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LIÇÕES DO CÂNTICO DE SIMEÃO, O JUSTO E PIEDOSO

LUCAS 2.25-35

25 Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem


este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o
Espírito Santo estava sobre ele. 26 Revelara-lhe o Espírito Santo
que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do
Senhor. 27 Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os
pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei
ordenava, 28 Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus,
dizendo: 29 Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra; 30 porque os meus olhos já viram a tua
salvação, 31 a qual preparaste diante de todos os povos: 32 luz
para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.
33 E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se
dizia. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para
levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de
contradição 35 (também uma espada traspassará a tua própria
alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos
corações.
Cânticos! O meu querido ouvinte e leitor da Palavra de Deus já observou quantos
cânticos cercam o primeiro Natal? Quanta música ecoou pela Terra Santa! E que Lucas
registrou para a posteridade! Há o cântico de Isabel, em que esta manifesta a sua grande
alegría pela visita de Maria a sua casa logo após a Anunciação. Nove meses antes do
natal de Cristo, há o cântico de Maria, a mãe do Salvador, conhecido como Magnificat,
palavra retirada da versão em Latim de Lc 1.46 (“Magnificat anima mea Dominun”);
neste cântico Maria engrandece ao Senhor e não a si mesma, ressaltando o que o Senhor
fizera, estava fazendo e faria por ela mesma, pelo povo de Israel e por toda a
humanidade; tres meses antes de Jesus nascer, há o cântico de Zacarias que cheio do
Espírito Santo, celebra o nascimento de João Batista, o precursor, o que iria “adiante do
Senhor no espírito e poder de Elias” profetiza as mesmas verdades que Maria cantara;
na noite do Natal há o cântico da milícia celestial que visitou os pastores que guardavam
seus rebanhos nos campos de Belém nas vigilias da noite e que louvaram a Deus
dizendo “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 1.14).
E finalmente, quarenta dias depois do nascimento, ao irem ao Templo em Jerusalém
para cumprirem o ritual de apresentação prescrito na Lei de Moisés, Lucas nos conta o
encontro de Jesus com Simeão cujas palavras registradas no texto constituem-se na sua
maior parte no maravilhoso cântico que acabamos de ler nos versículos 25 a 35 do
Evangelho de Lucas.

Estes versículos contam a historia de um homem, : "o justo e piedoso" Simeão,


cujo nome significa “aquele que escuta” e que não é mencionado em nenhum outro
ponto do Novo Testamento. As informações trazidas por Lucas sobre Simeão referem-se
apenas e tão somente a fatos relacionados com o Senhor Jesus Cristo e é somente isso o
que sabemos de sua vida, antes ou depois do nascimento de Cristo. Só se diz que que
era justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, que o Espírito Santo lhe
revelara que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor e que, movido, isto é, guiado
pelo Espírito, foi ao templo no dia e hora em que José e Maria levaram o infante Jesus
para o ritual de apresentação; tomando Jesus nos braços, suas palavras pronunciadas ali
no Templo e registradas por Lucas reúnem louvor a Deus, e uma profecia dupla a
respeito do menino em seus braços que antecipou a rejeição e crucificação do Messias
de Israel. Suas palavras são hoje bem conhecidas em todo o mundo.

Quais lições este maravilhoso relato tem a nos ensinar neste Natal de 2019?

A Narrativa sobre Simeão revela que DEUS TEM PESSOAS CRENTES


MESMO NOS PIORES LUGARES E NAS ÉPOCAS MAIS TENEBROSAS.

A religião havia decaído multo em Israel, quando Cristo nasceu. A fé mesma de


Abraão tinha sido corrompida pela doutrina dos escribas, fariseus e saduceus. O ouro
luzente achava-se deploravelmente embaciado. Lembremo-nos que a preciosa profecía
de Miquéias (5.2) que apontava o lugar onde o Messias nasceria era ignorada por gente
como Herodes e sua corte ou desprezada pelos sacerdotes e escribas, justamente aqueles
que tinham a responsabilidade primeira ensinar a Palavra do Senhor ao povo.
Ignorância e desinteresse! Ainda assim, encontrava-se em Jerusalém um homem "justo
e piedoso", sobre quem estava o Espirito Santo e que esperava “a consolação de Israel”
v.25). A “consolação de Israel” refere-se à mensagem messiânica da esperança, aos
planos de Deus para a nação de Israel, longa e reiteiradamente anunciados pelo
maravilhoso séquito de profetas que Deus enviara à Nação, não somente para adverti-la
das consequências de seu pecado, mas também para anunciar o tempo de restauração
completa, total, final através da Nova Aliança de que falara o Profeta Jeremias (31.31-
34) e da qual o agora ainda infante Jesus seria o fiador!

