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Pag. 2 - Curso de Teologia Contemporânea. Site: www.josiasmoura.wordpress.com
Índice da apostila
6. A Bíblia foi a grande vítima de todos os confrontos entre a Igreja e as novas idéias ........................... 6
11. Porque a teologia da libertação não produziu resultados tão positivos na américa latina? ......... 28
Parte 06: Texto para debate: A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO - O CRISTIANISMO A FAVOR DOS EXCLUÍDOS
............................................................................................................................................................................ 29
1. Introdução ................................................................................................................................................ 34
8. O Ensino de Calvino.................................................................................................................................. 37
1. Introdução ................................................................................................................................................ 47
3. A teologia relacional traz um forte apelo a alguns evangélicos, pois diz que Deus está mais próximo
de nós e se relaciona mais significativamente conosco do que tem sido apresentado pela teologia
tradicional. ......................................................................................................................................................... 49
1. Introdução ................................................................................................................................................ 51
2. MÍSTICA E TOMÍSTICA
Com Tomás de Aquino, no século XII, ressurge a teologia especulativa, mas com
outras vestes.
É o pai não apenas da teologia tomística, mas também da filosofia tomística, como já
vimos.
Com o advento da Reforma Religiosa no século XVI, a tradição católica foi desafiada
pelos reformadores.
As divisas protestantes tornaram-se célebres: Solus Cristus, Sola Scriptura, Sola fide,
Sola gratia.
Nesse célebre concilio ficaram confirmados pela Igreja Católica todos os dogmas
anteriormente aceitos. A tradição foi considerada de valor igual ao da Bíblia, e ainda
juntaram-se ao cânon do Antigo Testamento os livros e aditamentos apócrifos.
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5. Galileu e a inquisição
Acusado de perjúria e heresia pelos clericalistas, o grande físico, já com 70 anos, foi
citado a comparecer perante o Tribunal da Inquisição, em Roma.
Na manhã do dia 22 de junho de 1633, ajoelhado ante seus inimigos, Galileu, para
salvar a vida, abjura seus "erros e heresias" e "renega" todas as suas sensacionais
descobertas.
Foi nos dias de Galileu, quando mais se digladiavam teólogos que pretendiam ser
cientistas e cientistas que pretendiam ser teólogos, que o papa Urbano VIII, pontífice
de 1632 a 1644, assinou o seu infalível (!!!) decreto:
"Em nome e pela autoridade de Jesus Cristo, cuja plenitude reside em Seu
vigário, o Papa, declaramos que a afirmação de que a terra não é o centro do
mundo e de que ela se desloca com um movimento diurno é coisa absurda,
filosoficamente falsa; e errônea, quanto à fé".
Em exegese, Alta crítica é o nome dado aos estudos críticos da Bíblia. Sua abordagem
trata a Bíblia como literatura, utilizando-se do aparato crítico normalmente aplicado a
textos literários semelhantes.
Caracteriza-se, de uma forma geral, por não partir do dogma da inerrância bíblica para
efetuar suas análises.
Em contraste com a Baixa crítica, seu foco está no estudo dos autores dos textos
bíblicos, seu processo de formação editorial, sua transmissão histórica e o contexto de
formação, denominado Sitz im Leben.
Nesse livro Astruc, que foi médico do rei da Polônia e de Luís XV, da França, duvida da
origem mosaica dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento e aventa a hipótese
de existirem duas fontes literárias — Jeovista e Eloísta — partindo-se dos nomes
usados para se referirem a Deus.
Antes dessa data, muito raramente alguém ousava criticar assim a Palavra de Deus,
lançando dúvidas sobre a sua historicidade tradicionalmente aceita.
I. NOMES PRINCIPAIS
1. Teólogo protestante alemão, defende em sua obra principal História dos Dogmas: a
evolução dos dogmas do cristianismo pela helenização progressiva da fé cristã
primitiva.
1. Ritschl ressaltou o conteúdo ético da teologia cristã e afirmou que esta deve basear-
se principalmente na apreciação da vida interior de Cristo.
1. Foi o teólogo alemão que maior influência exerceu no século XIX sobre os não-
teólogos e não-eclesiásticos. Tornou-se professor da Universidade de Tubingen com
apenas 24 anos. Quatro anos mais tarde, em 1836, foi furiosamente afastado do cargo
em virtude de sua obra, denominada Vida de Jesus, criticamente estudada.
Em 1864 publicou uma segunda Vida de Jesus, quando procurou então distinguir o
Jesus histórico do Cristo ideal segundo a maneira típica dos liberais do século XIX. Em
sua A Antiga e a Nova Fé, publicada em 1872, adota a evolução darwiniana em
contraste com a fé bíblica.
3. Para Strauss, Jesus é mero homem. Insiste em que é necessário escolher entre uma
observação imparcial e o Cristo da fé.
Ensinou que é preciso julgar o que os Evangelhos dizem de Jesus pela lei lógica,
histórica e filosófica, que governa todos os eventos em todos os tempos. Não achou e
não procurou um âmago histórico, mas interessou-se apenas em mostrar a presença e
a origem do mito nos evangelhos.
4. Seu conceito do mundo é o de matérias subindo para formas cada vez mais altas.
À pergunta: "Como ordenamos nossas vidas?" - responde: autodeterminação,
seguindo a espécie.
5. Nas obras de Strauss não há lugar para o sobrenatural. Os milagres são mitos,
contados para confirmar o papel necessário de Jesus, daí as referências ao Velho
Testamento. Em resumo, Jesus é uma figura histórica. Da vida de Jesus nada sabemos,
sendo tudo mito e lenda.
aniquilaram a maior e mais importante parte daquilo que o cristão se acostumou a crer
concernente a Jesus; desarraigaram todos os encorajamentos que ele tem tirado de
sua fé e privaram-no de todas as suas consolações. Parece que se acham
irremediavelmente solapados os inesgotáveis depósitos de verdade e vida que por
dezoito séculos têm sido o alimento da humanidade; o mais sublime atirado ao pó,
Deus despido de sua graça, o homem despojado de sua dignidade, e o laço entre o céu
e a terra rompido. Recua a piedade em horror diante de um ato tão temeroso de
profanação, e, forte como é na impregnável evidência própria de sua fé, ousadamente
conclui que - não importa se um criticismo audaz tentar o que lhe aprouver tudo o que
as Escrituras declaram e a Igreja crê acerca de Cristo subsistirá como verdade eterna;
nem sequer um jota ou um til será removido."
