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Dyeenmes Procópio de Carvalho

DO BENEFÍCIO AO PODER INSTITUCIONAL: PRÁTICAS


POLÍTICAS SOB A ÓTICA DE SÊNECA EM DE BENEFICIIS (04 -01
a.C. – 65 D.C.)

Projeto apresentado para participação no


Processo Seletivo 2019 do Programa de Pós-
Graduação da Faculdade de História da
Universidade Federal de Goiás – PPGH-UFG,
para o nível de Mestrado na Linha de Pesquisa
“História, Memória e Imaginários Sociais”. Sob
a orientação da Profa. Dra. Luciane Munhoz de
Omena.

0
1)- Introdução

- Considerações sobre o tópico do beneficium em obras da Antiguidade

A obra De Beneficiis de Lúcio Aneu Sêneca, conquanto seja a maior dele e única dentre
as hostes de obras antigas a lidar somente com tópico da prática do benefício, está inscrita
dentro de uma tradição filosófica variada e rica sobre o conceder e retribuir favores (GRIFFIN,
2013, p. 1, 15). Remonta-se até Platão (428-348 a.c.) as recorrências do pensamento teórico
sobre a troca de benefícios.1 Ainda assim, Xenofonte (430-355 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.)
e sua escola provêm, em aspectos qualitativos e quantitativos, as tradições antigas mais
relevantes para Sêneca e mais completas sobre o tratamento da matéria, antecipando algumas
das preocupações expostas em De Beneficiis (GRIFFIN, 2013, p. 16).
Há nas obras de Xenofonte, a saber, Cyropaideia, Agesilaus, Anabasis, Memorabilia,
segundo Mirian T. Griffin (2013, p. 16, 17), M. Plezia (1977, p. 21-22) e C. I. Moussy (1966,
p. 412-414),2 alguns paralelos possíveis com o De Beneficiis de Sêneca. O assunto da prática
dos benefícios, em Xenofonte, é tratado com mais extensão nas suas obras socráticas e em
Cyropaideia que, segundo nosso entendimento, apresenta uma preocupação política; logo, teria
sido apreciada no período romano. O tópico também tem espaço, de relance, em Hiero e
Agesilaus, dentro do escopo axial das discussões sobre como governar de maneira apropriada
(GRIFFIN, 2013, p. 16). Vê-se, dessa forma, que o arcabouço conceitual mais amplo da questão
dos benefícios em Xenofonte é político.
Agora, ao olhar o tratamento dado ao assunto por Xenofonte, verifica-se a antecipação
de algumas das preocupações com as quais Sêneca lidará em De Beneficiis. Primeiro,
mencionamos a importância da motivação do doador como elemento volitivo imprescindível
para se obter a devida gratidão, bem como a consideração dos presentes numa relação
proporcional aos recursos do doador (cf. Ben. 1.1.4-8 e 3.5.2; 6.35.3-4).3 Além disso, a
ingratidão é considerada como a ofensa mais desprezível (cf. Ben. 1.10.4; 4.18.1),4 por isso, o

1
No caso de Platão, segundo Mirian T. Griffin (2013, p. 16), o que se encontra é a ideia de que “χάρις - gratidão”
é a resposta adequada para com “ευγερσιαι - benefícios”.
2
Esses eruditos estabelecem paralelos entre as ideias de Xenofonte, Aristóteles e Sêneca, em especial as que se
relacionam com “χάρις - gratidão” e uma conceituação de benefício com o conteúdo de De Beneficiis.
3
Ages. 4.4; Hiero 7.6; Cyr. 4.4.12; cf. Seneca Ben. 1.1.4-8: especialmente quando o benefício vem de alguém que
errou (Cyr. 3.1.29); presentes devem ser considerados à luz dos recursos do doador: Mem. 1.3.3; cf. Sen. Ben.
3.5.2; 6.35.3-4. Tal tópico é digno de ser tratado com maior profundidade e densidade, o que se pretende fazer por
ocasião da escrita da dissertação.
4
Tal acepção, em Xenofonte está expressa em Cyr. 1.2.7. Note a forma como Sêneca coloca a ingratidão como
ofensa magna em Ben. 1.10.4: Erunt homicidae, tyranni, fures, adulteri, raptores, sacrilegi, proditores; infra

1
sentimento de gratidão sobrepuja, em termos de valor, o retorno concreto em si. Ao mesmo
tempo, constitui-se injustiça o ter condições de retornar o benefício e, ainda assim, negar-se a
fazê-lo (cf. Mem. 4.4; Cyr. 1.2.7; 3.1.34; Ages; 4.2-4 em comparação com Ben. 4.40.1-2; 6.41.2)
(GRIFFIN, 2013, p. 16-17).
Outro elemento antecipatório na abordagem de Xenofonte é a sua consideração sobre
a viabilidade do forçamento legal da gratidão com a qual se preocupará Sêneca (cf. Ben. 3.6-
17).5 Acima de todas essas antecipações, porém, está a percepção, em Xenofonte, de que a
concessão de benefícios, enquanto prática, é criativa em termos sociais, uma vez que amigos
são feitos ao aceitar e retribuir favores,6 visão esta fulcral para Sêneca. Assim, ambos parecem
conceber o dar e o receber favores em seus múltiplos aspectos dentro do espaço relacional social
mais abrangente; ou seja, a perspectiva de que conceder, aceitar ou retribuir favores como
perpassantes práticas sociais frutíferas e aglutinantes.
Aqui se faz necessário avançar para o segundo eixo do pano de fundo conceitual do
qual Sêneca se apropria em De Beneficiis. O corpus aristotélico é eminente no tratamento da
prática dos benefícios em Sêneca, já que, segundo Griffin (2013, p. 17), dos tratados estoicos
quanto ao tópico em particular somente De Beneficiis sobreviveu.7 As abordagens da matéria,
ainda que seminais, no corpus aristotélico, estão circunscritas no arcabouço da “φιλία –
amizade” nos livros 8 e 9 da Nicomachean Ethics; no livro 7 de Eudemian Ethics (GRIFFIN,
2013, p. 18).8 Dentro do pensamento aristotélico, a vinculação entre benefícios e philia (virtude
que relaciona os homens uns aos outros) é o ligamento e, talvez, o vigamento que mantém uma
sociedade em particular unida.9
Aliado a isso, a philia perfaz, então, a única forma verdadeira, dentro da qual, a troca
de favores alcança sua superioridade moral sendo mensurável na proporção da intenção do
benfeitor. Este, por sua vez, se plenifica na ação em si e não na retribuição. Em outras palavras,
a desejada simetria na relação benfeitor-beneficiado é constituída na proporção volitiva do

omnia ista ingratus est, nisi quod omnia ista ab ingrato sunt, sine que uix ullum magnum facinus adcreuit.
(GRIFO MEU)
5
Em Xenofonte, duas obras são importantes na consideração desse tópico, a saber, Mem. 4.4 e Cyr. 1.2.7.
6
A abordagem da relação social direta entre o dar e receber benefícios e a “φιλία- amizade” e a amicitia terá lugar
quando se tratar do corpus aristotélico e do assunto em si do qual De Beneficiis trata.
7
Tal é a imprescindibilidade do corpus aristotélico na visão de Mirian T. Griffin que ela chega a dizer que este é
o pano de fundo teórico mais importante para o tratamento de Sêneca do assunto. (GRIFFIN, 2013, p. 17).
8
Nessas duas obras (Nicomachean Ethics, Eudemian Ethics) ao discutir as virtudes de eleutheriotes e
megalopsuchia Aristóteles também trabalha a questão dos benefícios. A vinculação conceitual dos benefícios com
virtude e amicitia será preponderante no tratamento de Sêneca, ponto este que só pode ser trabalho com mais
extensão a posteriori.
9
Segundo Griffin (2013, p. 18) o conferir benefícios, de acordo com Aristóteles, deve ocorrer numa relação de
philia (seja esta baseada na virtude, prazer ou utilidade).