Sobre as vidas de Herodes e sua corte e sobre os sacerdotes e escribas, ignorantes


e desprezadores incrédulos, pairava o espesso manto da morte espiritual. Sobre Simeão
estava o Espírito Santo (25) com sua sombra consoladora de vida e esperança, a mesma
sombra que descera sobre Maria (1.35) para realizar o milagre da concepção do Senhor
Jesus Cristo!

É consolador saber que Deus nunca deixa de ter quem dele dê testemunho (At
14.17). Embora sejam poucos os que compõem o povo de Deus nas mais diversas
dispensações, jamais as portas do inferno podem prevalecer contra este povo. Os crentes
verdadeiros, os que temem e tremem da Palavra do Senhor (Isaías 66.1-2; 57.15) podem
ser conduzidos ao deserto da perseguição ou dispersado como um rebanho, mas nunca
morre. Como disse Tertuliano (nasceu em Cartago por volta de 150 e 155 d.C. - faleceu
em Cartago em 222); foi advogado e teólogo.), um dos pais da Igreja: “O sangue dos
mártires é a semente da Igreja”. Havia um Ló em Sodoma, um Obadias na familia de
Acabe (1 Rs 18.3ss), um Daniel em Babilonia, um Jeremias na corte de Sedecias, e, nos
últimos dias da Igreja judaica, quando a iniqüídade era enorme, existiam mesmo em
Jerusalém, homens piedosos como Simeão e mulheres piedosas como a profetisa Ana, a
filha de Fanuel, viúva de 84 anos e outros “que esperavam a redenção de Jerusalém”
(Lc 2.36-38).

Os verdadeiros cristãos de cada século devem recordar-se disso e consolar-se. É


urna verdade que esquecida, traz abatimento de ânimo. "Somente eu fui deixado, dizia
Elias, e procuram tirar-me a vida." Mas qual foi a resposta de Deus? "Eu fiz restarem
em Israel sete mil." I Reis 19:14, 18. Aprendamos a ter mais esperança, cientes de que a
graça pode viver e desenvolver-se, mesmo no meio das circunstâncias mais
desfavoráveis. Existem no mundo mais Simeões do que supomos. E isto é um milagre
do Natal!

A Narrativa sobre Simeão revela, em segundo lugar, que os que crêem na


Palavra do Senhor e são guiados pelo Seu Espírito podem viver completamente
isentos do medo da morte. "Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra." (29) Simeão fala como se a sepultura tivesse perdido o seu
terror e o mundo seus encantos. Deseja libertar-se das misérias da vida para ter entrada
na patria celestial. Deseja "estar separado do corpo e habitar com o Senhor (2 Co
5.6,8)." Sua fala demonstra a convicção de quem sabe para onde vai depois da morte e
não teme mesmo que ela venha logo. Sabe que a mudança de estado redundará em
proveito e que ela se realiza logo.

Que é que poderá fazer com que o homem mortal se expresse desse modo? Que é
que nos poderá isentar do terror da morte que a muitos domina? Quem poderá livrar-nos
do aguilhão da morte? Só há uma resposta para essas perguntas: únicamente a fé firme
pode fazê-lo. A fé com que nos apropriamos com firmeza de um Salvador que não
vemos — a fé que se apoia nas promessas de um Deus invisível — somente a fé pode
fazer que um homem encare a morte e exclame: "Morro em paz." Não basta que o
homem cansado com tantas dores esteja disposto a submeter-se a tudo com o fim de
conseguir uma mudança. Não basta que o homem, por não ter forças para os negócios e
prazeres, seja indiferente ao mundo. Claro é que precisamos sentir mais alguma cousa
do que isso para morrer verdadeiramente em paz. É necessário ter fé como a de Simeão;
é necessário crer na Palavra do Senhor. Morrendo sem essa fé, não nos acharemos na
mansão que desejamos, quando nos despertarmos no outro mundo.

Portanto, quando de coração confessamos “Os meus olhos já viram a tua


salvação” é que estamos devida e realmente prontos para dizer alegremente: “Agora,
Senhor podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua Palavra" (29). Este é outro
milagre do Natal!

