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LIVROS POÉTICOS
Introdução
Capítulo 1
O Livro de Jó
1.1. Esboço do Livro
1.2. Introdutivo do livro de Jó
1.3. A Historicidade do Livro
1.4. O Texto
1.5. A Unidade do Texto
1.6. Autoria
1.7. Data da Composição
1.8. Lugar no Cânon
1.9. Lugar, conteúdo e valor
1.10. O livro de Jó lida com a pergunta dos séculos
1.11. O livro de Jó e seu cumprimento no Novo Testamento
1.12. A Contribuição Teológica
1.13. Pontos Salientes
Capítulo 2
O Livro dos Salmos
2.1. Esboço do Livro
2.2. Abordagem introdutória
2.3. Estrutura do Livro
2.4. Os Títulos
2.5. Classificação dos Salmos
2.6. A Data dos Salmos
2.7. Compilação
2.8. Uso litúrgico
2.9. Interpretação
2.10. Contribuições para a Teologia Bíblica
2.11. Pontos Salientes
Capítulo 3
O Livro de Provérbios
3.1. Esboço do Livro
3.2. Preliminares
3.3. Autoria
3.4. Data
3.5. Definição e Forma literária
3.6. Provérbios e o Restante da Literatura Sapiencial
FEST- Filemom Escola Superior de Teologia
Livros Poéticos
Pr. Mateus Duarte Página 2
3.7. Mensagem Relevante
3.8. Forma e conteúdo
3.9. O uso do livro de Provérbios
3.10. Texto e versões
3.11. Características Especiais
3.12. Ponto Saliente
Capítulo 4
O Livro de Eclesiastes
4.1. Esboço do Livro
4.2. Importância e Título
4.3. Autoria
4.4. Interpretação
4.5. Organização
4.6. Estilo
4.7. Características Literárias
4.8. Contribuições para a Teologia Bíblica
4.9. A Preparação para o Evangelho
4.10. Propósito do Livro
4.11. Visão Panorâmica
4.12. O Livro de Eclesiastes ante o Novo Testamento
4.13. Pontos salientes
Capítulo 5
O Livro de Cantares
5.1. Esboço do Livro
5.2. Preliminares
5.3. Propósito
5.4. Forma Literária
5.5. Sugestões de Interpretação
5.6. Autoria do livro
5.7. Data do livro
5.8. Características Especiais
“Quando Israel saiu do Egito, e a casa de Jacó do meio dum povo bárbaro, Judá
ficou sendo o santuário de Deus, e Israel o seu domínio" (Sl 114.1-2).
"Um filho sábio é a alegria de seu pai, porém um filho insensato é a tristeza de
sua mãe" (Pv 10.1).
"Com a minha voz clamei ao Senhor, e ele ouviu-me do seu santo monte" (Sl
3.4).
O citado Pv 10.1 quer significar que o filho sábio é a glória dos pais, ao passo
que o insensato causa-lhes tristeza.
Quando o autor do Salmo 65.9-13 apresenta o que Deus está fazendo com a
terra que criou, o faz em termos de uma ardente sensação num dia quente de
primavera. Não há resultado mais trágico do que a interpretação de uma
passagem poética por um teólogo prosaico. Nunca tiveram melhor aplicação no
caso, as palavras de Paulo: "... a letra mata, mas o Espírito vivifica..." (2Co 3.6).
"0 poeta deve ter a liberdade de dizer as coisas da maneira que quiser e, muitas
vezes, lida com sentimentos e aspirações que se perdem no realismo
da linguagem. Como Jacó, que lutou com um anjo. Isto deve ser lido com
simpatia espiritual e cooperação. Suas palavras simples não devem ser
consideradas como cortesias etimológicas, nem suas afirmativas isoladas
como fórmulas teológicas.
O Livro de Jó
Esses e outros fatores têm levado à opinião geral de que a narrativa básica do
livro é uma história antiga de um homem real que sofreu imensamente.
Um autor anônimo usou esse material para discutir o significado do
sofrimento humano e o relacionamento de Deus com ele. Esse autor realizou
um trabalho esplêndido.
1.4. O Texto
1.6. Autoria
A presença do livro no cânon não tem sido debatida, mas sim sua localização
dentro dele. Nas tradições hebraicas, Salmos, Jó e Provérbios estão quase
sempre ligados, com Salmos em primeiro, e uma variação na ordem de Jó e
Provérbios. As versões gregas diferem muito na colocação de Jó -um texto o
coloca no final do Antigo Testamento, depois de Eclesiastes. As traduções
latinas estabeleceram uma ordem que foi seguida por nossas tradições: Jó,
Salmos, Provérbios. Por causa do suposto ambiente patriarcal da história e da
crença de que Moisés seria seu autor, a Bíblia siríaca o insere entre o
Pentateuco e Josué. A incerteza quanto à data e ao gênero literário respondem
por essas diferenças de localização.
Embora o nome do autor nunca venha a ser conhecido por nós, algumas
qualidades desse homem podem ser determinadas por meio do livro que ele
escreveu. Quem quer que ele tenha sido, foi uma das maiores figuras literárias
do mundo. Qualquer lista de grandes obras-primas na área da literatura
certamente incluirão livro de Jó. Na verdade, muitos a colocariam no topo da
lista. Alfred Tennyson descreveu o livro de Jó como o maior poema dos tempos
antigos e modernos e Thomas Carlyle disse que não existe nada dentro ou fora
da Bíblia com o mesmo valor literário.
Não se sabe se o autor era israelita, embora esse ponto seja debatido. Aqueles
que acreditam não ser ele judeu apontam para o fato de que o nome do Deus de
Israel, Javé, é raramente mencionado, exceto no prólogo e epílogo em prosa,
enquanto que nos diálogos, em forma de poesia, são usados termos que eram
de uso comum entre os povos vizinhos que circundavam Israel. Além disso,
destaca-se o fato de que no livro não se encontra nenhuma instituição ou
costume caracteristicamente judaicos e que o cenário da história é Uz, uma terra
do Oriente (1.3). (BEACON, 2005, p. 24).
Por outro lado, aqueles que entendem que o autor é israelita apontam para o
fato de que a história é preservada e canonizada na literatura sagrada de
Israel. Além disso, embora a literatura da "sabedoria" fosse comum nos tempos
antigos em todo o Oriente Próximo, as idéias teológicas do livro de Jó se
enquadram melhor no pano de fundo e quadro de referência bíblico do que em
qualquer outro lugar.
