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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

WILSON ALMEIDA CABRAL NETO

TRABALHO

CRIAÇÃO, QUEDA, REDENÇÃO E GLORIFICAÇÃO

TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO E DO NOVO TESTAMENTO


2021

BRASÍLIA – DF
SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

WILSON ALMEIDA CABRAL NETO

TRABALHO

CRIAÇÃO, QUEDA, REDENÇÃO E GLORIFICAÇÃO

Trabalho apresentado como avaliação às disciplinas de


Teologia Biblica do Anigo Testamento e Teologia Biblica do
Novo Testamento - 2021, ministrado pelo Prof. Pr. Daniel
Fernando Gouvêa, do Curso de Teologia do Seminário
Teológico Evangélico Betel Brasileiro.

BRASÍLIA – DF
INTRODUÇÃO

Este é uma pequena contribuição deste também estudante da Palavra de Deus para o estudo das matérias
em questão, mas é importante lembrar que essas poucas paginas não tem o intuito de ser exaustivo mas sim,
resumidamente, poder explanar de maneira concisa e objetiva o conteúdo absorvido em aula além de poder mostrar
o entendimento a cerca da Teologia Bíblica (Antigo e Novo Testamento) e dos temas centrais estudados, Criação,
Queda, Redenção e Glorificação

TEOLOGIA BÍBLICA

Não há como estudar e analisar a Bíblia sem considerar a Teologia Bíblica. As áreas de estudos da
Teologia, por mais direcionada a uma fé específica que seja, é extremamente abrangente e muitas vezes
envolvem instituições religiosas, o que deixa o campo muito mais complexo.

A Teologia Bíblica dá uma abordagem ao estudo sobre Deus através da Bíblia que abrange a história desde a
criação, história de Deus com Israel e de Jesus Cristo como o Messias e Salvador da humanidade que traz de
volta o homem a Deus.

Quando temos as “ferramentas conceituais” teológicas, como a exegese e hermenêutica bíblica, estudos gerais de
história e estudos escatológicos bem sensatos, é perfeitamente possível enxergar uma mensagem única na Bíblia
desde Gênesis até Apocalipse. Uma mensagem completa e perfeita, provada e assinada por Deus direcionada aos
homens para apresentar Jesus Cristo à humanidade.

A Teologia Bíblica se atém a entender as Escrituras Bíblicas através de análises profundas da exegese e
hermenêutica bíblica, tratando assim os textos como sendo certamente a Palavra de Deus. Palavra única e
centralizada, de onde parte todo o restante do entendimento para a conduta da vida cristã.

TEOLOGIA BÍBLICA X TEOLOGIA SISTEMÁTICA

A Teologia Bíblica, em contraste com a Teologia Sistemática, foca no enredo bíblico. A teologia
sistemática, embora seja informada pela teologia bíblica, é atemporal. Em outras palavras, a teologia bíblica se
limita mais intencionalmente à mensagem do texto ou corpus em consideração. Ela questiona quais temas são mais
centrais para os escritores bíblicos em seu contexto histórico e procura discernir a coerência entre esses temas. A
teologia bíblica foca no enredo da Escritura – o desdobramento do plano de Deus na história redentiva.
A Teologia Sistemática, por outro lado, formula questões ao texto que refletem as questões ou
preocupações filosóficas do momento. Os sistemáticos também podem – com um bom propósito – explorar temas
que estão implícitos nos escritos bíblicos, mas que não recebem atenção primária no texto bíblico. Além disso,
deveria ser evidente que qualquer Teologia Sistemática digna desse nome é edificada sobre a Teologia Bíblica.
A Teologia Bíblica pode limitar-se à Teologia de Gênesis, do Pentateuco, de Mateus, de Romanos ou até
mesmo à Teologia Paulina. Contudo, a Teologia Bíblica pode também compreender todo o cânon da Escritura, no
qual o enredo das Escrituras como um todo é integrado. Com muita frequência, pregadores expositivos limitam-
se aos livros de Levítico, Mateus ou Apocalipse, sem considerar o lugar que eles ocupam no enredo da história
redentiva. Eles isolam uma parte da Escritura da outra, e assim pregam de um modo truncado, ao invés de
anunciarem todo o conselho de Deus. Gerhard Hasel corretamente destaca que nós precisamos fazer teologia
bíblica de um modo “que busca fazer justiça a todas as dimensões da realidade de que os textos bíblicos
testificam”. 1
Fazer tal teologia não é meramente uma tarefa para professores de seminário; é a responsabilidade de cada pregador
da Palavra!
A Teologia Sistemática considera a contribuição da Teologia Histórica e, assim, se utiliza da obra de
Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino, Edwards e tantos outros ao formular o ensino da Escritura. A
Teologia Sistemática procura anunciar a Palavra de Deus diretamente para o nosso tempo e nosso ambiente
cultural. Obviamente, então, qualquer bom pregador deve ser versado na sistemática para anunciar uma palavra
profunda e poderosa aos seus contemporâneos.