2. Atacou a filosofia de Hegel e afastou-se mais e mais da Igreja Luterana, por julgá-la
muito pouco cristã. Para o teólogo dinamarquês, entre as atitudes (fases) estética,
ética e religiosa da vida, não há mediação, como na dialética de Hegel, e não há entre
elas transição, no sentido de evolução. Para chegar da fase estética à fase ética ou
desta à religiosa é preciso dar um salto (ser iluminado, converter-se
instantaneamente) que transforme inteiramente a vida da pessoa.
7. Mas o espírito liberal reclama ainda respeito pela ciência e pelos métodos
científicos de pesquisas, o que implica na aceitação franca do estudo, tanto do mundo
material como da crítica bíblica e da história da Igreja. Foi, valendo-se desse estado de
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espírito favorável, que Darwin publicou a sua célebre obra As Origens das Espécies
através de meios de seleção natural,em 24 de novembro de 1859, que provocou
violentas e intermináveis polêmicas.
9. Não há dúvida de que o sonho liberalista do século passado mostra a cada dia
mais impossibilidade de materializar-se. A teoria da evolução está hoje negada pelos
principais cientistas, e as conquistas da ciência moderna têm trazido, ao lado do seu
inegável progresso, resultados catastróficos. A confiança do homem no futuro
desvanece-se hoje à luz dos fatos atuais e a exemplo de amargas experiências
recentes. Quanto à imanência de Deus, sugere esta ênfase que a Divindade está
identificada com a totalidade das existências, afirmando, panteisticamente, que tudo é
Deus e Deus é o tudo. Elimina-se, destarte, toda a concepção da personalidade divina
e, em conseqüência, considera-se o homem um irresponsável. Quando se nega o
conceito de Deus, como o Criador onipotente que está acima de todas as coisas que
criou, corre-se o risco de cair no fatalismo, característico dos cultos orientais e,
infelizmente, em expansão no Ocidente. Sinais da presença do fatalismo em nossos
dias são os horóscopos, o fetichismo e até mesmo os biorrítmos, rejeitados como
anticientíficos por grande número de médicos renomados.
10. Ainda em relação à ênfase dada pelo liberalismo à imanência de Deus em tudo, há
uma implicação séria, quando se trata do problema do pecado. Despersonalizando a
divindade, é o homem colocado no centro de tudo, como a medida de tudo. Isso
significa que o fim do homem é estar satisfeito consigo mesmo, com seus horizontes
etc. O Dr. John A. Mackay afirma que o pecado, como fator na existência humana, é
terrivelmente real, e é coisa que os filósofos balconizados sempre trataram de fazer
desaparecer por meio de argumentos arrazoados. Com a expressão balconizados fazia
ele referência a Aristóteles e Renan, como símbolos daqueles para quem "a vida e o
universo são objetos permanentes de estudo e contemplação". (')
5. A divindade de Jesus era uma declaração simbólica do fato de que todos os homens
possuem um aspecto divino.
8. Como vimos, para o liberalismo Deus está presente em todas as fases da vida e não
apenas em alguns eventos espetaculares. Assim, o método de Deus é o caminho da
mudança progressiva e da lei natural, e o nascimento virginal de Cristo não condiz com
a realidade, pois Deus está presente em todos os nascimentos.
11. Na busca duma "sociedade ideal" muitos teólogos se têm inclinado para uma
espécie de socialismo cristão, envolvendo-se em movimentos subversivos por
acreditarem que as doutrinas de Marx e Engels, se destituídas de seu ateísmo,
estariam em melhores condições de atender aos reclamos dos povos pela justiça social
de que a própria mensagem evangélica.
Esta teologia é comumente conhecida por barthianismo, por ter como seu principal
autor Karl Barth (1886-1968), considerado o maior teólogo do século XX.
Este sistema possui ainda vários outros nomes: teologia dogmática, teologia da crise,
neo-ortodoxia, teologia transcendental, modernismo-negativista e teologia de Lund.
Karl Barth nasceu na Suíça, lecionou teologia nas universidades de Gottingen, Munique
e Bonn, mas foi demitido deste último posto pelo governo hitlerista, em 1935. E, por
resistir às tentativas do ditador de nazificar a Igreja Reformada da Alemanha, teve seus
diplomas de teologia anulados.
Com a derrota do nazi-fascismo, recupera sua cátedra em Bonn, de onde mais tarde se
transfere para Basiléia. Aposentou-se em 1961 e iniciou a elaboração da sua teologia.
Hegel passou a aceitar que a presença da verdade está na verdade na síntese, que
corresponde ao grau intermediário entre a tese e a antítese.
Não se pode deixar de reconhecer que, sob vários aspectos, a teologia de Barth foi um
retorno, embora aparentemente, às várias doutrinas bíblicas desprezadas pelo
liberalismo, como a Trindade, o nascimento virginal de Cristo, as duas naturezas de
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Cristo unidas numa só pessoa, conforme aceita pelo Concilio de Calcedônia (ano 451) e
pela Reforma Protestante, a salvação somente pela graça e a justificação unicamente
pela fé.
A teologia do mito tem como um de seus principais criadores o teólogo alemão Rudolf
Bultmann (1884-1976), que em 1941, numa conferência intitulada "O Novo
Testamento e a Mitologia", disse que esta parte das Escrituras está cheia de mitos à
luz dos quais se deveriam examinar a pessoa de Cristo e o comportamento da igreja
apostólica.
Segue-se, portanto, que a revelação vem em símbolos que devem ser decodificados.
Para usar o termo de Bultmann, devem ser desmitologizados.
Numa de suas conferências, afirmou Bultmann que hoje "não se pode utilizar a luz
elétrica e os aparelhos de rádio, apelar para medicamentos e clínicas modernas
quando se está enfe o, e ao es o te po e os ilag es do Novo Testa e to.
De acordo com essa visão, pode-se crer em Jesus Cristo e aceitá-lo como Deus e
Salvador sem a necessidade de acreditar no nascimento virginal, na encarnação, no
túmulo vazio, na ressurreição e na segunda vinda. Todos estes elementos seriam
derivados da mitologia judaica e do gnosticismo helenístico.
Assim, através da sua reinterpretação, o mito seria utilizado como instrumento auxiliar
na compreensão da existência humana.
A teologia da esperança tem sido articulada nos Estados Unidos por dois teólogos
luteranos, Carl Braaten e Robert Jenson, cujas obras muita coisa têm feito para
popularizar o novo movimento.