A Narrativa sobre Simeão revela o conhecimento claro que alguns tiveram da


obra e do ministerio de Cristo. Herodes e os sacerdotes e escribas são exemplos do
contrario. O primeiro, Herodes, nada sabia dos planos de Deus, os dois grupos últimos
tudo sabiam mas não se importaram com os planos de Deus para o seu próprio povo. E
finalmente uniram-se para perpetrar aquela infame matança de crianças de dois anos
para baixo. É no meio desse ambiente devastador que encontramos esse homem justo e
piedoso falando de Jesus como "a salvação que Deus preparou", como uma "Luz para
revelação aos gentios e glória do povo de Israel." Ah! Se os eruditos escribas e
sacerdotes do tempo de Simeão se tivessem assentado a seus pés e ouvido a sua
doutrina!

Cristo foi, de fato, uma "luz para revelação aos gentios." Sem ela estavam eles
mergulhados na superstição e nas trevas mais horríveis, ignorando o caminho da vida e
adorando as obras de suas próprias mãos. Seus filósofos mais sabios viviam em
completa ignorancia das cousas espirituais. "Dizendo-se sabios, se fizeram insensatos."
Rom. 1:22. O Evangelho de Cristo foi para a Grecia, para Roma, e para todo o mundo
como o nascer do sol. A luz que, em matéria religiosa, fez penetrar na mente dos
homens foi tão grande como a mudança da noite para o dia.

Cristo foi verdadeiramente "a glória de Israel." A descendencia de Abraão, as


alianças, as promessas, a lei de Moisés, o serviço do templo, tudo isto divinamente
ordenado constituía para os israelitas grandes privilégios. Nada, porém, se compara com
o fato de haver procedido de Israel o Salvador do mundo. A mais elevada honra para a
nação judaica consiste em ter pertencido a essa raça a mãe de Cristo, e o sangue daquele
"que nasceu da posteridade de Davi, segundo a carne", para fazer a expiação dos
pecados da humanidade. Rom. 1:3.
Não nos esqueçamos, porém, de que as palavras de Simeão não obtiveram ainda
completo cumprimento. A luz que viu, pela fé, enquanto segurava o menino em seus
braços, brllhará ainda com tal resplendor que há de ser vista por todas as nações do
mundo gentio. A glória daquele Jesus a quem Israel crucificou será algum dia
revelada tão claramente aos judeus dispersos que, mirando aquele que crucificaram, hão
de se arrepender e converter-se. Chegará o dia em que o véu será tirado do coração de
Israel e "todos se gloriarão em Jeová." Is. 45:25. Esperemos confiadamente esse dia;
roguemos que chegue logo. Se Cristo é a luz e gloria de nossas almas, esse dia nunca
virá para nós demasiado cedo. Outro milagre do Natal!

A Narrativa sobre Simeão revela o anuncio admirável dos resultados da vinda


de Cristo com seu Evangelho ao mundo. Cada palavra de Simeão, sobre este ponto,
merece atenção especial. O todo forma uma profecia que se está cumprindo
diariamente.

Cristo seria um "sinal de contradição", o alvo de todos os ferozes dardos do


maligno. Havia de ser desprezado e perseguido pelos homens. O seu povo, isto é, seus
fiéis seguidores, havia de ser "uma cidade edificada sobre a montanha", assaltada de
todos os lados e odiada por toda classe de inimigos. Assim foi: homens há que nunca
estiveram em acordo em nenhum outro ponto senão em odiar a Cristo. Desde o
principio são milhares os que têm sido perseguidores e incrédulos.

Cristo havia de ser a causa da "queda" de muitos em Israel. Havia de ser a "pedra
de tropeço e a rocha de ofensa" para muitos judeus orgulhosos e presunçosos que o
desprezariam, morrendo em seus pecados. Assim aconteceu.. Para muitos deles Cristo
crucificado foi ocasião de tropeço e seu Evangelho "odor de morte." I Cor. 1:23; II Cor.
2:16.

