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Índice
1.INTRODUÇÃO …………………..…………………..…………………..…………………..…………………..…………… 3
2.O PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS ……………………………………………………………………………. 4
3.CONCEITO TEÍSTA DE DEUS ………..…………………..…………………..…………………..……………………… 5
4.ARGUMENTO COSMOLÓGICO E TELEOLÓGICO (TOMÁS DE AQUINO) …………………………….. 7
4.1.ARGUMENTO COSMOLÓGICO ……….……………..…………………..……………………..……………….. 7
4.2.ARGUMENTO TELEOLÓGICO ……………..…………………..……………………..………………………….. 8
5.ARGUMENTO ONTOLÓGICO (S. ANSELMO) …………………………………………………………………….. 9

6.OBJEÇÕES …………………..…………………..…………………..…………………..…………………..………………. 10
6.1ARGUMENTO COSMOLÓGICO …………………..…………………..…………………..…………………….. 10
6.2ARGUMENTO TELEOLÓGICO …………………..…………………..…………………..…………………..…… 12
6.3ARGUMENTO ONTOLÓGICO DE SÃO ANSELMO ………..…………………..…………………..…….. 12
7. A POSIÇÃO FIDEÍSTA DE PASCAL …….…………………..…………………..…………………..………………. 13
8.OBJEÇÕES À POSIÇÃO FIDEÍSTA DE PASCAL …..………..…………………..…………………..…………… 14
9.O ARGUMENTO DO MAL DE LEIBNIZ ……………………………………………………………………………… 15

9.1.OBJEÇÕES AO ARGUMENTO DO MAL DE LEIBNIZ …………………………………………………….. 16


10.CONCEÇÃO RELIGIOSA ACERCA DAS TRANSFUSÕES DE SANGUE …………………………………. 17
11.CONCLUSÃO ………………………………………………………………………………………………………………… 19
12.BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………………………………………… 20

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Introdução
Para este trabalho no âmbito da disciplina de filosofia vamos abordar o tema da dimensão
da religião e o problema “Será que existem boas razões para acreditar na existência de
Deus?”. Iremos formular o problema de existência de Deus, justificando a sua importância
filosófica, o conceito teísta de Deus, os argumentos cosmológico e teleológico e respetivas
objeções, a posição fideísta de Pascal e avaliaremos criticamente esta posição, o
argumento do mal de Leibniz e respetivas objeções e por fim, a conceção religiosa acerca
das transfusões de sangue. Todo o nosso trabalho está estruturado de forma a dar a
entender de uma forma direta e sucinta, o tema, sendo que distribuímos a matéria por
tópicos, esperando com isso facilitar a compreensão e a visualização do trabalho.

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O problema da existência de Deus
O problema da existência de Deus tem uma longa história na Filosofia. As tentativas
para justificar racionalmente a crença em Deus têm interessado os filósofos tanto quanto os
espíritos religiosos. Algumas pessoas pensam que este assunto apenas diz respeito à fé, e
que aqueles que têm fé não precisam de razões para acreditar em Deus. Todavia, não tem
de ser assim.

Argumentos contra e a favor da existência de Deus têm sido propostos por filósofos,


teólogos, cientistas e outros pensadores ao longo da história. Em termos filosóficos, tais
argumentos envolvem principalmente a epistemologia e a ontologia. Os argumentos para a
existência de Deus normalmente incluem questões metafísicas, empíricas, antropológicas,
epistemológicas ou subjetivas. Os que acreditam na existência de uma ou mais divindades
são chamados de teístas, os que rejeitam a existência de deuses são chamados ateus.

Com o problema da existência de Deus queremos saber se a crença ou fé na existência de


Deus é racional ou não. Mais especificamente procuramos dar resposta às seguintes
questões: Será racional acreditar que Deus existe? Será a fé em Deus racional?
A ideia de que Deus existe acompanha o Homem desde quase o início do seu
aparecimento. Deus ou os deuses davam as respostas que o homem não encontrava para
o que conhecia e para o que desconhecia.

À medida que o Homem evoluiu começou a questionar tudo o que o envolvia e


consequentemente a Ideia de Deus. Assim muitos têm sido os filósofos que ao longo dos
séculos se têm dedicado a “provar” a existência de Deus.