2
beneficiado em retribuir na medida da intenção do doador, sendo que este, de igual forma, se
satisfaz proporcionalmente na ação em si e não no seu retorno.
Além disso, Aristóteles, tal como Xenofonte, antecipam alguns temas-chaves no De
Beneficiis (GRIFFIN, 2013, p.18): a) - o valor de benefício é determinado a partir do motivo
(1.5-8); b) - a necessidade de avaliar o doador ou o beneficiário antes do estabelecimento de
uma relação de philia (2.18.5; 2.21.2);10 c)- toda ação virtuosa deve ser almejada de maneira
voluntária e prazerosa, calculando-se bem as circunstâncias e as pessoas corretas (4.9.2-9); d) -
a atitude do benfeitor para o com beneficiado metaforizada na relação do artista com a sua obra
(2.33.2) (COOPER, PROCOPÉ, 1995, p. 186). Portanto, o pensamento aristotélico, como umas
das influências teóricas de Sêneca, moldou parte do seu tratamento sobre a questão dos
benefícios, sobretudo por percebê-lo como pertencente ao universo da philia que, por sua vez,
é a base da harmonia e coesão social.
A terceira matriz de tradição filosófica da qual Sêneca lança mão é o estoicismo. O
próprio Sêneca em De Beneficiis (por exemplo em 1.3.2-4, 5) menciona de forma explícita
pensadores estoicos como Crísipo de Solis (279-206 a.C.), discípulo de Cleanto de Assos (330-
230 a.C aproximadamente) e Hecato de Rodes (100 a.C.) que é mencionado em Ben. 1.3.9;
2.18.2; 2.21.4; 3.18.1; 6.37.1.11
Como pontuado acima, os tratados estoicos sobre o dar e retribuir favores se perderam,
restando apenas fragmentos que, a saber, foram reunidos na obra Stoicorum Veterum
Fragmenta 4 vols de H. von Armin. Ainda que forma fragmentária, essa obra contribui para o
presente tópico ao mostrar que a perspectiva canônica estoica via a concessão de favores como
uma virtude a qual deveria ser posta em prática (SVF iii.264, iii.273). Além disso, vê-se que
Crisipo, em sua obra Peri katorthomaton (SVF iii.674) trata do dilema do tolo poder ou não
receber benefícios e dever gratidão, problema este que Sêneca cobrirá em De Beneficiis 5.12-
14. O próprio Sêneca parece concordar com a percepção de Crisipo do escravo como um
mercenário pela vida (3.22.1) e com a de Hecato quanto às obrigações recíprocas (2.18.2) e
apreende um de seus exempla (6.37.1) (GRIFFIN, 2013, p. 20, 24.).
Lúcio Méstrio Plutarco (46-120 d.C.), de forma indireta, contribui para discussão do
tratamento estoico a respeito dos benefícios ao pontuar que havia uma distinção em Crisipo

10
Dentro das obras de Aristóteles, essa ideia pode ser traçada com base em Nicomachean Ethics 8.13.1163a3-9.
11
Um estudo mais aprofundado do debate acadêmico em torno das obras estoicas que Sêneca teria usado ao
escrever De Beneficiis será realizado a posteriori. Por enquanto, é suficiente mencionar que a obra de Crisipo que
Sêneca menciona em Ben. 1.3.8 é provavelmente Peri Chariton (SVF ii.1081) (GRIFFIN, 2013, p. 15). Quando à
obra de Hecato, existe os que defendem Peri Charitos (GOMOLL, 1933, p. 73-83; CHAUMARTIN, 1985, p. 31-
53). Mirian T. Griffin (21=013, p. 15) acha que o excerto Ben. 2.18.2 é forte, mas não totalmente conclusivo de
que a obra seja, de fato, Peri Charitos.

3
entre o dar um benefício como um ato bom e o benefício em si, como uma coisa indiferente
(Mor. 1038a, 1068p), distinção que o próprio Sêneca faz em Ben. 1.6.1.12
Portanto, o que se pode concluir aqui, a priori, é que existe emanada em De Beneficiis
uma longa e basilar tradição filosófica estoica para a qual o tratamento do assunto dos
benefícios era congênito, em especial no tocante à primordial preocupação com dois temas
preciosos para Sêneca, a saber: os vínculos sociais e a benevolência divina como um exemplum
para a humanidade (GRIFFIN, 2013, p. 24-25). Brad Inwood (2005, p. 68) chega a dizer que a
dedicação de sete livros ao tópico dos benefícios como Sêneca o faz em De Beneficiis não seria
algo incomum.

- A prática do beneficium na passagem da República para o Principado

De Beneficiis exala a preeminência da atuação política de personagens e instituições


romanas quanto à prática do benefício, em particular as que estão circunscritas ao recorte
temporal que corresponde à forma de governo conhecida como Principado que será tratada
adiante. O embasamento de tal afirmação deriva-se do próprio tratado em si.
Sêneca, ao longo do tratado, explicita sua reprovação quanto ao mau uso do benefício
com o intuito de humilhar, mesmo em se tratando de um imperador (Ben. 2.8.1); bem como é
digna de uma avaliação negativa, por parte do autor, a forma arrogante e tola segunda a qual
um imperador tratou indevidamente um distinto ex-cônsul enquanto este expunha seu caso
(Ben. 2.12.2).13
Ademais, nota-se o interesse de Sêneca nos benefícios concedidos ao Princeps ou à
família imperial. De forma sucinta, Ben. 3.32.4 trata do caso de Marcos Agripa, genro de
Augusto e, logo, em seguida, Sêneca menciona o caso da adoção de Otávio por Júlio César em
Ben. 3.32.5 que, para ele, do ponto de vista da carreira política, a relação entre Otávio, depois
chamado de Augusto César, e Júlio César, seu pai adotivo, era mais importante do que a relação
do primeiro com o seu pai biológico, Gaius Octavius (GRIFFIN, 2011, p. 198). Sêneca, por
meio desses exemplos, parece apontar que tanto o pai de Marcos Agripa quanto Júlio César, pai
adotivo de Augusto, foram mais beneficiados exatamente por causa das realizações de seus
filhos em relação à Roma. Em outras palavras, um benefício paternal é maior, sendo oriundo
da atuação política dos filhos em prol de Roma, do que aquele recebido de maneira direta e

12 Confira a própria definição de Sêneca do que é um beneficium em Ben. 1.6.1: Quid est ergo beneficium?
Beniuola actio tribuens gaudium capiensque tribuendo in id, quod facit prona et sponte sua parata (GRIFO
MEU).
13
É provável que a referência seja a Calígula, cujo hábito era de vestir a bota militar (GRIFFIN, 2011, p. 40).