A Teologia Bíblica é mais indutiva e fundacional. Carson, no seu livro Teologia Bíblica ou Teologia
Sistemática? - Unidade e diversidade do Novo Testamento - afirma que a teologia bíblica é uma “disciplina
mediadora”, ao passo que a teologia sistemática é uma “disciplina culminante” 2. Nós podemos afirmar, então,
que a teologia bíblica é intermediária, funcionando como uma ponte entre o estudo histórico e literário da Escritura
e a teologia dogmática.

Segue-se, então, que a teologia bíblica não está confinada apenas ao Novo Testamento ou ao Antigo
Testamento, mas que ela considera ambos os Testamentos juntos como a Palavra de Deus. De fato, a Teologia
Bíblica trabalha a partir da noção de que o cânon da Escritura funciona como a sua norma e, assim, ambos os
Testamentos são necessários para desvendar a teologia da Escritura assim, por meio dela, poderemos dissertar
sobre os temas Criação, Queda, Redenção e Glorificação de maneira linear e uniforme

A CRIAÇÃO

Como essa é a história de Deus, ela não começa, como no caso de todas as outras histórias semelhantes,
com um Deus escondido, que as pessoas estão buscando e a quem Jesus, finalmente, as conduz. Ao contrário, a
narrativa bíblica começa com Deus como o Criador de tudo o que há. Ela nos conta que “no principio Deus…”
(Gen 1:1), que Deus é antes de todas as coisas, que ele é a causa de todas as coisas, que ele portanto está acima de
todas as coisas e que ele é o alvo de todas as coisas. Ele está na origem de todas as coisas como a causa única de
todo o universo, em toda a sua vastidão e complexidade. E toda a Criação – toda a própria história humana – tem
o Deus eterno, por meio de Cristo, como o seu propósito e consumação finais.
Na criação, vemos o Deus trino todo-poderoso, transcendente, auto existente, suficiente em si mesmo, eterno,
santo e perfeito em todos os seus atributos, criando todas as coisas que existem, desde as mais remotas e distantes
galáxias até a terra e tudo o que nela há. Vemos a criação do homem, segundo a imagem do próprio Deus, em