Relativamente a Deus existem os que acreditam:

- 1 só Deus – Monoteísmo

- Vários Deuses – Politeísmo

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Conceito teísta de Deus
O conceito teísta de Deus surgiu de forma a responder à questão da definição propriamente
de Deus, isto é, a questão de saber que propriedades devem ser atribuídas a Deus.
O teísmo é a conceção da natureza de Deus segundo a qual Deus possui algumas
características:

 Omnipotência, embora esta característica seja vista como que “Deus pode tudo”,
Deus só fazer aquilo que é logicamente possível. Acerca deste conceito foi também
colocado um conceito contraditório “Se Deus é omnipotente consegue criar uma
pedra com a qual não aguenta?”
 Omnisciência, embora esta característica seja vista como que “Deus sabe tudo”,
Deus não sabe tudo visto que Deus não pode saber falsidades, assim sendo, ser
omnisciente significa que é saber tudo o que é logicamente possível.
 Omnipresença, está relacionado ao fato de ter a presença de Deus em todos os
lugares ao mesmo tempo.
 Ser sumamente bom, acerca desta característica Platão levantou uma questão
“Deus faz o que faz porque são coisas boas ou é o facto de ele as fazer que as
tornam boas?”. Também podemos concluir que “Se há coisas menos boas que são
geradas por Deus, muito provavelmente, isso é um meio para alcançar bens
melhores”.
 Criador do universo, acerca desta característica os cientistas que defendem a
criação do universo através do Big-Bang são contrariados pelos crentes que
defendem estas características através de que se concebermos Deus como criador,
ele é criador do próprio Big-Bang. É dito também que Deus criou tudo a partir do
nada e, portanto, Deus é incausado, visto que não há nada antes dele.
 Transcendente, Deus não é imanente e não está sujeito às regras do espaço e do
tempo.
 Pessoal, embora Deus não seja uma força como o vento ou a chuva, ele consegue
alguns panteísmos, assim sendo, Deus não é impessoal, mas também não é
biológico, não é um ser-humano. Deus tem consciência, tem planos, projetos,
memórias, mas não é humano.

Os teístas admitem a revelação, por intermédio, por exemplo, de um livro sagrado como a
Bíblia ou o Corão, ou de milagres e profecias, e pensam que Deus intervém no mundo,
assegurando a sua existência contínua. O teísmo é de longe a perspetiva mais comum,
visto que subjaz às três grandes religiões monoteístas do mundo, o Cristianismo, o
Islamismo e o Judaísmo.

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O teísmo contrapõe-se ao ateísmo e tem uma certa relação com o deísmo, de modo que
por algum tempo na história da filosofia teísmo e deísmo representaram a mesma coisa, até
que sua distinção foi devidamente feita pelo filósofo Immanuel Kant, em sua obra Crítica da
Razão Pura. Enquanto no deísmo se acredita que Deus, após ter criado o mundo e suas
leis, afastou-se do mundo, tornando-se, portanto, transcendente a ele, o teísmo acredita na
existência de Deus ou de deuses como seres pessoais. É diferente, também, do panteísmo,
pois afirma que Deus existe independentemente da existência do mundo. O teísmo é um
elemento central das religiões monoteístas como o islamismo, o cristianismo e o judaísmo e
os defensores desse pensamento utilizam-se de vários argumentos para provar a existência
de Deus, mas não sem enfrentar diversas críticas às suas principais ideias.

Em sua distinção entre o deísmo e o teísmo, Kant afirma que enquanto o primeiro admite
apenas uma teologia transcendental, o segundo afirma também uma teologia natural. Ou
seja, enquanto os deístas admitem a existência de um Deus, mas negam que se possa
atribuir, através da razão, qualquer outra determinação a ele além de que ele seja real, os
teístas reconhecem que a razão é capaz de determinar as características particulares da
divindade através de uma analogia com a natureza. Para os teístas, portanto, pode-se
conhecer a Deus e a seus atributos através do pensamento. De acordo com Kant, os teístas
afirmam que Deus é o criador do mundo, enquanto os deístas o afirmam apenas como
causa do mundo.

Outra característica do teísmo que marca sua diferença em relação ao deísmo, é que o
teísta admite a crença em atributos de Deus que não podem ser alcançados pela razão,
mas que podem ser conhecidos por meio da revelação. Isso significa que, além de poder-se
reconhecer a existência de Deus e algumas de suas características através do exercício do
pensamento humano, pode-se conhecer aquilo que é impossível de ser alcançado
naturalmente através de uma iluminação proporcionada ao ser humano pelo próprio Deus.
No teísmo, portanto, acredita-se em um Deus que se envolve, que se relaciona e se
interessa por sua criação. Ele é, portanto, um “Deus vivo”.

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Argumentos cosmológico e teleológico (Tomás de Aquino)
De forma a arranjar resposta para a problema filosófico da existência de Deus e do
problema do mal surgiram dois tipos de argumentos, por um lado surgiram os Argumentos a
posteriori que são divididos em Argumento Cosmológico e o Argumento Teleológico ou do
desígnio, por outro lado também existe o Argumentos a priori que é constituído pelo
Argumento ontológico.

