jesus não mais andava na Judéia porque os judeus procuravam
matá-lo. Ele começou a falar a Seus irmãos que, naquele momento, não criam
que Ele era o Messias. Eles começaram a zombar d'Ele e disseram em João
7:4: “Bem, se tu és o filho de Deus, deves fazer isto conhecido de todos.”
Jesus respondeu no versículo 6: “ainda não é chegada a minha hora,” dando
a entender que havia uma hora específica para tornar isto conhecido por

Página 4 - Capítulo 1
algum meio, por alguma manifestação.

Jesus, a seguir, vai para Jerusalém onde passa a conversar com os


judeus que, por sua vez, começam a desafiá-lo. Imediatamente tem início um
estado de tensão, e João 7:30 diz: “Então, procuravam prendê-lo; mas
ninguém lhe pôs a mão,...” Por que não Lhe puseram as mãos? Acaso Jesus
chamou doze legiões de anjos para o livrar? Não! A passagem simplesmente
diz: “... porque ainda não era chegada a sua hora.” João nem sequer nos
explica como foi que Jesus impediu aquelas pessoas de porem as mãos
sobre Ele. Isto apenas põe em relevo o fato de que a hora ainda não havia
chegado para eles porem as mãos em Jesus, se é que, em qualquer hora,
eles assim o fariam. Torna-se evidente que Jesus tinha um destino em
direção ao qual avançava, e que não haveria força, no inferno ou na terra, que
pudesse mudar tal destino.

Em João 8:20, Jesus vai ao tesouro do templo e ali ensina. Suas


palavras afirmando ser o Messias soavam para os fariseus como o atrito entre
duas folhas de lixa. João escreve: “Proferiu ele estas palavras no lugar do
gazofilácio, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque não
era ainda chegada a sua hora.” Estas afirmações são feitas como para deixar
claríssimo que Ele morreria não apenas de uma maneira específica; mas,
numa hora específica.

Ele Identifica Esta Hora

Enquanto observamos Jesus, um homem com um destino, e


percebemos as suas asseverações, revisemos alguns pontos importantes.
Primeiro: ninguém poderia tirar-Lhe a vida. Segundo: Ele tinha poder para
dar a Sua vida. Terceiro: Ele morreria de uma certa maneira, por crucificação,
e numa hora específica. O que nós queremos notar é que Jesus identifica
esta hora. João 12 registra que alguns gentios procuravam ver a Jesus. Filipe
e André vêm a Jesus e dizem: “Alguns gentios desejam ver-te” (cf. João
12:21-22). João não registra a resposta de Cristo aos gentios. O que Ele
registra, contudo, é a reação de Jesus em 12:23: “É chegada a hora...”
Quando esses gentios procuravam por Jesus, o que quer que possamos
deduzir disto; nós sabemos que, naquele momento, Jesus disse: “Agora é a
hora.” Ele imediatamente diz a você que hora é esta. Ele disse: “É chegada a
hora de ser glorificado o Filho do Homem.” (João 12:23). Assim, a hora é a

Página 5 - Capítulo 1
hora de Sua glória.

Jesus imediatamente começa a falar sobre Sua morte. Ele diz: “Em
verdade, em verdade vos digo que: se o grão de trigo, caindo na terra, não
morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12:24). Jesus
diz: “É assim que tem que ser: eu tenho que morrer para dar-lhe vida, e você
tem que morrer para a sua maneira de viver, a fim de salvá-la eternamente.”
Mas que hora é esta? É a hora de Sua glória. Mas Ele fala sobre Sua morte?
Sim, é a hora de Sua morte. Assim, conforme João 12:27: “Agora, está
angustiada a minha alma, e que direi eu? 'Pai, salva-me desta hora?’ Mas
precisamente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica o teu
nome!’” Agora, finalmente, a hora é chegada. É chegada a hora de Cristo
morrer. Esta é a hora de Sua glorificação.

Contudo, não é apenas a hora de Sua morte que é importante. Em João


13:1está escrito: “Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era
chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus
que estavam no mundo, amou-os até ao fim.” Eis a hora à qual Ele finalmente
havia chegado: a hora de Seu destino, a hora de Sua morte, sepultamento,
ressurreição e ascensão de volta ao Pai. Esta é a hora; não uma hora de
sessenta minutos, mas um momento específico no tempo. Momento no qual o
evento mais decisivo, crucial, prodigioso, absolutamente tremendo, espantoso
e terrível que jamais ocorreu na história, se realizou. A hora da morte,
sepultamento, ressurreição e ascensão de volta ao Pai. Esta é a hora de
Cristo.

Tudo isto mostra, então, que Jesus é um homem com um destino. Ele
nasceu para um certo destino. Ele veio ao mundo para morrer na cruz; não de
outra maneira; e, a seguir, ressuscitar e subir ao Pai. Tudo isso seria uma
prova de Sua natureza divina e da certeza de Suas declarações de poder nos
salvar do pecado, morte e inferno. Que coisa maravilhosa! Estas são as
asseverações que Ele fez.

