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Você acha que os primeiros israelitas viveram no Egito e que havia algum tipo
de êxodo? Dezenove responderam SIM. Nenhum disse NÃO, mas quatro
indicaram que possivelmente aconteceu ou que eles não tinham certeza. Apenas
um que se descreveu como inseguro, tinha cerca de 30 anos antes, escrito
positivamente sobre o êxodo, mas tinha seguido cético nos anos seguintes. A
declaração negativa mais forte é que era “improvável”. Curiosamente, essa
opinião veio de Oxford, antigo reduto de Gardiner. E um optou por não
responder à pergunta. Alguns que afirmaram a historicidade de um êxodo do
Egito adicionaram a sua resposta comentários interessantes, como: “Eu não
acho que haja qualquer dúvida sobre isso.” ou “Eu não vejo nenhuma razão para
que a permanência israelita no Egito tenha sido fabricada (...).” Devo admitir ter
sido surpreendido pela resposta amplamente positiva à questão da historicidade
da permanência (israelita no Egito) e do êxodo (...) (Hoffmeier, 2015, pág. 200)
Hoffmeier (2015) verificou que, apesar do fato da maioria dos
egiptólogos crer que o Êxodo foi um evento histórico, havia a
sensação de que este debate tem implicações religiosas muito
pesadas. Este fator é facilmente entendido quando analisado em
Duzilek (1989)3, os obstáculos epistemológicos à pesquisa científica,
como o preconceito que impede o investigador de ver além da
chamada “implicação religiosa”, o tradicionalismo imputado na
virada de 1920 por Gardiner e os “Ídolos do Teatro”, representados
pela atual vinculação política. Qualquer trabalho arqueológico
contemporâneo que venha confirmar as evidências de Israel no Egito
certamente é influenciado pelas tensões políticas ou ideológicas,
sejam elas, Egípcia-Israelense, Árabe-Israelense, Marxista-
capitalista, que tendem a criar representações, fábulas ou teatros
para explicar a realidade. Veja que o próprio problema da existência
histórica de Israel, o que é requerido pelos Israelenses para sua
existência atual como nação frente aos problemas de questionamento
territorial por parte dos Palestinos, é um exemplo, pois se por um
lado vem a favorecer a prova da antiguidade do povo judeu e seu
direito à terra, esta narrativa pode não ser interessante aos interesses
dos palestinos que também pleiteiam sua antiguidade e direito à
terra na Palestina.
Como em muitas regiões contestadas, o passado está sempre presente (...) aqui,
no entanto, o passado tem um peso muito maior do que qualquer outra região, e
os arqueólogos são aqueles que dão ao passado distante uma expressão física
palpável. Nesse sentido, arqueologia e política sempre foram interligados. Se a
arqueologia judaica e israelense tem sido caracterizada, por vezes, pela sua
missão histórico-nacional, o mesmo é verdade para o seu homólogo palestino.
Assim, a arqueologia foi mobilizada seja para fortalecer o vínculo entre o povo
judeu e a terra de Israel ou negar e ignorar tal relacionamento. Sem prejudicar
seu valor científico objetivo, a arqueologia contribui para a elaboração de novas
identidades coletivas baseadas em novas narrativas do passado. Dentro do
contexto do conflito Israel-Palestino, toda e qualquer escavação tem o potencial
para adquirir conotações políticas e semear a semente da controvérsia (...)
(Greenberg e Keinan, 2007, pág. 7)
Outro exemplo pertinente a estes obstáculos epistemológicos está
presente nas chamadas tensões ideológicas marxismo-capitalismo.
Arlegue (2014) declara que o maior desafio do proletariado
internacional e regionalmente é encontrar uma maneira de entender
o conflito Palestino e Israelense de maneira a elaborar a melhor
estratégia para levar a cabo a luta de solidariedade contra o processo
de ocupação e o imperialismo.
