Você está na página 1de 5

A EPISTEMOLOGIA QUE CONSTITUI O CONHECIMENTO DA

CIENCIA DA RELIGIÃO
Pr.Wesllen

Compreende-se que os estudos epistemológicos do conhecimento das


ciências da Religião, são estruturados ao longo do tempo por diversos
pensadores que contribuirão para o processo da ciência epistemológica,
fundamentando-se em estudos teóricos.

Percebe-se que os estudos epistemológicos da ciência da religião de


Durkheim, parte dos pressupostos culturais, fazendo uma releitura dos povos
ancestrais primitivos nas quais eram dependentes, sendo assim, os povos
viam nos objetos uma espécie de simbolismo de modo que, esse símbolo era
caracterizado na espiritualidade de uma planta e animal. Desse modo, essas
representações eram de diversas formas que causavam aos povos
significados espirituais do sagrado. (FILHO; GINI; SOUZA; 2017). Em
concordância Frazer (1987, p. 80), diz “o totemismo consiste na ligação
existente entre um clã e uma classe de animais, razão pela qual há uma
consideração para com esse animal, certa reverência, acredita-se num
parentesco remoto: o animal totêmico (totem = parente) e considerado o
antepassado mítico do qual o clã descende”. Dessa forma, compreende-se
que existia um clã e uma classe de animais nas quais são tidas de forma
harmônica como resultados ao sagrado religioso.

O totemismo é um tipo de tudo o que é sagrado, seus rituais de culto


eram prestados a animal, planta, acredita-se que o totem estava ligado aos
seus antepassados, confia-se que o totem tinha o controle do mundo, nas
quais eles poderiam ter uma visão melhor não de si mesmo, mais do mundo.
Desse modo, entende-se que totemismo são métodos de atuação nas quais
são caraterizados no desempenho do papel religioso da vida social,
possibilitando que os processos de funções se concretizem (FILHO; GINI;
SOUZA; 2017). Crer-se que as funções sociais se caracterizam-se a partir
dos pressupostos individuais de cada pessoa inserida no espaço social, com
isso, cada indivíduo tem o papel de demonstrar compromisso nos
procedimentos funcionais de organização da sociedade a partir do sagrado.
Além disso, essa funcionalidade “não pode existir senão através da
consciência do indivíduo; por isso que o princípio totêmico deve sempre
penetrar e se organizar conosco” (DURKHEIM, 1975, p. 419).
Durkheim em sua tese concluir que a religião é um processo de
transfiguração de reprodução do próprio indivíduo, que tem o papel de
reverenciar a própria sociedade, em suas palavras ele diz que a religião é uma
funcionalidade que tem o papel social de impactar o interior do indivíduo. Em
outras palavras, a função da religião é produzir solidariedade social em razão
dela está enraizada nos seres humanos. Em concordância, Filho Gini e Souza
(2017, p. 81), explicam “Durkheim diz que a religião é o mito que a sociedade
faz de si mesma. O culto prestado ao totem é um culto prestado a própria
sociedade”. Outrossim, percebe-se que a religião na perspectiva de Durkheim
tem o papel de conectar os indivíduos dentro de ambiente social.
O conceito da psicanalise de Freud, para os estudos da religião partem
dos pressupostos do homem primitivo com o ser humano neurótico,
compreende-se em seus estudos uma comparação entre o homem ancestral
com ser humano atual.

Além disso, para Terrin:

“O plano de trabalho de Freud é muito ambicioso: na realidade tem a


pretensão de fazer com os etnólogos entendam o que não consegue
compreender, fazendo que enxerguem primeiro uma analogia e
depois uma identidade de comportamento entre o homem primitivo
com seus tabus e o seu totemismo, e o neurótico, que por sua vez,
também está sujeito a tabus que ele mesmo cria e a uma forma
particular de totemismo”. (TERRIN, 2003, p. 65):

Percebe-se que o totemismo está unido a cultura do povo, e o caráter


psicanalítico está representado pelo tabu, que representa a expressão de
algo que o ser humano criou pra interceptar determinadas coisas. A partir
dessas premissas Freud, desenvolve seu conceito de religião.
Para Freud o tabu não pode ser explicado, este conceito origina a
proibição de casamento entre indivíduos pertencentes ao mesmo grupo
étnico. Em concordância Filho Gini e Souza (2017, p. 84) diz “o Tabu é uma
proibição fortíssima e antiquíssima para o qual não existe uma razão
imediata. É exogâmico, por exemplo, um membro do clã não pode se casar
com uma mulher do mesmo clã”.
As teorias de Freud, são desenvolvidas a partir dos pressupostos de
comparação entre o ser humano neurótico: individuo atual, que apresenta
certos impulsos inconscientes que para Freud são impossíveis de serem
entendidos com a realidade exterior, de modo que, essa incompatibilidade
com a realidade do mundo desenvolve no ser humano mal estar e ansiedade.
Dessa forma, percebe-se que o ser humano é guiado por sentimentos de
forças inconscientes que precisam ser inibidas por situações de controle
social para a organização da sociedade. Além disso o Homem primitivo: que
parte dos pressupostos culturais, diferenças de etnias.
Freud trabalha a semelhança desse dois conceitos para explicar que o
indivíduo possui um complexo de Édipo. Desse modo, suas teorias partem do
princípio que dado momento da história humana existiu um conflito familiar,
nas quais houve uma ação de conflito entre filhos e pais, desencadeados
quando os filhos se relacionaram com as mulheres que estavam sobre o
domínio de seus pais. (TERRIN, 2003). Dessa forma, todo esse embate
causou consequências entre as famílias, essas consequências ficaram
registradas na memória dos filhos nas quais sentiam-se culpados por
tamanha tragédia cometida, suas lembranças eram pesadas de carregar, de
modo que, a única forma de superar essas lembranças de acordo com Terrin
(2003, p. 66) “[...] precisaria ser substituída simbolicamente”. Ou seja, eles
acreditavam que por meio do sagrado poderiam alcançar o perdão de seus
atos.