1
Hasel, Gerhard - “Biblical Theology: Then, Now, and Tomorrow,” - Horizons of Biblical Theology 4 (1982): 66.
2
Carson, D.A – “Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática? - Unidade e diversidade do Novo Testamento”, - Ed Vida Nova (2008)
estado de inocência e liberdade, debaixo do governo moral de Deus, ordenado a ser responsável e obediente e a
governar sobre todas as coisas criadas, para a glória do criador.
Assim, a humanidade desfrutou de forma singular da visão de Deus, e viveu em comunhão com Deus.
Mesmo assim, somos seres criados e destinados a ser dependentes do Criador no tocante à vida e existência no
mundo. Essa parte da história é narrada em Gênesis, capítulos 1 e 2, mas é repetida e repercute de muitas maneiras
diferentes ao longo de toda a narrativa.
Importante salientar que o ato criativo de Deus não se restringe ao livro de Genesis e tão pouco ao Antigo
Testamento. Vemos a maravilhosa arte de Deus em toda a narrativa bíblica bem como:
• No Antigo Testamento
o Êxodo 20:11, Salmos 33:6 / 121:1-2 / 139:13-14, Jeremias 10:12 / 32:17
• No Novo Testamento
o Hebreus 1:10 / 11:3, Colossenses 1:16, João 1:1-3, Romanos 1:20 / 11:36, 2 Pedro 3:5,
Efésios 2:10
Como dito anteriormente, citei somente algumas evidências pois a Bíblia está repleta delas e o intuito não
é ser exaustivo
Sim sabemos que Deus criou todas as coisas porem, criado por Deus, destaca-se o Homem como a coroa
da criação (1Co 11:7) pois tem como missão, governar tudo quanto o Senhor fizera (Gen 1:28) entretanto, devido
a sua Queda deliberada no Éden, transgredindo a vontade Divina (1 Tm 2:14), a criação ficou submissa a vaidade
(RM 8 20:22)
Dito isto, vemos o próximo temo aqui abordado, a Queda do Homem

A QUEDA DO HOMEM

A Queda do Homem é o momento registrado na Bíblia em que Adão e Eva desobedeceram a Deus (Gen
3 1:24). Esse terrível ato do primeiro casal também é chamado de Pecado Original, visto que foi nesse momento
que o pecado contaminou a humanidade e causou a separação entre Deus e o homem.
Entender o que é a Queda do Homem é algo fundamental para a compreensão do restante das Escrituras,
sobretudo o plano de redenção com o sacrifício de Jesus no Calvário. Além disso, a a Queda do Homem também
explica perfeitamente a situação atual em que a humanidade se encontra.
A Queda do Homem foi um evento histórico, e não existe espaço na Bíblia para outro tipo de
interpretação. Algumas pessoas insistem em tentar interpretar a história da Queda do Homem como uma alegoria
ou um mito. Mas a Bíblia é clara ao afirmar a historicidade desse evento. Qualquer interpretação que desconsidera
essa realidade contradiz as Escrituras.
Para os que defendem uma conciliação entre o evolucionismo e o criacionismo, a Queda do Homem foi
o momento do “despertar da autoconsciência” e da personalidade do homem. Mas esta é uma interpretação
totalmente contrária ao relato bíblico dos primeiros capítulos do livro de Gênesis.
A verdadeira doutrina bíblica é a que Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança (Gen 1:26-28). O
homem foi dotado de intelecto, capacidade de governo, tomada de decisão e responsabilidade moral. Se tirarmos
ou ignorarmos a historicidade da Queda do Homem, então será impossível interpretar a Bíblia.
Novamente a Bíblia não se restringe a evidenciar a Queda do Homem somente no Antigo Testamento, no
Novo Testamento reafirma a posição histórica deste evento e detalha a relação entre a queda de Adão com os
acontecimentos atuais. O apóstolo Paulo faz uma explanação tão especifica entre Adão e Cristo que, se alguém
interpretar Adão como um mito, então fatalmente Cristo também deverá ser interpretado como um mito (Rm 5:12;
1Co 15; 1Tm 2:14).
Também é no Novo Testamento que vemos que o primeiro Adão introduziu o pecado no mundo (Rm 5:
12-19). Mas Cristo, o segundo Adão (1Cor 15:45-57), veio para reverter as obras do primeiro Adão, provendo uma
solução para o pecado.