Cristo devia ser a causa do "levantamento de muitos em Israel." Havia de ser o


Salvador de muitos que, a principio, o desprezaram, o ultrajaram e o cobriram de
blasfêmias, mas depois se arrependeram e creram. Assim também aconteceu: quando
milhares dos que o crucificaram, se arrependeram, e quando Saulo, que tanto perseguiu
os apostólos, se converteu, houve uma época de "levantamento." Cristo havia de ser a
causa de serem revelados "os pensamentos de muitos corações." Seu Evangelho
havia de descobrir o caráter verdadeiro de muita gente: a falta de amor a Deus em uns e
as aspirações espirituais de outros. Assim aconteceu. O livro de Atos dos Apóstolos, em
quase todos os capítulos revela que, nesse como em outros pontos, a profecía se
cumpriu. Simeão disse a verdade. Eis outro milagre do Natal!
E agora, qual é a nossa opinião a respeito de Cristo? Esta é a pergunta que deve
ocupar nosso espirito. Que pensamento desperta ele em nossos corações? Aí está um
inquérito que nos deve impressionar seriamente. Somos por ele, ou contra ele? Amamo-
lo ou desprezamo-lo? Sua doutrina é para nós tropeço ou causa de elevação? Não
estejamos tranquilos enquanto não houvermos respondido satisfatoriamente a essas
perguntas.

LIÇÕES DO CÂNTICO DE SIMEÃO, O JUSTO E PIEDOSO

LUCAS 2.25-35

25 Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem


este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o
Espírito Santo estava sobre ele. 26 Revelara-lhe o Espírito Santo
que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do
Senhor. 27 Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os
pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei
ordenava, 28 Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus,
dizendo: 29 Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,
segundo a tua palavra; 30 porque os meus olhos já viram a tua
salvação, 31 a qual preparaste diante de todos os povos: 32 luz
para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel.
33 E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele se
dizia. 34 Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para
levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de
contradição 35 (também uma espada traspassará a tua própria
alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos
corações.
Cânticos! O meu querido ouvinte e leitor da Palavra de Deus já observou quantos
cânticos cercam o primeiro Natal? Quanta música ecoou pela Terra Santa! E que Lucas
registrou para a posteridade! Há o cântico de Isabel, em que esta manifesta a sua grande
alegría pela visita de Maria a sua casa logo após a Anunciação. Nove meses antes do
natal de Cristo, há o cântico de Maria, a mãe do Salvador, conhecido como Magnificat,
palavra retirada da versão em Latim de Lc 1.46 (“Magnificat anima mea Dominun”);
neste cântico Maria engrandece ao Senhor e não a si mesma, ressaltando o que o Senhor
fizera, estava fazendo e faria por ela mesma, pelo povo de Israel e por toda a
humanidade; tres meses antes de Jesus nascer, há o cântico de Zacarias que cheio do
Espírito Santo, celebra o nascimento de João Batista, o precursor, o que iria “adiante do
Senhor no espírito e poder de Elias” profetiza as mesmas verdades que Maria cantara;
na noite do Natal há o cântico da milícia celestial que visitou os pastores que guardavam
seus rebanhos nos campos de Belém nas vigilias da noite e que louvaram a Deus
dizendo “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 1.14).
E finalmente, quarenta dias depois do nascimento, ao irem ao Templo em Jerusalém
para cumprirem o ritual de apresentação prescrito na Lei de Moisés, Lucas nos conta o
encontro de Jesus com Simeão cujas palavras registradas no texto constituem-se na sua
maior parte no maravilhoso cântico que acabamos de ler nos versículos 25 a 35 do
Evangelho de Lucas.

Estes versículos contam a historia de um homem, : "o justo e piedoso" Simeão,


cujo nome significa “aquele que escuta” e que não é mencionado em nenhum outro
ponto do Novo Testamento. As informações trazidas por Lucas sobre Simeão referem-se
apenas e tão somente a fatos relacionados com o Senhor Jesus Cristo e é somente isso o
que sabemos de sua vida, antes ou depois do nascimento de Cristo. Só se diz que que
era justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, que o Espírito Santo lhe
revelara que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor e que, movido, isto é, guiado
pelo Espírito, foi ao templo no dia e hora em que José e Maria levaram o infante Jesus
para o ritual de apresentação; tomando Jesus nos braços, suas palavras pronunciadas ali
no Templo e registradas por Lucas reúnem louvor a Deus, e uma profecia dupla a
respeito do menino em seus braços que antecipou a rejeição e crucificação do Messias
de Israel. Suas palavras são hoje bem conhecidas em todo o mundo.

Quais lições este maravilhoso relato tem a nos ensinar neste Natal de 2019?

A Narrativa sobre Simeão revela que DEUS TEM PESSOAS CRENTES


MESMO NOS PIORES LUGARES E NAS ÉPOCAS MAIS TENEBROSAS.