Esse tipo de consideração faz com que muitos estudiosos acreditem que o
prólogo (1.1-3.1) e o epílogo (42.7-16), nos quais aparece essa informação,
reflitam um registro mais antigo que serviu de base para o diálogo poético que
foi escrito bem mais tarde.
Como já firmamos acima, pensa-se que a “terra de Uz” (Jó 1.1), ficava ao longo
dos limites da Palestina com a Arábia, estendendo-se de Edom, pelo Norte e
Leste, ao rio Eufrates, e ladeando a rota de caravanas entre a Babilônia e o Egito.
O distrito da terra Uz, que a tradição tem dado como pátria de Jó era Haurã,
região ao leste do mar da Galiléia, conhecida pela fertilidade do solo e seus
cereais, que já foi densamente povoada, hoje pontilhada de ruínas de 300
cidades.
(b) Deus lida com situações demais elevadas para a plena compreensão da
mente humana (Jó 37.5). Nesses casos, não vemos as coisas com a amplitude
que Deus vê e precisamos da sua graciosa autorevelação (Jó
38—41).
Todos os livros da Bíblia devem ser estudados como um todo, com suas partes
vistas em relação ao propósito geral do autor. Isso merece atenção
especial em Jó. Suas partes não devem ser arrancadas do todo, e suas
ênfases principais não devem ser cristalizados em princípios rígidos nem
calibrados em proposições estreitas.
Assim como toda a Escritura, o autor de Jó retrata um Deus não obrigado pelos
interesses humanos nem limitado pelos conceitos humanos a seu respeito. O
que Deus faz brota livremente da própria vontade dele. Não há diretrizes a que
precise conformar-se. Ele optou por criar e manter o universo, optou por
inaugurar e governar a marcha da história. Deus pode agir de acordo com a
ordem e o padrão anunciado em Deuteronômio e Provérbios ou
transcender esses limites em Jó. Uma lição nisso é que as pessoas só
encontram a liberdade à medida que reconhecem a liberdade divina. Nada é
mais frustrante
e limitador que estabelecer regras para Deus e depois ficar querendo saber por
que ele não obedece a elas.
O livro faz isso preparando o leitor para aceitar a liberdade divina. Jó esmaga os
ídolos da mente das pessoas e deixa um quadro realista de Deus. A visão do
Deus livre abre as pessoas para propósitos misteriosos, para alvos justos no
sofrimento por ele permitido. Deus é visto como alguém poderoso, mas
não mesquinho; vitorioso, mas não vingativo. O leitor pode crer que Deus trará
o bem por meio do sofrimento, mesmo que o justo odeie cada fração da dor.
Jó não sofreu em silêncio, mas discutiu com seus amigos e reclamou com
Deus. No fim, Deus rechaçou essas reclamações, mas não julgou Jó por elas.
Independentemente do que possa estar incluído num relacionamento
bíblico com Deus, com certeza há espaço para uma confiança em Deus
construída com honestidade e para a segurança de seu amor. Alguns dos
mais nobres personagens da Bíblia -Jeremias, os salmistas, Habacuque e até
Uma última lição sobre como lidar com o sofrimento vem do senso de lealdade
a Deus demonstrado por Jó. A consciência de Jó estava limpa. Sua dor, ainda
que lancinante, não era agravada pelo peso da culpa. “A rebelião aberta,
a deslealdade flagrante e a recusa do perdão podem, todas, tornar insuportável
o sofrimento de qualquer pessoa. À dor, elas acrescentam o medo da culpa. Mas
Jó sabia que seu compromisso com Deus estava íntegro e confiou nesse
compromisso como sustentação até a morte e depois dela” (19.23-29).
(STEELY, 1980, p. 245).
"Observaste o meu servo Jó?" (1.8; 2.3) é uma pergunta que serve para todos.
Tiago usou Jó como exemplo dos que aprendem a felicidade na escola do
sofrimento: "Eis que temos por felizes os que perseveram firmes. Tendes
ouvido da perseverança de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o
Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo" (Tg 5.11). “Haveria
resumo melhor da mensagem do livro -um sofredor perseverante mantido nos
braços de um Deus determinado e compassivo?” (LASOR, 1999, p. 541).
A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições,
dores e sofrimentos nesta vida (At 28.16). Na realidade, Jesus ensinou que tais
coisas poderão acontecer ao crente (Jo 16.1-4,33; 2Tm 3.12). A Bíblia contém
numerosos exemplos de santos que passaram por grandes sofrimentos,
por diversas razões e.g., José, Davi, Jó, Jeremias e Paulo.
1.13.1. Por que os crentes sofrem? São diversas as razões por que os crentes
sofrem.
Certos crentes sofrem pela mesma razão que os descrentes sofrem, i.e.,
conseqüência de seus próprios atos. A lei bíblica “Tudo o que o homem
semear, isso também ceifará” (Gl 6.7) aplica-se a todos de modo geral. Se
guiarmos com imprudência o nosso automóvel, poderemos sofrer graves
danos. Se não formos comedidos em nossos hábitos alimentares, certamente
vamos ter graves problemas de saúde. É nosso dever sempre proceder com
sabedoria e de acordo com a Palavra de Deus e evitar tudo o que nos privaria
do cuidado providente de Deus.
O crente também sofre, pelo menos no seu espírito, por habitar num
mundo pecaminoso e corrompido. Por toda parte ao nosso redor estão os
efeitos do pecado. Sentimos aflição e angústia ao vermos o domínio da
iniqüidade sobre tantas vidas (Ez 9.4; At 17.16; 2Pe 2.8). É nosso dever orar a
Deus para que Ele suplante vitoriosamente o poder do pecado.
1.13.2. Os crentes enfrentam ataques do diabo
(a) As Escrituras claramente mostram que Satanás, como “o deus deste século”
(2Co 4.4), controla o presente século mau (1Jo 5.19; Gl 1.4; Hb
2.14). Ele recebe permissão para afligir crentes de várias maneiras (1Pe
5.8,9). Jó, um homem reto e temente a Deus, foi atormentado por Satanás por
permissão de Deus (ver principalmente Jó 1—2). Jesus afirmou que
uma das mulheres por Ele curada estava presa por Satanás há dezoito anos (cf.
Lc 13.11,16). Paulo reconhecia que o seu espinho na carne era “um mensageiro
de Satanás, para me esbofetear” (2Co 12.7). Na medida
em que travamos guerra espiritual contra “os príncipes das trevas deste
século” (Ef 6.12), é inevitável a ocorrência de adversidades. Por isso, Deus nos
proveu de armadura espiritual (Ef 6.10-18; 6.11) e armas espirituais
(2Co 10.3-6). É nosso dever revestir-nos de toda armadura de Deus e orar
(Ef 6.10-18), decididos a permanecer fiéis ao Senhor, segundo a força que
Ele nos dá.