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No Brasil, Rubem A. Alves, com umas poucas revisões dele mesmo, muita coisa fez
para converter a teologia da esperança em programa de ação.
A questão da existência de Deus pode ser respondida somente no futuro, pois Deus
está sujeito ao tempo enquanto este se esforça em direção ao futuro.
Não enxergar uma solução para seus dilemas presentes. Assim, a teologia da
esperança acha que não podemos encontrar respostas para as nossas questões
atuais na sociedade de hoje.
Iniciou seus estudos de teologia numa situação inusitada. Com dezesseis (1943) foi
o vo ado pelo ex ito ale o o de teve, segu do ele es o, u a a reira
eve e se gló ia .
Em 1948 retornou para Alemanha onde deu continuidade nos seus estudos na
Universidade de Göttingen até 1952. De 1953 a 1958 exerceu atividades pastorais
em Bremen.
O evangelho social teve como o seu maior intérprete o pastor Batista Walter
Rauschembusch (1861-1918), professor no seminário batista de Rochester, de
1897 até o seu falecimento.
Um outro grande nome a lembrar é o do Pastor Martin Luther King, que lutou nos
Estados contra o preconceito racial e a injustiça social contra os negros. Ele foi o
responsável por disseminar a prática do protesto não violento, semelhantemente a
Gandi.
o Há uma frase de Martin Luter King: Eu ão e p eo upo ta to o as
palavras dos desonestos e as atitudes dos corruptos. Eu me preocupo muito
ais, ua do os o s faze sil io.
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Foi uma resposta nova da ética cristã em uma nova situação histórica, pois,
particularmente nos Estados Unidos, era grande o número de problemas
decorrentes do rápido crescimento industrial.
A consciência cristã, assim desafiada, converteu-se numa "consciência social".
A grande discussão com os teólogos sociais gira em torno do que o homem mais
precisa: Alimento para o corpo ou para a alma? Eles acham há uma falta mais da
alimentação do corpo do que da alma, ou acha que as pessoas só estão sendo
alimentadas bem espiritualmente.
o Os teólogos sociais ensinaram que não adianta a Igreja alimentar
espiritualmente sem dar o pão. O problema é que muitos preocuparam-se
mais com o pão.
As teologias sociais deram muita ênfase aos aspectos materialistas da existência
humana. Sabemos que o materialismo sempre teve a tendência de favorecer as
bases do ateísmo filosófico, e por isso foi rejeitado por muitas pessoas.
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(SUGESTÃO DE LEITURA: Leia este texto de forma crítica, detectando quais são as
compatibilidades e incompatibilidades entre as idéias expostas pelo autor e a nossa
visão evangélica).
Esta forma de discurso acerca de Deus foi submetida à crítica com o advento da
ode idade e do pe sa e to o te po eo. á etafísi a, ue foi a ped a
a gula da teologia l ssi a, foi fortemente criticada a partir da modernidade.
O encontro do homem com Deus – chamado pela teologia da GRAÇA – passou a ser
pensado como realidade histórica: Deus se manifesta ao homem situando-se histórica
e culturalmente, ou seja, o encontro de Deus com o homem difere-se na história em
suas diversas épocas, e difere-se na pluralidade cultural que se dá no seio da
humanidade.
Obviamente, isto gerou uma certa relativização no discurso sobre Deus; porém,
valorizou a historicidade como característica essencial do ser humano, além de
valorizar a multiplicidade de formas de Deus se apresentar ao homem, superando,
assim, o anacronismo clássico metafísico que norteava o pensamento teológico no
entendimento da relação homem – DEUS.
Ser livre, neste sentido, é não estar sob o jugo da lei alheia; é poder construir-se
autonomamente.
O processo histórico da América Latina foi e é dominado por diversas leis estranhas a
ela. A América do Norte, em especial os EUA, e os países europeus, sempre impuseram
aos latino–americanos seus valores, suas políticas, sua cultura, etc.
Desta forma compete à teologia da libertação a tarefa de discursar sobre Deus a partir
da ótica de um processo excludente e a partir da realidade concreta dos excluídos.
O teólogo da libertação, portanto, deve ter este duplo olhar: olhar para Deus e olhar
para o excluído.
Olhar para Deus é a fonte de toda libertação possível e o olhar para o excluído
identifica onde há necessidade de libertação.
Por isso, a teologia da libertação deve começar por se debruçar sobre as condições
eais e ue se e o t a o op i ido de ual ue o de ue ele seja. BOFF, 1996,
p. 40).
sua ação libertadora, nos diversos momentos históricos, sob as quais vive o teólogo e
seu povo. Há, então, no processo de elaboração da teologia da libertação, uma
imbricação necessária entre a análise sócio–analítica da realidade e a Bíblia Sagrada.
Esta última fornece o sentido teológico da práxis libertadora proposta pela teologia da
libertação.
A religião, desta forma, não se reduz a uma ideologia que mantém o status quo social
e político; também não é mais fonte de discursos etéreos.
A teologia da libertação pretende mostrar que Deus não está em uma esfera trans–
histórica; mas, ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação de
um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos.
O céu almejado pela humanidade, não é pensado como realidade post mortem. Este
céu que fora pensado pela teologia clássica como realidade distante que se
manifestaria no porvir, encarna-se o ago a , at av s da p xis do povo e p ol da
dignidade humana: cada conquista popular, no que tange a uma relação mais justa
entre os homens, presentifica o céu no seio da humanidade.
1. Introdução
Muitos de nós, não conhecem o pensamento teológico social de Calvino, pelo fato
dos modernos manuais de teologia não fazerem referencia a tudo o que
reformador produziu nesta área especifica. Faremos uma síntese de tudo que
Calvino produziu nesta área.
A Reforma Protestante ocorrida no século XVI não foi somente um movimento
espiritual e eclesiástico. Teve também aspectos e dimensões políticas e sociais.
Calvino, bem como os outros reformadores, deu atenção aos problemas sociais
de sua época. Talvez pelo fato de ser da segunda geração de reformadores, Calvino
podia ter uma visão mais ampla e amadurecida sobre o assunto.
o Ele esforçou-se para entender qual deveria ser o papel da Igreja cristã na
reconstrução de uma sociedade justa que refletisse a vontade de Deus em
termos de justiça social. Essa questão era extremamente aguda para os
reformadores, particularmente pelo fato de viverem numa época e numa
situação de grandes problemas sociais.
o Não é de se admirar que em suas Institutas da Religião Cristã, bem como
em seus comentários Calvino freqüentemente trata de questões
relacionadas com a responsabilidade social da Igreja e do Estado.