Os Fatos Concernentes à Sua Vida e Morte

O que nós queremos notar agora são os fatos relativos à Sua vida e
morte. Nós veremos que os fatos comprovam as asseverações que Ele fez
sobre Sua vida e morte. Perceba, antes de mais nada, que as tentativas feitas

Página 6 - Capítulo 1
para matar Jesus falharam completamente. Lembre-se o que Ele disse:
“Nenhum homem pode tirar-me a vida.” Vejamos se Ele comprovou esta
declaração. O que nós aprendemos em Mateus capítulo 2? Nós aprendemos
sobre o nascimento de Cristo e sobre Herodes; homem muito inseguro, um
assassino e traiçoeiro. Ele ouviu sobre Cristo e entendeu dos escribas que Ele
era o Messias da profecia do Velho Testamento. Tendo sabido dessas coisas,
Herodes tenta fazê-lo morrer ao fio da espada. A Bíblia diz que o bebê foi
arrebatado da terra da Judéia para o Egito, onde Ele estaria seguro. Herodes
tinha tentado fazê-lo morrer pela espada; e foi um fracasso.
Em Lucas 4, nós lemos um dos mais dramáticos e fantásticos eventos
que aconteceram na vida de Cristo. Pessoas tentam matá-lo. O registro deste
acontecimento encontra-se em Lucas 4:16-30. Jesus entra na sinagoga em
Nazaré; e lá, fez os preparativos com o chefe da sinagoga (este era o
costume deles antes de falar), tomando o livro de Isaías a partir do que
conhecemos hoje em dia como o capítulo 61. Aquela leitura era a passagem
do grande servo, onde diz que Jeová iria derramar Seu Espírito no servo de
Deus e que este traria liberdade aos cativos. Jesus lê esta passagem na
sinagoga.

Lucas então relata que os olhos de todos na sinagoga estavam fitos


n'Ele, enquanto as palavras de graça fluíam de Seus lábios. Então Jesus
disse: “...‘Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lucas 4:21), ao
que eles se opuseram dizendo: “Este não pode ser o Filho de Deus. Não é
este o filho de José? Nós o conhecemos desde que Ele era um garotinho.
Este não pode ser Ele.” Jesus respondeu: “. . . nenhum profeta é bem
recebido na sua própria terra.” (Lucas 4:24). Ele então começou a fazer
afirmações que os ofendeu, quando na verdade deveria ter-lhes feito chorar.
Mas Lucas 4:28-29 afirma: “Todos na sinagoga, ouvindo estas coisas, se
encheram de ira. E, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até
o cimo do monte sobre o qual estava edificada, para, de lá, o precipitarem
abaixo.”

Eu estive no exato local onde este evento ocorreu. Em 1966, quando fiz
minhas jornadas nas terras bíblicas; fui à cidade de Nazaré, onde nós
pudemos ver o precipício bem de cima e, lá embaixo, a outra parte da cidade.
É claro que naquele momento eu pensei sobre este evento. Você certamente
morreria se pulasse dali. E eles tinham toda a intenção de lançar Jesus lá do
topo, matando-o. Eis aqui uma turba enfurecida, fazendo tudo o que pode

Página 7 - Capítulo 1
para matar Jesus. Eles O levam ao cimo do monte para que possam atirá-lo
de cabeça para baixo, e Lucas registra o que ele obteve de testemunhas
oculares que assistiram ao fato. Ele disse em 4:30: “Jesus, porém, passando
por entre eles retirou-se.” Que enunciado espantoso! Não diz que Ele
convocou doze legiões de anjos para livrá-lo. Não diz que Ele simplesmente
empregou mágica e imediatamente fez todos pararem. Absolutamente não.
Apenas diz que Jesus passou por entre eles e seguiu o Seu caminho. Lucas
não entende, nem explica como Jesus fez isso. Nós também não entendemos
como Ele fez isso também; mas o ponto é que Ele exerceu uma prerrogativa
divina que apenas Deus poderia exercer; e você não poderia explicar isso se
tivesse que fazê-lo. Ele simplesmente passou por entre a multidão e seguiu o
Seu caminho. Por quê? Porque Sua hora ainda não havia chegado. Duas
coisas se combinam aqui: Jesus assevera que ninguém pode tirar-Lhe a vida
e parece levar a cabo essa asseveração. A razão é que a hora de Sua morte
ainda não havia chegado. Ele não iria ser morto pela espada, ou por cair
montanha abaixo quebrando o pescoço.

Em João 7, Jesus está em Jerusalém e, mais uma vez, ofende os


fariseus com suas declarações. Os fariseus estão com ciúmes quando O
ouvem falar às multidões. Em João 7:32, os fariseus ouviram a multidão
murmurar coisas concernentes a Ele, e assim, os principais sacerdotes e os
fariseus enviaram oficiais para levá-lo. Agora, aqui estão alguns soldados. Eu
estava certa vez no exército, portanto, eu sei o que é receber uma ordem. É
melhor que seja cumprida. Estes soldados foram enviados para prenderem o
Nazareno. Contudo, João 7:45-46 afirma que os guardas voltaram à presença
dos principais sacerdotes e fariseus e estes lhes perguntaram: “...‘Por que não
o trouxestes?’” Eles não o prenderam; em vez disso, responderam: “Jamais
alguém falou como este homem.” Soa como se os fariseus estivessem quase
dizendo: “Vocês querem nos dizer que Ele os convenceu a não prendê-lo?”
Ele exerceu algum tipo de prerrogativa divina. Pense sobre o fato de que eles
tentaram matá-lo à espada. Tentaram jogá-lo de um penhasco. Não puderam
nem mesmo prendê-lo; muito menos matá-lo. Você não vê então que os fatos
na vida de Cristo estão comprovando Suas asseverações?

