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O CONCEITO DE REVELAÇÃO
Um tema central da teologia cristã ao longo dos tempos tem sido o fato de Deus
revelar a si mesmo. Encontramos esse tema ao longo da Bíblia e sob várias formas.
Três delas são de particular importância.
Deus é revelado por meio da ação na história -- no êxodo de Israel do Egito ou na
libertação do povo de Jerusalém de seu exílio na Babilônia. O ato de libertar Israel
do cativeiro no Egito é entendido pelos escritores bíblicos como uma revelação do
poder e amor de Deus, que têm de ser celebrados na festa anual da Páscoa Êx
12.14).
Deus é revelado por meio da beleza ou majestade da ordem criada. "Os céus
declaram a glória de Deus" (S1 19.1). A imensidão do mundo natural é vista muitas
vezes como uma manifestação da glória de Deus. Esse é um tema importante da
seção final do livro de Jó, que descreve Deus convidando Jó a pesquisar a ordem
criada e a avaliar sua própria insignificância em comparação com ela Jó 38.1- 42.6).
A identidade e as intenções de Deus são reveladas por meio de visões, sonhos ou
revelação pessoal a indivíduos, como Abraão e Moisés. “Não tenha medo, Abrão!
Eu sou o seu escudo" (Gn 15.1).
REVELAÇÃO NATURAL
REVELAÇÃO ESPECÍFICA
Olhe o que Kevin Vanhoozer nos diz para deixar esse entendimento um pouco mais
claro:
PRELIMINARES DA TEOLOGIA
DEFININDO TEOLOGIA
“O termo teologia, que é a junção de duas palavras gregas – theos, ‘Deus’, e logos,
‘discurso’, foi usado pela primeira vez pelos filósofos para designar o discurso que
os poetas faziam sobre os deuses.
Com Aristóteles, passa a significar o ato filosófico que indaga sobre o ser divino.
Ou seja, deixa de ser somente uma crítica ao pensamento popular sobre as
divindades e passa a designar o exercício filosófico do pensar sobre o tema.”
A teologia não é uma palavra que será usada, pela primeira vez, no contexto
cristão. Ela nasce lá nos poetas gregos, usada até por Platão quando se referia aos
discursos acerca de Deus. Então, teologia, a grosso modo, é um discurso sobre
Deus, sobre divindades.
Nós temos, nos poetas, o uso da palavra teologia quando discursam sobre Deus.
Platão cita pela primeira vez esse termo para se referir a esses discursos;
Aristóteles, posteriormente, vai dar um ar mais filosófico sobre esse tema da
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Definição Geral
“Teologia é então, basicamente, o esforço do ser humano em entender a revelação
de Deus através da sua Palavra e do seu agir na história”.
O QUE É FÉ?
FIDES QUAE CREDITUR = A fé que é crida
FIDES QUA DREDITUR = A fé por meio da qual é crido
A ARQUITETURA DA TEOLOGIA
ESTUDOS BIBLICOS
Muitos teólogos acham que a fonte fundamental da teologia cristã é a Bíblia, que
representa uma prova das bases históricas do cristianismo, tanto pela história de
Israel, quanto pela vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O surgimento do
Renascimento bíblico acadêmico no início do século XVI demonstrou uma série de
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erros de tradução nas versões existentes em latim da Bíblia (vide p. 82-4). Como
resultado disso, aumentou a pressão para a revisão de algumas doutrinas cristãs
existentes, fundamentadas em passagens bíblicas que antes as apoiavam, mas que
agora mostravam dizer algo um tanto diferente. É possível argumentar de forma
plausível que a Reforma do século XVI representa uma tentativa de trazer a
teologia, após um período de distanciamento considerável, de volta a0
alinhamento com a Escritura.
TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Organização sistemática dos assuntos teológicos
TEOLOGIA FILOSÓFICA
A teologia é uma disciplina intelectual autônoma, que se preocupa com muitas das
questões que têm intrigado a humanidade desde os primórdios da história. Existe
um Deus? Como é ele? Por que existimos? Questões desse tipo são feitas tanto
fora quanto dentro da comunidade cristã. Assim, de que forma essas reflexões se
relacionam? Como as discussões cristãs acerca da natureza de Deus se relacionam
àquelas que se desenvolvem no seio da tradição filosófica ocidental? Existe algum
ponto em comum? A teologia filosófica volta-se para aquilo que se pode chamar de
empenho para "encontrar o ponto em comum" entre a fé cristã e as demais áreas
da atividade intelectual. "Os Cinco Caminhos" de Tomás de Aquino (isto é, os cinco
argumentos em defesa da existência de Deus) são frequentemente citados como
exemplo da teologia filosófica, pois neles é possível observar argumentos ou
considerações não-religiosas, conduzindo a
conclusões teológicas.
TEOLOGIA HISTÓRICA
A teologia histórica é o ramo da teologia que busca investigar as circunstâncias
históricas em que as ideias se desenvolveram ou foram especificamente
formuladas. Seu objetivo é desvendar a ligação que há entre contexto e teologia.
