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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DAS IGREJAS EVANGÉLICAS ASSEMBLÉIA DE

DEUS NO ESTADO DO PARANÁ – AEADEPAR


FACEL FACULDADES

Djoni Schallenberger
Jander de Souza Lopes

Bibliologia

Curitiba
2010
ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DAS IGREJAS EVANGÉLICAS ASSEMBLÉIA DE
DEUS NO ESTADO DO PARANÁ – AEADEPAR
FACULDADE FACEL

Copyright © 2010 – Todos direitos reservados à Associação Educacional das Igrejas


Evangélicas Assembléia de Deus no Estado Do Paraná – AEADEPAR.

Proibida reprodução total ou parcial sem a expressa autorização.


Pirataria é crime e pecado.

Diagramação: Yasmin Feliciano


Editor: Djoni Schallenberger
Revisão: Berta Morales Figueroa

Lopes, Jander de Souza.

Bibliologia/ Jander de Souza Lopes, Djoni Schallenberger. –


Curitiba : Unidade, 2010.
165 p. ; 29 cm.

1. Bíblia - Estudo. 2. Teologia Bíblica. 3. Narrativa Bíblica.


I. Schallenberger, Djoni. II. FACEL. III. Título

CDD 220


Catalogação na fonte elaborada pelo Bibliotecário Pietro Otávio Santiago
CRB9/007 em 12 de Dezembro de 2012.
APRESENTAÇÃO

Os professores:
Djoni Schallenberger1
Jander de Souza Lopes2

É com satisfação que a família FACEL oferece à comunidade o curso de Bacha-


rel em Teologia na modalidade à distância (EAD). Trabalhou-se bastante tempo para
que o Curso de Teologia pudesse chegar até você.
Apresentamos a você o livro didático de Bibliologia. Essa disciplina é importan-
te para aqueles que desejam conhecer a Bíblia porque apresenta os aspectos introdutó-
rios que envolvem as Escrituras Sagradas.
É interessante notar que apesar da Bíblia ser o principal livro do cristianismo,
são poucos os cristãos e cristãs que conhecem assuntos importantes à compreensão.
Em razão disso incentivamos você para que aproveite essa disciplina, pois irá conhe-
cer a Bíblia de uma forma que raramente é tratada nas comunidades cristãs.
Será proveitoso estudar essa disciplina porque ajudará a compreender as infor-
mações que servem como base para a interação entre Deus e o ser humano. É claro, que
parte-se do pressuposto que a Bíblia é de inspiração divina.
O conhecimento obtido através desta disciplina, também possibilitará uma
melhor interpretação dos textos bíblicos, uma vez que o estudo fornece vários dados
históricos e contextuais. A matéria fornece aos cristãos e cristãs ferramentas que os
capacitarão a um trabalho mais eficiente na expansão do Reino de Deus.
Na primeira unidade serão abordados os aspectos sobre a formação da Bíblia.
A preservação da linha através da tradição oral, os estágios da evolução da escrita, o
processo de canonização e as diversas traduções.
Na segunda unidade serão analisados os conceitos teológicos da Bíblia. A inspi-
ração divina, os diversos conceitos de revelação, seu entendimento e sua interpretação.
Na terceira unidade o assunto será os diversos períodos bíblicos. Desde a criação até a
igreja primitiva, serão estudados os principais momentos históricos, e sistematizados
___________________________________

1
Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná (FTBP); Bacharel e Licenciado em
Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Especialista em Filosofia pela Faculdades Inte-
gradas de Jacarepaguá (FIJ), Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo
(UMESP).
2
Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista do Paraná (FTBP); Pedagogia pela Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá.
as divisões de períodos.
Na quarta unidade, o objetivo é conhecer panoramicamente os livros da Bíblia.
Serão analisados os contextos, a estrutura e o tema de cada livro.
Nosso desejo é que você tenha “bom ânimo” e aproveite ao máximo os estudos que
virão a seguir. Todo esforço será recompensado com uma compreensão mais clara so-
bre a Palavra de Deus, e porque não dizer, sobre o próprio Deus. Aproveite o estudo
e que Deus te abençoe.

A Bíblia é fogo que consome, martelo que quebranta, luz que revela, verdade
que ilumina e espada que penetra (Martinho Lutero).
OBJETIVOS DAS UNIDADES

UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA BÍBLIA


Conhecer o processo de formação da Bíblia em seus períodos e processos histó-
ricos importantes.

UNIDADE 2 - CONCEITOS TEOLÓGICOS SOBRE A BÍBLIA


Analisar os principais conceitos teológicos sobre a Bíblia.

UNIDADE 3 - A NARRATIVA BÍBLICA POR PERÍODOS


Compreender a narrativa bíblica em seus momentos principais.

UNIDADE 4 - PANORAMA DOS LIVROS DA BÍBLIA


Estudar panoramicamente os livros da Bíblia
SUMÁRIO

UNIDADE 1: A FORMAÇÃO DA BÍBLIA


SEÇÃO 1 - A ORIGEM DA BÍBLIA ..................................................................................... 03
Exercícios ............................................................................................................................... 13
SEÇÃO 2 - O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO ............................................................. 15
Exercícios ............................................................................................................................... 21
SEÇÃO 3 - OS MANUSCRITOS ......................................................................................... 22
Exercícios ............................................................................................................................... 28
SEÇÃO 4 - AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA .......................................................................... 29
Exercícios ............................................................................................................................... 34
RESUMO DA UNIDADE ..................................................................................................... 36
UNIDADE 2: CONCEITOS TEOLÓGICOS SOBRE A BÍBLIA
SEÇÃO 1 - A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA ........................................................................... 39
Exercícios ............................................................................................................................... 48
SEÇÃO 2 – A REVELAÇÃO DA BÍBLIA ........................................................................... 50
Exercícios ............................................................................................................................... 56
SEÇÃO 3 – O ENTENDIMENTO E A INTEPRETAÇÃO DA BÍBLIA .......................... 57
Exercícios ............................................................................................................................... 60
SEÇÃO 4 - A MENSAGEM E O PROPÓSITO DA BÍBLIA ............................................. 61
Exercícios ............................................................................................................................... 63
RESUMO DA UNIDADE ..................................................................................................... 64
UNIDADE 3: A NARRATIVA BÍBLICA
SEÇÃO 1 – DA CRIAÇÃO ATÉ OS JUÍZES ..................................................................... 67
Exercícios ............................................................................................................................... 73
SEÇÃO 2 – O PERÍODO DA MONARQUIA ................................................................... 75
Exercícios ............................................................................................................................... 81
SEÇÃO 3 – DO EXÍLIO ATÉ O PERÍODO INTERBÍBLICO .......................................... 83
Exercícios ............................................................................................................................... 88
SEÇÃO 4 – O PERÍODO DO NOVO TESTAMENTO (4 a. C. A 100 D. C.) ................. 90
Exercícios ............................................................................................................................... 98
RESUMO DA UNIDADE ..................................................................................................... 99
UNIDADE 4 - PANORAMA DOS LIVROS BÍBLICOS
SEÇÃO 1 – DO PENTATEUCO E OS LIVROS HISTÓRICOS ...................................... 103
Exercícios .............................................................................................................................. 113
SEÇÃO 2 - OS LIVROS POÉTICOS E PROFÉTICOS ..................................................... 114
Exercícios .............................................................................................................................. 127
SEÇÃO 3 – EVANGELHOS E ATOS ............................................................................... 129
Exercícios .............................................................................................................................. 134
SEÇÃO 4 – EPÍSTOLAS E APOCALIPSE ....................................................................... 135
Exercícios .............................................................................................................................. 148
RESUMO DA UNIDADE ................................................................................................... 150
RESUMO GERAL .............................................................................................................. 151
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 153
APÊNDICE A - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS ...................................................... 157
Bibliologia

t
UNIDADE I
A Formação da Bíblia
˂˂˂ 3

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Olá,
Que bom que decidiu estudar um pouco mais sobre a palavra de
Deus. Você perceberá o quão prazeroso é conhecer os processos teológicos
e históricos que ajudaram a formar a Bíblia
Nesta seção você aprenderá sobre as línguas originais, sobre o processo de
canonização, as traduções, os manuscritos, entre outros.
Comecemos então nosso estudo sobre a formação da Bíblia. Não se
esqueça de ter em mãos um lápis para fazer suas anotações. Lembre-se que
as margens da apostila são largas exatamente para que sejam anotadas as
ideias sobre os conteúdos.
Ache um lugar tranquilo para a leitura e bom estudo!

SEÇÃO 1 - A ORIGEM DA BÍBLIA

• De boca em boca

Um dado que auxilia para uma compreensão sobre o processo


de formação da Bíblia é entender que quando aconteceram os primeiros
eventos narrados, a escrita não tinha sido elaborada de forma suficiente
tal como se percebe na atualidade. A escrita só veio a ser “inventada” num
período posterior como será estudado logo mais adiante.
Os primeiros eventos bíblicos foram transmitidos por um processo
conhecido como tradição Oral. Os orientais antigos transmitiam todo seu
conteúdo cultural (enigmas, poesias, cânticos, fatos históricos, e outros.)
através da fala (MILLER; HUBER, 2006, p. 12).
É importante perceber que a tradição oriental antiga de contar his-
tórias possui uma particularidade importante. A fidelidade na transmissão
dos fatos era entendida como algo essencial, como mostra Coelho:
Bibliologia

Existe, ainda nos dias de hoje, uma preocupação muito grande


por parte dos orientais com a tradição oral. E isso era muito
4 ˃˃˃

mais forte nos tempos antigos, quando a escrita era custosa.


Eles preservavam a sua história e suas experiências, contando-
-a de geração para geração. As histórias e narrativas eram re-
passadas de pai para filho. Assim mantinham os fatos vivos na
mente do povo. Preservada em sua essência, a tradição oral,
até sua redução à escrita, manteve muitos dos eventos e muitas
das históricas vidas na mente do povo. Em conversas à beira da
fogueira, à noite, ou à beira do poço, os povos nômades passam
suas tradições culturais para as gerações mais jovens [...] Desta
maneira, podemos dizer, com segurança, que aquilo que temos
na Bíblia não foi inventado nem criado em um momento, mas
contado, recontado e vivido por gerações, até que chegasse ao
que temos em mão (COELHO, 2009).

Desse modo, é possível perceber que as histórias bíblicas são fruto


de um cuidadoso sistema de tradição oral que procurava preservar com
fidelidade os detalhes das diversas histórias do povo hebreu.
Existem várias referências bíblicas que mostram a tradição oral.
Veja por exemplo o texto de Êxodo 12.26-27. Observe que o texto mostra
uma forma de transmissão cultural através de ritos que despertavam a
curiosidade, que era esclarecida pela explicação verbal.
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto


é este vosso? Então, direis: Este é o sacrifício da Páscoa ao SE-
NHOR, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quan-
do feriu aos egípcios e livrou as nossas casas. Então, o povo
inclinou-se e adorou (Ex 12. 26-27).

Outros textos significativos são:

Ouvimos, ó Deus, com os próprios ouvidos; nossos pais nos


têm contado o que outrora fizeste, em seus dias [...] O que ou-
vimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o
encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os
louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez.
(Sl 44. 1; 78. 3, 4).

Vale lembrar que a tradição oral permanece até os dias de hoje como
forma de difusão cultural. Principalmente onde não é possível um acesso
fácil à escrita como era o caso dos povos antigos.
˂˂˂ 5

• A evolução da escrita

De forma geral, pode-se dizer que a escrita passou por vários es-
tágios até chegar à atual formatação. Geisler e Nix sugerem que a escrita
primitiva passou por três estágios inter-relacionados: Os pictogramas, os
ideogramas e os fonogramas (2006, p. 127).
Em sua forma mais primitiva, a escrita possuía um caráter altamen-
te concreto. Basicamente eram utilizados desenhos para representar os
objetos em referência. Por exemplo, se a intenção era comunicar a ideia
de um determinado animal, bastava desenhar o animal. É comum ver em
escavações, cavernas e documentos antigos a presença dos pictogramas.
Basicamente figuras que representavam de forma concreta, objetos da rea-
lidade exterior.
Os desenhos também passaram a ser utilizados para representar ideias
e não apenas objetos, animais ou pessoas. Essa evolução possibilitou a repre-
sentação de conceitos abstratos como calor, dor, fome, e outros. A evolução
de um caráter concreto para uma abstração na escrita representou para o ser
humano, uma expansão em sua capacidade de comunicação.
Mais tarde, os desenhos passaram a representar não apenas ideias, mas
sons distintos. Desse modo, o desenho de uma boca poderia significar literal-
mente uma boca (pictogramas), ou a ideia de fome (ideogramas), ou ainda o
som de um grito (fonogramas) (GEISLER; NIX, 2006, p. 127).
Devido a sua capacidade de rápida compreensão de significado por
parte do ser humano, a linguagem pictórica ainda continua presente na
sociedade. Basta observar os diversos símbolos que se encontram no dia-
a-dia. São placas de trânsito, sinais em repartições públicas, anúncios e
outros.

○ A escrita egípcia

Os hieróglifos surgiram no Egito antigo e seguem a mesma ideia de


evolução apresentadas no tópico anterior. As particularidades da escrita
hieroglífica abrangem o surgimento de sinais para as consoantes e os
Bibliologia

vários significados para os sinais. Geralmente os hieróglifos eram escritos


em papiros, muros de palácios, monumentos e túmulos (MILLER; HUBER,
6 ˃˃˃

2006, p. 14).
○ A escrita mesopotâmica

Na mesopotâmia surgiu uma forma de escrita conhecida como


cuneiforme. Essa forma é apontada por Miller e Huber como provável
pioneira da linguagem escrita (2007, p. 14). O termo cuneiforme vem da
palavra latina cuneus, que significa cunha, referindo-se à forma dos sinais
usados na escrita. Em seu estágio primitivo, essa forma de escrita consistia
basicamente em pictogramas. Porém, mais tarde, os sinais evoluíram
conforme os estágios apresentados no tópico anterior.
A escrita cuneiforme era de difícil domínio devido ao grande
número de sinais (cerca de 800) por isso ficou reservada aos escribas.
Foi na escrita cuneiforme que surgiram os primeiros sinais para
representar o som de palavras monossílabas. Dessa forma, as palavras
com várias sílabas, poderiam ser representadas por uma combinação de
símbolos (MILLER; HUBER, 2007, p. 14).

• Os elementos da confecção bíblica


FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

A Bíblia foi escrita por homens dos mais diversos grupos sociais.
Foram profetas, boiadeiros, pescadores, estadistas, e outros. Porém, um
grupo que merece destaque é o dos escribas. Considerados os “mestres
da Lei” os escribas surgiram oficialmente no período pós-exílico e
contribuíram com a escrita bíblica por diversos fatores.
Em primeiro lugar porque eles tinham a função de preservar a
lei. Através da atividade de cópias dos manuscritos, eles contribuíram
com a preservação das histórias bíblicas. Exigiam de si mesmos e de
seus alunos o mais alto grau de fidelidade na transmissão da lei bíblica.
Isso originou um conceito de preservação das escrituras sobremodo
fiel (ESCRIBA, 1997, p. 522). Em segundo lugar porque eles instruíam
na Lei. Eram conhecidos como “mestres da Lei” e procuravam reunir
em torno de si várias pessoas para que aprendessem. Ministravam no
templo (Lc 2. 46; Jo 18. 20) e isso ajudou na preservação das histórias
bíblicas.
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Dentre os materiais utilizados na Bíblia, destacam-se:

○ Papiro

O papiro era uma planta aquática da qual se utilizava o cerne para


produzir uma forma primitiva de papel (PAPIRO, 1997, p. 522). Era encontrado
em abundância nas margens do rio Nilo. O Papiro foi um material de baixo
custo e durável. Isso lhe garantiu uma posição importante na história da
Bíblia. Muitos dos manuscritos que existem hoje sobreviveram em papel feito
de papiro (MILLER; HUBER. 2006. p. 20).
É importante ressaltar que o termo “papiro” também á atribuído ao
grupo de manuscritos produzidos com esse material.

○ Pergaminhos

Consistia basicamente de peles de animais especialmente preparadas


para a escrita. Era mais durável e mais caro que o papiro (PERGAMINHO,
1997, p. 526). Este material foi usado por Paulo (2Tm 4. 13).
Além desses materiais, foram usados ainda:
Pedras (Ex 24. 12; 32. 15, 16; Dt 27. 2, 3; Js 8. 31, 32)
Couro (Jr 36. 23)
Tinta (Jr 36. 18; 2Co 3. 3)
Metal (2Tm 4. 13)
Tabuinhas de barro (Jr 17. 3; Ez 4. 1)
Cera (Is 8.1; 30.8; Hb 2. 2; Lc 1. 63)
Pedras preciosas (Ex 39. 6-14)
Estilo (Jr 17. 1)
Cinzel (Jó 19. 24)

SAIBA MAIS

Os escritores bíblicos usavam o que estava disponível para escrever.


Bibliologia

Eles utilizavam desde os materiais baratos até o pergaminho de couro.


Se estivessem em nossa época, certamente usariam toda a tecnologia
8 ˃˃˃

disponível!
Às vezes, a palavra Bíblia é usada para referir-se a outros livros.
Pessoas usam a palavra para dar a entender que um livro é um precioso
tesouro de informações corretas. Assim, por exemplo, você poderá
encontrar a expressão “bíblia da culinária” ou uma “bíblia do vendedor”.
Provavelmente, você já se deu conta que esses tipos de bíblias não têm
nada a ver com a Bíblia cristã! (GRAVES. 2004, P. 11)

• As línguas da Bíblia

Diversas línguas foram usadas na formação do texto bíblico. Em


destaque: Hebraico, Aramaico, Grego e Latim.
Cada língua possui suas características próprias e precisam ser
estudadas para uma correta compreensão do texto bíblico.
É comum ver discussões de teor exegético e hermenêutico onde as
pessoas não se utilizam das línguas originais para obter o veredicto sobre
as questões. Todos devem estar cientes de que a inspiração divina da Bíblia
está restrita a sua língua original. Portanto, toda tradução é questionável.
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É o que afirma Walker: “Nenhuma tradução pode substituir as línguas


originais da Bíblia no que tange a importância primária para a transmissão
e perpetuação da revelação divina (1998, p.245)”.
Mais tarde será apresenta uma disciplina para cada língua da Bíblia
(Grego e Hebraico). Então haverá mais tempo disponível para conhecer
os detalhes de cada uma delas. Por enquanto, a intenção é fornecer uma
pequena introdução para essas línguas.

○ Hebraico

Os detalhes de sua origem são os mais diversos e não é objetivo


dessa apostila detalhá-lo. A proposta do texto é conhecer algumas
características da língua que ajudem a ter uma ideia introdutória do que é
a língua hebraica.
O nome “hebreu” parece estar relacionado com um dos
descendentes de Noé chamado Héber (Gn 10. 22, 24). Possivelmente desse
˂˂˂ 9

personagem bíblico surgiu o nome hebreu que veio a designar tanto os


seus descendentes (que incluem os israelitas) como a língua falada por
eles. É possível que essa língua tenha sido encontrada por Abrão quando
em contato com os hebreus na terra de Canaã. (HEBREU, 1980, p. 264).
O Hebraico é a principal língua do Antigo Testamento. (com exceção de
alguns poucos trechos escritos em Aramaico).
Seu alfabeto é composto de 22 consoantes e não possui vogal.
Porém, as vogais estão presentes na pronúncia das palavras. Inicialmente
não existiam sinais para as vogais, mas por volta do século VI d.C. foi
inserido na língua um conjunto de sinais vocálicos (LÍNGUAS DA BÍBLIA,
1997, p. 933).

SAIBA MAIS

O Hebraico é também chamado de língua de Canaã (Is 19.18) e de


Judaico (II Reis 18.26).

Dentre suas características, pode-se dizer que o Hebraico é uma


língua simples. Walker oferece uma ilustração da simplicidade da língua.
Sua linguagem é bem simples, o que acaba dificultando na tradução. Veja
o exemplo do Salmo 23. Foram necessárias nove palavras em português
para traduzir quatro em Hebraico (1998, p. 248).

O SENHOR É O MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ

O Hebraico caracteriza-se também por ser uma língua pictórica. “O


Hebraico expressa-se através de metáforas vívidas e audaciosas, capazes de
desafiar e dramatizar a narrativa dos acontecimentos” (GEISLER; NIX, 2006,
p. 126). As expressões abstratas que existem em português são escritas em
linguagem pictórica no Hebraico. Por exemplo: “Descaiu-lhe o semblante”
que quer dizer “ficou triste ou culpado (Gn 4. 5) e “estar à direita” que quer
dizer “de confiança” (Sl 16. 8).
Bibliologia

Quando se estuda a trajetória das línguas, percebe-se que toda


língua tem um ciclo parecido, ela nasce, evolui e depois sofre influências.
10 ˃˃˃

A língua hebraica tem duas épocas bem distintas de seu desenvolvimento,


conhecidas geralmente pela idade de ouro e pela idade de prata. A primeira
compreende o período que vai desde o início da nação até o cativeiro. A
segunda refere-se ao período depois do exílio quando o Hebraico sofreu
influência do Aramaico (HEBRAICO, 1980, p. 265).
Porém, vale ressaltar que a mudança na língua hebraica não é tão
forte quando comparado com outras línguas como afirma Walker: “Embora
o Hebraico não tenha sido exceção para esse princípio geral, permaneceu
assim como as outras línguas semíticas, notavelmente estável durante
muitos séculos” (1998, p. 247).
Miller e Huber citam dois fatores que podem ter contribuído para
a estabilidade da língua hebraica. Primeiro é que os textos das escrituras
eram tão respeitados que tinham um profundo efeito na própria língua,
mantendo-a constante. Outra razão para essa estabilidade é o fato de que
o Hebraico deixou de ser uma língua viva a partir do quinto século a.C
Assim, a língua ficou menos sujeita a alterações (2006, p. 17).

SAIBA MAIS
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No século XIX, com o movimento sionista na Europa oriental e na


Palestina, o Hebraico ressurgiu como língua viva e tornou-se o idioma
oficial, escrito e falado, de Israel.
“Tecnicamente, o conjunto de símbolos ou letras usado na escrita
hebraica não é um alfabeto, mas um abjad. Um abjad é o equivalente a
um alfabeto que não possui símbolo para representar os sons das vogais”
(MILLER; HUBER, 2006, p. 17)

○ Aramaico

“O Aramaico talvez tenha a mais longa, contínua e viva história de


qualquer língua conhecida. Era usado durante o período patriarcal bíblico
e, nos dias de hoje, ainda é falado por alguns povos” (WALKER, 1998, p.
256).
O Aramaico foi uma língua usada em todo o período do AT. Porém,
˂˂˂ 11

em meados do século VI a.C, ela alcançou o status de língua oficial do


oriente (GEISLER; NIX, 2006, p.124).
Ela é uma língua bastante parecida com o Hebraico. Na Bíblia,
são usados os mesmos caracteres para ambas as línguas. Ela possui um
vocabulário grande, um sistema bem arrojado de tempos verbais e outros
detalhes que a tornam superior ao Hebraico como veículo de comunicação
(WALKER, 1998, p. 256).
As passagens bíblicas escritas em Aramaico com extensão
considerável são poucas. São Elas: Esdras 4. 7 a 6. 18 e 7. 12 a 26, Jeremias
10. 11 e Daniel 2. 4 a 7. 28. Mas, a língua aparece em várias partes da Bíblia.
Como por exemplo, em Gn 31. 47; Jr 10. 11; e em várias partes do livro de
Jonas (Jn 1. 9).

○ Grego

Apesar de o Novo Testamento ter sido escrito totalmente em Grego,


ele teve influência (ainda que pouca) do Hebraico, Aramaico e Latim. O
Aramaico foi a língua usada por Jesus em seus ensinos. Nas passagens do
Novo Testamento o Aramaico aparece em alguns detalhes. Nos nomes das
pessoas (Barnabé, Bartolomeu, Barjonas) e na famosa frase de Jesus: “Eloi,
Eloi, lama sabactâni3” (Mc 15. 34). O Hebraico pode ser percebido no Novo
Testamento no uso de expressões idiomáticas. Já o Latim percebe-se quando
ele empresta palavras como “Centurião”, “Legião”, e outros. Além disso,
pela inscrição na Cruz “Jesus Nazareno Rei dos Judeus” que foi escrita em
Grego, Latim e Aramaico (Jo 19. 19, 20).
O Grego passou por cerca de cinco estágios de desenvolvimento. Os
estágios mais importantes foram o do o Grego clássico (com o qual foram
escritos os tratados dos filósofos) e o Grego usado na escrita do Novo
Testamento chamado Koiné. (GEISLER; NIX, 2006, p. 126).
Essa língua chegou até a Judéia através dos ideais expansionistas de
Alexandre, o Grande. Com o domínio da cultura grega, gradativamente
os dialetos locais foram sendo substituídos pelo Grego helenístico ou
Koiné (que significa comum). O Koiné era um pouco menos elegante que o
Bibliologia

clássico, porém, mais popular (WALKER, 1998, p. 262).


___________________________________

3
Meu Deus, meu Deus, porque me desamparaste?
12 ˃˃˃

SAIBA MAIS

Além de escrever em Grego, Paulo estava familiarizado com outros


autores Gregos como demonstram alguns versículos (At 17. 28; Tito 1. 12).
Ao contrário do Hebraico, o Grego é escrito da esquerda para a
direita. O alfabeto Grego é composto de 24 letras. Elas são usualmente
escritas em minúsculas. A palavra alfabeto vem das duas letras iniciais
“alfa”e “beta”.
Essa língua possui recursos linguísticos intelectualizados que
proporcionaram a definição de conceitos teológicos complexos. O Grego
fala mais à mente que ao coração. É a língua dos filósofos (GEISLER; NIX,
2006, p. 127).
O Grego possui uma capacidade de comunicação muito grande. Seu
vocabulário é amplo com palavras que permite expressar até nuanças de
significado. Por exemplo, são usadas duas palavras para expressar “amor”.
Ágape para amor de Deus e phileo para amor de irmãos (Rm 12. 9, 10). Outro
exemplo interessante é o uso de duas palavras para expressar “outro”. Allos
usado mais comumente e heteros quando se queria fazer uma distinção entre
o primeiro e o segundo objeto (Jo 14. 16, Mt 6. 24).
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

Essa versatilidade expressiva da língua grega faz com que “os


sermões registrados no Novo Testamento combinem a mensagem profética
hebraica com a força da oratória grega. Nas palavras de Walker:

Embora cada língua humana tenha suas próprias limitações,


as línguas originais da Bíblia provam ser um veículo
extraordinariamente adequado para a transmissão da mensagem
de Deus em toda a sua força e riqueza (1998, p. 263).

SAIBA MAIS

A língua grega fez parte de uma série de fatores que tornaram a


época de Jesus uma oportunidade única para a chegada e expansão do
evangelho. Além do mundo daquela época ter uma língua em comum (o
Grego), também tinha um governo comum (o romano) que possibilitava
˂˂˂ 13

o trânsito livre entre os países (GEISLER; NIX, 2006, p. 126). Sem falar nas
sinagogas judaicas espalhadas por vários lugares que ajudou na expansão
do evangelho. Foram por esses motivos que Paulo declarou: “Mas vindo a
plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho nascido de mulher” (Gl 4. 4).
Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti
(Sl 119. 11).

EXERCÍCIOS

1. Complete o versículo que comprova a diversidade de métodos de


comunicação usados por Deus

Havendo Deus ___________________________________ falado muitas


vezes, e de ______________________________________, aos pais, pelos
____________________________, nestes últimos dias a nós nos falou pelo
____________________________, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, e por quem fez também o mundo (Hb 1. 1-2).

2. Faça um pequeno resumo da tradição oral.


______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

3. Relacione o termo com o seu significado:


1.Fonograma
2.Pictograma
3.Ideograma

( ) Sinais que representavam sons.


Bibliologia

( ) Sinais que representavam ideias


( ) Sinais que representavam objetos de forma concreta
14 ˃˃˃

4. Que material usado na confecção da Bíblia era de baixo custo e de boa


durabilidade?
______________________________________________________________
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5. Procure um versículo do Antigo Testamento que mostre a força pictórica


da língua Hebraica.
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6. Faça uma pesquisa sobre os escribas e que contenha os seguintes itens


(entre 15 e 20 linhas)
a) Como se formava um escriba?
b) Quais as atividades que eles exerciam?
c) Porque eles foram repreendidos por Jesus;
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SEÇÃO 2 - O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO

É possível que muitos estudantes de teologia tenham dúvidas


em relação a como foram escolhidos os livros que fazem parte da Bíblia.
Geralmente o que vêm à mente são os “grandes concílios” que se supõe
terem selecionados os livros que compõem a Bíblia. Entretanto será visto a
seguir, que a seleção dos livros da Bíblia não aconteceu num evento único,
mas em vários momentos da história. Por isso, usa-se a ideia de “processo”
de canonização.
Denomina-se “Cânon” o conjunto de livros que fazem parte Bíblia.
O Cânon pode variar dependendo do grupo religioso. Os evangélicos
possuem uma lista de livros menor que a dos católicos; o Cânon judaico
do Antigo Testamento é igual a dos evangélicos, porém com divisões
diferentes. Essas e outras diferenças poderão ser percebidas quando se
estuda os diversos “Cânones”.
Três etapas fazem parte do processo de canonização: A primeira
é a inspiração divina. Só faz sentido canonizar os livros que possuem
inspiração divina, então o primeiro passo era a identificação do texto e/
ou livro como divino. Depois, seguiam-se duas etapas quase simultâneas:
o reconhecimento por parte do povo de Deus e a preservação (GEISLER;
NIX, 2006, p. 74).

• Testes de Canonicidade

ARCHER aborda alguns testes de canonicidade do Antigo Testamento


que têm sido propostos em épocas recentes. J. G. Eichhorn (1780) propôs que
Bibliologia

a antiguidade de um texto seria o teste ideal. Todos os livros que, segundo se


acreditava fossem compostos depois da época de Malaquias, foram excluídos
16 ˃˃˃

de consideração (1984. p. 80). ARCHER rebate essa tese sob a crítica de que
muitos livros antigos como o Livro de Jasar e o Livro das Guerras do Senhor,
não foram considerados canônicos.
F. Hitzig (Ca. de 1850) sugeriu que fosse tomado como regra
canônica a língua hebraica. Os livros que não tivessem sido escritos em
Hebraico não é seriam considerados canônicos. A objeção é que o livro de
Eclesiástico, Tobias e 1 Macabeus não entraram no Cânon mesmo tendo
sido escritos em Hebraico. Outro fato é que alguns trechos de Esdras e
Daniel foram escritos em Aramaico (Esdras 4. 7 a 6. 18 e 7. 12 a 26, Jeremias
10. 11 e Daniel 2. 4 a 7. 28).
Archer sugere que o “único e verdadeiro teste de canonicidade
que permanece de (sic) pé é o testemunho que Deus o Espírito Santo dá à
autoridade da sua própria palavra” (1984, p. 81). GEISLER e NIX sugerem
algo parecido quando afirmam que “é a inspiração de Deus num livro que
determina sua canonicidade” (2006, p. 65).4

• O Cânon do Antigo Testamento


FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

O Cânon do AT é diferente nas versões evangélica e judaica. Segue


abaixo um quadro comparativo. Depois, por fins didáticos, será utilizada
a divisão judaica para estudar o processo de canonização. A abordagem,
em sua maioria, será das evidências internas.
O Cânon do Antigo Testamento foi elaborado num processo de vários
momentos como será visto a seguir. Os detalhes são muitos, mas o essencial
é saber que se trata de um processo e não de um evento único.
A seção do Pentateuco parece ter tido um processo instantâneo
de canonização. Assim que foi escrito foi aceito pelo povo de Deus como
inspirado. Isso se evidencia pelo fato de que a “Lei escrita por Moisés” foi
colocada em um lugar considerado sagrado.