Isso nos leva a questionar como aconteceu a Queda do Homem? A Bíblia nos diz claramente como
ocorreu a Queda do Homem. Satanás utilizou a serpente para se aproximar de Eva (Gen 3). Ao invés de confrontar
Adão, a serpente então tentou a mulher. É interessante notar no relato bíblico que Eva havia recebido apenas
indiretamente o mandamento de Deus em relação a árvore do conhecimento.
O relato bíblico descreve em detalhes o processo do pecado da seguinte forma:
• Primeiramente veio a sugestão para duvidar da Palavra de Deus (Gen 3:1).
• Depois aconteceu o famoso “isto não tem problema”, onde a Palavra de Deus foi
desacreditada. (Gen 3:4-5).
• Como consequência, a autossuficiência tomou o coração do homem, resultando, por último,
na desobediência (Gen 3:6-7).
Perceba que a sequência da tentação foi basicamente a mesma de qualquer pecado que é cometido
atualmente. Sob esse aspecto, é fácil perceber que o pecado já havia dominado Eva antes mesmo de ela comer o
fruto. Ao estender as mãos em direção ao fruto, com a intenção que havia em seu coração, Eva, naquele momento,
já era uma pecadora. Ao comer o fruto, o pecado foi apenas consumado.
Eva não resistiu a tentação da serpente. Ela comeu do fruto da árvore do conhecimento. Por fim, Eva
também deu do fruto a seu marido (Gen 3:6).. Logo os olhos de Adão e Eva foram abertos e eles se esconderam,
pois descobriram que não estavam vestidos. (Gen 3:7).
Questionado por Deus, o comportamento do primeiro casal caracterizou o típico comportamento do
pecador. Adão tentou colocar a culpa no próprio Deus, e, consequentemente, na mulher, Ele disse: “foi a mulher
que Tu me deste” (Gen 3:12). Eva, por sua vez, jogou a culpa na serpente (Gen3:13). Esse comportamento ainda
continua o mesmo, pois sempre tentamos buscar justificativas para nossos erros. Precisamos aprender que Deus
perdoa pecados e não justificativas

Quando consideramos o princípio da queda e a forma como ela afetou todas as áreas da criação e
contaminando com enfoque errado daquilo que Deus havia proposto, nós entendemos que as pessoas têm uma
natureza pecaminosa, na raiz do seu coração (Gen 3:11). O homem é mau e tudo que origina do seu coração (Sl
14:3 e Rm 3:10), procede de forma pecaminosa. E, isso abrange tudo, todas as suas atitudes, não apenas em erros
individuais, como por exemplo matar, roubar, mentir, ou entre outras coisas dessa natureza, mas também em tudo
o que ela faz, seja no trabalho, no estudo e etc., e que as suas faculdades mentais, seus exercícios intelectuais
podem e são afetados pelo pecado como consequência dessa condição de condenação, aprisionando sua liberdade
que possuía em Deus às inclinações do pecado, tornando-o tanto responsável por ele como vítima de sua sujeira.
Na queda, a forma como você enxerga o homem afeta a forma como você enxerga o mundo.

Por fim, diante desse evento tão triste e em meio às sentenças de Deus em relação à desobediência do
homem, temos notícias de que a Queda não pegou Deus de surpresa. O próprio Deus revelou no episódio da Queda
do Homem que ainda havia esperança; uma esperança decretada por Ele ainda antes da fundação do mundo
(Efésios 1:4) e anunciada em Gênesis 3:15. Ali, o Evangelho foi anunciado pela primeira vez, apontando para o
mistério revelado plenamente no Novo Testamento, onde a antiga serpente feriu o calcanhar do Filho de Deus,
porém teve sua cabeça esmagada, sendo derrotada de forma irreversível.
Sobre isto, o apóstolo Pedro escreveu que a redenção veio pelo “precioso sangue de Cristo, como de um
cordeiro imaculado e incontaminado; o qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação
do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós” (1 Pd 1:19,20).

Agora fica mais fácil percebermos que no versículo 24 do capítulo 3 de Gênesis, a expulsão do homem
do jardim e a proibição à árvore da vida foi, na verdade, uma benção para a humanidade. Isto porque sabemos que
quando nossa vida terrena chegar ao fim, então, finalmente, mais uma vez estaremos com Deus. Portanto, nesse
aspecto a morte é uma providência Divina além do que, apesar da Queda, temos a oportunidade da redenção,
encontrada em Cristo Jesus (Ef 1:7)