Ela demonstra, por exemplo, que não foi por acaso que a doutrina da justificação
pela fé adquiriu, pela primeira vez, uma importância fundamental ao final do
Renascimento. Também demonstra, por exemplo, como o conceito de salvação,
encontrado na teologia latino-americana da libertação, está intimamente
relacionado ao contexto socioeconômico da região. Esclarece a forma como as
tendências culturais seculares - como o liberalismo e o tradicionalismo encontram
seus equivalentes na área da teologia.
TEOLOGIA ESPIRITUAL
O termo "espiritualidade" conquistou ampla aceitação, em um passado ainda
recente, como a forma preferida para designar os aspectos relativos às práticas
devocionais de uma religião e, mais especificamente, aqueles aspectos voltados às
experiências individuais dos fiéis. Entre os termos mais antigos, ainda encontrados
na literatura acadêmica em relação a esse aspecto da teologia, há a utilização das
expressões "teologia espiritual" e "teologia mística". O uso da expressão "mística”
para referir-se à dimensão espiritual da teologia (em contraste com uma dimensão
puramente acadêmica) remonta ao tratado On mystical theology [Sobre teologia
mística], escrito no início do século VI por Dionísio, o Areopagita.
Apologéticas
O termo 'apologética", derivado do termo grego apologia ("defesa" ou
"justificação"), tem sido sempre um aspecto integral da teologia cristã. Ele é mais
bem entendido como o compromisso com as preocupações culturais
contemporâneas sobre a racionalidade e moralidade da crença cristã. A disciplina
tem uma longa história, tendendo a se destacar como relevante quando o
cristianismo encontrou hostilidade intelectual.
FONTES DA TEOLOGIA
“A menos que eu seja convencido pelas Escrituras e pela razão pura e já que não
aceito a autoridade do papa e dos concílios, pois eles se contradizem mutuamente,
minha consciência é cativa da Palavra de Deus. Eu não posso e não vou me retratar
de nada, pois não é seguro nem certo ir contra a consciência. Deus me ajude.
Amém.” – Martinho Lutero na Dieta de Worms, em 1521.
“Um Deus que não fala é uma fraude. A Bíblia é a autoridade final na determinação
da fé e prática."
FONTES DA TEOLOGIA
o Bíblia;
o Tradição;
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o Razão;
o Experiência.
1. AS ESCRITURAS
Os termos "Bíblia" e "Escrituras", assim como os adjetivos "bíblico" e "canônico",
são praticamente intercambiáveis. Ambos designam um conjunto de textos a que
o pensamento cristão atribui autoridade. A palavra incomum "Bíblia" necessita
explicação. Ela, como muitas outras palavras em português moderno, deriva de
uma palavra original grega. A frase grega traduzida para o português é ta biblia-
cujo sentido literal é "os livros". Essa frase grega é plural e se refere à coleção de
livros, ou escritos, considerados autoritativos pelos cristãos. É necessário enfatizar
que a Bíblia não é apenas o objeto do estudo acadêmico formal no cristianismo; ela
também é lida e exposta no contexto da adoração pública, e é o assunto de
meditação e devoção para grande parte dos cristãos. Começamos considerando os
principais componentes da Bíblia cristã.
O Antigo Testamento
O termo "Antigo Testamento" é usado pelos escritores cristãos para se referir aos
livros da Bíblia cristã que foram (e ainda são) considerados sagrados pelo
judaísmo. Para os cristãos, o Antigo Testamento é visto estabelecendo o cenário
para a vinda de Jesus de Nazaré, que traz os principais temas e instituições do
Antigo Testamento ao cumprimento. Os cristãos primitivos - incluindo o próprio
Jesus e muitos dos escritores do Novo Testamento - apenas usavam a palavra '
"escritura" ou "escrito" (grego: graphé) para se referir ao que agora conhecemos
como o Antigo Testamento. Não fica claro quando essa maneira específica de se
referir a esses livros passou a ser estabelecida.
O Novo Testamento
O Novo Testamento consiste de 27 livros, é consideravelmente menor que o Antigo
Testamento. Foi totalmente escrito emuma forma posterior de grego (muitas
vezes mencionada como koinê, da palavra grega para "comum" ou "de todo dia)
amplamente falado no mundo mediterrâneo oriental daquela época.
A relação do AT e NT
Princípios e ideias teológicas (como, por exemplo, a noção da soberania de um
Deus que age na história humana) são reafirmados pelo cristianismo embora às
vezes recebam novo foco por exemplo, ao ser ligados especificamente à pessoa de
Jesus Cristo.
Princípios éticos -- como amar a Deus e respeitar a integridade dos outros - são
reafirmados pelo cristianismo.
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“INSPIRAÇÃO e NORMATIVIDADE
A Bíblia é um livro 100% divido em sua inspiração e 100% humano em sua
produção. Por ser de origem divina, a Bíblia é a norma por excelência da igreja.”
Nós, cristãos, acreditamos que, ao lermos esse texto em espírito de oração,
sabendo que o autor está vivo e que o Espírito Santo é o nosso companheiro, nosso
pedagogo, esse livro é mais do que um aglomerado de palavras, pensamentos e
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histórias: é a Palavra de Deus para nós, e só quem tem o Espírito Santo consegue
ler a Palavra de Deus e ser encaminhado nela.