A religião havia decaído multo em Israel, quando Cristo nasceu. A fé mesma de


Abraão tinha sido corrompida pela doutrina dos escribas, fariseus e saduceus. O ouro
luzente achava-se deploravelmente embaciado. Lembremo-nos que a preciosa profecía
de Miquéias (5.2) que apontava o lugar onde o Messias nasceria era ignorada por gente
como Herodes e sua corte ou desprezada pelos sacerdotes e escribas, justamente aqueles
que tinham a responsabilidade primeira ensinar a Palavra do Senhor ao povo.
Ignorância e desinteresse! Ainda assim, encontrava-se em Jerusalém um homem "justo
e piedoso", sobre quem estava o Espirito Santo e que esperava “a consolação de Israel”
v.25). A “consolação de Israel” refere-se à mensagem messiânica da esperança, aos
planos de Deus para a nação de Israel, longa e reiteiradamente anunciados pelo
maravilhoso séquito de profetas que Deus enviara à Nação, não somente para adverti-la
das consequências de seu pecado, mas também para anunciar o tempo de restauração
completa, total, final através da Nova Aliança de que falara o Profeta Jeremias (31.31-
34) e da qual o agora ainda infante Jesus seria o fiador!

É consolador imaginar-se que Deus nunca deixa de ter quem dele dê testemunho.
Embora seja pequena a sua Igreja, as portas do inferno não prevalecerão contra ela. A
igreja verdadeira pode ser conduzida ao deserto ou dispersada como um rebanho, mas
nunca morre. Havia um Ló em Sodoma, um Obadias na familia de Acabe, um Daniel
em Babilonia, um Jeremias na corte de Sedecias, e, nos últimos dias da Igreja judaica,
quando a iniqüídade era enorme, existiam mesmo em Jerusalém homens piedosos como
Simeão.

Os verdadeiros cristãos de cada século devem recordar-se disso e consolar-se. É


urna verdade que esquecida, traz abatimento de ânimo. "Somente eu fui deixado, dizia
Elias, e procuram tirar-me a vida." Mas qual foi a resposta de Deus? "Eu fiz restarem
em Israel sete mil." I Reis 19:14, 18. Aprendamos a ter mais esperança, cientes de que a
graça pode viver e desenvolver-se, mesmo no meio das circunstâncias mais
desfavoráveis. Existem no mundo mais Simeões do que supomos.

Vemos no cântico de Simeão como pode o crente viver completamente isento


do medo da morte. "Agora tu, Senhor", disse o velho Simeão, "despede em paz o teu
servo." Fala como se a sepultura tivesse perdido o seu terror e o mundo seus encantos.
Deseja libertar-se das misérias da vida para ter entrada na patria celestial. Deseja "estar
separado do corpo e habitar com o Senhor." Fala como quem sabe para onde vai depois
da morte e não teme mesmo que ela venha logo. Sabe que a mudança de estado
redundará em proveito e que ela se realiza logo.
Que é que poderá fazer com que o homem mortal se expresse desse modo? Que é
que nos poderá isentar do terror da morte que a muitos domina? Quem poderá livrar-nos
do aguilhão da morte? Só há urna resposta para essas perguntas: únicamente a fé firme
pode fazê-lo. A fé com que nos apropriamos com firmeza de um Salvador que não
vemos — a fé que se apoia nas promessas de um Deus invisível — somente a fé pode
fazer que um homem encare a morte e exclame: "Morro em paz." Não basta que o
homem cansado com tantas dores esteja disposto a submeter-se a tudo com o fim de
conseguir uma mudança. Não basta que o homem, por não ter forças para os negócios e
prazeres, seja indiferente ao mundo. Claro é que precisamos sentir mais alguma cousa
do que isso para morrer verdadeiramente em paz. É necessário ter fé como a de Simeão;
aquela fé é um dom de Deus. Pode acontecer que sem essa fé morramos tranquilamente
e parece que "não há ataduras para nossa morte." Sal. 73:4. Todavía, morrendo sem essa
fé, não nos acharemos na mansão que desejamos, quando nos despertarmos no outro
mundo.

Vemos ademais, no cântico de Simeão, o conhecimento claro que alguns


tiveram da obra e do ministerio de Cristo, mesmo antes que se propagasse o
Evangelho. Encontramos esse homem justo e piedoso falando de Jesus como "a
salvação que Deus preparou", como uma "Luz para revelação aos gentios e glória do
povo de Israel." Teria sido bom para os eruditos escribas e fariseus do tempo de Simeão
se tivessem assentado a seus pés e ouvido a sua doutrina.