A REDENÇÃO

A palavra redenção significa resgate. Jesus pagou o preço da nossa liberação do pecado (Ma 20:28; 1 Tm
2:6). Sua morte foi uma troca por nossa vida. Na verdade, a Bíblia deixa bem claro que redenção só é possível
pelo sangue (Col 1:14). Todavia, as escrituras apontam para o Redentor, no caso Cristo Jesus, muito antes da nova
aliança.
Tudo é sobre Cristo, veja, o próprio Jesus confirmou estar no Antigo Testamento. Em João 5:46, Ele
explicou a alguns líderes religiosos que O haviam desafiado que o Antigo Testamento estava falando sobre Ele:
"Porque, se vocês, de fato, cressem em Moisés, também creriam em mim; pois ele escreveu a meu respeito."
Uma outra ocasião em que Jesus mostrou estar no Antigo Testamento foi no dia da Sua ressurreição. Jesus
estava andando com dois de Seus discípulos e, "começando por Moisés e todos os Profetas, explicou-lhes o que
constava a respeito dele em todas as Escrituras" (Lc 24:27). Mais cedo, antes da Sua crucificação, Jesus havia
apontado para Isaías 53:12 e dito: "Pois eu lhes digo que é preciso que se cumpra em mim o que está escrito: 'Ele
foi contado com os malfeitores.' Pois o que a mim se refere está sendo cumprido" (Lc 22:37)

Existem inúmeros versículos que demonstram isso. De acordo com algumas considerações, mais de 300
profecias do Antigo Testamento apontam para Jesus Cristo e foram cumpridas por Ele em Sua vida na terra. Isso
inclui profecias sobre o Seu nascimento singular (Is 7:14), Seu ministério terrestre (Is 61:1) e até a maneira como
morreria (Sl 22). Jesus chocou o estabelecimento religioso quando Se levantou na sinagoga de Nazaré e leu Isaías
61, concluindo com este comentário: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabam de ouvir" (Lc 4:18–21), isso
sem contar as manifestações em forma de Teofania
Vemos Cristo sendo profetizado por Abraão quando este é provado em entregar seu filho Isaque (Gen
22:8), vemos Cristo sendo profetizado quando Moises levanta a serpente no deserto (Nm 21:4-9), em suma, toda
a bíblia é sobre Cristo e a redenção só é possível nEle.
Na redenção, a forma como você enxerga o evangelho afeta a forma como você age no mundo. Quando
a gente considera a redenção, estamos considerando que diante do caráter universal da queda, o homem precisa de
um salvador, precisa de uma solução para o seu estado de condenação, mas não soluções humanistas, como por
exemplo, praticar filantropia e fazer boas ações – uma vez que por causa da queda, o homem se tornou incapaz de
se achegar a Deus por seus próprios esforços para se libertar do pecado – mas por aquilo que só Jesus Cristo pode
fazer pelo ser humano.
Assim sendo, a Redenção cristã do homem e de toda a criação, só é percebida por meio da revelação
divina, porque é algo que ocorre fora de nós mesmos. Todo ser humano pode até ter uma noção de que o universo
foi criado por um ser superior, ter uma noção de que o ser humano é mau, de que existe um vazio interior, mas
ninguém pode conhecer o caminho cristão de redenção sem que o Pai celestial nos revele. E é exatamente nesse
ponto que o evangelho entra em ação e revela a sua importância salvífica a nós. O homem não tem capacidade de
salvar a si mesmo, essa obra pertence unicamente a Cristo (Rm 3:23-24). A redenção veio até nós, e se chama
Jesus Cristo, o Messias e só Ele pode nos levar a Glorificação