Os fariseus até mesmo tentaram apedrejá-lo. Em João capítulo 8, Jesus


começa a dizer que Ele é Deus; e claro, os fariseus se opuseram a isso. Em
João 8:58, Jesus diz: “...‘antes que Abraão existisse, Eu Sou!’” Ele usou
exatamente a mesma expressão registrada por Moisés como resposta à sua

Página 8 - Capítulo 1
pergunta a Jeová: “Quem tu és?” “Disse Deus a Moisés: Eu Sou o que Sou.’”
(Êxodo 3:14). Jesus disse: “Eu Sou.” Assim, Ele disse ser nada menos do que
o Deus eterno, o Jeová do Velho Testamento. Imediatamente, em 8:59:
“Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu
do templo.” Por que Ele foi capaz de sair do templo? Porque eles não podiam
tocar em Jesus? Mesmo tentando matá-lo; não podiam tocar n'Ele. Em João
10:30, Jesus disse: “Eu e o Pai somos um.” A reação imediata está no
versículo 31: “Novamente, pegaram os judeus em pedras para para lhe atirar.”
Ele, a seguir, começou a indagar-lhes a razão pela qual estavam tentando
fazer isso. Eles começaram a respondê-lo, e a tensão começou a crescer.
Finalmente, diz em 10:39: “Nesse ponto, procuravam, outra vez, prendê-lo,
mas ele se livrou das suas mãos.”

Ao longo do evangelho de João, está registrado que por todo o


ministério de Cristo, pessoas tentaram matá-lo; e falharam completamente.
Todo o Seu ministério público foi ameaçado pelos judeus. Em João 5:17
Jesus diz:“. . . ‘Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.’” Ele disse:
“Meu Pai ...” como que reivindicando ser um com Deus. Quando Ele disse
isso, os judeus tentaram matá-lo porque Ele se fez a si mesmo igual a Deus.
Em João 7:1 está escrito que Ele não mais andava abertamente na Judéia,
porque eles buscavam matá-lo. Ele então foi para Jerusalém; e, em João
7:25, toda a população disse: “...‘Não é este aquele a quem procuram
matar?’” Era de conhecimento comum que as autoridades estavam tentando
matar Jesus Cristo. Em João 11:47-48 está escrito: “Então, os principais
sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio; e disseram: ‘Que estamos
fazendo, uma vez que este homem opera muitos sinais? Se o deixarmos
assim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão não só o nosso
lugar, mas a própria nação.’” Isto mostra a você onde de verdade o coração
deles estava. João 11:53 nos diz: “Desde aquele dia, resolveram matá-lo.”
Jesus Cristo acabara de se tornar o inimigo público número um. O que nós
estamos lendo aqui? Nós estamos lendo que, ao longo de todo o ministério de
Jesus, esforços foram feitos para matá-lo; e não puderam ser levados a efeito.
O que nós vimos aqui? Nós vimos que Jesus disse que ninguém podia tirar-
Lhe a vida e vimos também que Ele levou esta asseveração a cabo. Todas as
tentativas de matar Jesus falharam, todas elas.

Jesus Morreu no Momento de Sua Própria Escolha

Página 9 - Capítulo 1
Um outro fato a respeito das asseverações de Cristo é que Ele morreu
no momento de Sua própria escolha. Primeiro: vamos relacionar os eventos
de Sua vida e morte com a declaração de morrer de uma certa maneira, que
deveria ser por crucificação. É importante notar que Jesus morreu na cruz. Ele
morreu por um ato de Sua própria vontade. Graças a Deus que não podemos
aprender sobre crucificação por observação hoje em dia, embora possamos
por meio de estudo. Estudando algumas boas enciclopédias bíblicas ou de
outro gênero, você aprenderá que, para um homem morrer por crucificação,
levava algo em torno de 36 a 72 horas (de um e meio a três dias). Geralmente
a pessoa iria chegar a desejar a morte. Ninguém morria por crucificação, e
nenhum crucificado morria por causa de perda de sangue; não havia muita
perda de sangue; não era assim que as pessoas morriam numa cruz.
Geralmente elas desejavam morrer, os pulmões inundavam-se de líquido, ou
a pessoa se sentia esgotada. Sabe-se que um homem ficou pendurado numa
cruz por nove dias. Era uma punição cruel, incomum e horrível. Nosso Senhor
disse que Ele morreria quando estivesse pronto. Ele disse: “Eu tenho poder
para dar a minha vida” (cf. João 10:18). Você não acha que algumas daquelas
pessoas gostariam de ter o poder de morrerem na cruz? O tempo que levava
para uma pessoa comum morrer na cruz era de um dia e meio a três dias.
Mas eis aqui algo notável: Marcos 15:33-37 afirma que Cristo morreu em seis
horas. Esta é uma das coisas mais fantásticas que podemos ler. Em João
19:31-33 é registrado que quando os soldados vieram para quebrar as pernas
dos ladrões, eles perceberam que Jesus já havia morrido. Aqui está o que nós
queremos ver. Deixe-me ler para você do meu livro sobre esse assunto:
“Marcos nos diz que Jesus foi crucificado na hora terceira, por volta de nove
horas da manhã, e que Ele morreu na hora nona, por volta de três da tarde.”

