Você está na página 1de 9

AULA 01: A DOUTRINA DE DEUS – A EXISTÊNCIA DE DEUS

INTRODUÇÃO
A partir de hoje e nas próximas três semanas nós vamos estudar um pouco um tema
denominado na teologia como a “Doutrina de Deus”;
Conforme foi exposto no anúncio, nós veremos na primeira aula o tópico “A Existência
de Deus, na segunda aula nós falaremos sobre “a Criação” e na terceira e quarta aulas
falaremos sobre os “Atributos de Deus”;
Pois bem, hoje nós falaremos um pouco sobre o tema a “Existência de Deus”;
Tendo em vista que estamos inseridos num contexto de igreja e que todos nós somos
crentes presume-se que não tenhamos dúvidas acerca da existência de Deus – para alguém
aqui este é um ponto ainda questionável?
Contudo, nos moldes do que eu sempre costumo fazer nas minhas aulas, eu gostaria
de ouvir a opinião de vocês sobre o seguinte ponto: Se Deus existe é possível provar a sua
existência? Se sim, como podemos provar a existência de Deus?

Provas da existência de Deus


De acordo com o que nós veremos mais adiante, de maneira absoluta, é impossível
provar para um ímpio que Deus existe da forma que ele espera a prova (se você perguntar
para um ateu que tipo de prova que ele precisa para crer em Deus ele vai te pedir uma foto
ou vídeo de Deus); e por que isso é assim? Porque crer em Deus de forma absoluta é uma
questão de fé e para se obter esta fé é necessário que a pessoa tenha tido os seus olhos
espirituais abertos para crer no Senhor (conversão);
Todavia, isso não significa que não existam evidências muito válidas acerca da
existência de Deus;
Em suma, nós podemos afirmar que existem três grandes evidências sobre a
existência de Deus; nós vamos analisar cada uma delas individualmente.
A – A íntima intuição humana de Deus
Existe um algo interno que todo ser humano possui que testifica sobre a existência de
Deus, independentemente, da sua nacionalidade, religião, status social ou qualquer outra
coisa; esse algo pode ser qualificado como um princípio de eternidade, de transcendência
que, no fundo de cada um de nós, testemunha sobre a existência de Deus – apesar de este
sensor ter sido manchado pelo pecado original e pelos pecados que todos cometem em
suas vidas – este princípio de eternidade que ecoa sobre a existência de um Criador todo
ser humano possui em sua alma;
Abram no livro de Eclesiastes, cap. 3: 11: “Ele fez tudo apropriado ao seu tempo.
Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade”; na tradução João Ferreira
de Almeida este texto está escrito assim: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo;
também pôs a eternidade no coração do homem”;
Por mais que as pessoas, na sua ignorância espiritual, neguem a existência de Deus e,
até mesmo, blasfemem contra Ele, o fato é que todo homem/mulher possui uma percepção
intrínseca de um Criador e Senhor Supremo, cujo, terão de prestar contas em algum
momento;
Vejamos o que o teólogo Wayne Grudem escreveu sobre este tema: “Todas as
pessoas de qualquer lugar têm uma profunda intuição íntima de que Deus existe, de que
são criaturas de Deus e de que Ele é seu Criador. Paulo diz que mesmo os gentios
descrentes tinham 'conhecimento de Deus', mas não o honravam como Deus nem lhe
eram gratos (Rm. 1: 21)”;
Mesmo que a pessoa seja estritamente materialista, ainda assim a sua alma, no mais
profundo do seu ser, clama por transcendência, de modo que este impulso ao eterno
testemunha a existência e a realidade de um ser superior e imaterial; um dos lugares onde
nós mais podemos observar essa verdade é no leito de morte; é muito comum ouvir relatos
de ateus que ao final da vida abriram mão da sua filosofia e imploraram pela presença de
Deus em suas vidas;
Eu vou ler para os irmãos o relato do médico cardiologista Fernando Lucchese
(médico com mais de 48 anos de experiência profissional e que já acompanhou milhares de
pessoas no seu leito de morte): “É uma abordagem supra-religiosa. Quando um paciente
vem operar comigo eu sempre pergunto se tem alguma religião ou fé. A maior parte
responde que já esteve em seu pastor, padre ou centro espírita. Eles já vêm prontos
porque são cirurgias de risco. 'Doutor nem me fale nisso, sou agnóstico', é raro. Houve até
um caso que antes da cirurgia a pessoa avisou que não queria nenhum envolvimento
religioso. A operação correu bem e, já no quarto, houve uma arritmia. Ele se apavorou,
me chamou e entregou um papel com o nome de uma pessoa. Era um pastor. Eu nunca vi
ateu em leito de morte. Na hora do acerto de contas o sujeito volta atrás e acredita em
algo”;
Isso é o relato de um médico experiente que já observou, aos montes, pessoas nos
seus últimos dias de vida; e ele foi categórico quando afirmou: “Eu nunca vi ateu em leito
de morte”;
Obviamente, quando uma pessoa se converte, de fato, ao Evangelho de Cristo Jesus
ela passa a ter uma consciência muito mais forte e lúcida acerca da existência de Deus,
afinal de contas ela estabelece um sério e real relacionamento com Ele;
Vejamos o que diz o apóstolo Pedro, na sua primeira carta, no cap. 1: 8: “Mesmo não
o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, creem nele e exultam com
alegria indizível e gloriosa”;
Enfim, a íntima intuição humana é uma forte evidência, clara e real, sobre a existência
de Deus.