(b) Deus, às vezes, usa o sofrimento para testar a nossa fé, para ver se
permanecemos fiéis a Ele. A Bíblia diz que as provações que enfrentamos são “a
prova da vossa fé” (Tg 1.3; 1.2); elas são um meio de aperfeiçoamento da nossa
fé em Cristo (Dt 8.3; 1Pe 1.7). É nosso dever reconhecer que uma fé autêntica
resultará em “louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.7).
(c) Deus emprega o sofrimento, não somente para fortalecer a nossa fé, mas
também para nos ajudar no desenvolvimento do caráter cristão e da retidão.
Segundo vemos nas cartas de Paulo e Tiago, Deus quer que
aprendamos a ser pacientes mediante o sofrimento (Rm 5.3-5; Tg 1.3). No
sofrimento, aprendemos a depender menos de nós mesmos e mais de
Deus e da sua graça (Rm 5.3; 2Co 12.9). É nosso dever estar afinados com aquilo
que Deus quer que aprendamos através do sofrimento.
Finalmente, Deus pode usar, e usa mesmo, o sofrimento dos justos para
propagar o seu reino e seu plano redentor. Por exemplo: toda injustiça por que
José passou nas mãos dos seus irmãos e dos egípcios faziam parte do plano de
Deus “para conservar vossa sucessão na terra e para guardar-vos em vida por
um grande livramento”. O principal exemplo, aqui, é o sofrimento de Cristo,
“o Santo e o Justo” (At 3.14), que experimentou perseguição, agonia e morte
para que o plano divino da salvação fosse plenamente cumprido. Isso não
exime da iniqüidade aqueles que o crucificaram (At 2.23), mas indica,
sim, como Deus pode usar o sofrimento dos justos pelos pecadores, para
seus próprios propósitos e sua própria glória.
O primeiro fato a ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofrer. Satanás
é o deus deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade
permissiva de Deus (cf. 1—2). Deus promete na sua Palavra que Ele não
permitirá sermos tentados além do que podemos suportar (1Co 10.13).
Além disso, Deus promete que ficará conosco na hora da dor; que andará
conosco “pelo vale da sombra da morte” (Sl 23.4; cf. Is 43.2).
Se você está sob provações e aflições, que deve fazer para triunfar sobre tal
situação?
Primeiro: examinar as várias razões por que o ser humano sofre (ver seção 1,
supra) e ver em que sentido o sofrimento concerne a você. Uma
vez identificada a razão específica, você deve proceder conforme o contido em
“É nosso dever”.
Recorra a Deus em oração sincera e busque a sua face. Espere nEle até que
liberte você da sua aflição (Sl 27.8-14; 40.1-3; 130).
Confie que Deus lhe dará a graça para suportar a aflição até chegar o
livramento (1Co 10.13; 2Co 12.7-10). Convém lembrar de que sempre “somos
mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37; Jo 16.33). A fé
cristã não consiste na remoção de fraquezas e sofrimento, mas na
manifestação do poder divino através da fraqueza humana (2Co 4.7).
B. A Morte
Jó19.25,26: “Eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre
a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a
Deus.”
Todo ser humano, tanto crente quanto incrédulo, está sujeito à morte. A palavra
“morte” tem, porém, mais de um sentido na Bíblia. É importante para
o crente compreender os vários sentidos do termo morte.
Gênesis 2—3 ensina que a morte penetrou no mundo por causa do pecado.
Nossos primeiros pais foram criados capazes de viverem para sempre. Ao
desobedecerem o mandamento de Deus, tornaram-se sujeitos à penalidade do
pecado, que é a morte.
Adão e Eva ficaram agora sujeitos à morte física. Deus colocara a árvore da vida
no jardim do Éden para que, ao comer continuamente dela, o ser humano nunca
morresse (Gn 2.9). Mas, depois de Adão e Eva comerem do fruto da
árvore do bem e do mal, Deus pronunciou estas palavras: “és pó e em pó te
tornarás” (Gn 3.19). Eles não morreram fisicamente no dia em que comeram,
mas ficaram sujeitos à lei da morte como resultado da maldição divina.
(e) Os salvos nos céu, até o dia da ressurreição do corpo, não são espíritos
incorpóreos e invisíveis, mas seres dotados de uma forma corpórea celestial
temporária (Lc 9.30-32; 2Co 5.1-4).
(g) Os crentes que passam para o céu continuam a almejar que os propósitos
de Deus na terra se cumpram (Ap 6.9-11).
Também é provável que o livro de Salmos atual seja, na verdade, uma coleção
de coleções. Isto se observa tanto na natureza como no agrupamento de títulos
e na afirmação em 72.20: "Findam aqui as orações de Davi, filho de Jessé". Um
exame nos títulos dos salmos no Livro I revela que todos eles são creditados a
Davi com exceção de 1; 2; 10 e 33. O Livro I foi provavelmente o primeiro
saltério oficial. Este livro usa livremente o nome da aliança para Deus,
o termo hebraico Yahweh, traduzido por "Javé" na ASV e "SENHOR" na ARC e
ARA e impresso em versalete (ou seja, letra que tem a mesma forma das
maiúsculas escrita no tamanho das minúsculas).
Os salmos nos últimos dois livros em sua maioria não têm descrição, embora
um dos títulos atribua o Salmo 90 a Moisés; quinze salmos desse grupo são
atribuídos a Davi, um a Salomão (127) e o Salmo 96 e parte do Salmo 105 a Davi
conforme 1Crônicas 16.7-33. Existem três agrupamentos discerníveis de salmos
no Livro IV. Os Salmos 90-99 formam um grupo de dez salmos sabáticos,
e o Salmo 100 é o salmo tradicional para o dia da semana. “Os Salmos
103-104 são os dois Salmos de Bênção e Adoração, que têm como base o
refrão: ‘Bendize, ó minha alma, ao Senhor! ’. Os Salmos 105-106
constituem dois Salmos de Aleluia” (SNAITH, op. cit, p. 14).