Os marxistas de todo o mundo podem servir à luta dos palestinos não apenas
participando de atividades que são diretamente solidárias com o povo palestino,
mas também fortalecendo os movimentos anti-imperialistas e anticapitalistas
em nossos próprios países. A campanha e a luta por uma Palestina livre devem
se tornar uma parte importante das lutas pelos refugiados indígenas e direitos
das mulheres, bem como as lutas contra o racismo, pelos direitos civis e direitos
humanos e pelos direitos dos trabalhadores. Isto significa tornar a luta palestina
uma parte real dessas campanhas, e não apenas uma reflexão tardia (Arlegue,
2014, pág. 18)
“Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com
Jacó; cada um entrou com sua casa: Ruben, Simeão, Levi e Judá; Issacar,
Zebulom e Benjamim; Dã, Na ali, Gade e Aser. Todas as almas, pois, que
descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava no Egito.”
(Êxodo, 1.1-5)
“E tomaram o seu gado e a sua fazenda que tinham adquirido na terra de Canaã e vieram ao Egito,
Jacó e toda a sua semente com ele. Os seus filhos, e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas, e as
filhas de seus filhos, e toda a sua semente levou consigo ao Egito.” (Gên. 46.6,7)
Gênesis 46.6,7 aponta que Jacó levou consigo para o Egito seus
filhos, seus netos, suas filhas e suas netas, isto é, todos seus
descendentes. Ao final do texto, é contado setenta almas,
compreendendo 12 filhos, 50 netos, 4 bisnetos, José e seus dois filhos
no Egito e o próprio Jacó. Deve-se observar que as noras, apesar de
pertencerem ao clã, não foram contadas em virtude do costume
antigo de se contar os descendentes diretos. A família de Jacó foi
assim morar no melhor da terra do Egito, em uma região chamada de
Gósen.
“E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra,
na terra de Ramsés, como Faraó ordenara.” (Gên. 47.11)
“Assim, habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e frutificaram,
e multiplicaram-se muito.” (Gên. 47.27)
Parece ter havido um grande número de asiáticos no Egito até essa data; alguns
deles foram presos anteriormente, mas o relato bíblico dos irmãos de José
vendendo-o como escravo de um egípcio mestre (Gênesis 37: 28-36) pode sugerir
outra maneira em que alguns desses imigrantes chegaram. (Shaw, 2003, P. 175).
FIGURA 7: Cena dos aamu de Shu – Imagem png renderizada pelo autor. Disponível em: By
NebMaatRa - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?
curid=4390535File:Beni Hassan (Lepsius, BH 3). Acesso em 19/11/19.
A tumba de Khnumhotep II19 é uma das trinta e nove tumbas escavadas em rocha
do período do reino médio nas encostas em Beni Hassan. 13 das tumbas onde há
capelas tumulares decoradas. As inscrições em suas paredes, que em vários casos
incluem extensivas biografias, identificando dez dos seus proprietários como os
mais altos oficiais. O túmulo BH³ foi concluído durante o reinado de Senusret II,
e é o último da série (...) Khnumhotep II não era um governador, mas um
administrador do lado oriental. Alguns estudiosos consideram que ele teria sido
encarregado da parte marginal do deserto, no lado leste do vale do Nilo,
esticando-se o caminho até o Mar Vermelho. (...) A tumba de Khnumhotep II é
uma obra prima artística e arquitetônica. A capela superior possui uma fachada
com pátio, o qual possui um pórtico de entrada adornado com duas colunas
multifacetadas. A principal câmara da capela é uma grande sala quadrada em que
quatro colunas de pedra apoiam um triplo teto abobadado. Para o leste existe um
nicho de culto que, uma vez, continha uma estátua esculpida em pedra. As
paredes da capela foram rebocadas e, em seguida, pintadas com cenas e textos
muito bem executados, criando o efeito de uma rica tapeçaria (...). No lado oeste,
ou na parede de entrada, há uma variedade de cenas (...) A parede norte é
dominada por duas figuras de grande escala do dono do túmulo (...) abaixo e à
direita (leste), ele se levanta e recebe procissões dos oficiais, peticionários, e
escribas, bem como o grupo de estrangeiros que forma o foco deste artigo. A
procissão de estrangeiros ocupa o terceiro registo da parede do Norte (...) A
cena é única no repertório da arte funerária egípcia. Sua natureza incomum, e
a aparente precisão de seus detalhes, torna muito provável que seja uma
representação, ou pelo menos uma alusão, a um evento especial. (Kamrin, 2009,
p. 1,2).