A Bíblia é inspirada, mas foi feita por homens; sabemos disso. Como manuscrito,
ela tem os seus erros, e muitos evangélicos têm medo disso, mas nós não temos
os originais. Esses, provavelmente, não continham erros, mas, ao longo dos
processos de cópias, manuscritos sendo perdidos e copiados, transcrição oral, etc.,
é óbvio que alguns erros históricos, geográficos ou de nomes acontecem – é
normal –, o que não significa que a Bíblia foi adulterada. O que nós temos como
prova são centenas de milhares de documentos que provam que a Bíblia foi escrita
com um fio condutor, e há pequenas alterações que não são erros doutrinários ou
que façam a nossa fé patinar. Então, pode ficar tranquilo que a Bíblia é um livro de
extrema confiança.
“A IMPORTÂNCIA DA TRADIÇÃO
‘Tradição é a fé viva dos que já morreram, e tradicionalismo é a fé morta dos que
ainda vivem.’ – Jaroslav Pelikan
‘A teologia tem uma história.’ – Alister McGrath
Ainda que a tradição nos ajude na interpretação das Escrituras, nunca está acima
dela. Os credos são importantíssimas sínteses da fé. Não dá para fugir da tradição,
porque aqueles que negam o passado da teologia, a história da igreja, estão
negando algo fundamental, porque é a fé viva dos que já morreram, o que faz com
que a gente não caia em besteira. Por exemplo: quantas coisas não são ensinadas
erradas hoje por essa galera que não respeita a tradição e a história da igreja?
Algumas heresias ensinadas hoje já foram propagadas antigamente e já
combatidas pela igreja.
3. A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
"Experiência" é um termo um tanto vago. As origens da palavra são relativamente
claras: deriva-se da palavra latina experientia, que poderia ser interpretada como
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"aquilo que surge a partir da caminhada pela vida". Em um sentido amplo, significa
"um conjunto de conhecimento acumulados, que surgem por meio do contato
direto com a vida". Quando se fala em um "professor experiente" ou em um
"médico experiente", isso significa que eles aprenderam seu oficio por meio da
aplicação direta de seu conhecimento.
HERESIAS
“RÁPIDA DEFINIÇÃO
“NA HISTÓRIA
O primeiro desenvolvimento doutrinal cristão pode ser comparado a uma jornada
intelectual de exploração, na qual uma gama de possíveis modos de formular ideias
nucleares foi examinada, algumas para serem afirmadas e outras para serem
rejeitadas. Esse processo realmente não deveria ser pensado em termos
vencedores e perdedores; ele é mais bem compreendido como uma busca de
autenticidade – um ‘conflito produtivo sobre objetivos e prioridades entre os
cristãos’ – no qual todas as opões foram examinadas e avaliadas.”
A NATUREZA DA HERESIA
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A heresia parece ser cristã, mas é, na verdade, uma inimiga da fé, que espalha a
semente da destruição. Ela poderia ser comparada a um vírus, que se fixa dentro
de um hospedeiro para conseguir a dominação. Entretanto, independentemente do
que esteja na origem da heresia, a ameaça vem de dentro da comunidade de fé.”
OS PERÍODOS DA TEOLOGIA
PERÍODO PATRÍSTICO
A IMPORTANCIA DO PERÍODO
Todos os principais ramos da igreja Cristã - incluindo anglicana, ortodoxa oriental,
luterana, reformada e católica romana - consideram o período como um marco
decisivo para a evolução da doutrina cristã.
Patrística vem da palavra pater, que significa pai. Esse nome é atribuído aos pais
da Igreja.
Período patrístico a partir do término dos escritos do NT (c.100) até o concílio de
Calcedônia (451)
Patrologia, estudo dos pais da Igreja
PERÍODO PATRISTÍCO
PARTE 2
AMPLIAÇÃO DO CÂNONE DO NT
A palavra “cânone" deriva do grego Kano e significa “uma regra”, forma um
conjunto de livros específicos que receberam o carimbo de inspirados por Deus.
Tertuliano declarou que ao lado “lei e dos profetas” estavam os escritos
evangélicos e apostólicos.
Em 367, Atanásio identifica canônicos os 27 livros do NT, que temos hoje, através
da sua trigésima nona “Carta Festival”
O principal critério era a Apostolicidade dos escritos
CONCÍLIOS GERAIS
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IDADE MÉDIA
c.700 - c.1500
A FUNDAÇÃO DE UNIVERSIDADES
Uma dessas escolas foi o Collège de la Sorbonne que, posteriormente, alcançou
tamanha fama, tornando a expressão "a Sorbonne" uma forma abreviada de
referir-se à Universidade de Paris. Já no século XVI, Paris era amplamente
reconhecida como um avançado centro de estudos teológicos e filosóficos,
possuindo entre seus estudantes indivíduos famosos como Erasmo de Roterdà
(1466-1536) e João Calvino (1509-64). Outros centros de estudo semelhantes
foram logo criados em outras partes da Europa. Instaurou-se um novo programa
de desenvolvimento teológico voltado à consolidação dos aspectos intelectual,
legal e espiritual da vida da igreja cristã. Rapidamente, a Universidade de Paris
consolidou-se como um avançado centro de investigação teológica com estudiosos
como Pedro Abelardo (1079-1142), Alberto, o Magno (c. 1200-80), Tomás de
Aquino (c. 1225-74) e Boaventura (c.1217-74). De início, a rival mais importante de
Paris era a Universidade de Oxford, na Inglaterra. Os séculos XIV e XV assistiram
a uma considerável expansão do setor universitário na Europa Ocidental com a
criação de importantes universidades na Alemanha e em outros locais.