GLORIFICAÇÃO

E, por fim, o futuro, que nós aguardamos esperançosos que é o que nós chamamos de consumação, ou
Glorificação. O local onde depositamos toda a nossa esperança afeta a forma como enxergamos o mundo. A
Glorificação é o pilar que nos dá o equilíbrio necessário entre a vida no mundo agora e a vida no porvir. Entre o
“já” e o “ainda não”.
Existe um Fim – uma conclusão gloriosa para essa história presente. O próprio Jesus se tornou a
confirmação final dessas palavras com a sua própria ressurreição. E sua ressurreição não só́ confirmou as suas
próprias reivindicações e vindicou a sua própria vida no nosso planeta, mas também ditou o começo do fim da
própria morte, e se tornou uma garantia para aqueles que são seus – tanto agora quanto para sempre.
É a esperança que o nosso redentor nos propiciou e agora, aguardamos em esperança e alegria um dia
quando o nosso Senhor virá nos buscar. Para os crentes como está em Rm 8.32 (“E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou3”).
Vemos finalmente a Glorificação de todas as coisas, como o cristão é preparado nesta vida para a vida porvir;
sendo santificado e perseverando em sua peregrinação. Vemos o que acontece após a morte do homem, seja do
justo ou do injusto, sobre o céu e o inferno, o julgamento final, a ressurreição do corpo e a redenção final e
definitiva da criação: novos céus e nova terra – todas essas coisas operando segundo o propósito e decretos de
Deus e para glória dele.
É disso que trata o episódio final (o Apocalipse) - a conclusão que Deus dá à história, quando a sua justiça
põe fim ao grande Antagonista e a todos os que continuam a levar a imagem dele (Ap 20), e quando Deus em amor
restaura a Criação como um novo céu e uma nova terra (Ap 21-22).

3
O grifo é meu
RESUMO DO ENREDO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

Deus criou todas as coisas (Gn 1.1). Fez o ser humano a sua imagem e semelhança (Gn 1.26). O Senhor,
fez uma aliança condicional com Adão no Éden, na qual se ele obedecesse poderia comer da árvore da vida e viver
eternamente, porém, se desobedecesse morreria (Gn 3.22 /Gn 3.3) com todas as implicações dessa morte (física,
espiritual e eterna). Adão e Eva, seduzidos pela serpente (o diabo Ap 12.9), pecaram contra Deus e quebraram a
aliança, sofrendo as consequências da queda (Gn 3.17 / Os 6.7). Por ser Adão, o cabeça federal (um indivíduo que
representa um grupo) da humanidade, toda a sua descendência foi afetada por seu pecado (Rm 5.12). Porém, o
Senhor promete que um descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente e ela lhe feriria o calcanhar (Gn
3.15). Esta é a primeira promessa do evangelho nas Escrituras (protoevangelho), apontando para o sacrifício de
Cristo, aquele que viria para desfazer as obras do diabo (1Jo 3.8). Ele morreu para pagar o preço pelos pecados do
seu povo (Mt 1.21), foi sepultado, mas ao terceiro dia ressuscitou, segundo as Escrituras (1 Co 15.3-4) despojando
todo principado e potestades (Cl 2.15), aplacando a ira de Deus. Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou
consigo mesmo por meio de Cristo (2 Co 5:18).

Ao longo de todo o A.T. a promessa a respeito do descendente da mulher se desenvolve através de


sombras, sinais e tipos que apontavam para Cristo (Lc 24.27 / Cl 2.16-17 / 2 Tm 3.14-15). Após a queda, toda a
criação foi afetada (Rm 8.18), logo percebemos que Caim mata Abel, Lameque também se torna assassino e a
imoralidade se multiplica grandemente na terra (Gn 6). Diante da perversidade do coração humano, o Senhor envia
um dilúvio, porém preserva um remanescente, Noé e sua família. Com Noé, estabelece uma aliança de preservação,
na qual o Senhor não destruiria mais a terra por meio de um dilúvio. Essa garantia traz uma estabilidade física para
o desenvolvimento da promessa e o sinal dela era o arco no céu (Gn 9.12).

É importante notarmos que mesmo após o Dilúvio, a corrupção humana permanece. Notamos, na
sequência, que os homens em direta rebelião a Deus, ao invés de honrá-lo e obedecê-lo, buscam unir-se para
engrandecerem a si mesmos, o que culmina na dispersão destes pela terra após o Senhor confundir a língua que
falavam a ponto de não entenderem uns aos outros (Gn 11.4-9).