Vários argumentos estreitamente relacionados para a existência de Deus baseiam-se na


aparente necessidade de o universo como um todo ter uma causa. Parecem existir três
possibilidades. Ou o universo começou a existir por si; ou existiu desde sempre; ou,
então, foi trazido para a existência por alguma força ou ser extremamente poderoso.
Geralmente, aqueles que acreditam em Deus acham incrível que o universo possa ter
chegado à existência apenas por si e igualmente incrível que possa ter já existido
durante uma quantidade infinita de tempo. Acreditam que um ser extremamente
poderoso, Deus, o deve ter criado. Esta é uma das razões que as pessoas dão com
mais frequência para acreditar em Deus.

-Argumento cosmológico
Os argumentos que tentam provar que tem de haver um Deus porque tem de haver um
criador do universo são chamados de provas cosmológicas da existência de Deus. Em
geral são argumentos que tentam provar que tem de haver uma “primeira causa” de todo
o universo — nomeadamente, Deus.

O argumento cosmológico tenta provar a existência de Deus através da observação do


mundo que nos rodeia (o cosmos). Ele começa com o que é mais evidente na realidade: as
coisas existem. Argumenta-se então que a causa da existência dessas coisas tinha que ser
uma coisa "como Deus". Pode-se traçar estes tipos de argumentos de volta a Platão, os
quais têm sido usados por filósofos e teólogos notáveis desde então. A ciência finalmente
alcançou os teólogos do século 20, quando foi confirmado que o universo deve ter tido um
começo. Sendo assim, hoje os argumentos cosmológicos são poderosos até para os não-
filósofos. Há duas formas básicas de tais argumentos, e a maneira mais fácil de pensar
neles pode ser a maneira "vertical" e "horizontal". Esses nomes indicam a direção de onde
vêm as causas. Na forma vertical, argumenta-se que cada coisa criada esteja sendo
causada agora (imaginando uma linha do tempo com uma seta apontando para cima,
começando do universo até Deus). A versão horizontal mostra que a criação teve que ter

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uma causa no início (imaginando essa mesma linha de tempo apenas com uma seta
apontando para trás, para um ponto de partida no tempo).

Eis uma maneira pela qual estas ideias têm sido usadas para argumentar a favor da
existência de Deus:

1. Na vida de todos os dias, descobrimos que tanto os objetos como os


acontecimentos são causados por outros (tal como o crescimento das plantas é
provocado pela absorção de nutrientes).
2. Mas uma série infinita de causas desse tipo é impossível porque então não haveria
uma primeira causa, e, portanto, não haveria uma segunda, terceira, etc.
3. ∴ Logo, tem de haver uma primeira causa: Deus.

-Argumento teleológico
A palavra teleologia vem de telos, que significa "objetivo" ou "propósito". A ideia é que leva
um criador para que haja um "propósito" e, por isso, onde vemos coisas que foram
obviamente destinadas a um propósito, podemos supor que essas coisas foram feitas por
uma razão. Em outras palavras, um projeto implica um designer. Nós instintivamente
fazemos essas conexões o tempo todo. A diferença entre o Grand Canyon e o Monte
Rushmore é óbvia: um foi projetado, o outro não.

O Grand Canyon foi claramente formado por processos naturais e irracionais, enquanto o
Monte Rushmore foi claramente criado por um ser inteligente, um designer.
O argumento teleológico aplica este princípio a todo o universo. Se os projetos implicam um
designer, e o universo mostra marcas de design, então o universo foi projetado.
Claramente, toda forma de vida na história da Terra tem sido altamente complexa. Além das
coisas viventes aqui na Terra, todo o universo parece ter sido projetado para a vida.
Literalmente centenas de condições são necessárias para a vida na Terra - tudo, da
densidade de massa do universo à atividade sísmica, deve ser ajustado para que a vida
possa existir. A chance de todas estas coisas aleatoriamente acontecendo é, literalmente,
impossível. Com um projeto tão impressionante, é difícil acreditar que somos simplesmente
um acidente.

Na sua obra mais importante e mais conhecida, Tomás de Aquino conclui teleologicamente
que Deus existe: Vemos que as coisas sem inteligência, como corpos naturais, atuam tendo
em vista uma finalidade, e isto é evidente a partir do facto de atuarem sempre, ou quase
sempre, da mesma maneira, de modo a obter o melhor resultado. Assim, é óbvio que não é

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fortuitamente, mas antes com desígnio, que atingem as suas finalidades. Ora, o que não
tem inteligência não pode direcionar-se a uma finalidade, a menos que seja direcionada por
um ser dotado de conhecimento e inteligência não pode direcionar-se a uma finalidade, a
menos que seja direcionada por um ser dotado de conhecimento e inteligência, como a
flecha é disparada para o alvo pelo arqueiro. Logo, existe um ser inteligente por meio do
qual todas as coisas naturais são direcionadas para as suas finalidades; e é a este ser que
chamamos Deus.