Duas considerações importantes.
o Primeiro. Não devemos dissociar o pensamento social de Calvino da sua
teologia. Calvino era acima de tudo um teólogo, um homem da Igreja. Ele
não era um político, nem ativista social, mas essencialmente um pastor e
um estudiosos das Escrituras. Seu pensamento social desenvolveu-se
dentro da estrutura de seus pressupostos teológicos e bíblicos.
Calvino construiu a sua teologia social a partir da sua convicção de que
Cristo é Senhor de todos os aspectos da vida humana, e de que a Palavra
de Deus deve regular todas as áreas da vida.
o A segunda consideração. Não devemos dissociar o pensamento social de
Calvino da época em que ele viveu.
Embora sua teologia social brotasse de princípios bíblicos válidos e atuais
para todas as épocas, Calvino só poderia dar-lhes expressão dentro das
circunstâncias históricas em que viveu e labutou.
Naquela época, a Igreja Católica Romana era o grande poder econômico e
político. Prevalecia naquela época o sistema econômico e social medieval e
a monarquia como sistema de governo.
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A cidade de Genebra foi o local onde Calvino passou a maior parte de sua vida,
pregando, pastoreando e ensinando. Ali passou momentos de grande popularidade
e também de rejeição. Foi ali que sua teologia social amadureceu, à medida em
que enfrentava os males sociais que oprimiam Genebra bem como as demais
cidades da Europa medieval.
3. O Governo de Genebra
Graves problemas sociais afligiam Genebra naquela época (bem como a Europa em
geral).
o Havia pobreza extrema, agravada por impostos pesados.
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Guilherme Farel foi o grande líder destas mudanças em Genebra. Sob sua
influência, o Conselho da cidade cria o Hospital Geral no antigo Convento de Santa
Clara, para dar atendimento médico aos pobres.
O Conselho também passou a regulamentar a vida dos seus cidadãos:
o Proíbem-se as danças de ruas, a polícia é mobilizada para manter a ordem
nas ruas, são promulgadas leis que regulamentam o uso dos bares, que
proíbem jogo de cartas, blasfemar o nome de Deus, e servir bebidas
durante o horário do sermão.
o Torna-se proibido vender pão e vinho a preços acima dos estipulados; são
proibidos todos os dias santos, à exceção do domingo. Passa a ser
obrigatório a todos os cidadãos de Genebra irem ouvir o sermão de
domingo, sob pena de pesadas multas. E a instrução pública se torna
obrigatória, pela primeira vez na Europa.
Foi a esta altura que Calvino chegou a Genebra. Ele estava apenas de passagem
pela cidade. Seus planos eram de prosseguir em frente e achar um local tranqüilo
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8. O Ensino de Calvino
O Senhorio de Cristo
Um segundo princípio que norteava a teologia social de Calvino era que o Cristo
vivo e exaltado é Senhor de todo o universo. Os milagres que Ele exerceu sobre a
ordem natural (acalmar a tempestade, por exemplo; ou tirar uma moeda da boca
do peixe) demonstram esta realidade, diz Calvino.
Portanto, a obra de restauração realizada por Cristo não se limita apenas à nova
vida dada ao indivíduo, mas abrange a restauração de todo o universo — o que
inclui a ordem social e econômica. Desta forma, a atenção de Calvino como pastor
e mestre, se estendeu para além das questões individuais e "espirituais". Se Cristo
era o Senhor de toda a existência humana, era dever da Igreja dar atenção às
questões sociais e políticas.
A Restauração da Sociedade
Para Calvino a reforma social não é perfeita, pois os efeitos do pecado não são
todo eliminados.
A plena abolição dos distúrbios agora presentes da ordem social (as injustiças, a
opressão, a corrupção, por exemplo) só se efetuará plenamente no Reino de
Deus, no fim dos tempos, para o qual marcha toda a história dos homens e do
universo. Sua vinda será precedida por convulsões cósmicas. Então, Jesus Cristo
regressará em glória, e o príncipe deste mundo será aniquilado. Assim, será então
estabelecido o novo céu e a nova terra, onde habitam plenamente a justiça (2 Pe
3.13; cf. Is 65.17; 66.22; Ap 21.1).
Portanto, para Calvino, a Igreja é uma antecipação do reino de justiça a ser
introduzido por Cristo em sua vinda. Como tal, ela funciona no presente como
uma sociedade provisória, governada pelas leis de Cristo. Embora já refletindo
estes ideais, a Igreja ainda não o faz de forma perfeita, o que ocorrerá apenas no
fim dos tempos.
Ministério Didático
Esse ministério da Igreja era para ser exercido através dos seus pastores e mestres.
Consistia na instrução pública e particular, através de sermões e orientação
individual, quanto ao ensino bíblico sobre a administração dos bens outorgados
por Deus ao Estado e ao indivíduo. Em outras palavras, Mordomia Cristã.
Calvino também falava contra o desemprego causado pela ganância dos ricos.
Privar um homem do seu trabalho é pecado contra Deus — pois trabalho é dom de
Deus, e o dever que ordenou ao homem, ensinava Calvino. É tirar-lhe a vida — pois
os trabalhadores pobres dependem dia a dia do seu labor para o pão com se
sustentam e às suas famílias — ao contrário dos ricos, que têm propriedades,
reservas, etc. Assim, promover o desemprego, na opinião de Calvino, seria um
atentado à vida do pobre, e portanto, um pecado contra o mandamento "Não
matarás".
Esse era o primeiro aspecto da responsabilidade social da Igreja no pensamento
de Calvino, ou seja, instruir seus membros, pela pregação da Palavra, acerca dos
princípios bíblicos sobre o trabalho e o descanso.
Ministério Político
Ministério Social
Persuadido por Farel, Calvino se deixa ficar em Genebra para auxiliar nas reformas
necessárias. Logo ficou claro que, para ele, isto incluía ir além das reformas
eclesiásticas.
Debaixo de sua influência, a Igreja passa a agir de forma marcante na vida social e
política da cidade. Aquilo que ele expõe em suas Institutas procurou aplicar de
forma prática às necessidades de Genebra.