A Linha 3. Mostra uma procissão de estrangeiros, que é liderado pelo escriba real
Neferhotep, o qual é representado segurando na mão um rolo de papiro (...), sobre
o qual segue a seguinte inscrição: (...) “O ano VI, sob a majestade de Horus, o
guia das duas terras, o rei do Alto e do Baixo Egito, Usertsen II21. O número de
aamu trazidos pelo filho do prefeito, Chnemhotep, por conta do mesdemt
(pintura de olho, stibium ou kohl), aamu de Shu, número que equivale a 37”.
Imediatamente seguindo o escrivão real Cheti, “o superintendente dos
caçadores”, e atrás dele a parte dos estrangeiros liderados por hk st’Ibshl,
“príncipe do deserto, Abesha” (...). Acima está uma linha com a inscrição, a qual
se lê: “it hr int msdmt in (...)”, “chegaram trazendo Kohl com 37 aamu junto dele.”
(Newberry, 1893, p. 69)
O mesmo Manetom, em outro livro, onde trata do que se refere ao Egito, disse
que encontrou nos livros que são tidos por sagrados, entre os de sua nação, que
chamavam a esse povo de pastores cativos e nisso ele diz a verdade, porque
nossos antepassados ocupavam-se da criação de gado e eram chamados de
pastores; não há, pois, motivo de admiração de que os egípcios tenham
acrescentado a palavra “cativos”, pois que José disse ao rei do Egito que ele era
escravo e obteve desse soberano a permissão de mandar buscar seus irmãos.
(Josefo, 2004, p. 1486)
“Então Faraó perguntou aos irmãos de José: — Qual é o trabalho de vocês? Eles responderam: —
Nós, seus servos, somos pastores de rebanho, como já foram os nossos pais. ” (Gên. 47.3)
“Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu
serei maior que tu. Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito. E
tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir de roupas de linho fino, e pôs um
colar de ouro no seu pescoço. ” (Gênesis 41:40-42)
(...) Faraó também vestiu José com roupas de linho e corrente de ouro em seu
pescoço, fez dele o segundo no comando e fez com que ele andasse na segunda
carruagem para que todo o povo pudesse fazer homenagem a ele. Como sinal do
novo status de José, o Faraó deu-lhe uma esposa de nome Asenat, da família
sacerdotal de On (...). Ele também deu a José um nome egípcio, Zafenat Panea
(cujo significado é desconhecido). José tinha 30 anos nesta época (...) (Walvoord e
Zuck, 1983, p. 91,92)
“Por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a
nossa terra por pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; e dá-nos semente, para que
vivamos, e não morramos, e a terra não se desole. Assim José comprou toda a terra do Egito para
Faraó, porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome prevaleceu sobre eles; e
a terra ficou sendo de Faraó. ” (Gênesis 47:19-20)
(...) sua maior conquista aparece ter sido a inauguração do esquema de irrigação
de Faium. Um dique foi construído e os canais foram cavados para conectar o
Faium com a via fluvial que agora é conhecida como o Bahr Yussef (...). (SHAW,
2003, P. 152).
FIGURA 10: Mapa do Baixo Egito com anotação do autor. Mapa original disponível em https:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lower_Egypt-en.png#/media/File:Lower_Egypt-
en.png. Acesso em 18/03/2018.
“O senhor habitará na terra de Gósen e estará perto de mim — o senhor, os seus filhos, os filhos de
seus filhos, os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que lhe pertence.” (Gên. 45.10)
“E José fez habitar a seu pai e seus irmãos e deu-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da
terra, na terra de Ramsés, como Faraó ordenara.” (Gên. 47.11)
“Assim, habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen, e nela tomaram possessão, e
frutificaram, e multiplicaram-se muito.” (Gên. 47.27)
“Estes, pois, são os nomes dos filhos de Israel, que entraram no Egito com Jacó; cada um entrou com
sua casa (...) Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram setenta almas; José, porém, estava
no Egito. Sendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração, os filhos de Israel
frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de
maneira que a terra se encheu deles.” (Êx. 1.1-7)
Faraó deu a Jacó e sua família a melhor parte da terra, chamada Gósen (Gen.
45.10), tendo dado ele mesmo aos irmãos de José a supervisão de sua própria
possessão (Gen. 47.6). Gósen não é referenciada nos escritos do antigo Egito,
mas o nome aparece em tempos mais tarde como o distrito de Ramsés.
