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A Mais Linda Verdade da Escritura 1

A MAIS LINDA VERDADE DA ESCRITURA

N OSSOS primeiros pais enlanguesciam de dor e saudade junto à


entrada do Paraíso de que acabavam de ser expulsos. Sua agonia,
mitigavam-na apenas, a intervalos, as visitas de emissários angélicos do
Pai misericordioso.
– Apenas?! Dissemos mal. Havia outro ponto luminoso na borrasca
de sua vida: a promessa de Deus ao par desolado, quando transpunham
os umbrais do Éden. Era a primeira esperança messiânica, a promessa
primeira da vinda de um libertador. Mostrava aos aflitos exilados o único
meio de escape de sua situação, esboçando-lhes os contornos de um
plano maravilhoso – o plano divino para redenção dos homens. Eis os
termos singelos da promessa: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre
a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe
ferirás o calcanhar."
Surgiria, pois, entre a descendência de nossa primeira mãe, um Ente
habilitado a ser o Libertador da humanidade, e que feriria a cabeça de
Satanás, ali representado pela serpente. O maligno, por sua vez, ferir-
Lhe-ia o calcanhar, o que se verificou na cruz do Calvário.

O Anseio dos Patriarcas

E Adão e Eva começaram a ansiar o aparecimento da Semente


prometida, que os viesse reintegrar na posse do domínio perdido.
Nasceu Caim, o primogênito. E Adão cogitava, e Eva tremia num
misto de esperança e de dor: – Será o Messias?
Nasceu logo Abel. Por ordem divina ambos, com os pais,
demonstravam em sacrifícios os anelos por um Salvador. E um dia,
vendo rejeitada a sua oferta porque não tinha o coração reto para com
Deus, Caim tomou de um pau e prostrou morto a seu irmão.
Os pais apertavam ao seio o corpo exânime do filho, desolados com
a perda, inconsoláveis com a desilusão: – Não, já não podia ser o
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primogênito o almejado Libertador da raça caída! E redobraram os seus
anseios pelo Messias.
Multiplicaram-se os homens e as suas maldades. Mas aqui e ali um
justo salpicava de luz a treva humana.
Veio Abraão, o pai dos crentes. E um dia o Senhor lhe apareceu e
disse:
"Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a
terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te
engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas
todas as famílias da terra." Gênesis 12:1-3.
Benditas de que modo? Ah, pelo aparecimento, na descendência do
piedoso Abraão, dAquele que seria o Ungido do Senhor.
Um grupo de filhos cerca, pesaroso, um leito de morte. Neste, o
moribundo distribui a cada um a sua bênção, envolta em determinadas
profecias. Uma dessas bênçãos, entretanto, mais que todas as outras
encheu de viva esperança o coração dos contristados. Foi a que dizia: "O
cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que
venha Siló; e a ele obedecerão os povos." Gênesis 49:10.
Assim o velho Jacó morria, deixando mais acendrada que nunca, na
alma dos futuros chefes das tribos de Israel, a suave esperança da ajuda
do Restaurador de todas as coisas pendidas pela entrada do pecado – o
Siló, isto é, repouso, tranqüilidade...
Posteriormente Moisés, desfazendo-se em desvelos pelos hebreus
cometidos aos seus cuidados, reaviva-lhes a lembrança esquecidiça da
promessa divina, repetindo-lhes a comunicação que recebera de Deus:
"Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em
cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar." Deuteronômio 18:18.
E quem seria esse Profeta, senão o próprio Filho de Deus?
Balaão, o vidente que se deixou empolgar pelo brilho do ouro e,
ambicioso, atendeu ao apelo de Balaque para amaldiçoar a Israel, não
pôde contrariar a ordem superior, emanada de Deus, e entre outras
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significativas previsões, teve também a que ele exprimiu nos
enternecedores termos: "Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas
não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro."
Números 24:17. Era o vaticínio sublime do aparecimento, uns céus de
Belém, da "resplandecente estrela da manhã." (Apocalipse 22:16)
Na vasta e elaborada liturgia mosaica, um ritual especialmente se
destinava a manter sempre viva no espírito dos Hebreus a esperança da
vinda do Redentor: era o serviço religioso do tabernáculo terrestre. Vasto
demais para ser tratado em suas minúcias, a ele faremos tão-somente
ligeiras referências.