IDADE MÉDIA
PARTE 2
PRINCIPAIS TEÓLOGOS
O teólogo sírio conhecido como João Damasceno foi um dos pensadores mais
influentes da igreja oriental e é com frequência considerado o último dos
pais gregos. Nessa época, o islamismo se propagara através do norte da África, e
o Levante e a Síria ficaram sob o controle firme do islamismo. João foi criado na
casa do califa de Damasco, Abdul Malek (645-705) e sucedeu seu pai como diretor
financeiro do califa.
João é lembrado por sua obra The Fountain of Wisdom [A fonte do conhecimento],
consistindo de três partes. A primeira parte lida principalmente com o conceito de
ontologia de Aristóteles, aparentemente com a suposição de
que esse conceito ajuda no entendimento da doutrina cristã. A segunda parte é
uma reelaboração atualizada de uma obra anterior sobre heresia de Epifânio de
Constância (c.310-403). A terceira parte é a mais importante e interessante. Esta,
intitulada "Uma análise precisa da fé ortodoxa", estipula em detalhes os
fundamentos da fé cristã, conforme João os recebera de escritores anteriores.
Essa seção do tratado é muitas vezes tratada como uma obra por si só e, em geral,
é mencionada apenas como "A fé ortodoxa".
Simão (ou Simão) nasceu em uma família rica em Paflagônia, Ásia Menor, em 949.
Ele foi enviado aos onze anos para a grande cidade de Constantinopla para estudar
mais. Simão permanece uma das influências teológicas mais importante na
ortodoxia moderna, refletindo a grande consideração em que é mantido. Sua
teologia ecoa muitos dos temas agora tradicionais da doutrina bizantina, em
particular a ênfase na doutrina da encarnação e na acentuação da redenção como
divinização. É chamado de Simão, o novo teólogo, na ortodoxia para diferenciar de
João, o evangelista (conhecido como João, o Teólogo) e Gregório de Nazianzo
(329-89, conhecido como Gregório, o Teólogo, na tradição ortodoxa oriental).
Anselmo de Cantuária nasceu no norte da Itália, mas logo mudou para a França,
que ganhava fama como um centro de estudos. Rapidamente, ele aprendeu a lógica
e a gramática, conquistando uma excelente reputação como professor na abadia
de Norman, em Bec. Anselmo, havendo vivido no início do renascimento teológico
do século XII, contribuiu de forma decisiva para o debate em duas áreas: as provas
da existência de Deus e a interpretação racional da morte de Cristo na cruz.
Duns Scotus foi, sem dúvida, uma das mentes mais brilhantes da Idade Média. Em
seus poucos anos de vida foi professor em Cambridge, Oxford e Paris, bem como
produziu três versões de Commentary on the sentences [Comentário às sentenças
]. Conhecido como "doutor das sutilezas", devido às distinções
bastante sutis que frequentemente traçava entre os possíveis significados dos
termos, foi responsável por uma série de avanços de considerável importância para
a teologia cristã. Somente três deles podem ser destacados aqui.
O primeiro, Scotus era um defensor da teoria do conhecimento associada a
Aristóteles. No início da Idade Média, predominava uma outra teoria do
conhecimento, que remontava a Agostinho de Hipona, conhecida como
“iluminismo", de acordo com a qual se entendia que o conhecimento surgia da
iluminação da mente humana por Deus. Essa visão, defendida por escritores como
Henrique de Ghent (c.1217-93), foi submetida a críticas devastadoras por Scotus.
O segundo, Scotus considerava que a vontade divina tem primazia sobre o intelecto
divino, uma doutrina comumente chamada de voluntarismo.
O terceiro, Scotus era defensor da doutrina da concepção imaculada de Maria, a
mãe de Jesus. Tomás de Aquino havia ensinado que Maria compartilhava da
condição pecadora da humanidade. Ela fora maculada pelo pecado (macula, em
latim), assim como todos os demais, com exceção de Cristo.
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Guilherme de Occam, sob vários aspectos, pode ser considerado como tendo
desenvolvido algumas das linhas de argumentação associadas a Scotus. Sua
defesa consistente da posição voluntarista, que estabelecia a primazia da vontade
em relação ao intelecto divino, é de particular importância. No entanto,
provavelmente seja sua posição filosófica que tenha lhe assegurado um lugar
permanente de destaque na história da teologia cristã. Podemos destacar dois
importantes elementos de seus ensinamentos.
O primeiro é a "Navalha de Guilherme de Occam", comumente designada como “o
princípio da frugalidade". Occam insistia que a simplicidade era uma virtude ao
mesmo tempo teológica e filosófica.
