A Doutrina de Cristo Monitor: Vinícius Paes Leme de Souza 9. O sacerdócio de Cristo Por que escrever a Carta aos Hebreus?
Com a destruição do Templo, os judeus haviam perdido os
rituais mediadores de sua relação com Deus, ficaram sem o centro geográfico, a cidade de Jerusalém, e sem o Sinédrio que era sua estrutura política. Além disso, a situação agravou-se para os judeu- cristãos, porque estes foram tratados pelos compatriotas como traidores por causa da opção pelo Crucificado. Perderam tudo e aparentemente não tinham adquirido nada em retorno, só uma espera pela Parousia, que parecia infrutífera naquele momento crucial. Por isso, entraram numa profunda crise de identidade religiosa. Dessa forma, são tentados a voltar para um judaísmo sem Jesus. Na crise de identidade e demora da Parousia, os destinatários da Carta aos Hebreus tinham “uma consciência renovada do pecado” e sentiam a necessidade de purificação e perdão. Quando iniciaram na fé cristã suportaram grande sofrimento e foram fiéis em momentos de perseguição. Não tinham ainda dado suas vidas pelo evangelho (Hb 12,4), mas haviam sido despojados de seus bens durante a revolta judaica e também haviam sido solidários compartilhando suas posses com os cristãos mais pobres (Hb 6,10; 13,16). Em resposta a tudo isso, o autor da Carta aos Hebreus edificou seu tema central sobre algumas proclamações fundamentais: temos um sumo sacerdote (8,1), um altar (13,10), um sacrifício perene (7,27) em um eterno Dia do Perdão (9,12-14; 10,19) em um santuário verdadeiro (celeste) não construído por mãos humanas (8,2). Cristo, o Sumo Sacerdote:
Tomado dentre os homens
Oferecer sacrifício pelo pecado Chamado por Deus Homem compassivo ✘ O Dia da Expiação em Israel "aos dez deste mês sétimo, será o Dia da Expiação" (Levítico 23:27). Havia sacrifícios diários pelo pecado, mas esse era um dia especial, de santa convocação. Aprendemos em Lv 16 que o Sumo Sacerdote: ✘ 1. se purificaria com água; ✘ 2. vestiria suas vestes santas de linho; ✘ 3. mataria um novilho para fazer expiação por si e pela sua família; ✘ 4. tomaria uma vasilha de brasas do altar e entraria no Santo dos Santos para que a nuvem de incenso cobrisse o propiciatório, que era o lugar da expiação, da propiciação e da reconciliação; ✘ 5. sairia, tomaria o sangue do novilho, entraria pela segunda vez no lugar santo com o sangue e o aspergiria sete vezes sobre o propiciatório e diante dele; 'mataria o bode para a oferta pelo pecado, ultrapassaria o véu pela terceira vez e faria com o sangue como tinha feito com o sangue do novilho; 'faria expiação pelo lugar santo e pelo altar do holocausto; "imporia as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessaria os pecados do povo e enviaria o bode para o deserto; e " tiraria as vestes de linho, iria lavar-se, poria outra roupa e ofereceria um holocausto por si e pelo povo. Esse dia era impressionante, santo e de grande importância porque os pecados de Israel eram expiados por meio de sangue. Já que "é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hebreus 10:4), esse ritual devia repetir-se a cada ano (Levítico 16:34) até aquele dia grandioso em que Cristo seria "oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos" (Hebreus 9:28). “Há uma fonte transbordante de sangue, Que jorra das veias do Emanuel; E os pecadores, completamente imersos nesse sangue, Perdem todas as manchas de culpa. Querido Cordeiro moribundo, teu sangue precioso Jamais perderá o seu poder, Até que toda a igreja de Deus, resgatada, Seja salva para nunca mais pecar.” William Cowper 10. Cristo na Escatologia
* Usaremos a apresentação de Slides de Sidney Matos