(Walvoord e Zuck, 1983, P. 96)
FIGURA 12: As Jornadas de José com marcação pelo autor. Mapa original disponível em:
http://www.seektheoldpaths.com/Maps/023.jpg. Acesso em: 09/04/18
(...) “Por que contemplo minha força enquanto existe um Grande Homem em
Avaris e outro em Cuxe, sentado unido com um asiático e um nubiano enquanto
cada homem possui sua fatia do Egito”. Esta foi a queixa do rei Tebano Kamose
(1555-1550 a.C.) no final da 17ª dinastia. O início do Segundo Período
Intermediário é marcado pelo abandono da residência em List, 32 km ao sul de
Menfis e o estabelecimento da corte real e sede do governo em Tebas, ao sul da
cidade. (Shaw, 2003, P. 172).
FIGURA 13: Pintura está na tumba de Menna, na época de Tutmés IV (1420-1411 A.C).
Carro de guerra com cavalo. Disponível em:
http://www.museudantu.org.br/Antiguidade/hics.jpg. Acesso em 12/03/2018
34. O Crescente Fértil é uma região compreendendo os atuais estados da Palestina, Israel,
Jordânia, Kuwait, Líbano e Chipre, bem como partes da Síria, do Iraque, do Egito, do
sudeste da Turquia e sudoeste do Irã. A expressão «Crescente Fértil» foi criada por James
Henry Breasted, arqueólogo da Universidade de Chicago, em referência ao fato de o arco
formado pelas diferentes zonas assemelhar-se a uma Lua crescente. Irrigada pelo Jordão,
pelo Eufrates, pelo Tigre e o Nilo. (Crescente Fértil. Wikipédia. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crescente_F%C3%A9rtil. Acesso em: 07/03/18).
35. John S. Holladay Jr, diretor das escavações da Universidade de Toronto em Tell el-
Maskhuta, é professor emérito no Departamento de Civilizações do Oriente Médio. (TELL
EL-MASKHUTA: PRELIMINARY REPORT ON THE WADI TUMILAT PROJECT, 1978-1979.
Disponível em: http://archive.arce.org/publications/books/u6. Acesso em: 12/03/18).
36. Shaw, 2003, p. 20
37. Shaw, 2003, P. 65
38. Shaw, 2003, P. 82
39. Amenemhat I e Sesostri I (ou Senuseret I) são reis da 12ª dinastia, período um pouco
anterior a chegada de Jacó e sua família ao Egito.
40. O cemitério chamado HK43, pertencente ao segmento não-elite (ou trabalhadores) da
população pré-dinástica, está localizado no lado sul do site ao lado do Wadi Khamsini.
Trabalhos ocorrem desde 1996, quando um esquema de recuperação de terras ameaçou sua
preservação e as escavações continuaram até 2004, resultando na descoberta de um mínimo
de 452 túmulos que ocupam mais de 500 indivíduos da data Naqada IIB-IIC
(aproximadamente 3650-3500BC). (O cemitério dos trabalhadores - HK43. Disponível em:
http://www.hierakonpolis-online.org/index.php/explore-the-predynastic-cemeteries/hk43-
workers-cemetery. Acesso em: 12/03/18).
41. Shaw, 2003, P. 457
42. Grimal, 2005. P. 182
43. O Segundo Período Intermediário marca o fim do Médio Reino (2055-1650 a.C.). O Reino
Médio inicia com a 11ª dinastia e termina com a 14ª dinastia. A 12ª dinastia é importante e
marcada por 2 (dois) séculos) de pungente prosperidade (período da chegada de Jacó e sua
família ao Egito).
44. Grimal, 2005, P. 185
45. Grimal, 2005, P. 186
46. Os vizires foram nomeados pelos faraós, mas muitas vezes pertenciam à família de um
faraó. O dever supremo do vizir era supervisionar o funcionamento do país, bem como um
primeiro ministro. (Vizir – Egito Antigo. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Vizier_(Ancient_Egypt). Acesso em: 13/03/18).