O diaconato é organizado e entra imediatamente em ação. O Hospital Geral,
fundado por Farel, dá assistência médica gratuita aos pobres, órfãos e viúvas, com
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mandamento, "Não matarás", inclui como deveres exigidos "... a justa defesa da
vida contra a violência... o uso sóbrio do trabalho e recreios ... confortando e
socorrendo os aflitos, e protegendo e defendendo o inocente". Como pecado,
são incluídos "... a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a
preservação da vida ... o uso imoderado do trabalho .... a opressão .... e tudo que
tende à destruição da vida de alguém".
10. Conclusões
Augusto Nicodemos conclui esta discussão com duas observações sobre o ensino
social de Calvino.
o Primeiro, a teologia social calvinista estava profundamente enraizado em
sua teologia e em sua interpretação das Escrituras. Era fruto de suas
convicções teológicas. Portanto, é impossível entender as reformas sociais
que empreendeu em Genebra sem os pressupostos da sua teologia.
o Segundo, o pensamento social de Calvino tem produzido abundante fruto
na história da humanidade, após a Reforma. Muitas das universidades,
escolas, e asilos de que temos notícia foram fundados por calvinistas. Boa
parte das críticas feitas contra os calvinistas, de que são levados à inércia e
paralisia social por causa de sua ênfase na soberania de Deus em
detrimento da responsabilidade humana, simplesmente revela um
desconhecimento (proposital?) dos fatos e uma ignorância do que seja o
Calvinismo.
o E finalmente, cabe-nos perguntar em que sentido uma teologia social
calvinista poderia nos ajudar hoje, aqui e agora, no Brasil.
Evidentemente existem profundas diferenças culturais, políticas e
religiosas entre a Suíça do século XVI e o Brasil do século XXI. Mas existem
muitas semelhanças também, particularmente no que se refere aos
problemas sociais. Além do mais, os princípios elaborados por Calvino
para atender às questões sociais e econômicas são válidos para nós hoje,
pois são bíblicos. Quer na Suíça medieval, quer no Brasil moderno,
permanece como verdade imutável o fato de que a raiz da opressão social é
espiritual e moral, como Calvino apregoou. Bem como o fato de que Jesus
Cristo é o Senhor de todas as coisas, em todos os lugares, e em todas as
épocas, e que seu reino se estende à política, à sociedade e à economia
tanto de genebrinos quanto de brasileiros.
Assim, creio que a Igreja evangélica brasileira (especialmente os reformados)
deveria envolver-se em todos estes aspectos, usando os meios apropriados, lícitos
e legais para protestar, advertir e resistir à injustiça social, usando a pregação da
Palavra para chamar ao arrependimento os governantes corruptos, os ricos
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Argumentam que dessa primitiva e única célula originou-se todo o reino vegetal e
animal. Daí para cá aceitam integralmente o evolucionismo.
Até o papa, no caso Paulo VI, em declaração através do L'Observatore, afirmou que
os teólogos dentro da Igreja Católica Romana deveriam ter a permissão de admitir
que o homem evoluiu gradualmente de algum organismo primitivo.
Sugere o órgão do Vaticano que os primeiros capítulos da Bíblia não devem ser
interpretados do ponto de vista histórico e natural.
Não é difícil descobrir as bases da teologia evolucionista. A Bíblia ensina que duas
coisas, entre outras, deveriam acontecer em nossa época: progresso da ciência e
diminuição da fé:
"Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos
o esquadrinharão, e o saber se multiplicará" (Dn 12.4). "Digo-vos que depressa lhes
fará justiça.
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Contudo, quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na terra?" (Lc 18.8)
"E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24.12).
A cada novo sucesso, a ciência, se propõe a ir um pouco mais além, e realmente
tem ido. A ciência moderna planeja criar vida em laboratório, realizar clonagens
humanas e selecionar e congelar genes humanos para futuras procriações em
condições artificialmente preparadas. Qual o papel da fé num contexto como este?
1. Introdução
Dentre as diferentes respostas a essas perguntas, uma chama a atenção pela ousadia
de suas afirmações: Deus sofreu muito com a tragédia e certamente não a havia
determinado ou previsto; ele simplesmente não pôde evitá-la, pois Deus não conhece
o futuro, não controla ou guia a história, e não tem poder para fazer aquilo que
gostaria. Esta é a concepção de Deus defendida por um movimento teológico
conhecido como teologia relacional, ou ainda, teísmo aberto ou teologia da abertura
de Deus.
idéias têm sido assimiladas e difundidas por alguns líderes evangélicos, às vezes de
forma aberta e explícita.
2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas
criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou
contrariarem os desígnios últimos de Deus. Deus abriu mão de sua soberania para que
isto ocorresse. Portanto, ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir
tragédias e erradicar o mal. Contudo, ele acaba se adequando às decisões humanas e,
ao final, vai obter seus objetivos eternos, pois redesenha a história de acordo com
estas decisões.
3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o
passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas
criaturas decidem fazer. Neste sentido, o futuro inexiste, pois os seres humanos são
absolutamente livres para decidir o que quiserem e Deus não sabe antecipadamente
que decisão uma determinada pessoa haverá de tomar num determinado momento.
4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não
sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar
diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e
deseja relacionar-se com elas de forma significativa.
6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até
mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de
suas criaturas, ao reagir a suas próprias decisões. Os textos bíblicos que falam do
arrependimento de Deus não devem ser interpretados de forma figurada. Eles
expressam o que realmente acontece com Deus.
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Estes conceitos sobre Deus decorrem da lógica adotada pela teologia relacional
quanto ao conceito da liberdade plena do homem, que é o ponto doutrinário central
da sua estrutura, a sua "menina dos olhos".
De acordo com a teologia relacional, para que o homem tenha realmente pleno livre
arbítrio, suas decisões não podem sofrer qualquer tipo de influência externa ou
interna. Portanto, Deus não pode ter decretado estas decisões e nem mesmo tê-las
conhecido antecipadamente. Desta forma, a teologia relacional rejeita não somente o
conceito de que Deus preordenou todas as coisas (calvinismo) como também o
conceito de que Deus sabe todas as coisas antecipadamente (arminianismo
tradicional).
Neste sentido, o assunto deve ser entendido, não como uma discussão entre
calvinistas e arminianos, mas destes dois contra a teologia relacional. Vários líderes
calvinistas e arminianos no âmbito mundial têm considerado esta visão da teologia
relacional como alheia ao Cristianismo.