4
pessoal. Sêneca destaca também gratidão devida no caso de benefícios concedidos pelo
Princeps (Ben. 4.19.2; 4.19.3). Em resumo, tais ocorrências no tratado evidenciam que o
benefício, enquanto realidade atuante na sociedade romana, perpassava as várias estruturas e
instituições políticas dentre as quais o Princeps, em seu bom ou mau exercício da concessão e
recepção de presentes, é parte integrante desse quadro político no qual o tratado se inscreve e
procura orientar.14
Existe um considerável consenso entre alguns eruditos consultados, como Mary Beard
(2017, p. 349), Greg Woolf (2012, p. 5), Norma Mendes (SILVA; MENDES (orgs.), 2006, p.
24), de que o período de transição entre a República e o denominado Principado pode ser
atribuído a Augusto. Ele, mediante às negociações e à manutenção das instituições
republicanas, acumulou vários títulos e cargos como os de tribunicia potestas,15 do pontificatus
maximus16 e do imperium majus. Res Gestae (uma versão sobrevivente intitulada em latim com
uma tradução aproximada para “meus feitos”), conquanto escrita pelo próprio Augusto pouco
antes de morrer, é um texto que exara uma intenção de registrar o êxito por meio de um
apanhado retrospectivo, uma espécie de curriculum vitae, ressaltando que os cargos e títulos de
Augusto lhe foram dados pelo Senado e pelo povo (Res Gestae 34). Entre outras coisas, o que
as Res Gestae evidenciam é que Augusto adaptou com habilidade as estruturas tradicionais
institucionais romanas revestindo, por intermédio de uma velha linguagem, a
compreensibilidade sistemática de um novo eixo de poder (BEARD, 2017, p. 364).
Em termos institucionais, as ordens senatoriais e equestres galgaram privilégios e
ampliações de sua atuação e poder. Em primeiro lugar, houve uma reorganização do quadro
compositivo da ordem senatorial cujo número foi limitado a 600. Tal reorganização foi calcada
em fundamentos jurídicos mais prementes e precisos do que os vigentes na República (SILVA;
MENDES (orgs.), 2006, p. 27). Além disso, Augusto garantiu honrarias e novos poderes aos
senadores, entre estes, o de que os decretos do Senado, antes tratados apenas em caráter

14 Num levantamento inicial do De Beneficiis, como um todo, em que se procurou excertos dedicados às relações
institucionais, temos, por exemplo, 89 ocorrências envolvendo a relação entre o Princeps e o Senado e cerca de
36 com respeito a relação entre senadores e equestres. Ao prosseguir na averiguação das aparições dessas relações
em cada um dos sete livros respectivamente, o resultado também foi curioso no sentido de que as referências a
essas relações são mais abundantes nos livros centrais do tratado, a saber, os livros III, IV e V. Portanto, uma das
razões para essa configuração, como tal se mostrou no levantamento realizado, é a preocupação de Sêneca em
tratar do benefício dentro do escopo institucional político constitutivo do Principado. Por isso, uma reconstrução,
mesmo que exígua, da transição da República para o Principado e a forma como está afetou diretamente as relações
institucionais é de extrema pertinência.
15
Tribunicia potestas denotava o controle da primazia da iniciativa legislativa, bem como o direito de
inviolabilidade (SILVA; MENDES 2006, p. 27.
16
O título de pontifex maximus, garantia a pax deorum, ou seja, era um título religioso que conferia o poder de
exercer a posição de mediador entre os homens e os deuses SILVA; MENDES, 2006, p. 27).

5
sugestivo, assumiram forma de lei e, em conjunto com os pronunciamentos do imperador,
perfizeram, a partir de então, o corpus legislativo principal romano (BEARD, 2017, p. 368).
Aliado a isso, houve a criação da Prefeitura da Cidade e junto a esta funcionavam
também as curatelas, dos quais titulares escolhidos pertenciam a ordem senatorial. Vale
ressaltar também que, apesar de existirem os tribunais permanentes, o Senado passou a exercer
jurisdição sobre seus próprios membros, com tendência a transformar-se num tribunal
senatorial. Quanto aos equestres, foi-lhes confiada, entre outras coisas, a administração dos
bens imperiais, na cidade de Roma e províncias onde o Princeps possuía bens além de terem
sido alocados em cargos criados por Augusto, como Prefeito dos Vigilantes, Prefeito da Anona,
Prefeito do Pretório (SILVA; MENDES (orgs.), 2006, p. 31).17
Por conseguinte, em termos breves, pode-se perceber que as instituições políticas
tradicionais republicanas continuaram atuantes dentro de uma forma de governo agora
caracterizada pela concentração de poder e cargos na pessoa do Princeps. Ademais, o
Principado, ao invés de ser uma perda de poder de importância para o Senado, conforme propõe
Norma Mendes (2006, p. 31), pelo contrário, se caracterizou pela ampliação dos privilégios das
ordens republicanas como forma do Princeps manter sua posição por meio de negociações.

- O beneficium e o contexto senequiano da corte neroniana

É provável que o tratado De Beneficiis, conforme fontes consultadas,18 foi redigido


dentro do recorte temporal dos anos 54-64 d.C. Sendo assim, o período do reinado de Nero (54-
66 d.C.) é o mais apropriado na tentativa de se remontar o contexto a que pertence a referida
documentação textual. Logo, nos deteremos mais nas relações das instituições do Principado
neroniano para, então, tratar de forma sucinta a relação entre o imperador Nero e Sêneca.
De acordo Richard Holland (2002, p. 81-82), após a morte de Cláudio em 54 d.C.,
Nero, em parte por causa da atuação política de sua mãe Agripina, ascendeu ao poder. Ele,
orientado por Sêneca, expressou a pretensão de restituir ao Senado várias faculdades legais
subtraídas no período de Cláudio, bem como jurou governar com justiça e clemência
(HOLLAND, 2002, p. 81-82).19 Durante a primeira fase do seu reinado, Nero, de acordo com

17
Norma Mendes (2006, p. 31) chega a afirmar que o Senado perdia sua importância como instituição política.
Mas, seguindo preferencialmente Mary Beard (2017, p. 368), parece que a melhor opção é ver nestas iniciativas
de Augusto um instrumento inteligente de manter as instituições republicanas aquiescentes a si de forma
prestimosa.
18
Para uma relação das fontes que datam a escrita do De Beneficiis, veja o subtópico “Sobre a obra” abaixo na
parte da Tipologia das Fontes.
19
Para um estudo mais abrangente sobre o quinquenius neronis e o papel de Sêneca na propaganda e persuasão da
viabilidade de Nero como Princeps veja Griffin (1979, p. 37, 84, 133) e Omena & Funari (2012, p. 163-167).