No Livro V temos dois grupos davídicos, 108-110 e 138-145, além de dois outros
salmos também atribuídos a Davi (112; 133). Os Salmos 113-118 são conhecidos
como o HalIel egípcio (referindo-se ao Êxodo no Salmo 114). O "HalIel" é um
cântico de louvor. Hallelu-Yah ("aleluia!") no original hebraico significa "Louvai
ao Senhor". O HalIel egípcio é tradicionalmente usado em conexão com a
comemoração da Páscoa. Os Salmos 120-134, "Cânticos dos Degraus" ou
"Cânticos da Subida", são um grupo de cânticos de peregrinos comemorando o
retorno do exílio e usados pelos devotos na sua peregrinação anual a Jerusalém.
Estes quinze salmos formam um saltério em miniatura, divididos em cinco
grupos de três salmos cada. Os Salmos 146150 são conhecidos como o Grande
HalIel. Cada um desses cinco salmos inicia e
termina com a palavra hebraica Hallelu-Yah, que significa: "Louvai ao Senhor".
2.4. Os Títulos
Sabe-se que os títulos atribuídos a cerca de cem Salmos são de data anterior à
Septuaginta e merecem ser tratados com respeito por causa da antigüidade da
sua origem. O hebraico pode significar "de", "para", "pertencendo a", isto
é, "aparentado com".
Ao todo, cerca de dois terços dos salmos têm títulos, que geralmente vêm
impressos na tradução portuguesa acima do primeiro versículo. Embora os
títulos não tenham feito parte do texto original do salmo, são muito antigos. Os
tradutores da Septuaginta, ou versão grega da Bíblia Hebraica,
(b) Salmos Reais e Messiânicos: 2; 16; 22; 40; 45; 68; 72; 89; 101; 110;
144.
(c) Cânticos de Lamentação, Individual e Nacional: 3-5; 7; 11; 13; 17; 2628;
31; 39; 41-44; 54-57; 59-64; 70; 71; 74; 77; 79; 80; 86; 88; 90; 140
142.
(e) Salmos de Devoção, Adoração, Louvor e Ações de graça: 8; 18; 23; 29;
30; 33; 46-48; 65-67; 75; 76; 81; 85; 87; 91; 93; 103-108; 135; 136; 138;
139; 145-150.
(f) Salmos Litúrgicos: 15; 20; 21; 24; 84; 95-100; 113-118; 120-134.
(g) Salmos Imprecatórios: 35; 58; 69; 83; 109; 137.
O reino de Deus não vem somente por meio da graça, mas também por meio
do julgamento; o suplicante do Antigo bem como do Novo
Testamento anela pela vinda do reino de Deus (veja 9.21; 59.14 etc.); e
nos Salmos cada imprecação de julgamento sobre aqueles que se colocam contra
a vinda desse reino é feita com base na suposição da sua persistente
impenitência (7.13ss; 109.17). (Op. cit., p. 99).
2.7. Compilação
A base do Saltério parece ser constituída por uma coleção dos hinos davídicos.
Davi esteve tradicionalmente associado com o culto organizado (1Cr 15-16) e
os seus dons excepcionais combinaram-se com a sua notável experiência
espiritual. O grupo principal pareceria ser Sl 51-72, mas há outros grupos
davídicos, nomeadamente, 2-41 (omitindo o 33), 108-110 e 137-145. Talvez nem
todos estes sejam atribuíveis a Davi, mas a sua composição marca
o estilo e constitui o núcleo. É presumível que tenha havido mais do que um
centro onde os hinos hebraicos foram colecionados, do mesmo modo que
houve mais do que uma "escola de profetas". Durante os séculos em que estes
grupos se fundiram, algumas repetições foram aceitas. Estas continham
habitualmente variantes, em que aparecia a palavra Eloim para o nome de
Deus, de hinos que se referiam a Deus como Jeová, mas havia ainda outras
diferenças ligeiras (2Sm 22 e Sl 18). Os principais salmos duplicados são o Sl
14 e o Sl 53; o 40.13-17 e o Sl 70.
Outra questão sobre que há grande diferença de opiniões é até que ponto os
Salmos se conservam ainda na sua composição pessoal original e até que ponto
foram compostos para uso no culto público? Alguns Salmos são tão íntimos e
pessoais como o amor e a morte (por exemplo, 22; 51; 139), mas foram mais
tarde adaptados para uso nos serviços do templo. Um exemplo interessante
disto acha-se no fim do Sl 51. Muitos Salmos, porém, foram compostos, sem
dúvida, para uso em cultos coletivos (por exemplo, 67; 115), e alguns dos
poemas hebraicos mais antigos eram deste caráter, como os
Cânticos de Miriã e Débora (Êx 15.20 e seguinte e Jz 5). Deve notar-se também
que Salmos em que aparece o pronome "EU" podem não ter sido
originalmente pessoais. A sociedade hebraica encontrava-se de tal modo unida
que o indivíduo podia identificar-se com o grupo a que pertencia e o povo,
como um todo, podia ser considerado como uma personalidade coletiva. Eis
por que muitos Salmos, que parecem ser pessoais, podem entender-se como
expressões de uma comunidade unificada por alguma experiência geral e
falando por meio de uma pessoa representativa.
2.9. Interpretação
Os salmos são de fato respostas dos sacerdotes e do povo diante dos atos de
livramento e de revelação de Deus na história deles. São revelação e também
A. O louvor a Deus
Sl 9.1,2 “Eu te louvarei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as tuas
maravilhas. Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu
nome, ó Altíssimo.”
O chamado para louvar a Deus também ecoa por todo o Novo Testamento. O
próprio Jesus louvou a seu Pai celestial (Mt 11.25; Lc 10.21). Paulo espera que
todas as nações louvem a Deus (Rm 15.9-11; Ef 1.3,6,12) e Tiago nos
conclama a louvar ao Senhor (Tg 3.9; 5.13). E, no fim, o quadro vislumbrado no
Apocalipse é o de uma vasta multidão de santos e anjos, louvando a
Deus continuamente (Ap 4.9-11; 5.8-14; 7.9-12; 11.16-18).
Finalmente, o crente que vive a sua vida para a glória de Deus está a louvar ao
Senhor. Jesus nos relembra que quando o crente faz brilhar a sua luz, o povo vê
as suas boas obras e glorifica e louva a Deus (Mt 5.16; Jo 15.8). De modo
semelhante, Paulo também mostra que uma vida cheia de frutos da
justiça louva a Deus (Fp 1.11).
