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Ensaio filosófico

A filosofia da religião

A filosofia da religião trata dos conceitos e crenças fundamentais


religiosas, examina também criticamente uma crença religiosa
procurando explicar e averiguar as razões que têm sido
apresentadas a favor e contra, para avaliar se tem ou não
justificação racional.

Doutrinas filosóficas relativas à existência de Deus:

- Ateísmo: nega a existência de Deus de forma geral e tudo que


seja considerado de natureza divina. O ateísmo teórico serve
também como fundamento para as atitudes da esfera religiosa,
sendo a oposição do teísmo.

- Teísmo: afirma a existência de Deus, criador e conservador do


Universo em que ele é perfeito e transcendente. O teísta admite que
Deus governa o mundo e considera possível uma demonstração
racional da sua existência.

- Agnosticismo: é o desconhecimento da existência de Deus, não


acredita nem nega a sua existência, porque afirma que o ser
humano não é capaz de obter essa informação.

- Panteísmo: defende que tudo é Deus, considerando que Deus e o


mundo são a mesma realidade, negando qualquer

 Das 4 formas de encarar a religião, posiciono-me no


Ateísmo pois não acredito nas coisas divinas, somente no
que está comprovado pela ciência.
Argumentos sobre a existência de Deus:

Os filósofos desenvolveram dois tipos de argumentos:


 Argumento posteriori: depende pelo menos de uma
experiência.
 Argumento priori: depende de premissas conhecidas
independentemente da experiência.

Os três argumentos que procuram demonstrar a existência de


Deus:

A perspetiva teísta na tentativa de justificar de forma racional a


existência de Deus criou três argumentos: cosmológico, teleológico
e ontológico.

Cosmológico: é o argumento que tenta provar que tem de existir um


Deus, porque o universo tem de ter um criador, sendo que a
primeira causa é Deus. Logo, Deus existe.

 São Tomás de Aquino foi um dos defensores deste


argumento, que tentou demonstrar a existência de Deus
por cinco vias:
o Pelo movimento
o Pela causa eficiente
o Pelo possível e o necessário
o Pelos graus de perfeição
o Pelo governo do mundo

Objeções:
 argumento é contraditório;
» diz que todas as coisas foram criadas por uma coisa e
que tem uma causa que não foi causada: Deus.

 pressupõe também que não há uma regressão infinita na série


de causas e efeitos;
» O mais plausível é pensar que as causas e efeitos se
prolongam infinitamente no futuro e por isso temos motivos
para pensar que essa série infinita é possível, ou seja,
significa que o universo pode existir desde sempre.

 este argumento não adianta muito no tocante à sua natureza;


» não há razões para pensar que uma causa originária
apesar de muito poderosa que se identifica com o Deus
perfeito dos teístas.
 a existência do mal.
» um defensor deste argumento teria também que
responder ao problema de saber como Deus pode ser
perfeito.

Teleológico: é o argumento a posteriori que pretende justificar a


finalidade em que parte do princípio de que se o universo existe é
por algum propósito. Um dos defensores deste argumento foi São
Tomás e William Paley.

 Quinta via de São Tomás: existe um Ser inteligente pelo qual


todas as coisas naturais são ordenadas e dirigidas para um
fim em que esse Ser é Deus.
 William Paley: a constatação é de que tudo na natureza
revela-se adequado à função que desempenha. Ele concluiu
que é necessário recorrer a Deus para se compreender o que
vemos na natureza

Objeções:
 baseado na versão de Paley é uma fraca analogia;
» A semelhança entre objetos naturais e artificiais não é
uma semelhança verdadeiramente relevante, havendo
também entre eles diferenças relevantes. Trata-se de uma
semelhança muito vaga, pelo que quaisquer conclusões
baseadas nessa analogia são também vagas.

 quando é confrontado com as conclusões da teoria


evolucionista o argumento teleológico fica em causa;
» Darwin mostrou que a variedade dos seres vivos resultam
na seleção natural da sobrevivência dos mais aptos que irão
transmitir os seus genes para as seguintes gerações.

 apesar de demonstrar a necessidade de um criador, não


prova que este seja único, omnipotente, omnisciente e
infinitamente bom;

Ontológico: é a prova inteiramente a priori da existência de Deus


sem necessidade de experiência, sendo comprovada apenas com a
essência divina. Este argumento foi defendido por Santo Anselmo e
Descartes.

 Segundo o Santo Anselmo, Deus é «algo maior do que o qual


nada pode ser pensado» existe não apenas intelecto mas
também na realidade. Assim, se Deus é «algo maior do que o
qual nada pode ser pensado», então existe necessariamente.
Santo Anselmo com a sua afirmação está a considerar que
Deus possui todas as qualidades num máximo grau de
grandiosidade.