(...) Moisés escreveu com cuidado num livro todas as palavras


da Lei de Deus e depois o entregou aos levitas encarregados de
___________________________________

4
Na próxima unidade será abordado o assunto sobre inspiração quando haverá um apro-
fundamento nesse assunto.
˂˂˂ 17

levar a arca da aliança de Deus, o SENHOR. Moisés lhes disse:


Ponham este Livro da Lei de Deus ao lado da arca da aliança
do SENHOR, nosso Deus, para que fique ali como testemunha
contra o povo (Dt 31.24-26).

Essa mesma lei foi posteriormente arquivada em outro local


sagrado: “Então, disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o
Livro da Lei na Casa do SENHOR. Hilquias entregou o livro a Safã, e este
o leu” (Esdras 22. 8).
Existem evidências internas o suficiente para perceber que mesmo
durante a escrita dos outros livros do AT, o Pentateuco já era considerado
com sendo inspirado. As referências vão desde Josué 1. 7 até Malaquias 4.
4.
A seção denominada “Os profetas” possui um pouco mais de detalhes
em seu processo de canonização. O livro de Josué parece ter sido canonizado
automaticamente após sua escrita. Josué acrescentou dados próprios aos
livros de Moisés (Js 24. 26). Se for considerado que os livros de Moisés já
eram reconhecidos como inspirados, obriga-se também a aceitar que o de
Josué também é de inspiração divina. Se assim não fosse, certamente haveria
reações por parte do povo de Deus na época por tamanho “atrevimento” em
acrescentar palavras à Lei de Deus.
Outro fator que ajuda no entendimento, é que vários livros do
AT são interligados. Por vezes, as últimas palavras de um livro recebem
continuação nas primeiras palavras do outro livro. Compare Dt 34 com Js
1; Js 24 com Jz 1; Jz 21 com 1Sm 1.
Samuel escreveu suas palavras e as colocou em um lugar sagrado.
“E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e
pô-lo perante o SENHOR” (1Sm 10. 25). O local sagrado em que colocou o
livro indica canonização.
Já no período exílico, existem possíveis evidências da formação de
um Cânon, ainda que não seja possível saber a lista exata dos livros. Veja o
texto de Ezequiel 13. 9.
Bibliologia

Minha mão será contra os profetas que têm visões falsas e que
adivinham mentiras; não estarão no conselho do meu povo, não
serão inscritos nos registros da casa de Israel, nem entrarão na
18 ˃˃˃

terra de Israel. Sabereis que eu sou o Senhor Deus.

Os períodos exílico e pós-exílico foram importantes para o Cânon.


Especialmente porque os fatos preditos pelos profetas tinham se cumprido.
Isso evidenciou a inspiração divina dos livros. Observe a citação do profeta
Daniel sobre o cumprimento das profecias e uma possível lista de profetas
reconhecidos:

Eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que


falou o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar
as assolações de Jerusalém, era de setenta anos [...]e não demos
ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram
aos nossos reis, nossos príncipes e nossos pais, como também a
todo o povo da terra [...] Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei,
desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição,
o juramento que está escrito na Lei de Moisés, servo de Deus, se
derramou sobre nós; porque pecamos contra ele.

Os detalhes sobre a canonização são muitos e não é intenção desse


trabalho abordá-los em todas as suas particularidades. O essencial é gravar
a ideia que foi apresentada neste tópico. A formação do Cânon do AT
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pode ser definida como um processo.

SAIBA MAIS

Uma grande contribuição para o processo de canonização foi a


atividade de vários profetas não tão conhecidos. É possível perceber isso
através da freqüente frase: “... Quanto aos demais atos do rei “fulano,
porventura não estão escrito no Livro da História do profeta ciclano?” (1Cr
29. 29; 2Cr 9. 29; 12. 15; 13. 22; 20. 34; 32. 32; 33. 19; 35; 27).

• O Cânon do Novo Testamento

O NT foi escrito de 50 d.C. até 100 d.C. O processo de canonização do


Novo Testamento levou menos tempo para acontecer quando comparado
com o Antigo Testamento. Porém seu alcance geográfico foi muito mais
˂˂˂ 19

amplo o que causou algumas dificuldades para a canonização. Devido às


dificuldades geográficas (Os livros eram remetidos a lugares diferentes) e
as necessidades de logísticas (O sistema de transporte era lento) o processo
de compilação do Cânon foi demorado visto que dificilmente uma igreja
teria cópia de todos os exemplares, mas isso não significa que não houve
por parte das igrejas o esforço para colecionar os escritos (GEISLER; NIX,
2006, p. 99-105).
Como se percebe nos livros canônicos, outros escritos e ensinos
falsos começaram a circular. Essa situação levou os apóstolos a combaterem
os falsos ensinos e a ratificar quais eram os verdadeiros ensinos. Lucas
fala sobre várias crendices à respeito de Jesus (Lc 1. 1-4); João foi severo
contra os falsos profetas e exortou os cristãos a analisarem criticamente
os ensinos que chegassem às igrejas (1Jo 4. 1-4); Ele também procurou
eliminar crendices à respeito de sua morte (Jo 21. 23, 24); Em geral, eram
feitas exortações para que as igrejas permanecessem nos ensinos dos
apóstolos (2Co 11. 2; 1 Tes 2. 13)5.
Para evitar falsificações, Paulo sempre autenticava suas cartas com
sua assinatura (Gl 6. 11; 2Ts 3. 17). Além disso, cada carta era comumente
enviada por um portador oficial da parte de Paulo (Col 4. 7; Ef 6. 21).
Percebe-se então uma preocupação em determinar quais eram os
escritos e ensinos inspirados e quais eram falsos. Obviamente, a autoridade
dos escritos baseava-se na autoridade dos apóstolos que foi endossada
pelo próprio Cristo (Mt 28. 19). Desse modo, foi iniciada a leitura dos livros
apostólicos. Veja alguns versículos significativos:

Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os
santos irmãos [...] Manda estas coisas e ensina-as [...] Persiste
em ler, exortar e ensinar, até que eu vá [...] E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que
sejam idôneos para também ensinarem os outros. (1Ts 5. 27;
1Tm 4. 11, 13; 2Tm 2. 2).

Com a necessidade de estabelecer os verdadeiros ensinos dos


apóstolos, surgiu a necessidade de fazer cópias das cartas para que todas
Bibliologia

___________________________________

5
Na unidade IV serão examinados os livros bíblicos onde serão percebidos os combates
aos falsos ensinos.
20 ˃˃˃

as igrejas pudessem ler. As comunidades cristãs iniciaram um processo de


troca das epístolas que ajudou na formação do Cânon (Cl 4.16).
Soma-se a isso o fato de que as epístolas de Pedro, Tiago e Apocalipse
foram escritas para vários destinatários (Tg 1.1; 1Pd 1.1; Ap 1.4) o que exigiu
que várias cópias fossem enviadas (GEISLER; NIX, 2006, p.103).
Na Segunda Epístola de Pedro, já existe a informação da existência
de uma coletânea das epístolas de Paulo:

[...] e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como


também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas
epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras,
para sua própria perdição (2Pd 3. 15, 16).

Outro fator é o endosso mútuo entre os apóstolos. Ao escrever o


livro de Atos, Lucas faz menção do seu primeiro livro ou tratado (At. 1. 1);
Paulo menciona o evangelho de Lucas (1Tm 5. 18; Lc 10. 7); Judas menciona
Pedro (2Pe 3. 2; Jd 17).
É possível concluir então que conforme o evangelho ia sendo
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proclamado, as próprias igrejas criavam regras para definir quais livros


eram inspirados e quais não eram (GEISLER; NIX, 2006, p. 105).

• As confirmações históricas sobre o Cânon

Depois do século I a.C surgiram as confirmações da igreja sobre o


Cânon. Tertuliano foi o primeiro a chamar as escrituras cristãs de Novo
Testamento. Este fato é significativo porque colocou as escrituras do Novo
Testamento em um nível de inspiração e autoridade igual ao do Antigo
Testamento (FISHER, 1998, p. 86).
No século II e III surgiram algumas listas canônicas do Novo
Testamento que incluía todos os 27 livros reconhecidos até hoje. Uma
tradução do Novo Testamento conhecida como Siríaca incluía a maioria
dos livros do NT, Exceto II Pedro; II e III João; Judas e apocalipse. A omissão
desses livros é entendível já que essas cartas foram destinadas ao ocidente
e a Síria fica no oriente. A dificuldade de comunicação e transporte foi um
˂˂˂ 21

fator que dificultou a inclusão desses livros na tradução Siríaca (GEISLER;


NIX, 2006, p. 106).
A tradução latina do segundo século, destinado à igreja ocidental,
omitia apenas Hebreus, Tiago e 1 e 2 Pedro. A explicação é a mesma dada
para as omissões da versão siríaca. Essas epístolas tinham sido destinadas
às igrejas do oriente. A lista do Cânon Muratório (170 d.C.) é idêntica à
lista da tradução latina. O códice Barocócio, além de trazer quase todos
os livros do AT, incluía todos os livros atuais do NT das traduções (com
exceção de Apocalipse).
A confirmação do Cânon atual veio por parte de autoridades
eclesiásticas como a do historiador Eusébio de Cesaréia. Ele rejeitou apenas
o Apocalipse. Atanásio de Alexandria confirmou os 27 livros do NT. Mais
tarde, tanto Jerônimo como Agostinho também confirmaram a mesma lista
(GEISLER; NIX, 2006, p. 109).
O estágio final da confirmação canônica ocorreu no concílio de Hipo
(393) e Cartago (397). Foi o momento em que a igreja decidiu ratificar os 27
livros do Novo Testamento como canônicos (GEISLER; NIX, 2006, p. 109).

“seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus


permanece eternamente” (Is 40.8).

EXERCÍCIOS

1. Cite algumas regras inadequadas para o teste de canonicidade.


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Bibliologia

2. Qual é regra usada para definir um livro canônico? Você concorda com
ela?
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3. Quais são as seções do Cânon judaico?


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4. Cite um fator que contribuiu para a canonização do NT.


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5. Qual a importância de as igrejas primitivas terem feito intercâmbios com


as cartas recebidas dos apóstolos?
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SEÇÃO 3 - OS MANUSCRITOS

Esta seção objetiva estudar quais são os principais manuscritos da


Bíblia que existem. Não é intenção deste trabalho abordar os detalhes de
˂˂˂ 23

cada um visto ser um assunto bastante extenso. Serão citadas apenas as


informações necessárias à compreensão e os documentos mais importantes
do ponto de vista histórico e teológico.
Os manuscritos são assim chamados devido ao método manual de
escrita com a qual foram produzidos. É importante ressaltar que os documentos
que estão disponíveis não saíram diretamente da mão dos escritores (esses são
chamados autógrafos), mas cópias. Essas cópias foram usadas para formar a
Bíblia que existe hoje (COMFORT, 1998, p. 211).
Durante a história foram encontrados vários manuscritos. Cada
grupo de documento recebeu um nome específico. Eles foram arquivados
nas mais diversas bibliotecas e museus do mundo. Muitos deles estão
disponíveis via internet.
A importância de se conhecer os manuscritos reside no fato de que
cada cristão tem direito a conhecer os originais da Bíblia e não se tornar
refém de traduções. O estudo dos manuscritos também ajuda a visualizar
(pelo menos um pouco) as possibilidades e dificuldades que os tradutores
têm em suas atividades.

• Como se descobre a idade de um manuscrito

Dificilmente os manuscritos traziam consigo a data de escrita.


Alguns métodos são empregados para definir a idade de um manuscrito.
A sugestão é de Geisler e Nix (2006):
Em primeiro lugar são observados os materiais usados na escrita do
manuscrito. Por exemplo, se um manuscrito for escrito em pele, já indica
uma data bem antiga. O papel foi inventado na China no século II d.C.,
usado no Turquestão no séc. IV, depois na Arábia no séc. VIII e introduzido
na Europa no séc. X. Assim, se for achado um manuscrito em papel, sabe-
se que é posterior a essas datas.
Em segundo lugar, observa-se o tamanho da letra e seu formato. O
estilo Hebraico mais antigo permaneceu até o tempo de Neemias (444 a.C)
e faz lembrar o formato de garfo das letras fenícias. Após esse período,
Bibliologia

passou-se a usar o Aramaico porque se tornou a língua falada em todo o


Israel no séc. V a.C
24 ˃˃˃

Depois do ano 200 a.C, o Antigo Testamento era copiado com letras
quadradas, em estilo Aramaico. Os manuscritos Gregos eram escritos
em dois estilos: Literário e não-literário. Os manuscritos bíblicos foram
escritos em estilo não literário e circulava de forma marginal no comércio
de livros devido ao seu caráter político. O estilo das letras usadas nesses
manuscritos é chamado Uncial (Maiúsculo). As letras eram copiadas
separadamente, sem espaço entre palavras e frases. Esse processo lento de
copiar um manuscrito foi usado até o século X.
Devido ao aumento da procura pelos manuscritos, foi desenvolvido
um estilo de escrita mais rápido. O novo estilo empregava letras menores,
ligadas entre si, com espaços entre palavras e frases. A esses manuscritos
se atribui o nome de minúsculo que se tornou dominante entre os séculos
XI e XV.
Em terceiro lugar observa-se a pontuação. No início as palavras
eram interligadas e a pontuação era rara. A partir o século VI, iniciou-se
um desenvolvimento na pontuação chegando-se a usar espaço, vírgula,
ponto e vírgula, acentos e ponto de interrogação. Assim, dependendo da
pontuação, é possível identificar o manuscrito.
Em quarto lugar observam-se as divisões de texto. É possível
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perceber as divisões já nos textos do Antigo Testamento (Sl 119) e em


alguns trechos de Lamentações. Vários sistemas de divisões foram feitos.
Merece destaque a divisão feita através da Bíblia de Genebra (1560) de
onde se origina nossa divisão atual. Assim, dependendo da divisão dos
textos nos manuscritos, é possível identificar a sua data.
Outros fatores também ajudam na datação dos manuscritos como: a
ornamentação do manuscrito, a grafia das palavras, a cor da tinta, a textura
e a cor do pergaminho.

• Os Manuscritos do Velho Testamento

A observação inicial e importante sobre os manuscritos do AT é que


eles são em menor quantidade quando comparados com a quantidade do
NT. Geisler e Nix apontam os fatores que contribuíram para a quantidade
reduzida de manuscritos do AT:
˂˂˂ 25

A data muito antiga e a destruição causada pelo tempo


As constantes invasões sofridas pelos israelitas (Jerusalém foi
invadida 47 vezes no período de 1800 até 1947).
A lei sagrada dos escribas que exigia a destruição do manuscrito
que tivesse o mínimo erro de cópia, ou estivesse gasto pelo tempo.
A destruição provocada pelos massoretas os manuscritos mais
antigos e que discordavam do novo padrão vocálico (Séc V e VI d.C).
Apesar do número reduzido de manuscritos do AT, eles são de
excelente qualidade (GEISLER; NIX, 2006, p. 136, 137)
Os manuscritos do Antigo Testamento envolvem certa complexidade
porque sua data é muito antiga. As partes mais antigas datam do século XII
a.C ou podem ser até mesmo anterior a essa data. Somado a isso, tem-se o fato
de que os mais antigos manuscritos que existiam até recentemente, datavam
da idade medieval (NORTON, 1998, p. 182).
Um dos conjuntos de manuscritos mais importantes é chamado
de “massorético”. Esse nome é devido a um grupo de escribas judeus
conhecidos como massoretas. Suas cópias abrangem o período de (500-900
d.C). Eles foram os responsáveis pela inserção dos sinais para as vogais
no Hebraico. Norton apresenta os códices massoréticos mais importantes
(1998, p. 184-185).
Códice Cairense (895) – Atribuído a Ben Aser.
Códice Alepo (X d.C.) – Pensavam ter sido destruído em 1947 num
tumulto anti judaico, mas foi encontrado e agora está sendo usado para
uma nova edição crítica da Bíblia hebraica.
Códice lenigradense (1008 d.C.) – encontra-se na biblioteca de
Leningrado.É a base para as versões da Bíblia hebraica mais comuns (Bíblia
Hebraica de Kittel; e a Stuttgartensia)
Esses representam os três manuscritos mais importantes e mais
antigos do AT que estavam disponíveis até o início do século XX. Esses
códices continham a grande dificuldade de terem sido escritos entre um e
dois mil anos após os originais.

○ A descoberta da Geniza do Cairo


Bibliologia

Em uma antiga sinagoga do Cairo (Egito) havia um depósito


26 ˃˃˃

para manuscritos defeituosos. Esse depósito tinha sido fechado e foi


descoberto. Foram encontrados cerca 200.00 manuscritos e fragmentos,
dos quais 10.000 deles eram bíblicos. Eles datam do século V d.C. Tornam-
se importantes porque permitem avaliar o trabalho dos massoretas dessa
época (NORTON, 1998, p. 192).

○ A descoberta dos rolos do Mar Morto

A descoberta dos rolos do Mar Morto ocorreu nas décadas de 1940


e 1950 em Vadi Cumran através de um pastor de cabras que encontrou os
jarros acidentalmente. Tratava-se de escritos feitos pelos essênios. Uma seita
da época de Jesus que havia feito uma biblioteca para guardar seus escritos.
Depois dessa descoberta inicial, foram escavadas muitas grutas de onde
foram surgindo mais manuscritos (GEISLER; NIX, 2006, p. 138).
Nas cavernas de Cumran foram descobertos 600 manuscritos, mas
nem todos eram bíblicos. Os mais famosos são os de Isaías. Mas foram
encontradas partes de todos os livros do AT, menos de Ester. Além dos
livros bíblicos, foram descobertos fragmentos de livros APÓCRIFOS e de
outros livros da seita dos ESSÊNIOS, que ali os escondeu (GEISLER; NIX,
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

2006, p. 139).
A descoberta do Mar Morto pode ser considerada como uma das mais
importantes descobertas arqueológicas de todos os tempos. Essa descoberta
leva a dois mil anos atrás e permite avaliar com mais precisão os outros
textos antigos. Esses manuscritos são importantes para o estudo do texto
original do AT, como também para se recompor o panorama histórico da
época de João Batista e de Jesus (NORTON, 1998, p. 191).
O fato mais importante dos rolos do Mar Morto é que eles vieram
a confirmar a exatidão e fidelidade dos textos massoréticos. Foram
encontradas pouquíssimas diferenças sem prejuízo nenhum para a teologia
(NORTON, 1998, p. 191).

___________________________________

6
Em virtude do tempo disponível e da complexidade do assunto, não foram incluídos
nesta pesquisa os manuscritos em Latim e em outras línguas.
˂˂˂ 27

• Os Manuscritos Novo Testamento

Os manuscritos do Novo Testamento são em maior quantidade


quando comparados com os do Antigo Testamento. O AT possui poucos
manuscritos, mas de boa qualidade; O NT possui muitos manuscritos, mas
nem todos são de boa qualidade. Até onde foi descoberto, existem mais de
5.366 cópias manuscritas do Novo Testamento em Grego, completas ou
em partes feitas entre o segundo e o décimo quinto século (GEISLER; NIX,
2006, p. 140)6.
Eles são bastante numerosos e de difícil assimilação para o estudante
iniciante. São utilizadas diversas formas de classificação. Será utilizada a
proposta de GEISLER e NIX (2006, p. 141).

○ Os Papiros

Os Papiros foram escritos na época em que o cristianismo era ilegal.


Datam do século II e III. Existem cerca de 26 manuscritos desse conjunto.
O valor dos papiros é grande em virtude de serem os testemunhos mais
antigos das escrituras do Novo Testamento. Foram escritos somente 100
anos após os autógrafos. Os mais importantes são os Papiros de Cheeste
Beatty, os fragmentos de John Rylands e os Papiros de Boedmer (GEISLER;
NIX, 2006, p.141).

○ Os Minúsculos

Datam do século I até o XV. São de qualidade inferior aos Unciais e


Papiros. São assim chamados por terem sido escritos em letras minúsculas.
Também incluem os lecionários (livros antigos que as igrejas usavam nos
cultos).

○ Os Unciais

A classe de manuscritos que, no geral, é a mais importante, são os


Bibliologia

“Unciais”. Foram escritos entre o século IV e V. No geral, são os manuscritos


mais importantes do NT por isso merecem atenção especial. Segundo Geisler
e Nix, os códices mais importantes são (2006, p. 142):
28 ˃˃˃

Códice Alexandrinus: Trata-se de um manuscrito do século V e


que se encontra muito bem conservado. Atualmente está na biblioteca
britânica. Inicialmente, continha o Antigo Testamento inteiro, mas sofreu
algumas mutilações. Contém também quase todo o Novo Testamento com
algumas pequenas lacunas.
Códice vaticanus: Abrange toda a Bíblia data do ano (325-350).
Contém o Antigo Testamento (LXX), o Novo Testamento e os apócrifos.
Encontra-se atualmente na biblioteca do vaticano. O texto todo foi escrito
em Unciais sobre o velino fino.
Códice Sinaíticus: Esse Códice considerado a testemunha mais
importante do Antigo Testamento. Isso devido a sua antiguidade,
exatidão. Data do Século IV. Foi adquirido pelo governo inglês e está hoje
na biblioteca de Londres.
Assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para
mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a
enviei (Is 55.11).

EXERCÍCIOS
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

1. Como são chamados os manuscritos que foram feitos diretos pelos


autores bíblicos e que hoje não existem mais?
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2. Qual a importância de conhecer um pouco sobre os manuscritos bíblicos?


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3. Que métodos podem ser utilizados para definir a idade de um manuscrito?


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4. Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:


1. Antigo Testamento
2. Novo Testamento
( ) Muitos manuscritos
( ) A maioria de qualidade ruim
( ) A maioria de qualidade boa
( ) Poucos manuscritos

5. Faça uma pequena pesquisa sobre a história da descoberta dos rolos do


Mar Morto (10 linhas).
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6. Qual é a classe de manuscritos mais importantes do Novo Testamento?


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SEÇÃO 4 - AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA


Bibliologia

A mensagem de salvação é universal. Por isso a necessidade


30 ˃˃˃

de traduzi-la para as línguas de outros povos. Todo empreendimento


missionário que deseja obter sucesso, deve pensar em tornar acessível ao
povo as Escrituras Sagradas.

• Pentateuco Samaritano

Em meados de 721 a.C, Samaria sofreu uma intervenção por parte


da Assíria que a transformou em uma cidade onde se misturavam as
religiões (2Rs 17. 24).
Devido a esse sincretismo, durante o período pós-exílico foi
estabelecida uma divisão entre samaritanos e judeus. O que fica bem
evidente nas páginas do Novo Testamento. Sem o acesso aos recursos
religiosos que estavam com os judeus, os samaritanos providenciaram uma
cópia do Pentateuco que foi levada para o templo de Gerizim (TEXTOS E
VERSÕES DA BÍBLIA, 1997, p. 1592).
Dentre suas características principais, destacam-se: A) Não é
uma tradução completa. B) Contém algumas porções do Pentateuco. C)
Foi escrito numa variação do Hebraico. D) Descoberto em 1616. E) Era
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conhecido pelos pais da igreja (GEISLER; NIX, 2006, p.187-188).


O manuscrito mais antigo dessa versão é do século XIV d.C. É um
texto de grande importância (NORTON, 1998, p.193).

• Targuns aramaicos

Os targuns são considerados paráfrases7. Continham explicações da


linguagem arcaica da Torah. A ideia básica era comunicar a Palavra de
Deus em linguagem popular.
Os mais antigos Targuns Aramaicos são do século II a.C Existem
probabilidades de que eles tenham sido escritos antes mesmo do
cristianismo. Os principais targuns eram o palestino oficial e Aramaico-
___________________________________

7
Interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra e outros.)
que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu sentido in:
HOUAISS DICIONÁRIO ELETRÔNICO
˂˂˂ 31

babilônico (GEISLER; NIX, 2006, p. 189).


A importância dos targuns se dá principalmente no campo da
hermenêutica, visto que mostra como os escribas interpretavam as
escrituras (GEISLER; NIX, 2006, p. 189).

• A Septuaginta

Em consequência à diáspora, muitos judeus fugiram para o Egito


onde formaram suas comunidades.
Durante o domínio Grego, os judeus no Egito, foram governados
por Ptolomeu Filadelfo II. Ele incentivou a cultura e financiou a tradução
do Antigo Testamento Hebraico para o Grego. Considerando que os
judeus que lá habitavam já não falavam mais o Hebraico. Essa tradução é
conhecida como “Septuaginta (LXX)” ou tradução dos setenta (MILLER;
HUBER, 2006, p. 48).
Essa tradução ganha esse nome devido ao relato de sua origem
apresentado pela “Carta de Aristéia”. Envolta em teor lendário, diz-se que
foram convocados setenta e dois sábios judeus que traduziram o Antigo
Testamento em 72 dias (MILLER; HUBER, 2006, p. 49).
A fidelidade da Septuaginta aos textos Hebraicos não é a mesma
em toda a obra. Mas, de modo geral, ela é fiel ao texto Hebraico. Foi
devido a esse fato que ela ganhou importância. Ela deixou mais acessível
o conhecimento bíblico aos demais povos que usavam a língua grega.
De igual modo, atendeu toda a comunidade judaica que já não usava
mais o Hebraico. Somado a isso, a Septuaginta fornece vários princípios
de tradução. Isto porque reflete os princípios que os sábios usaram para
traduzi-la (GEISLER; NIX, 2006, p.197).

• A Vulgata Latina

Com a expansão do Império Romano (que usava o Latim) aos poucos


Bibliologia

o Grego foi perdendo espaço. Gradativamente o Latim foi sendo falado


por todo o império e a tradução da Bíblia para o Latim fez-se necessário
32 ˃˃˃

(MILLER; HUBER, 2006, p. 108).


Existiam algumas traduções para o Latim, mas elas não possuíam
uma qualidade adequada. Somado a isso, existia o fato de que a Bíblia
precisava ser colocada em uma linguagem acessível visto que a maioria
não falava o Grego e sim o Latim. Devido a esses fatores, Jerônimo iniciou
um trabalho de tradução da Bíblia para a linguagem popular (vulgus) que
se chamaria Vulgata. (MILLER; HUBER, 2006, p. 108).
Merece destaque o fato de que Jerônimo rejeitou os livros apócrifos
mesmo traduzindo alguns deles. Ele os inseriu na Bíblia, mas colocou
comentários chamando-os de apócrifos. As cópias da tradução de Jerônimo
nem sempre continham as introduções, de modo que os livros apócrifos
continuaram sendo aceitos pela igreja (MILLER; HUBER, 2006, p. 108).
A reação inicial a tradução não foi boa. As críticas residiam
principalmente no seu abandono à Septuaginta. Porém, aos poucos, a
Vulgata foi sendo aceita (MILLER; HUBER, 2006, p. 108). Após a morte
de Jerônimo em 420, sua versão ganhou supremacia entre as demais
(GEISLER; NIX, 2006, p. 215).
A importância da Vulgata está mais relacionada ao seu aspecto
histórico. Isso porque foi a versão oficial da igreja católica por mais de 1500
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

anos. Ela não possui autoridade textual (GEISLER; NIX, 2006, p. 216).
A intenção inicial de que a Bíblia fosse colocada na linguagem
popular parece ter sido traída. Isso porque depois que o Latim deixou de
ser um idioma popular (vulgus), a Vulgata continuou sendo usada como
versão oficial mesmo que o povo pouco (ou nada) entendesse.

• A Bíblia em Português

As primeiras porções bíblicas para o português foram feitas por


Dom Dinis. Foram traduções parciais, paráfrases e resumos históricos.
Foram feitos com base na Vulgata. Ainda com base na Vulgata, uma outra
porção foi traduzida por D. João I (1385-1433). Ele traduziu o Livro de
Salmos (BRAGA, 1998, p.329)
˂˂˂ 33

○ Tradução de Almeida

João Ferreira de Almeida nasceu em 1628, converteu-se em 1644 e


foi ordenado ao ministério pastoral em uma igreja protestante em 1644.
Iniciou seu trabalho de tradução aos 16 anos de idade.
Em 1681 surgiu o primeiro Novo Testamento em Português. Ele não
conseguiu terminar sua tradução do Antigo Testamento deixando o texto
incompleto no Livro de Ezequiel. Seu colega Jacobus op den Akker foi
quem concluiu o trabalho.
Os princípios de tradução são os da equivalência formal. Procura
seguir a ordem das palavras que pertencem à mesma categoria gramatical
do original. “Almeida reproduziu no texto traduzido os aspectos formais do
texto bíblico em suas línguas originais (Hebraico, Aramaico e Grego), tanto
no que se refere ao vocabulário quanto à estrutura e aos demais aspectos
gramaticais” (BÍBLIA ILUMINA GOLD, 2003).
Segundo Miller e Huber, as traduções mais importantes são (2006,
p. 224-225):
Versão de Figueiredo: Figueiredo inseriu notas em sua Bíblia
defendendo a ideia de que os reis poderiam interferir na igreja nos assuntos
religiosos. Essas notas foram condenadas por Roma e logo foram retiradas.
Publicada em 1864 no Brasil, essa versão incluía os livros apócrifos o que
fez com que recebesse boa aceitação por parte dos católicos (MILLER;
HUBER, 2006, p. 224).
Almeida revista e corrigida (ARC): Essa versão foi um trabalho
de retirar do texto da Almeida anterior, os termos mais relacionados ao
português de Portugal. A versão ganhou uma aparência mais brasileira.
Tradução Brasileira (TB): Trata-se da primeira Bíblia produzida
totalmente no Brasil. Foi feita entre 1902 e 1917. Dentre os responsáveis
por essa tradução estava Ruy Barbosa. Trata-se de uma tradução bastante
literal. Em sentido positivo a Bíblia funcionava como um “tira-teima”. A
Bíblia entrou em desuso devido à dificuldade de lê-la pro ser muito literal.
Tradução do Padre Matos Soares: Feita em Portugal em 1932 com
base na latina, foi publicada no Brasil e ganhou bastante aceitação dos
Bibliologia

católicos. A Editora Paulinas lançou uma revisão em 1975.


Almeida Revista e Atualizada (ARA): Seguindo os mesmos
34 ˃˃˃

princípios de tradução das versões Almeida (Equivalência formal). A


ARA foi publicada de forma completa em 1959. Foram feitas atualizações
de linguagens e utilizou-se dos últimos avanços da arqueologia e exegese
bíblica.
Bíblia de Jerusalém: Foi produzida por um conjunto de exegetas
católicos e protestantes. Foi publicada inicialmente em 1981, mas foram
feitas várias revisões. A última foi em 2002.
NTLH: Surgida inicialmente em 1973 sob o nome de Tradução na
Linguagem de Hoje (TLH) recebeu uma nova versão chamada de Nova
Versão na Linguagem de Hoje. Trata-se de uma versão para a linguagem
comum para tornar a leitura mais fácil e acessível. Ela segue o princípio de
equivalência dinâmica e não o de equivalência formal.

Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão (Mt
24. 35)

EXERCÍCIOS
FACEL - Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras

1. Faça uma pequena pesquisa sobre o surgimento e a importância da


“Septuaginta” (10 linhas).
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2. Escreva sua opinião sobre o processo histórico da “Vulgata”. A intenção


inicial de lançar essa versão foi boa?
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˂˂˂ 35

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3. Qual a importância de se traduzir a Bíblia numa investida missionária?