6
Holland (2002, p. 86) soube conservar a fidelidade e aquiescências das ordens senatorial e
equestre, mesmo sendo jovem e ainda inexperiente, quando, por exemplo, compareceu à sessão
do Senado que votou a divinização de Cláudio, confirmou o direito do senado no governo da
Itália e das províncias senatoriais e atuou de forma satisfatória na política externa de Roma
recebendo os embaixadores armênios evitando a interferência de Agripina, sua mãe, nesse
assuntos.
Aqui vale mencionar que, ao contrário de Mirian T. Griffin (2011, p. VIII) e Susanna
Braund (2009, p. 3), Richard Holland (2002, p. 77-89) adverte que as narrativas de Tácito
devem ser tomadas com o cuidado por causa de sua tendência em tratar do período final do
reinado de Nero em tons negativos estritos. Em primeiro lugar, a morte de Agripina (59 d.C.),
independente do grau de anuência ou participação de Nero, não significou, a priori, um declínio
automático do seu Principado e muito menos do império. Quando de sua volta à Roma, Nero
foi recebido e aclamado, segundo Holland (2009, p. 125), por uma multidão popular que
também foi acompanhada pela maioria dos senadores, ainda que alguns estivessem presentes
para não serem contados como opositores. Em segundo lugar, é provável que a relação de
respeito aos direitos e liberdades do Senado, atribuída ao trabalho de Afrânio Burrus e Sêneca
como parte do consilium não se alterou por completo, quando da morte de Burrus em 62 d.C. e
a tentativa de retirada de Sêneca entre 62-64 d.C. Em terceiro lugar, as fontes documentais
antigas mais usadas no tratamento do período neroniano, a saber, Tácito, Suetônio e Dio Cássio
não são unívocas na maneira em que lidam com esse recorte.
O que pode ser entendido, com algum grau de certeza, é que no quinquenium neronis
houve uma disputa de poder dentro da aula imperial entre Agripina, Sêneca e Burrus quanto à
influência sobre Nero, ainda que, conforme adverte Holland (2002, p. 77-89), devemos evitar
o equívoco de ver as ações de Nero como meros frutos de influência, seja qual fosse a origem.
Ademais, tanto a perseguição aos cristãos, usada como bode expiatório, e a conspiração de
Pisone, um importante senador de família ilustre, em 65 d.C. estão distantes de serem
considerados episódios indicativos de um declínio ou descontentamento generalizado com o
governo de Nero.
Se é devido falar de um acirramento de atritos do Princeps com a ordem senatorial e
equestre, talvez seria mais próprio atribuí-lo a desdobramentos nessas ordens advindos do
assassinato de Otávia pelo que representava em termos da fusão dinástica da linha Júlio-
Claudiana, bem como pelo receio de Nero quanto as novas conspirações após 65 d.C. Ainda
assim, à luz das evidências acima, o que se pode concluir, de forma breve, é que as disputas de
poder e influência durante todo o Principado de Nero dentro da aula imperial e das instituições

7
políticas eram inerentes, em maior ou menor grau, ao Principado como forma de governo,
mesmo que consideradas as peculiaridades decorrentes do período dito neroniano.
Quanto à relação de Sêneca e Nero, pode ser mencionado que depois do seu retorno
do exílio em 49 d.C., Sêneca foi chamado por Agripina, esposa de Cláudio e mãe de Nero, para
ser o tutor de seu filho de doze anos (GRIFFIN, 2011, p. 8). Atuou na corte como conselheiro
de Nero juntamente com o pretoriano Afrânio Burro. Como amicus principis, Sêneca
enriqueceu-se por meio dessa relação próxima com Nero, tendo, então, muitos papéis, dentro
da corte do Princeps, relacionados ao receber e retribuir favores: intermediário, conselheiro,
benfeitor e beneficiário. É provável que, em seu testamento, Sêneca tenha contemplado Nero
com uma quantia de dinheiro (GRIFFIN, 2013, p. 73, 82).20
Ainda que em De Beneficiis haja abstenção de Sêneca em correlacionar os assuntos
tratados com a sua própria carreira política, vê-se sua insistência de que além de lealdade e
conselhos, outros presentes podem ser dados ao Princeps, como “casa, escravo e dinheiro”
(7.4.2 cf. 3.18.3). Além disso, ele trata, de forma geral, do dilema de retribuir o favor a um rei
ou pessoa muito rica (4.40.2), bem como a gratidão na aceitação da retribuição de um favor por
alguém de ordem menor (2.17.6-7).
Contudo, após a morte de Afrânio Burro em 62 d.C., a influência de Sêneca sobre Nero
parece ter sido consideravelmente diminuída (GRIFFIN, 2011, p. 8) (GRIFFIN, 2013, p. 85).
Aqui, as narrativas de Tácito em Annales, em especial no livro 14.53-6, trazem alguma luz
sobre a relação entre Nero e Sêneca. Três temas no diálogo entre Sêneca e Nero, presentes na
narrativa tacitiana, aparecem com maior proeminência nos escritos do filósofo da stoa: como e
porque sair da vida pública, o uso da riqueza e gestão dos beneficia e os vínculos que criam
entre doador e recipiente (GRIFFIN, 2013, p. 84). Segundo Brinkmann (2002, p. 25), a
linguagem da munificentia e amicitia perfaz o apelo de Sêneca a Nero e, da mesma forma, a
argumentação da recusa de Nero. O Nero de Tácito indefere o apelo de Sêneca de se retirar da
vida pública. Para tal, ele assevera que ainda precisa da ajuda do seu mentor cuja deserção e
retribuição dos presentes poderiam ser interpretadas como sinal de temor de Sêneca da
crueldade de Nero (GRIFFIN, 2013, p. 86). O próprio Sêneca havia delimitado que é ingrato
retribuir favor a alguém que não os deseja (6.40; 6.42.2) e que o doador tem o direito de escolher
o momento da retribuição (6.42.1-2). Então, o Nero de Tácito está acusando o próprio filósofo
de ingratidão: o vício que, segundo Sêneca, é o pior de todos e contra o qual, entre outras coisas,

20
Vale mencionar que o tratado De Clementia de Sêneca foi escrito para Nero (GRIFFIN, 2011, p. 8).

8
dedicou sete livros de De Beneficiis. Por fim, prevenido contra a ingratidão, Sêneca teve que
declarar gratidão por aquilo que lhe foi recusado (GRIFFIN, 2013, p 87).
Portanto, De Beneficiis retrata, implícita ou explicitamente, as experiências e
percepções de Sêneca da prática dos benefícios dentro da corte neroniana, na relação do
Princeps com os seus nobiliárquicos como doador e recipiente de presentes e favores, bem
como adaptando o código tradicional aristocrático para o contexto do Principado no bojo do
fortalecimento do lado social da civilitas para o qual os beneficia era de fundamental
importância.

2)- Justificativa

2.1. De Beneficiis e o corpus filosófico de Sêneca na erudição moderna

De Beneficiis, dentre os tratados filosóficos de Sêneca como De Clementia e De Ira, é


o que recebeu, até então, menor atenção erudita apesar de ser o único exemplo sobrevivente de
obras dedicadas exclusivamente ao tópico da concessão e recepção de benefícios (GRIFFIN,
2013, p. 01). Mirian T. Griffin faz essa ponderação em relação à literatura acadêmica disponível
em inglês, francês, alemão, entre outras línguas. A comparação entre De Beneficiis, De Ira e
De Clementia se baseia no fato de esses três tratados de Sêneca parecem perfazer,
respectivamente, um tratamento de subtópicos da filosófica moral: De Ira tratando das
“paixões”, De Clementia versa sobre virtudes e vícios e De Beneficiis arrazoa sobre a prática
dos benefícios (GRIFFIN, 2013, p. 01). Assim, existem elementos perpassantes comuns às três
obras. Sêneca, por exemplo, em De Ira 1.5.3 versa sobre os benefícios como vínculos de
obrigação de ajuda mútua, ponto que retoma, quase uma década depois em De Beneficiis 1.4.2
e 4.18.2.
Mas, atualmente, em língua portuguesa, não se encontra nem sequer uma tradução de
De Beneficiis; o mesmo não se pode se dizer de De Clementia e De Ira já traduzidos há anos.
Isso explica e evidência, em partes, o pouco tratamento dispensado a De Beneficiis, mesmo
entre estudiosos da Antiguidade. Por isso, crê-se, diante de sua singularidade, extensão e
conteúdo, De Beneficiis ainda oferece, para pesquisas acadêmicas historiográficas, muitos
nichos relevantes elucidativos da sociedade romana do prisma da prática dos benefícios.