No desenrolar da história, o Senhor chamou Abrão (Gn 12), a quem fez promessas que tinham aspectos
físicos e espirituais, aspectos terrenos e aspectos celestiais, aspectos condicionais e aspectos incondicionais (Gn
12 e Gn 17). Os aspectos físicos da aliança abraâmica se cumpririam na nação de Israel, o sinal desta aliança era
a circuncisão física, a terra prometida era Canaã e o desenvolvimento da mesma se dá com sua descendência física
na nação de Israel sob a Antiga Aliança (Leia Gl 4.24-31).

Entretanto, os aspectos espirituais da aliança abraâmica referiam-se a Cristo, o descendente de Abraão


(Leia Gl 3.16) e se cumpririam na Nova Aliança. A circuncisão na Nova Aliança é no coração (regeneração), os
herdeiros dessas promessas são aqueles que creem em Cristo, são aqueles que tem a fé de Abraão (Gl 3.29). O
Senhor, lembrando da aliança que fez com Abraão, resgatou o povo do Egito por meio de Moisés, com quem
também fez uma aliança no Sinai (Ex 20). A antiga aliança (Aliança Sinaítica) tinha aspectos condicionais como
o pacto feito com Adão no Éden (obedeça e viva, desobedeça e morra). É uma aliança nacional, condicional e
temporal, e distinta substancialmente da Nova Aliança (Hb 8). A nação de Israel é constituída nas leis cerimoniais,
civis e morais da Aliança Sinaítica. Ela serve para preservar a linhagem do Messias, aponta para ele através de
suas sombras, sacrifícios e cerimônias, mostra a necessidade de obediência perfeita a lei, de expiação de pecados,
da necessidade de um mediador e serve como aio para conduzir a Cristo (Gl 3.24-25).
Posteriormente, o Senhor fez uma aliança com Davi, e prometeu a este que um descendente seu herdaria
o trono para sempre. Essa promessa também se referia a Jesus Cristo (At 2.25-35). Além disso, os profetas falaram
de uma aliança superior que estava por vir (Jr 31.31-34) e anunciavam a vinda do Messias (Is 53).

Observamos que todo o Antigo Testamento serve como uma promessa, sombra, sinal que apontava para
Cristo (Jo 5.39). Muito embora todos os crentes do A.T. fossem salvos pela fé (Hb 11.1-2) na promessa de Deus
sobre um Messias que ainda viria, o preço pelos pecados desses foi consumado somente na cruz, pois o sacrifício
de Cristo também tinha um efeito retroativo que alcançou até mesmo os crentes do A.T. (Rm 3.25-26). Portanto,
ninguém é salvo por suas próprias obras, mas somente por meio do Filho e de mais nenhum outro.

O sacrifício de Cristo, acontece em cumprimento ao decreto Divino, o eterno acordo que foi feito antes
que houvesse mundo (Jo 17 / Ef 1/ Rm 9), onde o Pai planejou a redenção do seu povo, o Filho executou a obra
expiatória e o Espírito Santo é quem a aplica no coração dos crentes. Cristo é o cordeiro que foi morto desde a
fundação do mundo (Ap 13.8).

Portanto, na plenitude dos tempos, Cristo Jesus veio, nascido sobre a Lei (Gl 4.4), da linhagem de Abraão
e Davi, o Filho de Deus, o Verbo que se fez carne (Jo 1.14), em cumprimento de todas as profecias , para resgatar
a sua igreja, pagar o preço por todos os pecados do seu povo (Mt 1.21), de todos aqueles que n’Ele creem (Jo 3.16).
Cristo Jesus é a substância para quem todas as sombras apontavam, Ele é a revelação superior (Hb 1.1-2). O sinal
de Jonas apontava para a sua ressurreição (Mt 12.39-40), a serpente no deserto para o seu sacrifício (Jo 3. 15), o
maná apontava para o pão da vida (Jo 6), Melquisedeque para o seu sacerdócio real (Hb 7), etc. Ele é o sumo
sacerdote superior, o Rei superior, o Profeta superior (Hb 1.1-4). Ele é o descendente da mulher, o segundo Adão
(Rm 5.19), Como foi nos dias de Noé será em sua segunda vinda, Ele é o descendente de Abraão por meio de
quem todas as nações seriam abençoadas (Gl 3.16), Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29),
Ele é o descendente de Davi que assenta no trono (At 2.25-36). A nova aliança em Cristo Jesus é superior à Antiga.
A lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (Jo 1:17).