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4. Faça uma enquete com os seus amigos de curso, e veja qual a versão
mais usada pessoalmente e na igreja.
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Bibliologia
36 ˃˃˃

RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade você aprendeu que a tradição oral serviu para


transmitir as histórias bíblicas até o surgimento da escrita.
Observou também que o Cânon da Bíblia foi feito em um processo
no decorrer da história e o fator que determina a canonicidade de um livro
é a inspiração.
Analisou os principais manuscritos da Bíblia e sua importância para
a igreja.
Por fim, conheceu as principais traduções bíblicas da história, com
destaque para as traduções em português.
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Bibliologia

t
UNIDADE II
Conceitos Teológicos
Sobre a Bíblia
˂˂˂ 39

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Com certeza você percebeu o quanto é interessante é prazeroso es-


tudar sobre a formação da Bíblia.
Mas depois desse estudo extensivo sobre os aspectos históricos e
linguísticos da Bíblia, passaremos a estudar os diversos conceitos teológi-
cos sobre a Bíblia.
Nesta Unidade estudaremos sobre a revelação da palavra de Deus,
sobre a inspiração divina e as diversas interpretações da inspiração divina.
Observaremos também qual é a mensagem principal da Bíblia e sobre o
seu entendimento
Aproveite as atividades propostas, mas não se restrinja a elas.
Quanto mais você pesquisar melhor será o seu desempenho.
Tenha em mãos lápis ou caneta para fazer as anotações e bom estu-
do.

SEÇÃO 1 - A INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA

A Bíblia é considerada como “Palavra de Deus” em virtude de sua


característica principal. Ela é um livro “inspirado por Deus” (GEISLER; NIX,
2006, p. 9). Mas o que significa inspiração dentro da teologia cristã?
A palavra inspiração no português possui o sentido de algo que
segue a direção de “fora pra dentro”. Na Bíblia encontra-se nas traduções
essa palavra no texto de 2 Timóteo 3. 16 “Toda Escritura divinamente ins-
pirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para ins-
truir em justiça”. Porém, a palavra no original Grego (Theopneutos) a qual
é traduzida por inspirada, tem um sentido de “dentro pra fora”. Por isso,
Packer sugere que a melhor tradução seria “expirada” (para fora). De co-
mum acordo estão Geisler e Nix que sugerem “soprada”.
Packer (1998, p. 43) ainda sugere uma relação direta da palavra com
Bibliologia

o próprio Espírito Santo. A respiração ou Espírito de Deus no Antigo Tes-


tamento denota a saída ativa do poder de Deus, seja na criação (Sl 33. 6; Jó
40 ˃˃˃

33. 4; Gn 1. 2; 2. 7), na preservação da vida (Jó 34. 14), na revelação aos pro-
fetas e por meio deles (Is 48. 16; 61. 1; Mq 3. 8; Jl 2. 28, 29), Na regeneração
(Ez 36. 27) Ou no Julgamento (Is 30. 28, 33). A respiração de Deus (Espírito
Santo) produziu a escritura.
A ideia de que a escritura se origina em Deus e vai em direção ao
homem, é significativa para entendermos o que significa o conceito de
“inspiração” dentro da teologia Cristã. Observe algumas conceituações:

“Inspiração implica numa direção efetiva do Espírito de Deus


sobre os autores humanos de tal modo que o que eles escreve-
ram é exatamente aquilo que Deus disse na revelação original e
diz para as gerações seguintes, e, portanto, é a palavra de Deus
atual” (SEVERA, 1999, p. 32-33).

“Inspiração é a influência sobrenatural do Espírito Santo sobre os


autores das escrituras, que converteu seus escritos em um registro
preciso da revelação ou que faz com que seus escritos sejam real-
mente a Palavra de Deus” (ERICSON, 1997. p. 67).

“Inspiração é a influência do Espírito de Deus sobre a mente


dos escritores da Bíblia que fizeram dos escritos o registro de
uma revelação divina progressiva, suficiente, quando tomada
no seu conjunto e interpretada pelo mesmo Espírito que os ins-
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pirou a dirigir cada inquiridor à Cristo e à salvação” (STRONG,


2007, p. 349).

Homens, movidos pelo Espírito, escreveram palavras sopradas


por Deus, as quais são fontes de autoridade para a fé e para a
prática cristã (GEISLER; NIX. 2006, p. 10).

O conceito de inspiração abrange tanto a revelação verbal de Deus


como o estabelecimento delas na forma escrita. De modo que não existe
possibilidades de tratar a Bíblia como testemunha da revelação. Isto é, as
escrituras seriam reduzidas a uma interpretação da revelação que Deus
deu aos homens. A Bíblia é a revelação de Deus, e não a interpretação da
revelação de Deus.
É fácil perceber nos escritores bíblicos a auto reivindicação que suas pa-
lavras eram dotadas de autoridade divina. Eles criam piamente de que estavam
escrevendo isentos de contribuição humana (PACKER, 1998, p. 47).
Um dos versículos mais significativos é o de 2Pd 2. 20-21:
˂˂˂ 41

sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escri-


tura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos
de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

Apesar de os homens terem produzidos os escritos, o texto acima


afirma que a escritura não é produto da mente humana. Ela é produto da
mente de Deus.

• A dinâmica da inspiração

Podem-se entender o processo de inspiração em três etapas, como


sugerem Geisler e Nix (2006, p. 11):
A origem da palavra em Deus: Se a palavra não vem de Deus, per-
de-se todo o sentido de considerá-la inspirada.
A mediação dos escritores bíblicos: Foram escritores dos mais di-
versos grupos sociais que receberam a revelação de Deus (Boiadeiros, pes-
cadores, médicos, e outros.)
Sua forma final escrita: O registro da palavra divina.

• Linhas teológicas divergentes sobre a inspiração da Bíblia

Sempre que o estudante consultar as fontes que falam sobre ins-


piração bíblica, perceberá que existem pontos de divergências no que se
entende por inspiração. Por vezes, os que pertencem a determinada linha
teológica adotam conceitos de outras linhas. Vejamos algumas posições
destacadas por Geisler e Nix (2006, p. 16-17):

○ A Ortodoxia

A ortodoxia prevaleceu por 18 séculos como linha teológica de ins-


piração divina. Essa linha defende basicamente que a Bíblia é a palavra
Bibliologia

de Deus e possui duas vertentes: Uma delas defende que a inspiração foi
uma espécie de ditado em que os homens escreveram literalmente aquilo
42 ˃˃˃

que Deus falou; e a outra defende que Deus concedeu aos autores apenas
pensamentos inspirados e que os autores tiveram a liberdade de escrever
da forma que desejassem

○ O Modernismo

Segundo essa linha, a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas contém a


Palavra de Deus. Também possui duas vertentes: uma delas defende que os
autores bíblicos possuíam uma profunda percepção religiosa que os habili-
tou a escrever os textos. Assim, a Bíblia possui vários graus de inspiração de
acordo com a capacidade de percepção religiosa de cada autor. Para achar a
Palavra de Deus na Bíblia é necessário retirar todos os elementos humanos e
falhos. O seu método pode ser comparado a uma fruta em que para achar a
semente comestível, precisa tirar a casca.
A outra vertente nega totalmente a possibilidade de existir na Bíblia
qualquer elemento de inspiração divina. As histórias bíblicas são conside-
radas folclores e produtos da intuição humana que beneficiam a humani-
dade com conceitos morais.
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○ A Neo-Ortodoxia

Essa linha teológica possui um teor mais ortodoxo. Ela considera


que a Bíblia torna-se a Palavra de Deus quando o homem tem um encontro
pessoal com Deus através das escrituras.

• Ambos os testamentos são inspirados

Pode-se erroneamente interpretar que quando Paulo citou que diz


“Toda a escritura é inspirada” (2Tm 3. 16), pode estar se referindo somen-
te ao Velho Testamento, já que em sua época o Cânon não estava fechado.
Será então possível acreditar que o NT é inspirado? É possível ter essa cer-
teza porque os próprios apóstolos e escritores consideravam os livros do
NT como escritura.
Pedro classificou as cartas de Paulo como outra parte da escritura
˂˂˂ 43

(2Pd 3. 16). Paulo faz referência a Lc 10. 7 chamando de “a escritura” (1Tm


5. 16). Outro fator que apoia a inspiração do NT é o testemunho da igreja
primitiva que considerava o NT como inspirado e dotado de autoridade
divina (GEISLER; NIX, 2006, p. 48).

• A inspiração é abrangente a todos os gêneros literários

Nenhumas das linhas teológicas sobre a interpretação da Bíblia concor-


dam que ela foi escrita através de um ditado mecânico onde Deus anulou a
personalidade e a cultura de cada um. Por certo, existem passagens que foram
literalmente ditadas por Deus (Ex 20; 34. 27 entre outros). Mas a Bíblia está re-
pleta de outras passagens que mostram uma variação no processo.
Os autores não ocuparam uma posição passiva como se fossem ro-
bôs ou máquinas, mas escreveram as palavras e/ou conceitos usando seus
aspectos culturais e costumes.
Ao ler os textos no texto original em Grego ou Hebraico. Percebem-
-se claramente as nuanças culturais dos autores. Isso vai desde o vocabu-
lário até a cosmovisão. Por exemplo, entre a qualidade do Grego de Paulo,
que teve uma boa educação; e Pedro, que era pescador. Pedro até achava
difícil entender os conceitos de Paulo (2Pd 3. 16).
Foram homens dos mais diversos grupos e classes sociais que escreveram
a Bíblia. Boiadeiros, pescadores, estadistas, nobres, fariseus, médicos, en-
tre outros (Cl 4. 14; Am 7. 14; At 23. 6).
Há uma variedade de gêneros literários, de estilos, de métodos de
ensinos. Existem parábolas, contos, poesias, cânticos, discursos, diálogos,
sermões e outros. Todos esses elementos comprovam a diversidade cultu-
ral dos autores.
Para concluir, observe que os autores não foram marionetes linguís-
ticas que reproduziram roboticamente o ditado de Deus. Cada um deles
escreveu utilizando-se dos recursos de sua cultura para escrever o que
Deus queria que eles escrevessem.
Bibliologia
44 ˃˃˃

• A inspiração é plena

O texto de 2Tm 3. 16 diz que “toda a escritura é divinamente inspi-


rada”. Não existem textos ou partes que não são inspiradas, bem como não
existem partes que são mais inspiradas que as outras. Obviamente existem
passagens de difícil compreensão, existem relatos das falas dos homens e
até do diabo (Mt 4. 1-11). Mas no conjunto toda a Bíblia é inspirada.
Uma ressalva se faz necessária. Embora toda a Bíblia seja inspirada,
é importante saber que existem passagens que são de difícil entendimento e
que outros trechos da Bíblia interpretam, mas que nem por isso deixam de ser
inspirados. Porém, é necessário observar que somente os ensinos são para se-
rem colocados em prática. A Bíblia mostra os homens e suas falhas de maneira
muito honesta, mas não significa obrigatoriedade em imitar essas falhas só
porque estão na Bíblia (1Co 10. 6-11). Em suma, somente o que a Bíblia ensina
como verdade é que deve ser seguido.

• A inspiração atribui autoridade


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A inspiração requer dos cristãos que a considerem como regra de


fé e prática. Isso devido ao seu caráter inspirado. Se é inspirada, possui a
autoridade de Deus para “redarguir, corrigir e instruir em justiça” (2Tm
3. 16). Inspiração concede autoridade indiscutível ao texto escrito. Isso fica
evidenciado pelas numerosas citações do Antigo Testamento feitas por Je-
sus. Ele considerava a Bíblia como parâmetro para as questões da vida (Mc
11. 7; Mt 22. 29; Mt 15. 3, 4; Mt 4. 4, 7, 10; Lc 24. 44).

• Como saber se um livro é inspirado

Na formação do Cânon houve divergências sobre quais livros eram


canônicos, mas nunca houve divergência em dizer que o livro só poderia ser
incluído no Cânon se fosse inspirado (PACKER, 1998, p. 46).
Resta ao povo de Deus saber como identificar a inspiração de um livro.
Segue abaixo os alguns princípios ajudam a descobrir a inspiração de um livro
˂˂˂ 45

sagrado. Esses princípios são fornecidos por Geisler e Nix (2006).

○ A autoria profética

Desde o Antigo Testamento é fácil perceber que Deus falava através


dos profetas (Hb 1. 1).Profeta por definição, é o que fala em nome de Deus
(Dt 18. 18; Am 3. 8; Nm 22. 18)
Na Bíblia encontram-se referências a vários profetas “oficiais”. Ou
seja, tinham a ocupação social de profetizar. (1Cr 29. 29; 2Cr 9. 29; 12. 15;
13. 22; 20. 34; 32. 32; 33. 19; 35; 27).
Geisler e Nix defendem a ideia de que “Todos os autores bíblicos
tinham um dom profético, ou uma função profética, ainda que tal pessoa
não fosse profeta por ocupação” (2006, p. 67).
Esse é o caso de Amós, como ele mesmo declara:

Respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem


discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas
o Senhor me tirou de após o gado e o SENHOR me disse: Vai e
profetiza ao meu povo de Israel (Am 7. 15).

A Bíblia contém bastantes textos bíblicos que comprovam a autoridade


profética de um autor, ainda que ele não fosse profeta por ocupação. São os
casos de Amós (Am 7. 14-15), de Davi (2Sm 23. 2; At 2. 30), de Daniel (Mt 24.
15) de Moisés (Dt 18. 15; Os 12. 13), Josué (Dt 34. 9), entre outros.
Portanto, ainda que muitos autores não fossem profetas por ocupa-
ção, eles falaram em nome de Deus. Sendo assim, seus escritos são inspira-
dos.

○ A auto-reivindicação do livro

Muitos livros da Bíblia trazem em si mesmo uma reivindicação de


serem inspirados por Deus. Percebe-se isso através da constante frase:
“Assim diz o Senhor”, “O Senhor me disse” ou “A palavra do Senhor veio
a mim”. Essas expressões são indicativas da inspiração divina.
Bibliologia

Quando não possuem essa expressão específica, reivindicam de ou-


tra forma a autoridade divina pra si (Rm 1. 1-3; 1Co 14. 37; 2Co 1. 1, 2; Gl 1.
46 ˃˃˃

12). Segue como exemplo, alguns textos:

..Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a


Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que
é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como,
em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando
eficazmente em vós, os que credes (1Ts 2. 13).
Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser
mandamento do Senhor o que vos escrevo (1Co 14. 37).

Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim


anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi,
nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de
Jesus Cristo (Gl 1. 12).

A reivindicação profética dos livros, tanto do AT como no NT, pas-


sa por processos de confirmações internas (de outros livros) até chegar aos
pais da igreja (GEISLER; NIX, 2006, p. 48).

○ A confiabilidade de um livro

De acordo com essa regra, qualquer livro da Bíblia que apresente erros
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factuais ou doutrinários e que entre em contradição com a palavra de Deus


dita anteriormente, não pode ser considerado inspirado por Deus.
Vale lembrar que o simples fato de um livro estar de acordo com as
revelações anteriores não é garantia de que ele seja canônico, mas se ele es-
tiver em desacordo, não resta dúvida de que é um livro não-canônico. Foi
por esse motivo que muitos livros apócrifos foram rejeitados. Continham
heresias que entravam em contradição com livros reconhecidamente canô-
nicos (GEISLER; NIX, 2006, p. 68).

○ A natureza dinâmica

Qualquer estudante da Bíblia percebe facilmente a unidade e a co-


erência entre todos os livros. De igual modo, nota-se o fabuloso fato das
profecias cumpridas, e a relevância da palavra de Deus.
Lê-se que “a palavra de Deus é eficaz” (Hb 4. 12); “é apta para dis-
cernir, redarguir” (2Tim 3. 16, 17). Essas características mostram a natureza
˂˂˂ 47

dinâmica da Bíblia. Isto é, sua capacidade de transformar vidas. Paulo disse


a Timóteo: “as sagradas letras podem fazer-te sábio para salvação” (2Tm 3.
15). A canonicidade de um livro pode ser medida pelos resultados que pro-
vocam na vida dos leitores (GEISLER; NIX, 2006, p. 68).
Vimos então que um dos princípios da inspiração divina não é
fornecido somente pelos escritores, mas também pelos seus leitores. Esse
princípio abrange uma experiência pessoal onde o próprio leitor experi-
menta em sua vida o poder das escrituras

○ A aceitação por parte do povo de Deus

Talvez a regra que possui maior peso na definição da inspiração de


um texto esteja relacionada à reação dos primeiros destinatários. “A marca
final de documento escrito e autorizado é o seu reconhecimento pelo povo
de Deus ao qual originariamente se havia destinado” (GEYSLER; NIX,
2006 p. 69).
As palavras de Moisés foram aceitas imediatamente pelo povo de
Deus (Dt 23. 24-26). De igual modo, as de Josué (Js 24. 26). A palavra que
vinha de Deus através dos seus escolhidos deveria ser reconhecida como
canônica, ainda que as palavras fossem desagradáveis. Essa regra era usa-
da já na antiguidade. É claro que, às vezes, a determinação da canonicida-
de durava tempo até que se fossem feitos estudos acurados sobre os livros.
É por isso que levou tanto tempo para formar o Cânon com os 66 livros
atuais.
Nos casos em que o povo não reconheceu a inspiração de imediato,
houve a intervenção de Deus defendendo os seus profetas (1Rs 22. 1-38,
Nm 16). Soma-se a isso o fato de que com o cumprimento das profecias
feitas pelos profetas, o livro foi automaticamente reconhecido, ainda que
um tempo depois de sua escrita (Zc 7. 7).
Isso inclui também o fato de que as igrejas históricas têm consisten-
temente afirmado e defendido a origem divina da escritura. O consenso
de séculos não é conclusivo, mas não deve ser colocado de lado nem des-
prezado levianamente (STOTT, 2005, p. 190).
Bibliologia
48 ˃˃˃

○ O Testemunho de Jesus ao AT e NT

Esse princípio foi sugerido por Stott. Ele sugere que Podemos afir-
mar que o fator principal que atribui autoridade a Bíblia é o testemunho de
Cristo:

A primeira e mais destacada razão pela qual os cristãos crêem


na inspiração divina da escritura não está, porém, o que as igre-
jas ensinam, no que os escritos afirmaram ou os leitores intuem,
mas naquilo que o próprio Jesus disse. Como ele endossou a
autoridade Escritura, somos levados a concluir que sua autori-
dade e a autoridade das escrituras permanecem ou caem juntas
(2005. p. 192)

Em relação ao AT, ele citou e se sujeitou Às Escrituras (Mt 4. 4, 26.


53, 54; Mc 14. 27) e referiu-se as escrituras como palavra de Deus (Mc 7. 13).
Em relação ao Novo Testamento, podemos dizer que sua autorida-
de reside no fato de Jesus ter dado autoridade aos apóstolos para escreve-
rem em seu nome.
Essa sugestão pode ser usada principalmente para convencer aque-
les que procuram, sem sucesso, crer em Jesus Cristo, mas sem se dobrar a
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autoridade bíblica.

Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que


qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do es-
pírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração (Hb 4.12).

EXERCÍCIOS

1. Segundo Packer, qual seria uma melhor tradução para a palavra grega
theopneustos que nas Bíblias está como “inspirada”? Como o autor justi-
fica isso?
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˂˂˂ 49

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2. Se alguém lhe perguntasse “o que é inspiração bíblica”? Como você res-


ponderia usando suas próprias palavras?
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3. Segundo Geisler e Nix, quais são as etapas da inspiração?
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4. Relacione a primeira coluna com a segunda.


1.Neo-ortodoxia
2.Modernismo
3.Ortodoxia
( ) A Bíblia é a Palavra de Deus
( ) A Bíblia torna-se Palavra de Deus.
( ) A Bíblia contém a Palavra de Deus

5. Devemos imitar tudo o que está na Bíblia ou só o que a Bíblia ensina


como correto? Justifique.
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Bibliologia

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50 ˃˃˃

6. Quais dos princípios para saber se um livro é inspirado você achou mais
relevante? Por quê?
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SEÇÃO 2 – A REVELAÇÃO DA BÍBLIA

• Revelação Geral

Todo efeito indica uma causa; toda obra de arte indica um artista;
toda construção indica um construtor e toda criação indica um criador.
Revelação geral é uma terminologia teológica que designa a reve-
lação de Deus não restrita à Bíblia. Essa revelação pode ser percebida em
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várias instâncias como a criação, a consciência humana e na ordem do uni-


verso (SEVERA, 1999, p. 17).
A própria Bíblia fala sobre esse tipo de revelação. Significativo é o
Salmo 19. 1 “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia
a obra das suas mãos”. Outro texto é Rm 1. 19-20.

(...) porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre


eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisí-
veis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua pró-
pria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do
mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.
Tais homens são, por isso, indesculpáveis;

Percebe-se que há uma revelação de Deus que não pode ser questio-
nada em virtude da concretude dessas realidades. ERICKSON afirma que
“Deus nos deu uma revelação objetiva, válida e racional acerca de si mesmo
por meio da natureza, da história e da personalidade humana. Ela é acessí-
vel a todas as pessoas que queiram observá-la”. (1997, p. 49)
˂˂˂ 51

Porém, a revelação geral contém limitações. Ela não consegue con-


duzir à salvação e não apresenta os atributos de Deus de forma detalhada
(FERREIRA; MYATT, 2007, p. 86).

• Revelação Específica

Devido ao fato de que a revelação natural não é suficiente para con-


duzir o homem até a salvação, Deus revelou de forma mais direta ao ho-
mem. A essa revelação chamamos de “revelação específica” ou “revelação
especial”. Algumas definições auxiliam na compreensão:

A revelação especial é a manifestação que Deus faz de si mes-


mo e da sua mensagem a um indivíduo ou a um grupo deles,
por meio de palavras e /ou acontecimentos especiais históricos,
tendo em vista um determinado fim, notadamente a redenção
(SEVERA, 1999, p. 19).

Entendemos por revelação especial a auto-manifestação de


Deus para certas pessoas em tempos e lugares definidos per-
mitindo que tais pessoas entrem num relacionamento redentor
com ele (ERICKSON, 1997, p. 55).

Percebe-se então que a revelação específica está intrinsecamente re-


lacionada ao aspecto da salvação. Ela pode ser encontrada nas páginas da
Bíblia em cada momento que Deus se comunicou com o homem. É este o
sentido das palavras do apóstolo Paulo quando diz “Mas faço-vos saber,
irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os
homens, porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela
revelação de Jesus Cristo” (Gl 1. 11-12).
Em Suma, a salvação proposta pela revelação específica é encon-
trada através das escrituras na pessoa de Jesus Cristo. “Examinais as Es-
crituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim
testificam” (Jo 5. 39).
Bibliologia
52 ˃˃˃

• Revelação progressiva

Qualquer estudante da Bíblia já deve ter se deparado com situações


expostas no Velho Testamento e que parece não estar dentro dos padrões da
teologia cristã. Tome-se como exemplo as questões que envolvem a poliga-
mia, pena de morte, a teologia da retribuição, entre outros.
Um auxílio na abordagem dessas questões é entender o conceito de
“Revelação Progressiva”. Basicamente é a ideia de que a revelação de Deus,
não ocorreu num momento único, mas ela foi acontecendo gradativamente no
decorrer da história. Isso se deve ao fato de que Deus foi se dando a conhecer
aos homens até chegar a uma revelação completa. Como um adulto escolhe
suas palavras para se comunicar com a criança de modo a ser compreendido,
assim Deus se comunicava com o povo. Ele agia conforme a capacidade de
compreensão do povo e tolerava a sua cultura. Ele se limitou para que o ho-
mem pudesse compreendê-lo (Fp 2. 5-11).
Isso envolve vários assuntos bíblicos. Observe um exemplo sobre a
teologia da retribuição:

○ A teologia da retribuição
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Quando Deus formou a nação de Israel no deserto, estabeleceu com


eles uma aliança, baseada no esquema da retribuição. As ações provenien-
tes de Deus em direção ao povo seriam conforme a atitude do próprio
povo. Observe o texto de Dt 28.
Se o povo obedecesse a Deus, o resultado seria: cidades e áreas
rurais prósperas, nenhum problema de esterilidade entre homens e mu-
lheres; sucesso nas colheitas, condições favoráveis de tempo, vitórias nas
guerras asseguradas, proteção contra as doenças, abundância de bens, e
outros.
Se o povo agisse com desobediência o resultado seria: violência, cri-
me, filhos amaldiçoados, confusão, doenças, pestes, pragas, secas, derrota
nas guerras, e outros. No capítulo 31 de Deuteronômio, existe uma predi-
ção do próprio Deus sobre a rebeldia de Israel:

E disse o SENHOR a Moisés: Eis que dormirás com teus pais; e


este povo se levantará, e se prostituirá, indo após os deuses dos es-
˂˂˂ 53

tranhos da terra para o meio dos quais vai, e me deixará, e anulará


o meu concerto que tenho feito com ele (Dt 31. 16).

O povo de Israel mal chegou à terra prometida e num prazo curto de


tempo entraram numa desobediência tamanha que todas as maldições fo-
ram recebidas ao invés das bênçãos. Fica evidente a fragilidade de um rela-
cionamento com Deus baseado nesse tipo de aliança. Mostrou-se necessário
o estabelecimento de uma “Nova Aliança” com base na graça e no perdão. E
é por isso que foi estabelecido o Novo Testamento.
Um marco na mudança desse tipo de aliança é o livro de Jó. Ele
recebeu toda a sorte de maldições. Dentro da cosmovisão da época, obvia-
mente Jó estava em pecado. A percepção era de que quem obedecesse a
Deus, receberia bênçãos materiais; e quem o desobedecesse seria castigado
severamente. É com base nessa teologia que os “amigos” de Jó debatem
com ele (Jó 4. 7; 8. 4-6, 20, e outros).
É conhecido o fato de que os males que vieram sobre Jó não eram
resultado dos seus pecados, pois ele era íntegro. No desfecho da narrativa
encontra-se uma importante declaração:

Sucedeu, pois, que, acabando o SENHOR de dizer a Jó aquelas pa-


lavras, o SENHOR disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acen-
deu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de
mim o que era reto, como o meu servo Jó (Jó 42. 7).

No Novo Testamento, por ocasião da pregação de Cristo, surge a


nova interpretação para o relacionamento para com Deus para com os ho-
mens percebida através da fórmula: “Ouviste o que foi dito [...] Eu, porém
vos digo” (Mt 5. 33-48).

○ A compreensão do ser de Deus

Por certo, a progressão mais importante que temos do Antigo Tes-


tamento é a própria ideia de Deus que ocorre progressivamente. Quando
Moisés perguntou o nome de Deus, ele disse “Eu sou”. Porém, conforme
Bibliologia

a história vai se desenrolando, outros nomes são atribuídos a Deus e que


revelam partes de seu ser. Ex: Ebenézer (1Sm 7. 12); El shaday (Gn 17. 1).
54 ˃˃˃

Cada nome novo representa uma progressão na mente do povo de quem


era Deus.
Quando Felipe pediu a Jesus “mostra-nos o pai” Cristo apresenta
quem era a plenitude da revelação de Deus “quem vê a mim vê o Pai” (1Jo
14).
Mostrar a superioridade de Cristo e do Novo Testamento sobre as
coisas do Antigo Testamento é o assunto central em Hebreus. E é o texto
de 1. 1-3 que confirma Cristo como sendo o ápice da revelação progressiva
como confirma COELHO:

“Jesus Cristo é a intervenção final e decisiva de Deus na história


em termos de revelação. Jesus Cristo é a revelação plena e cabal
de Deus, sua expressão máxima. Em Colossenses 1. 15, Paulo diz
“o qual (Jesus) é a imagem do Deus invisível”. Imagem é o Grego
eikon, de onde nos vem “ícone”, que além de “imagem” significa
“gravura”. Nesta palavra se pode dizer que Cristo é a figura exa-
ta de Deus. Quem quiser ver Deus deve olhar para Jesus porque
nele, mais do que em qualquer outro nível, Deus se revelou. Por
isso Jesus pôde dizer a Filipe: “Quem me viu a mim, viu o Pai”
(Jo 14. 9). Jesus é o melhor “retrato” de Deus que podemos ter”
(COELHO, 2009).
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Entender o conceito de revelação progressiva é essencial para in-


terpretar o Antigo Testamento. Isto porque verdades reveladas no Antigo
Testamento surgiram como broto que vieram a florescer somente no Novo
Testamento. Doutrinas que de início eram de difícil compreensão, ficaram
mais claras no Novo Testamento.
A questão torna-se importante quando se observa na igreja brasi-
leira, líderes eclesiásticos fazendo as mais espontâneas interpretações do
Antigo Testamento. É comum ver pregações, sermões e estudos sobre o
Antigo Testamento sem que a interpretação seja relacionada com o Novo
Testamento.
Isso alerta a nunca tomar versículos isolados e a nunca interpretar-
mos o Antigo Testamento sem o veredicto do Novo Testamento.
˂˂˂ 55

• A revelação de Deus cessou?

A ideia que estudamos no tópico anterior remete a uma pergunta?


Deus ainda se revela? Antes de responder a esse questionamento, precisa-
mos entender alguns detalhes:
Em primeiro lugar, a Bíblia não é exaustiva. Ou seja, ela não contém
a ideia total de Deus. Deus é infinito. Cremos que toda a escritura é reve-
lação de Deus, mas nem toda revelação foi transformada em escritura (Dt
29. 29; Jo 21. 25). É impossível colocar uma descrição total de Deus em um
livro (ANGLADA, 1998, p. 74).
Em Segundo lugar, precisamos crer que a Bíblia é suficiente. Isto
significa afirmar que, apesar de ela não ser exaustiva, ela contém tudo
aquilo que precisamos saber sobre Deus no que se refere à salvação como
mostra a definição de Grudem:

Dizer que as escrituras são suficientes, significa dizer que a Bí-


blia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu
povo em cada estágio da história da redenção e que hoje con-
tém todas as palavras de Deus que precisamos para a salvação,
para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele
obedecer. (1999. p. 86).

Em terceiro lugar a Bíblia é autoritativa. Isto significa dizer que ela é:

[...] exclusivamente autoritativa, ou seja, nenhuma outra revela-


ção pode competir ou se ombrear a ela. Nenhum livro, palavra
alguma de pregador algum, por mais culto e santo que seja,
pode se nivelar à Bíblia. Deus pode falar ao homem de muitas
maneiras, ainda hoje, mas em termos de revelação, a palavra
dele final está na Bíblia. É neste sentido que dizemos que ela
é a nossa única regra de fé. E neste sentido, ela é exclusiva de
qualquer outra obra (COELHO, 2009).

É necessário também entender o significado da palavra revelação.


Revelação significa “tirar o véu”, descortinar, mostrar o que estava em
oculto, expor, e outros. Nesse sentido, podemos afirmar que Jesus revelou
Bibliologia

totalmente a Deus Pai (Mt 27. 51) de modo que nenhuma revelação adicio-
nal é necessária para revelar o ser de Deus.
No entanto surge a pergunta: Se Deus não se revela, então ele não
56 ˃˃˃

se comunica mais? Não fala mais ao seu povo? Uma possível resposta será
sugerida na próxima seção.

Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus


caminhos (Sl 119.105).