O segundo elemento, Guilherme de Occam era um defensor ferrenho do
nominalismo. Em parte, isso resultava de seu uso da navalha: os universais foram
declarados como hipóteses totalmente desnecessárias que foram, portanto,
eliminadas.
O PERÍODO DA REFORMA
C. 1500 - c. 1750
O termo “Reforma" é usado em vários sentidos, sendo bastante útil fazer-se uma
distinção entre eles. Muitas obras de teologia e história da igreja usam o termo
para agrupar quatro elementos: o luteranismo; a igreja reformada (normalmente
mencionada como "calvinismo"); a “Reforma radical" (também conhecida como
"anabatismo") e a “Contrarreforma" ou "Reforma católica". O termo “Reforma" em
seu sentido lato, é usado em relação a todos esses quatro movimentos, embora o
termo também seja usado para se referir especificamente aos movimentos
protestantes dessa época. Alguns estudos recentes usam a forma plural
"Reformas" para enfatizar que esse foi um movimento com muitas facetas.
A reforma católica
Esse termo normalmente é usado em relação ao avivamento ocorrido no seio do
catolicismo, no período subsequente ao início do Concílio de Trento (1545). Em
estudos acadêmicos mais antigos, o movimento é chamado de “Contrarreforma":
como o próprio termo sugere, a igreja católica criou formas de combater a Reforma
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O PERÍODO DA REFORMA
PARTE 2
A consolidação do catolicismo
O Concílio de Trento (1545-63) representou a reação decisiva da igreja católica à
Reforma. A seguir, as principais resoluções do Concilio são sintetizadas. Primeiro,
o Concílio atenuou os problemas internos da igreja, que haviam contribuído de
forma significativa para o surgimento da Reforma, sendo sua causa primeira.
Foram tomadas medidas para dar fim à corrupção e ao abuso no seio da igreja.
Segundo o Concílio estabeleceu as diretrizes dos ensinamentos católicos em certas
áreas centrais da fé cristã, que haviam se tornado matérias de controvérsia em
consequência da Reforma -- tal como a relação entre Escrituras e tradição, a
doutrina da justificação e a natureza e o papel dos sacramentos.
Puritanismo
Um dos mais importantes estilos teológicos associados ao mundo de língua inglesa
surgiu na Inglaterra, no final do século XVI. Provavelmente, o puritanismo seja mais
bem definido como uma versão da ortodoxia reformada que enfatizava de maneira
especial os aspectos empírico e pastoral da fé. Os escritos dos principais teólogos
puritanos, William Perkins (1558-1602), William Ames (1576-1633) e John Owen
(1618-83), sofreram claramente forte influência de Beza, em particular em relação
a seus ensinamentos a respeito da extensão do sacrifício de Cristo e da soberania
divina nas questões da providência e da eleição. Embora o puritanismo
representasse uma grande força política e teológica na Inglaterra do início do
século XVII, os progressos mais significativos ocorreram no Novo Mundo.
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Pietismo
À medida que a ortodoxia adquiriu crescente influência no seio da corrente
dominante do protestantismo, seus potenciais defeitos e deficiências também se
tornaram evidentes. Em seu aspecto mais positivo, a ortodoxia protestante se
voltava à defesa racional de verdades cristãs e a uma ardente preocupação com a
correção doutrinária. Contudo, com bastante frequência, isso tomava a forma de
uma preocupação acadêmica com o preciosismo lógico, em vez de se constituir em
preocupação em relacionar a teologia aos temas da vida cotidiana. O termo
“pietismo" deriva da palavra latina pietas (cuja melhor tradução, seria "devoção"
ou “religiosidade"), sendo originalmente um termo pejorativo e usado pelos
opositores para descrever a ênfase do movimento em relação à importância da
doutrina para o cotidiano da vida cristã.
estrelas durante a Idade Média trouxe cada vez mais dificuldades para essa teoria.
Durante o século XVI, o modelo geocêntrico do sistema solar foi gradualmente
abandonado em favor de um modelo heliocêntrico, que descrevia o sol em seu
centro. O tratado de Copérnico, as revoluções dos Orbes Celestes (1543),
apresentava a terra como um dos planetas orbitando o sol. Essa “revolução
copernicana" representou um afastamento radical do modelo existente e tem de
ser considerada uma das mudanças mais relevantes na percepção humana da
realidade acontecida no milênio passado.
O PERÍODO DA REFORMA
PARTE 3
TEÓLOGOS FUNDAMENTAIS
Martinho Lutero, em 1517, despertou, pela primeira vez, o interesse público, por
meio da publicação de sua obra, Noventa e cinco teses, a respeito das indulgencias.
Martinho Lutero, a seguir, no Debate de Leipzig (junho-julho de 1519 firmou sua
reputação como um crítico radical do escolasticismo. Ele, em 1520, publicou três
tratados que consolidaram sua crescente reputação como teólogo reformador.
cidade de Zurique, onde fez uso do púlpito da Grande Igreja Monástica, a principal
igreja da cidade, para difundir um programa de reforma. A princípio, esse programa
voltava-se principalmente à reforma ética da igreja. Contudo, logo se expandiu,
incluindo a crítica à teologia da igreja existente na época, particularmente em
relação ao aspecto de sua teologia relativa aos sacramentos.