Símbolo Expressivo

Ordenara o Senhor que Seus filhos Lhe construíssem um santuário


para que habitasse entre eles (Êxodo 25:8). Era esse santuário, ou
tabernáculo, uma espécie de tenda que se podia facilmente desarmar e
transportar, visto como se destinava ao culto religioso dos hebreus
enquanto vagueavam no deserto. Entre vários outros móveis que nele
havia, figurava um altar de sacrifícios, onde o sacerdote, de manhã e à
tarde, oferecia um cordeiro em holocausto. Além deste serviço, que em
dias de festa era ampliado, havia ainda o que se fazia em favor de cada
indivíduo, e que era o seguinte: O homem que pecava conduzia para o
tabernáculo o animal designado pela lei e, pondo-lhe a mão sobre a
cabeça, confessava o seu pecado e em seguida degolava ele mesmo esse
animal.
Tal cerimônia visava diversos fins, como por exemplo levar os
israelitas a ter sempre presente que a consumação do pecado exigia
sangue, isto é, morte; que o próprio pecador estava, pois, condenado,
mas Cristo, o Cordeiro imaculado, Se oferecera para morrer em seu lugar;
e para que o homem, entretanto, não considerasse levianamente a
transgressão, era um meio excelente, de efeito muito salutar, a lembrança
de que, pecando, devia realizar o ritual do sacrifício.
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Seu objetivo mais lindo, porém, e principalmente visado por sua
simbologia, era justamente o de lembrar a vinda do Messias, cujo sangue
viria expiar a culpa dos pecadores penitentes. Sempre que procedia ao
sacrifício, o pecador voltava os pensamentos para o anelado advento de
Cristo. Por isso que as cerimônias no tabernáculo, e mais tarde no templo
de Salomão, apontavam para o aparecimento de Cristo, o sacrifício dEste
na cruz as aboliu. Tanto que, ao morrer o Salvador, o véu do templo se
rasgou de alto a baixo, significando isto que não havia mais necessidade
daquele serviço religioso. Como não deveria todo pecador, ao ter de
imolar em sua própria substituição uma vítima inocente, anelar a vinda
do Cordeiro divino, o sacrifício perfeito!

Anelo Universal

Os hebreus cativos, junto nos rios de Babilônia desabafavam a


nostalgia em sentidos cantos, e lembrando-se de sua querida Sião
choravam, ansiando a libertação e o Libertador. (Salmo 137)
E o mesmo anelo que penetra e perfuma toda a época patriarcal e
hebréia, predomina ainda nas mensagens dos profetas. Aqui alinharemos
algumas apenas.
Isaías previu a satisfação de seus anseios, no Varão que nasceria a
uma virgem. (Isaías 7:14.) Em Belém, profetiza Miquéias (5:2), dar-se-ia
o auspicioso acontecimento. Em seu capítulo 53 Isaías, o chamado
"profeta evangélico", traça um quadro que dificilmente alguém poderá
contemplar sem se comover; esboça terna e dolorosamente a paixão
dAquele que, para redimir os pecadores, "foi oprimido e humilhado, mas
não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como
ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca." "ele foi
traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades"
(Isa. 53:7, 5) O mesmo profeta previu-Lhe os próprios milagres e obras
(Isaías 29:18 ; 61:1; 42:7).
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Em espírito, viu-O o salmista abandonado na cruz, e os Seus
algozes a oferecerem-Lhe fel e vinagre. (Salmo 69:21; 22:1). Zacarias
(9:9) concita a filha de Sião e de Jerusalém a exultar, na figura de seus
desejos cumpridos; pois havia de vir seu Rei, "justo e Salvador, pobre, e
montado sobre um jumento" (na entrada em Jerusalém). Mas ai! o
mesmo profeta (11:12 e 13) vê também que o Salvador seria vendido por
trinta moedas. (Ver exposição de C. C. Branco, na pág. 87.) Não só no
seio do povo escolhido de Deus, medrava esse anseio. Ele era, pode-se
dizer, universal.
"Fora da nação judaica houve homens que predisseram o
aparecimento de um instrutor. Esses homens andavam em busca da
verdade, e foi-lhes comunicado o Espírito de inspiração. Um após outro,
quais estrelas num céu enegrecido, haviam-se erguido esses mestres. Suas
palavras de profecia despertaram a esperança no coração de milhares, no
mundo gentio." 1
Com efeito, o próprio Confúcio (cinco séculos antes de Cristo)
falava no "verdadeiro Santo que viria do Ocidente." Tinha Ésquilo, na
Grécia, a idéia de um "gigante indomável, o Deus que substituiria
Prometeu nos seus sofrimentos e desceria por ele até ao fundo dos
abismos." Aguardava-O Aristóteles como "o Libertador, o verdadeiro
Salvador". Platão assegura que "um Deus gerado viria ensinar os
mortais," e Lhe chama "Verbo, o Salvador". 2
Prevalecia, pois, quer pelo conhecimento dos vaticínios dos
profetas, quer por uma como que intuição insuflada pelo próprio
ambiente, ou antes, pelo Espírito de Deus no coração humano, esse
desejo ardente de um Libertador – isto é, do desdobramento do plano
divino para a redenção do homem.