EXERCÍCIOS

1. Ache um texto bíblico, fora os citados nessa seção, que comprovem o


conceito de revelação geral.
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2. Qual a principal função da revelação específica?
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3. Com base no conceito de revelação progressiva, comente sobre o texto de


Nm 21. 8,9 e de Jo 3. 14-16. O que ficou mais claro no Novo Testamento?
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4. Com base no conceito de revelação progressiva, explique a questão da


poligamia (Gn 2.24; Gn 4.19-24; 1Sm 1.2; 1Rs 11.1-8; 1Tm 3.2).
˂˂˂ 57

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5. Qual o principal conceito que evoluiu do Antigo Testamento para o


Novo?
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6. Quais são os três conceitos chaves para aceitarmos a revelação progres-


siva sem incorrer em desvio da fé?
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SEÇÃO 3 – O ENTENDIMENTO E A INTEPRETAÇÃO DA BÍBLIA

• A Iluminação

É de se notar que na teologia popular o sentido de revelação pode


diferir um pouco dependendo da linha cristã. É comum se ouvir expres-
sões de espanto quando alguém lê a Bíblia e diz “recebi uma revelação de
Deus”. Obviamente que nenhuma revelação nova de Deus precisa ser fei-
ta. Não é possível revelar o que já está revelado. Mas a palavra revelação,
Bibliologia

neste caso, parece ter o sentido compreensão nova sobre algo que já existia
na Bíblia. Ou pode ser entendida também como a visão que o leitor teve
58 ˃˃˃

sobre as implicações espirituais do texto. A esse evento, denominamos ilu-


minação. Ou pode ser entendido como o entendimento da Bíblia.
Como foi visto nos textos anteriores, revelação é o ato de Deus
manifestar-se ao homem. Iluminação diz respeito ao entendimento que
o homem adquire da revelação de Deus. Isto é, revelação diz respeito à
exposição da verdade. Iluminação, à devida compreensão dessa verdade.
Iluminação é a capacidade dada pelo Espírito Santo para compreender a
revelação de Deus (Jo 3. 5; 14. 26; Jo 16. 13; 1Co 2. 10-11).
Exemplos históricos são abundantes que comprovam que de tem-
pos em tempos pessoas se abrem para a iluminação do Espírito Santo e
compreendem mais claramente a revelação dada por Deus.

• A Interpretação da Bíblia

Conta uma ilustração indiana que certa vez alguns cegos ouviram o
barulho de um elefante. Como nunca tinham estado perto de um elefante
resolveram conhecê-los conforme suas capacidades sensoriais. Certa vez
escolheram três homens e vendaram os seus olhos. Levaram os três até um
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grande elefante e pediram que, através do tato, identificassem o que era


aquele “objeto”.
O primeiro homem pegou na cauda do elefante e disse sem dúvida
tratar-se de uma grande corda. O segundo apalpou a barriga do elefante
e disse sem dúvida tratar-se de uma grande parede. O terceiro apalpou
a perna do elefante e disse com toda a convicção que se tratava de um
grande tronco de árvore.
Essa pequena estória serve como ilustração do fato de que pessoas
diferentes podem ter interpretações diferentes sobre o mesmo objeto de
observação.
Não é diferente com a Bíblia. Existem as mais diversas linhas de
interpretações. É necessário que exista uma interpretação correta da Bíblia.
Os conceitos e ideias que abrangem a interpretação da Bíblia, pertencem a
disciplina de hermenêutica. Ela será estudada de forma mais profunda no
momento oportuno. O que será apresentado neste trabalho é uma pequena
introdução.
˂˂˂ 59

○ O que é hermenêutica?

A hermenêutica pode ser definida como: a ciência da interpretação.


O termo deriva do verbo Grego hermeneuo, que significa explicar, traduzir,
interpretar (MARTÍNEZ, 1993, p. 16). Essa ciência é utilizada em várias
outras áreas de conhecimento.
“Aplicada ao campo da teologia cristã, a hermenêutica tem
por objetivo fixar os princípios e normas que devem ser aplicadas na
interpretação dos livros da Bíblia” (MARTÍNEZ, 1993, p. 17). É essa ciência
que fornece ferramentas para que seja feita uma interpretação correta da
Bíblia para a atualidade.
A hermenêutica tem sido usada ultimamente em dois sentidos.
O primeiro como disciplina global que envolve todo e qualquer aspecto
de interpretação. O segundo como uma tarefa teológica prática para a
atualidade, na qual se busca compreender a relevância da sua mensagem
para hoje, no contexto específico (FEE, 2006, p. 19, 25).

○ O que é exegese?

Exegese pode ser entendida como um campo dentro da hermenêutica.


O termo tem sido usado para designar o estudo das Escrituras com vistas
a descobrir o sentido original pretendido pelo autor. Ou seja, a exegese
seria uma primeira tarefa histórica pela qual se busca compreender o que
os leitores originais entenderam na sua época específica (FEE, 2006, p. 19,
25).

○ A necessidade de interpretação correta

A reportagem de um programa jornalístico trouxe ao público


o episódio do Pastor pedreiro que adulterou com a esposa de um dos
membros da sua igreja alegando que se tratava de uma ordem expressa
de Deus, conforme Oséias 3. 1-2. Ao ser desmascarado pelo repórter como
tendo cometido um erro de interpretação, o pastor se viu obrigado a
Bibliologia

disfarçar (leia a reportagem www.globo.com).


Esses e outros episódios ocorrem dentro do contexto brasileiro
60 ˃˃˃

servem para mostrar a necessidade de uma interpretação bíblica correta.


O estudo da hermenêutica se faz necessário porque indica o meio
pelo qual é possível perceber as diferenças de pensamento e de atitudes
mentais entre o autor de uma obra e o leitor. Ao ler um texto, o leitor
ou ouvinte o interpreta segundo o que carrega em si como sua cultura
e seu entendimento prévio de palavras e ideias. É fato que cada pessoa
que ouve ou lê um texto bíblico já o interpreta segundo seu entendimento
(FEE, 2006). Esta interpretação pode não coincidir com a intenção original
do autor bíblico. Este leitor poderá até ser sincero, mas estar sinceramente
errado!
Outro fato que demonstra a importância de uma interpretação
correta da Bíblia diz respeito à tendência de pensar que o entendimento
particular de cada um acerca de um texto é o entendimento do próprio Deus.
Para fazer um estudo hermenêutico correto das Escrituras Sagradas não
basta compreender o que pensavam e como viviam os autores humanos. É
fundamental que se busque compreender e entender o propósito de Deus
na mensagem da Bíblia.
A hermenêutica pode ajudar as igrejas a construírem uma base mais
sólida para suas pregações. Considerando que a hermenêutica possibilita
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ao pregador uma melhor compreensão das escrituras, é natural que ele


pregue seus sermões com mais clareza.
A hermenêutica também pode ajudar no combate as heresias
que possam surgir dentro da igreja. Quando um indivíduo interpreta
erroneamente um texto bíblico, pode gerar um grande equívoco no
comportamento da igreja, ainda que não esteja mal intencionado.

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de


que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2tm 2. 15).

EXERCÍCIOS

1. O que é iluminação?
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˂˂˂ 61

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2. Quem é o mediador da iluminação?


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3. Qual a diferença entre a hermenêutica e a exegese?


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4. Qual a importância de uma interpretação bíblica correta?
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SEÇÃO 4 - A MENSAGEM E O PROPÓSITO DA BÍBLIA

Considerando que a Bíblia foi escrita num espaço de tempo grande,


seria possível afirmar que ela contém uma mensagem central? Com certeza
sim!
Bibliologia

Apesar de a Bíblia ter sido escrita por diversos autores, ela possui
uma coerência interna que denota o seu caráter sobrenatural. Todos os
62 ˃˃˃

livros da Bíblia contêm uma mensagem em comum. Por isso é conhecida


como um só livro.
Qual seria a mensagem central da Bíblia?
Stott (2005) em seu livro “Entenda a Bíblia” faz uma ótima explanação
sobre o propósito da Bíblia (p. 159-180). Segundo ele o versículo que
expressa a ideia central da Bíblia é o de Paulo em 2Tm 3. 15-17 que contém
três termos importantes:

[...] e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem


tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda
a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado
para toda boa obra (2Tm 3. 15-17).

Esse texto diz que a Bíblia é essencialmente um livro de salvação.


Embora contenha informações científicas, literárias e filosóficas. A Bíblia é
essencialmente um livro de salvação.
Já nos primeiros textos de Gênesis vemos que a queda provocada
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pelo pecado de Adão foi seguida de uma promessa de redenção através


de um que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3. 15). Por todo o Antigo
Testamento é possível perceber promessas de salvação ao homem (Sl 130.
7, 8; Is 12. 2; Is 45. 21; Zc 9, 9 e outros). Através destes e de outros textos, é
possível ver Deus sempre na tentativa de estabelecer um relacionamento
de amor com seu povo e salvá-lo do pecado.
Porém a lei era insuficiente para promover essa salvação. A lei era
boa, mas só era capaz de condenar e não de salvar. Por isso Deus usou o
método que realmente seria eficaz para resgatar o ser humano: Cristo.
Visto que a escritura diz respeito à salvação, e a salvação é por
intermédio de Cristo, a escritura está plena de Cristo. Cristo é o meio da
salvação. Ele está exposto (Ainda que em alguns textos de forma implícita)
por todo o Antigo Testamento como mostra Lucas: “E, começando por
Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu
respeito contava em todas as escrituras” (Lc 24. 27).
Pode-se concluir que Cristo é e faz parte da mensagem central da
Bíblia. Pelo que podemos dizer que a mensagem da Bíblia é Cristocêntrica.
˂˂˂ 63

Essa salvação é disponibilizada ao ser humano por meio da fé como


mostra o texto de Efésios: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e
isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se
glorie (Ef 2. 5-6).
Stott ajuda a assimilar o assunto com o seguinte resumo:

Vimos então, que o propósito de Deus na Bíblia e por meio dela é


rigorosamente prático. Ele a estabeleceu como seu instrumento
principal a fim de trazer as pessoas para a salvação, entendida
em seu mais amplo e completo sentido. A Bíblia inteira é um
evangelho de salvação, e o evangelho é o ‘poder de Deus para
a Salvação de todo aquele que crê’ (Rm 1.16) Ela então aponta
seus muitos dedos inequivocadamente para Cristo, de modo
que seus leitores o vejam, creiam Nele e sejam salvos (2005, p.
30).

A Bíblia mostra Cristo, mas seu objetivo ao apontar para Cristo não
é apenas para satisfazer a curiosidade, ou provocar admiração, ou encher
de conhecimento. O objetivo principal é que depositemos em Cristo a fé
a fim de obter a salvação. Era essa fé em Jesus Cristo que João tinha em
mente quando escreveu: “Estes, porém, foram registrados para que creiais
que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome (João 20. 31).

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são


elas mesmas que testificam de mim (Jo 5. 39).

EXERCÍCIOS

1. Qual a mensagem central da Bíblia?


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Bibliologia

2. Conceitue a Palavra fé.


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64 ˃˃˃

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3. Faça uma pesquisa em sua Bíblia e relacione alguns versículos do AT


que façam referência direta ou indireta sobre o Cristo?
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4. Qual o objetivo da Bíblia em nos apontar Cristo?


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RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade você conheceu que inspiração divina da Bíblia implica


em autoridade. Observou que a dinâmica da inspiração envolve três elementos
e viu os princípios pelos quais se define a inspiração da Bíblia.
Observou também que a revelação de Deus está presente na
natureza, mas se manifesta de forma específica para salvar. Aprendeu
pontos importantes sobre a revelação progressiva
Analisou como se dá o conhecimento da Bíblia sob o ponto de vista
espirutual a qual denomina-se iluminação
Ao final, conheceu de forma resumida que a mensagem da Bíblia é
a salvação em Cristo por meio da fé.
Bibliologia

t
UNIDADE III
A Narrativa Bíblica
˂˂˂ 67

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Espero que tenha crescido ao estudar a Bíblia como palavra de Deus.


Isso o ajudará a fortalecer sua fé e a testemunhar com mais convicção.
Chegamos a um momento importante do estudo. Agora estudare-
mos a narrativa bíblica. Esse assunto é importante porque ajuda a formar
uma linha cronológica na mente e auxilia a situar personagens, achar tex-
tos bíblicos com facilidades, entre outros. É importante saber de antemão,
que muitas datas dos eventos bíblicos são desconhecidas.
Os períodos a serem estudados, vão desde a criação até a igreja pri-
mitiva.
É interessante pegar uma folha avulsa e desenhar uma linha que
represente o tempo. Ao estudar, você pode situar os períodos nessa linha,
bem como fazer anotações adicionais.
Lápis na mão e bom estudo.

SEÇÃO 1 – DA CRIAÇÃO ATÉ OS JUÍZES


• O período da criação

O texto bíblico que compreende esse período é o de Gênesis 1 até 11.


Essa narrativa abrange um tempo que não se pode calcular. Talvez, o tempo
narrado nesses textos, seja maior do que todos os outros períodos juntos.
O relato procura sempre mostrar Deus tomando a iniciativa de criar.
Observe as expressões que mostram a ação de Deus: No princípio criou Deus...
(Gn1.1) e disse Deus (Gn1.3), e viu Deus (Gn 1.31) e chamou Deus [...] e aben-
çoou Deus (1.28) Deus fizera (1.31). Talvez o versículo mais significativo seja o
de Gênesis 1.1 “No princípio criou Deus os céus e a terra”.
No período da criação, os principais relatos são os seguintes:
A criação do universo (Gn 1.1-25)
Bibliologia

A criação da raça humana (Gn 1.26-2)


A queda da raça humana e as consequências do pecado (Gn 3)
68 ˃˃˃

O Primeiro homicídio (Gn 4. 1-16)


As genealogias (Gn 4 e 5)
A corrupção da raça humana (Gn 6)
O dilúvio (Gn 7-8)
A tentativa de Deus de criar uma nova raça humana a partir de Noé
(Gn 9)
A descendência de Noé (Gn 10)
A torre de Babel (Gn 11)
Existem especulações científicas sobre o período, mas não é objetivo
desta matéria entrar em detalhes. Você poderá se aprofundar quando estu-
dar a disciplina de Pentateuco.

• Período patriarcal (2.000 até 1.500 a.C)

Esse tempo durou aproximadamente 500 anos e está relatado no livro


de Gênesis do capítulo 12 até 50. Este período inicia-se com o aparecimento de
Deus a Abraão e sua chamada conforme o texto de Gênesis 12. 1-3:
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Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela


e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei
uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome.
Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldi-
çoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as
famílias da terra.

Deus chamou Abraão, Isaque e Jacó para fazer com eles uma aliança
que será base para entender os eventos de todo o restante da história bíblica
(Gn 12-35). A narrativa dos patriarcas transformou-se numa história de fé e
coragem que tem inspirados os cristãos a atender o chamado de Deus. Os
principais eventos relacionados aos patriarcas são:
A chamada de Abrão (Gn 12)
Deus promete a Abrão a terra de Canaã (Gn 13. 14-18)
Deus promete um filho a Abrão (Gn 15)
Instituição da circuncisão (Gn 17.9-14)
O nascimento de Isaque (Gn 21.1-7)
O nascimento de Jacó (Gn 25.19-26)
˂˂˂ 69

Promessa de Deus a Jacó (Gn 35.1-15)


O Período ainda inclui a belíssima história de José. A narrativa pro-
cura mostrar Deus agindo na vida de José e também explicar como os is-
raelitas se transformaram escravos no Egito (Gn 37-50). A escravidão do
povo de Israel no Egito é o assunto do próximo período.

• Período do Êxodo (1.500 a 1.460 a. C.)



Depois da morte de José no Egito, os hebreus habitaram na terra
de Gósen por 400 anos. Com o passar do tempo, tornaram-se escravos do
povo Egípcio (Ex 1) porque surgiu um faraó “que não conhecia José” (Ex
1. 8). Diante de tamanho sofrimento, os hebreus clamaram a Deus e foram
ouvidos conforme o texto de Êxodo 2. 23-24:

Decorridos muitos dias, morreu o rei do Egito; os filhos de Is-


rael gemiam sob a servidão e por causa dela clamaram, e o seu
clamor subiu a Deus. Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se
da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó. E viu Deus
os filhos de Israel e atentou para a sua condição.

Antes disso, Deus já tinha iniciado a execução do seu plano de li-


bertação através do livramento de um menino que foi “tirado das águas”
(Moisés). Primeiro Deus agiu para que esse menino fosse educado na corte
de Faraó (At 7. 22). Mais tarde, Deus fez com que ele passasse quarenta
anos no deserto apascentando ovelhas e aprendendo a sobreviver (Gn 3).
Então, Deus apareceu a Moisés através de uma sarça ardente e lhe faz um
convite para ser um instrumento de libertação do povo: “Vem, agora, e eu
te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito”
(Ex. 3. 10).
Após Deus demonstrar o seu grandioso poder através das dez pra-
gas (Ex 7. 12; 37. 14), o povo é liberto do Egito e passa a peregrinar no
deserto por quarenta anos. É nesse período que acontecem milagres como
a nuvem durante o dia e a coluna de fogo durante a noite (Ex 13. 21), a
Bibliologia

travessia do Mar Vermelho (Ex 14), o maná e as codornizes (Ex 16), os dez
mandamentos (Ex 20), a construção do tabernáculo (Ex 25-31), e principal-
70 ˃˃˃

mente, a renovação da aliança que Deus tinha feito com os patriarcas como
mostra o texto de Êxodo 19. 4-6.
Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de
águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ou-
virdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis
a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque
toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação
santa.

Para uma melhor compreensão desse período é importante um bom


conhecimento de geografia bíblica. Ao estudá-lo, tenha em mãos mapas,
diagramas quadros, ou qualquer recurso que lhe possibilite entender a ge-
ografia desse período.
Os textos que compreendem esse período pertencem ao livro do
Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio.

• A conquista de Canaã

É um período relativamente curto, porém, importante para compre-


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ender todo o desenrolar da história em que Israel habitou em Canaã.


Depois da morte de Moisés (Ex 32), Josué torna-se seu sucessor. “Moisés,
meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo
este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel” (Js 1. 2). Josué passa a li-
derar o povo nas campanhas para tomar posse da terra através de guerras
contra os povos que ali habitavam.
Ao observar o contexto da região, percebe-se que o povo cananeu
possuía unidade cultural, mas não tinha unidade política (Cidades inde-
pendentes). Algumas cidades eram fortificadas, mas a maioria eram cida-
des pequenas. O enfraquecimento do Egito causou disputas entre eles o
que tornou a invasão mais fácil (METZGER, 1972, p. 17).
Algo que pode provocar desconforto é a ordem de Deus para des-
truir todos os povos que habitavam nessa terra (EX 23. 20-33). Isso, a pri-
meira vista, parece uma crueldade. Porém, ao fazer um exame de como
viviam os povos deste local, interpreta-se que se trata de um juízo de Deus
pela instrumentalidade do povo de Israel. Como mostra o texto de Dt 9.
4-5:
˂˂˂ 71

Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, os lançar fora, de diante de


ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça
é que o SENHOR me trouxe a esta terra para a possuir, porque,
pela impiedade destas nações, é que o SENHOR as lança fora, de
diante de ti. Não é por causa da tua justiça, nem pela retidão do
teu coração que entras a possuir a sua terra, mas, pela impiedade
destas nações, o SENHOR, teu Deus, as lança fora, de diante de
ti; e para confirmar a palavra que o SENHOR, teu Deus, jurou a
teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.

Perceba então que a vida religiosa do povo cananeu foi o principal


motivo que levou Deus a mandar destruir a todos. Por ser uma comuni-
dade agrícola, cultuavam o deus da fertilidade. Praticavam a “prostituição
sagrada”. Possuíam vários deuses como: El, Astarte, Asera e Anate. Os
mais comuns eram os baalins (plural de Baal). Existiam muitos baalins em
Canaã. Cada um desses deuses tinha seu nome específico como Baal-Peor
(Nm 25. 3); Baal-Berite (Jz 8. 33; 9. 4); Baal-Zebube/Belzebu (2Rs 1. 1-16). O
principal deus era o deus da fertilidade Hadade. Chamado simplesmente
de “Baal” (Senhor, marido, possuidor) (Jz 2. 13; 1Rs 16. 31-32). “Os cultos a
Baal afetavam e desafiavam a adoração a Iavé por todo o território Israeli-
ta” (BAAL, 1997, p. 176). As cerimônias envolviam práticas homossexuais,
orgias e sacrifícios humanos, como denunciou o profeta Jeremias (Jr 19. 5).
O tempo que durou o processo de invasão não é um assunto fecha-
do. Isto porque a Bíblia não diz claramente se demorou ou se foi rápido.
Alguns detalhes são importantes: Houve uma invasão em conjunto e de-
pois uma individual e apenas as cidades mais fracas foram conquistadas
(GUSSO, 2003, p. 33).
É importante observar que o povo de Israel não destruiu todas as
cidades. Isto ajuda a entender o desenrolar do livro de Juízes e de Samuel
(Jz 1). Isso porque as guerras que viriam depois seriam, em sua maioria,
contra esses povos. (Jz 3. 8, 12ss).

SAIBA MAIS

A aparente diferença entre a narrativa de Números e Deuteronômio


Bibliologia

pode ser explicada como sendo que o povo pediu para enviar os espias e
Deus atendeu (Nm 13. 1-3; Dt 1. 22, 23)
72 ˃˃˃

• O período dos juízes (1.375 a 1050 a. C)

Já estabelecidos na terra de Canaã, as tribos de Israel uniam-se atra-


vés do vínculo religioso. O vínculo político não era tão significativo. A
falta de força política se evidenciava pelo fato de Israel não ter uma capital.
A monarquia não era vista com bons olhos, chegando até ser considerada
como uma traição a Iavé (Jz 8. 22-23).
O governo era teocêntrico e a prática da lei era uma mostra de que
estavam sendo governados por Iavé. O centro de adoração era onde estava a
arca da aliança (JS 18. 1; Jz 18. 31). Na época de Eli estabeleceu-se em Siló (1Sm
1. 3). As tribos resolviam aí seus problemas políticos (Js 18. 8, 9ss).
O povo conquistou Canaã, mas algumas partes não tinham sido
conquistadas o que acarretou problemas para Israel. As primeiras narra-
ções do Livro dos Juízes são um relato da falha de Israel em expulsar o
povo daquela terra. Veja um pequeno trecho:

Efraim não expulsou os cananeus, habitantes de Gezer; antes,


continuaram com ele em Gezer. Zebulom não expulsou os
habitantes de Quitrom, nem os de Naalol; porém os cananeus
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continuaram com ele, sujeitos a trabalhos forçados (Jz 1. 29,30


Versão RA).

Gusso sugere algumas perspectivas para explicar os problemas des-


se período (2003, p. 42-43):
A explicação teológica baseia-se no fato de o povo desobedecer aos
pactos da lei porque eles não destruíram todas as nações (Jz 1. 27-46); fize-
ram alianças com outras nações (Jz 2. 2); passaram a adorar deuses cana-
neus (Jz 2. 13) e praticaram os casamentos mistos (Jz 3. 6). O resultado só
poderia ser o castigo de Deus
A explicação natural pode ser entendida no fato de que os israeli-
tas conquistaram politicamente, mas foram conquistados culturalmente. É
como o colono que chega à cidade grande e começa a ser seduzido pelos pra-
zeres urbanos. Israel possuía um nível cultural inferior aos cananeus. Isso os
levou a depender dos seus vizinhos (1 Samuel 13. 20-21).
Eles também foram enfraquecidos pela posição geográfica que as-
sumiram. O vale do Jordão foi um fator determinante. A faixa costeira
˂˂˂ 73

nunca foi conquistada (Filistéia, Tiro). Os Jebuseus só foram expulsos por


Davi na conquista de Jerusalém. Além de tudo isso, houve rivalidade entre
as tribos (Jz 12. 1-6; 19; 20).
Por essas falhas, Os israelitas passaram a ser periodicamente opri-
midos pelas nações que não tinham sido destruídas. Foi dentro desse con-
texto que surgiram os juízes que desempenharam o papel de libertar a
nação. “Suscitou o Senhor juízes, que os livraram da mão dos que os pilha-
ram” (Jz 2. 16).

SAIBA MAIS

O termo “Juiz” pode não ser a ideia mais adequada para o termo
Hebraico shaphat. Isso porque a função de “julgar” como entendemos
hoje, provavelmente só foi exercida por Débora (Jz 4. 4-5) e Samuel e seus
filhos (1Sm 7. 15-17; 8. 1-3). A tradução mais adequada seria “libertadores”
visto que por meio deles Deus libertava o povo (Jz 2. 16)

Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis


dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu
vos mando (Dt 4. 2).

EXERCÍCIOS

1. Explique a relação entre tempo da criação e a quantidade de narrativa.


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2. Qual a importância de conhecer a história dos patriarcas?


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3. Leia Êxodo 12. 1-29 e relacione o episódio da páscoa e do Êxodo com a


morte e ressurreição de Cristo. Ache textos que comprove que Cristo é o
cordeiro, que ele é sem defeito, o seu sangue nos livra da morte, ele liberta
do cativeiro.
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4. Como era a religião do povo cananeu antes de Israel entrar?


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5. Explique por que o livro de Juízes pode ser entendido a partir da palavra
ciclo.
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6. Qual o motivo das várias opressões que o povo de Israel sofria no perí-
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odo dos juízes?


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SEÇÃO 2 – O PERÍODO DA MONARQUIA

A monarquia não surgiu em Israel de forma repentina, mas vários


fatores contribuíram para que a nação passasse de um regime teocrático
para a monarquia.

• Os primórdios da monarquia

Como observado na seção anterior, os israelitas estavam sendo pe-


riodicamente oprimidos pelas nações vizinhas. Somado a esse problema,
estava a insegurança na liderança dos filhos de Samuel (1Sm 8. 1-4) e o
rapto da arca da aliança pelos filisteus (1Sm 4. 9-11). Diante de tantos pro-
blemas, a monarquia parecia ser a grande solução:

Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Sa-


muel, a Ramá, e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não
andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei so-
bre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações [...]
Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e disse: Não! Mas
teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas
as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e
fazer as nossas guerras (1Sm 8. 4, 5, 19, 20).

Os primórdios da monarquia compreendem três reis (Saul, Davi e


Salomão).
Bibliologia
76 ˃˃˃

○ O reinado de Saul

Saul era um rei carismático, patriota, alto, bonito e jovem. Seu go-
verno foi de características altamente militares. Isso pode ser percebido
devido a inúmeras batalhas que travou. Ele morava em uma fortaleza, não
em um palácio (1Sm 10. 26; 11. 4), e não promoveu nenhuma mudança
estrutural em Israel.
Sua queda começou quando quis exercer funções sacerdotais (1Sm
13. 4b-15). Ele sentia necessidade de constantemente renovar seu carisma
junto ao povo, por isso entrou em crise quando as mulheres cantaram elo-
giando Davi (1Sm 18. 7).
Saul tinha uma personalidade instável. Tinha crises de uma espécie
de loucura (1Sm 19. 8-11) Fez alguns gestos que confirmaram sua repro-
vação (1Sm 21-22). No final, tirou suas atenções dos inimigos para concen-
trar-se em como matar Davi. Os filisteus venceram a última batalha contra
eles (1Sm 31. 2).

○ O Reinado de Davi
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Davi foi ungido rei de Israel por Samuel (1Sm 16. 13) e depois de ter
matado Golias (1Sm 17), virou herói nacional.
Quando Saul morreu, os filisteus permitiram Davi assumir o trono
por ter sido um de seus vassalos e porque era de seu interesse ver o reino
dividido. Após a morte de Saul o reino se dividiu. (Isbosete x Davi). Mas
a morte de Isbosete teve papel importante para ele chegar ao poder (2Sm
4. 7). O Reino do Norte faz um pedido a Davi para que reinasse sobre eles
(2Sm 5. 1-5).
Davi possuía uma política expansionista. Após derrotar os filisteus,
Davi trouxe a arca da aliança. Com isso, obteve o poder religioso, unificou
o povo e logo se tornou um rei forte (2Sm 8. 1-14). Sua atitude é um belo
exemplo. Saul governou por quase quinze anos sem a presença de Deus
(A arca simbolizava a presença de Deus) e Davi se preocupou primeiro em
trazer a presença de Deus para o seu reinado (2Sm 6).
Davi não era um homem com tendências militares como Saul, mas
mesmo assim derramou muito sangue. Uma de suas características mar-
˂˂˂ 77

cantes era a de ter uma grande habilidade política. Podemos perceber isso
quando estabeleceu Jerusalém como capital. Por ser um território neutro,
evitou inveja por ambas as partes (2Sm 5. 6-10). Outro fato que comprova
sua habilidade política era que sua tropa particular era formada apenas de
profissionais e estrangeiros. Isto para que ninguém pensasse ser possível
usurpar o trono e conspirasse contra o Rei (2Sm 23. 8-39).
Seu grande e (quase) fatal erro foi o seu adultério com Bate Seba. A
partir desse episódio, a vida de Davi passa por grandes dificuldades. Ao
que parece, Davi não foi um bom pai, o que gerou a revolta de seus filhos
(2Sm 15; 1Rs 1. 5-10). Houve alguns pequenos problemas na sucessão como
a revolta de Absalão (2Sm 15-18) e a revolta de Adonias (1Reis 1).
A imagem que ficou de Davi era de “um homem segundo o coração
de Deus” (1Sm 13. 14; 16. 7).

SAIBA MAIS

Davi encontrou Saul em uma situação um tanto que “constrangedo-


ra”. Ficou curioso? Confira em 1Sm 24. 1-4

○ O reinado de Salomão (970-930 a.C)

Após a morte de Davi, seu filho Salomão assumiu o trono. Era um


rei sábio, um verdadeiro filósofo! Também possuía habilidades administra-
tivas e para construções. Assim que Salomão assumiu o trono, ele procurou
firmar-se no poder eliminando o irmão Adonias porque quis tomar posse
do Harém real (2Sm 3. 8; 12. 8; 16. 20-22). Eliminou também a Simei, filho de
Saul e possível pretendente ao trono (1Rs 2. 36-41).
Salomão não tinha interesses de expansão territorial (O reino che-
gou a diminuir), mas reforçou a defesa nacional. Ele dividiu o reino em
doze distritos e colocou sobre eles administradores a fim de prover o sus-
tento da casa real (2Sm 17. 1). Fez muitas alianças de paz com nações vizi-
nhas como o Egito e Tiro (2Cr 2); fortificou cidades; utilizou-se da posição
Bibliologia

geográfica estratégica de Israel para fazer negócios como os carros e ca-


valos egípcios (1Rs 10. 28, 29); inaugurou a marinha Israelita (2Cr 9. 21) e
78 ˃˃˃

compôs provérbios (1Rs 4. 32).


Sem dúvida, o feito que merece destaque na vida de Salomão foi a
construção do templo de Iavé. E foi na oração de dedicação do templo que
surgem importantes ideias para a universalidade do evangelho:

Também ao estrangeiro, que não for do teu povo de Israel, po-


rém vier de terras remotas, por amor do teu nome (porque ou-
virão do teu grande nome, e da tua mão poderosa, e do teu bra-
ço estendido), e orar, voltado para esta casa, ouve tu nos céus,
lugar da tua habitação, e faze tudo o que o estrangeiro te pedir,
a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, para
te temerem como o teu povo de Israel e para saberem que esta
casa, que eu edifiquei, é chamada pelo teu nome (1Rs 8. 41-43).