5
OPRESSÃO E ESCRAVIDÃO DOS HEBREUS
NO EGITO 1560 – 1448 A.C
“Sendo, pois, José falecido, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração, os filhos de Israel
frutificaram, e aumentaram muito, e multiplicaram-se, e foram fortalecidos grandemente; de
maneira que a terra se encheu deles. Depois, levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não
conhecera a José, o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais
poderoso do que nós. Eia, usemos sabiamente para com ele, para que não se multiplique, e aconteça
que, vindo guerra, ele também se ajunte com os nossos inimigos, e peleje contra nós, e suba da terra.
E os egípcios puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. E
edificaram a Faraó cidades armazéns, Pitom e Ramsés. Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se
multiplicavam e tanto mais cresciam; de maneira que se enfadavam por causa dos filhos de Israel. E
os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim, lhes fizeram amargar a vida com dura
servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo, com todo o seu serviço, em que os
serviam com dureza. ” (Êxodo 1.6-14)
Taa Seqenenre
Após 150 anos de domínio dos hicsos sobre o Egito (1650-1550 a.C.),
Taa Seqenenre (Senakhtenra) se rebelou (aprox. 1560 a.C.). Ele era
príncipe egípcio de uma jurisdição no alto Egito e vassalo dos hicsos
a quem deveria pagar tributos. Neste período, nasceu uma
hostilidade entre os egípcios nativos de Tebas e os hicsos. David
(2003, p88) declara que “No final deste período, alguma hostilidade
parece ter se desenvolvido entre os hicsos e a população nativa.
Estrangeiros foram usados cada vez mais para administrar o Egito e
isso pode ter levado ao ressentimento.” O registro da rebelião de
Seqenenre aparece num relato lendário de uma data posterior e não
revela o sucesso ou o fracasso da tentativa dele em restaurar a
independência do Egito, fato é que sua múmia mostra terríveis
feridas na cabeça, possivelmente recebidas no campo de batalha
enquanto lutava contra os hicsos.
Kamose
Shaw (2003) mostra que a verdadeira luta pela independência egípcia
do governo hicso começou com Kamose (Wadjkheperra) – (1555-1550
a.C.), o filho e sucessor de Taa Seqenenre. Kamose era um guerreiro e
“Kamose o Bravo” era um dos epítetos mais frequentes. Seu
oponente era Aauserra Apepi, o mais poderoso dos reis hicsos47.
Shaw (2003, p. 180) descreve que “o zênite do período Hicso é o
reinado de Aauserra Apepi (aprox. 1555 a.C.), apesar do fato de que
dois reis tebanos lideraram campanhas contra ele.” Não se pode
mensurar pelos registros quanta destruição foi infligida aos hicsos
por Kamose, porém textos mencionam cavalos e carruagens inimigas
tomadas como parte do saque em suas batalhas diretas com o reino
do baixo Egito. Apesar de ter êxito em expulsar os hicsos do alto e
médio Egito e limitar o poder deles à região leste do Delta, Kamose
não viveu para ver sua expulsão definitiva e temos em seu reinado o
fim da 17ª dinastia de reis do Segundo Período Intermediário.
Ahmose48
É o filho de Seqenenre e irmão mais novo de Kamose, estabelece o
início do Novo reino e da 18ª dinastia dos reis egípcios (David,
2003)49. Ahmose põe fim ao governo dos reis hicsos, com a tomada de
sua capital, Avaris, e sua expulsão total do Egito, chegando até o
aniquilamento de Sharuhen, posto avançado dos hicsos na Palestina.
A guerra deve ter durado pelo menos trinta anos, já que sabemos que Seqenenre
Taa, o pai de Ahmose, lutou contra os hicsos, mas que Avaris não foi tomada até
entre os anos 18º e 22º do reinado de Ahmose (Shaw, 2003, P. 197)
Amenhotep I
Também conhecido como Djeserkara (1525 a 1504 a.C), conforme
Shaw (2003) relata, ainda não era um homem adulto quando chegou
ao poder e pode ter havido uma breve corregência com seu pai
Ahmose para assegurar a transição pacífica e continuidade da
dinastia recentemente estabelecida, sendo certo que sua mãe
Ahmose-Nefertari figurava proeminente em seu reinado. Associado
com sua mãe, ele fundou a comunidade de trabalhadores da
necrópole real de Deir El-Medina e compartilhou com ela um túmulo
em Dra’Abu el-Naga,55 em Tebas (David, 2003)56. Apesar deste
governo de continuidade aos empreendimentos de seu pai (edifícios
que podem ter sido concebidos por Ahmose e expedições militares
no sul, completando campanhas anteriores), é notório o sucesso de
Amenhotep I como governante, pois, logo após sua morte, tanto ele
como sua mãe foram “deusificados” e adorados em Tebas (Shaw,
2003)57.
