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Explicação da Parábola da

Candeia
A Parábola da Candeia fala sobre como o ensino de Jesus tem o propósito de ser
propagado. Essa parábola de Jesus está registrada nos Evangelhos Sinóticos
(Marcos 4:21-25; Lucas 8:16-18; cf. Mateus 5:15).

Quando olhamos atentamente para a Parábola da Candeia, notamos que ela


constitui uma coleção de vários ditos de Jesus reproduzidos em outas partes dos
Evangelhos Sinóticos. Isso significa que provavelmente Jesus repetiu essas palavras
em diferentes ocasiões de seu ministério.

Candeia, alqueire, cama e velador


Na Parábola da Candeia, Jesus falou que ninguém coloca uma candeia acessa
debaixo de um alqueire ou de uma cama. Em suas parábolas, Jesus frequentemente
usava elementos da vida cotidiana para comunicar princípios espirituais. Isso fica
muito claro na Parábola da Candeia.

O pano de fundo dessa parábola é uma típica casa da Galileia no primeiro século.
As casas eram iluminadas por candeias. Uma candeia basicamente era uma
pequena vasilha feita de barro com uma espécie de argola em um dos lados e uma
formação na outra extremidade que acomodava um pavio molhado numa porção
de óleo de oliva que servia de combustível para que a candeia permanecesse acesa.

Em outras palavras, as candeias eram as lâmpadas que iluminavam as casas no


tempo de Jesus. As casas mais ricas contavam com várias candeias, mas as casas
mais pobres geralmente possuíam apenas uma candeia.

O alqueire citado na parábola era um tipo de cesto comum que geralmente


guardava cereais. A cama mencionada na parábola era um colchão simples que
quando não estava sendo usado podia ser facilmente enrolado para não ocupar
espaço nas pequenas casas.
Por último, o velador que aparece na parábola era o objeto sob o qual a candeia
era colocada. O velador podia ter diferentes formas dependendo do tipo de casa,
mas no geral era um objeto muito simples. Em algumas casas o velador era um tipo
de concha no pilar central da casa. Em outras casas, o velador era um tipo de
prateleira, ou até uma pedra saliente na parede. Nas casas de famílias mais
abastadas, o velador podia ser um pedestal de metal ornamentado.

A explicação e o significado da Parábola da


Candeia
Tomando como exemplo o texto do Evangelho de Marcos, podemos acreditar que
possivelmente Jesus pronunciou a Parábola da Candeia para o grupo de seus
seguidores mais próximos. Ele introduziu a parábola com duas questões
retóricas: “Vem, porventura, a candeia para ser posta debaixo do alqueire ou da
cama? Não vem, antes, para ser colocada no velador?” (Marcos 4:21).
A candeia deve iluminar o ambiente
Uma questão retórica tem o objetivo de provocar uma reflexão à medida que o
ouvinte pressupõe sua resposta. A primeira questão retórica da Parábola da
Candeia sugere uma resposta negativa, afinal, não faz sentido ascender uma
lâmpada para depois escondê-la debaixo de uma cama ou de um cesto. Já a
segunda questão sugere uma resposta positiva, ou seja, é esperado que alguém
coloque a lâmpada acessa num local apropriado que faça com que sua luz se
espalhe pelo ambiente.

Talvez na Parábola da Candeia a figura da candeia possua uma aplicação dupla.


Essa parábola é precedida pela Parábola do Semeador, e se há uma conexão entre
as duas parábolas, então é possível que num primeiro momento a candeia
represente o coração frutífero cuja vida brilha diante do mundo para a glória de
Deus. Aqui vale lembrar que Jesus pronunciou o dito da candeia ao falar que seus
seguidores são “a luz do mundo” (cf. Mateus 5:15).
Mas é inegável que a figura da candeia também está relacionada à Palavra de Deus.
Nós sabemos que os cristãos não são luz em si mesmos, mas refletem o brilho
d’Aquele que é a própria luz, o Verbo de Deus (João 8:12). O que produz o brilho
na vida do crente é a Palavra de Deus. O salmista escreveu: “Lâmpada para os meus
pés é a tua Palavra, e luz para o meu caminho” (Salmo 119:105).
Nesse sentido, os cristãos devem ser instrumentos através dos quais a luz do
Evangelho pode iluminar os pecadores. Os verdadeiros seguidores de Cristo são
aqueles que têm suas vidas controladas pela Palavra de Deus e testemunham aos
homens que, de fato, Cristo é a luz do mundo. Abastecidos pela Palavra, os crentes
podem fazer brilhar a verdade de Deus ao mundo.

Nada fica oculto


Em conexão com o raciocínio da candeia que deve ficar exposta para iluminar o
ambiente, Jesus disse: “Pois nada está oculto, se não para ser manifesto; e nada se
faz escondido, senão para ser revelado” (Marcos 4:22). Essa frase traz um paralelismo
hebraico que indica que o proposito último de algo que está escondido é que seja
finalmente revelado.
Nos dias de Jesus, os líderes religiosos dos judeus estavam basicamente ocultando
a verdade de Deus debaixo de um amontoado de tradições humanas que
moldavam uma religiosidade hipócrita. Mas a verdade pura de Deus deve brilhar!

Então é possível que ao usar esse paralelismo, Jesus estivesse enfatizando a


realidade de que o seu ensino não tinha o propósito de ficar escondido. A
progressão do ministério de Cristo deixou claro que Ele não havia vindo ao mundo
para ocultar a verdade, mas para torná-la conhecida àqueles que ouvem. Daí a
exortação: “Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça” (Marcos 4:23).
Num outro sentido, agora na esfera das articulações humanas, também é possível
dizer que à luz da verdade de Deus comunicada, nada permanecerá oculto para
sempre. Há quem pense enganosamente poder esconder seus pensamentos,
planos, palavras e ações. Mas no dia do juízo, todas as coisas serão reveladas e
medidas sob o prumo da vontade de Deus revelada.

A responsabilidade diante da luz


Por fim, a sequência de ditos da Parábola da Candeia termina com a advertência de
Jesus: “Atentai no que ouvis. Com a medida com que tiverdes medido vos medirão
também, e ainda se vos acrescentará. Pois ao que tem se lhe fará; e, ao que não tem,
até o que tem lhe será tirado” (Marcos 4:23-25).
Jesus disse que se alguém tem ouvidos para ouvir, então que ouça. Mas não basta
ouvir qualquer coisa e de qualquer maneira. É preciso ouvir o ensino certo e da
maneira correta. Nesse ponto Jesus chamou os seus ouvintes a um exame de
responsabilidade e conduta.

A resposta da pessoa à luz da candeia que a ilumina, é algo da mais alta


importância e urgência. O ouvir espiritual determina quanto temos para dar aos
outros, e quanto mais ouvimos a Palavra de Deus, mais capazes seremos de
compartilhá-la com as outras pessoas (Wiersbe, 2001). Além disso, seremos
recompensados na mesma medida da fidelidade que demonstramos ao colocar em
prática a verdade que recebemos.

Mas também é preciso manter em mente que nas questões espirituais, sempre só
há duas opções: ganhar ou perder. Negligenciar a luz da Palavra de Deus é cair em
profunda perda. Além disso, no dia do juízo não haverá oportunidade de receber
de bom grado a luz que foi rejeitada. Todos aqueles que desprezam agora a luz do
Evangelho, na eternidade perderão qualquer noção que um dia já tiveram acerca
dessa luz. O que lhes restará é somente trevas (Mateus 25:29,30).

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