Por que o povo louva ao Senhor? Uma das evidentes razões vem do
esplendor, glória e majestade do nosso Deus, aquele que criou os céus e
a terra (96.4-6; 145.3; 148.13), aquele a quem devemos exaltar na sua santidade
(99.3; Is 6.3). A nossa experiência dos atos poderosos de Deus, especialmente
dos seus atos de salvação e de redenção, é uma razão extraordinária para
louvarmos ao seu nome (96.1-3; 106.1,2; 148.14; 150.2; Lc 1.68-75; 2.14, 20); deste
modo, louvamos a Deus pela sua misericórdia, graça e amor imutáveis (57.9, 10;
89.1,2; 117; 145.8-10; Ef 1.6).
Sl 33.18,19 “Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os
que esperam na sua misericórdia, para livrar a sua alma da morte e para
conservá-los vivos na fome.”
2.11.4. A esperança bíblica do crente
A esperança, pela sua própria natureza, diz respeito ao futuro (cf. Rm 8.24,25).
Porém, ela abrange muito mais do que uma simples vontade ou anseio
por algo futuro. Esta esperança consiste numa certeza na alma, i.e., uma
firme confiança sobre as coisas futuras, porque tais coisas decorrem da
revelação e das promessas de Deus. Noutras palavras, a esperança bíblica do
crente está intimamente vinculada a uma fé firme (Rm 15.13; Hb 11.1) e a
uma sólida confiança em Deus (Sl 33.21,22). O salmista expressa
claramente este fato mediante um paralelo entre “confiança” e “esperança”:
“Não confieis em príncipes nem em filhos de homens, em quem não há
salvação. Bem- aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e
cuja esperança está posta no SENHOR, seu Deus” (Sl 146.3,5; cf. Jr 17.7). Por
conseguinte, a esperança firme do crente é uma esperança que “não traz
confusão” (Rm 5.5; cf. Sl 22.4,5; Is 49.23); a esperança, portanto, é uma
âncora para o crente através da vida (Hb 6.19,20).
As Escrituras revelam como Deus sempre foi fiel, no passado, ao seu povo. O
Salmo 22, por exemplo, revela a luta de Davi numa situação pessoal
Temos esperança de que chegará o dia em que nossas tribulações cessarão aqui
na terra, quando esta não estará mais sujeita à corrupção, e terá lugar a
redenção (ressurreição) do nosso corpo (Rm 8.18-25; cf. Sl 16.9,10; 2Pe 3.12;
Temos a esperança de uma casa eterna nos novos céus (2Co 5.1-5; 2Pe 3.13; Jo
14.2), naquela cidade cujo arquiteto e edificador é Deus (Hb 11.10).
Temos a esperança de receber a coroa da justiça (2Tm 4.8), de glória (1Pe 5.4)
e da vida (Ap 2.10). Finalmente, temos a esperança da vida eterna (Tt 1.2; 3.7);
da vida garantida a todos que confiam no Senhor Jesus Cristo e o obedecem (Jo
3.16,36; 6.47; 1Jo 5.11-13). Com promessas tão grandes reservadas àqueles
que esperam em Deus e no seu Filho Jesus, Pedro nos conclama: “estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15).
C. Os Atributos de Deus
Sl 139.7,8 “Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?
Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu
ali estás também.”
A Bíblia não procura comprovar que Deus existe. Em vez disso, ela declara a
sua existência e apresenta numerosos atributos seus. Muitos desses atributos
são exclusivos dEle, como Deus; outros existem em parte no ser humano, pelo
fato de ter sido criado à imagem de Deus.
Deus é onisciente — i.e., Ele sabe todas as coisas (Sl 139.1-6; 147.5). Ele
conhece, não somente nosso procedimento, mas também nossos próprios
pensamentos (1Sm 16.7; 1Rs 8.39; Sl 44.21; Jr 17.9,10). Quando a Bíblia fala da
presciência de Deus (Is 42.9; At 2.23; 1Pe 1.2), significa que Ele conhece com
precisão a condição de todas as coisas e de todos os acontecimentos
exeqüíveis, reais, possíveis, futuros, passados ou predestinados (1Sm 23.10-
13; Jr 38.17-20). A presciência de Deus não subentende determinismo
filosófico. Deus é plenamente soberano para tomar decisões e alterar seus
Deus é imutável — i.e., Ele é inalterável nos seus atributos, nas suas
perfeições e nos seus propósitos para a raça humana (Nm 23.19; Sl 102.2628;
Is 41.4; Ml 3.6; Hb 1.11,12; Tg 1.17). Isso não significa, porém, que Deus
nunca altere seus propósitos temporários ante o proceder humano. Ele pode,
por exemplo, alterar suas decisões de castigo por causa do
arrependimento sincero dos pecadores (Jn 3.6-10). Além disso, Ele é livre
para atender as necessidades do ser humano e às orações do seu povo.
Em vários casos a Bíblia fala de Deus mudando uma decisão como
resultado das orações
perseverantes dos justos (Nm 14.1-20; 2Rs 20.2-6; Is 38.2-6; Lc 18.1-8).
Deus é bom (Sl 25.8; 106.1; Mc 10.18). Tudo quanto Deus criou originalmente
era bom, era uma extensão da sua própria natureza
(Gn1.4,10,12,18,21,25,31). Ele continua sendo bom para sua criação, ao sustentá-
la, para o bem de todas as suas criaturas (Sl 104.10-28; 145.9); Ele cuida até dos
ímpios (Mt 5.45; At 14.17). Deus é bom, principalmente para os seus, que
o invocam em verdade (Sl 145.18-20).
Deus é misericordioso e clemente (Êx 34.6; Dt 4.31; 2Cr 30.9; Sl 103.8; 145.8;
Jl 2.13); Ele não extermina o ser humano conforme merecemos devido aos
nossos pecados (Sl 103.10), mas nos outorga o seu perdão como dom gratuito
a ser recebido pela fé em Jesus Cristo.
Deus é a verdade (Dt 32.4; Sl 31.5; Is 65.16; Jo 3.33). Jesus chamou-se a si mesmo
“a verdade” (Jo 14.6), e o Espírito é chamado o “Espírito da verdade” (Jo 14.17;
cf. 1Jo 5.6). Porque Deus é absolutamente fidedigno e verdadeiro em tudo
quanto diz e faz, a sua Palavra também é chamada a verdade (2Sm
7.28; Sl 119.43; Is 45.19; Jo 17.17). Em harmonia com este fato, a Bíblia deixa
claro que Deus não tolera a mentira nem falsidade alguma (Nm 23.19; Tt 1.2; Hb
6.18).