O Conselho de Paz

Fala o profeta Zacarias (6:13) num conselho de paz havido entre


Deus e Seu Filho. Estabeleceram-se aí as bases do plano segundo o qual
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se reabririam à humanidade as portas do Éden, restaurando ao homem o
domínio perdido.
O Cordeiro divino "foi morto desde a fundação do mundo,"
esclarece S. João, no Apocalipse.
"O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior,
formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação "do mistério que desde
tempos eternos esteve oculto". Rom. 16:25. Foi um desdobramento dos
princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do
trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de
Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador do apóstata.
Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou
providências para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor
pelo mundo, que concertou entregar Seu Filho unigênito "para que todo
aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna". João 3:16." 2
Esse maravilhoso plano divino para a reabilitação do homem
assumiu, pois, proporções de interesse universal, no mais amplo conceito
desse termo. As hostes angélicas emudeceram, calaram as antífonas
retumbantes e os melodiosos acordes das harpas, ao saberem da
resolução de seu amado Senhor, de baixar ao mundo para oferecer-Se
como expiação do pecado. Os habitantes dos mundos não caídos
partilharam da mágoa dos anjos das paços celestiais. Atentando, porém,
para o quadro da raça humana reintegrada plenamente na passe de todos
os direitos que lhe usurpara o pecado, de novo se lhes iluminou o
semblante.
Que dizer, porém, da dor que experimentaria o coração do Pai ? Era
preciso, efetivamente, muito amor. Entretanto, "Deus amou ao mundo de
tal maneira que deu o seu Filho unigênito" – reza o sublime versículo de
S. João 3:16, o qual alguém denominou, com muito acerto, "o evangelho
em síntese". E como classificar a renúncia do Filho de Deus, que Se
"aniquilou a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante
aos homens ; e, achado na forma de homem, humilhou-Se n Si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de Cruz?" Filipenses 2:7 e 8.
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O Problema do Mal

