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GUARULHOS
2022
JEFFERSON DE SOUSA SANTOS
GUARULHOS
2022
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RESUMO
O presente texto tem como objetivo promover uma reflexão acerca da relação da
Igreja Neopentecostal com os mais pobres, a sua visão em relação á Teologia da
Prosperidade e o quanto isso pode levar á segregação dos mais humildes. Esse
estudo se justifica por várias questões, dentre as quais cito: o cuidado bíblico com os
mais pobres, a visão da Teologia da Prosperidade em relação á pobreza, a relação
de Jesus com os mais humildes, o aumento significativo da pobreza na nossa
nação. Espera-se com este texto levar o leitor ás seguintes reflexões. Qual a relação
da Igreja com os mais pobres? Teologia da Prosperidade é bíblica? Pobreza é
maldição? Deus zela pelo pobre? O crente mais abastado deve cuidar dos mais
necessitados? Estamos excluindo os mais fracos do seio da Igreja? Existe uma
relação equilibrada entre a Teologia da Prosperidade e a pobreza? O quanto à
teologia da prosperidade é uma visão materialista? Enfim vamos analisar de forma
bíblica e coesa os pontos aqui expostos.
1 INTRODUÇÃO
Uma vida sem dores, sem necessidades e sem problemas, uma vida próspera
e abundante, seria bom demais, mas não é isso que a bíblia ensina, o artigo nos
leva á reflexão da Igreja Pentecostal contemporânea, a Igreja Neopentecostal e a
sua relação entre prosperidade e pobreza.
Trataremos nesse artigo, a mudança da Igreja Pentecostal clássica e de
segunda onda, para a Igreja Pentecostal contemporânea ou Neopentecostal antes
uma Igreja voltada á oração, busca pela santidade, cura e cuidado social, hoje
focada na Teologia da Prosperidade.
Esse tema foi escolhido pelo significativo aumento da pobreza na nossa
nação, dito isso, a onda da “Teologia da Prosperidade”, tem levado pessoas á busca
desenfreada pela riqueza, não de forma bíblica, mas sim de forma atabalhoada e
errônea, colocando Deus na parede, vendo as escrituras de forma materialista e
esquecendo-se dos mais humildes que sempre fazem e farão parte da Igreja bíblica.
Este artigo está subdividido em quatro tópicos: Deus zela pelo pobre. Fomos
chamados á cuidar dos mais pobres. Jesus e os mais humildes. Uma relação de
equilíbrio entre prosperidade e pobreza
Espero com esse artigo contribuir ao diálogo da relação da Igreja atual, com
os mais pobres e abordar que nem sempre prosperidade é somente riqueza, mas
sim o favor e a graça divina, e sabermos que é sim responsabilidade também da
Igreja cuidar e conduzir os mais necessitados.
.
Esta visão alega que seria um antagonismo, Deus sendo rico, que sua Igreja
seja pobre isso tanto na esfera espiritual, quanto material. Na visão de Pedroso,
(2015), “A Teologia da prosperidade nos impede a pensar em uma Teologia para os
miseráveis”. Portanto sendo Deus o dono de toda riqueza, fica inviável que a sua
igreja seja pobre materialmente. Ainda segundo Pedroso (2015, p.158).
Com nossas palavras e pensamentos, atraímos ou repelimos os
fatores. Devemos assumir a responsabilidade pelo nosso futuro.
Agindo dessa maneira, deixaremos o estado desconfortável que nos
encontramos.
O texto do Salmo 68, verso 05, nos mostra um Deus zeloso, pelo órfão e pela
viúva, ou seja, um Deus que se preocupa com o pobre. Segundo Carriker (2022),
“Em teofanias e hagiofanias, Deus se revela aos mais pobres e humildes, ou seja, o
favor de Deus não é monopolizado”.
No Brasil há um aumento significativo da pobreza, segundo estudos da FGV,
o Brasil tem aproximadamente 29,6% da sua população vivendo com menos de
meio salário mínimo, em um país com índices altíssimos de pobreza, como fica a
nossa visão em relação á dignidade humana e o zelo de Deus para com os mais
pobres? A bíblia diz em Isaías, 58. 7-11.
Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e
recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras,
e não te escondas do teu semelhante?
Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem de-
tença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua
retaguarda; então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás
por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o
dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto
e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua
escuridão será como o meio-dia.
O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em
lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim
regado e como um manancial cujas águas jamais faltam.
e a pobreza”, este artigo afirma ainda que esta teologia está embasada em dois
princípios: “primeiro é o ensino da semeadura e da colheita; o segundo é o de
reivindicar as promessas de Deus nas Escrituras”.
A busca por riqueza e poder, são pilares desta “Teologia”, talvez focada em
visões terrenas e não celestiais. Colocamos Deus e a sua palavra na parede, como
diz Stott (2005), “os crentes atuais não podem confessar a sua fraqueza” e isso
também é visível no âmbito financeiro.