Deus é fiel (Êx 34.6; Dt 7.9; Is 49.7; Lm 3.23; Hb 10.23). Deus fará aquilo que Ele
tem revelado na sua Palavra; Ele cumprirá tanto as suas promessas,
quanto as suas advertências (Nm 14.32-35; 2Sm 7.28; Jó 34.12; At
13.23,32,33; 2Tm 2.13). A fidelidade de Deus é de consolo inexprimível para
o crente, e grande medo de condenação para todos aqueles que não se
arrependerem nem crerem no Senhor Jesus (Hb 6.4-8; 10.26-31).
Finalmente, Deus é justo (Dt 32.4; 1Jo 1.9). Ser justo significa que Deus
mantém a ordem moral do universo, é reto e sem pecado na sua maneira de
O Livro de Provérbios
3.2. Preliminares
3.3. Autoria
3.3.1. Salomão
3.3.2. Os sábios
As nações do oriente antigo tinham os seus "sábios", cujas funções iam desde
a política do estado até a educação. (Quanto ao Egito, cf., por exemplo, Gn
41.8; quanto a Edom, cf. Ob 8). Em Israel, onde era reconhecido que "o temor
3.4. Data
Porém, os provérbios deste livro não são tanto máximas populares como
a destilação da sabedoria de mestres que conheciam a lei de Deus e estavam
aplicando seus princípios a todos os aspectos da vida. O título do livro,
na Septuaginta -Paroimiai -que pode ser latinizado para obter dicta, dá uma boa
idéia de seu conteúdo. São palavras pelo caminho para os caminhantes que
estão buscando palmilhar pelo caminho da santidade.
Há ampla evidência que nosso Senhor, estando na terra, amava esse livro. De
vez em quando encontramos um eco de sua linguagem em Seu próprio ensino:
por exemplo, em Suas palavras acerca daqueles que procuram os
principais assentos (cf. Pv 25.6-7), ou à parábola dos homens sábio e insensato e
suas casas (cf. Pv 14.11), ou a parábola do rico insensato (cf. Pv 27.1). A
Nicodemos Ele revelou a resposta da pergunta apresentada por Agur, filho de
Jaque (cf. Pv 30.4 com Jo 3.13). E Ele relembra aqueles que, à semelhança dos
"insensatos" sem discriminação do livro de Provérbios, não reconhecem a Ele ou
à Sua mensagem de que "a sabedoria é justificada por seus filhos" (Mt
11.19).
Sua sabedoria prática, seus preceitos santos, e seus princípios básicos para a
vida são expressos em declarações breves e convincentes, de fácil
memorização e recordação pela juventude como diretrizes para a vida.
A. O Coração
Pv 4.23 “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as saídas da vida.”
Muitos outros fatos espirituais têm lugar no coração da pessoa regenerada. Ela
louva a Deus de todo o coração (Sl 9.1), medita no coração (Sl 19.14), clama a
Deus do coração (Sl 84.2), busca a Deus de todo o coração (Sl 119.2, 10),
oculta a Palavra de Deus no seu coração (Sl 119.11; Dt 6.6), confia no Senhor de
todo o coração (3.5), experimenta o amor de Deus derramado em seu
coração (Rm 5.5) e canta a Deus no seu coração (Ef 5.19; Cl 3.16).
O Livro de Eclesiastes
Título (1.1)
Poucos escritos bíblicos têm provocado gama tão grande de opiniões com
respeito ao significado como Eclesiastes. Tentar determinar o centro de
4.3. Autoria
Por um lado, depois de Lutero ter negado a autoria salomônica, a maioria dos
eruditos da Bíblia negaram-na. Eis as principais razões:
(a) As condições históricas não parecem ser da época de Salomão. (b) O nome
de Salomão não aparece no livro, como no Livro de
Provérbios e Cantares.
Por outro lado, muitos eruditos conservadores sustentam que Salomão foi
o autor pelas seguintes razões:
4.4. Interpretação
O livro de fato apresenta oscilações entre confiança e pessimismo. Mas elas não
precisam nos instigar a abandonar a convicção na unidade e integridade de
Eclesiastes. Tais oscilações não seriam uma conseqüência natural da luta entre a
fé, por um lado, e os interesses pelos assuntos mundanos, por outro, tanto no
coração do próprio Salomão como na vida centrada na terra que o livro
retrata? Barton escreve: "Quando um homem contemporâneo percebe
quantos conceitos diferentes e estados de humor ele pode ter, descobre menos
autores em um livro como Koheleth" (1908, p. 162).
Se este livro representa a luta de uma alma com dúvidas sombrias, também
revela o comportamento de um homem que notou o lado positivo das coisas.
Apesar de sua atitude pessimista, a vida é tão preciosa quanto um "copo de
ouro" (12.6), e a resposta final ao sentido da vida é: "Teme a Deus e guarda os
seus mandamentos" (12.13).
4.5. Organização
A estrutura do livro faz dele um livro tão difícil de esboçar que muitos
comentaristas nem tentam identificar um padrão lógico. Às vezes o leitor
4.6. Estilo
4.7.1. Reflexões
4.7.2. Provérbios
Uma fórmula muito utilizada é a de duas linhas de conduta, uma "melhor" que
a outra (4.6, 9, 13; 5.5; 7.1-3, 5, 8; 9.17s.). Essa fórmula literária é uma barreira
contra o pessimismo e o niilismo: talvez as coisas não sejam totalmente boas ou
ruins, mas com certeza algumas são melhores que outras. A fórmula é
também empregada para subverter a sabedoria convencional, considerando
bom o que em geral se considera ruim.
As pessoas são limitadas pelo que Deus determinou quanto ao que vai ocorrer
na vida delas. Elas têm pouca capacidade de mudar o curso da história: Aquilo
que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular (1.15).
O problema não é de Deus, mas da humanidade: Tudo fez Deus formoso no seu
devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este
possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim (3.11).
4.8.2.1. Graça
4.8.2.2. Morte
A chegada da morte é óbvia, mas não o seu tempo. É o destino que chega
para todos -sábios e tolos (2.14s.; 9.2s.), pessoas e animais (3.19). A morte faz as
pessoas confrontarem suas limitações de modo mais drástico, lembrando-
lhes continuamente que o controle do futuro está fora de seu alcance. Ela as põe
nuas, quer se tenham empenhado com sabedoria para deixar seus bens para
pessoas que não os mereçam (2.21), quer tenham desejado legá-Ios para
um herdeiro, mas perdendo-os antes (5.13-17). A descrição da morte, feita
pelo Koheleth, parece basear-se na narrativa de Gênesis 2, onde o sopro
divino e o pó da terra foram combinados para formar
o homem. Na morte, o processo parece reverter-se: "... e o pó volte à
terra, como o era, e o espírito [NRSV, "sopro"] volte a Deus, que o deu"
(12.7), “embora o Koheleth questione o quanto é possível ser dogmático (3.20s.).