O reinado de Salomão foi um reinado de paz e de progresso mate-


rial, mas, infelizmente, de decadência espiritual. A riqueza do reino era re-
lativa porque somente o rei era rico, mas o povo era pobre. O povo sofreu
para sustentar a máquina estatal (2cr 10).
O final do reinado de Salomão é contraditório com a sabedoria que
tinha (1Rs 11). Seu erro consistiu principalmente em se envolver com mu-
lheres estrangeiras. Ao final de sua vida, tornou-se um idólatra. Construiu
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dois santuários idólatras um para Quemos e outro para Moloque (1Rs 11.
5-7). Após a sua morte o reino se dividiu, principalmente devido à sua
idolatria e ao erro do seu filho (2Cr 10).
Podemos tirar como aplicação o versículo que o próprio Salomão
deixou: “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. A partir do mo-
mento que ele deixou de temer a Deus, deixou de ser sábio.

○ A divisão do reino

Toda a maldade e idolatria de Salomão despertaram a ira de Deus


que decidiu tirar dele o Reino. É o que mostra o texto de I Reis 11. 11:

Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, pois desviara


o coração do Senhor, Deus de Israel [...] Por isso, disse o SE-
NHOR a Salomão: Visto que assim procedeste e não guardaste
a minha aliança, nem os meus estatutos que te mandei, tirarei
de ti este reino e o darei a teu servo.
˂˂˂ 79

Ao final do reinado de Salomão, o povo estava vivendo um regime


altamente opressor. Isto é, obrigou o povo ao trabalho forçado. Isso gerou
um sistema altamente desagradável (1Rs 4. 1-7; 5. 13, 14).
Por ocasião da sua morte, seguida da ascensão de Roboão ao trono,
o povo viu a oportunidade de tirar aquele julgo opressor e fizeram o famo-
so pedido descrito em 1 Rs 12. 4, 13, 14:
Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura ser-
vidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te ser-
viremos [...] Dura resposta deu o rei ao povo, porque desprezara
o conselho que os anciãos lhe haviam dado; e lhe falou segundo
o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai fez pesado o vosso jugo,
porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com açoites; eu,
porém, vos castigarei com escorpiões.

Depois desse episódio, surgiu uma rebelião nas tribos do norte ele-
geram Jeroboão como Rei. Assim, passaram a existir dois reinos. O reino
de Israel (Norte) e o Reino de Judá (Sul). O reino de Judá incluía a tribo de
Benjamim. (2Rs 12. 20,21).

• O Reino de Israel (931-722)

O Reino de Israel é caracterizado pela instabilidade interna. A es-


colha do rei era por dons carismáticos e não por sucessão dinástica. Por
isso, sempre alguém estava tentando tomar o poder. Nove dinastias se
revezaram no poder (GUSSO 2003, p. 85). O período mais estável foi no
reinado de Onri (885 - 874 a.C.) e Jeú (100 anos). Auge da economia foi com
Jeroboão II (durou três décadas). A riqueza gerou desigualdade social. Os
ricos tinham diversas casas (Am 3. 15), Interesses por móveis caros (Am 6.
4), prazeres físicos (Am 3. 12; 4. 1, 6. 6) e os pobres foram esquecidos (Am
5. 10, 12). Tudo isso fez com que Deus enviasse o profeta Amós para de-
nunciar a Injustiça Social.
Os centros de adoração criados por Jeroboão evoluíram para idolatria
e sincretismo. O ápice da crise religiosa foi durante o reinado de Acabe e Je-
zabel. Ela adorava Aserate e Baal Melcart e chegou a construir em Samaria
Bibliologia

um templo de adoração (1Rs 16. 29-34). Jezabel sustentava os profetas com


recursos do governo e queria estabelecer o culto a Baal como religião oficial
80 ˃˃˃

(1Rs 18. 19). Elias surge como opositor de Jezabel (1Rs 19. 10). Jeú eliminou as
instituições oficiais, mas o culto a Baal continuou sendo praticado (2Rs 10).
Nunca mais Israel iria se recuperar desse erro.
O Reino do Norte acabou quando a Assíria impôs tributos pesados a
Israel Quando o rei da Assíria morreu, o rei Oséias tentou se rebelar buscan-
do apoio do Egito, mas não foi bem sucedido (2Rs 17. 3-6). O fim de Israel é
o famoso episódio do cerco feito por Salmanaser (2Rs 18. 9-12).
SAIBA MAIS

A rainha Jezabel que levou o povo à idolatria no AT (1Rs 16. 31). No


NT torna-se símbolo de mulheres que levam o povo de Deus a se desviar
(Ap 2. 20).

• O Reino de Judá (722 a 587 a. C.)

A situação política de Judá foi melhor que a de Israel porque havia


o reconhecimento da sucessão dinástica. Isto é, todo o povo considerava
que o trono pertencia à família de Davi (2Sm 7. 13-16). O reino de Judá
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estava constantemente tendo que lidar com a eminência de destruição. Pa-


gou tributos a várias nações (1Rs 18. 14) e seu relacionamento com Israel
era instável (2Rs 12. 21-24; 15. 6).
Não houve injustiça social exagerada por bastante tempo. Apenas
no reinado de Acaz surgiram as diferenças sociais. Isaías e Miquéias apa-
recem denunciando (Is 3. 13-15; Mq 3).
Geralmente o povo seguia as tendências religiosas de seu líder (2Rs
21. 9), o que serve como alerta. O pior momento religioso foi sob o governo
de Acaz. Ele erigiu um altar pagão dentro do templo de Jerusalém. Chegou
até mesmo a oferecer seu filho em sacrifício (2Rs 16. 1-4).
Com o passar do tempo, Judá passou a reduzir seu relacionamento
com Iavé somente através de práticas litúrgicas. O que fez com que ritos e
festividades se tornassem uma superstição. Jerusalém se fortaleceu como
centro religioso e o templo era considerado uma espécie de amuleto pro-
tetor, conforme denunciou o profeta Jeremias (Jr 7. 1-15). Toda essa vida
religiosa hipócrita foi denunciada por Isaías. O texto abaixo fornece uma
˂˂˂ 81

boa visão da vida religiosa de Judá.

Ouvi a palavra do SENHOR, vós príncipes de Sodoma; pres-


tai ouvidos à lei de nosso Deus, vós, ó povo de Gomorra. De
que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SE-
NHOR? Já estou farto dos holocaustos de carneiros e da gor-
dura de animais nédios; e não folgo com o sangue de bezerros,
nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para compa-
recerdes perante mim, quem requereu isso de vossas mãos, que
viésseis pisar os meus átrios? Não tragais mais ofertas debalde;
o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua
Nova, e os sábados, e a convocação das congregações; não pos-
so suportar iniqüidade, nem mesmo o ajuntamento solene. As
vossas Festas da Lua Nova, e as vossas solenidades, as aborrece
a minha alma; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.
Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos;
sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, por-
que as vossas mãos estão cheias de sangue (Is. 1. 10-15).


O fim do estado de Judá aconteceu quando o rei Jeoaquim parou de
pagar tributo à Babilônia e foi castigado por isso. Jerusalém foi conquistada
em março de 597. O governo Babilônico estabeleceu Zedequias como rei, mas
ele se rebelou e provocou a destruição total de Jerusalém em 586 a.C. (2Cr 36)
A partir dessa data Judá nunca mais existiu como estado independente (2Rs
24. 18 - 25. 22; 2Cr 36. 10-21; Jr 39. 1-10; Jr 52. 1-30).

Não é a minha palavra como fogo, diz o SENHOR, e como um mar-


telo que esmiúça a penha (Jr 23.29)?

EXERCÍCIOS

1. Quais fatores levaram o povo a pedir um rei para Samuel?


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Bibliologia

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2. Qual foi o erro principal que levou Saul à queda?


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3. Leia o texto de 1Sm 26. 1-11 e explique porque esse episódio demonstra
a habilidade política de Davi.
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4. Durante o governo do rei Salomão, o povo era rico ou pobre? Pesquise


na Bíblia e em outras fontes.
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5. Após a divisão, quantas tribos ficaram conhecidas como o Reino do Nor-


te. Quantas tribos ficaram conhecidas como Reino do Sul?
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6. Por que a situação política de Judá foi melhor quando comparada com
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a de Israel?
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SEÇÃO 3 – DO EXÍLIO ATÉ O PERÍODO INTERBÍBLICO

• O exílio

Após a invasão de Judá por parte de Nabucodonozor, muitos foram


levados cativos para a Babilônia para servirem ao rei (Dn 1). Os que não
foram cativos fugiram para o Egito (2Rs 25. 26), outros foram para Moabe e
Amom (Jr 40. 11-12). Esse processo é chamado de “diáspora” (Dispersão).
O termo é usado para referir-se à movimentação dos Judeus em direção a
outras nações (DISPERSÃO, 1997 p. 431).
Os Judeus tiveram uma crise religiosa porque entendiam que a pre-
sença de Iavé era restrita a um território e Ele só poderia se adorado em
Jerusalém (Sl 137. 14). Houve também uma mudança de ênfase na prática
religiosa. Eles mudaram da prática sacrificial para a guarda da Lei (GUS-
SO, 2003, p. 142).
A cidade da Babilônia era uma das mais belas metrópoles da an-
tiguidade. Não é de se admirar que os judeus foram seduzidos por sua
beleza porque até então, eles consideravam Jerusalém como “a cidade”.
Ela contava com uma urbanização planejada e com uma estética revolu-
cionária (Dn 4. 29-30). Era também uma cidade altamente idólatra e poli-
teísta. (O deus principal era Marduk). Muitos judeus chegaram a pensar
que Marduk era mais poderoso que Iavé por causa da beleza da cidade.
Em vista disso, muitos deles passaram a adorar ao deus babilônico e foram
Bibliologia

denunciados por Ezequiel de forma severa (Ez 23. 20).


Embora a estadia dos judeus na Babilônia seja chamada de “cativei-
84 ˃˃˃

ro”, esse período não possui uma conotação escravagista tão grande como
foi no Egito. A repreensão divina ao povo de Israel parece ter sido mais
branda e não foi como nos campos de concentração da atualidade. O so-
frimento dos judeus era interno (saudade da pátria e orgulho ferido). Eles
tinham certa liberdade; construíam casas, cultivavam e praticavam o co-
mércio. Muitos Judeus enriqueceram. Evidências arqueológicas apontam
que um dos mais importantes bancos da Babilônia pertencia a uma família
Judaica. Alguns viviam tão bem na Babilônia que mesmo depois da liber-
tação, ficaram de livre e espontânea vontade (SCHULTZ, 1988, p. 238).
Nesse período os judeus passam a usar o Aramaico como língua (GUSSO,
2003 p. 140).
Alguns acontecimentos da diáspora viriam a contribuir com a ex-
pansão do Cristianismo. Uma das contribuições foram as sinagogas. Ainda
que existam diferentes opiniões sobre o surgimento das sinagogas, é fato
que elas desempenharam um papel importante na preservação da religião
judaica. A sinagoga ajudou a preservar a base da religião judaica. Assim,
quando a mensagem do Novo Testamento começou a ser pregada, os ju-
deus do Novo Testamento já tinham uma boa base para entender o que
estava sendo pregado. “O livro de Atos indica o significante papel que a
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sinagoga desempenhou na propagação da nova fé messiânica” (SINAGO-


GA, 1997, p. 1530-1531). Por exemplo, sempre que Paulo se dirigia a uma
cidade para pregar, era costume ir primeiro à sinagoga (At 14. 1; 17. 1).

SAIBA MAIS

No Novo Testamento o nome “Babilônio” é atribuído a Roma. Isto


porque Roma estava oprimindo o povo de Deus (Ap 17. 5).

• A restauração e a comunidade pós-exílica (535-430)

Durante o domínio do império babilônico, começou a surgir um império


fruto das junções entre dois povos: os Medos e os Persas. Liderados por Ciro,
com uma estratégia militar memorável, o exército Persa invadiu a Babilônia e
˂˂˂ 85

passou a ser o novo império governante (CIRO, 1980, p. 120).


Ciro tinha uma política expansionista diferenciada. Ele decretou a
restituição das religiões dos povos que estavam sob o domínio da Babilô-
nia. Nesse processo, foi concedido aos Judeus o direito de retornar a sua
terra de origem e de reconstruir sua vida religiosa:

No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia (para que se cumprisse


a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias), despertou o SE-
NHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o qual fez passar pregão
por todo o seu reino, como também por escrito, dizendo: Assim
diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos
os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa
em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu
povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá,
e edifique a Casa do SENHOR, Deus de Israel; ele é o Deus que
habita em Jerusalém. E todo aquele que ficar em alguns lugares
em que andar peregrinando, os homens do seu lugar o ajudarão
com prata, e com ouro, e com fazenda, e com gados, afora as dá-
divas voluntárias para a Casa de Deus, que habita em Jerusalém
(Ed 1. 1-4).

Foi sob esse decreto que se iniciou o retorno dos exilado à Jerusa-
lém. Foram feitas três excursões de retorno.
O primeiro grupo foi liderado por Zorobabel (Ed 2). O objetivo prin-
cipal era de reedificar o templo. Após o início da reconstrução houve uma
investida contra por parte dos adversários. Eles escreveram uma carta ao
rei Persa procurando convencê-lo do perigo de rebeldia. A carta obteve
sucesso e o rei Artaxerxes ordenou a paralização da construção que durou
15 anos (Ed 4. 21).
Surgem então os profetas Ageu e Zacarias. Ageu denuncia o des-
caso com a paralização da reconstrução reprovando o povo por passar a
usar os seus recursos para construir casas luxuosas (Ag 1. 1-11). O profeta
Zacarias também chama o povo para retomar a obra (Zc 4. 9). Depois de
resolvido o problema com as autoridades persas (Ed 5-6) o templo foi com-
pletado:

E os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando pela pro-


Bibliologia

fecia do profeta Ageu e de Zacarias, filho de Ido; e edificaram a


casa e a aperfeiçoaram conforme o mandado do Deus de Israel,
e conforme o mandado de Ciro, e de Dario, e de Artaxerxes,
rei da Pérsia. E acabou-se esta casa no dia terceiro do mês de
86 ˃˃˃

Adar, que era o sexto ano do reinado do rei Dario. E os filhos


de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, e o resto dos filhos do
cativeiro fizeram a consagração desta Casa de Deus com alegria
(Ed 6. 13-22).

O segundo grupo foi liderado por Esdras (Ed 7). Entre o término da
reconstrução do templo e a chegada de Esdras há um intervalo de tempo
de aproximadamente 60 anos. Segundo Shedd, a época desse intervalo é
descrita no livro de Ester (apud BÍBLIA, 1997, p. 677).
A principal contribuição de Esdras foi a reorganização da vida reli-
giosa do povo Judeu. Protegido pelo decreto das autoridades persas (Ed 7.
11-28), Esdras reagrupou os levitas e sacerdotes e os levou para Jerusalém
(Ed 8. 15-20). Restabeleceu a lei (Ed 9, Nm 8) e combateu os casamentos
mistos (Ed 10).
O terceiro grupo foi liderado por Neemias (Nm 2)8. Neemias retor-
nou a Jerusalém com o objetivo de reconstruir o templo. O teor de sua forte
liderança pode ser percebido por todo o livro que leva o seu nome. O texto
mais significativo é o que narra o término da construção do muro:
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Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco de elul, em cinqüenta


e dois dias. E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos,
temeram todos os gentios que havia em roda de nós e abateram-
-se muito em seus próprios olhos; porque reconheceram que o
nosso Deus fizera esta obra (Nm 6. 15-16).

Os principais feitos, além da reconstrução do muro (Nm 6. 15), fo-


ram: o combate a exploração financeira (Nm 5); a nomeação dos guardas
(Nm 7. 1-4); a renovação da aliança (Nm 9. 38), a restauração da manu-
tenção dos levitas (Nm 13. 10-14), e o “enérgico” combate aos casamentos
mistos (Nm 13. 23-29).

• O período inter-testamentário

___________________________________

8
Existem divergências sobre a ordem de chegada dos grupos de Esdras e Neemias. Há
os que tendem a uma interpretação de que Neemias veio primeiro. Dentro desse grupo
encontra-se o presente autor. Porém, para fins didáticos, expõe-se a ordem tradicional.
˂˂˂ 87

O Antigo Testamento termina após a atividade do profeta Mala-


quias. Depois disso inicia-se um período que abrange aproximadamente
400 anos que nesse estudo será denominado período inter-testamentário.
Esse período também é conhecido popularmente como o período do “Si-
lêncio de Deus” visto que não há relatos inspirados nessa época.
Com a vitória dos gregos sobre os persas, os judeus passaram automatica-
mente ao domínio do novo império. Alexandre conquistou a palestina por
volta de 332 a.C (DOWLEY, 1997, p. 51). Porém, morreu prematuramente
e o império Grego ficou dividido entre quatro dinastias.
Uma das dinastias ficou responsável pelo governo do Egito. Pto-
lomeu Filadelfo foi um dos generais que reinou sobre os judeus que es-
tavam na diáspora no Egito. Segundo alguns relatos, ele foi o principal
responsável pelo incentivo à produção da Septuaginta (LXX). Como visto
na unidade anterior, foi uma tradução do Antigo Testamento Hebraico
para o Grego. Não há dúvidas que essa tradução contribuiu grandemente
com o Cristianismo. Ela serviu aos apóstolos e a igreja primitiva (TEXTOS
E VERSÕES DA BÍBLIA, 1997 p. 1597).
A dinastia dos selêucidas governou na palestina. E foi a partir do
general Antioco Epifânio que teve início um período opressor para os Ju-
deus. Eles foram forçados a se tornarem adeptos da religião helênica de
forma muito brutal. Esta opressão foi profetizada pelo profeta Daniel (Dn
11. 21, 26, 31). Os relatos deste evento encontram-se no livro dos Maca-
beus. Vale a pena expor o texto, visto que esse livro não está presente no
Cânon evangélico:

No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e


cinco, edificaram a abominação da desolação por sobre o altar
e construíram altares em todas as cidades circunvizinhas de
Judá. Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas
praças públicas, rasgavam e queimavam todos os livros da lei
que achavam; em toda parte, todo aquele em poder do qual se
achava um livro do testamento, ou todo aquele que mostrasse
gosto pela lei, morreria por ordem do rei. Com esse poder que
tinham, tratavam assim, cada mês, os judeus que eles encon-
travam nas cidades e, no dia vinte e cinco do mês, sacrificavam
no altar, que sobressaía ao altar do templo. As mulheres, que
Bibliologia

levavam seus filhos a circuncidar, eram mortas conforme a or-


dem do rei, com os filhos suspensos aos seus pescoços. Massa-
cravam-se também seus próximos e os que tinham feito a cir-
88 ˃˃˃

cuncisão. Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme


resolução de não comer nada que fosse impuro, e preferiram a
morte antes que se manchar com alimentos; não quiseram vio-
lar a santa lei e foram trucidados. Caiu assim sobre Israel uma
imensa cólera (1Mb 1. 54-64 – A Bíblia de Jerusalém).

Inconformados com a opressão, uma família judaica conhecida


como “Macabeus” iniciaram uma heróica revolta que veio a culminar na
independência de Israel. Liderados por seu irmão mais velho, Judas, os
macabeus venceram batalhas importantes contra as tropas de Apolônio
(1Mb 3. 10-11), Seron (1Mb 3. 23, 24), Górgias (1Mb 4. 22), Lísias (1Mb 4.
28-35). Após essas (e outras) batalhas, os macabeus se tornaram célebres
e conseguiram estabelecer a paz em Jerusalém. Os Romanos chegaram a
emitir um tratado reconhecendo a independência de Jerusalém (1Mb 8. 22-
32). Mas logo a nação Judaica enfraqueceu devido às disputas internas da
família dos Macabeus.
Devido a diversos fatores, a Judéia tornou-se província romana em
63 a.C Através de diversas manobras políticas, uma família iduméia assu-
miu o governo da Judéia. Dessa família surgiria Herodes, “O Grande” que
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governou até 4 d.C. (GUSSO 2003, p. 204).

SAIBA MAIS

Os livros de Macabeus ficaram de fora do Cânon principalmente


por conterem heresias como a oração pelos mortos (2Mb 12.45,46).

Mateus 4. 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão


viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.

EXERCÍCIOS

1. Faça uma pequena biografia de Esdras.


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2. Qual o significado do termo “Diáspora ou Dispersão”?


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3. Descubra quanto tempo o povo de Israel ficou cativo na Babilônia?


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4. Fale resumidamente sobre a reconstrução do muro de Jerusalém (Nm 1-6).


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5. Quais profetas atuaram no período pós-exílico?
Bibliologia

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6. Quais profetas atuaram no período exílico?


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SEÇÃO 4 – O PERÍODO DO NOVO TESTAMENTO (4 a. C. A 100 D. C.)

• A vida de Cristo (4 a.C a 30 d.C)


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Serão analisados os momentos mais importantes da vida de Cristo.


Em cinco momentos distintos.

○ O nascimento e a infância de Jesus

O episódio do nascimento de Cristo começa com a aparição do anjo


Gabriel a Maria. O mensageiro de Deus fala que dela nasceria o “Emanuel”
(Lc 1. 26-30). Depois dessa ocasião Maria ficou grávida (Mt 1. 23).
Enquanto Maria estava grávida, encontrou-se com Isabel, sua pri-
ma que também estava grávida de João Batista. Na ocasião do encontro,
Lucas registra o fato de que a criança que estava no ventre de Isabel “estre-
meceu” (Lc 21. 41).
O rei César publicou um decreto para que todos os habitantes retor-
nassem para a sua terra natal com o objetivo de fazer um recenseamento.
José e Maria tiveram que ir para a Belém. Quando lá chegaram, não havia
hospedarias disponíveis. Maria estava sentindo dores de parto, e por cau-
˂˂˂ 91

sa da situação, tiveram que ficar numa estrebaria. E foi lá que Jesus nasceu
(Lc 2. 1-7).
Assim que o messias nasceu, anjos apareceram a alguns pastores
que estavam no campo anunciando o nascimento de Jesus. Os céus se en-
cheram de anjos e os pastores correram para visitar o tão esperado messias
(Lc 2. 8-20). Quando o menino completou oito dias. Foi levado ao templo
para ser circuncidado e apresentado. Foi lá que a profetiza Ana e Simeão
viram Jesus e glorificaram a Deus (Lc 2.21-38) Merecem destaque as profé-
ticas palavras de Simeão sobre a vida de Jesus:

E estavam o pai e a mãe do menino admirados do que dele


se dizia. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino:
Eis que este menino está destinado tanto para ruína como para
levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradi-
ção (também uma espada traspassará a tua própria alma), para
que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lucas
2. 34-35).
Depois que o menino já estava em casa, vieram alguns magos do
oriente para conhecer o messias. Eles foram guiados por uma estrela.
Como não identificaram o local exato, foram até Herodes perguntar por
Jesus. Herodes, maldosamente, pediu que assim que os magos achassem
o messias, lhe informassem para que ele também pudesse adorá-lo, mas
sua verdadeira intenção era matar o menino. Assim que os magos encon-
traram Jesus ofereceram-lhe presentes e o adoraram. Ao retornar foram
avisados por um anjo para não encontrar Herodes (Mt 2. 1-12).

SAIBA MAIS

Muitas interpretações populares têm sido feitas a respeito dos ma-


gos. É comum que se façam presépios do nascimento de Jesus com a pre-
sença dos magos, porém eles só visitaram Jesus depois que ele estava em
casa. Outro detalhe é atribuir-lhes o título de “reis” (Não consta isso na
Bíblia). Para finalizar, ainda existem os que pensam que os magos eram
três! Eles levaram três espécies de presentes, mas não significa que eram
Bibliologia

três! (Mt 2. 1-12)


92 ˃˃˃

Herodes estava com medo de perder o trono e publicou um edito


de que todas as crianças abaixo de dois anos deveriam ser mortas. Um anjo
apareceu a José e a Maria ordenando que eles fugissem para o Egito onde
permaneceram até a morte de Herodes (Mt 2. 13-16).
O último relato sobre a infância de Jesus é o relato onde está no
templo discutindo com os doutores e todos se “admiravam da sua inteli-
gência”. Lucas resume como foi a infância de Jesus afirmando que “Jesus
crescia em Sabedoria, estatura, e graça diante de Deus” (Lc 2. 52).
Stott oferece uma divisão interessante sobre a vida de Jesus. A saber: o ano
da obscuridade, o ano da popularidade e o ano da adversidade (2005, p.
120-137).

○ O ano da obscuridade

Compreende o período que começa após o relato do menino Jesus


no templo até o início de seu ministério.
Antes do ministério público de Jesus, destaca-se a figura de João Ba-
tista. Ao que parece ele pertencia à seita dos essênios. Vestia-se de pele de
camelos, alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Foi através dele que
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depois de quatrocentos anos de silêncio, Deus voltou a falar. Sua pregação


consistia chamar o povo ao arrependimento e ao batismo (Mt 3. 1-12). Jesus
encontrou-se com João Batista e assim que foi batizado, o Espírito Santo des-
ceu sobre Jesus como uma pomba quando o Pai declarou: Este é o meu filho
amado que me dá muito prazer (Mt 3. 13-17).
Logo que o Espírito Santo veio sobre Jesus, ele foi levado ao deserto
para ser tentado. Depois de 40 dias Jesus teve fome e o diabo lhe tentou.
Jesus resistiu à tentação usando as escrituras (Mt 4. 1-11). Ao que parece,
assim que venceu a tentação, foi até o Jordão e chamou os dois discípulos
de João Batista para que fossem seus próprios discípulos (Jo 1. 35-42). Logo
após isso, seguem-se os registros sobre o milagre de transformar a água
em vinho (Jo 2. 1-11), a purificação do templo (Jo 2. 13-22), o encontro com
Nicodemos (Jo 3. 1-21) e o encontro com a mulher samaritana (Jo 4).
Sobre os demais fatos desse período da vida de Jesus, é possível
dizer que:
˂˂˂ 93

Não há registros de outros detalhes a respeito do primeiro ano


do ministério de Jesus. A maior parte dele parece ter sido pas-
sada na Judéia. Foi um período de transição, durante o qual
seu ministério sobrepôs-se ao de seu precursor, João Batista. Os
discípulos de Jesus estavam também batizando. Gradualmen-
te esses seguidores de Jesus tornaram-se mais numerosos que
os de João, fato que João aceitou numa bela atitude de humil-
dade dizendo ‘convém que ele cresça e eu diminua’ (Jo 3. 30)
(STOTT, 2005, p. 122).

○ O ano da popularidade

O evangelista Mateus dá uma boa indicação de como se desenvol-


veu o ministério de Jesus. O ministério de Jesus consistia em três pilares:
Ele pregava, ensinava e curava: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando
nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de
doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4. 23).
Jesus pregou o Reino de Deus. A melhor explanação sobre o signifi-
cado do reino está no sermão do monte. Jesus ensinou de modo compreen-
sível para o povo. Ele usou ilustrações, parábolas e exemplos relacionados
com a vida do povo. Sua autoridade era tamanha que pessoas admiravam-
-se de suas doutrinas.
Jesus também curava. Ele fez milagres como acalmar o mar, multi-
plicar os pães e peixes, mas seu milagre mais comum era a cura. O s
milagres eram evidências de que Jesus era filho de Deus de que as forças
do mal estavam sendo expulsas. “A alimentação dos cinco mil proclamava
visivelmente sua alegação de ser o pão da vida; a cura do cego de nascen-
ça, sua alegação de ser a luz do mundo; os mortos que levantou, sua alega-
ção de ser a ressurreição” (SOTT, 2005, p. 127).
Ao que parece, o ápice desse momento foi na multiplicação dos pães
e peixes, quando após esse extraordinário milagre, o povo quis proclamá-
-lo rei (Jo 6).

○ O ano da adversidade

Logo após o milagre da multiplicação, Jesus proferiu um “duro ser-


Bibliologia

mão”. Ele repreendeu o fato de que as pessoas queriam segui-lo só por causa
do pão, ao invés disso, deviam buscar o pão da vida. Diante dessas duras
94 ˃˃˃

palavras, alguns de seus discípulos o abandonaram (Jo 6. 60-71).


Depois, Jesus foi para a Cesaréia onde Pedro disse a famosa declara-
ção: “Tu és o Cristo, filho do Deus vivo” (Mt 16. 14-16). Em seguida Jesus
começou a ensinar os seus discípulos sobre a necessidade do sofrimento,
mas sempre pedindo silêncio aos seus discípulos porque ainda não era
chegada a sua hora. Seis dias depois teve ocorrência o episódio da transfi-
guração quando Deus Pai declara que deveríamos ouvir o seu filho (Lc 9.
28-36).
De volta a Galiléia Jesus continuou ensinando seus discípulos sobre
seus sofrimentos e ressurreição, até que resolveu ir para Jerusalém. A ca-
minho de Jerusalém, chegando próximo a Jericó, Jesus deu vista ao cego
Bartimeu (Mc 10. 46-52) e a salvação à Zaqueu (Lc 19. 1-10).
Antes da sua ida final para Jerusalém, Jesus passou seis meses na
Judéia. Nesse período ele ainda foi mais uma vez a Jerusalém, para a festa
dos tabernáculos e para a festa da dedicação (Jo 7; 10).
Quando Jesus fez sua viagem final a Jerusalém, aconteceu o episó-
dio da entrada triunfal. As pessoas clamavam: Hosana ao filho de Davi!
Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas! (Mt
21. 9). Jesus purificou o templo pela segunda vez (Mc 11. 15-19) e depois
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se iniciou uma série de discussões teológicas com os escribas e fariseus. O


ápice da repreensão está no capítulo 23 de Mateus onde Jesus censura-os
com severas repreensões, sempre precedidas do vocábulo “ai de vós”.