A importância deste fato não pode ser exagerada. Tivesse Jesus


permanecido vivo na cruz pelo tempo que normalmente se levava para morrer
por crucificação, não teria havido nenhuma evidência de que Ele tinha
exercido Sua prerrogativa divina de dar a Sua vida por um ato de Sua própria
vontade, como Ele havia declarado anteriormente. Iria parecer que Ele havia
morrido como qualquer outro homem morreria numa cruz. Era, portanto,
necessário que a morte acontecesse antes, enquanto ainda havia força vital
fluindo por Seu corpo. Nós temos razão para esperar que um homem comum
sobrevivesse à penosa experiência da crucificação, se ele fosse removido da
cruz apenas seis horas após sua crucificação. Mas, notavelmente, Jesus
morreu na cruz em seis horas. Eu acho que isto muito facilmente explica a

Página 10 - Capítulo 1
surpresa de Pilatos quando, em Marcos 15:43-45, José de Arimatéia foi pedir
o corpo de Jesus. Pilatos, surpreso por Ele já estar morto, chamou o centurião
do pelotão de execução e certificou-se que Ele estava, de fato, morto. Pilatos
não esperava que Ele tivesse morrido tão rapidamente. Há apenas uma
conclusão à qual nós podemos chegar. Este homem morreu quando Ele
estava pronto para morrer. João 19:30 diz: “Quando, pois, Jesus tomou o
vinagre, disse: ‘Está consumado!’ E inclinando a cabeça, rendeu o espírito.”
Ele morreu por um ato de Sua própria vontade. Ele comprovou a Sua
asseveração: “Tenho autoridade para a entregar...” (João 10:18).
O que nós vimos? Ninguém podia tirar Sua vida. Ele tinha poder para a
entregar. Ele morreu numa maneira e momento específicos. Os fatos na Sua
vida comprovam tal verdade. Todas as tentativas de matá-lO fracassaram. Ele
morreu por crucificação; não por apedrejamento, e Ele morreu no momento de
Sua própria escolha. Isto apóia a afirmação do centurião. Isto a explica,
porque quando Jesus morreu, Marcos 15:39 diz que o centurião do pelotão de
execução que ali estava, quando ele viu Jesus morrer disse:
“...‘Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.’” Não era assim que
um pagão iria comentar? Este homem estava fantasticamente impressionado
com o que ocorreu na cruz. Ele sabia que isto era contrário a tudo o que podia
se esperar de uma crucificação.

Vamos tirar algumas conclusões.

Primeira: as asseverações de Cristo são confirmadas por Sua morte. Todos


os fatos são contrários aos anseios e agonia pela morte. Jesus morreu em
seis horas. Isto não era de se esperar, mas Ele morreu assim mesmo.

Acaso isto não apoia Suas asseverações?

Pergunta: De onde o poder que Jesus tinha procedia?

De onde vinha o controle que Ele possuía?

Segunda: podemos nós razoavelmente esperar tal poder e tal controle sobre
a vida e circunstâncias de outras pessoas que Jesus demonstrou? De um
simples homem nós não podemos esperar isso.

No que é mais razoável crer?

Página 11 - Capítulo 1
É razoável crer que Jesus era um simples homem?

Ou é razoável crer que Ele é quem afirmou ser: o Filho de Deus com poder?

Eu escolho crer que Ele é nosso Salvador ressuscitado.

E você?

Página 12 - Capítulo 1
CAPÍTULO DOZE
EVIDÊNCIAS CRISTÃS HISTÓRICAS

A MITOLOGIA DO LIBERALISMO

Introdução

Nos últimos anos tem havido um certo liberalismo que busca


desacreditar a confiabilidade histórica do nosso Novo Testamento, afirmando
que o retrato de Jesus encontrado nos nossos quatro evangelhos, enquanto
nascido de uma virgem, operador de milagres, o ressuscitado Filho de Deus;
é, de fato, um mito que foi inventado pela igreja. O que o liberal alega querer
fazer é desmitologizar a Bíblia, isto é, ele diz querer ficar livre de todo o
sobrenaturalismo e voltar ao retrato real de Jesus.

Em 1980, quando eu estive em Sidney na Austrália, me deparei com


este assunto, quando John A. T. Robinson, tinha vindo à Universidade

Página 1 - Capítulo 1
McQuarry para palestrar sobre o livro que acabara de escrever, intitulado Re-
Dating the New Testament (Atualizando o Novo Testamento). No
encerramento, ao ser a palestra aberta para perguntas, eu tive a oportunidade
de fazer a minha:

- “Com base no fato histórico de que a igreja de Cristo foi estabelecida na


cidade de Jerusalém, apenas 53 dias depois da morte de Cristo,
fundamentada na crença de ser Jesus o Filho de Deus ressuscitado, isto não
refuta a afirmação liberal de que teria levado outros trinta anos para a igreja
inventar o Jesus sobrenatural?”

Se você é perceptivo, poderá notar que a resposta reside na pergunta.


Todavia, a resposta de Dr. Robinson foi: “Eu não vou aceitar uma resposta tão
simplista para um assunto tão complicado.” Agora, é necessário que você seja
o juiz quanto a se ou não eu tinha uma resposta simplista; ou se era ou não
simplesmente uma refutação ao liberalismo.

Mas vejamos o que é a teoria do “mito da igreja”.

1. As Afirmações do Liberalismo

O Jesus Histórico Não é Realmente o Jesus sobre o qual Lemos nos


Registros dos Evangelhos

O liberalismo afirma que o Jesus histórico não é realmente o Jesus


sobre o qual lemos nos registros dos evangelhos, e que estes contêm
bastante ficção entrelaçada com um pequeno pano de fundo histórico.

Os liberais estão dizendo que a igreja de Cristo é a culpada por isso.