O raciocínio de São Tomás parte da observação de finalidades na natureza, em entidades


que não são dotadas de inteligência. As raízes de uma árvore cumprem a finalidade de
captar a água de que a árvore precisa, mas tal como a própria árvore, não têm qualquer
inteligência. Uma vez que nenhuma entidade sem inteligência atua com vista a uma
finalidade, alguma outra entidade inteligente dirige as raízes da árvore. Essa entidade é
Deus. Daí a analogia com a flecha: sem uma inteligência que a direcione para a sua
finalidade, que é atingir o alvo, a seta não fará tal coisa, por si mesma, precisamente porque
não tem qualquer inteligência.

Argumento Ontológico (S. Anselmo)


O argumento ontológico pretende demonstrar a existência de Deus por meios puramente
conceptuais. Primeiramente formulado por Anselmo de Aosta (1033-1109) no séc. XI,
encontram-se diferentes variantes do mesmo em Tomás de Aquino (1225-1274), Descartes
(1596-1650) e Leibniz (1646-1716). A estrutura do argumento é basicamente a seguinte:

1. Deus é o ser acima do qual nada de maior pode ser pensado;


2. A ideia de ser acima do qual nada de maior pode ser pensado existe na nossa
consciência;
3. Se o ser correspondente a esta ideia não existisse, teria que faltar um predicado à
ideia do mesmo, a saber, o predicado da existência, pelo que, nessas condições,
essa ideia já não seria a do ser acima do qual nada de maior pode ser pensado,
uma vez que seria lícito pensar-se num outro ser que tivesse exatamente os
mesmos predicados que o anterior e, para além desses, também o da existência;
4. Logo, se a ideia de ser acima do qual nada de maior pode ser pensado existe, então
o ser que lhe corresponde tem também que existir pois, se esse não for o caso, a
ideia em causa deixa de ser a ideia que é, o que constitui uma contradição.

A prova ontológica cartesiana tem duas partes: a primeira consiste em inferir da ideia clara
e distinta da essência de Deus o conhecimento verdadeiro dessa essência, que é

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caracterizada como a de um ente sumamente perfeito. A segunda parte tem como premissa
inicial o conhecimento da essência de Deus. A partir desse conhecimento é provada a sua
existência.

O argumento ontológico parte do conceito de Deus e de premissas a priori (premissas que


podem ser conhecidas independentemente da experiência do mundo) para concluir que
Deus existe na realidade. Na versão clássica de Santo Anselmo parte-se da definição de
Deus como “ser maior do que o qual nada pode ser pensado” e a partir dessa definição
conclui-se que Deus existe na realidade. Pois, se Deus não existisse ou se apenas existisse
no pensamento, mas não na realidade, não seria aquele ser maior do que o qual nada pode
ser pensado.

Objeções
- Argumento cosmológico
1.Qual é a causa de Deus?

Se um universo requer um deus para explicar a sua existência, o que explica a existência
do próprio Deus? Da mesma maneira, ou Deus existiu desde sempre ou apenas apareceu
ou então deve ter tido uma causa. No entanto, é tão implausível pensar que Deus sempre
existiu ou que tenha simplesmente surgido, como pensar que também foi assim com o
universo. O próprio raciocínio que nos leva a propor um deus como causa do universo deve
levar-nos a propor um supradeus como causa de Deus. E, claro, o supradeus também
precisa de uma causa, o supra supradeus e assim infinitamente. Portanto, sejam quais
forem as voltas que dermos, o que obtemos no fim é igualmente implausível. É tão
implausível um deus incausado como um universo incausado, e é tão incrível uma série
infinita de causas como uma série infinita de deuses.

2.Limites da conclusão.

Mesmo que aceitássemos o argumento, este apenas provaria, no melhor dos casos, que a
primeira causa existe, não que essa primeira causa seja Deus. Em vez disso, a primeira
causa poderia ter sido o Diabo (um candidato plausível, dada a natureza do universo). E
mesmo que o argumento tivesse provado que a primeira causa tinha de ser um deus, não
provaria que ele tivesse de ser o seu Deus (se for um crente) ou um deus que encaixasse
na imagem comum que os cristãos, judeus ou muçulmanos têm de Deus. Poderia ser
qualquer um dos milhares de deuses diferentes em que os seres humanos acreditam ou,
talvez, um deus em que os seres humanos nunca tenham pensado. De facto, o argumento

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da primeira causa abre a possibilidade de que tenha existido um Deus que criou o universo
(ou talvez muitos deuses), mas que agora Deus está morto.