Contudo, a teologia relacional não é novidade. Ela tem raízes em conceitos antigos de
filósofos gregos, no socinianismo (que negava exatamente que Deus conhecia o futuro,
pois atos livres não podem ser preditos) e especialmente em ideologias modernas,
como a teologia do processo. O que ela tem de novo é que virou um movimento
teológico composto de escritores e teólogos que se uniram em torno dos pontos
comuns e estão dispostos a persuadir a igreja cristã a abandonar seu conceito
tradicional de Deus e a convencê-la que esta "nova" visão de Deus é evangélica e
bíblica.
Mesmo tendo surgido como uma reação a uma possível ênfase exagerada na
impassividade e transcendência de Deus, a teologia relacional acaba sendo um
problema para a Igreja Evangélica, especialmente em seu conceito sobre Deus.
Com certeza a visão tradicional de Deus adotada pelo cristianismo histórico por
séculos não é capaz de responder exaustivamente a todos os questionamentos sobre o
ser e os planos de Deus. Ela própria é a primeira a admitir este ponto. Contudo, é
preferível permanecer com perguntas não respondidas a aceitar respostas que
contrariem conceitos claros das Escrituras. Como já havia declarado Jó há milênios
(42.2,3): "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.
Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na
verdade, falei do que não entendia; cousas maravilhosas demais para mim, coisas que
eu não conhecia."
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1. Introdução
Essa é uma das doutrinas principais pregada por todos esses movimentos. Trata-se de
uma substituição do Evangelho da Graça, pelo eva gelho da ga ia.
Oral Roberts, um dos principais pregadores dessa heresia, chegou a escrever um livro
i titulado Ho i lea ed Jesus Was Not Poo Co o ap e di ue Jesus Não foi
Po e É comum ouvimos da boca dos pregadores da prosperidade coisas do tipo:
T.L Osborn, ensina em seu livro Curai Enfermos e Expulsai Demônios, que Paulo
jamais esteve doente contradizendo o seguinte texto:
"Esta geração está incumbida: uma geração na qual Deus tem caminhado em
carne humana na forma de um Profeta. Deus tem visitado seu povo. Porque
Um grande Profeta Tem-se Levantado entre Nós"
Osborn trata a pessoa de Branham como se fosse o próprio Deus. Em outro lugar no
mesmo folheto, diz:
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"Deus tem enviado o irmão Branham no século 20 e tem feito a mesma coisa.
Deus em carne, novamente passando por nossos caminhos, e muitos não o
conheceram. Eles tampouco o teriam conhecido se tivessem vivido no tempo
em que Deus cruzou seus caminhos no corpo chamado Jesus, o Cristo."
Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem
corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no
céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem
roubam;(Mat.6.19,20)
Com o intuito de entender como a aspiração por bens materiais se relaciona com a
cosmovisão política dos neopentecostais, tentaremos num primeiro momento
esclarecer, ainda que de forma muito breve, o desenvolvimento da Teologia da
Prosperidade e, num segundo momento, ilustrar, a partir do exemplo da Igreja
Universal do Reino de Deus IURD, uma das denominações de mais rápido
crescimento na América Latina nas duas últimas décadas, como esta doutrina foi
apropriada e difundida neste subcontinente, para então discorrermos sobre sua
participação na política.
2. A base doutrinária
aumento de seus contingentes e, por via de conseqüência, de seu peso eleitoral; para
orientar suas práticas, sob a égide da Guerra Fria, desenvolvem inicialmente a doutrina
do Milenarismo, calcada na perspectiva escatológica. Foi desenvolvida de duas
maneiras: a primeira, compreendida como pós-milenarista, consiste na crença de que
se os fiéis adotarem uma ética solidária durante mil anos, Jesus voltará para julgá-los e
premiá-los. Daí sua ênfase na ajuda mútua, na devoção, na filantropia. Desta convicção
compartilham os assim chamados Evangelicals, como Billy Graham e Jimmy Carter.
Esta compreensão foi pouco a pouco sendo considerada utópica, donde uma segunda
corrente interpretativa, a do pré-milenarismo. Nesta versão, não cabe aos crentes
tentar melhorar a situação do mundo, pois a decadência faz parte dos planos de Deus.
A ruína precede a segunda vinda de Cristo, que virá para conduzir os eleitos até os
céus, e depois retornará para com eles dominar a Terra, para julgar os descrentes e
premiar os fiéis. Isto explica sua recusa às políticas sociais ou a qualquer sorte de
filantropia, pois os males sociais são vistos como castigo divino aos infiéis; portanto, a
pobreza dos hispânicos e dos negros (cujo atendimento era financiado pelos
"laboriosos brancos") só seria superada pela sua conversão (born again). É neste
contexto que se organiza a Maioria Moral, cujo objetivo era influenciar a política tendo
em vista a recristianização da América. Esta influência é perseguida através da
evangelização em massa, com uso intenso dos meios de comunicação.
É desta corrente que surge uma outra variante, segundo nossa compreensão, mais
radical ainda, qual seja, a Teologia do Domínio, que pretende transformar o mundo
através de suas elites dirigentes. Para tanto, deve-se conquistar o poder através das
suas instituições oficiais, mas, fundamentalmente, formar as elites de amanhã. É por
isto que, além de investirem na Igreja Eletrônica, criam universidades e escolas para
educar os "seus" jovens. A Liberty University é o exemplo paradigmático desta
tendência: ministra-se ali um ensino rigorosamente científico, com disciplinas e
conteúdos seculares. São jovens que, em regime de internato, preparam-se para,
quando profissionais, resistirem à sedução da modernidade, o que lhes garantirá uma
vitória cultural nos Estados Unidos e depois, em todo o planeta.
Esta estrutura de pensamento pode ser encontrada nos livros do bispo Edir Macedo,
fundador e principal líder da IURD, nas décadas de 80, 90 e ano de 2001.
Nesta denominação, os pastores afirmam que só não é abastado quem não quer: as
bênçãos estão ao alcance de todos mediante a fé, inclusive com a alteração radical de
realidades miseráveis em vidas prósperas; porém, se alguém tiver qualquer
envolvimento direto ou indireto com o Diabo ou não estiver disposto a "sacrificar"
para a obra de Deus, não será agraciado. Este mecanismo permite explicar porque
muitos fiéis não alcançam a graça.