B – A natureza/criação testemunha acerca da existência de Deus


Iniciemos este ponto com a leitura do célebre texto de Romanos, cap. 1: 20: “Pois
desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua
natureza divina, têm sido visto claramente, sendo compreendidos por meio das coisas
criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”;
Notem: toda obra da criação evidência a existência de um Ser Poderoso que a
projetou e a criou; tudo o que existe neste mundo, a título de criação natural, ecoa a
existência de um engenheiro e arquiteto formidável;
Leiamos outro célebre testo bíblico que afirma acerca deste assunto; Salmos, cap. 19:
1 – 2: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos.
Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite.”
Sobre este assunto o teólogo Wayne Grudem escreveu o seguinte: “Quem olha para
o céu, de dia ou de noite, vê o sol, a lua e as estrelas, o firmamento e as nuvens, todos
declarando continuamente pela sua existência, beleza e grandeza que foi um Criador
poderoso e sábio quem os fez e os sustém na sua ordem.” (…) “Para aqueles que têm
olhos para ver e avaliam corretamente as evidências, cada folha de cada árvore, cada
folha da relva, cada estrela no céu e cada outro elemento qualquer da criação – tudo
brada continuamente: 'Deus me criou! Deus me criou! Deus me criou!

A criação do ser humano


Além de toda a criação material (o mundo, a natureza e tudo o que neles há), uma
das mais eloquentes e cristalinas provas da criação que testificam sobre a existência do
Criador Divino é o ser humano; o ser humano é o elemento criado por Deus que mais
evidencia a existência do Senhor; e isso é assim porque o homem foi criado à imagem e
semelhança de Deus, ou seja, ele foi dotado de atributos (características) que só Deus
possui (como a vontade e a autoconsciência – a percepção de si mesmo);
Nós, seres humanos, somos os únicos seres da criação que possuem atributos que
somente o Deus Criador possui e isto, sem dúvida, evidencia a existência do Criador.

C – As Escrituras evidenciam a existência de Deus


Por último, porém, sem dúvida, o mais importante elemento que evidência a
existência de Deus é a Bíblia Sagrada – defendida por muitos ao longo dos séculos como a
Palavra revelada de Deus; todos os livros componentes da Escritura Sagrada revelam
informações contundentes sobre a existência do Deus Criador; na realidade, por meio da
Sua Palavra, o Senhor se fez conhecido à humanidade de uma forma muito clara; tanto é,
que por meio da Palavra Revelada, nós temos condições de conhecer muitas informações
acerca de Deus – seu caráter, atributos e obras.