○ A morte e Ressurreição de Jesus

Jesus passou suas últimas horas de liberdade em companhia dos


seus discípulos numa casa emprestada. Nesse local eles participaram da
refeição da páscoa. É aqui que acontece a atitude humilde de Jesus em la-
var os pés dos discípulos (Jo 13. 1-20). Em seguida, Jesus iniciou seu ensino
sobre o Espírito Santo que haveria de vir (Jo 14. 16-31).
Depois foi até o monte das oliveiras para orar. Nesse local, Jesus
angustiou-se ao ponto de suar sangue e pediu ao Pai para que, se possível,
aquele sofrimento fosse evitado. Os discípulos não se mostraram empá-
ticos ao sofrimento de Jesus visto que por duas vezes Jesus os encontrou
dormindo (Mt 26. 36-46).
˂˂˂ 95

Uma grande multidão vinda da parte dos sacerdotes e dos anciãos


do povo chegou para prender Jesus. Judas então aparece em cena e trai Je-
sus através de um beijo. Pedro, impulsivamente, lança mão de sua espada
e corta a orelha do soldado Malco. Jesus repreende Pedro e cura o soldado
(Mt 26. 47-56).
Inicia-se, então, uma série de seis julgamentos. No julgamento dian-
te do sumo sacerdote, Jesus foi condenado por blasfêmia ao afirmar que
era filho de Deus. Esse julgamento foi acompanhado de cuspes no rosto e
bofetadas no rosto de Jesus. Foi nessa ocasião que Pedro negou Jesus (Mt
26. 57-75).
Como não tinham autonomia para condenar Jesus à morte, os reli-
giosos procuraram Herodes e Pilatos para endossar a crucificação. Pilatos
governava por conveniência e para não gerar mais tumulto, covardemente
lavou as mãos numa tentativa psicológica de isentar-se da morte de Jesus
(Mt 27. 11-26).
Em seus últimos momentos na cruz, Jesus pronunciou sete expres-
sões. As três primeiras são em relação às pessoas que estavam próximas de
si mesmo. Ele orou a Deus pedindo perdão para os torturadores (Lc 23. 24),
entregou sua mãe aos cuidados de João (Jo 19. 27), e falou ao ladrão que esta-
ria naquele mesmo dia no paraíso com Ele (Lc 23. 43). Depois Jesus proferiu
palavras que expressaram sofrimento e agonia. Tenho sede (Jo 19. 28); Meu
Deus, meu Deus, porque me desamparaste (Mc 15. 34); está consumado (Jo
19. 30); Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23. 46). José de Arima-
téia pede o corpo de Jesus e o sepulta (Mt 15. 43).
Depois de três dias, Jesus ressurge dentre os mortos e inicia uma
série de aparições. Primeiro para Maria Madalena, depois para Pedro, aos
discípulos de Emaús, para os discípulos, para Tomé. Lucas diz que foram
cerca de quarenta dias de aparições (At 1. 3).
O episódio final de Cristo foi a ascensão, quando Jesus profere a
grande comissão:

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade


me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Bibliologia

Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos


tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a
consumação do século (Mateus 28. 18-20).
96 ˃˃˃

• A igreja primitiva (30 A 100 d.C)

Antes de sua ascensão, Jesus recomendou aos discípulos para que


ficassem em Jerusalém até que a promessa sobre a descida do Espírito Santo
fosse cumprida. Esse evento ocorreu no dia de pentecostes (At 1; 2).
Depois Pedro, cheio do Espírito Santo, pregou um sermão onde
houve cinco mil conversões que foram acrescentadas à igreja (At 2. 14-47).
Iniciou-se também uma perseguição por ocasião da morte de Estevão (At
8. 1). A partir dessa perseguição muitos cristãos foram para outras regiões
“forçosamente” levando consigo o evangelho (At 8. 1; 11. 19).
Surge a figura de Saulo, que foi muito importante para a expansão do
evangelho, porque ele empreendeu grandes esforços para pregar o evangelho
através de suas viagens missionárias. A seguir, um roteiro com os principais
acontecimentos das viagens missionárias. Para facilitar a compreensão, sugere-
-se a leitura dos textos bíblicos acompanhados de um mapa..
○ Primeira viagem missionária

Antioquia: Os discípulos são chamados de Cristãos (At 11. 26); O


Espírito Santo escolhe Saulo e Barnabé para missões
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Salamina: Pregação nas sinagogas judaicas (At 13. 5).


Pafos: Elimas o encantador e o Procônsul Sérgio (At 13. 6), João
Marcos se afasta (Atos 13. 13)
Antioquia da Psídia: Pregação na sinagoga.
Icônio: Tentativa de apedrejamento (At 14. 1)
Listra (At. 14. 6): cura de um coxo (At 14. 10), considerados deuses
(At 14. 12, 13), apedrejamento (At 14. 19).
Derbe: pregação + discípulos (At 14. 20-21).
Retorno: Listra, Icônio, Psídia, Panfilia, Atália: Eleição dos pastores
(At 14. 23), pregação (At 14. 24-25)
Antioquia: Relatório das viagens.
Jerusalém: Concílio de sobre circuncisão (At 15. 1-29).

○ Segunda viagem missionária (At 15. 22)

Antioquia: Pregação de Fortalecimento (At 15. 30)


˂˂˂ 97

Antioquia: Separação entre Paulo e Barnabé.


Icônio, Listra e Derbe: Chamada de Timóteo (At 16. 1-2)
Trôade: Visão, Aparentemente é Lucas que está falando (At 15. 9, 10).
Filipos (At 16): Conversão de lídia (At 16. 14-15), Jovem adivinha-
dora (At 16. 16), Carcereiro se converte (At 16. 30); Paulo e Silas presos (At
16. 25)
Tessalônica (At 17. 1): Fundam a igreja (At 17. 4), hospedam-se na
casa de Jasom (At 17. 7)
Beréia (At 17. 10): Bereanos são considerados nobres (At 17. 11),
Silas e Timóteo Ficam em Beréia (At 17. 14)
Atenas (At 15. 15): Paulo discute com os filósofos (At 15. 18-21)
Corinto (At 18. 1): Encontram Áquila e Priscila (At 18. 2), fundam a
igreja de Corinto (At 18. 8), provável local da escrita da Carta aos Tessalo-
nicenses (51 d.C.)
Éfeso: Ficam Áquila e Priscila (At 18. 19).

○ Terceira viagem missionária

Éfeso: Escola de Tirano, falsos discípulos que apanharam, queima


dos livros mágicos, adoradores de Diana, perseguição por Demétrius, e
escrita da Carta aos Coríntios 55 d.C.
Macedônia e Grécia. (At 20. 3): Breve visita, provável local da escri-
ta de 2 Coríntios (Macedônia), escrita da Epístola aos Romanos (Rm 15. 26;
16. 1, 2) (a igreja não foi fundada por Paulo. Ele nunca visitou essa igreja.)
Trôade (At 20. 5): Êutico dorme (At 20. 9)
Assôs: Encontra-se com Lucas
Mileto: Manda chamar os presbíteros para despedir-se (At 20. 17)
Cesaréia: Profetizas filhas de Filipe (At 21. 9), profecia de Ágabo
sobre a prisão de Paulo (At 21. 10-11),
Jerusalém: Fim da terceira viagem (21. 17)

○ Viagem de Paulo a Roma


Bibliologia

Em Roma, na prisão, escreveu:


Efésios: Na prisão de Roma
98 ˃˃˃

Filipenses: Na prisão Paulo Recebeu um presente da igreja de Fili-


pos (4. 18). A carta foi escrita para agradecer o presente.
I Timóteo: Um pouco antes da segunda prisão e consequente morte
de Paulo
II Timóteo: Um pouco antes da sua morte
Tito: Entre a primeira e a segunda prisão de Paulo em Roma.
Filemon: Escrita na prisão em Roma.

Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente (At


19. 20).

EXERCÍCIOS

1. Como podemos dividir os relatos sobre a vida de Jesus segundo John Stott?
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2. Segundo Mateus, quais são os pilares do ministério de Cristo?


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3. Faça uma pesquisa e descubra quais foram os companheiros de Paulo


em suas viagens missionárias?
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˂˂˂ 99

4. Que tipo de situação forçou a igreja a espalhar o evangelho?


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5. Quanto tempo durou a era da igreja primitiva?


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6. Que igreja mandou donativos a Paulo por ocasião se sua prisão em


Roma?
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RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade você conheceu os períodos da narrativa bíblica. Viu


que a narrativa dos patriarcas é importante para entender o desenrolar da
Bíblia. Obteve um resumo do Êxodo e alguns detalhes da entrada e estabe-
lecimento do povo na terra prometida.
Estudou, de forma resumida, o período da monarquia com seus
principais reis, situações políticas, religiosas e econômicas até o exílio ba-
bilônico.
Aprendeu sobre o exílio e suas implicações (como a dispersão). Co-
nheceu a restauração de Judá através de seus personagens principais: Zo-
robabel, Esdras, Neemias, Ageu e Zacarias. Bem como um conhecimento
prévio do período inter-bíblico com destaque para o império Grego e a
família dos Macabeus.
Bibliologia

Ao final, conheceu de forma resumida a narrativa da vida de Jesus


em seus principais momentos, e a expansão da igreja com destaque para as
viagens missionárias de Paulo.
100 ˃˃˃
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Bibliologia

t
UNIDADE IV
Panorama dos
Livros Bíblicos
˂˂˂ 103

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Com uma ideia cronológica da Bíblia, fica mais fácil situar os livros
e as épocas. A cronologia bíblica ajuda na compreensão da Bíblia.
Nesta unidade procuraremos conhecer todos os livros da Bíblia de forma
panorâmica, isto é, resumidamente. Alguns livros terão mais detalhes de-
vido a sua complexidade, mas de forma geral, todos os livros serão expla-
nados de forma bem resumida.
Não fique preocupado em conhecê-los de forma profunda num es-
paço de tempo curto. O conhecimento da Bíblia exige tempo porque ela é
muito ampla. A intenção é apenas dar o pontapé inicial.
Aproveite o estudo e anote as ideias que forem surgindo. Elas po-
dem se transformar em belos sermões.
Que Deus o(a) abençoe.

SEÇÃO 1 – DO PENTATEUCO E OS LIVROS HISTÓRICOS

Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio são os livros


que compõem o Pentateuco.

• Gênesis

A palavra Gênesis vem do Grego e significa princípio, origem, iní-


cio, geração, produção. O livro inteiro de Gênesis apresenta o princípio
das coisas. Do mundo, do homem, do pecado, do castigo, da salvação e da
história da humanidade.
Para escrever Gênesis, por certo, Moisés foi ajudado com a tradição
oral (Conforme visto unidade I) e é óbvio, auxílio por parte do Espírito
Santo, uma vez que descreve fatos e narrativas que ocorreram muito antes
da existência do homem, bem como nos primórdios de sua existência na
Bibliologia

terra.
O livro mostra, em destaque, a história de três famílias: a de Adão,
104 ˃˃˃

(1-5); a de Noé, (6-11) e a de Abraão, (12-50). Os principais tópicos do livro


são: A Criação (1–2), a Queda (3), Caim e Abel (4), o Dilúvio (6-9), a Con-
fusão das Línguas (11). Na Segunda Parte: Abraão e suas Peregrinações
(12-25), Isaque, o Filho Prometido (25–26), Jacó e seus Doze Filhos (27–36),
José o Libertador de Seu Povo (37-50). Os capítulos 46 a 50 dão detalhes
das condições dos Israelitas no Egito.
A história da Criação (1-11)
A história dos patriarcas (12-50)

• Êxodo

O vocábulo êxodo é uma forma latinizada, derivada do Grego e sig-


nifica: saída ou partida. Além de ser o nome do Livro, a palavra também
é usada como a peregrinação dos Israelitas desde o Egito até a chegada às
margens do Jordão.
O Êxodo continua a história do ponto onde Gênesis terminou. O
Livro vai desde o sofrimento do povo no Egito (Ex 1) até o estabelecimento
da teocracia, com o recebimento da Lei por Moisés diante do Monte Sinai
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(Ex 20).
Começa com a descrição das condições do povo de Deus no Egito.
Relata que surgiu um “faraó que não conhecia José”, isto é, que não tomou
conhecimento de sua importância e de seu povo. Também se pode notar o
temor dele, diante do crescimento e a prosperidade dos Israelitas (Ex 1). A
permanência dos Filhos de Israel no Egito consta que foram de 430 anos,
porém, o período da escravidão deve ter sido bem menor (GUSSO, 2003,
p. 18).
O Livro pode ser divido em três partes:
Preparativos e providências para a saída dos Filhos de Israel do Egi-
to, inclusive o nascimento, educação, fuga e chamada de Moisés (Capítu-
los 1 – 12. 30).
Viagem do Egito até o Sinai (Capítulos 12. 31 - 19. 2).
Doação da Lei e o Estabelecimento da Nação de Israel com a teocra-
cia como forma de governo (Cap 20-40).
Os Dez Mandamentos são acompanhados de mais de seiscentas ou-
˂˂˂ 105

tras leis que emanam deles. São aplicações a condições e atos especiais (Ex
20).

SAIBA MAIS

A palavra “Êxodo” é utilizada na atualidade para designar o movi-


mento de grupos ou pessoas que fogem. Por exemplo, o “Êxodo rural”, o
“Êxodo escolar”, e outros.

• Levítico

O nome Levítico, de origem greco-latina, indica o seu conteúdo. São


os deveres dos levitas. Povo designado por Deus para serem responsáveis
pela parte religiosa de Israel (Nm 3. 5-13). O tema central do livro é “santi-
dade ao senhor”.
A história deste livro compreende um mês - o primeiro mês do se-
gundo ano depois da saída do Egito. O livro é também interessante porque
os sacrifícios e oblações que estabelece eram símbolos da expiação que,
séculos depois, haveria de ser feita de uma vez por todas pelo Salvador (Cl
2. 17). Assim se depreende da Epístola aos Hebreus, que é um comentário
inspirado do Levítico; é nesta Epístola que melhor se compreende o verda-
deiro sentido de Levítico (Hb 7. 11-19).
O livro consta de cinco partes:
Leis relativas aos sacrifícios e ofertas ao Senhor (1 – 7)
Unção do Tabernáculo, consagração de Aarão e seus filhos ao sacer-
dócio. Morte de Nadabe e Abiú por oferecerem ao Senhor “fogo estranho”
(8-10).
Instruções relativas aos animais limpos e imundos, purificações do
povo, do santuário e dos sacerdotes (9-16).
Leis destinadas principalmente a distinguir Israel das nações pagãs
(17-20).
Instruções relativas aos sacerdotes, e aos sacrifícios, e as 7 grandes
Bibliologia

festividades: o Sábado, a Páscoa, a Festa das Primícias, o Pentecostes, a


Festa das Trombetas, o dia soleníssimo das Expiações e a Festa dos Taber-
106 ˃˃˃

náculos (21–27).

SAIBA MAIS

É do livro de Levíticos que surge a expressão popular “bode expia-


tório” (Lv 9. 3).

• Números

O nome desse livro provém da Vulgata Latina (numeri) que, por sua
vez traduziu o título dado pela Septuaginta (aríthmoi). O nome “Números”
não é bem apropriado para expressar todo o conteúdo do livro. Certamen-
te, este nome foi sugerido por causa dos dois recenseamentos do povo de
Israel mencionados no livro. O primeiro foi na partida de Israel do Sinai. O
segundo recenseamento se deu ao fim da peregrinação do povo (cap. 26),
às margens do Jordão (SHEDD apud BÍBLIA, 1997 p.185). O tema do livro
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é “A infidelidade de Israel no deserto” e abrange um período de aproxima-


damente 38 anos.
O livro consta de quatro partes principais:
Recenseamento do povo (1-4).
Instituição de diversas cerimônias (5-10).
Acontecimentos posteriores, no deserto, incluindo as jornadas de
Sinai a Moabe, e as oito sedições do povo, durante a marcha. (10. 11 – 21.
20).
História dos fatos que tiveram lugar nas planícies de Moabe (21. 21
– 36).

• Deuteronômio

A palavra Deuteronômio também é de origem grega, e significa Se-


gunda Lei ou repetição da lei. O livro leva esse nome porque é a segunda
˂˂˂ 107

exposição das leis que haviam sido promulgadas no Sinai. Isto foi necessá-
rio porque, pela sua incredulidade, a geração que a recebeu diretamente,
não pode entrar na Terra Prometida. Agora esta nova geração teve que
ouvir, pela boca de Moisés, aquilo que ele recebeu e transmitiu no Sinai 38
anos antes.
O seu conteúdo resume-se no seguinte:
Primeiro discurso de Moisés lembrando a história do êxodo (1-4)
Segundo discurso de Moisés lembrando a lei (5-28)
Terceiro discurso de Moisés lembrando a aliança (29-30)
Últimos momentos de Moisés (31-34)

Jesus fez referência a esse livro durante a tentação no deserto (Mt 4.


1-11) e ao citar o maior dos mandamentos (Dt 6. 5; Mc 12. 30).

• Josué

O primeiro livro histórico é o de Josué, assim chamado porque re-


lata os feitos dos israelitas dirigidos por Josué, sucessor de Moisés (Js 1).
Compreende a história de vinte e cinco ou trinta anos desde a morte de
Moisés até a morte de Josué (Js 1-24).
O livro narra os eventos que aconteceram no processo de conquista
da terra de Canaã. O livro de Josué é geralmente divido em três partes:
Conquista da terra de Canaã pelos Israelitas (1 – 12).
Divisão da terra (13 – 22).
Últimos conselhos de Josué e sua morte (23, 24).
O livro é uma maravilhosa exposição da fidelidade divina, por-
quanto mostra como, apesar de dificuldades, se cumpriu a grande pro-
messa feita por Deus aos patriarcas (Gn 13. 14-18).

• Juízes
Bibliologia

O Livro de Juízes narra os acontecimentos ocorridos depois que o


povo estabeleceu-se em Canaã. O livro destaca as consequências de o povo
108 ˃˃˃

não ter destruído todas as nações vizinhas.


O livro de Juízes pode ser entendido também a partir da palavra
“ciclo” porque o autor está sempre relatando um mesmo ciclo:
O livro pode ser divido em três partes:
Como vivia o povo e início da apostasia (1-3. 4).
Os ciclos dos Juízes (3. 7-16).
A idolatria dos filhos de Dan e a guerra de Israel contra Benjamim
(17-21).

• Rute

O livro de Rute pode ser considerado como suplemento ao Livro


dos Juízes, ou como introdução aos de Samuel. Rute significa “amiga”. A
história do livro está bem relacionada ao seu nome.
Também é evidente o objetivo de mostrar a genealogia de Davi. Rute
era a bisavó de Davi. Desta forma entrou o sangue dos gentios, através de
uma pagã convertida, na linhagem do Salvador do Mundo. Um segundo
objetivo do livro é mostrar as bênçãos que uma gentia recebeu quando
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passou a fazer parte de Israel e serviu a Deus com fidelidade (KASCHEL;


ZIMMER, 1999).
O livro consta de quatro capítulos, mas pode ser divido em três par-
tes:
História de Noemi, desde que foi para Moabe com seu marido, Eli-
meleque, até que regressou à terra de Israel com Rute, sua nora. (1)
Encontro de Rute com Boaz e seu casamento (2 – 4. 12)
Nascimento de Obede, filho de Boaz e de Rute, do qual descendeu
Davi (4. 13-22)
O livro é rico em exemplos de fé, paciência, diligência e bondade;
também mostra as evidências do cuidado que Deus tem para com aqueles
que põem nele a sua confiança.

• Os Livros de Samuel
˂˂˂ 109

O nome dado aos livros (Samuel) é oriundo do grande personagem


que tirou Israel do caos do período dos Juízes e estabeleceu a monarquia,
ungindo os dois primeiros reis de Israel – Saul e Davi. Os livros de Samuel
registram a transição do estado teocrático para a monarquia (SAMUEL, OS
LIVROS DE 1997 p. 1475).
Samuel, Saul e Davi são os três principais heróis dos livros de Sa-
muel que, por isso, podem ser divididos em três grandes seções correspon-
dentes às vidas desses três grandes personagens:
O Período de Samuel (1Sm 1-12).
O Reinado de Saul (1Sm 13-31).
O Reinado de Davi (2Sm 1-24).

SAIBA MAIS

Samuel parece ter cometido uma espécie de nepotismo quando es-


tabeleceu seus filhos como juízes (1Sm 8. 1-5). Como o governo era teo-
crático, essa designação só poderia vir única e exclusivamente de Deus. O
resultado foi que os filhos dele se corromperam grandemente.

• Os Livros dos Reis

Os livros de Reis estão inteiramente ligados com os de Samuel. Eles


formavam um único livro no Cânon judaico. “O título é apropriado tendo
em vista que o conteúdo dos livros é um relatório das carreiras dos reis de
Israel e Judá desde a época de Salomão até a queda da monarquia judaica
perante os exércitos de Nabucodonozor” (ARCHER, 1984, p. 213). O con-
teúdo desses dois livros pode ser disposto em três fases históricas, a saber:
O reino de Salomão (1Rs 1-11).
O reino dividido (1Rs 12- 2Rs 1-17).
A sobrevivência do Reino de Judá (2Rs 18-25).
Observa-se que o autor também não é um historiador no sentido mo-
Bibliologia

derno. Ele procurou enfatizar os eventos históricos que estavam relaciona-


dos à vida religiosa do povo. Exemplo disso é o reduzido espaço que reserva
110 ˃˃˃

para o Rei Onri (o mais importante Rei de Israel (1Rs 16. 23-26) Em contra-
partida, destina grande espaço do seu livro aos feitos de Elias e Eliseu, visto
esses dois profetas serem indiretamente por uma eclosão de milagres que
jamais tinha sido vista na história de Israel. Seu propósito geral foi mostrar
como Deus abençoou aqueles que o honraram, e puniu os que lhe deram as
costas (REIS, OS LIVROS DE, 1997, p. 1388).

SAIBA MAIS

A dinastia de Davi quase se extinguiu por causa de uma mulher


chamada Atália.Ela chegou a assassinar todos os herdeiros do trono. Foi
graças a uma tia que um bebê foi salvo e veio a ser rei. Quer saber mais?
Leia 2Rs 11. 1-21; 2Cr 22. 10-23. 21.

• Os Livros das Crônicas

O nome “Crônicas” foi dado por Jerônimo, na Vulgata, no quarto


século da era cristã (DAVIDSON, 1995, p.1300). O nome Hebraico para esses
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livros quer dizer “Acontecimentos Diários”, ou “Anais”. A Septuaginta o in-


titula de “Paralipômenos”, quer dizer: coisas omitidas, ou suplementos; por-
que muitas coisas não referidas nas histórias antecedentes, aqui são apresen-
tadas. À semelhança de Samuel e Reis, Crônicas também era um livro só, no
Cânon Hebraico (ARCHER, 1984, p. 349).
De acordo com a tradição judaica, os Livros das Crônicas foram es-
critos por Esdras (ESDRAS, 1997, p. 357).
Quadros genealógicos, desde Adão até ao tempo de Esdras (1Cr 1-9. 34).
História de Israel sob o governo dos dois primeiros reis, Saul e Davi
(1Cr 9. 35 – 29. 22).
História do reinado de Salomão (1Cr 29.23 - 2Cr 9).
História do reino de Judá, sob o governo de seus diferentes reis, o
cativeiro na Babilônia, até o decreto de Ciro (2Cr 10 – 36).
Desta forma estas crônicas são um extrato de toda a história sagra-
da, desde a Criação até ao cativeiro da Babilônia. O autor mostra uma pre-
ocupação com a religião em detrimento aos acontecimentos civis. “Os seus
˂˂˂ 111

acrescentamentos referem-se principalmente ao templo e seus atos de cul-


to e aos acontecimentos que exaltavam o aspecto religioso de estado sobre
o civil” (DAVIDSON, 1995, p. 1300).

• Esdras

Os dois últimos versos de Crônicas e os três primeiros de Esdras são


idênticos, o que sugere fortemente que o livro de Esdras é uma importante
continuação da história judaica depois do povo ter regressado dos setenta
anos de cativeiro na Babilônia. Esdras significa “auxílio”, “ajuda divina”.
Esse livro compreende um período de cerca de oitenta anos, - desde
o edito de Ciro (536 a. C.), até a reforma feita por Esdras (456 a. C.) O livro
de Esdras relata a restauração da nação judaica depois do cativeiro. É pos-
sível dividi-lo em quatro partes:
Retorno do primeiro grupo com Zorobabel (1-3)
Início da reconstrução do templo (3-6)
O retorno do segundo grupo com Esdras (7-8)
O problema dos casamentos mistos (9-10)
Este livro está em harmonia com as profecias de Ageu e de Zacarias
(Ed 5; Ag 1. 12; Zc 3, 4).

SAIBA MAIS

Esdras parece ter uma importância na tradição da igreja bem maior


que na própria Bíblia (ESDRAS, 1980, p. 193).

• Neemias

Neemias significa “Iavé conforta” (A mesma raiz de Noé e Naum


Gn 5. 29).
Bibliologia

Na tradição judaica, os livros de Esdras e Neemias são tratados


como sendo um só livro. Não há nenhuma divisão entre o fim de Esdras 10
112 ˃˃˃

e o começo de Neemias 1 (ARCHER 1984, p. 356).


O livro consiste principalmente em uma narrativa de certos aconte-
cimentos em que Neemias esteve envolvido no período da restauração de
Israel. O principal objetivo do autor foi descrever as circunstâncias relacio-
nadas com a edificação dos muros de Jerusalém (Ne 6. 15-16).
O livro de Neemias pode ser dividido da seguinte forma:
Excursão de Neemias a Jerusalém (1 - 2. 11).
Reedificação dos muros de Jerusalém, oposição dos adversários
(2.12 – 7. 4).
Primeira reforma feita por Neemias, a assinatura do concerto para
servir ao Senhor (7. 5 a 12. 47).
Segunda reforma feita por Neemias, depois do seu regresso a Jeru-
salém (13).
O livro de Neemias encerra a história do Antigo Testamento, cerca
420 anos antes do nascimento de Cristo.
Neemias apresenta um nobre exemplo de verdadeiro patriota. Ele,
procede com temor a Deus, e procura o bem-estar religioso da nação. O
seu respeito pela lei divina, a sua reverência pelo sábado (13. 18), a sua
piedade, e o reconhecimento do poder de Deus em todas as coisas (1. 11;
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2. 18), a sua clara percepção do caráter de Deus (4. 14. 9. 6-33), a sua vigi-
lância e oração (4. 9), a sua humildade em atribuir todo o bem que fazia a
Deus (2. 12 - 7. 5).

SAIBA MAIS

Neemias agiu de forma bastante enérgica ao tratar dos casamentos


mistos (Ne 13. 25). Você acha que ele agiu corretamente ou errou? Pergun-
te aos seus colegas de classe.

• Ester

O livro de Ester deve o seu nome à pessoa cuja história relata.


O relato mostra o cuidado de Deus para com os judeus exilados na
˂˂˂ 113

Pérsia. Este livro relata como Ester, uma judia, se tornou esposa de um rei
persa, e foi capaz de impedir o massacre total da raça judaica dentro do im-
pério Persa (ESTER, O LIVRO DE, 1997, p. 553). É uma história dramática,
que termina de maneira vitoriosa para o povo de Deus.
O livro pode ser divido em:
Ester torna-se rainha da pérsia (1-2)
A ira de Hamã (3)
A estratégia de Ester (4-5. 8)
Hamã liquidado e Ester/Mordecai exaltados (5. 9-10).

O caminho de Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; ele
é escudo para todos os que nele se refugiam (Sl 18. 30).

EXERCÍCIOS

1. Quais livros compreendem o período do êxodo?


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2. Qual o livro que narra a conquista de Canaã?


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3. Qual seria o título mais adequado para “Juízes”?


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Bibliologia

4. Quais são os personagens principais nos livros de Samuel?


114 ˃˃˃

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5. Quais livros compreendem o período da restauração de Judá?


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6. Qual o objetivo do livro de Rute?
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SEÇÃO 2 - OS LIVROS POÉTICOS E PROFÉTICOS

Os livros poéticos incluem Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico


dos Cânticos. O livro de Lamentações também pode ser considerado um livro
poético, mas no Cânon evangélico, conta entre os profetas maiores.

• Jó

Jó vem do Hebraico Iyowb e significa odiado, inimigo, hostilizado.


Este livro contém uma narrativa da singular piedade, dos sofri-
mentos e do restabelecimento do patriarca Jó, que viveu na “terra de Uz”.
O assunto central do livro é o milenar problema do sofrimento humano.
Chega-se à conclusão de que, com Deus, o seu final sempre será feliz e
˂˂˂ 115

abençoado.
O livro de Jó pode ser divido em duas partes bem simples:
A história em narrativa/prosa (1; 2; 32.1-5; 42.7-17)
Os diálogos em Poesia - O restante do Livro (Ao todo, 11 diálogos).

SAIBA MAIS

Um fato interessante (e um tanto romântico) é que satanás estava


autorizado a tocar em tudo que Jó possuía, menos em sua vida. Satanás
não tocou em sua esposa. Isto pode sugerir que a esposa faz parte da vida
do homem!

• Salmos

O Livro de Salmos é Coleção de hinos de Israel, escritos por di-


ferentes autores, durante um período de mais ou menos 700 anos. É um
hinário da liturgia judaica. O livro dos Salmos é intitulado, em Hebraico,
o “Livro dos Louvores” porque são cânticos de louvor. Destinavam-se ao
uso nos cultos, tanto no templo como nas sinagogas. Eram cantados e tam-
bém acompanhados com instrumentos, os mais variados daquela época.
Também existem vários salmos que são orações, clamores, pedidos de pro-
teção, perdão e restauração de ânimo e encorajamento. (KASCHEL; ZIM-
MER, 1999).
As ideias predominantes dos salmos são as seguintes:
“Confiança” é a primeira e principal ideia dos salmos, muitas vezes
repetida. Qualquer que fosse a ocasião, de alegria ou de terror, essa ideia
levava o salmista diretamente a Deus.
“Louvor” era palavra que estava sempre em seus lábios. Ele sempre
estava pedindo alguma coisa a Deus, e sempre agradecia-lhe de toda a sua
alma as respostas às suas orações.
“Regozijai-vos” é outra palavra favorita. As constantes tribulações
não podiam nunca ofuscar seu regozijo em Deus. Exclama sempre: “Can-
Bibliologia

tai”, “celebrai a Deus com júbilo”.


“Benignidade” e “Misericórdia” ocorrem várias vezes.
116 ˃˃˃

• Provérbios

O livro de Provérbios é um manual de sabedoria prática para a vida.


Como o Livro de Salmos era devocional e designado a inspirar e expressar
sentimentos de oração e louvor, assim o Livro de Provérbio foi prático e
serve como guia nas relações da vida diária. São ensinamentos deduzidos
da experiência que o povo tem da vida, e sua finalidade é instruir, atra-
vés dos esclarecimentos sobre situações de perplexidade e de orientação
para a vida humana, como as setas em uma estrada (1. 1-7) (PROVÉRBIOS,
1997, p. 1334).
O livro é um convite para valorizar a percepção religiosa que o povo
tem de uma Sabedoria que vem de Deus e é seu dom aos pequeninos, sabe-
doria que nem sempre é captada e compreendida pelos sábios e doutores
(Mt 11. 25).
A autoria do livro é atribuída popularmente a Salomão. Isto porque
há referências de que ele era muito sábio e que compôs muitos provérbios
(1Rs 4. 32), dentre as quais se poderia ter selecionado esses provérbios.
Entretanto, encontra-se também palavras de Lemuel, Agur e outros. Um
possível esboço do livro é de acordo com os autores dos provérbios:
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Esboço:
Salomão (1-9)
Salomão (10 – 22. 16)
Sábios (22. 17-24. 22)
Sábios (24. 23-34)
Homens de Ezequias (25-29)
Agur (30)
Mãe de Lemuel (31)

• Eclesiastes

O Nome “Eclesiastes”, deriva das palavras gregas “ek+kaleu” (con-


vocados para uma reunião ou assembléia). Também encontra-se com tí-
tulo “O Pregador”, isto é, alguém que reúne o povo em torno de si e que
estava acostumado a falar em público, nas assembléias do povo de Israel,
˂˂˂ 117

convocadas em ocasiões solenes (Nm 10. 7).


Segundo Archer, o livro procura mostrar a inutilidade de possuir
uma cosmovisão reduzida às coisas temporais (1984, p. 432). O autor chega
à conclusão: “Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade” (12. 8).
Quer dizer que no mundo tudo passa e nada satisfaz completa e perma-
nentemente. O pregador finaliza com a exortação: “Temei a Deus e guar-
dai seus mandamentos, pois este é o dever de todo homem” (12. 13).
O esboço do livro pode ser:
Confissão (1-7).
Admoestação (8-9).

• Cântico dos Cânticos ou Cantares de Salomão

O título Hebraico significa o mais excelente dos cânticos. Tem sido


geralmente atribuído a Salomão (ARCHER, 1984, p. 448).
É um drama ou alegoria em que um noivo, como um príncipe dis-
farçado, procura uma camponesa, para sua noiva, e, depois de conquistá-
-la, revela a sua condição e glória. Representa acima de tudo um quadro
do amor conjugal puro. A descrição da beleza da noiva ensina que tais
encantos são unicamente para os olhos do noivo ou do marido.