Deus tomara, pois, providências para enfrentar a contingência da


entrada do pecado no mundo.
O mal aqui penetrou por Lúcifer que, possuidor de toda a liberdade
individual – porque Deus não criara os anjos máquinas – permitira que o
orgulho lhe tomasse posse do coração (Ezequiel 28:17). A Terra não
resistiu à prova a que foi sujeita, como o foram todos os outros mundos,
não caídos.
O problema do mal tem aspectos que só devassaremos em todos os
seus escaninhos quando estivermos lá em cinta. Descansemos, porém, na
certeza de que nosso Pai Celestial agiu no sentido de nosso maior bem.
Conquanto não caiba no escopo desta obra tratar amplamente do
assunto, não nos podemos furtar ao desejo de transcrever, sobre o
mesmo, um diálogo travado entre um crente e um cavilador, o qual
lemos numa revista australiana:
"Tenho um vizinho", começa dizendo o autor, "que procura embaraçar
a todo o mundo com esta pergunta: 'Se Deus é bom e nos ama e nos quer
felizes, como os crentes afirmam, por que fez Ele um diabo que nos tenta ao
pecado?'
"Este homem veio ter comigo certa ocasião, e eu de pronto respondi à
sua pergunta com outra:
"– O senhor estava no trem outro dia, quando explodiu a caldeira da
locomotiva, não é verdade?
"– Sim.
"– Bem, quando se pôs a examinar os destroços, a caldeira toda em
pedaços, seus fragmentos atirados para longe, porventura leu aquele letreiro
da locomotiva, e que era sua marca de fábrica: Baldwin & Cia., Filadélfia ?
Ali se encontravam essas palavras bem visíveis em meio das rodas e
alavancas partidas.
"– Sim, eu me lembro de tê-las visto.
"– E acaso disse, ao vê-las: 'Eu sei quem fez estes destroços; foi
aquela fábrica de locomotivas, de Filadélfia. Eles não deviam fabricar uma
locomotiva que pudesse explodir. São eles os responsáveis pelo desastre!
Disse o Senhor isto?
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"– Então me julga um tolo? Baldwin & Cia. fabricam boas máquinas.
Milhares das que saíram de suas oficinas estão correndo nas estradas de
ferro, pelo mundo. São perfeitamente seguras, quando bem manejadas. Mas
os Baldwins, ou qualquer pessoa, não podem fazer máquina que esteja além
da possibilidade de ser mal manejada. No caso de que estamos falando, o
maquinista deixou faltar água na caldeira. Foi culpa dele e não do fabricante.
O próprio fato de ser uma locomotiva uma máquina de força tremenda,
torna-a perigosa se não é manejada devidamente.
"– Então, não vê o senhor que a relação de Deus para com Satanás é
semelhante à dos Baldwins, para com uma caldeira explodida? A única
diferença é que, no caso do diabo, era ele tanto a locomotiva como o
maquinista. Ele deu o vapor do orgulho, até que teve como resultado o
descarrilamento. E agora está por ai, anjo caído, ser culpado e infeliz,
embora ainda tão poderoso que é chamado 'o príncipe das potestades do
ar'. E como a desgraça não gosta de ficar sozinha, seduziu ele outros anjos,
e agora tenta os homens, a fim de que participem de seu pecado e miséria.
Assim é que existe o diabo no universo, e que ele é o tentador da raça
humana.
"– Mas não podia Deus ter criado homens e anjos em condições de
não pecarem?
"– Poderia, naturalmente. Assim criou Ele as estrelas. Estas, pela
atração se mantêm em sua órbita, e não se podem extraviar. Mas de que
vale sua obediência? É como a de um relógio, ao qual a gente dá corda, e
ele então trabalha e nos indica a hora. É uma máquina, e tem de fazer aquilo
para o que foi fabricado. Deus tinha máquinas bastantes. Ele queria agentes
livres: e quando os fez, eles podiam escolher o mal em lugar do bem;
podiam desobedecer em vez de obedecer. Por inocentes e retos que fossem
ao ser criados, era-lhes possível cair. Esta possibilidade era inseparável de
sua liberdade.
"Admira-se o senhor de que Deus não quisesse homens e anjos iguais
às estrelas? O senhor tem uma filhinha; quando ela se chega ao pai com um
beijo, e lhe diz: – Papai, eu amo o senhor, – isto o alegra, verdade? Mas por
quê? Por causa do beijo e das palavras? Suponhamos que se fabricasse
uma máquina exatamente igual, no aspecto, à sua filha; que o senhor
pudesse dar-lhe corda, de maneira que a máquina o beijasse e dissesse: –
Eu amo o senhor – isso lhe seria satisfatório? Em alguns respeitos, a
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máquina seria até melhor que a filha. Havia de beijá-lo toda vez que o
pedisse, ao passo que a criança é às vezes voluntariosa e má.
"Mas o senhor havia de preferir a filhinha à máquina, mesmo com suas
possibilidades de desobediência, fosse embora a segunda mais fiel às suas
ordens. O senhor quer o amor espontâneo, e não obrigado; e isso é também
o que Deus deseja. Ele fez Lúcifer como fez Gabriel, mas aquele usou da
liberdade para rebelar-se contra seu Criador. É ele o único responsável por
essa rebelião, como o maquinista, e não o construtor da locomotiva, o foi por
aquele desastre.
"Assim, pois, a resposta a sua pergunta é esta: Deus criou um anjo
livre, santo, feliz, e esse anjo foi que se fez a si mesmo um diabo." 3

Eis ainda, sobre o mesmo assunto, uma bela página de L. Franca:


"Os desígnios da Providência nem sempre, a um primeiro olhar, se nos
manifestam em toda a sua sabedoria; a iniqüidade não raro triunfa e tripudia
sobre a justiça humilhada.
"A razão tem suas respostas satisfatórias. Este mundo não representa
o plano total do governo divino; entre os bens terrenos e os bens espirituais
há uma hierarquia de valores de que facilmente nos esquecemos, mas que
Deus respeita e se, dada a nossa condição psicológica e histórica, a
privação de um bem-estar efêmero e relativo condiciona um
aperfeiçoamento moral e uma felicidade definitiva, a Sua sabedoria e a Sua
bondade não hesitam na escolha.
"Mais. No julgarmos os homens e a justiça com que se lhe distribuem
os bens e os males, sofremos de uma miopia incurável. A santidade e a
malícia não se podem aquilatar, com apreciação completa, somente pelas
aparências exteriores a que se reduzem as fontes de nossas informações; é
um problema de responsabilidades morais insolúvel a quem não pode
sondar o mistério das consciências.
"Achamo-nos, portanto, no grande enigma do mal, ante uma equação
com quatro ou cinco incógnitas. Impossível resolvê-la antes de conhecermos
todos os elementos que lhe podem determinar os valores, isto é, antes de
vermos o plano divino realizado em toda a sua integridade. As dificuldades e
as sombras que ainda subsistem não diminuem nem eclipsam a evidência
inelutável das razões que demonstram a existência de Deus." 3
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Cumprido o Anseio