Em termos aproximados, podemos dizer que um argumento só é conclusivo (deve


persuadir-nos a aceitar a respetiva conclusão) se satisfizer duas condições:

1.As suas premissas são aceitáveis ou estão justificadas.

1.As suas premissas (justificadas) fornecem provas ou razões suficientes para justificar a
aceitação da conclusão (neste caso o argumento é considerado válido).

Muitas pessoas que rejeitam o argumento cosmológico acreditam que argumentos deste
tipo (com frequência chamados de metafísicos) sofrem todos de um de dois defeitos: ou as
suas premissas são tão inaceitáveis ou questionáveis quanto as suas conclusões; ou as
respetivas conclusões não se seguem validamente das premissas. Por exemplo, uma
objeção levantada contra o argumento cosmológico é o de que a segunda premissa não é
aceitável (quase todas as pessoas aceitam a sua primeira premissa). Os matemáticos em
particular têm argumentado a favor da possibilidade de séries infinitas de eventos ou causas
em termos técnicos e alguns filósofos têm aceitado o seu raciocínio.

Suponhamos, no entanto, que rejeitamos a ideia de que pode haver uma série infinita de
causas, de tal modo que ambas as premissas do argumento cosmológico se tornam
aceitáveis. Apesar disso, o argumento não seria ainda válido e, portanto, a aceitação da sua
conclusão também não se justificaria.

Em primeiro lugar, o argumento apenas provaria que cada série de causas tem uma causa
primeira ou incausada, mas não prova que todas as causas sejam parte de uma série única
de causas que tenha a única primeira causa, porque é possível que nem todas as causas
sejam partes de uma série única de causas. Por outras palavras, o argumento provaria que
há uma ou mais causas primeiras, mas não que exista apenas uma.

Em segundo lugar, apenas provaria, no melhor dos casos, que a primeira causa existe, não
que essa primeira causa seja Deus. Em vez disso, a primeira causa poderia ter sido o Diabo
(um candidato plausível, dada a natureza do universo). E mesmo que o argumento tivesse
provado que a primeira causa tinha de ser um deus, não provaria que ele tivesse de ser
o seu Deus (se for um crente) ou um deus que encaixasse na imagem comum que os
cristãos, judeus ou muçulmanos têm de Deus. Poderia ser qualquer um dos milhares de
deuses diferentes em que os seres humanos acreditam ou, talvez, um deus em que os
seres humanos nunca tenham pensado. De facto, o argumento da primeira causa abre a
possibilidade de que tenha existido um Deus que criou o universo (ou talvez muitos
deuses), mas que agora Deus está morto.

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- Argumento teleológico
Analogia fraca

1. Existem diferenças relevantes entre os artefactos e a natureza.


2. As semelhanças entre ambos não são suficientemente relevantes para que a
analogia seja eficaz.

A singularidade do universo

1. Conhecemos a causa habitual de um relógio, por comparação com outros exemplos


conhecidos.
2. Mas não temos conhecimento de outros universos e dos seus processos de criação.
3. A nossa inferência não é tão segura no caso do universo como acontece no caso
dos relógios.

Não conclui a existência de um Deus teísta

1. A conceção e a criação do universo podem ser obra de várias entidades.


2. As falhas que o mundo apresenta podem ser encaradas como uma prova de que
este não é obra de um ser perfeito.

A crítica Darwinista

1. A seleção natural explica a complexidade dos organismos vivos sem invocar a ideia
de um propósito ou de um desígnio.
2. Recorre a processos naturais: as leis da física aplicadas aos seres vivos.

- Argumento ontológico de S. Anselmo

Em crítica a este argumento, podemos começar pela objeção de Gaunilo. Segundo Gaunilo,
através da estrutura de argumento proposto por Santo Anselmo podemos concluir a
existência de uma ilha perfeita, ou de um cavalo perfeito, ou de qualquer “coisa” perfeita.

Se definirmos a ilha perfeita como aquela ilha “maior do que a qual nenhuma outra pode ser
pensada”, então, também essa ilha tem de existir na realidade, caso contrário não seria
absolutamente perfeita. Assim, o argumento ontológico não funciona, porque não serve
para estabelecer a existência de Deus.

De seguida, podemos criticar este argumento pela objeção de que “A existência não é um
predicado”. Existir na realidade torna algo mais perfeito que existir apenas no pensamento,

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mas a existência não é um predicado. Se a existência não é uma propriedade ou um
predicado, então um ser maximamente perfeito não é maior se existir do que se não existir.

Por último, podemos também criticar este argumento pela objeção da “Falácia da petição de
principio”. O argumento ontológico comete a falácia da circularidade ou da petição de
princípio: Parte da definição de Deus como absolutamente perfeito, contendo todas as
perfeições, inclusive a existência na realidade, o que se conclui.