Filho Gini e Souza concluir dizendo:


“A religião é explicada nessa tentativa de superar a dor da culpa e
do remorso pelo parricídio, mostrando sentimentos de reverência
para o totem, o símbolo do pai, elevando-o a divindade para não
senti-lo mais hostil e para se reconciliar com ele. Enfim, a religião
seria uma espécie de neurose universal e estaria contida dentro do
complexo de remorso e reconciliação”.
(FILHO; GINI; SOUZA; 2017, p. 85).
As contribuições de Karl Max, na organização de seus estudos
epistemológicos dos estudos da ciência da religião, são baseados na crítica
que o autor faz da religião, compreende-se que a religião é um processo de
alienação que impossibilita do ser humano de ser livre nas suas escolhas
sociais, ou seja, o indivíduo é meramente uma espécie de fantoche
entorpecido por uma ilusão que não existe. Desse modo, percebe-se que o
ser humano não é mais dono de si mesmo mais está dependente de outras
forças, em concordância Filho Gini e Souza (2017, p. 89), diz “Diante de sua
abordagem “econômica” do fenômeno religioso, Max afirma que a religião é
irracional, supersticioso, o ópio do povo”. Dessa forma, afirma-se que a
religião é um domínio dos maiores sobre os menores.

Para Max, a religião deveria ser investigada em razão das funções que
desempenha na sociedade, suas críticas partem do pressupostos que a
religião não é o centro da sociedade mais que a religião é dominadora que
manipula os seres humanos e os leva a desigualdade social, promovendo
vários processos de alienação que deixa o indivíduo sem liberdade
econômica, e que em razão a esses processos de exploração dos mais fracos
pelo mais forte o ser humano acaba se tornando pobre. Desse modo,
compreende-se que Max, defendia uma investigação, não partir de crenças,
mas a partir da ideia de uma liberdade econômica. Segundo Filho Gini e
Souza (2017, p. 88) explicam “[...] pois o que realmente importa é a
compreensão dos processos econômicos produtores da miséria, bem como
sua reflexão e expressão na religião e a função que ela exerce no quadro
geral da vida coletiva”.
Percebe-se que o maior problema da sociedade para Max, estava no
entendimento que se tinha sobre os processos econômicos que tinha com
aliada a religião que dominava os menos favorecidos, resultando no
empobrecimento da sociedade. “A religião e suas instituições sancionam as
formas econômicas de exploração, apoiam os governos que as provem,
defendem a divisão desigual de poderes e riquezas e as apresentam como a
ordem natural das coisas [...]”. (FILHO; GINI; SOUZA; 2017, p. 88). Senso
assim, ele defendia que a religião deveria ser investigada em razão dessas
funções que desempenha na sociedade.
A luta de classe de Max, tem o objetivo de organizar a sociedade no
sentido de libertar o ser humano dos processos de alienação da religião a partir
dos processos da funcionalidade que possibilita a sociedade desempenhar
funções sociais na vida dos seres humanos, em concordâncias, Filho Gini e
Souza dizem:

“Os funcionalistas insistem que a chave para a compreensão do


fenômeno religioso só pode ser encontrado quando se descobre a
função que a religião exerce na sociedade e somente quando se
esclarecer os efeitos sociais e psicológicos da fé na vida das
pessoas”. (FILHO GINI E SOUZA, 2017, p. 90)

Sendo assim, o interesse de Max, é que a sociedade realize funções que


abrangem a vida dos seres humanos, de modo que, as pessoas sejam libertas
dos processos de alienação impostas pela religião. Ou seja, para Filho Gini e
Souza (2017, p. 89) dizem “seu interesse é pelo papel que essas crenças
desempenham na luta social, no sentido de inibir e acomodar os fiéis numa
formatação social que matem as diferenças de classes e a exploração do
trabalho [...]”.

Referencia:
DURKHEIM, É. As Formas Elementares da Vida Religiosa. Londres: Jorge
Allen e
FRAZER, J.G. El totemismo. Madrid: Eyras, 1987.
JOSÉ ADRIANO FILHO; SÉRGIO GINI; JOSÉ FRANCISCO DE SOUZA.
Estudos das Religiões. Maringar-Pr.: UniCesumar, 2017.
Paulo: Edições Loyola, 1998.
TERRIN, A. N. O sagrado off limits. A experiência religiosa e suas
expressões. São
Unwim Ltd, 1915.

Você também pode gostar