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Ensaio Filosófico

Deus existe?

Neste ensaio filosófico pretende-se esclarecer o problema da existência de Deus. A


importância deste problema é que apesar de a certeza “Penso, logo existo”, é uma certeza
muito subjetiva. Logo é necessário considerar o que se encontra na base do pensamento e
na origem da existência de um ser pensante. Se existir um Deus ele irá possuir o saber,
esse saber será uma perfeição maior do que duvidar.
A tese que vou defender é a de que existe um Deus, um ser perfeito, omnisciente,
omnipotente e sumamente bom. Para tal apresento três argumentos relevantes a favor da
tese.
Um dos argumentos é o argumento ontológico que não tem recurso à casualidade nem à
experiência. Parte da ideia de que Ele é obrigatoriamente um ser perfeito e, portanto, deve
existir. A sua existência é uma das perfeições, logo Deus existe. A sua existência apresenta
um caráter necessário e eterno. Isto é:

1. Um ser perfeitamente perfeito tem todas as perfeições.


2. A existência é uma perfeição.
3. Logo, um ser perfeitamente perfeito existe.

O segundo argumento é o da marca impressa que também tem como base a ideia de um
ser perfeito. Se formos procurar a causa que faz com que essa ideia se encontre entre nós,
essa causa não pode ser o sujeito pensante sendo que esta ideia representa uma
substância infinita. Se o sujeito pensante, que é finito, não é a causa da tal ideia, e o nada
também não o é, nem qualquer ser imperfeito, então concluímos que a causa da ideia de
Deus, não é outro ser que não o próprio Deus. Logo Deus possui todas as perfeições
representadas na ideia de um ser perfeito. Resumindo, Deus é um ser perfeito que causa a
origem da ideia de perfeição.

O terceiro argumento também é baseado no princípio da causalidade como o segundo. Este


argumento procura explicar qual a causa da existência de um ser pensante, que é um ser
finito, contingente e imperfeito. Essa causa não é o sujeito que pensa se fosse ele daria a si
próprio as perfeições das quais possui uma ideia, mas isso não se verifica. Mas partindo do
princípio de que a criação é uma ação contínua, o ser pensante apercebe-se de que não
possui o poder de se conservar no seu próprio ser, pois tal só aconteceria se ele fosse a
causa de si mesmo. Logo o criador do ser pensante é Deus, sendo perfeito não necessita
de ser criado por outro ser, pois ele é a causa de si mesmo(ele é causa sui).

Contudo existem objeções a estes argumentos.

O Paradoxo da omnipotência discute sobre o que um ser omnipotente pode ou não fazer. O
que representa esta objeção é que o ser omnipotente para realizar uma ação que limite a
sua capacidade de realizar ações. O argumento refere que se um ser pode praticar
qualquer ação, então pode limitar a sua aptidão para agir, o que o impede de poder realizar
qualquer ação, em alternativa, se não consegue limitar as suas ações, então não pode
praticar qualquer ação.

A segunda objeção diz-nos que a possibilidade da existência de Deus implica que este seja
perfeito e o facto de ele poder terminar com o sofrimento e não o fazer, contradiz a sua
perfeição e prova que ele não existe. Desta forma, a criação do Mundo traz também dúvidas
acerca da sua existência, uma vez que como um ser sumamente bom e omnipotente, este
deveria criar o Mundo da melhor maneira que conseguisse, tentando suprimir todo o mal e
sofrimento presente neste.

Problema do Inferno é um argumento que vai contra a existência de Deus. O argumento diz
que se Deus fosse bom, não mandaria pessoas para o Inferno. O "Problema do Inferno" é
um possível problema ético relacionado às religiões em que os retratos do inferno são
ostensivamente cruéis (por exemplo, os exemplos exagerados como tortura, fogo, etc…), e
são, portanto, incompatíveis com os conceitos de uma sociedade justa, moral e a bondade
absoluta de Deus. O problema do Inferno gira em torno de quatro pontos fundamentais: ele
existe, em primeiro lugar, algumas pessoas vão para lá, não há como escapar, e é a
punição por ações ou omissões feitas na Terra.

Outra objeção é a existência de tanto mal e caos no Mundo, conhecido como o “Problema
do mal”. Como é que é possível conciliar a existência de uma entidade superior todo-
poderosa, que supostamente deveria tentar manter a ordem no universo, com
acontecimentos tão horríveis, como o holocausto, a escravatura, a guerra, a fome, entre
tantos outros exemplos? Isto é:
1. Se Deus existisse, não existiria mal;
2. Mas o mal existe;
3. Logo, Deus não existe.

Para refutar estas objeções(O “Paradoxo da omnipotência” e a segunda objeção) temos que
a existência de tanto mal no Mundo é plausível dado o facto de ele nos ter dotado de livre-
arbítrio. Deste modo, poderíamos sublinhar que Deus não é o responsável pelo mal no
Mundo, porque ele deu aos Homens a capacidade para tomarem as suas próprias decisões,
de deliberar e agir. Sendo que as ações podem, também, ser deliberadamente racionais (a
saber, bem pensadas), leva a que Deus não tenha culpa de os Homens cobrirem o Mundo
com sofrimento, caos e dor, na medida em que têm liberdade para agir de forma diferente.
Para refutar a objeção que fala sobre o “Problema do mal”. Na minha opinião tudo o que
sabemos sobre o inferno nunca foi provado, logo não sabemos se é verdade.

Com base em todos os argumentos e as respetivas objeções e as suas refutações concluo


que as provas da existência de Deus estão bem estruturadas e as suas objeções não são
totalmente precisas. Para mim existe um Deus que é o princípio do ser e do conhecimento
sendo também um ser infinito, a fonte do bem e da verdade, é omnipotente, eterno,
onisciente, e embora sendo o criador do Universo, não é o autor do mal, nem é responsável
pelos nossos erros.

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