Segundo Gomes, o termo "graça" pode ser traduzido pela posse de bens em vista de
sua fruição, sinal da natureza bondosa de Deus. Contra a Sua vontade, antepõe-se um
elemento perturbador, o Diabo, o qual, embora inferior em seu poder, interfere nesta
relação, para confundir os fiéis e impedi-los de usufruir dos bens. Não é portanto
primordialmente o pecado (individual ou social) que impede a posse dos bens, mas o
Diabo, que age segundo seu próprio arbítrio, contra quem o crente deve lutar. Uma
vez que a responsabilidade fica por conta do fiel e do Diabo, cria-se uma linha de
tensão entre a posse da bênção e a atuação diabólica.
Para os afortunados, esta abordagem traz alívio; para os pobres, o direito de possuir
como filho de Deus. Segundo Edir Macedo, Jesus veio pregar aos pobres para que
estes se tornassem ricos. Arrependimento e redenção, tema central no Cristianismo, e
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as dificuldades nesta vida para o justo de Deus são temas raramente tratados. Por isso,
na busca da bênção, o fiel deve determinar, decretar, reivindicar e exigir de Deus que
Ele cumpra sua parte no acordo; ao fiel compete dar dízimos e ofertas. A Deus cabe
abençoar.
Comece hoje, agora mesmo, a cobrar d'Ele tudo aquilo que Ele tem prometido (...) O
ditado popular de que 'promessa é divida' se aplica também para Deus. Tudo aquilo
que Ele promete na sua palavra é uma dívida que tem para com você (...) Dar dízimos é
candidatar-se a receber bênçãos sem medida, de acordo com o que diz a Bíblia (...)
Quando pagamos o dízimo a Deus, Ele fica na obrigação (porque prometeu) de cumprir
a Sua Palavra, repreendendo os espíritos devoradores (...) Quem é que tem o direito
de provar a Deus, de cobrar d'Ele aquilo que prometeu? O dizimista! (...) Conhecemos
muitos homens famosos que provaram a Deus no respeito ao dízimo e se
transformaram em grandes milionários, como o sr. Colgate, o sr. Ford e o sr. Caterpilar.
(MACEDO, Vida com Abundância, p. 36)
E prossegue:
Ele (Jesus) desfez as barreiras que havia entre você e Deus e agora diz volte para
casa, para o jardim da Abundância para o qual você foi criado e viva a Vida Abundante
que Deus amorosamente deseja para você (...). Deus deseja ser nosso sócio (...). As
bases da nossa sociedade com Deus são as seguintes: o que nos pertence (nossa vida,
nossa força, nosso dinheiro) passa a pertencer a Deus; e o que é d'Ele (as bênçãos, a
paz, a felicidade, a alegria, e tudo de bom) passa a nos pertencer. (MACEDO, Vida com
Abundância, pp. 25,85-86)
Ao estabelecer esta relação de reciprocidade com Deus, o que ocorre é que Ele, Deus,
fica na obrigação de cumprir todas as promessas contidas na Bíblia na vida do fiel.
Torna-se cativo de sua própria Palavra.
pessoais são resultado de nossa espiritualidade agrada muito a quem tem bens.
(Isaltino Gomes Coelho, pastor batista, Raio de Luz n. 91, 1993)
Ao entender a Teologia da Prosperidade como injusta, cremos que o pastor citado está
considerando os muitos pobres, que durante longo tempo de suas vidas buscarão
compreender porque as bênçãos exigidas de Deus não ocorreram. Eles terão de lidar
com a angústia por terem falhado ou permitido que o Diabo roubasse sua graça. Ou
seguir os conselhos de Edir Macedo: Nós ensinamos as pessoas a cobrar de Deus aquilo
que está escrito. Se Ele não responder, a pessoa tem de exigir, bater o pé, dizer 'tô aqui,
tô precisando'. (MACEDO, Folha de S. Paulo, 20/6/1991).
A este propósito devemos lembrar, mais uma vez, que segundo a doutrina da IURD, o
indivíduo não é exatamente a sede do pecado, o que exigiria dele o arrependimento,
mas uma vítima da ação maligna: o ato de pecar não deriva de sua escolha, mas o Mal
é fruto do encosto que atrapalha a sua vida, em especial a financeira, sinal de bênção.
Desta feita, Deus, na IURD, é um instrumento nas mãos do fiel. Ironicamente, Ele,
Deus, deve ser obediente e cumprir todas as exigências feitas pelo fiel, principalmente
daquele que paga o dízimo: Tudo que fazemos, seja correntes ou campanhas, é com
espírito de luta, exigindo de Deus (grifo nosso) aquilo que Ele nos prometeu. (MACEDO,
Mensagens, p. 22)
more melhor, possua carro e não tenha sentimento de culpa por não negar o mundo;
pelo contrário, a conduta ascética tem diminuído entre os pentecostais desde a
década de 70.
E tem a garantia dos pastores de que Deus cumprirá sua parte: Ele ficará na obrigação
de cumprir Sua Palavra. (MACEDO, Mensagens, p. 23). E ainda, O ditado popular de
que 'promessa é dívida' se aplica também a Deus. (CRIVELLA, 501 Pensamentos do
Bispo Macedo, p. 103)
É certo que muitas pessoas neste mundo são ricas, mesmo sem possuírem Deus no
coração. Vencem, entretanto, porque confiam na força do seu trabalho, e por isso, são
possuidoras de uma riqueza honesta e digna. (...) Reafirmo que nossa vida depende de
nós mesmos. (MACEDO, Mensagens, pp. 27, 22).
Depende apenas de você o que será feito de sua vida, pois quem decide nosso destino
somos nós mesmos. Não são as outras pessoas; não é Deus, nem o Diabo. (...) Não
adianta ficar só jejuando ou orando. É preciso buscar o que você quer; fazer a sua
parte, e então falar ousadamente com Deus, revoltado com a situação. Você deve dar
o primeiro passo, pois Deus não o fará por você. (MACEDO, Mensagens, p. 28)
As doações em dinheiro ou bens são presentes colocados no altar de Deus, logo, para
uma grande bênção, um valioso presente! A fé é um instrumento de troca; uma
mercadoria, e nesta relação "toma lá, dá cá", a imagem de Deus torna-se mais próxima
e trivializada, em oposição à doutrina difundida pelo protestantismo histórico e pelo
catolicismo tradicional, a partir da qual reverência e submissão são enfatizadas.
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Dependendo do grau de interesse do ofertante, o presente, por mais caro que seja,
ainda assim se torna barato diante daquilo que está proporcionando ao presenteado.