Eles afirmam que da morte de Cristo até à escrita do primeiro evangelho


(que tradicionalmente, incorreto ou não, foi o evangelho de Marcos), num
intervalo que cobre um período de cerca de 30 anos, o evangelho estava
literalmente sendo inventado e que a igreja de Cristo considerava Jesus seu
herói.

Você poderia inclusive argumentar que o livro de Mateus foi realmente o


primeiro a ser escrito; não porque seja o primeiro livro no Novo Testamento,
mas pelo fato de existirem evidências que o fazem parecer haver sido escrito
Página 2 - Capítulo 1
antes de Marcos. Contudo, seja como for, a ideia tradicional é que Marcos foi
o primeiro evangelho a ser escrito, entre 60 a 62 A.D.; e, se Cristo morreu por
volta de 33, você tem um intervalo de aproximadamente 30 anos. Os liberais
então afirmam que enquanto a igreja contava a história de Cristo, eram feitas
incríveis adições ao que Ele disse e fez.

Assim, eles finalmente inventaram um Jesus sobrenatural.

Em outras palavras, enquanto eles contavam a história, atribuíam a Ele


asseverações de caráter sobrenatural que nunca de fato havia feito,
asseverações como a de João 6:38, onde Jesus diz: “Por que eu desci do
céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me
enviou.” Os liberais dizem: “Ele não disse isso de fato. A igreja refez isto num
período de alguns anos.”

Um outro exemplo está em João 10:36 onde Jesus disse: “...então,


daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: ‘tu blasfemas;’
porque declarei; ‘sou o Filho de Deus?’” Eles vão dizer que Jesus nunca fez
realmente esta afirmação, mas que a igreja apenas atribuiu isto a Ele. Os
cristãos tomaram isto fora de proporção. Eles ficaram empolgados e o
levaram longe demais. Ou na declaração de João 11:25 onde Jesus afirmou
ser a ressurreição e a vida, ou na de João 12:48, onde Ele disse que Suas
próprias palavras serão o padrão de julgamento no dia final. Ou João 14:6,
onde Jesus diz: “... ‘Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim.’” Os liberais dizem que Jesus nunca realmente fez estas
declarações, mas a igreja as inventou. A igreja não apenas dizia que Ele fez
afirmações que Ele não fez, como também atribuía a Jesus feitos que Ele
nunca realizou; tais como os milagres, andar por sobre as águas e
transformar água em vinho.

Quanto a ter tomado dois pães e cinco peixes e alimentado cinco mil
homens, sem contar mulheres e crianças, eles afirmam que Jesus nunca
realmente chegou a fazer estas coisas; mas em vez disso a “igreja
simplesmente atribuiu a Ele feitos de caráter sobrenatural. Em outras palavras
a igreja atribuía a Cristo tal sobrenaturalismo como milagres, a ressurreição
dos mortos e Sua própria ressurreição.” Eles estão nos dizendo que Jesus
nunca fez tais coisas, mas que a igreja O “heroizou”, que O idealizaram e,
finalmente, O “sobrenaturalizaram”.

O Liberalismo Recomenda Uma “Desmitologização” dos Evangelhos


Página 3 - Capítulo 1
A igreja é a culpada por criar um Jesus sobrenatural; e, como resultado,
na época em que os escritores registraram seus evangelhos, eles registraram
o mito; não o Jesus histórico. O liberalismo diz que sua tarefa é “desmistificar”
o Novo Testamento. O que os liberais dizem é quererem se livrar de todo o
sobrenaturalismo que ali existe, e voltar à figura real de Jesus.

Eu quero mostrar a você muitas coisas sobre esta teoria do mito da


igreja que a vai expor como sendo o erro que de fato é. Primeiro: eu quero
que você veja que não existe nem sequer um pedacinho de evidência; seja
ela histórica, material, ou de outra sorte, indicando que a igreja inventou o
Cristo sobrenatural. Não há nenhum documento em nossas mãos nos
introduzindo na ideia de que o Cristo sobrenatural não estava na mente da
igreja desde o início de sua história, ou que a igreja tenha começado a
crescer dentro de um conceito de Jesus como sobrenatural, que eles já não
possuíssem originalmente. Não há nada no Novo Testamento nesse sentido.
Não há qualquer evidência em nossa mão sinalizando que a igreja tenha
inventado um Cristo sobrenatural.

Pode ser levantada a pergunta de que se não há evidência em favor


disso, então de onde vem a teoria do mito da igreja? Veio dos liberais. Eles
acreditam que nós somos o produto casual de um processo evolutivo e não
crêem que Deus criou o mundo; que Cristo, sendo Deus, interveio em nossa
história. Eles não acreditam em sobrenaturalismo, contra o qual demonstram
ter um viés, pois não costumam levar os fatos em consideração. Assim,
gesticulam com as mãos negativamente, insistindo simplesmente na base de
uma pressuposição filosófica não poderem ter acontecido os milagres. E, já
que milagres não poderiam ter acontecido, nós queremos determinar
exatamente por que os apóstolos, bons homens que eram, criam que Jesus
fez Suas grandes afirmações.

Às vezes os liberais até mesmo recorrem à doutrina da uniformidade


que não pode ser provada como sendo uma doutrina exata, desde que é, de
fato, uma teoria. A doutrina da uniformidade afirma ou assegura que as
causas de todos os eventos são sempre as mesmas. Por não serem
observados atualmente, concluem os liberais, os milagres nunca
aconteceram. Contudo, o liberal jamais poderá provar que isto é verdade.