2.2 De Beneficiis dentro do estoicismo de Sêneca

É sabido que Sêneca era um filósofo estoico como o próprio De Beneficiis nos
evidencia (cf. 4.34.3; 5.7.1; 2.18.1;). Alguns pesquisadores contemporâneos como Mirian T.

9
Griffin, Brad Inwood, entre outros, têm contribuído de forma inegável no sentido de influenciar
um crescente acadêmico em De Beneficiis. Contudo, mesmo com a aludida contribuição, há
muito a se perscrutar da relação de De Beneficiis com o estoicismo enquanto um grande
movimento filosófico do qual Sêneca faz parte e traz contribuições fundamentais.21 O escopo
conceitual estoico tradicional se encontra exarado em De Beneficiis que constrói um amplo
espectro de mecanismos práticos de relações sociais no qual a acepção estoica da prática dos
benefícios é fundamental para a coesão social premente no discurso de Sêneca (GRIFFIN, 2013,
p. 01).
A acepção estoica moral do homem como cidadão do universo como um todo (κοσμου
πολιτες) encontra reverberação contundente em De Beneficiis (6.20.1), bem como a
preocupação com os vícios como rupturas dos vínculos entre os seres humanos, em especial a
ingratidão (Ben. 1.15.1; 7.27.3). Vê-se também frequentes referências à harmonia (4.18.1;
7.27.3), às virtudes (Ben. 1.10.2; 1.13.3; 1.15.1; 2.16.1; 2.18.4; 2.28.2; 2.29.5; 2.31.2; 2.34.3) e
aos vícios (1.10.1; 1.10.2; 1.11.6; 3.6.1; 4.18.1; 4.26.2; 7.3.1), entre outros vocábulos correntes
do pensamento estoico em geral. Apesar dessa ampla evidência documental relativa à
importância do pensamento estoico para a compreensão de De Beneficiis, persistem diversas
lacunas sobre o estoicismo senequiano deixadas por obras fulcrais sobre esse documento como
a de Mirian T. Griffin “Seneca on Society: A Guide to De Benecificiis”. Diante desse rico
horizonte ainda pouco explorado, o presente eixo temático da abordagem do estoicismo como
proposta estética na construção de um modelo de prática política se inscreve como viável.

2.3 De Beneficiis e as instituições políticas do Principado

Quando De Beneficiis trata dos vínculos sociais estabelecidos entre a relação doador e
recipiente (2.11.2; 2.15.3; 3.12.1), fica perceptível que o tratado não se baseia num ideal apenas
filosófico, mas sim em uma proposta com raízes contextuais que traz contribuição para o
reforço de um código prático político-institucional dentro das ordens mais elevadas do
Principado (GRIFFIN, 2013, p. 74). Sêneca dirige-se, por intermédio de metáforas e tipologias
altamente elaboradas, às ordens senatoriais e equestres do período neroniano. Ao longo do
tratado, Sêneca lança mão das relações domésticas, a saber, marido-esposa (2.18.1), pai-filho
(3.11.1; 3.29.6; 3.32.3-5; 3.36.1; 3.37.1), escravo-senhor (3.17.3; 3.18.1; 3.18.4; 3.19.4; 3.22.1;
3.27.1; 3.28.6; 6.11.1-2) e dos deuses (3.15.4; 3.17.3; 4.25.1; 4.31.2; 5.17.7; 6.23.7) como
exempla para as relações institucionais públicas, concebendo aqui a relação intrínseca e

21
O próprio Sêneca, em De Beneficiis, menciona estoicos como Crisipo de Panaetius e Hecato (2.18.2; 2.25.3).

10
indivisível entre as esferas pública e doméstica. Em outras palavras, ao tratar as relações
domésticas como paradigmas Sêneca, na verdade, intenciona estabelecer uma conduta moral
modelar de relações institucionais de poder baseadas na correta relação de recepção, troca e
retribuição de presentes e favores.
Logo, o tratado em si demanda uma abordagem que considere a articulação política-
institucional entre as ordens mais proeminentes do Principado, tendo como feixe prático e
filosófico a ação de conceder favores e presentes como prática política, ponto este que, até
então, as obras consultadas apenas resvalaram. Por isso, o estudo do poder institucional ligado
à prática política de conceder benefícios entre as ordens políticas contribui para o debate, ainda
incipiente em língua portuguesa, do De Beneficiis.

3)- Objetivos

3.1) Objetivos Gerais

a) Analisar a natureza do poder institucional premente na prática dos benefícios entre as ordens
políticas do Principado em De Beneficiis a fim de compreender de que modo o estoicismo
constrói uma estética de prática política.

3.2) Objetivos Específicos

a) Situar temporalmente De Beneficiis com o intuito de conjecturar a respeito dos seus


objetivos, público-alvo, circunstâncias motivadoras de sua elaboração e relação com as demais
obras de Sêneca, dentre elas, De Clementia, De Ira, Epistulae Morales.
b) Entender a composição, atuação e inter-relação das instituições políticas do Principado.
c)- Analisar a vinculação entre o estabelecimento da amicitia nas relações institucionais, a
prática do benefício como dispositivo de poder dentro do recorte do período neroniano.
d) Debater o estoicismo senequiano como proposta estética para o exercício do poder
institucional ligado ao dar e receber favores ou presentes como benefícios.

4)- Hipóteses

a) Sêneca, em De Beneficiis, concebe a prática dos benefícios dentro do contexto do


estabelecimento de vínculos sociais de amicitia. À semelhança de autores anteriores, Sêneca
apreende o dar, receber e retribuir favores como práticas formativas de amicitia sobrepostas
entre as várias instituições políticas.

11
b) Embora haja divergência quanto à datação precisa da escrita de De Beneficiis, existe
considerável consenso historiográfico de que este é posterior aos outros dois tratados filosóficos
de Sêneca, a saber, De Ira e De Clementia e que, portanto, foi escrito no início da década de 60
d.C. Sendo assim, o final do período neroniano corresponderia ao contexto mais provável da
obra e exatamente o momento em que Sêneca, querendo se retirar da vida pública, enfrenta
dificuldades e revezes junto ao Princeps e à sua corte.
d) De Beneficiis se inscreve como uma crítica de Sêneca à forma como a concessão de
benefícios era praticada na corte neroniana. A exacerbação de vícios como ingratidão, inveja,
competição e avareza dentro das práticas e relações institucionais do Principado afetava, entre
outras coisas, a ação de dar e retribuir presentes e, por conseguinte, resultava no declínio dos
vínculos sociais construídos a partir desta.
c) O estoicismo como proposta estética das práticas políticas relacionadas ao conceder e receber
benefícios é fulcral na avaliação de Sêneca do exercício do poder institucional. Sêneca parece
conceber a deterioração da coesão social e da harmonia do universo a partir do mau uso dos
benefícios entre as instituições políticas do Principado. Por isso, parece provável pensar que ele
escreve De Beneficiis na tentativa de propor uma “nova” prática dos benefícios de forma a
promover o equilíbrio social por meio das instituições políticas.