Para ele, a morte era o grande desencorajador do falso otimismo” (ZIMMERLI,
1964,
p. 156).
4.8.2.3. Gozo
Contudo, seu valor cristão não deve ser ignorado. Seu realismo ao retratar as
ironias do sofrimento e da morte ajuda a explicar a importância crucial
da crucificação e da ressurreição de Jesus.
É difícil fazer uma análise precisa de Eclesiastes. Sem muito trabalho, nenhum
esboço consegue um bom ordenamento de todos os versículos ou parágrafos
deste livro. Em certo sentido, Eclesiastes parece uma seleção de trechos do
diário pessoal de um filósofo, nos seus últimos anos, com suas desilusões.
Começa com uma declaração do tema predominante: a vida no seu todo
é vaidade e aflição de espírito (1.1-14). O primeiro grande bloco de matéria do
livro é estritamente autobiográfico; Salomão aborda os fatos principais da sua
vida altamente egocêntrica, envolta em riquezas, prazeres e sucessos materiais
(1.12—2.23). A vida “debaixo do sol” (expressão que ocorre vinte e nove vezes
no livro) é a vida segundo o conceito do homem incrédulo, caracterizada pela
injustiça, incertezas, mudanças inesperadas no setor das riquezas e justiça
falha. Salomão consegue divisar o verdadeiro alvo da vida somente quando
olha “para além do sol”, para Deus. Viver somente para a busca do
prazer terreno é mediocridade e estultícia; a juventude é
demasiadamente breve e fugaz para ser esbanjada insensatamente. O livro
termina, mandando os jovens lembrarem-se de Deus na sua juventude,
para não chegarem à idade avançada com amargos lamentos e triste
incumbência de prestar contas a Deus por uma vida desperdiçada.
A. A natureza humana
A Bíblia ensina claramente que Deus, mediante decisão especial criou a raça
humana, à sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Portanto, nem Adão nem
Eva são produtos de evolução (Gn 1.27; Mt 19.4; Mc 10.6). Por terem sido
criados à semelhança de Deus. Adão e Eva podiam comunicar-se com Deus, ter
comunhão com Ele e espelhar o seu amor, glória e santidade (Gn 1.26).
Deus formou Adão do pó da terra (seu corpo) e soprou nas suas narinas
o fôlego da vida (seu espírito), e ele tornou-se um ser vivente (sua alma: Gn 2.7).
A intenção de Deus era que o ser humano, pelo comer da árvore da vida e pela
obediência à sua proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do
mal, nunca morresse, mas vivesse para sempre (Gn 2.16,17; 3.2224). Somente
depois da morte entrar no mundo, como resultado do pecado humano, é que
passou a haver a separação da pessoa, em pó que volta à terra e no espírito que
volta a Deus (Gn 3.19; 35.18,19; Ec 12.7; Ap 6.9). Noutras palavras, a
separação entre o corpo, por um lado, e o espírito e a alma, por outro, é
resultado do juízo divino sobre a raça humana por causa do pecado, e esse
juízo somente será removido mediante a ressurreição do corpo no último dia.
A alma (hb. nephesh; gr. psyche ), freqüentemente traduzida por “vida”, pode
ser definida, de modo resumido, como os aspectos imateriais da mente,
das emoções e da vontade, no ser humano, resultantes da união entre o espírito
e
o corpo. A alma, juntamente com o espírito humano, continuará a existir após a
morte física da pessoa. A alma está tão ligada à natureza imaterial do ser
humano, que, às vezes, o termo “alma” é usado como sinônimo de “pessoa”
(Lv 4.2; 7.20; Js 20.3).
O corpo (hb. basar; gr. soma) pode ser definido, em resumo, como o
componente do ser humano que volta ao pó quando a pessoa morre (às vezes,
O espírito (hb. ruach; gr. pneuma) pode ser definido, em resumo, como o
componente imaterial do ser humano, em que reside nossa faculdade
espiritual, inclusive a consciência. É principalmente através desse componente
que se tem comunhão com o Espírito de Deus.
Quando Deus criou o ser humano, Ele lhe confiou várias responsabilidades.
(a) Deus o criou à sua própria imagem a fim de poder manter comunhão
com ele, de modo amoroso e pessoal por toda eternidade, e para que ele o
glorificasse como Senhor. Deus desejava de tal maneira que o ser humano
o amasse, o glorificasse, e vivesse em santidade e justiça diante dEle, que
quando Satanás induziu Adão e Eva à rebelião e desobediência a Deus, o
Senhor prometeu que enviaria um Salvador a fim de redimir o mundo (Gn
3.15).
(b) Era a vontade de Deus que o ser humano o amasse acima de tudo e amasse o
seu próximo como a si mesmo. Esse duplo mandamento do
amor, resume a totalidade da lei de Deus (Lv 19.18; Dt 6.4,5; Mt 22.37-40; Rm
13.9,10).
(d) Deus também ordenou que Adão e seus descendentes sujeitassem a terra.
Ele disse: “dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos
céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). Ainda no
Jardim do Éden, a Adão foi confiada a responsabilidade de cuidar do jardim
e de dar nomes aos animais (Gn 2.15,19,20).
(f) Por causa da presença do pecado no mundo, Deus enviou o seu Filho
Jesus para redimir o mundo. A tarefa transcendente de transmitir a mensagem
do amor redentor de Deus foi confiada aos salvos, pois foi a
eles que Ele chamou para serem testemunhas de Cristo e da sua salvação, até
aos confins da terra (Mt 28.18-20; At 1.8) e para serem luz do mundo e
sal da terra (Mt 5.13-16).
O Livro de Cantares
Título (1.1)
O título hebraico deste livro pode ser traduzido literalmente por “O Cântico dos
Cânticos”, expressão esta que significa “O Maior Cântico” (assim como “Rei
dos reis” significa “O Maior Rei”). É portanto, o maior cântico nupcial já escrito.