Objeções:
 possibilidade de conduzir a consequências absurdas;
» pois pode levar a concluir que uma ilha perfeita existe só
porque se pensou nessa ilha. Podemos então responder a tal
objeção que Deus não é comparável a ilhas ou outras coisas
perfeitas, visto ser a própria perfeição de si mesma.

 Kant criticou que a existência é uma propriedade;


» segundo Kant, a existência não é uma propriedade
essencial, como o poderão ser a omnipotência. A existência é
apenas a condição de possibilidade para que algo tenha,
realmente, esta propriedade. O termo “é”, não constitui um
predicado, antes o elemento que estabelece uma relação
entre o predicado e o sujeito.

 efetua-se uma comparação ilegítima;


» efetua-se uma comparação entre o que existe na
realidade e o que existe no pensamento, a respeito de
propriedades como a grandeza ou a perfeição.

 O problema do mal;
» Este argumento acusa uma fragilidade idêntica à dos
anteriores, uma vez que a existência do mal parece colidir
com a possibilidade da existência de um Deus bom e perfeito.

O fideísmo de Pascal
Harmonia entre a fé e a razão: foi defendida por diversos autores.
Embora a razão e a fé sejam distintas, são compatíveis. Segundo
São Tomás, algumas verdades relativas ao divino podem ser
demonstradas pela razão, ao passo que outras não o podem ser,
ultrapassando a capacidade da razão humana, sendo apenas
objeto de fé e tendo por base a revelação divina.

O que é o fideísmo?
 É a dourtrina que põe em causa a ideia de uma harmonia
entre a fé e a razão, sustentando a incapacidade da razão
humana, para atingir determinadas verdades, considerando
que elas só são acessíveis através da fé. Deus é infinitamente
incompreensível para a razão humana. Os fideístas defendem
que tais verdades possuem um valor igual ao das verdades
obtidas pela ciência e pela razão.

Fideísmo Radical: Procura demonstrar racionalmente a existência


de Deus equivaleria a eliminar o valor da fé e da vida religiosa.

Fideísmo Moderado: Não considera haver um conflito entre a razão


e a fé, embora também não haja total harmonia entre elas.

Argumento do apostador:
 Trata-se de um argumento que, diferentemente daqueles que
estudámos, procura não propriamente demonstrar a
existência de Deus, mas mostrar as vantagens de «apostar»
nessa existência. Se admitirmos que não temos dados
suficientes para saber se Deus existe ou não, estamos numa
situação idêntica à de um apostador antes da realização do
evento em que vai apostar.
 A melhor forma possível para maximizar os ganhos ou perdas
possíveis é acreditando em Deus. Há quatro resultados
possíveis: dois se acreditarmos em Deus e dois se não
acreditarmos em Deus.

Deus existe Deus não existe


Acreditar que Deus Ganha-se a vida eterna: Perda de tempo em atos
ganho infinito religiosos e de alguns
existe prazeres mundanos: perda
finita
Não acreditar que Perde-se a possibilidade da Liberdade de gozar os
vida eterna e corre-se o risco prazeres da vida sem temer o
Deus existe da condenação eterna: perda castigo divino: ganho finito.
infinita
Objeções:
 Não podemos decidir acreditar que Deus existe:
» não podemos da mesma forma como não podemos
decidir que os peixes voam. Para acreditar em algo é
necessário estar convencido de que é verdade. Logo o
argumento do apostador não fornece quaisquer dados que
levem a pessoa a ficar convencida de que Deus existe,
limitando-se a dizer que é boa ideia acreditar que isso é
verdade.

 Parece pressupor algo que o fideísmo nega:


» Se Deus, na sua infinitude, é incompreensível para a
razão humana, então não deveríamos ter condições para
conhecer, de forma tão pormenorizada, as suas atitudes em
relação aos crentes e aos descrentes.

 Este argumento é inapropriado:


» Apostar na existência de Deus tendo como horizonte a
hipótese da obtenção da vida eterna, fingindo depois crer na
sua existência, justamente por causa desse prémio, parece
constituir uma atitude inapropriada relativamente à existência
de Deus.

O argumento do mal para a discussão da existência de Deus

O problema do mal:
o Quando apresentados os principais
argumentos sobre a existência de Deus,
podemos ser levados a perguntar se haverá
argumentos que provem a sua não existência.
É aqui que entra o problema do mal.

o De um ponto de vista não religioso, torna-se


mais fácil explicar as ocorrências adversas da
natureza, já que se parte do princípio de que o
mundo não foi propriamente feito para nosso
benefício.

o O problema surge quando admitimos a


existência de Deus, sobretudo concebido à
maneira teísta: um Deus sumamente bom,
omnisciente e omnipotente, com total domínio
sobre o mundo.
o Se Deus é sumamente bom, não quer o mal;
se é omnisciente, sabe que o mal existe; se é
omnipotente, pode suprimir o mal. Assim, se
Deus existe, não existe o mal. Mas o mal
existe. Logo, Deus não existe

 Parece, haver uma incompatibilidade entre a existência


do mal no mundo e a existência de Deus. Isto significa que
a existência do mal pode servir de argumento a favor do
ateísmo.