A posição fideísta de Pascal


(caracterização)
Para analisarmos e caracterizarmos a posição fideísta de Pascal temos que começar por
explicitar o conceito de fideísmo.

O fideísmo é a posição que defende que a fé e a razão são incompatíveis e que só a fé


permite acreditar em Deus. A fé na existência de Deus não pode ser justificada com
argumentos. A falta de boas razões para acreditar na existência de Deus não é uma boa
razão para não ter fé, visto que, só a fé nos pode pôr em contacto com Deus.

O grande matemático e filósofo francês, Blaise Pascal (1632–1662), argumentou a favor da


existência de Deus de uma maneira diferente:

“Deus existe ou Deus não existe... Que apostarás tu? De acordo com a razão, não poderás
fazer nem uma coisa nem outra; de acordo com a razão não poderás defender nenhuma
das opções... mas tens de apostar. [E quanto à] tua felicidade? Pesemos ganhos e perdas
apostando que Deus existe... Se ganhares (a aposta), ganhas tudo; se perderes, não
perdes coisa alguma. Aposta então, sem hesitação, que Ele existe”.

A base da aposta de Pascal parece ser esta: temos de apostar (acreditar) em que Deus
existe ou em que Deus não existe. Se Deus não existe, aquilo em que apostarmos fará
pouca diferença. Mas se existir, fazemos um grande negócio. Assim, a pessoa esperta ou
sensata apostará (acreditará) que Deus existe.

Chama-se aposta de Pascal à atitude de apostar na crença porque é a mais vantajosa das


quatro alternativas. É a mais vantajosa porque promete um ganho infinito, nada de
substancial se perdendo caso se perca a aposta. Em contraste, se não acreditarmos,
arriscamo-nos a perder o infinito, e o que se ganha, se Deus realmente não existir, é
negligenciável.

 Há vida em Marte e aposto; ganho duzentos milhões de euros.

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 Há vida em Marte e não aposto; perco duzentos milhões de euros.
 Não há vida em Marte e aposto; perco dois euros.
 Não há vida em Marte e não aposto; poupo dois euros.

Caso isto nos fosse proposto, o mais vantajoso seria, evidentemente, abrir a carteira e
apostar dois euros na existência de vida em Marte. No máximo, perdemos dois euros —
mas talvez ganhemos duzentos milhões. E se não apostarmos, arriscamo-nos a ter de
pagar duzentos milhões de euros. Claro que neste caso seria irracional não apostar na
existência de vida em Marte.

E é isto que Pascal tinha em mente. Do seu ponto de vista, é irracional não ser crente
porque no máximo perde-se tempo com rituais e tudo isso, mas talvez ganhemos o infinito.
Em contraste, se não formos crentes, o que se ganha é pouco importante, mas arriscamo-
nos a perder o infinito.

- Objeções à posição fideísta de Pascal


Em primeiro lugar, Pascal está enganado na sua crença de que devemos apostar contra ou
a favor da existência de Deus. Podemos optar por permanecer nas margens, como faz o
agnóstico. Claro que nesse caso podemos perder o prémio, se houver um prémio, por
termos apostado incorretamente. Mas Pascal não pode provar que há tal prémio.

Em segundo lugar, a aposta não é tão simples como Pascal pensou porque há um número
indefinido de possíveis criadores. O Deus cristão comum em quem Pascal apostou é
apenas um deles. Assim, o número de possibilidades para apostar é muito maior do que
duas e os jogadores racionais não têm a possibilidade de escolher mesmo que queiram
escolher um Deus ou outro. Por outras palavras, se a aposta de Pascal faz sentido, será tão
razoável apostar num deus-lua ou deus-sol como no Deus judeu, cristão ou muçulmano.

E, finalmente, não há prova ou razão para supor que ganhamos um prémio se apostarmos
no Deus que de facto exista. Porque não podemos pressupor sem razões que Deus
recompense os crentes ou que puna os descrentes. (De facto, em última análise o próprio
Pascal apelou à revelação ou fé). Pelo contrário, as intuições de muitos de nós dizem
precisamente o contrário talvez porque quando nos tentamos pôr no lugar de Deus,
percebemos que estaríamos inclinados a considerar que a crença baseada na aposta de
Pascal é hipócrita. Deus, se existir, pode impressionar-se bem mais com a honestidade
daqueles que não conseguiram apostar (acreditar) na ausência de provas do que com
aqueles que acreditam porque pensam que é prudente fazê-lo.

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Podemos então observar um conjunto de objeções, começando com a “Objeção da Ideia de
Infinito” que nos diz que uma das dificuldades é a de saber se existe uma “coisa” como o
infinito, mas Pascal assume de princípio que existe tal coisa. Acontece que Pascal faz
coincidir a existência de Deus com a existência de infinito, desse modo, se pressupõe a
ideia de infinito, também pressupõe a ideia de Deus.