Beza (também conhecido por seu nome francês Théodore de Bèze), famoso
escritor calvinista, serviu como professor de teologia na Academia de Genebra de
1559 a 1599. Os três volumes de seu Theological Treatises [tratados teológicos]
(1570-82) apresenta um relato racionalmente coerente dos principais elementos
da teologia reformada, usando lógica aristotélica. O resultado é uma
argumentação densa e racionalmente defensável da teologia de Calvino, em que
algumas tensões não resolvidas dessa teologia (principalmente relacionadas com
as doutrinas da predestinação e da expiação) são esclarecidas.
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Gerhard foi talvez o teólogo luterano ortodoxo mais importante. Em 1616, ele foi
designado professor de teologia na Universidade de Jena, onde ficou pelo resto de
sua carreira acadêmica. Gerhard reconhecia a necessidade de uma apresentação
sistemática da teologia luterana em face da intensa oposição calvinista.
O PERÍODO DA REFORMA
PARTE 4
AS FONTES DA TEOLOGIA
A principal corrente da Reforma não estava interessada no estabelecimento de
uma tradição cristã inédita, mas antes na renovação e correção da tradição
existente. Sob a alegação de que a teologia cristã se baseava fundamentalmente
nas Escrituras, reformadores como Martinho Lutero e João Calvino defendiam a
necessidade de retorno às Escrituras, como fonte primária e essencial da teologia
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A DOUTRINA DA GRAÇA
O primeiro período da Reforma é dominado pelo projeto pessoal de Martinho
Lutero. Martinho Lutero, convencido de que a igreja havia caído em um
pelagianismo involuntário, proclamou a doutrina da justificação pela fé a quem
pudesse ouvi-lo. A pergunta: "Como posso encontrar um Deus gracioso? e o lema
“somente pela fé" (sola fide ) repercutiram pela maior parte da Europa Ocidental e
foram ouvidos por um amplo setor da igreja. Os aspectos abrangidos por essa
doutrina são complexos e serão discutidos no momento adequado, mais adiante
neste livro (vide pp. 539-49). A doutrina da justificação pela fé é especialmente
vinculada à Reforma luterana. João Calvino, embora continuasse honrando essa
doutrina, deu início a uma tendência que adquiriu importância progressiva na
posterior teologia reformada: a discussão da graça em relação à doutrina da
predestinação, em vez da justificação. Para os teólogos reformados, a declaração
suprema da “graça de Deus" não devia ser vista no fato de que Deus justificava os
pecadores; antes devia ser vista na eleição da humanidade por Deus, sem qualquer
ligação com seus esperados méritos ou conquistas.
A DOUTRINA DA IGREJA
Se a primeira geração de reformadores se ocupou da questão da graça, à segunda
geração voltou-se para a questão da igreja. Os reformadores, havendo rompido
com a corrente dominante formada pela igreja católica em relação à doutrina da
graça, encontraram-se sob crescente pressão, no sentido de desenvolver uma
teoria em relação à igreja que fosse coerente, capaz de justificar esse rompimento
e de servir de base para as novas igrejas evangélicas que surgiam nas cidades da
Europa Ocidental. Escritores como Martin Bucer e João Calvino argumentavam que
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A IDADE MODERNA
O surgimento do Iluminismo
O movimento que ficou conhecido como "o Iluminismo" desde o final do século XIX
é entendido em geral como se referindo ao fenômeno cultural e intelectual surgido
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AS 3 FASES DO ILUMINISMO
Na primeira fase do Iluminismo, durante o final do século XVII, argumentava-se que
as crenças do cristianismo eram racionais e, por conseguinte, capazes de enfrentar
um exame crítico.
Em sua segunda fase, alegava-se que as ideias básicas do cristianismo, por serem
racionais, poderiam derivar-se da própria razão. Não havia necessidade alguma de
invocar o conceito de revelação divina.
Na fase final dessa transição, em essência completada em meados do século XVIII,
representantes importantes do Iluminismo afirmaram com confiança a capacidade
da razão de julgar a revelação.
IDADE MODERNA
A noção de revelação
O conceito de revelação era de importância central para a teologia cristã
tradicional. Embora muitos dos teólogos cristãos como Tomás de Aquino (c.1225-
74) e João Calvino (1509-64), por exemplo, admitissem a possibilidade da
revelação natural de Deus, insistiam também no fato de que isso necessitava ser
complementado por uma revelação divina sobrenatural, como a que se verificava
nas Escrituras.
A doutrina da Trindade
A doutrina de Deus como uma Trindade - Pai, Filho e Espírito Santo foi muitíssimo
ridicularizada pelos pensadores iluministas que a consideravam um absurdo do
ponto de vista da lógica.
O problema do mal
O Iluminismo assistiu a uma mudança fundamental na atitude relativa à existência
do mal no mundo. Para o período medieval, a existência do mal não representava
uma ameaça à coerência do cristianismo. O Iluminismo presenciou a mudança
radical dessa situação: a existência do mal transformou-se em um desafio à
credibilidade e à coerência da própria fé cristã.
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humanidade foi uma contingência histórica e poderia ser corroída por meio de mais
desenvolvimento evolucionário?
As reflexões de Darwin enfatizavam a prodigalidade do processo evolucionário.