A Igreja tem papel transformador na vida das pessoas, ela é o agente de
Deus na vida das pessoas, sem esperança, pobres, desamparadas, ao invés de ser
agente de acusações, ela pode ter o papel de agente transformador na vida dos
mais pobres, não é maldição ser pobre e muitas vezes nem pecado é. Muitas vezes
pode até ser pecado, mas não por parte do pobre em si, mas por parte dos
governantes que não fazem políticas públicas, para melhoria destes.
Segundo Queiroz; Stetzer (2017, p.39), o evangelho tem um papel
transformador.
A transformação promovida pelo evangelho sempre leva a
mudanças amplas e profundas. O poder do evangelho alcança todos
os recônditos da vida e da sociedade, penetra em todos os lugares,
planta sementes e também dá frutos. As boas-novas de Jesus
mudam tudo.
Mais muitas destas denominações têm sim trabalhos voltados aos mais humildes, a
grande crítica na relação Igreja x Teologia da Prosperidade x Pobre, é a visão um
tanto seletivista da Igreja, uma falta de atenção teológica a este assunto, não só
uma visão social, mas sim uma visão hermenêutica sobre essa relação prosperidade
x pobreza.
No que tange á esse relacionamento Cristo deixa claro, que devemos nos
relacionar em pé de igualdade com todos. Cristo tinha grande preocupação com
essa classe social e nos leva quanto Igreja á esse mesmo caminho, segundo Stott
(2019, p.215-216).
A situação atual da desigualdade Norte-Sul (“um abismo tão profundo
que, em seus extremos, as pessoas parecem viver em mundos
diferentes”) não é culpa de Deus (pois ele forneceu recursos amplos
na terra e no mar) nem é culpa dos pobres (já que a maioria nasceu
nessas circunstâncias, embora alguns governos possam ser
acusados de corrupção e incompetência), também não é
necessariamente nossa culpa (ainda que nossos antepassados
coloniais possam ter contribuído para criá-la). Nós nos tornamos
pessoalmente culpados apenas se aceitarmos que isso continue. Na
história de Jesus sobre Lázaro e o homem rico, não há indícios de
que o homem rico tivesse sido responsável pela luta do homem
pobre. No entanto, o homem rico tornou-se culpado por ignorar o
mendigo à sua porta, por não fazer nada a respeito de sua
destituição, por não usar sua riqueza para aliviar a necessidade do
homem pobre e por se conformar com uma situação de
grande desigualdade econômica que desumanizou Lázaro, mas que
o rico poderia ter remediado. Os cachorros que lamberam as feridas
do homem pobre demonstraram mais compaixão por ele do que o
homem rico. O homem rico foi para o inferno não porque tinha
explorado Lázaro, mas por causa de sua indiferença e apatia
escandalosa (Lucas 16.19-21).
Portanto a relação de Jesus com os mais humildes nos mostra que o seu
ensino, nunca foi pautado por materialismos, com o fim em si mesmo, mas sim pela
busca de coisas e valores eternos e o seu cuidado com os esquecidos da sociedade
nos mostra isto.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após pesquisas e argumentações, quero enfatizar que uma Teologia da
Prosperidade equilibrada, é uma teologia pautada simplesmente na confiança e
favor de Deus, expressos pelo seu amor e graça, além disso, os mais pobres podem
sim participar de uma Igreja com esta visão teológica, o zelo de Deus com estes nos
deixa claro, além do compromisso social da Igreja com todos, e a relação de Jesus
com os mais humildes. Portanto uma verdadeira “Teologia da Prosperidade”, é uma
visão teológica pautada, primeiro na graça e no favor de Deus, segundo inclusiva,
todos podem fazer parte e nenhum é amaldiçoado, por ser pobre, terceiro, olhando
com mais carinho, não somente no que tange á assistência social, mas também com
uma visão teológica, que o pobre também é participante e próspero, segundo o
cuidado divino e o zelo da Igreja, portanto temos um compromisso teológico e
inclusivo, com estes, ou seja, somos um, independente de condição social.
REFERÊNCIAS:
BONHOEFFER, D. Ética. 11ª ed. Rio Grande do Sul: Editora Sinodal, 2015.
SHEED, R.P. Bíblia Sheed. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Revista e
atualizada no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova.
SNYDER, H. A. Vinhos novos, odres novos: vida nova para Igreja. 1ª ed. São
Paulo: ABU Editora, 1997.
STOTT, J. Sinais de uma igreja viva: As marcas de uma Igreja cheia do Espírito
Santo. Editora ABU, 2005.
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Mapa da nova pobreza: Estudo revela que 29,6% dos brasileiros têm renda familiar
inferior a R$ 497 mensais | Portal FGV. Disponível em:
https://portal.fgv.br/noticias/mapa-nova-pobreza-estudo-revela-296-brasileiros-tem-
renda-familiar-inferior-r-497-mensais. Acesso em: 24 de outubro de 2022.