5)- Pressupostos teórico-metodológicos

Ao tentar elaborar um quadro do passado, ainda que parcial, o historiador da


Antiguidade recorta em termos temporais e conceituais aquilo que é mais relevante ao objeto
pretendido. O escopo de conceitos adotados perfaz o feixe metodológico pelo qual o historiador
da Antiguidade retrospectivamente suscita, não a realidade pretérita em si, mas o imaginário
social, na acepção de Pierre Vernant (1982, p. 5-15), composto de práticas, instituições e
crenças por meio das quais uma sociedade elabora o seu passado e arquiteta o seu o futuro.
Segundo Vernant (1982, p. 5), para um grupo de homens constituir um passado comum, eles
elaboram uma memória coletiva que compõe uma das partes desse imaginário social. Bronislaw
Baczko (1999, p. 21) contribui ao demonstrar que a memória coletiva, enquanto conjunto de
crenças e práticas de uma sociedade, é um dos elementos formativos e sustentadores da coesão
social (BALANDIER, 1999, p. 107-148), tema este motivo de preocupação do próprio Sêneca
em De Beneficiis (4.18.1; 7.27.3). Em resumo, adentrar um ou mais aspectos do imaginário
social significa pinçar os elementos soltos multifacetados do passado para forjar um objeto
definido e corporificado na pesquisa historiográfica.

12
Camila Diogo Souza (2011, p. 46) acrescenta à essa discussão teórica demonstrando
que as personae sociais, parte integrante da organização e estrutura social, são resultantes das
práticas sociais. Exatamente essas práticas sociais que manipulam e elaboram os papéis sociais
nas relações mutáveis das identidades sociais simbolizadas na atuação de forças formativas do
poder exercido pelas personae sociais. Tal conceito é de extrema pertinência para compreensão
dos beneficia na sociedade romana uma vez que, conforme Griffin (2013, p. 1), a troca de
benefícios e serviços, enquanto prática social, é de grande importância para se apreender o
funcionamento e inter-relações da sociedade grega e romana. Em outras palavras, os benefícios,
percebidos como uma forma de estabelecer a amicitia, se inscreve como uma atividade
socialmente criativa dentro da estrutura e organização social romana capaz de explicar as
relações de poder das personae sociais dentro das instituições políticas nas quais a amicitia, na
recepção e retribuição de favores, poder ser estabelecida.
Dentre os recursos retóricos de que Sêneca lança mão em De Beneficiis para propor
uma nova forma de atuação sócio-política, o exemplum é um dos mais recorrente. De acordo
com Liz Gloyn (2017, p. 110), o exemplum era uma forma didática retórica de propor um
comportamento estético virtuoso que, guiado dentro do mos maiorum, encorajava, no caso do
De Beneficiis, o leitor a superar os predecessores exemplificados se unindo, ao agir
virtuosamente, aos ranques de exempla para o futuro.
Por isso, Sêneca, em De Beneficiis, valendo-se da acepção estoica da οικειοσις
enquanto processo que habilita o indivíduo a cuidar de outros, argumenta que a família oferece
uma fonte de exemplum como proposição de comportamento modelar moral comprometido
com a virtude e o justo tratamento de todos os outros seres humanos. Contudo, deve-se ressaltar
que o uso retórico didático dos exempla em De Beneficiis perfaz o discurso de Sêneca em prol
de uma coesão social para a qual a atuação das instituições políticas era fulcral. Assim, ao
elaborar os exempla a partir de modelos do espaço da domus,22 Sêneca está, em última instância,
elaborando uma proposta de comportamento virtuoso das instituições políticas ao mostrar que
é exatamente pela correta prática dos beneficia é que os vínculos sociais são mantidos.
Jeremy Paterson (2007, p. 121-146) aponta a pertinência de aula23 imperial para a
compreensão das relações políticas, já que as instituições republicanas ainda eram fontes

22 A palavra domus é o vocábulo latino para se referir, de forma mais comum, à família. O uso aqui é específico
no sentido de designar a família imperial (PATERSON, 2007, p. 140 In: SPAWFORTH, 2007). C. J. Smith (2006,
p. 14) aponta que a palavra domus, em seu aspecto mais lexicográfico, junto com família, estirpes e gens pertence
a um grupo de palavras que podem designar a um grupo com descendência comum.
23 O vocábulo aula, de origem grega, que tinha como sentido primário o pátio de uma casa, foi tomado emprestado

por autores gregos e romanos que, a partir da segunda metade do século I a.C., passaram a usá-lo como coletivos
dos membros da corte imperial (PATERSON, 2007, p. 127-128)

13
potenciais de poder, influência, negociação numa sociedade marcada pela emergência do
Princeps. A aula imperial era composta por círculos concêntricos formados pela domus (família
imperial), família (casa imperial),24 confidentes ou conselheiros próximos ao Princeps e os
amici.25 A proximidade ao Princeps em termos de lealdade, favor, deferência e respeito se
entrelaçava entre esses círculos imperiais por intermédio de uma espécie de comportamento de
corte para o qual convenções e costumes reafirmavam identificações de poder e influência que
se retroalimentavam. Nesse contexto, a prática social da concessão e recepção de favores entre
os componentes da aula imperial era parte da linguagem política que manejava, elaborava e
configurava os papéis sociais em matizes de influência e poder a partir da figura do Princeps.
Esse emaranhado político e social da aula imperial girava em torno de um conceito pulsante e
perpassante dessas instituições, a saber, o poder.
Essas instituições políticas que compõem uma preocupação intrínseca do De
Beneficiis se relacionam por meio do poder. David Mattingly (2011, p. 94) adverte com razão
que se deve apreender as relações de poder em termos distintos do binômio simetria e igualdade.
Segundo ele, o grau de participação, acomodação e negociação era intrínseco às circunstâncias
de mitigação no imperialismo romano.
Nesse contexto, Michel Foucault (1980, p. 139, 142) é imprescindível para a
compreensão dessa natureza essencial do poder. Ele sugere que o poder não pode ser visto
apenas como uma força negativa, restritiva e punitiva, mas as relações de poder são de múltiplas
formas. Ou seja, o poder não apenas cerceia, mas habilita o indivíduo ou a instituição a atuarem
num emaranhado complexo de novas condições e relações criadas dentro de uma sociedade.
Assim, mais do que a oposição simplista entre dominadores e dominados, abrem-se dentro das
práticas sociais espaços de negociação e contestação nas quais a rede de poder é entretecida
entre instituições e as personae sociais. Por isso, o tópico da prática dos benefícios deve ser
também entendido também como um exercício mútuo de poder, à medida que doador e
recipiente, ao estabelecerem entre si uma vinculação social institucional, sofrem e fazem sentir
ao mesmo tempo o peso da sua condição e alocação dentro da organização e estrutura social.
Logo, a fim de se apreender a proposta senequiana de uma nova estética de atuação
política institucional ligada à prática dos benefícios, faz-se necessário ver como De Beneficiis

24 A família imperial era composta de empregados domésticos das residências imperiais como porteiros, lixeiros,
jardineiros, provadores, médicos, astrólogos, bem como escravos e libertos incumbidos de tarefas cotidianas
administrativas que incluíam, entre outras coisas, fundos, propriedades imperiais (PATERSON, 2007, p. 142)
25 Esse grupo dos amici é difícil de definir. Numa acepção ampla, os pertencentes às ordens senatoriais e equestres

tinham a possibilidade de serem contados como amici principiis, a não ser que o próprio Princeps expressamente
renunciasse aquela amizade (PATERSON, 2007, p. 143).