A Nova Aliança é incondicional, todos os que fazem parte dela conhecem o Senhor, e tem seus pecados
perdoados, ou seja, essa aliança é um pacto de graça e é feita com os salvos (Hb 8 / Gl 4 / Lc 22.20). A aliança
abraâmica prometeu um pacto da graça, a Aliança Sinaítica mostrou as condições do pacto da graça, mas somente
a Nova Aliança cumpre o pacto da graça. O sangue de bodes e ovelhas não tinha poder para pagar pecados (Hb
9.12), somente o precioso sangue de Cristo Jesus é quem nos redime de todo pecado (1 Pe 1.18-19). A Nova
Aliança é com todos aqueles que foram regenerados, todos os que estão em Cristo, pois, n’Ele, não há judeu nem
grego, Ele é tudo em todos (Gl 3.28). Os gentios convertidos são enxertados na oliveira (Rm 11), fazem parte da
aliança, pois, de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne
desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois
um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as
inimizades (Ef 2:14-16). Portanto a Nova Aliança é com os que crentes, os eleitos, quer judeus, quer gregos que
se rendem a Cristo. A igreja de Deus é composta de judeus e gentios convertidos a Cristo.

Entendemos que o reino de Deus já está entre nós (Lc 17.21 / Mt 3.2), toda autoridade foi dada a Cristo
(Mt 28.18), Ele assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hb 1:3), mas ainda não na sua plenitude, que se dará
na segunda vinda de Cristo e consumação de todas as coisas (Ap 21.1). Esse atual período, chamamos na Teologia
de “já e ainda não”. O período da proclamação do Evangelho por toda a terra (Mt 28.18-19), no qual chamamos
os rebeldes para renderem-se, enquanto há tempo, ao grande Rei que virá. O Senhor Jesus Cristo voltará, descerá
do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o
Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. (1 Ts 4:16,17). E, então, virá o fim, quando ele entregar
o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. (1 Co 15.24).
Na consumação de todas as coisas, Satanás e seus demônios serão lançados no lago de fogo junto com todos os
ímpios para sofrerem eternamente em justa condenação (Ap 20.10) e os justos viverão eternamente com Deus e
serão o seu povo e habitarão em novos céus e nova terra onde habita a justiça (Ap 21.1). Por fim o Deus triúno
reinará absoluto em majestade e glória.

Sendo assim, notamos aqui o enredo bem resumido das Escrituras seguindo a linha: Criação, Queda,
Redenção e Consumação. No final das contas, ou alguém está em Adão, tentando se salvar por suas próprias obras,
ou está em Cristo sendo salvo por meio d’Ele, Cristo é o cabeça federal da igreja. No final das contas, o Senhor
reinará plenamente junto ao seu povo que resgatou por sua maravilhosa graça. Diante disso podemos dizer junto
com Paulo: Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos, e inescrutáveis os seus caminhos! “Quem conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? ”
“Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja
a glória para sempre! Amém (Rm 11:33-36).

“Eu creio no cristianismo tal como creio no Sol. Não porque apenas o vejo, mas porque através dele eu
vejo todas as outras coisas.” C. S. Lewis
BIBLIOGRAFIA

Carson, Donald A., Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática (São Paulo, Edições Vida Nova, 2001)

Hasel, Gerhard - “Biblical Theology: Then, Now, and Tomorrow,” - Horizons of Biblical Theology 4 (1982)

Carson, D.A – “Teologia Bíblica ou Teologia Sistemática? - Unidade e diversidade do Novo Testamento”, - Ed

Vida Nova (2008)

Bíblia Sagrada NAA – Nova Almeida Atualizada – 2020 - SBB

WEBSITES

https://pt.9marks.org/artigo/uma-introducao-a-pregacao-e-a-teologia-biblica/

https://ministeriofiel.com.br/artigos/uma-introducao-a-pregacao-e-a-teologia-biblica-parte-2/

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