Quando há um profundo laço de afeto, ternura e amor entre o que presenteia e o que
recebe, o presente nunca deve ser inferior ao melhor que a pessoa tem condições de
dar. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p. 12)
O fiel deve sacrificar o "seu tudo". A IURD tem uma campanha em que estimula o fiel a
doar o máximo que puder na espera da bênção. Muitas pessoas dão tudo o que têm
naquele momento de sua vida: uma caderneta de poupança, o dinheiro para comprar
comida, o dinheiro para o ônibus, e assim por diante.
Aqueles que vêem as doações das ofertas com maus olhos, ou seja, do ponto de vista
meramente mercadológico, principalmente do lado da Igreja, também têm
dificuldades para compreender a razão da vinda do Filho de Deus ao mundo. (...) haja
vista que a oferta está intimamente relacionada com a salvação eterna em Cristo
Jesus. (MACEDO, O Perfeito Sacrifício: o significado espiritual do dízimo e ofertas, p.
14)
Colocado nestes termos, é o fiel quem decide: Tudo depende de você. Se perseverar,
automaticamente conquistará as bênçãos de Deus. E assim, entrará na terra
prometida. (MACEDO, Mensagens, p. 21).
Portanto, a Bíblia tem seu próprio conceito de prosperidade. Como este conceito é
tão diferente da maioria dos atuais, é necessário que estejamos atentos e abertos à
antiga, porém sempre correta, proposta bíblica.
2. Quando Josué assumiu a liderança do povo, em lugar de Moisés, Deus lhe fez
algumas instruções decisivas que definem a prosperidade: ser forte e corajoso,
não temer e andar nos seus caminhos (Js. 1.1-9);
5. Trazer paz ao mundo também pode ser considerada uma atitude de sucesso
(Sl. 122.6-7);
6. O povo de Deus entendia que fazer o bem e agir corretamente na vida era
ser próspero (Jó 21.13; Sl. 106.5);
Evidentemente, toda a Bíblia proclama que Deus é a causa direta da prosperidade dos
justos (Gn. 39.3,23; Is. 48.15; Ez. 17.9-10; Ne. 2.20). Entretanto, Deus usa uma
pedagogia, isto é, um jeito correto e instrutivo para nos dar a sua ajuda e sua graça.
Assim, a Bíblia mostra que a prosperidade do povo de Deus vem:
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o Pelo sofrimento e pela graça de Deus (Is. 53.10), que ensina que o começo
de todo bem sucedido empreendimento humano reside na capacidade da
pessoa para sofrer;
o Pela fidelidade e lealdade a Deus e ao povo de Deus (Jr. 13.7-10; Dn. 6.9);
o Pela busca do temor do Senhor (I Cr. 26.5);
o Pela prática da justiça (Sl. 1.3);
o Pela posse (descida) do Espírito de Deus (Jz. 14.6; 19; 15.14).
1. Porque prosperam os malvados? (Jr. 12.1-6) Ao lermos este texto, percebemos que
ele é um corpo constituído de duas partes: na primeira, o profeta faz. Em tom de
queixa, uma tremenda acusação contra Deus (vv. 1-4); na Segunda parte, temos uma
dura resposta de Deus (vv. 5-6). Este tipo de diálogo apimentado, entre o profeta e
Deus, nós o encontramos em Habacuque (1.2; 2.4) e constitui a preocupação central
do livro de Jó.
Sua justificativa tem dois tipos de argumento: O primeiro é direto: Apesar de serem
desleais (v. 1b), usarem dos feitos de Deus para encobrirem suas más ações, (v.2),
provocarem a destruição dos animais e aves (v.4 a) e propagarem mentiras sobre Deus
(v. 4b), esses malvados (como lobos vestidos de cordeiros) prosperam e gozam de
tranqüilidade (v. 1b) e o segundo é indireto: O profeta justifica sua acusação,
mencionando algumas conseqüências danosas e provocadas pelos prósperos ímpios:
primeiro, a gula de prosperidade alimenta e multiplica a deslealdade (v. 1b); segundo,
a ansiedade pelo lucro fácil não tem limites, agredindo e destruindo a natureza a flora
e a fauna (v. 4 a) a ponto de justificar seus atos com uma mentira, Deus não vê o nosso
futuro (v. 4b).
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2. A prosperidade dos ímpios incomoda os crentes (Sl. 37.1-40). Este Salmo mostra
outro exemplo da crise de fé causada pela prosperidade das pessoas más, egoístas,
violentas, opressoras e descrentes. A maior parte do Salmo é admoestação (vv. 1-11 e
22-40). O restante trata das descrições do inimigo (vv.12-15), do justo e do ímpio
(vv.16-26).
O salmista busca orientar, animar e sustentar a esperança do crente fiel para que este
se mantenha firme diante de toda provocação causada pela prosperidade dos ímpios
(vv. 10.39-40).
A extensa lista de justificativas tem sua razão, pois, certamente, a prosperidade crescia
entre o ímpios. Em conseqüência disso, o salmista (bastante perturbado!) escreve esse
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Como enfrentar a soberba dos ímpios. Diante de nós estão duas experiências, mas um
só problema: a tentadora idéia de ser financeira ou artisticamente próspero. A difícil
experiência de Jeremias e a crise de fé vivida pela comunidade do salmista podem nos
levar a estabelecer uma cartilha orientadora para os crentes.
A idéia de prosperidade, espúria à Bíblia, é a mesma oferecida a Jesus por satanás (Mt.
4.1-11; cf. Mc.
1.12-13; Lc. 4.1-13). É uma prosperidade relacionada a dinheiro, lucro, êxito na vida e
sucesso nos empreendimentos pessoais. Na denúncia de Jeremias (12.1-6), os
prósperos são inimigos do servo de Deus, cometem perversidade contra as pessoas,
contra a natureza, promovem a descrença. No caso do salmista, o perfil dos homens
prósperos é mais amplo, e a repercussão de seus atos é, aparentemente, maior. O
gesto dessa gente má provoca sentimentos de indignação e inveja (v.1), irritação (v.7),
ira, furor e impaciência (v. 8), entre outras reações. Por todas essas razões, a Bíblia
distingue dois tipos de prosperidade.
Acontece que o ensino bíblico acerca da justiça divina não é utilitarista. O princípio, é
dando que se recebe, não retrata bem o ensino da justificação.
5. Considerações finais
4. Deve ficar sempre claro que Deus é o autor da vida, consequentemente, Ele é o
responsável pelo sucesso, pelo êxito ou prosperidade do Seu povo;