Resumo desta primeira parte


Em síntese, essas são as três grandes formas de demonstrarmos, de maneira racional,
a existência de Deus; certamente, boa parte das pessoas no mundo todo não se atenta para
essas provas e as desprezam, todavia isso não significa que elas não sejam válidas e
coerentes;
A regra no mundo caído é a negação de Deus; a humanidade, caída por causa do
pecado original, naturalmente nega e negligencia a existência do Criador; se Ele, por sua
Soberana e Divina intervenção, não abrir os olhos dos cegos espirituais eles jamais crerão
Nele de uma forma satisfatória;
Sobre este assunto Wayne Grudem escreveu o seguinte: “Finalmente, é preciso que
neste mundo pecador Deus precisa possibilitar que nos convençamos, senão jamais
creríamos Nele. Lemos que o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo. Dependemos de
Deus para remover a cegueira e a irracionalidade provocada pelo pecado, possibilitando
assim que avaliemos corretamente as evidências, creiamos no que dizem as Escrituras e
venhamos a ter fé salvadora em Cristo.”

A possibilidade de se conhecer a Deus – a revelação de parte Dele


Essa necessidade de somente conhecermos a Deus satisfatoriamente (e
salvificamente) se Ele se revelar a nós está patente nas Escrituras; abram comigo no
Evangelho de Mateus, cap. 11: 27: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai.
Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e
aqueles a quem o Filho o quiser revelar”;
Vejam: todas aquelas três evidências sobre a existência de Deus (íntima intuição,
criação e Escrituras) apenas servem de caminho seguro para se conhecer a Deus
verdadeiramente se o Senhor agir soberanamente e se revelar ao pecador por meio da
conversão; isso significa que todas essas provas sobre a realidade de Deus são distorcidas
nas mãos de almas inconversas e não podem, por si só, levarem uma pessoa ao
conhecimento salvífico e correto de Deus; sem uma atuação sobrenatural do Espírito Santo
no seu interior não há como conhecer ao Senhor;
Quantas e quantas religiões existem no mundo que utilizam esses três elementos de
forma completamente idólatra e pecaminosa?! Quantas e quantas seitas existem que usam
as Escrituras de uma forma completamente idólatra, errônea e pecaminosa e em vez de
conhecerem mais intimamente ao Senhor se afastam mais e mais Dele? CONTAR
TESTEMUNHO DO EVANGELISMO ADVENTISTA;
Abram comigo no Livro de Romanos, cap. 1: 18 – 21: “Portanto, a ira de Deus é
revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade
pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus
lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu
eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por
meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo
conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus
pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram.”
Portanto, de maneira conclusiva sobre este ponto, nós podemos afirmar que somente
conhece a Deus realmente aquele que foi convertido por Ele; estes, os pecadores
regenerados, conseguem, por meio das evidências que denotam a existência de Deus, O
conhecerem de uma forma real e profunda, principalmente por meio das Escrituras.
Jamais poderemos compreender plenamente a Deus
Dito isto, pergunto aos irmãos: há um limite para compreendermos e conhecermos a
Deus?
A resposta é sim; nós, como seres finitos e limitados, jamais poderemos compreender
e conhecer plenamente a Deus, que é um ser infinito e eterno; isso não significa dizer que
Deus não pode ser compreendido (certamente Ele pode; podemos conhecer e
compreender muitas coisas acerca de Deus); no entanto, Ele não pode ser compreendido de
uma maneira plena e absoluta;
Para ilustrar esta verdade eu quero ler com vocês dois Salmos: o cap. 145: 3 e o cap.
147: 5:
- “Grande é o Senhor e digno de ser louvado; sua grandeza não tem limites.” Salmos 145:3
- “Grande é o nosso Soberano e tremendo é o seu poder; é impossível medir o seu
entendimento.” Salmos 147:5
Sobre este ponto Wayne Grudem escreveu o seguinte: “Jamais seremos capazes de
medir ou conhecer plenamente o entendimento de Deus: é imenso demais para que o
igualemos ou entendamos. Igualmente, pensando no conhecimento que tinha Deus de
todos os seus caminhos, diz Davi: Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é
sobremodo elevado, não o posso atingir”;
O apóstolo Paulo também relatou sobre a doutrina da incompreensibilidade de Deus
quando escreveu o seguinte em Romanos, cap. 11: 33: “Ó profundidade da riqueza, tanto
da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e
quão inescrutáveis, os seus caminhos!”;
Certamente, o conhecimento de Deus é infinito, de modo que é impossível O
conhecermos na sua totalidade;
O grande barato da doutrina da incompreensibilidade de Deus é o fato de que mesmo
na eternidade nós seguiremos o conhecendo eternamente; em termos práticos e até
simplórios nós podemos afirmar que é impossível enjoar de Deus;
Olha que interessante o que o Wayne Grudem escreveu: “Porque somos finitos e
Deus, infinito, jamais poderemos compreendê-lo plenamente.2 Por toda a eternidade
poderemos aumentar o nosso conhecimento de Deus, deleitando-nos cada vez mais nele,
dizendo com Davi à medida que formos conhecendo mais e mais os próprios
pensamentos de Deus: “Que preciosos para mim, ó Deus, são os teus pensamentos! E
como é grande a soma deles! Se os contasse, excedem os grãos de areia” (Sl 139.17-18).”

