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Colégio da Rainha Santa Isabel

FILOSOFIA – Prof. Sérgio Carvalho


1. O problema da existência de Deus
 Na experiência íntima e radical de finitude, o ser humano abre-se à transcendência. Na relação
do ser humano com o sagrado se encontra a religião levando à experiência religiosa.
 A Filosofia da Religião é o estudo crítico dos conceitos e crenças religiosas. Assim, procede ao
exame crítico de conceitos religiosos fundamentais (p. ex. os conceitos de Deus, fé, milagres…) e
de crenças religiosas fundamentais (p. ex. as crenças de que Deus existe, de que há vida após a
morte, de que a existência do mal é compatível com a existência de Deus…).
 Existem diferentes perspetivas filosóficas sobre Deus e sua existência: teísmo, ateísmo,
agnosticismo, panteísmo….
 Teísmo: Doutrina que afirma a existência de Deus e suas características (entre outras):
 Omnipotente – é o mesmo que ser todo-poderoso. Não quer dizer fazer coisas
impossíveis mas antes ter o poder de fazer tudo o que é possível fazer.
 Omnisciente – é o mesmo que ser sumamente sábio, capaz de saber tudo o que é
possível saber.
 Sumamente bom – bom é o mesmo que ser omnibenevolente ou moralmente
perfeito, o que implica fazer e querer apenas o bem não promovendo, por
conseguinte, coisas más.
 Criador – se é criador, então é autor de toda a realidade espácio-temporal, é criador do
Universo, com tudo o que contém, e não apenas algumas partes do Universo ou de
O problema da
cada coisa individualmente.
existência de  Transcendente – é exterior e superior ao mundo, do qual se diferencia, é distinto do
Deus Universo, ou seja, estão para lá dele. Isto não significa que esteja para lá da realidade;
o que significa é que a realidade não se reduz ao Universo espácio-temporal.
 Pessoa – não é uma mera força/inergia da natureza mas antes possui personalidade,
com estados mentais (pensa, quer e sente) e age de acordo com esses estados. Isto
não significa que seja pessoa humana; é pessoa, mas divina.
 Aceitando a providência e a revelação, o teísta admite que Deus governa o mundo e
considera possível uma demonstração racional da sua existência.

 Ateísmo: Posição que nega a existência de Deus e, de uma forma geral, de qualquer realidade
que se possa considerar de natureza divina.
 Agnosticismo: Posição segundo a qual não é possível ao ser humano saber se Deus existe ou
não, nem aceder ao conhecimento da sua essência, afirmando o limite da capacidade
cognitiva humana ao mundo dos fenómenos (conhecimento científico).
 Panteísmo: Posição segundo a qual Deus e o mundo são a mesma realidade. Deus e o mundo
identificam-se, são apenas um, negando a sua transcendência e afirmando a imanência: Deus
é tudo e tudo é Deus. Deus não se distingue do mundo e manifesta-se nele.
 Deísmo: Deus é princípio e causa do universo, Deus é criador. No entanto não é providente,
não intervém após a criação ou não se importa com a criação.
Colégio da Rainha Santa Isabel
FILOSOFIA – Prof. Sérgio Carvalho
 Teologia natural: Tentativa de provar e justificar racionalmente a existência de Deus, concebido
segundo a perspetiva teísta.
 Dois tipos de argumentos acerca da existência de Deus:
 a posteriori – é um argumento que depende de pelo menos uma premissa que só pode ser
Argumentos conhecida através da experiência.
/Provas da  Argumento cosmológico – Deus existe porque de outro modo não se consegue explicar
existência de a existência do universo.
Deus  Argumento teleológico (também chamado argumento do desígnio) – Deus existe
porque de outro modo não se consegue explicar a ordem e finalidade do universo.
 a priori – é um argumento que depende de premissas que são, todas elas, conhecidas
independentemente da experiência.
 Argumento ontológico – Deus existe porque é incoerente pensar que não existe.
Razão e Fé:  Poderão as verdades referentes ao divino serem demonstradas pela razão? Ou serão algumas
rutura ou apenas objeto de fé e revelação divina?
harmonia.  Fideísmo – algumas verdades não são acessíveis à razão humana mas apenas através da fé.
 Haverá argumentos que provem a não existência de Deus? O problema do mal é visto como o
Argumentos
principal argumento utilizado para argumentar contra a existência de Deus, pois parece ser
contra a
incompatível a existência do mal no mundo com a existência de um Deus sumamente bom.
existência de
 Iremos abordar o Problema do mal e resposta de Leibniz ao problema (Teodiceia).
Deus
 Teodiceia: justificação da bondade de Deus associada a uma explicação da existência do mal.

«Será que Deus existe? Esta é uma questão fundamental, uma questão que a maior parte das pessoas já
enfrentou num ou noutro período da vida. A resposta dada por cada um de nós não afeta apenas a forma como
agimos, mas também a forma como compreendemos e interpretamos o mundo e o que esperamos do futuro. Se
Deus existe, a existência humana pode ter sentido e podemos mesmo ter esperança na vida eterna. Se não, temos
de criar nós mesmos o sentido das nossas vidas: nenhum sentido será dado a partir do exterior e a morte será
provavelmente definitiva.
Quando os filósofos voltam a sua atenção para a religião, costumam examinar os vários argumentos que têm sido
oferecidos a favor e contra a existência de Deus. Ponderam as provas e examinam atentamente a estrutura e as
implicações dos argumentos. Examinam também conceitos tais como a fé e a crença, para ver se a maneira como as
pessoas falam acerca de Deus faz sentido».
N. Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, 2007, p. 31.

Esta ficha tem em conta: 1) Manual Novos Contextos, da Porto Editora. 2) MURCHO, Desidério: A existência de Deus. Plátano
Editora, 2020. 3) ROWE, W. L.: Introdução à Filosofia da Religião. Verbo, 2011. 4) MOREIRA, L.; DIAS, I. Preparar o Exame
Nacional de Filosofia 11. Areal Editores, 2020. 5) WARBURTON, N. Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, 2007.

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