Por outro lado, podemos também dizer que a fé religiosa não se pode basear num cálculo e
assim sendo é contrária à moralidade de Deus basear a crença num cálculo de
possibilidades.

Por último, a “Objeção da crença involuntária” que nos diz que a crença em Deus pode não
estar sujeita ao livre-arbítrio, pode não ser do controlo da pessoa. No entanto, para Pascal,
cabe aos indivíduos decidir se querem ou não acreditar. Pode até acontecer que uma
pessoa não acredite em Deus e a crença dessa pessoa ser falsa. Na verdade, há quem
diga que acreditar em Deus com base num cálculo deste é absurdo. Mas com efeito a ideia
de que para acreditar precisamos apenas de fé e não de razões é até muito difundida, não
só na filosofia. E isto levar-nos-ia ao problema de saber se acreditar em Deus com base na
fé é defensável?

O argumento do mal de Leibniz


O problema do mal (também conhecido como teodiceia) e uma das críticas mais antigas à
existência de Deus como ser omnipotente (que tudo pode) e benevolente (que é bom). Em
linhas gerais, o argumento procura mostrar que a existência do mal no mundo não é
compatível com a ideia de um Deus benevolente e omnipotente.

De acordo com o filósofo grego, há quatro possibilidades:

1. Ou Deus quer eliminar o mal do mundo, mas não pode;


2. Ou pode, mas não quer;
3. Ou nem quer nem pode;
4. Ou quer e pode.

Segundo Leibniz, Deus, sendo omnipotente e perfeito, escolheu e criou, de entre infinitos
mundos possíveis, o melhor de todos, ou seja, aquele que tem a mínima parte de mal.
Como tal, é impossível existir um mundo com menos mal do que o mundo em que vivemos,
ainda que o possamos imaginar. Por outro lado, a ocorrência de certos males no mundo
pode ser logicamente necessária para se obterem bens maiores, que superam esses males.
Leibniz rejeita a opinião daqueles que afirmam que Deus podia ter feito melhor.

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- Objeções ao argumento do mal de Leibniz
Objeções às respostas ao Problema do Mal

1º Objeção: Livre-arbítrio sem mal: Se Deus é omnipotente, poderia ter criado um mundo no
qual existisse liberdade sem que existisse mal. A existência do livre-arbítrio implica sempre
a possibilidade de fazer o mal. No entanto, não há razão para que esta possibilidade se
torne efetiva, pois é logicamente possível que todos os indivíduos com livre-arbítrio
tivessem decidido evitar sempre escolher fazer o mal.

2ªobjeção: Não explica o mal natural. Este argumento, na melhor das hipóteses, “justifica” a
existência do mal moral. Não há qualquer relação entre a posse de livre-arbítrio e a
existência de males naturais, como cheias, terramotos, doenças, etc.

3º Objeção: Deus poderia intervir no mundo. Os teístas acreditam que Deus pode intervir e
que intervém no mundo.

Então porque é que Deus não interveio de forma a prevenir o Holocausto?

1ª Objeção: O grau e a dimensão do sofrimento: Para permitir a existência de santos e de


heróis (atos de bem moral) não era necessário haver tanto (grau) e tão grande (dimensão)
sofrimento, ou seja, há muito “mais mal” do que o necessário para esse efeito. É evidente
que a quantidade de mal existente no mundo excede em muito esse mínimo necessário
para nos tornarmos melhores pessoas.

2º objeção: Não seria preferível um mundo com menos santos e heróis. mas no qual
existisse menos mal?

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Conceção religiosa acerca das transfusões de sangue
Tema constante de grandes discussões é a recusa a certos procedimentos médicos por
motivos religiosos ou filosóficos. A fé merece respeito e todas as crenças têm seus dogmas.
Para as Testemunhas de Jeová, a rejeição de tratamento com uso de sangue e derivados
para si e aos filhos, seja qual for a circunstância, é ponto fundamental de preceitos
religiosos. As Testemunhas de Jeová acreditam que a Bíblia proíbe a ingestão de sangue e
que os cristãos não devem aceitar transfusões de sangue ou doar ou armazenar seu próprio
sangue para transfusão. A crença é baseada em uma interpretação da escritura que difere
da de outras denominações cristãs. É uma das crenças pelas quais as Testemunhas de
Jeová são mais conhecidas.

Os membros do grupo que aceitam voluntariamente uma transfusão e não são


considerados arrependidos são considerados como tendo se desassociado do grupo,
abandonando as suas crenças e são subsequentemente evitados pelos membros da
organização.