14
reflete a memória coletiva do imaginário social romano do período neroniano, bem como
adentrar o complexo exercício do poder entre as instituições políticas do Principado às quais
Sêneca constrói uma nova estética estoica dos beneficia com vistas a manter a harmonia da
sociedade como um todo.

6)- Tipologia das fontes

6.1) Sobre o autor

Sêneca, filho de Hélvia e Lúcio Aneu Sêneca (também chamado de Sêneca, o velho)
nasceu entre os anos de 4 a 1 a.C. numa família equestre de Córdoba. Seu pai viveu boa parte
de sua vida em Roma, onde o próprio Sêneca também cresceu desde a mais tenra idade, tendo
sido educado em retórica e filosofia aos pés de Sexto. Contudo, seu ingresso na vida política
foi tardio, começando somente no final do reinado de Tibério, sucessor de Augusto. Enfrentou
hostilidade de Calígula, sendo posteriormente, já no período de Cláudio, enviado para o exílio
em Córsica devido à uma acusação, falsa ou não, de adultério com Julia Livilla, irmã mais nova
de Calígula (GRIFFIN, 2011, p. VII-VIII).
No exílio, Sêneca dedicou ao estudo de filosofia. Nesse mesmo período, escreveu as
Consolatória a Hélvia e a Consolatória a Políbio (liberto secretário de Cláudio).26
Recentemente, após o casamento de Cláudio com Agripina, Sêneca foi chamado de volta à
Roma em 49 d.C. para ser tutor do ainda jovem Nero com apenas doze anos. Esse retorno foi
resultado da insistência de Agripina, mãe de Nero, junto a Cláudio a fim de que este consentisse
com o retorno do filósofo à Roma. Por ocasião da morte de Cláudio, cinco anos depois (54
d.C.), Agripina fez manobras no sentido de assegurar a ascensão de Nero como imperador já
que Britânicos – um claro obstáculo para a subida de Nero ao trono – foi envenenado pouco
depois de 55 d.C (GRIFFIN, 2011, p. VIII).
Sêneca, de 54 d.C. até o fim da década, atuou como conselheiro de Nero ao lado do
pretoriano Sexto Afrânio Burro, considerados ambos por historiadores antigos e modernos
como figura de moderação durante a primeira parte do reinado de Nero (o “quinquennium
Neronis”) que representou, em termos comparativos, um período de bom governo. Contudo,
depois de 59 d.C., com o assassinato de Agripina, mãe de Nero, A influência de Sêneca como
conselheiro de Nero e sua atuação política na corte começaram a diminuir gradativamente a
partir desse momento. A posição de Sêneca ficou ainda mais frágil após a morte de Burrus em

26
Mirian T. Griffin (2011, p. VII-VIII) conjectura que a Consolatória Políbio pela perda de seu irmão, entre outras
coisas, revela uma tentativa de retorno a Roma por meio da influência de Políbio junto a Cláudio.

15
62 d.C. Sêneca requisitou a Nero, em duas ocasiões (62 e 64 d.C.) a sua retirada da sua posição
como conselheiro e de sua atuação na vida política, o que foi recusado nas duas ocasiões.
Contudo, a atuação de Sêneca na corte já era ínfima a partir de 64 d.C. No ano seguinte, houve
uma conspiração para assassinar Nero e substituí-lo por Calpurnius Piso. É incerto até que grau
o próprio Sêneca estava envolvido nessa trama. Ainda assim, segundo as narrativas de Tácito,
o próprio Nero utilizou esse ensejo para ordenar a Sêneca, o velho conselheiro, a que se matasse.
Bem ou mal, esse é o desfecho que a tradição textual de Tácito dá à carreira e vida de Sêneca.

6.2) Sobre a obra

De Beneficiis é um tratado filosófico cujo destinatário primário é Aebutius Liberalis,


amigo de Sêneca, nativo da província romana de Lugdunum (moderna Lyons) que, detentor de
uma considerável riqueza, viveu, segundo Sêneca, conforme o seu codinome (Ben. 5.1.3-5).
Provavelmente, o tratado foi composto depois de 56 d.C. – ano da morte de Caninus Rebilus,
difamado em 2.21.6 – e antes do verão de 64 d.C., momento da composição da Epistulae 81
que faz referência a De Beneficiis. Dos tratados filosóficos senequianos, aos quais pertencem
De Ira e De Clementia, De Beneficiis, ao que tudo indica, foi o último a ser escrito.27
Quanto à classificação tipológica, Mirian T. Griffin (2013, p. 18), Susanna Braund
(2009, p. 22), Jakob S. T. O. Zeryl (1974, p. III) e Brad Inwood (2005, p. 68) concordam entre
si que De Beneficiis é um tratado filosófico. Como tal, se inscreve numa tradição literária
anterior de tratados estoicos como, por exemplo, Peri Chariton de Cleantes, Peri katorthomaton
(SVF iii.674) de Crisipo. O próprio De Beneficiis (2.18.2; 3.22.1; 5.12-14; 6.37.1) parece tomar
como inspiração algumas dessas obras. Dessa forma, é provável que De Beneficiis esteja
trabalhando dentro de uma tradição de tratados filosóficos, embora seja o primeiro em latim a
atacar, numa perspectiva estoica, o tópico dos benefícios (BRAUND, 2009, p. 22) (GRIFFIN,
2013, p. 20, 24.).
Além disso, dentro do corpus literário senequiano, De Beneficiis é classificado,
segundo James Ker (2009, p. 74), como parte dos Dialogi28 de Sêneca, dos quais também fazem
parte (transmitidos nesta ordem) De providentia ad Lucilium, De Constantia Sapientis, De ira,
Consolatio ad Marciam, De Vita Beata, De Otio, De Tranquillitate Animi, De Brevitate vitae,

27
Uma relação cronológica dessas obras de Sêneca encontra-se no trabalho de Lausberg (1970, p. 182-186).
28 As classificações das obras de Sêneca parecem seguir a tradição manuscritológica que dividiu as suas obras em
grupos até o século 12. Para um estudo mais aprofundado dessa classificação e sua origem veja REYNOLDS, J.
M. Vota pro Salutis principis PBSR 30, p. 358-359. Para um tratamento dos Dialogi como um grupo, veja ABEL,
K. Bauformen in Senecas Dialoge: Fünf Strukturanalysen: Dial. 6., 11, 12, 1 und 2. Heidelberg: Winter, 1967.