Cristo foi, de fato, uma "luz para revelação aos gentios." Sem ela estavam eles
mergulhados na superstição e nas trevas mais horríveis, ignorando o caminho da vida e
adorando as obras de suas próprias mãos. Seus filósofos mais sabios viviam em
completa ignorancia das cousas espirituais. "Dizendo-se sabios, se fizeram insensatos."
Rom. 1:22. O Evangelho de Cristo foi para a Grecia, para Roma, e para todo o mundo
como o nascer do sol. A luz que, em matéria religiosa, fez penetrar na mente dos
homens foi tão grande como a mudança da noite para o dia.

Cristo foi verdadeiramente "a glória de Israel." A descendencia de Abraão, as


alianças, as promessas, a lei de Moisés, o serviço do templo, tudo isto divinamente
ordenado constituía para os israelitas grandes privilégios. Nada, porém, se compara com
o fato de haver procedido de Israel o Salvador do mundo. A mais elevada honra para a
nação judaica consiste em ter pertencido a essa raça a mãe de Cristo, e o sangue daquele
"que nasceu da posteridade de Davi, segundo a carne", para fazer a expiação dos
pecados da humanidade. Rom. 1:3.
Não nos esquegamos, porém, de que as palavras do velho Simeão não obtiveram
ainda completo cumprimento. A luz que viu, pela fé, enquanto segurava o menino em
seus braços, brllhará ainda com tal resplendor que há de ser vista por todas as nações do
mundo gentio. A glória daquele Jesus a quem Israel crucificou será algum dia
revelada tão claramente aos judeus dispersos que, mirando aquele que crucificaram, hão
de se arrepender e converter-se. Chegará o dia em que o véu será tirado do coração de
Israel e "todos se gloriarão em Jeová." Is. 45:25. Esperemos confiadamente esse dia;
roguemos que chegue logo. Se Cristo é a luz e gloria de nossas almas, esse dia nunca
virá para nos demasiado cedo.

Contém, finalmente, esta passagem, o anuncio admirável dos resultados da vinda


de Cristo com seu Evangelho ao mundo. Cada palavra do velho Simeão, sobre este
ponto, merece atenção especial. O todo forma uma profecia que se está cumprindo
diariamente.

Cristo seria um "sinal de contradição", o alvo de todos os ferozes dardos do


maligno. Havia de ser desprezado e perseguido pelos homens. O seu povo, isto é, seus
fiéis seguidores, havia de ser "uma cidade edificada sobre a montanha", assaltada de
todos os lados e odiada por toda classe de inimigos. Assim foi: homens há que nunca
estiveram em acordo em nenhum outro ponto senão em odiar a Cristo. Desde o
principio são milhares os que têm sido perseguidores e incrédulos.

Cristo havia de ser a causa da "queda" de muitos em Israel. Havia de ser a "pedra
de tropeço e a rocha de ofensa" para muitos judeus orgulhosos e presunçosos que o
desprezariam, morrendo em seus pecados. Assim aconteceu.. Para muitos deles Cristo
crucificado foi ocasião de tropeço e seu Evangelho "odor de morte." I Cor. 1:23; II Cor.
2:16.

Cristo devia ser a causa do "levantamento de muitos em Israel." Havia de ser o


Salvador de muitos que, a principio, o desprezaram, o ultrajaram e o cobriram de
blasfêmias, mas depois se arrependeram e creram. Assim também aconteceu: quando
milhares dos que o crucificaram, se arrependeram, e quando Saulo, que tanto perseguiu
os apostólos, se converteu, houve urna época de "levantamento." Cristo havia de ser a
causa de serem revelados "os pensamentos de muitos corações." Seu Evangelho
havia de descobrir o caráter verdadeiro de muita gente: a falta de amor a Deus em uns e
as aspirações espirituais de outros. Assim aconteceu. O livro de Atos dos Apóstolos, em
quase todos os capítulos revela que, nesse como em outros pontos, a profecía se
cumpriu. O velho Simeão disse a verdade.
E agora, qual é a nossa opinião a respeito de Cristo? Esta é a pergunta que deve
ocupar nosso espirito. Que pensamento desperta ele em nossos corações? Aí está um
inquérito que nos deve impressionar seriamente. Somos por ele, ou contra ele? Amamo-
lo ou desprezamo-lo? Sua doutrina é para nós tropeço ou causa de elevação? Não
estejamos tranquilos enquanto não houvermos respondido satisfatoriamente a essas
perguntas.

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