FIGURA 17: Cabeça de Amenhotep. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Amenhotep_I#/media/File:AmenhotepI-
StatueHead_MuseumOfFineArtsBoston.png. Acesso em 14/03/2018.
(...) os egípcios tinham explorado amplamente a região para o ouro. Isso veio
principalmente de minas em Wawat que foram trabalhadas por escravos,
prisioneiros de guerra e condenados criminosos. (David, 2003, p. 126)
“(...) assim, lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos (...)” Êxodo 1.14
“Portanto, deu ordem Faraó naquele mesmo dia aos exatores do povo e aos seus oficiais, dizendo:
Daqui em diante não torneis a dar palha ao povo, para fazer tijolos, como fizestes ontem e
anteontem; vão eles mesmos e colham palha para si. ” Êxodo 5.6,7
Observando o cenário geral apresentado até aqui e confrontando
com a narrativa de Êxodo 1.8, podemos ver na morte de Aauserra
Apepi , último rei dos hicsos, o fim de um governo regido pelas
alianças com outros povos asiáticos, inclusive com os hebreus, e o
início do governo de faraós nativos que não tinham quaisquer
amistosidades com os asiáticos, ao contrário, um espírito de
ressentimento e nacionalismo que levou ao processo de escravidão
destes povos, trazendo enorme evidência que o faraó da opressão é
Ahmose. Outro fato concomitante e não menos importante é a
construção das cidades celeiros de Pitom e Ramsés como evidências
deste processo.
“E puseram sobre eles maiorais de tributos, para os afligirem com suas cargas. Porque edificaram a
Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés.” Êxodo 1.11
“E sucedeu que, no ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano
quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), Salomão começou a
edificar a Casa do Senhor. ”
Tutmose I
Shaw (2003)81 descreve que o pai de Thutmose I (1504-1492 a.C.) é
desconhecido e que sua mãe era chamada de Seniseneb, um nome
bastante comum. O parentesco de sua mãe também é desconhecido e
ela não possuía títulos que indicassem uma ascendência real, apenas
chamada de “mãe do rei”. David (2003)82 traz uma certa luz a esta
questão, informando que Thutmose I era um filho de Amenhotep I
com sua esposa (concubina) não real, Seniseneb, porém as incertezas
permanecem. Shaw (2003) nos diz que a principal esposa de Thutmose
I era Ahmes ou Ahmose, que tinha os títulos de “Irmã do Rei” e
“Grande Esposa Real”, e especula que ela poderia ser irmã de
Thutmose I, o que seria uma tentativa do rei de tentar recriar a
situação de reinos anteriores onde reis casavam com suas irmãs, o que
facilitaria sua ascensão ao trono. Grimal (2005)83 demonstra em tabela
a árvore genealógica de parte da 18ª dinastia e apresenta Ahmes com
provável parentesco com Amenhotep I ou com o Faraó Ahmose e a
Rainha Nefertari.
A escravização foi apenas parcialmente eficaz, então faraó decidiu decretar uma
política mais agressiva, a saber, o infanticídio. Não deve ser considerado que os
israelitas tinham apenas duas parteiras (literalmente: aquelas que ajudam a
suportar). Muito provavelmente, por causa do número de israelitas, essas duas
mulheres eram as principais administradoras de uma organização de parteiras. A
instrução real foi explicita; (...). No entanto, as parteiras que temiam a Deus mais
do que as leis terrenas, apesar de ser um monarca, não obedeceram a sua ordem.
Então elas (Sifrá e Puá, Ex. 1.15) foram chamadas para responder por sua má
conduta. Essas parteiras responderam que as esposas hebraicas tinham o parto
tão rapidamente que, antes das parteiras chegarem, os bebês já tinham nascido.