Nós encontramos em documentos históricos confiáveis, neste caso, o


Novo Testamento, relatos de que ocorreram fatos sem precedentes no
Página 4 - Capítulo 1
primeiro século. Se é assim, e o Novo Testamento insiste que é, os homens
que escreveram o Novo Testamento garantem ter visto Jesus realizar
milagres que a humanidade não tinha visto até aquele momento. Portanto, era
necessário que houvesse causas por detrás que não estão atuando neste
século. Agora, de onde isto veio? Isto é, de onde veio esta ideia de que a
igreja inventou o Jesus sobrenatural? Os liberais tinham que inventar esta
teoria a fim de dar alguma explicação para o fato destes homens terem
afirmado que os milagres aconteceram no primeiro século. Assim, eles
inventaram a teoria do mito da igreja, dizendo: “Agora, isto responde. Aí está.
Isto vai lhe dizer por que os relatos dos evangelhos trazem um Cristo
sobrenatural inventado pela igreja.” Mas não há nenhum fragmento de
evidência em nossas mãos para apoiar tal afirmação.

A Igreja Foi Construída sobre um Jesus Sobrenatural

Segundo: vejamos quando a igreja começou: cinquenta e três dias


depois da morte de Cristo. Além do mais, começou baseada na crença de que
Jesus Cristo estava ressuscitado. Pedro, em Atos 2:22-24, ficou de pé diante
de um grande número de pessoas e disse:

“Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão


aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os
quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós
mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e
presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;
ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte;
porquanto não era possível fosse ele retido por ela.”

Pedro então começou a provar a sua proposição. Vós o matastes, mas


Deus o ressuscitou. Ele então cita profecias do Velho Testamento. Ele apela
aos milagres que Jesus realizou confirmando que Deus o aprovou. Pedro diz:
“...do que todos nós somos testemunhas.” (Atos 2:32). Os apóstolos viram e
deram o seu testemunho unânime deste fato. Isto foi suficiente para três mil
judeus tomarem a decisão pela fé, no sentido de se arrependerem de seus
pecados e serem batizados para serem perdoados; e, assim, a igreja foi
iniciada.

Sobre que crença a igreja teve seu início?


Na crença de um Cristo sobrenatural.
A igreja nunca teria começado sem crer desde o início que Jesus era o
Página 5 - Capítulo 1
Filho de Deus. A propósito, o que é a igreja? Não é o povo que crê que Cristo
foi crucificado, sepultado e ressuscitado dos mortos? Não teria havido igreja
se Cristo não tivesse ressuscitado ou se essas pessoas que constituíam a
igreja não cressem que Jesus era o Filho de Deus ressuscitado que os iria
ressuscitar dos mortos também. A ideia, então, que a igreja inventou o Jesus
sobrenatural ao longo de um período de trinta anos é contraditória, não
apenas aos fatos de que a igreja foi iniciada por Deus, sendo baseada na
crença de que Jesus ressuscitou, mas é contraditória à própria lógica e razão
para a origem da igreja.

A pergunta é: se a igreja teve início baseado na crença de que Jesus


Cristo ressuscitou, então já havia um Cristo sobrenatural nas mentes
daqueles que começaram a igreja em Pentecostes. Por acaso este é um
argumento simplista? Não, mas assim os fatos se nos apresentam no caso,
fatos provenientes de testemunho histórico. Ninguém de mente
suficientemente desprovida de preconceitos nega isso. Foi o que perguntei ao
Sr. Robinson naquela ocasião: o fato de a igreja haver começado apenas
cinquenta e três dias após a morte de Jesus na cidade de Jerusalém,
totalmente baseada na crença que Jesus havia ressuscitado; sendo, portanto,
era o sobrenatural Filho de Deus, não refuta a ideia liberal de que levou outros
trinta anos para se “inventar” o Cristo sobrenatural? Claro que sim! A igreja
nunca teria começado sem ter crido nisso desde o primeiro momento.
Pergunta simplista, ou simplesmente uma refutação ao erro liberal?

A Igreja Foi Perseguida por Suas Crenças

Vamos mostrar a você uma outra razão que prova o erro desse
liberalismo.

Atos 4 mostra ter sido a igreja perseguida assim que se iniciou.


Por que a igreja foi perseguida?

Em Atos 4:1-2, Lucas escreve: “Falavam eles ainda ao povo quando


sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos
por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os
mortos;” Os saduceus eram uma facção religiosa judaica composta de
indivíduos que não acreditavam em espíritos, anjos, nem na ressurreição
física. Contudo, os apóstolos começaram a pregar a morte, sepultamento e
ressurreição corpórea de Jesus. As pessoas começaram a ouvir, crer e a
serem batizadas em Jesus; assim, a igreja começou a crescer. Vendo isso, os
Página 6 - Capítulo 1
saduceus começaram a ficar perturbados, pois a situação parecia estar
escapando do controle daquele grupo. Tendo os saduceus, juntamente com
os romanos, o controle político, Lucas escreve em Atos 4:3, “e os prenderam,
recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde.”
Notavelmente, contudo, como Lucas afirma, em Atos 4:4: “Muitos, porém, dos
que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase
cinco mil.”