SAIBA MAIS

O livro dos cânticos possui elogios à mulher amada, um tanto “es-


tranhos” à nossa cultura. Imagine um homem elogiar sua esposa com as
palavras de Ct 1. 9!

• Isaías

Existem poucas informações a respeito da vida de Isaías. Era filho


de Amós (Is 1. 1) (não se trata de Amós, o profeta). Era casado e tinha filho
Bibliologia

(Is 7. 1-4). Sua vocação se deu no ano da morte do Rei Uzias. A tradição
judaica diz que ele foi serrado pelo meio durante o reinado do perverso
118 ˃˃˃

Manassés; este fato é atribuído à referência de Hebreus (11. 37). Porém,


nada confirmado (ISAÍAS, 1997, p. 755).
Dos seus 66 capítulos, os primeiros 39 referem-se a Judá e os outros
27 descrevem a vinda do Messias. Destacam-se também no seu livro refe-
rências ao Messias nos capítulos 7, 9 e 11.
O livro contém as mensagens de Isaías ao povo de Judá e aos mora-
dores de Jerusalém entre 740 e 687 a.C. Ele ensina que Deus é poderoso e
exige que o seu povo seja Santo (KASCHEL; ZIMMER, 1999).
O esboço sugerido é:
Profecias de julgamento e promessas (1 - 39)
Profecias de consolo (40 - 66)

• Jeremias

O livro de Jeremias carrega a triste tarefa de anunciar ao povo que


o castigo do exílio seria inevitável. Nesse aspecto, ele difere de seu ante-
cessor Isaías, que profere suas palavras num tom esperançoso de provocar
uma reforma.
O livro relata mensagens para Judá e nações vizinhas nos dias que
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precederam o seu exílio para a Babilônia. Lamentando os pecados de seu


povo, profetizou o destino inevitável. Jeremias esforçava-se nesta profecia
a fim de adiar o dia mau. Mas pelo pecado e idolatria, a ruína de Judá foi
inevitável. Nabucodonozor, rei da Babilônia, derrubou os muros de Jeru-
salém e levou o povo em cativeiro, no ano 587 a. C. (JEREMIAS, 1980, p.
303-305).
Segue esboço:
Vocação de Jeremias (1).
Exortações à Judá (2-35).
Sofrimentos e perseguições do profeta (caps. 36-38).
A queda de Jerusalém e suas consequências (39-45).
Condenação para as nações (46-51).
Apêndice histórico (52).
˂˂˂ 119

• Lamentações de Jeremias

É um cântico fúnebre sobre a destruição de Jerusalém. Expressa a


dor de Jeremias diante da cidade pela qual tudo fizera para salvar. Ele faz
uma confissão de pecados cometidos pelo povo e pelos seus líderes, reco-
nhecendo ter sido justo o castigo que a cidade e seu povo receberam (Lm
1. 18). Ainda que o tom do livro seja triste, traz palavras de esperança no
conforto divino. Jeremias roga a Deus que mais uma vez ajude e restabe-
leça seu povo. Segundo a tradição judaica e a cristã, Jeremias é seu autor
(KASCHEL; ZIMMER, 1999).
Segue esboço:
A desgraça de Jerusalém (1)
A ira de Deus contra Judá (2)
A queixa de Judá (3)
A oposição entre o passado e o presente de Sião (4)
O perdão divino (5)

• Ezequiel

Ezequiel foi contemporâneo de Jeremias, porém atuou no exílio.


Suas profecias serviram tanto para o povo que estava no exílio como para
o povo que tinha ficado em Jerusalém. Ezequiel procura explicar ao povo
que a queda de Jerusalém e o cativeiro na Babilônia são ações de Deus para
corrigir o povo (ARCHER, 1984, p. 308). Ele ensina também que o povo
será restaurado através de um ato da graça de Deus (Ez 37) (EZEQUIEL,
1997, p. 586)
O esboço proposto é:
Profecias que precederam a queda de Jerusalém (1-24).
Profecias contra nações gentias (5-32).
Profecias da restauração de Jerusalém (34-48).
Bibliologia
120 ˃˃˃

SAIBA MAIS

Ezequiel contém a linguagem mais pesada da Bíblia. Veja Ez 23. 20!


Muito cuidado ao explanar esses textos!

• Daniel

É o quarto dos profetas maiores. Foi levado, no primeiro grupo dos


cativos de Jerusalém para a Babilônia, juntamente com outros jovens, em
605 a.C (Dn 1) Era da linhagem real. Por causa de sua beleza física e dons
intelectuais, Daniel foi educado na escola da corte, e mais tarde, por provi-
dência divina, atingiu uma importante colocação política (Dn 2. 48). Viveu
durante todo o período do cativeiro.
A mensagem do Livro de Daniel pode ser entendida como a sobe-
rania de Deus julga as nações. Perfeitamente relacionado com o nome do
profeta (Deus é Juiz) (ARCHER, 1984, p. 319).
Esboço:
A história de Daniel (1-6). Narrativa
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As visões de Daniel (7-12). Apocalíptica

• Oséias

Não existem muitas informações a respeito da vida de Oséias. O


pouco que podemos obter é o que relata o seu livro afirmando que era
“filho de Beeri”, um desconhecido de Israel (Os 1. 1). Sua vida familiar foi
relativamente infeliz. Sua mulher foi infiel e o profeta a recebeu de novo na
sua casa (1. 2; 3. 1).
A cena matrimonial do profeta está intrinsecamente relacionada
com sua mensagem. O Reino do Norte passava por um momento de apos-
tasia e corrupção em grande escala (Os 4, 5). O drama de Oséias serve
como ilustração para a mensagem que convida o povo ao arrependimento
e desfrutar do perdão de Deus. (Os 6. 1).
O livro pode dividir-se em:
˂˂˂ 121

A infidelidade de Israel simbolizada pelo casamento infeliz do pro-


feta (1-3).
Avisos e suplicas a Israel para voltar a Deus (4-14).

• Joel

Joel significa “Iavé é Deus”. E o tema do livro é o dia de Iavé (Para


glória ou para maldição). Nada sabemos do profeta, exceto que era filho de
Fatuel (1. 1).
Profetizou ao povo de Judá. A terra tinha sido desolada pela praga
de gafanhotos e empobrecida pela terrível e prolongada seca. O profeta
usa essas providências divinas como aviso e como apelo para arrependi-
mento (Jl 2. 1, 12, 13).
O livro pode ser divido em duas partes:
Exortação ao arrependimento diante da praga de gafanhotos (1-2. 17)
A promessa divina de retirar o castigo (2. 18 – 3)

• Amós

Amós significa “carregador de fardos”.


Amós profetizou “do que viu a respeito de Israel nos dias de Uzias,
Rei de Judá. Ele nasceu em Tecoa, vila de Judá, onde era um dos pastores
de ovelhas nos dias de Jeroboão, filho de Joás, Rei de Israel, dois anos antes
do terremoto” (Am 1. 1).
Israel passava por um momento de prosperidade e a riqueza gerou
desigualdade social. Os ricos tinham diversas casas (Am 3. 15), Interesses
por móveis caros (Am 6. 4), prazeres físicos (Am 3. 12; 4. 1, 6. 6) e os pobres
foram esquecidos (Am 5. 10, 12). Tudo isso fez com que Deus enviasse o
profeta Amós para denunciar a Injustiça Social. O Versículo mais signifi-
cativo do livro é o trecho de 5. 24 “Corra, porém, o juízo como as águas, e
a justiça, como o ribeiro impetuoso”
O livro pode ser divido da seguinte maneira:
Bibliologia

Contra as nações (1-2. 3)


Contra Israel (2. 4-9. 10)
122 ˃˃˃

Promessas de bênçãos e restauração (9. 11-15)

SAIBA MAIS

Apesar de lhe ser atribuído o título de profeta, Amós não era profe-
ta por profissão. Como ele mesmo afirma, “Não era profeta, nem filho de
profeta” (Am 7. 14).

• Obadias

O nome quer dizer “Adorador de Jeová”. Foi um dos profetas do


Reino do Sul (Judá). Nada se sabe de Obadias senão o que se lê nesta breve
profecia de apenas um capítulo.
A mensagem é dirigida contra Edom. Essa nação seria julgada devi-
do à desumanidade com que tratou Israel que também tinha sido castiga-
da. O Livro ainda traz um juízo de caráter universal dizendo que todas as
nações serão julgadas (OBADIAS, 1997, p. 1133).
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O esboço sugerido consta de duas partes:


Juízo contra Edom (1-14)
O Dia do Senhor (15-21)

• Jonas

Jonas, como Amós e Oséias, pertencia ao Reino do Norte (Israel)


nos dias prósperos de Jeroboão II (782-753 a. C.). Era filho de Amitai, na-
tural de Gete-Hefer (2Rs 14. 25). Sua missão era a de levar uma mensagem
de condenação à cidade de Nínive (1. 2), capital do Império Assírio. Jonas
tentou fugir dessa missão e foi impedido por Deus numa história bem co-
nhecida de todos.
O livro foi escrito para demonstrar que o amor de Deus não se limi-
ta a Israel, mas se estende a pessoas de outras nações (Jn 4. 11).
O livro de Jonas consiste em quatro partes:
˂˂˂ 123

A sua primeira comissão para ir a Nínive; sua fuga e tragédia (1).


Sua oração ao Senhor e a libertação (2).
Sua segunda comissão e pregação em Nínive (3).
Diante de sua teimosia é repreendido pelo Senhor (4).

• Miquéias

Era natural de Maresa ou Morasthi, cidade de Judá. Daí a razão de


ser chamado de “Miquéias, o morastita” (Jr 26. 18-24). Miquéias pertencia a
Judá e foi contemporâneo de Isaías por muitos anos (Is 6. 1; Mq 1. 1).
A mensagem central de Miquéias parece residir na reforma Social e
na santidade prática baseada na justiça e na soberania de Deus (ARCHER,
1984, p. 255). Ele observou a exploração social (2. 1-5); a corrupção dos
líderes religiosos (2. 11) e dos chefes de famílias (3. 9). Diante de tamanha
corrupção, é anunciado o juízo divino através da expressão “dia do se-
nhor” ou outras similares (2. 4; 4. 1; 4. 6; 5. 10). O texto central sugerido é o
Cap 6. 6-8.
O destaque do livro fica por conta das várias profecias de caráter
messiânico. Talvez a mais importante profecia messiânica do Antigo Tes-
tamento seja a do capítulo 5. 2-4. Foi esta profecia que habilitou os douto-
res judaicos a responderem à pergunta de Herodes. “Onde deveria nascer
o Cristo?” (Mt 2. 4-6).
Esboço
A ira futura (1. 1-16)
Denúncia de Miquéias contra os obreiros do mal (2. 1-3. 12)
O monte do senhor (4. 1-5)
Revelações sobre bênção e julgamento (4. 6-5. 1)
A esperança na vinda do redentor (5. 2-15)
A causa do Senhor com Israel (6. 1-7. 20)

• Naum
Bibliologia

Naum significa “Consolação” ou “alívio”. Pouco se sabe sobre


124 ˃˃˃

Naum. Sua casa, pelo que consta, ficava em Elcós, mas existe grande difi-
culdade em identificar essa cidade (ARCHER, 1984, p. 290).
O Tema sugerido para o livro de Naum é a Justiça de Deus na his-
tória exemplificada através da destruição de Nínive. Naum descreve a
queda de Nínive, a capital da Assíria, que foi conquistada pelos babilônios
em 612 a.C. Ele vê a queda de Nínive como o castigo que Deus manda
sobre um povo perseguidor e cruel (KASCHEL; ZIMMER, 1999, in: Bíblia
online).
Em Naum encontramos a belíssima expressão: “Eis, sobre os montes
os pés do que traz boas novas, do que anuncia a paz!” (Na 1. 13a).
Esboço:
Jeová é bom para com o seu povo (1).
Nínive será destruída (2).
E feita ruína miserável (3).

• Habacuque

Habacuque significa “grande abraço” (pode ser de amor ou de vio-


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lência) e o tema do seu livro é “O sofrimento do justo como vítima do in-


justo”.
A profecia foi proferida provavelmente no reinado de Joaquim, cer-
ca 610 a.C. A Assíria já tinha caído e os exércitos armados de Babilônia
brevemente haviam de vir contra Judá. O profeta declara que Deus punirá
o seu povo, usando para esse fim os babilônios, e por sua vez Babilônia
também seria punida (1. 6-11).
É no livro de Habacuque que se encontram declarações conhecidas,
tais como: “escreve a visão, e torna-se bem legível sobre tábuas, para que a
possa ler quem passa correndo” (2. 2). “mas o justo pela fé viverá” (2. 4b).
“Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”
(2. 20). “Ainda que a figueira não floresça, [...], todavia eu me alegrarei no
Senhor...” (3. 17-18).
O livro transparece uma espécie de revolta do profeta para com
Deus. Habacuque não conseguia aceitar o fato de que Deus usaria uma
nação ímpia (Babilônia) para castigar os judeus (1.6-11). À semelhança de
˂˂˂ 125

Jó, o livro é repleto de queixas (1. 2, 3, 14, 13). Por isso, seu esboço pode ser
dividido conforme suas queixas:
Primeira queixa (1. 1-4)
Resposta de Deus (1. 5-11)
Segunda queixa (1. 12-2. 1)
Resposta de Deus (2. 2-20)
Oração de Habacuque (3)

• Sofonias

Sofonias significa “Deus esconde” (2. 3). Pode ser interpretada em


dois sentidos: No sentido positivo, Deus me esconde; no sentido negativo:
“Deus se esconde de mim”. O tema do livro é “O dia do senhor”.
O profeta exerceu seu ofício nos dias de Josias, rei de Judá que pros-
perou entre os anos 642 e 611 a.C.; e parte de sua profecia que se refere à
destruição da Assíria devia ter sido proferida antes do ano 607 a. C., ano
em que Nínive foi derrotada (1. 1).
Em face da corrupção, Sofonias denuncia o tipo de comportamento
que será condenado no dia do Senhor (3. 2), mas também diz que o senhor
espera arrependimento (3. 7). Ele afirma que os que aceitam o governo de
Iavé em suas vidas não devem temer o dia do Senhor. Ao contrário, devem
aguardá-lo com grande expectativa porque Deus recompensará os que o
seguiram fielmente (3. 14-20).
O livro pode ser divido da seguinte maneira:
O profeta denuncia os pecados de Judá, com chamada ao arrepen-
dimento (1. 2 e 3).
Exortação e juízos às nações gentias, inclusive a predição da des-
truição de Nínive. (2. 4-15).
Judá é reprovado e ordenado a esperar por sua restauração (3).

• Ageu
Bibliologia

Ageu significa alegria de festa. Seu nome está relacionado com o


126 ˃˃˃

tema do livro: “Retorno à restauração do templo e a possibilidade de que


as festas voltem a ser celebradas no templo”.
A época de atuação do profeta foi quando, de volta a Jerusalém,
o povo empreendeu reedificar o templo. Foram, entretanto, embaraçados
pelos samaritanos (Ed 4). A obra esteve parada durante o reinado de Cam-
bises até que Ageu e Zacarias animaram o povo a recomeçar o trabalho (Ed
5. 1-2).
O profeta denuncia a procrastinação (1. 2), a troca de prioridades (1.
4), o castigo decorrente da negligência (1. 6-11). Como mostra o texto, o povo
atendeu ao chamado e terminou a reconstrução do templo (Ed 6. 13).
Segue o esboço dividido em mensagens:
Mensagem para os príncipes e sacerdotes (1. 1-2)
Mensagem para o povo (1. 3-12)
Mensagem de encorajamento a todos (1. 13-14)
Mensagem para o para o príncipe, o sacerdote e o povo (2. 1-9)
Apelo a todos para que meditem profundamente (2. 10-19)
Mensagem para o sucessor de Davi (2. 20-23)
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• Zacarias

Zacarias significa “Deus se lembrou”. O tema do livro é “Reconstru-


ção do templo e o messias”. Foi contemporâneo e companheiro de Ageu, e
com ele trabalhou e se esforçou, profetizando a fim de conseguir a reedifi-
cação do templo (Ed 5. 1-2).
Trata-se da mesma época e circunstâncias descritas com referência a
Ageu. O povo estava caindo na indiferença para com o glorioso projeto de
reedificar a casa de Deus, e por isso os seus profetas os animavam a serem
ativos.
A diferença entre Ageu e Zacarias é que este último profeta fala do
templo numa perspectiva escatológica (envolvendo o fim dos tempos e
uma realidade futura). Ele faz várias citações sobre o “Dia do Senhor” que
está relacionado com a vinda do messias (12, 13, 14).
Zacarias, depois de Isaías, é o profeta que tem mais frequentes alu-
sões ao caráter e vida do Messias. São especialmente notáveis as suas predi-
˂˂˂ 127

ções acerca da entrada de Cristo em Jerusalém, montado num jumentinho


(9. 9-10 ver Mt 11. 5). Também com respeito à quantia exata de dinheiro
que Judas havia de receber por trair a Cristo, e a aplicação desse dinheiro
quando foi rejeitado pelos conspiradores (11. 13; Mt 26. 14, 15; 27. 3-10).
O livro de Zacarias pode ser divido em duas partes:
Vários discursos e oito visões com o propósito de animar os judeus na
reconstrução do tempo, e na renovação de seus sagrados cultos (1 - 4).
Registro de vários discursos e predições, em particular acerca da
vinda de Cristo, e as bênçãos espirituais de seu Reino (7 - 14).

• Malaquias

Malaquias significa “Mensageiro de Deus”. Malaquias viveu no


tempo logo após a reedificação do templo e dos muros da cidade.
O povo tinha se instalado na sua terra; tinham reconstruído o tem-
plo e restabelecido o culto (1. 7, 10; 3. 1). Ao que parece, a euforia tinha
passado e uma apatia tomava conta do povo. Isso evidencia-se pela negli-
gência do dízimo (3. 6-12). De forma geral, o ardor religioso do povo havia
passado. Por isso, o seu tema pode ser definido como Deus abençoa os que
o temem e castigam os que o negligenciam.
O livro de Malaquias pode ser dividido em três partes:
Repreensões quanto à ingratidão do povo, e juízos ameaçadores
contra os sacerdotes (1 - 2, 9).
Repreensões pelas irregularidades nos casamentos (2. 10-16).
Predições da vinda do Messias, que seria proclamado pelo seu pre-
cursor, chamado Elias (2. 17 - 4. 6).

Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escritu-


ras, nem o poder de Deus (Mateus 22. 29).

EXERCÍCIOS
Bibliologia

1. Quais são os livros poéticos?


128 ˃˃˃

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2. Faça uma pesquisa e descubra quantos outros autores, além de Davi,


escreveram pelo menos um salmo no livro.
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3. Cite dois ou mais profetas que atuaram em Israel?


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4. Cite três profetas que atuaram em Judá?


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5. Relacione os profetas conforme o período:


1.Pré-exílico
2. Exílico
3.Pós exílico
( ) Amós
˂˂˂ 129

( ) Ageu
( ) Ezequiel
( ) Oséias
( ) Miquéias
( ) Jeremias
( ) Zacarias
( ) Naum
( ) Habacuque
( ) Malaquias

6. Nos livros de Zacarias, Miquéias e Sofonias, pesquise sobre os aspectos


do “dia do Senhor”.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
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SEÇÃO 3 – EVANGELHOS E ATOS

Os evangelhos representam cerca de 1/3 de toda a Bíblia e cobre um


período de menos de um século. Evangelho significa “Boa Notícia”. O Novo
Testamento passa a vigorar com a morte do testador (Hb 9. 15-17).
Os evangelhos não estão dispostos em ordem cronológica. Cada au-
tor escreve de acordo com seus interesses. Um exemplo disso é o enfoque
que dão para o discurso de João Batista. Em Mateus ele anuncia o reino dos
céus (3. 2), em Lucas prega o arrependimento (Lc 3. 8), em João anuncia
Jesus como o Cordeiro de Deus (Jo 1. 29).
Mateus, Marcos e Lucas são chamados de Evangelhos sinóticos, vis-
to estarem em “harmonia” e tratarem dos mesmos assuntos. Já o evange-
Bibliologia

lho de João segue uma estrutura independente.


130 ˃˃˃

• Mateus

O tema do Livro é “o Reino dos Céus”. Mateus apresenta Jesus


como o Rei Messiânico predito pelos profetas.
Mateus era publicano, cobrador de impostos. Por isso é o único que
relata o pagamento da taxa do templo. Impostos eram algo familiar (17.
24-27). Em Marcos e Lucas, Mateus aparece como Levi. Ele faz o relato do
próprio chamado (Mt 9. 9-13). Substitui a expressão “Reino de Deus” por
“Reino dos Céus”. Em reverência ao nome de Deus. Característica tipica-
mente Judaica (Mt 5. 3, 10, 19, 20, e outros). Usa a expressão “Pai que estás
nos céus” quase que exclusivamente (Mt 23. 9; 16. 17; 18. 10 e outros).
O livro é destinado aos judeus (10. 5, 6; 15. 24; 5. 17-24; 6. 16-18; 23.
2, 3). Por isso ele destaca a genealogia de Jesus para provar que ele é o Rei
Messiânico (Mt 1). Mateus não explica certos costumes judaicos por ser
desnecessário, Marcos já explica (Mt 23. 5, 27; 15. 2; Mc 7. 2, 3).
O livro de Mateus vem em primeiro lugar na Bíblia devido a sua liga-
ção com o AT. É comum achar no livro a frase “conforme está na escritura;
para se cumprir o que foi dito pelos profetas”, ou frases similares.
Mateus usa os acontecimentos como introduções para encaixar seus
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discursos. Seu livro tem uma estrutura bem definida numa série de discur-
sos.
Segue o esboço em séries de discursos:
O Sermão do Monte (5 - 7. 28)
O preço do discipulado (8-11. 1)
As parábolas do Reino (11. 2 - 13. 53)
A Igreja Nascente (13. 54 - 19.1)
Os sinais do fim (19. 2 - 26. 1)

SAIBA MAIS

Mateus omite a informação de que Jesus nasceu numa estrebaria


(Mt 1. 18-25). Uma sugestão de interpretação é que como ele queria con-
vencer os Judeus que Jesus era o rei messiânico, ficaria complicado expli-
car porque esse rei nasceu em um lugar tão “inadequado”.
˂˂˂ 131

• Marcos

A Bíblia relata que Marcos era primo de Barnabé. Ele acompanhou


Paulo e Barnabé em algumas viagens missionárias, ajudou Paulo (Cl 4. 10; Fm
1. 24; 2Tm 4. 11). Ao contrário de que alguns pensam, ele não foi discípulo de
Jesus. I Pedro 5. 13 indica que Marcos foi discípulo de Pedro.
Seus destinatários eram romanos. Isso se explica devido às constan-
tes traduções de expressões aramaicas (3. 17; 5. 41; 7. 34; 14. 36; 15. 34), e de
expressões gregas para o Latim (12. 42; 15. 16).
Marcos apresenta Jesus como o “servo sofredor” predito pelo profeta
Isaías (10. 45). Mesmo depois da ressurreição, Jesus é servo (16. 20).
Dentre as características destacadas do evangelho de Marcos é que
ele relata mais as ações de Jesus do que seus ensinos. Uma boa dica é ver
quantos verbos de movimentação existem no livro. São muitos! Isso para
mostrar Jesus como o Servo-Trabalhador (1. 9, 12, 16, 21, 29, e outros).

SAIBA MAIS

O evangelho de Marcos relata uma cena curiosa sobre um “jovem


fugindo desnudo” (Mc 14. 51-52).

• Lucas

Lucas provavelmente era grego devido à escrita refinada. Por ser


médico (Cl 4. 14), usa termos médicos com propriedade em seu evangelho
(Lc 8. 43).
É uma carta pessoal a Teófilo, por isso, só o remetente e o destina-
tário sabem os pormenores. O prefácio mostra o objetivo e a razão porque
Lucas escreveu (Lc 1. 1-4). É de fácil compreensão porque tem propósitos
bem definidos.
Lucas apresenta Jesus como o “Salvador Universal” e o seu tema é
Bibliologia

a universalidade do evangelho. Lucas queria mostrar um Jesus sem fron-


teiras, capaz de se relacionar com qualquer pessoa. Ele procura incluir os
132 ˃˃˃

gentios no plano da salvação (4. 25-27), os samaritanos (10. 25-37). Relata


a repreensão de Jesus a Tiago e João por pedirem fogo aos samaritanos (9.
51-56), que o único leproso curado que voltou para agradecer era estran-
geiro (17. 19).
Também procura incluir os excluídos sociais como publicanos (18.
9-14; 19. 1-10); o criminoso da cruz (23. 39-43), Os perdidos (Cap. 15), os de
fora (Lc 14. 12, 13) e as mulheres (7. 36-50).
Destaca-se também que ele não faz alusão constante às profecias do An-
tigo Testamento e que procura diligentemente datar os episódios (3. 1, 2).

• João

João Era um pescador filho de Zebedeu, irmão de Tiago (Mt 4. 21).


Ele era o discípulo a quem Jesus amava (Jo 19. 26) e num momento ruim,
chegou a pedir um lugar privilegiado para Jesus (Mc 10. 40-45).
João apresenta Jesus como o filho de Deus e o seu tema é “a vida
eterna”. O propósito do seu livro é bem definido em 20. 31. “Estes, porém,
foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
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para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Como pode perceber, a pa-
lavra “crer” é chave para entender o livro. Ela aparece muitas vezes (5. 44;
12. 39, e outros.).
João utiliza as declarações “ego-eimi” (Eu sou). O Pão da Vida (6. 35);
a Luz do Mundo (8. 12); antes que Abraão existisse, Eu Sou (8. 58); a Porta
(10. 9); a Bom Pastor (10. 11); a Ressurreição e a Vida (11. 25); o Caminho, a
Verdade e a Vida (14. 6) e a Videira Verdadeira (15. 1).
João mostra um Jesus alegre sempre participando das festas como
segue:
Festa das bodas em Caná da Galiléia (2. 1).
Primeira festa da páscoa (2. 13).
Festa em Jerusalém (5).
Segunda festa da páscoa (6. 4).
Festa dos tabernáculos (7. 2).
Festa da dedicação (10. 22).
Terceira festa da páscoa (13. 22).
˂˂˂ 133

SAIBA MAIS

João omite o batismo de Jesus, possivelmente devido ao seu pro-


pósito de mostrar Jesus como filho de Deus. Ficaria difícil convencer os
leitores de que o Filho de Deus precisou ser batizado, já que o batismo
significava arrependimento dos pecados.
O evangelho de João é o único que não contém as famosas parábo-
las. Nem por isso deixa de ter profundidade teológica.

• Atos

A autoria do livro é atribuída a Lucas. Isso está de acordo com a


tradição da igreja primitiva. Considerando isso, o livro é uma continuação
do Evangelho de Lucas (GUNDRY, 1998, p. 238). A cena da ascensão é o
final de Lucas e o começo de Atos (Lc 24. 49-51; At 1. 10, 11).
Alguns sugerem que o melhor nome seria “Atos do Espírito Santo” através
da igreja (At 1. 1-5), já que o Espírito Santo é mencionado cerca de 70 vezes.
O livro dá destaque a dois personagens: Pedro e Paulo.
O propósito do livro de Atos é de traçar a expansão do evange-
lho a partir de Jerusalém, onde teve início, até Roma, a capital do império
(GUNDRY, 1998, p. 240).
Segue o esboço:
Expansão em Jerusalém (1. 1-6, 7)
Expansão em Judéia e Samaria (6. 8-9, 31)
Expansão até Antioquia (9. 32-12, 24).
Expansão à Ásia Menor/ 1ª. Viagem missionária de Paulo. (12. 25-
16. 5)
Expansão à Europa/2ª. E 3ª. Viagem missionária (16. 6-19. 20)
Expansão até Roma (19. 21-28. 31)

O Livro termina abruptamente, o que pode sugerir a intenção do


autor em escrever um terceiro volume (GUNDRY, 1998, p. 239)
Bibliologia


134 ˃˃˃

E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele,


pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras (Lc 24. 32)?

EXERCÍCIOS

1. Quais são os evangelhos sinóticos?


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______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

2. Qual evangelho apresenta Jesus sempre em Festas?


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______________________________________________________________

3. Faça uma pesquisa rápida em Mateus e veja quantos versículos fazem


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referência às profecias do Antigo Testamento.


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______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
_____________________________________________________________

4. Enumere a primeira coluna com a segunda


1. Mateus
2. Marcos
3. Lucas
4. João
( ) Apresenta Jesus como servo sofredor
( ) Apresenta Jesus como Rei messiânico
( ) Apresenta Jesus como Filho de Deus
( ) Apresenta Jesus como Salvador Universal
˂˂˂ 135

5. Qual o propósito do livro de Atos?


______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

SEÇÃO 4 – EPÍSTOLAS E APOCALIPSE

As Epístolas são mensagens escritas a igrejas ou a indivíduos. Elas


dão os ensinos doutrinários, de conduta, de vida prática do cristianismo.
As Epístolas não são colocadas no NT em ordem cronológica. Aparecem
em primeiro lugar as de Paulo e depois as de outros autores.

• Romanos

Roma era a Capital do Império e o centro do mundo da época. Era a


capital política, social e comercial. Não se sabe como o Evangelho chegou lá
e quem organizou a igreja local. Sabemos que no dia de Pentecostes estavam
em Jerusalém “forasteiros romanos” que poderiam ter levado o evangelho,
juntamente com outros, mais tarde, para aquela grande metrópole (At 2. 10).
Como Paulo não tinha certeza de que um dia poderia chegar até lá, enquanto
se encontra em Corinto, aproveita a diaconisa Febe como portadora e envia a
sua Epístola aos Romanos (Rm 6. 1).
A epístola aos Romanos é tida como o Evangelho de Paulo. Nele
apresenta os aspectos jurídicos da salvação do pecador. Como Deus pode
declarar justo o pecador. É a mais profunda apresentação das doutrinas da
salvação pela graça e de justificação pela fé. Seu tema principal é a Justifi-
cação pela graça divina, mediante a fé em Jesus Cristo (GUNDRY, 1998, p.
324).
A Epístola pode ser dividida em duas partes:
Bibliologia

Doutrinal: A Justificação pela Fé (1-11).


Prática: Exortação ao dever cristão (12-16).
136 ˃˃˃

• Primeira Epístola aos Coríntios

Esta epístola, bem como II Coríntios e Gálatas, são cartas corretivas.


Havia muitos erros naquela igreja, que deviam ser evitados. Paulo este-
ve em Corinto por 18 meses onde trabalhou muito com a implantação do
Evangelho e também fabricou tendas (At. 18. 3). Paulo está agora em Éfeso
e toma conhecimento, por meio da família de Cloé, de várias irregularida-
des, e diante disso redige essa carta (1Co 1. 11). Paulo aborda os partidos
dentro da igreja (1Co 2); alguém que havia caído em pecado sexual (1Co
5); mistura de cerimônias e festas pagãs e cristãs (1Co 8); crentes levando
crentes às barras dos tribunais (1Co 6. 1-11); dúvidas quanto à ressurreição
(1Co 15 ) e até mesmo a autoridade apostólica de Paulo (1Co 9). Esses e
muitos outros assuntos fazem parte da epístola cujo assunto é a correção
dos problemas eclesiásticos.
A Epístola pode ser divida em três partes:
Repreensão (1 a 6). Seitas, partidos, pecado sexual, questões nos tri-
bunais.
Correção (7 a 11). Casamento, carne oferecida aos ídolos, culto. A
Mesa do Senhor.
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Instrução. (12 a 16). Glossolalia, Assembléias, a Ressurreição, Cole-


tas, Mensagens pessoais.