(...) Faraó não as puniu por sua incapacidade de efetuar sua política. (...) O Faraó
então promulgou uma política aberta e mais agressiva para conter o aumento
numérico dos israelitas. Não conseguindo limitar o crescimento do povo
secretamente através das parteiras hebraicas, Faraó ordenou ao seu próprio povo
que policiasse o decreto. Então a opressão contra os israelitas se aprofundou (...)
(Walvoord, 1983, p. 109)
Tutmose II.
Grimal (2005)85 informa que Tutmose II (1492-1479 a.C.) é filho de
Tutmose I com a concubina chamada Mutnofret. Shaw (2003)86
descreve que seu reinado foi breve e não durou mais que treze anos87,
pois teve morte prematura, o que nos informa Grimal (2007) ter sido
provavelmente através de alguma doença. Shaw (2003) traz a
informação que foi casado com sua meia irmã Hatshepsut, que lhe
serviu como a “Grande esposa Real”, e também como a “Esposa do
Deus Amom”, o que Grimal (2007) acrescenta o fato que o casamento
de Thutmose II e Hatshepsut falhou na produção de um herdeiro
homem para ascensão ao trono, nascendo depois uma filha, Neferure.
Thutmose II teve apenas um filho homem, Thutmose III, nascido de
seu relacionamento com uma concubina real chamada Isis. Visto a
morte prematura de Thutmose II, seu único filho homem, ainda era
muito jovem para governar e, desta maneira, sua madrasta
Hatshepsut tornou-se a regente do trono.
FIGURA 19: Cabeça da múmia de Thutmose II - Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Thutmose_II#/media/File:Thutmose_II_mummy_head.png.
Acesso em: 18/05/2018
Hatshepsut
Hatshepsut (1473-1458 a.C.) foi uma mulher particular na história do
Egito antigo porque foi das poucas mulheres que reinaram como
faraó. Shaw (2003) descreve que o reinado de cinquenta e quatro anos
de Thutmose III começou em sua primeira infância tendo sua
madrasta atuando como regente por quase 20 anos. Hatshepsut
capitalizou para si o papel de “esposa do Deus Amom” e usou sua
conexão genealógica com a família de Ahmose-Nefertari a fim de
apoiar sua regência em uma maneira similar a suas antecessoras
femininas. Hatshepsut se transforma publicamente em um faraó.
Obeliscos comemorativos nomeiam ela de “Filha do Rei, Irmã do Rei,
Esposa de Deus, Grande Esposa Real Hatshepsut”. Como governante,
Hatshepsut inaugurou projetos de construção que ultrapassaram os
de seus predecessores. A lista de projetos executados por Thutmose I
e II foi expandida no Alto Egito e incluiu lugares que Ahmose tinha
favorecido: Kom Ombo, Nekhen (Hieracômpolis) e Elkab em
particular, além de Armant e Elefantine. Suas edificações se
espalharam na Nubia: Qasr, Ibrim, Sai (uma estátua da rainha
sentada), Semma, Faras, Quban e especialmente Buhen, onde a rainha
construiu para Horus um templo.
Menfis recebeu sua especial atenção e ela afirma em inscrições ter
reconstruído templos em Hebenu (a capital do nomo Oryx) em
Hermópolis. Em Tebas, o templo de Karnak foi ampliado sob sua
supervisão. Shaw (2003)88 descreve o templo em Deir el-Bahri como o
mais duradouro monumento, sendo construído em calcário e
projetado em uma série de terraços contra a parede de um penhasco.
O templo chamado “santo dos santos” (djeser djeseru) era da parte de
Hatshepsut a mais completa declaração de seu reinado em forma
material. Durante seu governo, houve evidente paz e Hatshepsut foi
capaz de explorar as riquezas do Egito, seus recursos naturais, bem
como os da Núbia. De sua vida pessoal deve-se destacar que de seu
casamento com Thutmose II ela não gerou um herdeiro homem,
apenas uma filha chamada de Neferure (Shaw, 2003)89.
FIGURA 20: Escultura em calcário - Museu Metropolitano de Artes. Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hatshepsut.jpg. Acesso em: 09/04/2018
Tutmose III
Tutmose III (1479-1425 a.C.) era filho de Tutmose II com uma
concubina real chamada Isis e ficou, mais tarde, quando da morte de
seu pai, pois ainda era uma criança, sob a tutela de sua madrasta
Hatshepsut, que assumiu a regência do Egito por aproximadamente
20 anos.