O modo oriental de contagem não inclui mulheres e crianças; por isso,


pensam com bastante razão alguns comentaristas que, no capítulo quatro de
Atos, quando a perseguição começou contra a igreja, que esta já contava
umas dez, doze ou treze mil pessoas. Isto é fácil de se notar. Mas por que a
igreja foi perseguida? Precisamente por pregar e crer na ressurreição de
Jesus Cristo. Por acaso iria levar outros trinta anos para a igreja inventar o
Jesus sobrenatural e começar a crer que Jesus era o Filho de Deus
ressuscitado? Acaso não foi a igreja iniciada sobre esta crença, sem a qual
não teria sequer iniciado? A igreja foi perseguida precisamente por causa
dessa crença. Se levou trinta anos para inventar o Jesus sobrenatural e para
a igreja fazer estabelecer dentro de suas fronteiras a crença de que Jesus era
o Filho de Deus, então por que os cristãos foram perseguidos assim que a
igreja teve início? Eles foram perseguidos por crerem na ressurreição,
portanto, foram perseguidos por já crerem num Cristo sobrenatural.

A Igreja Perseverou em Meio à Perseguição

O liberalismo está errado. Não levou trinta anos para inventar o Jesus
sobrenatural, no qual a igreja já acreditava. Mas isso não é tudo, há ainda
uma outra razão para mostrar-lhe o erro da teoria do mito da igreja: o fato de
que a igreja perseverou em meio à perseguição. Como e por que os cristãos
foram capazes de suportar tamanha perseguição? A pergunta como é
respondida no porquê. Eles suportaram a perseguição precisamente porque
criam que Jesus era o Filho de Deus. É aqui onde temos a prova de ácido da
qual já falamos, pois os documentos do Novo Testamento circularam entre
pessoas que viveram naquela época, familiarizadas com pessoas que ou
viram, ou poderiam ter dito que não viram estas coisas acontecerem, já que
elas presenciaram os eventos relacionados à vida de Jesus. Estes
documentos foram feitos circular entre as pessoas, e elas creram no que
ouviram e no que leram.

F. F. Bruce nos informa que o governo romano enviava a sua guarda


Página 7 - Capítulo 1
para confiscar os documentos do Novo Testamento, mesmo assim, a igreja se
recusou a desistir deles. Por quê? Porque os cristãos criam no conteúdo
desses livros. Não há dúvida quanto a isso. Os escritos do Novo Testamento,
tais como: os relatos dos evangelhos, as epístolas, enfim, todo o registro
histórico que possuímos nos diz que a igreja, desde o início, cria na
ressurreição de Jesus Cristo; e que eles próprios, embora perseguidos até à
morte, também seriam ressuscitados. Isto dá a eles, e a você, e a mim, a
motivação para sofrer, se necessário, porque nós cremos num Jesus
sobrenatural. Seus milagres e Sua ressurreição confirmam Sua afirmação de
nos amar, e qualquer perseguição que Ele permita chegar até nós jamais será
uma negação de Seu amor.

Eles acreditavam em Cristo? Sim. Como eles (os cristãos primitivos)


acreditavam em Jesus? Como uma pessoa sobrenatural, como o Filho de
Deus, como o Emanuel (Deus conosco), e que Ele comprovaria Suas
declarações veementes de que se fossem fiéis até à morte, Ele os
ressuscitaria dos mortos. Eu acredito nisso com todo o meu coração e alma.
Eu quero que você creia nisso. Se é verdade que estes são os fatos históricos
no caso, então nós vamos ter que responder por que eles foram perseguidos.
A resposta é: eles foram perseguidos por causa de sua fé na ressurreição.
Como foram capazes de aguentar esta discriminação e martírio?
Simplesmente porque criam que há algo maior além do túmulo que vale o
preço da única vida que temos, a saber: a ressurreição que Jesus realizará a
nosso favor quando Ele vier em Sua vinda final.

b) A Ressurreição de Cristo Foi Ensinada Antes que a Igreja Começasse

Nós vemos que a teoria do mito da igreja completamente desmorona


em torno da ideia de que os escritores dos evangelhos registram para nós o
que eles afirmam ter visto. De acordo com a teoria do mito da igreja, esta
inventou o Jesus sobrenatural ao longo de um período de aproximadamente
três décadas; e então, no momento em que os escritores dos evangelhos
começaram a registrar o retrato de Cristo, registraram o que a igreja tinha
inventado. O que isso diz é que Mateus, um apóstolo, João, um apóstolo, e
que o evangelho de Lucas, que disse ter obtido dos apóstolos, junto com o
evangelho de Marcos, o qual a tradição nos diz ter escrito o que o apóstolo
Pedro pregou, todos esses testemunhos apostólicos realmente surgiram do
que a igreja inventou.

O que os liberais estão dizendo é que os escritores dos evangelhos


Página 8 - Capítulo 1
escreveram o que a igreja os ensinou. Isto certamente não inverte a
polaridade? No Pentecostes, antes que houvesse o Novo Testamento, e
antes que sequer existisse uma igreja, houve apóstolos dizendo: “Nós vimos o
Cristo.” Este é o ponto que precisa ser feito, que em Atos 2 quando a igreja
começou, o apóstolo Pedro afirmou no versículo 32: “A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” Eles não disseram que
obtiveram esta ideia da igreja. Eles disseram estar transmitindo a vocês o que
aconteceu conforme viram, conforme participaram. Isto é o que João diz em
João 19:35: “Aquele que isto viu testificou, sendo verdadeiro o seu
testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.”
João diz ter sido um participante no que aconteceu. Ele diz: “Eu estava lá. Eu
sou uma testemunha ocular.” Ele está nos dando um relato de testemunha
ocular do que aconteceu.