Como íamos dizendo, havia latente na humanidade a intuição do


plano divino para remi-la. Ora, diz o apóstolo S. Paulo (Gálatas 4:4, 5):
"Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de
que recebêssemos a adoção de filhos."
Reinava profunda paz no mundo, então dominado por um único
cetro. O velho templo de Jano, que só se fechava quando não havia
guerra, cerrara as portas fazia já vinte e nove anos.
Uma só língua, talhada como nenhuma outra para as formas
elevadas e perfeitas da literatura, servia, por assim dizer, de veículo ao
pensamento de todos os povos. As filosofias pagãs já não satisfaziam o
anelar dos homens. Não mais os consolava a moral estóica nem os
contentavam os epicúrios vícios. O ambiente era de geral expectação.
Estava a humanidade sazonada vara acolher a concretização de seus
anseios.
Chegara, pois, a plenitude dos tempos, ou o seu cumprimento, como
diz outra versão, e devia vir o Messias, sujeito a todas as contingências
da lei humana.

Envoltas no manto agasalhante da treva silenciosa, as aldeias e


cidades da Galiléia dormiam o sono profundo das noites orientais.
Apenas, no ermo dos campos, pastores solícitos vigiavam seus tranqüilos
rebanhos. E abreviavam as longas horas caladas, mergulhando o
pensamento na palavra dos profetas, que falava no aparecimento do
Messias – palavra que tantas vezes haviam ouvido nas sinagogas, lida
por sacerdotes que, orgulhosos demais, não lhe apreendiam o significado
e a realização próxima. Compreendiam-na, porém, os zagais, humildes e
devotos. E, no silêncio noturno, interrompido apenas pelo bucólico
raque-raque das ovelhas pastando a relva, também eles pasciam a
imaginação no campo fecundo da profecia.
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Sim, não estaria já tardando a vinda do Salvador prometido? Não
haveria ainda chegado o ansiado momento da libertação?
Ai, já ia longa a noite de prova que descera pesada sobre os filhos
de Israel! Já o inclemente jugo de Roma lhes fatigava sobremaneira a
cerviz inquieta! Porventura não haviam ainda sorvido até às fezes a taça
da merecida punição?!

Um resplendor súbito, como relâmpago em desanuviado céu de


estio, vem fender com um jato de luz o azul-negro da noite: era um anjo,
um fulgurante emissário dos paços celestiais.
Assustam-se os mansos pegureiros da planície de Belém: seria
acaso um instrumento do fulminante juízo divino, que viria pôr ponto
final às prevaricações da nação escolhida? "Não temais," ouvem logo do
mensageiro de paz, "eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o
será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador,
que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança
envolta em faixas e deitada em manjedoura" (S. Lucas 2:10-12).
Imediatamente o anjo se viu rodeado de multidão de companheiros
reluzentes, que lhe rematavam a nova alvissareira com o hino mais
ardente e longamente ansiado pelos povos, mais suave aos ouvidos
humanos e confortador aos corações agoniados:
"Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens,
a quem ele quer bem" (S. Lucas 2:14).
Inefável revelação! O que era e é Rei dos reis e Senhor dos senhores ,
preferiu baixar à Terra como Emanuel, "Deus conosco," na sublime
expressão profética de Isaías. A Divindade feita homem! "a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo."
A manjedoura de Belém tornou-se o berço da redenção e, como
dissera o profeta, "sobre os que habitavam na região da sombra da morte,
resplandeceu a luz." A envilecida Terra nesse dia, mais que nunca,
avultou no conceito e no amor dos seres celestiais – se é que esse
conceito e amor admitem relatividade. E o infinito dos Céus foi acanhado
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demais para conter a alegria transbordante das multidões angélicas, cujas
aleluias e antífonas transvazaram sobre a Terra. Este único planeta
tresmalhado nos desertos do tempo e do espaço, teve iluminada a sua
densa noite.