Podemos, certamente, conhecer a Deus de um modo verdadeiro


Em que pese, nós, por nossa limitação, não tenhamos condições de conhecer a Deus
exaustivamente (pois se trata de um conhecimento infinito) nós podemos, certamente,
conhecê-Lo de uma forma verdadeira e real;
Tudo o que as Escrituras revelam acerca de Deus é verdadeiro; todas as experiências
que nós temos com o Espírito de Deus são reais e nos revelam algo acerca Dele;
O mais impressionante, que para aqueles que foram convertidos por Deus o Senhor
lhes concede a graça de conhecer a sua pessoa em si e de uma maneira íntima; ou seja, nós,
os filhos de Deus, não conhecemos apenas fatos acerca do Criador, porém O conhecemos
pessoalmente;
Vejam: uma coisa é eu dizer que eu conheço algumas informações sobre o ex-
presidente Bolsonaro (que ele é casado com uma mulher chamada Michele, que ele tem 5
filhos, etc.); outra coisa é afirmar que eu o conheço pessoalmente; a benção que o Senhor
Jesus nos concede é de conhecer intimamente a sua pessoa - Ele se permite a isso; todos
aqueles que se empenham em exercer com mais constância e firmeza os meio de graça, a
oração e a leitura da Palavra, conseguem, cada vez mais, ter um conhecimento mais
profundo acerca de Deus;
Leiamos o que Jó disse acerca desta realidade no cap. 42: 5 do Livro que carrega o seu
nome: “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te
viram.”
Ao lermos toda a narrativa do Livro de Jó nós observaremos que ele já era um
crente fiel ao Senhor, devoto e piedoso; contudo, ao longo dos capítulos, principalmente
depois que o Senhor se revela a ele de uma forma mais intensa, nós verificamos que o
conhecimento (e o relacionamento) dele para com Deus aumentou perceptivelmente
(tanto é que ele faz a afirmação que lemos há instantes).

Conclusão
Para encerrar esta aula, eu quero ler o que Wayne Grudem escreveu acerca deste
assunto: “O fato de conhecermos o próprio Deus é demonstrado ainda pela percepção de
que a riqueza da vida cristã envolve um relacionamento pessoal com Deus. Como
sugerem essas passagens, temos privilégio bem maior do que o mero conhecimento de
fatos acerca de Deus. Falamos com Deus em oração, e ele fala conosco pela sua Palavra.
Temos comunhão com ele na sua presença, entoam os seus louvores e temos consciência
de que ele pessoalmente habita no meio de nós e dentro de nós para nos abençoar (Jo
14.23). De fato, pode-se dizer que esse relacionamento pessoal com Deus (...) é a maior
de todas as bênçãos da vida cristã”.

Mogi das Cruzes, 13 de abril de 2022.

Você também pode gostar