Mal moral: o mal causado pelos seres humanos, através de ações


mais ou menos deliberadas, traduzindo-se no sofrimento de outros
seres humanos e também de animais.

Mal natural: o mal resultante de forças e causas naturais, ainda que


possa ser aumentado pela ação negligente do ser humano.

o Um defensor da Divindade poderá argumentar


contra essa perspetiva dizendo que Deus tem
razões para permitir o mal, mas que nós não
estamos, em condições de as conhecer.

 Ao tentar explicar a existência do mal no mundo, a


teodiceia indica os objetivos e as razões que Deus tem
para permitir que o mal exista. Assim, o mal é integrado
nos desígnios de Deus. Apesar das evidências de mal no
mundo, argumenta-se que é razoável acreditar na
existência de Deus.

Mal segundo Leibniz:


 Moral: associado ao livre-arbítrio, remete para o pecado.
 Natural: está ligado ao sofrimento.
 Metafísico: refere-se à degeneração que é inerente aos limites
das substâncias finitas que compõem o mundo, ou seja,
equivale à finitude e à imperfeição.

 Esta ordem assenta sobre o princípio da razão suficiente,


segundo o qual tudo o que acontece tem uma razão
suficiente para ser assim e não de outra forma: quando há
mais que uma alternativa, existe uma explicação suficiente
para se verificar uma e não a(s) outra(s).
A existência do mal moral e natural:

Argumentos que a justificam Objeções a esses argumentos


A dor faz parte do sistema de A dor não é um mecanismo
alerta do corpo. perfeito para evitar o perigo,
sendo que por vezes há perigo e
não há dor. Outras vezes a dor é
intensa, provoca um sofrimento
desnecessário e não ajuda a
proteger a pessoa.
Apreciar o bem – o mal é Este argumento pode justificar a
necessário para que possamos existência de algum mal, mas
apreciar o bem. não de tanto mal. Há mais mal
no mundo do que o que seria
necessário para apreciar o bem.
Castigo – o mal (sobretudo o Essa correlação é altamente
mal natural) é um castigo da discutível, uma vez que o mal
conduta moral. atinge tanto as pessoas más
como as pessoas virtuosas e,
muitas vezes, mais estas que
aquelas.
Santidade – o mal (sobretudo o O grau e a dimensão do
mal natural) conduz a uma maior sofrimento e do mal são muito
virtude moral, permitindo a maiores do que o necessário
existência do bem e o para permitir atos de bem moral.
aperfeiçoamento moral.
Dificilmente se pode
compreender que um mundo no
qual exista muito mal seja
preferível a um mundo onde
exista menos mal, ainda que
também menos heroicidade.
Analogia artística – tal como É difícil convencer alguém em
uma obra de arte possui falhas sofrimento extremo de que está
que acabam por contribuir para a contribuir para a harmonia
a sua harmonia interna, também geral do mundo.
o mal contribui para a beleza e
harmonia geral do mundo.
A harmonia só pode ser
apreciada por Deus, pelo que o
mal cai fora da compreensão
humana.
Um deus que permite o
sofrimento por motivos estéticos
parece mais um sádico do que o
Deus sumamente bom.
Livre-arbítrio – Deus deu ao ser Esse argumento é discutível se
humano a capacidade de pensarmos em pessoas que
escolher o bem ou o mal (do passam por sofrimentos
ponto de vista moral), sendo extremos decorrentes do mal
preferível um mundo onde haja moral.
livre-arbítrio, apesar do mal que
daí possa resultar, do que um
mundo onde a ação fosse
predeterminada.
Não explica o mal natural,
exceto se se admitir uma
espécie de pecado original que
responsabiliza o ser humano por
toda a cadeia de mal natural.
Pode colocar-se em causa a
existência efetiva do livre-
arbítrio.

As diferentes abordagens ao problema do mal:

Teísmo: A abordagem ao problema do mal que acabámos de


estudar desenvolve-se no âmbito do teísmo.

Fideísmo: No âmbito do fideísmo, poderá argumentar-se que,


sendo Deus infinitamente incompreensível, os seres humanos
não estão em condições de compreender totalmente a
existência do mal.

Panteísmo: Se adotarmos uma perspetiva panteísta, em que a


conceção de Deus é bastante diferente, o problema do mal terá
de ser “solucionado” de outra forma.

Das quatro disciplinas filosóficas relativas á existência de


Deus eu na que me identifico mais é o ateísmo, pois os
argumentos que sustentam as outras opiniões para mim
não são convincentes. Eu acredito só no que a ciência
realmente comprova que existe, visto que até agora não
temos provas da existência de Deus não consigo
acreditar na sua existência e muito menos que Deus é
perfeito.

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