Nossa Atitude

O natal de Cristo – que encantador capítulo do fascinante livro do


amor de Deus! Quão antiga história, e quão nova sempre! Convém,
entretanto, definirmos bem nossa atitude para com o grande acontecimento .
O povo escolhido rejeitou-O. "Veio para o que era Seu, e os Seus não O
receberam", diz S. João, na singeleza penetrante de seu estilo suave.
"Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?" pergunta Pilatos à
multidão sedenta de sangue. E o covarde romano manda-O crucificar.
"Por pouco me persuades a me fazer cristão" – volve Agripa ao
maior dos apóstolos (Atos 26:28), ao desdobrar-lhe este um capítulo do
plano da redenção. Mas não deu um passo para atender à voz da
consciência despertada.
E você, leitor amigo, qual a sua atitude em relação ao sublime plano
elaborado por Deus para o seu libertamento do pecado e sua eterna
salvação?

"Vamos até Belém" – disseram uns aos outros os piedosos pastores,


transbordantes de alegria: "Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos
que o Senhor nos deu a conhecer. Foram apressadamente e acharam Maria
e José e a Criança deitada na manjedoura. E, vendo-o, divulgaram o que
lhes tinha sido dito a respeito deste Menino. Todos os que ouviram se
admiraram das coisas referidas pelos pastores." S. Lucas 2:15-18.
Lições maravilhosas, essas que os humildes zagais da pequena
Belém nos vêm ensinar! Sim, também nós, "vamos até Belém"! Quantos
existem hoje que, reconhecendo embora a divindade do Cristo e a
sublimidade de Seus ensinamentos, rejeitam o convite dos pastores:
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"Vamos!" Cegados por glórias mundanas ou pelo orgulho, abafam na
indiferença a voz que os convida.
Porventura não lhes agrada a companhia humilde dos pastores.
Iriam, talvez, se o convite viesse da parte dos Césares. Iriam se lhes
fosse oferecida a oportunidade de fazê-lo em companhia de altos
dignitários do mundo secular ou religioso. Mas, com a classe ignorada e
servil dos pegureiros!. . .
Entretanto, é mister, não só, que atendamos ao convite divino,
venha mesmo por intermédio dos mais humildes da Terra, como também
o é que nós próprios façamos coro com esses humildes, nas palavras
benditas: "Vamos até Belém!"
Carecemos dessa iniciativa, dessa decisão. Dela precisamos, quer
para acompanhar os filhos da culta Grécia ao se chegarem, despidos do
orgulho de sua cultura, a Filipe e lhe rogarem: "Senhor, queríamos ver a
Jesus" (S. Lucas 12:21); quer para seguir o gesto último e desesperado
do pródigo: "Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti" (S. Lucas 15:18).
E em nossa caminhada, breve ou longa, temos de ir até Belém.
Desprezemos, à beira da nossa estrada, a Atenas das filosofias humanas;
a Roma do humano poder e prepotência; a própria Jerusalém de um culto
orgulhoso e vazio de piedade.
Seja embora noite na alma do pecador, como nos campos em que os
pastores guardavam os seus rebanhos, ao ouvir o "vamos!" da
consciência, deve ele levantar-se e ir. Será preciso renunciar a todo o
orgulho, exercer humildade, mas valerá a pena.
"Belém" quer dizer "casa de pão". Indo a Belém, para junto da
manjedoura, caminhos de justiça e sedentos de verdade, voltaremos
fartos e saciados, pois ali se nos oferecerá em abundância o "Pão da Vida ".
"E vejamos". Chegados a Belém, não cessa aí nossa responsabilidade .
"Vejamos" representa o objetivo culminante de nossa jornada à
manjedoura. Cumpre vermos por nós mesmos. A responsabilidade é
individual – inteiramente individual. O fato de existirem e proliferarem
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dezenas, centenas de credos e variantes, em nada nos diminui essa
responsabilidade. Aumenta-a, antes.
Vamos, pois, e vejamos, por nossos próprios olhos, e não pelos
alheios. Coisa alguma nos detenha nessa caminhada crente e fervorosa.
Com os pastores de Belém – que melhor companhia não encontraríamos
– vamos apressadamente. Leitor amigo, não há tempo a perder!
E depois de ver, depois de raciocinar e conhecer por nós mesmos
que estamos junto à manjedoura do Cristo verdadeiro, ao pé do altar da
Verdade única e indivisível, imitemos ainda os fiéis pastores que,
"vendo-o, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste Menino."
Sim, porque a humanidade, esta grande humanidade intranqüila e
volúvel, recorre às tontas aos altares espúrios de templos os mais
variados e mais magnificentes, à medida que se vai distanciando da
pequenina, da humilde Belém.