Embora isso não levante quaisquer questões teológicas novas, dá nova relevância
para o problema do sofrimento no mundo.
A interpretação bíblica
A tradicional interpretação acadêmica da Bíblia havia sido dominada pelo método
histórico-crítico. A noção de que exista um sentido para um texto bíblico - quer
determinado por uma autoridade eclesial quer por uma comunidade acadêmica - é
vista com extrema desconfiança pelo pós-modernismo. No entanto, a noção de
uma "comunidade de interpretação"
A IDADE MODERNA
TEÓLOGOS FUNDAMENTAIS
F. D. E. Schleiermacher
(1768-1834)
Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher é amplamente considerado o mais
importante teólogo protestante do século XIX. Ele alcançou a fama por seu
reconhecimento da necessidade de tornar o cristianismo relevante e acessível a
seus “desdenhadores cultos" existentes no movimento iluminista.
Paul Tillich estudou originalmente teologia na Alemanha, mas foi forçado a pedir
demissão de sua posição de ensino por causa de sua oposição ao nazismo Ele
emigrou para os Estados Unidos e, de início, ensinou no Union Theological
Seminary, Nova York, antes de aceitar uma posição na Universidade de Harvard.
Ele se tornou cidadão estado-unidense em 1940. Tillich pode ser visto como
alguém que continuou e ampliou o programa teológico de F. D. E. Schleiermacher.
Seu programa teológico pode ser resumido como uma tentativa de correlacionar a
cultura e a fé de tal maneira que “a fé precisa não ser inaceitável para a cultura
contemporânea, e a cultura contemporânea não precisa ser inaceitável para a fé".
A IDADE MODERNA
O protestantismo liberal
O protestantismo liberal é, sem dúvida alguma, um dos movimentos mais
importantes que surgiram dentro do pensamento cristão moderno. Suas origens
são complexas. No entanto, fica mais fácil compreendê-lo se considerarmos como
seu ponto de partida a reação ao programa teológico elaborado por F. D. E.
Schleiermacher, particularmente no que diz respeito à sua ênfase sobre o
"sentimento" humano (vide p. 129) e à necessidade de relacionar a fé crista à
situação do ser humano Seus principais escritores alegavam que essa renovação
dogmática era essencial, se o cristianismo tinha a pretensão de continuar sendo
uma opção intelectual viável em meio ao mundo moderno. Por essa razão, eles
exigiram um certo grau de liberdade, por um lado, quanto ao legado doutrinário do
cristianismo e, por outro lado, quanto aos tradicionais métodos de interpretação
bíblica. Naqueles pontos em que os métodos clássicos de interpretação bíblica ou
os dogmas tradicionais parecessem ameaçados pelos avanços do conhecimento
humano, era imperativo que fossem descartados ou reinterpretados, para que se
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O modernismo
O termo “modernista" foi usado pela primeira vez em referência a uma escola de
teólogos católicos-romanos em atividade ao final do século XIX, que adotava uma
atitude crítica em relação às doutrinas cristãs tradicionais, em particular àquelas
relativas à identidade e relevância de Jesus Cristo. O movimento nutria uma atitude
positiva em relação à crítica bíblica radical e enfatizava as dimensões éticas da fé,
em detrimento daquelas que fossem mais teológicas. Sob muitos aspectos, o
modernismo pode ser visto como a tentativa de conciliação, por parte de escritores
da igreja católica- romana, frente à perspectiva iluminista, a qual eles haviam
basicamente ignorado, até aquele ponto.
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A neo-ortodoxia
A Primeira Guerra Mundial assistiu a uma decepção crescente, embora não viesse
a representar uma rejeição total, em relação à teologia liberal, associada a
Schleiermacher e seus seguidores. Vários escritores alegavam que Schleiermacher
havia, na verdade, reduzido o cristianismo a pouco mais do que uma experiência
religiosa, transformando-o em uma atividade antropocêntrica, e não teocêntrica.
Alegava-se que o trauma e os horrores da guerra haviam acabado com a
credibilidade de qualquer abordagem à teologia que recorria às normas culturais
humanas. A teologia liberal parecia girar em torno dos valores humanos - e como
esses valores poderiam ser levados a sério, se haviam provocado conflitos globais
de tamanha proporção? Escritores como Karl Barth (1886-1968), ao enfatizar o
aspecto referente à "diversidade" de Deus, acreditavam que poderiam escapar da
execrada teologia antropocêntrica defendida pelo liberalismo.
A neo-ortodoxia tem recebido críticas em vários pontos. Os pontos apresentados
a seguir são de importância especial:
Sua ênfase nos aspectos da transcendência e da “diversidade" de Deus faz com ele
seja visto como alguém distante e potencialmente irrelevante. Sugere-se com
frequência que isso leva a um ceticismo extremo.
A alegação de que a neo-ortodoxia se baseia exclusivamente na revelação divina,
funciona de certa forma como círculo vicioso, pois não pode ser avaliada a não ser
por essa mesma revelação. Em outras palavras, não existem pontos de referência
externos, pelos quais as alegações da neo-ortodoxia possam ser verificadas. Isso
levou muitos de seus críticos a qualificar essa postura como uma espécie de
"fideísmo" - isto é, um sistema de crenças inacessível a qualquer forma de crítica
externa a seus próprios domínios.