Os liberais acreditam que João está mentindo e que Lucas obteve esta
informação de todos os apóstolos, que também estavam mentindo. Os liberais
acreditam que estavam todos mentindo e entrando em perseguição por causa
de uma mentira. Mas você não pode esperar isto da natureza humana.
Mateus escreveu o que viu. João escreveu o que disse ter visto. Em João
20:30-31, o apóstolo escreveu sua afirmação proposicional: “Na verdade, fez
Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste
livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” De onde João
diz terem vindo os sinais vieram? Eles vieram de Jesus e, baseados no relato
dos sinais que João registrou como tendo ocorrido, os leitores podiam crer
que Jesus é o Filho de Deus.

João afirma que estava registrando o que viu, que estes sinais não
foram contados a ele por uma outra pessoa; mas em vez disso, ele disse: “Eu
estou escrevendo o que eu vi com os meus próprios olhos, o que eu ouvi com
meus próprios ouvidos”. João e Mateus escreveram as afirmações que
disseram ter ouvido Jesus fazer. Eles escreveram os feitos que eles disseram
ter visto Jesus realizar. João disse que viu Cristo transformar água em vinho
(João 2). João afirma ter visto Jesus curar um coxo que padecia há trinta e
oito anos (João 5). Ele disse, em João 6, que viu Jesus andar por sobre as
águas. Ele disse, em João 11, que viu Jesus ressuscitar Lázaro dos mortos.
Estes são relatos de testemunhas oculares.

João, Mateus, e os demais escritores apostólicos, eram todos homens


que escreveram os relatos dos evangelhos como testemunhas oculares, ou
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como Marcos e Lucas, que foram cuidadosos pesquisadores do que disseram
ter obtido de testemunhas oculares. Estes são os relatos de homens que
disseram ter participado e visto tudo com os seus próprios olhos: as
testemunhas oculares. Assim, em vez da teoria do mito da igreja que afirma
ter a igreja inventada estas coisas, que posteriormente foram registradas
pelos escritores dos evangelhos; os apóstolos dizem que estavam escrevendo
nos evangelhos o que viram e fatos dos quais participaram. Eles eram
testemunhas oculares. Não há dúvida quanto a isto, a teoria do mito da igreja
está errada.

As Epístolas de Paulo Revelam um Cristo Ressuscitado

Há uma última coisa à qual iremos apelar: entre a época da escrita dos
evangelhos e a época em que Paulo começou a escrever suas epístolas (se
Paulo começou a escrever, como diz Bruce, por volta de 42 a 44), então você
tem apenas, se Jesus morreu com 33 anos de idade e Paulo começou a
escrever entre 42 e 44 A. D., uma lacuna de dez anos entre a morte de Cristo
e os escritos do apóstolo Paulo. Nas epístolas do apóstolo Paulo, ele desde o
início, deixa claro que as igrejas às quais estava escrevendo já tinham crido
que Jesus era o Filho de Deus e seus membros foram batizados em Cristo
por meio de sua fé de que Ele era o operador de milagres, nascido da virgem,
corporalmente ressuscitado Filho de Deus. Você pode ler isto em quase todas
as epístolas que Paulo escreveu. Você pode reproduzir nas epístolas de
Paulo o Jesus sobrenatural, nos mostrando que a igreja de Cristo já tinha
crido no Jesus sobrenatural.

Minha pergunta é esta: Se nós não tivéssemos nenhuma outra


evidência além dessa das epístolas de Paulo, não seria o suficiente para
refutar a teoria do mito da igreja? É razoável que, no curto período de tempo
entre a morte de Cristo e a primeira epístola de Paulo, a igreja pudesse
inventar um Jesus sobrenatural, um retrato colossal de Jesus como temos na
Bíblia, de um nascido de uma virgem, operador de milagres e corporalmente
ressuscitado Filho de Deus? Seria possível inventar uma ideia de Cristo que
não correspondesse à realidade, que não tivesse se verificado e então
empurrar tudo isso numa geração de pessoas que não estivesse de acordo?
Com as igrejas guardando estas cartas, isto mostra que seus membros
acreditavam no Jesus sobrenatural antes mesmo que as cartas sequer
fossem escritas; e isso mostra que eles, em primeiro lugar, acreditavam em
Cristo, para poderem, depois, se tornarem cristãs.

Página 10 - Capítulo 1
De tudo isso, nós podemos tirar a conclusão de que a teoria do mito da
igreja dos liberais carece de qualquer substância. O que nós precisamos
entender é que o Novo Testamento é totalmente confiável historicamente para
relatar os eventos ocorridos no passado. Você pode acreditar em sua Bíblia.
Você pode crer nela porque é historicamente o testemunho das testemunhas
oculares, e ela nos relata que Jesus viveu, realizou milagres, ressuscitou dos
mortos e subiu aos céus. Sobre esse fundamento nós desejamos viver, por
ele morrer. Nesta esperança pretendemos ser fiéis até à morte.

Graças a Deus pela Bíblia!

Viva-a. Ame-a. Morra por ela.

Página 11 - Capítulo 1
INFORMAÇÕES SOBRE ESSA OBRA:

Título Original: The Case for Historie Christianity – 2008


Autor: WHARTON, Edward C.

Título em Português: Evidencias Históricas do Cristianismo


Tradução: Equipe de Traduções EBNESR.

Tradução e publicação autorizada pelo Instituto Bíblico Sunset.


Sunset Internacional Bible Institute
3723 34th St., Lubbock, TX 79410

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