A Pedra Angular do Edifício Bíblico

Falamos na admirável harmonia da Sagrada Escritura com a


ciência. Mas de que nos serve tal harmonia, se não pusermos esse santo
Livro acima de todas as pretensões da ciência humana? Se não
desprezarmos, por amor da filosofia máxima e infalível, de que ele é
escrínio, todas as escolas filosóficas meramente especulativas?
Citamos a prova arqueológica, em abono da autenticidade do cânon
sagrado. E que lindo é o testemunho da arqueologia! Mas, porventura
carece o Livro divino de qualquer prova? "O verdadeiro," diz Bettex,
"prova-se a si mesmo, constantemente, pela sua mera existência: o fogo,
ardendo; a água, fluindo; o Sol, iluminando e aquecendo. Assim também
a Bíblia, esta luz divina, esta água da vida, este Sol espiritual, cujos raios
trazem saúde. Através de todos os tempos tem-se ela demonstrado, a
amigos e inimigos, como um poder de Deus, que salva e condena; como
uma rocha, sobre que nos podemos refugiar do temporal, e a qual
despedaça aquele sobre quem cai."
A Mais Linda Verdade da Escritura 15
Mencionamos a beleza literária da Escritura, e a inspiração que em
todas as épocas tem proporcionado aos cultores das belas artes. De que
nos valeria essa beleza, entretanto, se lhe faltasse aquele poder que a
torna um "livro que fala" ao coração do homem, embelezando-o e
aperfeiçoando-o, por sua vez ? A letra morta a ninguém salva. O espírito,
sim, é o que vivifica. E "as palavras que Eu vos disse," declarou Jesus,
"são espírito e vida."
Não, a Bíblia não é um compêndio de história, se bem que o
historiador nela possa ir buscar as mais fidedignas informações sobre
fatos antigos. Não é manual de ciência, embora encerre grandes verdades
científicas. Não é livro de literatura, ainda que o adornem gemas do mais
subido valor e da mais pura beleza literária. Não é um mero guia para o
peregrino terrestre, bússola infalível ao frágil navegador do mar da vida.
Em tudo isso ele é perfeito, produto que é de um perfeito e onisciente
Autor. Sua essência, porém, o supremo objetivo que o permeia, ligando,
qual fio de ouro num colar de pérolas, as páginas portadoras de luz
divina, é o sublime Plano da Salvação.
Sim, prezado leitor, o plano de redenção do homem é a grande,
inamovível pedra angular do edifício bíblico, que os séculos e milênios
não conseguiram abalar.
A excelência desse bendito plano avulta quando nos imaginamos,
pecadores irremediavelmente perdidos, sem Salvador. Que seria de nós?
Um vale de trevas impenetráveis, noite angustiosa, sem uma estrela na
amplidão do futuro, nem um corisco de esperança a iluminar o céu da
nossa existência – eis em que se resumiria o nosso viver, ou antes, o
nosso vegetar.

Escada Para o Céu

Uma alma ansiosa e perturbada se dirigiu certa vez ao seu guia


espiritual, desejosa de livrar-se da angústia a que a sujeitava a impressão
de pecador perdido. Uma pequena aranha passeava no chão. Tomou-a
A Mais Linda Verdade da Escritura 16
um clérigo e, amarrotando uma tira de papel fez com ela um círculo, no
centro do qual colocou a aranha; e ateou fogo ao papel. A pobre aranha,
aflita, volvia-se para um e outro lado, sem encontrar saída, pois que se
achava presa numa roda de fogo. Foi quando o sacerdote baixou o dedo
para o meio da mesma. A aranha mais que depressa lhe subiu pelo braço
acima, salvando-se do incêndio.
– Isto, diz o ministro, foi o que fez Cristo por nós: baixou ao mundo
a fim de nos deparar uma escada para o Céu. Subamos por ela.