A neo-ortodoxia não apresenta uma resposta eficaz para aqueles que se sentem
atraídos por outras religiões, as quais ela é forçada a refutar, qualificando-as como
distorções ou perversões. Outras abordagens teológicas são capazes de
reconhecer a existência dessas religiões, classificando-as em relação à fé cristã.
As teologias da libertação
A expressão "teologia da libertação", para se referir a uma família de teologias que
surge nas comunidades marginalizadas da perspectiva social ou política, fornece a
base para o empoderamento religioso e social. Muitos veem a “teologia negra" -
expressa de maneira mais conhecida nos escritos de James H. Cone (1938-2018),
em particular em sua obra Black Theology of Liberation [A teologia negra da
libertação] (1970) um excelente exemplo desse tipo de movimento. Os temas
básicos da teologia da libertação latino-americana podem se sintetizados da
seguinte forma:
A teologia da libertação é voltada para a causa dos pobres e oprimidos. “Os
necessitados são a verdadeira fonte teológica para a compreensão da verdade e
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O feminismo
O feminismo veio a se tornar um importante elemento da cultura ocidental
moderna. Em sua essência, representa um movimento global de luta pela
emancipação das mulheres, que concentrando seus esforços no sentido de
alcançar uma posição de igualdade de gêneros e do correto entendimento da
relação entre homens e mulheres a ser afirmado pela teologia e prática
contemporâneas. Sua antiga designação “movimento de liberação feminina"
exprimia o fato de que o feminismo representa, fundamentalmente, um movimento
de libertação para as mulheres na sociedade moderna, dirigindo seus esforços no
sentido de alcançar a igualdade para as mulheres na atualidade, em especial pela
remoção das barreiras -- inclusive de crenças, valores e atitudes que criam
obstáculos para esse processo.
A teologia negra
A "teologia negra" é a expressão preferida para se referir ao movimento que surgiu
nos Estados Unidos, nas décadas de 1960 e 1970, e se dedicou a assegurar que as
realidades da experiência negra fossem retratadas na esfera teológica.
O pós-liberalismo
Uma das tendências mais significativas dentro da teologia, surgida na década de
1980, reflete o ceticismo crescente com a questão da plausibilidade de uma visão
de mundo protestante liberal (pp. 70-1). O movimento começou nos Estados
Unidos, sendo associado inicialmente à Yale Divinity School e, em particular, a
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teólogos como Hans Frei (1922-88), Paul Holmer (1916-2004) e George Lindbeck
(1923-2018). Desde essa época, as tendências pós-liberais se consolidaram na
teologia acadêmica estado-unidense e britânica. Seus principais fundamentos se
encontram nas abordagens teológicas narrativas, como as desenvolvidas por Hans
Frei e as escolas de interpretação social, que destacam a importância da cultura e
da linguagem na geração e interpretação da experiência e do pensamento. O pós-
liberalismo, partindo do trabalho de filósofos como Alasdair MacIntyre (n. 1929),
rejeita tanto o tradicional apelo iluminista a uma "racionalidade universal" quanto
o pressuposto liberal de uma experiência religiosa imediata que seja comum a toda
humanidade. Defendendo que todo pensamento e experiência são histórico e
socialmente mediados, o pós- liberalismo baseia seu programa teológico em um
retorno às tradições religiosas, cujos valores são adequadamente interiorizados.
Portanto, o pós-liberalismo é antifundamentalista (por rejeitar a ideia de um
fundamento universal para o conhecimento), comunitário (por apelar aos valores,
às experiências e à linguagem de uma comunidade, em vez de priorizar o individual)
e historicista (por enfatizar a importância das tradições e das comunidades
históricas a clas vinculadas, para a formação da
experiência e do pensamento).
A ortodoxia radical
Por fim, voltamo-nos agora à consideração de um movimento surgido
recentemente na teologia de língua inglesa, movimento esse que tem gerado
algum debate e discussão importantes. A expressão "ortodoxia radical" é usada
para se referir a uma abordagem ampla à teologia surgida na década de 1990,
associada com escritores como John Milbank (n. 1952), Catherine Pickstock (n.
1970) e Graham Ward (n. 1955), todos eram originalmente baseados na
Universidade de Cambridge. Suas ideias são apresentadas em obras como
Theology and Social Theory: Beyond Secular Reason (1993), de John Milbank, e,
em especial, o volume editado Radical Orthodoxy: A New Theology [Ortodoxia
radical: uma nova teologia] (1999). Em que sentido esse movimento é "radical"?
No lugar em que alguns usam o termo “radical" com o sentido de "liberal' ou
"revisionista", essa escola enfatiza a tentativa do movimento de voltar às raízes da
ortodoxia cristã com o objetivo de reviver as doutrinas tradicionais, em vez de
revisá-las. A agenda do movimento é complexa e sofisticada e talvez seja mais bem
entendida em termos da necessidade de o cristianismo construir suas próprias
alternativas tanto para a
modernidade quanto para a pós-modernidade, baseado em uma visão coerente
da teologia cristã.
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