Salomão foi um escritor prolífico de 1005 cânticos (1Rs 4.32). Seu nome consta
no versículo inicial, que também fornece o título do livro (Ct 1.1), e em seis
outros trechos do livro (Ct 1.5; 3.7,9,11; 8.11,12). O escritor também identifica- se
com o noivo; é possível que o livro tenha sido originalmente uma série de
poemas trocados entre ele e a noiva. Os oito capítulos do livro fazem referência
a pelo menos quinze espécies diferentes de animais e vinte e uma espécies de
plantas. Esses dois campos foram investigados e mencionados por Salomão
em numerosos outros cânticos (1Rs 4.33). Finalmente, há referências geográficas
no livro de lugares de todas as partes da terra de Israel, o que
sugere que o livro foi composto antes da divisão da nação em Reino do Norte e
Reino do Sul. Salomão deve ter composto este livro no início do seu reinado,
muito antes de sua execrável poligamia. Liturgicamente, Cantares de Salomão
veio a ser um dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia hebraica, os
Hagiographa (“Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido
publicamente numa das festas anuais dos judeus.
5.3. Propósito
Este livro foi inspirado pelo Espírito Santo e inserido nas Escrituras para
ressaltar a origem divina da alegria e dignidade do amor humano
no casamento. O livro de Gênesis revela que a sexualidade humana e
casamento existiam antes da queda de Adão e Eva no pecado (Gn 2.18-
25). Embora o pecado tenha maculado essa área importante da experiência
humana, Deus quer que saibamos que a dita área da vida pode ser pura,
sadia e nobre. Cantares de Salomão, portanto, oferece um modelo
correto entre dois extremos através da história: (a) o abandono do amor
conjugal para a adoção da perversão sexual (isto é conjunção carnal de
homossexuais ou de lésbicas)
e prática heterossexual fora do casamento e uma abstinência sexual, tida
(erroneamente) como o conceito cristão do sexo, que nega o valor positivo do
amor físico e normal conjugal.
5.5.1. Alegórica
Desde a época do Talmude (150 a 500 d.C.) era comum entre os judeus
classificar este livro como uma música alegórica do amor de Deus por seu povo
escolhido. Seguindo esse padrão, os cristãos viram essa idéia no contexto do
amor de Cristo pela igreja. J. Hudson Taylor, seguindo o pensamento de
Orígenes, encontrou aí uma descrição do relacionamento do crente com o seu
Senhor. (Union and Communion, s.d.)
Mas apesar do que foi dito a favor de uma interpretação alegórica do livro, este
ponto de vista contém um defeito decisivo. Adam Clarke, o deão
dos comentaristas wesleyanos, está entre aqueles que expõem essa fraqueza.
Se essa maneira de interpretação (alegórica) fosse aplicada às Escrituras em
geral, (e por que não, se é legítimo aqui?) a que estado a religião logo chegaria!
Quem poderia ver qualquer coisa certa, determinada e estabelecida no
significado dos oráculos divinos, quando fantasia e imaginação devem
ser os intérpretes-padrão? Deus não entregou a sua palavra à vontade do
homem dessa maneira (...) nada (deveria ser) recebido como a doutrina do
Senhor a não ser o que deriva daquelas palavras claras do Altíssimo (...)
Meek escreve: "A interpretação alegórica poderia fazer com que o livro
significasse qualquer coisa que a imaginação fértil do intérprete pudesse
inventar, e, no final, as suas próprias extravagâncias seriam a sua ruína,
de forma que hoje esta escola de interpretação praticamente desapareceu" (1956,
p. 93).
5.5.2. Literal
Com base nas premissas expressas acima está claro que o método alegórico
deve ser rejeitado por ser um caminho inaceitável de interpretar a Bíblia. Por
essa razão só aceitamos os métodos que nos permitem extrair o significado
das palavras com base no sentido claro delas, como foram escritas.
Fundamentado nisso, o Cantares de Salomão está falando do amor humano
entre um homem e uma mulher. Foi esse amor que estava faltando quando
Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; far-Ihe-ei uma auxiliadora que
lhe seja idônea" (Gn 2.18). Mas mesmo quando Cantares é interpretado de
maneira literal, existe uma grande variedade de interpretações.
5.5.3. Tipológica
Em décadas recentes, alguns estudiosos têm visto Cântico dos Cânticos como
um poema ou uma coleção de poemas de amor, talvez, mas não
necessariamente, ligados a celebrações de casamento ou
ocasiões específicas. Tenta-se dividir Cântico dos Cânticos em
alguns poemas independentes. Mas percebe-se um tom dominante de unidade
na continuidade do tema, nas repetições que soam como refrães (e.g., 2.7;
3.5; 8.4), na estrutura encadeada que liga cada parte à anterior, preparações
nos capítulos
1-3 para a consumação do relacionamento amoroso em 4.9-5.1; nas
implicações dessa consumação em 5.2-8.14.
5.5.7. Dramática
(b) Três personagens, incluindo o pastor, que ama a virgem, bem como
Salomão e a sulamita. A trama gira em torno da fidelidade da sulamita a seu
amado rude, apesar das tentativas suntuosas de Salomão em cortejá-Ia e
conquistá-Ia.
O ponto de vista dos três personagens foi desenvolvido primeiramente por Ibn
Ezra, popularizado por J. F. Jacobi (1771), e explicado de maneira detalhada e
cuidadosa por Heinrich Ewald (1826). (MEEK, op cit., p. 93). Mesmo Meek, que
rejeita esse ponto de vista, escreve: "Se o livro deve ser interpretado
literalmente, existem dois amantes, um rei e um pastor". (Ibid., p. 94). Em 1891
Driver escreveu: "De acordo com [...] [esse] ponto de vista [...] aceito pela
maioria dos críticos e intérpretes modernos, existem três personagens, isto é:
Salomão, a serva sulamita e seu amante pastor". (CHARLES, 1891, p. 410).
Esta perspectiva foi defendida e desenvolvida mais recentemente por
Terry (The Song of Songs, s.d.), e Pouget (The Canticle of Cnticles,1948).
O ponto de vista tradicional, baseado em 1.1, é que o livro foi escrito pelo rei
Salomão. Mas a linguagem do versículo pode ser entendida como de Salomão,
para Salomão, ou sobre Salomão.
Muitos estudiosos rejeitam essa posição tradicional tendo por base que o livro
possui palavras em aramaico que não existiam em Israel nos tempos de
Salomão. Como resposta, alguém pode dizer que, em vista do contato de Israel
com o mundo afora, tais termos poderiam ter sido facilmente aprendidos e
usados nesse período.
Datar o livro depende do ponto de vista que temos acerca do seu autor.
Se Salomão escreveu o Cantares, precisa ser datado no século X a.C. Os eruditos
que procuram datá-lo de acordo com a ocorrência de palavras estrangeiras no
texto situam o livro entre 700 a.C. e 300 a.C.