Ora, essa escada de Jacó, que nos conduz do abismo do pecado para
as luminosas alturas celestiais, que outra coisa é senão o maravilhoso
plano divino para a redenção humana?
Ver pelos olhos da fé o invisível, quando outros só enxergam a
materialidade das coisas ambientes; divisar um horizonte limpo, quando
os demais descortinam tão-somente nuvens negras a encastelar-se no
céu; antever a alegria de uma idade áurea sem fim e sem termo de
comparação, quando o mundo atravessa épocas trabalhosas e depressões
econômicas; ter a Jesus como nosso Guia seguro e Conselheiro amigo, e
a alegria eterna e a imaculada vida por vir como nossa mais ansiada.
expectativa e constante estímulo para a santificação – caro leitor, isto é
bem maior alegria do que a que se pudesse expressar nas exíguas páginas
de um volume acanhado.
É, porém, justamente o que se concede aos que têm a Escritura
Sagrada como seu guia no roteiro da vida.

Referências:

1. O Desejado de Todas as Nações, pág. 33, E. G. White.


2. Idem, pág. 22.
3. Signs of the Times, Obadias Oldschool.
4. Psicologia da Fé, Leonel Franca.
A Mais Linda Verdade da Escritura 17
Rousseau e o Evangelho

"PODE um livro, ao mesmo tempo tão sublime e


tão cheio de sabedoria, ser obra do homem? Pode a
pessoa, cuja história relata, ser criatura humana?
Descortina-se nele a linguagem de um entusiasta, de
um sectário ambicioso? Que doçura, que pureza se
nota nos modos de Jesus! Que comovente bondade
nas Suas instruções! Que sublimidade nas Suas
máximas! Que profunda sabedoria nos Seus
discursos! Que presença de espírito! Que agudeza, e
que justiça, nas Suas respostas! De onde, entre os
Seus conterrâneos, podia Ele ter extraído esta elevada
e pura moralidade, que só Ele preceituou e de que só
Ele deu o exemplo? Do íntimo de um homem tido
como fanático saem palavras da mais alta sabedoria, e
a simplicidade das mais heróicas virtudes honra a
criatura mais vil.
"Sim, se a vida e morte de Sócrates são as de um
filósofo, a vida e morte de Jesus Cristo são as de um
Deus. Devemos supor que o Evangelho seja uma
história, inventada para agradar? Não é desta forma
que ideamos contos, pois que as ações de Sócrates, de
que ninguém tem a mínima dúvida, são menos
satisfatoriamente atestadas do que as de Jesus Cristo.
O Seu Evangelho é, no concernente à moralidade,
sempre certo, sempre verdadeiro, sempre uniforme,
sempre coerente consigo mesmo." – Emile, Vol. 2.
A Mais Linda Verdade da Escritura 18
Napoleão I e Jesus Cristo

CONVERSANDO um dia, em Santa Helena, com alguns


oficiais, acerca dos grandes homens da antigüidade, e
comparando-se com eles, Napoleão Bonaparte de súbito se
dirigiu a um dos componentes de sua comitiva, perguntando-lhe:
– Pode dizer-me quem foi Jesus Cristo?
O oficial confessou que não meditara ainda suficientemente
nesta questão.
– Pois bem, disse Napoleão, eu lhe direi.
Comparou então a Cristo consigo e com os heróis de outras
eras, mostrando como Jesus a todos ultrapassara em muito.
– Julgo compreender algo da natureza humana, prosseguiu;
e digo-lhe que todos esses foram homens, e eu o sou também,
mas ninguém é igual a Ele; Jesus Cristo foi mais do que homem.
Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos grandes
impérios; mas de que dependeram as criações de nosso gênio?
Da força. Jesus unicamente, fundou o Seu império sobre o amor,
e hoje mesmo milhões de pessoas por Ele dariam a vida.... Não é
o Evangelho mero livro, mas criatura viva, vigorosa; um poder que
vence a todos os que se lhe opõem. Aqui está o Livro dos livros
sobre a mesa [toma-o reverentemente]; não me causo de o ler, e
faço-o diariamente com prazer igual. A alma, encantada com a
beleza do Evangelho, já não pertence a si mesma: Deus a possui
inteiramente. Dirige-lhe os pensamentos e faculdades; ela Lhe
pertence. Que prova da divindade de Jesus Cristo! Entretanto,
nesta soberania absoluta, Ele só tem um desígnio: a perfeição
espiritual do indivíduo, a purificação de sua consciência, sua
união com o que é verdadeiro, a salvação de sua alma. Admiram-
se os homens com as conquistas de Alexandre, mas aqui está um
conquistador que atrai a Si os homens para seu maior bem; que
une a Si, incorporando-a consigo, não uma nação, mas a inteira
raça humana. – Geikie, Life of Christ, págs. 2 e 3.

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