Ainda que apresentem um estilo de vida muito saudável, existem situações, seja por doença
ou por acidente, em que necessitam de uma transfusão sanguínea. Uma vez que a sua fé
não permite, invocam, então, o direito a um tratamento isento de sangue, tratamento esse
igualmente eficaz e com menos riscos, quando comparado com as transfusões. Acontece
que se verifica que a comunidade médica apresenta algumas reservas perante tal recusa,
pois desconhece, em certos casos, a eficácia de tratamentos alternativos e, noutros casos,
não existe a possibilidade de administrar um tratamento diferenciado, seja porque o hospital
não está preparado, seja porque há uma urgência que impede a espera pelo tratamento.
Seja qual for o caso, perante estes impedimentos, as Testemunhas de Jeová reiteram a
recusa das transfusões, saltando um plano de tratamento, o que coloca os médicos numa
posição ingrata: ignorar o pedido do paciente ou deixá-lo morrer.

Para os juristas é um tema que os deixa trémulos, pois levanta questões éticas de difícil
conclusão.

Movidas pelo desejo de verem preservados seus princípios religiosos e tranquilizarem os


médicos quanto à utilização de alternativas às transfusões, as Testemunhas de Jeová
costumam levar consigo um cartão de identificação ou uma declaração onde afirmam não
admitir procedimentos terapêuticos que incluam transfusão sanguínea, isentando, ao
mesmo tempo, o profissional da responsabilidade por qualquer resultado adverso

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proveniente da recusa. Apresentam sempre o documento ou assim declaram ao serem
internadas em hospitais.

A recusa em receber derivados do sangue a que as Testemunhas de Jeová estão


submetidas levanta problemas éticos e legais relativamente ao modo como proporcionar os
melhores cuidados de saúde a estes pacientes.

Assim como os pacientes recebem o direito de recusar um procedimento, como a


transfusão de sangue, os profissionais da Saúde também têm a liberdade de adotar o
discurso de objeção de consciência sem que a sua negação para determinados tipos de
tratamento seja considerada omissão de socorro.

Como não existe qualquer garantia de cura dentro de um atendimento hospitalar, a única
obrigação bioética de um trabalhador no âmbito da Medicina é fornecer outros meios para
que o indivíduo em questão seja atendido. Nesses casos, fica a dever dos médicos e das
instituições hospitalares as seguintes medidas:

 informar, conscientizar e alertar os pacientes sobre riscos e alternativas


existentes;

 respeitar a vontade do paciente (exceto em decisões jurídicas);

 recomendar outras clínicas ou profissionais que estejam aptos a trabalhar com os


desejos do paciente.

Embora a questão seja delicada e complexa, o exame das manifestações doutrinárias e


da jurisprudência dominantes leva a estas conclusões: (1) não sendo possível substituir a
transfusão sanguínea por tratamento alternativo em razão do iminente perigo de morte, a
decisão de transfusão de sangue cabe soberanamente ao médico, independentemente
de consentimento de quem quer que seja; (2) se ausente o perigo, prevalece a vontade
do paciente, familiares ou representante legal.

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Conclusão
Ao fim do trabalho, pode-se concluir que a pesquisa realizada ampliou o nosso
conhecimento a respeito da dimensão religiosa e do problema da existência de Deus.

Podemos concluir que a filosofia tem um papel fundamental nas respostas ao problema da
existência de Deus tal como as suas objeções. Sentimos mais dificuldades na procura de
informação acerca do último tópico, embora, em nosso ver cumprimos todos os objetivos
que nos foram propostos.

Este trabalho foi muito importante para a nossa compreensão deste tema, além de nos ter
permitido aperfeiçoar competências de investigação, seleção, organização e comunicação
da informação.

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Bibliografia
https://filosofianaescola.com/metafisica/argumento-cosmologico/

http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/p/argumento-cosmologico.html

https://aia.madeira.gov.pt/images/files/telensino/
FILOS11_Aulas5a10_4_7_11_14_18_21maio.pdf

http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com/p/argumento-teleologico-ou-do-designio.html

https://rolandoa.blogs.sapo.pt/56692.html

https://criticanarede.com/argontologico.html

https://estadodaarte.estadao.com.br/leibniz-e-o-problema-do-mal/

https://criticanarede.com/fil_mal.html

https://xdocs.com.br/doc/o-fideismo-de-pascalo-argumento-do-apostador-11ct-e-lh-
6nw53ykwpen1

https://filosofianaescola.com/metafisica/o-problema-do-mal/

https://www.e-publica.pt/volumes/v3n2a08.html

https://ordemdosmedicos.pt/recusa-de-transfusao-de-sangue-direito-a-vida-prevalece-sobre-
conviccoes-religiosas/

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