SAIBA MAIS

Paulo, às vezes, parece precipitado em sua escrita. Em 1Co 1.13-17


ele declara que não batizou ninguém. Porém, nos versículos seguintes ele
aos poucos conserta e cita o nome das pessoas que ele batizou. Talvez, fez
isso para não inutilizar o material que utilizado na escrita e não causar
mais despesas. Mas o que vale é a intenção do texto de não permitir que
surgissem na igreja “paulinistas”. Ser batizado em nome de alguém impli-
cava que pertencia e seria fiel a essa pessoa (SHEDD apud BÍBLIA 1997, p.
1608).
˂˂˂ 137

• Segunda Epístola aos Coríntios

Esta carta é escrita pouco tempo depois da Primeira. Paulo a escreve


de Macedônia. Aguardava com ansiedade a notícia da reação da primeira.
Fica feliz por notar que houve mudanças de comportamento (2Co 7. 8-9).
É uma carta em que Paulo mais se manifesta em termos de ternura e amor.
O assunto principal da epístola parece ter origem no problema de
que alguns questionaram a autoridade de Paulo (2Co 2. 5-10; 11. 4). Sua
defesa se dá através de uma exposição autobiográfica onde Paulo revela
seus sentimentos mais profundos, na intenção de convencer os coríntios de
sua autoridade apostólica (1Co 10-13).
Segue o esboço:
Responde às queixas a seu respeito, por não os visitar (1 a 2);
Demonstra sua autoridade apostólica (3 a 7);
Pede auxílio para os pobres em Jerusalém (8 a 9);
Defende o seu ministério ou apostolado (10 a 13).

• Gálatas

A Galácia era uma província central da Ásia Menor. Paulo visitou


e estabeleceu igrejas na região de Antioquia da Pisídia, Listra, Derbe e
Icônio. O problema que as igrejas enfrentavam veio através dos judaizan-
tes. Eram judeus que haviam se convertido, porém pregavam que para
ser salvo, era necessário observar a Lei de Moisés. Também diziam que
Paulo não era apóstolo verdadeiro, uma vez que não fizera parte dos doze
(GUNDRY, 1998, p. 289-296).
Esta carta foi escrita para combater esses erros. Pode ser dividida
assim:
Sua defesa pessoal e o seu evangelho (1 a 2);
Explica e defende a salvação unicamente pela graças por meio da Fé
(3 e 4);
Exortações práticas (5 e 6).
Bibliologia
138 ˃˃˃

SAIBA MAIS

Paulo utiliza uma linguagem bastante enérgica para aqueles que


tentavam colocar ritos como necessários a salvação (Gl 5. 12). Isto porque
eles atacavam a suficiência da obra de Cristo.

• Efésios

Esta é a sua primeira epístola escrita durante a prisão em Roma.


Na primeira prisão ele também escreveu Filipenses, Colossenses, Filemon.
Juntas essas epístolas são conhecidas como “epístolas da prisão”.
Crê-se que Efésios tenha sido uma carta circular, para ser passada
adiante depois de lida ou até que se tirassem cópias para que todos a les-
sem (GUNDRY, 1997).
Essa epístola não aborda problemas locais e sim gerais. O Assunto
principal é a igreja como o grande projeto de Deus. Ela é tratada como
Corpo de Cristo de âmbito geral ou universal (EFÉSIOS, 1997, p. 457-459).
Divide-se em duas partes:
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Doutrinária (1 a 3). Trata da Igreja como Corpo de Cristo e a união


dela em Cristo Jesus, o Senhor.
Prática (4 a 6). O tema dominante é a maneira de agir do crente. A
palavra “andar” como norma de conduta, aparece várias vezes.
• Filipenses

Paulo estava preso em Roma e recebeu alguns donativos da igreja


de Filipos, e isso muito lhe alegrou o coração a ponto de escrever uma carta
de agradecimento, que é a epístola aos Filipenses (Fp 4. 16). As palavras
são tão ternas, que sugere pensar que essa igreja era a favorita de Paulo.
Ele elogia as manifestações de amor e carinho que recebera e abre o seu co-
ração para agradecer por tão grande amor a ele demonstrado (Fp 4. 13-16).
Paulo é cuidadoso para não parecer estar interessado nos donati-
vos, mas afirma que sua alegria principal é porque ele viu crescer o amor
no coração dos Filipenses (Fp 4. 17). Pois ele mesmo aprendeu a estar feliz
em “toda e qualquer situação” (Fp 4. 11). Por isso, o tema central da epís-
˂˂˂ 139

tola é a “alegria do cristão”.


Essa carta divide-se em duas partes:
Saudações e ensinos doutrinários (1-2).
Conselhos e exortações (3-4).
Ainda há uma bela passagem de significado profundo acerca da
humilhação e a exaltação de Cristo (2. 5-11).

SAIBA MAIS

O texto de Filipenses 4. 13 tem sido um dos mais erroneamente in-


terpretados pelos evangélicos. As interpretações erradas parecem querer
usar o versículo para conferir ao ser humano certa onipotência (GUSSO,
2004, p. 26-28). Basta observar o contexto que saberemos que Paulo estava
falando na capacidade de suportar as adversidades como fome e escassez,
e ainda assim permanecer firme.

• Colossenses

Também foi escrita da prisão em Roma. Paulo nunca tinha estado


nessa cidade. Soube por Epafras (Cl 4. 12) que certos erros e heresias ti-
nham penetrado no seio daquela igreja.
Houve uma onda gnóstica que assolou a igreja nos primeiros séculos
que defendia a salvação pelo conhecimento. Os gnósticos também afirmavam
ser possuidores de conhecimentos ocultos que poderiam ser revelados a quem
os seguissem (DAVIS, 1980, p. 123). Além disso, também ensinavam heresias
como a adoração a anjos (2. 18) e a guarda da lei (2. 16).
Em virtude disso, Paulo escreve a epístola recheada das palavras
mais usadas pelos gnósticos afirmando que em Cristo todo o conhecimen-
to (Gnósis no Grego) já foi revelado (1. 9, 10, 19, 27; 2. 3, 9; 3. 10 - 1. 26, 27;
2. 2; 4. 3).
Segue uma sugestão de esboço:
Bibliologia

Parte doutrinal - Cristo como Eterno, Criador e Cabeça de todas as


coisas (1 e 2).
140 ˃˃˃

Parte prática – Admoestações para viver de acordo com a nova re-


lação com Cristo (3 e 4).

SAIBA MAIS

A igreja de Colosso provavelmente contava com dois personagens


bíblicos bem conhecidos. Trata-se de Filemon e Onésimo (Cl 4. 9). Eles são
aconselhados particularmente na epístola destinada a Filemon.

• Primeira Epístola aos Tessalonicenses

A Igreja em Tessalônica foi estabelecida por Paulo durante sua se-


gunda viagem missionária, cerca de 48 d.C. (At 17. 1-10).
Nessa carta Paulo demonstra sua alegria ao receber de Timóteo (At.
18. 5, 1Ts 3. 1, 2) a notícia de que eles progrediram no evangelho (1Ts 1.
6-10)
Dentre os diversos assuntos da carta, um dos destaques é a correção de
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certos erros quanto à 2a vinda de Cristo. Visto que alguns irmãos tinham para-
do de trabalhar por causa da eminência da volta de Cristo (4. 11).
Segue o esboço:
Ministério de Paulo em Tessalônica e ação de graças (2. 1 - 3. 13)
Diversas exortações (4. 1 - 5. 24)
• Segunda Epístola aos Tessalonicenses

Tanto a Primeira como a Segunda tratam do mesmo assunto da se-


gunda vinda de Cristo. Houve quem tirasse conclusões erradas quanto à
primeira carta. Paulo tem que escrever a segunda, para tirar dúvidas da
primeira (SHEDD apud BÍBLIA, 1997, p. 1683).
A epístola ensina que é necessário ter esperanças na sua vinda (1Ts 4.
10). Então lhes será dada a coroa de glória (2. 19). É o nosso conforto, ainda
que para a perda para os amigos (4. 13-18). Virá inesperadamente para o
mundo, mas não para nós que aguardamos por ela (5. 1-6).
Segue o esboço:
˂˂˂ 141

Prólogo (1. 1-12)


Manifestação do homem da iniquidade (2. 1-12)
Escolhidos para a salvação (2. 13-17)
Que a palavra de Deus seja glorificada (3. 1-5)
O dever de trabalhar (3. 6-15)
Epílogo (3. 16-18)

• I Timóteo

Timóteo era um dos jovens convertidos, como resultado da primei-


ra viagem missionária de Paulo. Morava com sua mãe Eunice e avó Loide
em Listra. Na segunda viagem, quando Paulo e Silas passam por aquela
região, Timóteo é integrado na equipe missionária (At 16. 1-3). Foi consi-
derado por Paulo como seu “filho na fé” a quem muito amava (1Tm 1. 2).
Realmente, foi seu assistente, e muito fiel. Era, porém, bastante tímido e a
sua saúde não era muito boa (1Tm 5. 23). Por essa razão, há um tom cons-
tante de encorajamento e de fortalecimento nas epístolas a ele dirigidas (2.
1).
Paulo lhe escreve a Primeira Epístola quando estava em Éfeso (1Tm
1. 3), corrigindo os males daquela igreja. É a primeira das Epístolas Pasto-
rais. O objetivo era orientar o pastor em suas funções ministeriais.
Esta Epístola pode ser divida em 3 partes:
Introdução (1. 1-2).
Direção a Timóteo na maneira de se conduzir na administração da
Igreja em Éfeso – Destacam-se as qualidades dos pastores e diáconos (1.
3 - 4. 19).
Conclusão (4. 20, 21).

SAIBA MAIS

Por ocasião da escrita dessa epístola, Timóteo era pastor da igreja


Bibliologia

de Éfeso. Isso ajuda na interpretação da epístola porque o contexto está


bastante relacionado ao de Éfeso (1Tm 1. 3).
142 ˃˃˃

• II Timóteo

É a última mensagem de Paulo. Também é uma carta pastoral. Esta-


va na prisão, em Roma por volta do ano 67 d.C.
O tom da carta revela um Paulo menos enérgico e muito mais melan-
cólico. Isto porque estava escrevendo possivelmente num cárcere durante a
sua segunda prisão. Em meio ao frio, solidão e outras aflições, ele afirma que
está “pronto a ser oferecido”. Isto é, prestes a ser morto (4. 6).
Relembra a sua vida, e espera, triunfantemente, pelo fim. Recomen-
da a Timóteo que continue fiel e corajoso (2Tm 3. 10, 14).
Esta epístola pode ser dividida conforme seus capítulos:
Lembrança pessoal de Timóteo (1).
Recomendações a Timóteo (2).
Previsões dos males que adviriam à Igreja (3).
Últimas mensagens e testemunho (4).

• Tito
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Paulo tinha deixado Tito em Creta “para que pusesses em boa or-
dem o que ainda não está” (Tt 1. 3). Sempre foi seu companheiro e ajudan-
te em várias missões em momentos delicados (2Co 2. 13).
A carta contém instruções quanto à sua missão em Creta. É também
uma carta pastoral e serve também para todas as igrejas e líderes (GUN-
DRY, 1998, p. 359).
A divisão sugerida é conforme os capítulos:
Ordenação de pastores. Como tratar os cretenses (1).
Como lidar com várias classes, tais como, mulheres, jovens, escra-
vos (2).
Sujeição aos governantes, diligência (3).

• Filemon

É uma carta pessoal a Filemon, cristão que residia em Colossos. Refere-


˂˂˂ 143

-se a um escravo seu – Onésimo, que fugira e que, não se sabe como, chegou
para junto de Paulo enquanto preso em Roma. Desse encontro, também se
converte. Agora Paulo o envia de volta, com um pedido de misericórdia. Que
o receba, não mais como escravo, mas como um irmão em Cristo. Promete pa-
gar o que Onésimo custara a Filemon. Ilustra a intercessão de Cristo por nós.
Mostra também a melhor forma de extinguir a escravidão. É a aplicação do
cristianismo verdadeiro na vida prática, reconhecendo todos os seres huma-
nos com igualdade e dignidade; criados “à imagem e semelhança de Deus”
(FILEMON, 1980, p. 226).

SAIBA MAIS

Nem sempre o nome de um personagem bíblico dado a um livro


indica que ele foi o escritor. Alguns livros recebem o nome de pessoas por-
que falam sobre essas pessoas. Por exemplo: O livro de Jonas e o Livro de
Daniel. No Novo Testamento. Algumas cartas recebem o nome de quem
escreveu (Judas, Pedro, João); outras recebem o nome a quem foi destina-
do (Timóteo, Filemon, e outros).

• Hebreus

“Só Deus sabe quem escreveu Hebreus”. Foi a essa a conclusão que
chegou Orígenes. Existem muitos argumentos contra e a favor da autoria
de Paulo. O que é importante saber, é que se trata de um livro reconheci-
damente inspirado por Deus (HEBREUS, 1995).
A carta pode ter sido escrita para uma Igreja de cristãos hebreus que
estavam sendo perseguidos severamente, e que estavam sendo tentados a
voltar às crenças e costumes judaicos, ou para judeus convertidos de várias
partes.
A Epístola argumenta que: o Evangelho, o Cristianismo, o Novo
Pacto é superior ao Antigo Pacto. Esta epístola está cheia de exortações e
Bibliologia

admoestações quanto aos perigos da apostasia (Hb 6. 4).


O tema geral é a “superioridade de Cristo e do Seu Evangelho em
144 ˃˃˃

relação às coisas do Antigo Testamento”. Jesus Cristo é apresentado como


Filho de Deus, Capitão da Salvação, Sumo Sacerdote, Precursor Interces-
sor, Cabeça de sua Casa, Mediador da Nova Aliança, o Grande Pastor das
ovelhas.
Este livro estimula à perseverança todos os que forem tentados a
cair da fé ou a voltar a obras ou cerimônias como base para a sua seguran-
ça. Mostra que toda a Lei do Antigo Testamento serviu como representa-
ção de Cristo. O Esboço mostra a superioridade de Cristo:
Na Sua pessoa: melhor do que profetas, anjos e, até, Moisés (1-4).
Nos Seus ofícios: como Sumo Sacerdote, Cristo é melhor do que
Aarão e as suas ofertas (5-7).
No Seu trabalho: A obra de Cristo chega ao céu e ao mais íntimo do
homem (8-10).
Na sua religião: o resultado é a fé (11); esperança (12); amor (13).

• Tiago

Tiago, “irmão do Senhor” (Gl 1. 19); ou meio irmão, porque Jesus


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não teve pai humano. Ele foi um dos outros filhos da mãe de Jesus (Mt 13.
55; Jo 7. 5) que só creram em Jesus depois de sua morte e ressurreição (At
1. 14; 1Co 15. 7).
Tiago passou a ser o líder da Igreja em Jerusalém (At 15). Esta carta
é endereçada “Às doze tribos que andam dispersas”; isto é, aos judeus
convertidos a Cristo, em todo o mundo (Tg 1. 1).
A carta tem por objetivo incentivar a prática cristã e não se preocu-
pa tanto em elaborar doutrinas. Possui um teor bastante prático em toda a
sua extensão. Combate a discriminação social em classes (Tg 2), injustiça
(Tg 5), entre outros.
Segue de perto o Sermão da Montanha. Alguns acham aí o fato de
ter sido irmão de Jesus, pelo fato de ter a mesma sensibilidade em observar
a natureza, tão bem aplicada por Jesus e agora por Tiago (GUNDRY, 1998,
p.384).
Os assuntos tratados em cada capítulo:
Provas e tentações (1).
˂˂˂ 145

A acepção de pessoas. Fé morta (2).


A língua e o seu abuso (3).
Paixões e mundanismo (4).
Opressão e paciência, a Oração da Fé (5).

SAIBA MAIS

A carta de Tiago contém a descrição mais completa sobre o uso da


língua (Tg 3. 1-12). São severas exortações para ensinar o povo de Deus a
usar bem as palavras. Esse é “dom de línguas” que devemos ter cuidado
nas igrejas.

• I Pedro

À semelhança de Tiago, Pedro dirige-se a cristãos dispersos (1Pd


1. 1). O tema central é paciência no sofrimento, mencionado em todos os
capítulos. Requer-se paciência e santidade de vida.
A glória vindoura na Revelação de Cristo (1);
A nossa condição real e o exemplo de Cristo (2);
Exortação aos escravos, esposas e maridos (3);
Os sofrimentos de Cristo e a bênção da comunhão com eles (4);
Para os pastores (5).

• II Pedro

Esta epístola confirma a precedente. É principalmente um aviso


contra os falsos mestres e malfeitores nas igrejas (2Pd 2. 1). É dirigida “aos
que conosco alcançaram a fé, igualmente preciosa...” (2Pe 1. 1). A primeira
é escrita com ternura como a cristãos em tribulações; a segunda é escrita
com severidade, como referindo-se a pessoas que o apóstolo olhava como
Bibliologia

sendo inimigos da verdade (2Pd 2).


A Epístola pode ser dividida em três partes:
146 ˃˃˃

Introdução: crescer na graça (1).


Exortação: evitar falsos mestres (2).
Exortação: esperar a Vinda do Senhor (3).

• I João

A tradição diz que João saiu da Judéia antes da destruição de Je-


rusalém (ano 70), e que em seguida trabalhou, principalmente, na Ásia
Menor, com a igreja em Éfeso. A fundação das Igrejas em Pérgamo, Tiatira,
Filadélfia, e Laodicéia, é atribuída ao Apóstolo João. Ele foi desterrado “na
ilha de Patmos” por volta dos anos 90-100 d.C. onde escreve o Apocalipse.
Depois disso voltou a Éfeso onde morreu com cerca de cem anos de idade.
As Epístolas de João foram escritas muito depois da destruição de Jerusa-
lém e da morte dos demais apóstolos. A época de implantação do Evange-
lho já estava passando (JOÃO, AS ESPÍSTOLAS DE, 1980, p. 328).
A epístola de João, entre outros assuntos, procura combater os gnós-
ticos. Isso se evidencia pelo combate à crença de que Jesus não tinha corpo
(1Jo 1. 1; 4. 2-3), que Jesus era apenas uma das várias emanações de um
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“deus” maior (1. 2). O fato maior que comprova o combate aos gnósticos
está no número de vezes que aparecem verbos e palavras relacionadas ao
conhecimento (gnósis) (1Jo 2. 13, 14, 18, 20, 21, e outros.)
João também coloca como evidência do verdadeiro seguidor de Cristo, a
prática do amor ao próximo (1Jo 1 - 2).
A sistematização da carta é difícil porque os assuntos estão bastan-
tes misturados. Isso dificulta a elaboração de um esboço da carta. Veja uma
sugestão:
Andando na luz, não devemos pecar – “Deus é luz” (1 e 2).
Como se pode saber que somos crentes – “Deus é justo” (3).
Acautelai-vos de falsos mestres e guardai os mandamentos de Deus
- “Deus é amor” – Jesus é o Filho de Deus. “Aquele que tem o Filho tem a
vida” (4 - 5).
˂˂˂ 147

• II João

É uma carta particular a uma “senhora”. Avisa-a de falsos mestres


que hão de vir, e pede-lhe para não os receber em sua casa. Por exemplo,
os gnósticos. Diz assim o texto: “O ancião, à senhora eleita, e a seus filhos,
aos quais eu os amo em verdade” (1. 1)
Segue sugestão de esboço:
O novo mandamento (1 - 6).
Evitar os enganadores, não lhes oferecendo hospedagem (7 - 13).

• III João

Esta carta é escrita “Ao amado Gaio a quem eu amo em verdade” (1).
Este Gaio podia ter sido o mesmo mencionado em Atos 19. 28. Pelo que cons-
ta, residia em uma região para onde pregadores iam levar o Evangelho. A
epístola foi escrita para recomendá-los à sua hospitalidade (1 - 8).
Segue sugestão de esboço:
Hospitalidade louvada (1 - 8).
Diótrefes é condenado e Demétrio é elogiado - Saudações (9 - 24).

• Judas

Apresenta-se como “irmão de Tiago” (1). Se for considerado que


Tiago é “irmão do Senhor” (Gl 1. 19) e se Judas é irmão de Tiago, logo, é
também irmão do Senhor. Em Mateus 13. 55, entre os demais irmãos de
Jesus, realmente, aparecem Tiago e Judas.
A carta é basicamente um aviso contra os apóstatas. Faz um apelo
veemente para o cristão “pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi
entregue aos santos” (3b).
Segue o esboço:
Pelejai sinceramente pela fé (1 - 16).
Bibliologia

Guardai-vos no amor de Deus (17 - 25).


148 ˃˃˃

A epístola de Judas contém citações do livro apócrifo de Enoque


(Compare Jd 1. 9 e o capítulo 9 do livro de Enoque).

• O Apocalipse

Este livro denominado Apocalipse (ou Revelação) é o único livro


profético do Novo Testamento. É o último livro da Bíblia, com o qual a
Revelação escrita é encerrada (Ap 22. 18, 19). Sua autoria, ainda que seja
atribuída a João, na verdade é do Senhor. É a “Revelação de Jesus Cristo
que Deus lhe deu...” (Ap 1. 1a).
Em primeira mão este livro é dirigido “às igrejas da Ásia” (Ap 1. 4).
Porém, como todas as outras Escrituras, foi designada pelo Espírito Santo
para crentes e igrejas de todas as épocas. O livro apresenta o final e glorio-
so triunfo do evangelho; forma, assim, um encerramento bonito do Novo
Testamento.
Ainda que muitos usem o livro do apocalipse num tom de ame-
drontamento, trata-se principalmente de um livro que traz esperança
(ATIÊNCIA; MACHADO, 2002).
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O Esboço de Apocalipse ajuda bastante na assimilação do conteúdo:


A Comissão de João para escrever (cap. 1).
Mensagens às Sete Igrejas da Ásia (caps. 2 e 3).
Visão do trono e outras visões (caps. 4 a 18).
Visões concernentes aos últimos dias (caps. 19 a 22).

Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as pala-


vras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próxi-
mo (Ap 1. 3).

EXERCÍCIOS

1. Quais são consideradas as “Epístolas da Prisão” (escritas por Paulo)?


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______________________________________________________________
______________________________________________________________
˂˂˂ 149

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______________________________________________________________

2. Quais são as epístolas pastorais.


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______________________________________________________________

3. Explique com suas palavras o assunto principal de Hebreus.


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______________________________________________________________
______________________________________________________________

4. Qual o tema da Epístola aos Romanos?


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5. O Livro de Apocalipse é um livro que traz desespero ou esperança? Jus-


tifique sua resposta.
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______________________________________________________________
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6. Faça uma pesquisa sobre o gnosticismo (10 linhas). Isso lhe ajudará a
entender o pano de fundo de muitos livros do Novo Testamento
______________________________________________________________
Bibliologia

______________________________________________________________
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150 ˃˃˃

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_____________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade você conheceu panoramicamente os livros da Bíblia.


Conheceu cada seção (Pentateuco, Livros Históricos, entre outros).
Visualizou a estrutura de cada livro em suas principais passagens e o tema
de cada livro e seus destaques.
Cada livro foi situado em seu contexto histórico quando possível.
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˂˂˂ 151

RESUMO GERAL

Na primeira unidade você aprendeu sobre os aspectos da formação da Bíblia.


Isso incluiu a tradição oral, o surgimento da escrita, o material utilizado, as línguas da
Bíblia. Foi estudado o processo de canonização da Bíblia onde se destacou que o fator
que determina a canonicidade de um livro é a inspiração. Analisou os principais ma-
nuscritos da Bíblia e sua importância para a igreja e conheceu as principais traduções
bíblicas da história (com destaque para as traduções em português).
Na segunda unidade você conheceu vários aspectos relacionados à inspiração
da Bíblia. Observou também que a revelação de Deus está presente na natureza, mas
se manifesta de forma específica para salvar. Aprendeu pontos importantes sobre a
revelação progressiva. Analisou como se dá o conhecimento da Bíblia sob o ponto de
vista espiritual a qual se denomina iluminação e conheceu de forma resumida que a
mensagem da Bíblia é a salvação em Cristo por meio da fé.
Na terceira unidade o enfoque foi em toda a narrativa bíblica desde a criação
até a igreja primitiva. Todos os períodos foram estudados considerando seus aspectos
mais importantes como situação política, contexto histórico-geográfico, economia e a
relevância do período dentro do contexto geral da Bíblia.
Na quarta unidade você conheceu panoramicamente os livros da Bíblia. Conhe-
ceu cada seção (Pentateuco, Livros Históricos, entre outros). Visualizou a estrutura de
cada livro em suas principais passagens, seus temas e seus destaques. Cada livro foi
situado em seu contexto histórico quando possível.
˂˂˂ 153

REFERÊNCIAS

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Objetiva, 2001. CD

BÍBLIA ILUMINA GOLD. Versão 2.6. São Paulo: SBB, 2003.

BÍBLIA ON-LINE 3.0. Módulo avançado. São Paulo: SBB, 2003.

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DISPERSÃO. In: O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.

ESCRIBA. In: O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.

ESDRAS. In: O NOVO DICIONÁRIO DA BÍBLIA. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1997.

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156 ˃˃˃

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Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1998. p. 245-267.
˂˂˂ 157

APÊNDICE - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

UNIDADE 1

Seção 1
1. Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos
pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem
constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
2. Resposta pessoal. Consultar livro
3. (1) Sinais que representavam sons, (3) Sinais que representavam ideias,
(2) Sinais que representavam objetos de forma concreta
4. Papiro
5. Ex. Dt 10.16
6. Resposta pessoal

Seção 2
1. A idade do livro, a língua hebraica, a concordância com a Torah,
2. A inspiração. Resposta pessoal
3. A Torah, os profetas, os escritos.
4. Circulação das epístolas, circulação de escritos não inspirados, cópias dos
escritos inspirados.
5. Foi importante porque fez com que as igrejas começassem a colecionar as
cartas. Foi o início do Cânon.

Seção 3
1. Autógrafos
2. Não ficar refém de tradução, conhecer as dificuldades dos tradutores
3. O tamanho da letra, a pontuação, a divisão de texto, o material usado
4. (2) muitos manuscritos – (2) A maioria qualidade ruim, (1) A maioria qualidade
boa, (1) Poucos manuscritos
5. Resposta pessoal
6. Os Unciais

Seção 4
7. Resposta pessoal
158 ˃˃˃

8. Resposta pessoal
9. Permite ao povo local entender a mensagem de salvação
10. Resposta pessoal

UNIDADE 2

Seção 1
1. Expirada. Porque a palavra no original tem o sentido de dentro pra fora.
2. Resposta pessoal
3. A origem da palavra de Deus, a mediação dos escritores bíblicos, sua forma
final escrita
4. (3) A Bíblia é a Palavra de Deus, (1) A Bíblia torna-se Palavra de Deus, (2) A
bíblia contém a Palavra de Deus
5. Somente o que a Bíblia ensina como correto. Os erros servem de exemplo para
não serem seguidos. A Bíblia contém histórias de homens pecadores
6. Resposta pessoal

Seção 2
1. Sl 8
2. Mostrar ao homem a salvação
3. A serpente era uma figura de Cristo. Cristo seria levantado na crua. Quem olhar
para Cristo será liberto de Santana (serpente).
4. Deus inicialmente tolerou a cultura do povo. Depois estabeleceu um ideal de
“um só cônjuge”.
5. A ideia sobre Deus
6. A Bíblia não é exaustiva, A Bíblia é suficiente, a bíblia é autoritativa.

Seção 3
1. O entendimento da revelação de Deus
2. O Espírito Santo
3. Exegese: Busca o significado para a época em que o texto foi destinado.
Interpretação: Busca o significado para a atualidade.
4. Base para os sermões, entendimento correto da Bíblia, combate as heresias,
˂˂˂ 159

Seção 4
1. A salvação em Cristo mediante a fé.
2. Resposta pessoal
3. Gn 3.15; Dt 18.15; Is 17.14, Zc 9.9 e outros
4. Não é apenas para satisfazer a curiosidade, ou provocar admiração, ou encher
de conhecimento. O objetivo principal é que depositemos em Cristo a fé a fim
de obter a salvação

UNIDADE 3

Seção 1
1. O período da criação envolve um tempo bastante extenso. Porém, a quantidade
de textos que cobrem esse período é pouca.
2. Porque a Aliança entre eles e Deus é a base para entender todo o desenrolar da
história bíblica
3. Jo 1.29; 1Pd 1.19; Rm 5.9; Gl 5.1.
4. Adoravam a Baal, sacrificavam os filhos, práticas de cultos com orgias, entre
outros
5. Porque nesse livro uma mesma sequência repete várias vezes. Pecado>castigo>
arrependimento>libertação.
6. Porque não tinha destruído todos os habitantes de Canaã/ Devido ao pecado.

Seção 2
1. Corrupção dos filhos de Samuel, rapto da arca pelos filisteus e as constantes
invasões por parte dos inimigos.
2. Querer executar funções sacerdotais, desobediência a Deus.
3. Ele alertou para o perigo de alguém atentar contra o “ungido do Senhor”
porque ele também era “ungido do Senhor”. Dessa forma, comunicava um aler-
ta para todos os seus soldados.
4. Somente o Rei era rico. O povo Sofria muito (1Rs 12)
5. 10 tribos faziam parte do Reino do Norte (Israel) e duas Tribos faziam parte do
Reino do Sul (Judá e Benjamim)
6. Devido ao reconhecimento da sucessão dinástica
160 ˃˃˃

Seção 3
1. Resposta pessoal
2. Significa o movimento geográfico dos judeus em direção a outras nações.
3. Segundo o profeta Jeremias, 70 anos
4. Resposta pessoal
5. Ageu, Zacarias e Malaquias
6. Daniel e Ezequiel

Seção 4
1. O ano da obscuridade, o ano da popularidade e o ano da adversidade.
2. Ensinando, pregando e curando
3. A perseguição iniciada após a morte de Estevão
4. Barnabé, Marcos, Silas, Timóteo, Lucas
5. De 30 a 100 d.C.
6. A igreja de Filipos

UNIDADE 4

Seção 1
1. Êxodo, levíticos, Números e Deuteronômio
2. O livro de Josué
3. Libertadores, visto que por meio deles Deus libertava o povo
4. Samuel, Saul e Davi
5. Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias
6. Mostrar a genealogia de Davi, Mostrar as bênçãos da obediência.

Seção 2
1. Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico dos cânticos
2. Moisés, Asafe, Salomão, filhos de Coré e outros.
3. Oséias e Amós
4. Jeremias, Miquéias, Isaías
5. Exílico: Daniel, Ezequiel | Pós-exílico: Ageu, Zacarias e Malaquias | Pré-exílico:
O restante da lista.
6. Resposta pessoal
˂˂˂ 161

Seção 3
1. Mateus, Marcos e Lucas
2. O Evangelho de João
3. Mt 1.22; 2.6, 17 e outros vários
4. Sequência de cima pra baixo: 2,1,4,3
5. Mostrar a expansão do evangelho

Seção 4
1. Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon.
2. 1 e 2 Timóteo e Tito
3. Resposta pessoal
4. Justificação pela fé
5. Resposta pessoal
6. Pesquisa pessoal.
162 ˃˃˃

ANOTAÇÕES
˂˂˂ 163

ANOTAÇÕES
164 ˃˃˃

ANOTAÇÕES
˂˂˂ 165

ANOTAÇÕES
166 ˃˃˃

ANOTAÇÕES

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