16
Consolatio ad Polybium, Consolatio ad Helviam matrem) e as cartas (Epistulae Morales ad
Lucilium e, possivelmente Epistulae ad Maximum).
Em se tratando do tópico dos benefícios, as obras de Sêneca mais pertinentes para o
tratamento do assunto são De Clementia, De Ira e as Epistulae Morales com atenção ao número
81 que faz menção explícita de De Beneficiis. Mirian T. Griffin (2013, p. 2-3) acredita que De
Beneficiis foi escrito depois de De Ira e De Clementia. Ao ressaltar a importância do tópico da
concessão de benefícios para Sêneca, Griffin dá indicações de que apenas a Epistulae 81 foi
escrita posteriormente a De Beneficiis. Assim, de forma indireta, ela coloca De Clementia e em
De Ira como tratados anteriores de Sêneca sendo, portanto, imprescindíveis para a compreensão
da abordagem do tópico ao qual De Beneficiis se dedica com maior detenção e profundidade.
Os tratados filosóficos, em geral, são obras de tamanho extenso escritas em prosa que
se propõem a tratar, entre outras coisas, de tópicos morais. Para tal, tais obras combinam, em
seus vários livros, exortações e detenções vigorosas com vívidos exemplos, ambos longos ou
curtos, extraídos da história recente ou antiga. Além disso, é comum que os tratados filosóficos
tenham um destinatário nominado na obra, sendo regular o uso da segunda pessoa do singular,
embora se reconheça que o escopo de seu conteúdo atinja um público mais abrangente.
Ademais, os argumentos usados, embebidos de retórica, carregam uma mensagem moral e
memorável (BRAUND, 2009, p. 22).
Sabemos, pois, que os tratados filosóficos senequianos exibem características próprias.
Sêneca se interessa em definir tópicos e termos no início dos tratados que serão escrutinados
posteriormente. Embora sua argumentação pareça composta de ideias soltas, há uma sequência
organizada na progressão do seu arrazoado. Além disso, segundo Susanna Braund (2009, p. 22)
é constante o uso de uma variedade de imagens de características estoicas, bem como é
frequente o uso de fortes sententiae que, para James Ker (2009, p. 76), carregam um forte tom
moral. Todos esses elementos conferem aos tratados de Sêneca escritos em prosa um vívido
tom conversacional (BRAUND, 2009, p. 22).
De Beneficiis é o tratado filosófico de Sêneca mais extenso que lida com apenas um
tópico. Os sete livros do tratado são divididos em dois grupos, a saber: livros I-IV e V-VII. Essa
demarcação divisória é feita pelo próprio Sêneca no parágrafo de prefácio do livro V. Sêneca
anuncia que nos livros I a IV tratou suficientemente do tópico da maneira correta de dar e
receber benefícios. Já os livros V a VII são, segundo ele diz, um excurso opcional do tratado.
Ao leitor, parece claro que nos três livros finais do tratado Sêneca se dedica a explorar mais o
âmbito prático e aplicativo do conteúdo exarado na primeira grande subdivisão do tratado.

17
7)- Cronograma

2019
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pesquisa Bibliográfica X X X X X X
Fichamentos X X X X X X
Escrita da Dissertação

2020
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pesquisa Bibliográfica X X
Fichamentos X X
Escrita da Dissertação X X X X X X X X X X

8)- Bibliografia

8.1)- Documentação Textual

GERTZ, M. C. L. Annaei Libri De Clementia et De Beneficiis. Berlin: Berolini, 1876.

GRIFFIN, Mirian T.; INWOOD, Bran. On the Benefits. Chicago: University of Chicago Press,
2011.

LUCIUS ANNAEUS SENECA. Moral Essays vol. III: De Beneficiis. Loeb Classical Library
nº 310. Trad. John W. Basore: Havard University Press, 1935.

______. Beneficiis Libri VII. The Text Emended and Explained: University of California
Publications in Classical Philology, 14, p. 1-45. Trad.: W. H. Alexander, 1950-1952a.

______. Des Bienfaits. Paris: Société D’Édition Les Belles Lettres, 1972.

18
______. Seneca’s De Beneficiis, Book One: A Commentary on Chapters One to Ten. Hamilton:
Mc.Master University. Trad.: Jakob S. T. O. Zeyl, 1974.

8.2)- Documentação Textual Auxiliar

ARISTÓTELES. Art of Rethoric. Loeb Classical Library nº 193. Trad. J. H. Freese: Harvard
University Press, 1926.

______. Nicomachean Ethics. Loeb Classical Library nº 73. Trad. H. Rackham: Harvard
University Press, 1926.

______. Athenian Constitution, Eudemian Ethics, Virtues and Vices. Loeb Classical Library nº
285. Trad. H. Rackham: Harvard University Press, 1935.

LUCIUS ANNAEUS SENECA. Espistulae Morales, Brief 66: Einleitung, Text und
Kommentar. Frankfurt am Main: Lang. Trad.: E. Hachmann, 2006.

______. Moral Essays vol. I: De Providentia, De Constantia, De Ira, De Clementia. Loeb


Classical Library nº 214. Trad. John W. Basore: Havard University Press, 1928.

______. Natural Questions vol. I. Loeb Classical Library nº 450. Trad. Thomas H. Concoran:
Havard University Press, 1971.

______. Natural Questions vol. II. Loeb Classical Library nº 457. Trad. Thomas H. Concoran:
Havard University Press, 1972.

______. Moral Essays vol. II: De Consolatione ad Marciam, De Vita Beata, De Otio, De
Tranquilitate Animi, De Brevitate Vitae, De Consolatione ad Polybium, De Consolatione ad
Helviam.. Loeb Classical Library nº 254. Trad. John W. Basore: Havard University Press, 1932.

______. Epistles vol. I. Loeb Classical Library nº 75. Trad. Richard M. Gummere:Harvard
University Press, 1917.

19
______. Epistles vol. II. Loeb Classical Library nº 76. Trad. Richard M. Gummere:Harvard
University Press, 1920.

______. Epistles vol. III. Loeb Classical Library nº 77. Trad. Richard M. Gummere:Harvard
University Press, 1925.

______. A Student’s Seneca: Ten Letters and Selections from De Providentia and De vita beata.
Oklahoma: University of Oklahoma Press, 2006.

LUCIUS MÉSTRIO PLUTARCO. MORALIA VOL. 1: The Education of Childer, How the
Young Man Should Study Poetry. On Listening to Lectures. How to Tell a Flatterer from a
Friend. How a Man May Become Aware of His Progress in Virtue. Loeb Classical Library mº
197. Trad. Frank Cole Babbitt: Harvard University Press, 1927.

MARCUS TULLIUS CICERO. On Duties. Loeb Classical Library nº 30. Trad. Walter Miller:
Harvard University Press, 1913.

8.3) - Documentação Textual citada no Projeto

ARMIN, H. von. Stoicorum Veterum Fragmenta 4 vols. Sttutgart: Lipsiae, 1903-1905

BELLINCIONI, M. (ed. e trad.). Lucio Anneo Seneca, Lettere a Lucilio: Libro XV, Le Lettere
94 e 95. Brescia: Paideia, 1979.

BRAUND, Susanna. Seneca, De Clementia: edited with Text, Translation, and Commentary.
Oxford: Oxford University Press, 2009.

INWOOD, B. Seneca: Selected Philosophical Letters. Oxford and New York: Oxford
University Press, 2007a.

PLEZIA, M. (ed.). Aristotelis Epistularum Fragmenta cum Testamentuo. Warsaw, 1977.

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