FIGURA 21: Estátua de Thutmose III no Museu Luxor. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/File:TuthmosisIII-2.JPG. Acesso em: 09/04/2018
Amenhotep II
Shaw (2003) descreve que Thutmose III já estava idoso quando levou
seu filho Amenhotep (1427-1400 a.C.) a compartilhar a monarquia
com ele por pouco mais de dois anos como corregente. Amenhotep II
seguiu no mesmo sentimento de seu pai, completando a profanação
dos monumentos da Rainha Hatshepsut e assim eliminar as alegações
dela e sua linhagem real.
FIGURA 22: Cabeça da grande estátua de Amenhotep II em exposição no Museu de
Brooklyn. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AmenhotepII-
StatueHead_BrooklynMuseum.png. Acesso em: 09/04/2018
“E a filha de Faraó desceu a lavar-se no rio, e as suas donzelas passeavam pela borda do rio; e ela viu
a arca no meio dos juncos, e enviou a sua criada, e a tomou. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o
menino chorava; e moveu-se de compaixão dele e disse: Dos meninos dos hebreus é este. Então, disse
sua irmã à filha de Faraó: Irei eu a chamar uma ama das hebreias, que crie este menino para ti? E a
filha de Faraó disse-lhe: Vai. E foi-se a moça e chamou a mãe do menino. Então, lhe disse a filha de
Faraó: Leva este menino e cria para mim que eu te darei teu salário. E a mulher tomou o menino e
criou-o. E, sendo o menino já grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou; e chamou o seu
nome Moisés e disse: Porque das águas o tenho tirado. ” (Êxodo 2.5-10)
Rainha Ahmose
A Rainha Ahmose era filha do Faraó Ahmose e Ahmose-Nefertari
(Grimal, 2005). Shaw (2003)93 informa que foi do casamento com a
Rainha Ahmose que Thutmose I foi pai da futura Rainha Hatshepsut
e da Princesa Nefrubity. Grimal (2005)94 confirma Hatshepsut como
filha de Thutmose I com a Rainha Ahmose e informa que Amenemes
foi um filho que morreu muito cedo. Já Budge (1902)95 confirma que
do casamento com Thutmose I, Ahmose, que possuía os títulos de
“esposa divina”, “senhora das duas terras”, “a grande dama”, “irmã e
esposa real Ahmes”, teve duas filhas, Hatshepsut e Nefrubity e dois
filhos, Amenemes e Uatchmes, os quais nenhum viveu muito tempo.
David (2003)96 chama Ahmose de princesa. O Faraó Ahmose, pai da
Rainha Ahmose, foi o provável “faraó da opressão”, e Thutmose II,
seu esposo, em grande probabilidade, o autor do decreto que ordenou
o infanticídio (Êxodo 1.22). A contextualização dos fatos históricos da
vida da Rainha Ahmose permite, sem dúvidas, uma perfeita
harmonização com os fatos bíblico-históricos.
Moisés nasceu em pleno período de opressão da dinastia faraônica
que vai do início da opressão (Faraó Ahmose) até a ordem de matar
todos meninos hebreus lançando-os no rio Nilo, ordem proferida
provavelmente por Thutmose I (Êxodo 1.22). O fato do livro de Êxodo,
capítulo primeiro, não ser claro quanto à sucessão faraônica que há
no período histórico relatado, em nada invalida a possibilidade da
ocorrência da sucessão e muito menos impõe erro à narrativa no caso
da ocorrência da sucessão, pois faraó é um título e não um nome
específico. Quando Moisés nasce, a Princesa Ahmose, filha do Faraó
Ahmose, já estava casada com Thutmose I, e angariava para si
diversos títulos reais e divinos, porém, possivelmente já amargava a
morte de dois filhos homens, um trauma profundo e um stress de luto
e perda que poderia muito bem ser amenizado com o encontro da
criança Moisés em um cesto nas águas do rio Nilo.
(…) alguns dizem que o nome Moisés (moseh) era uma palavra hebraica e que esta
forma hebraica não foi conhecida pelos egípcios. Outros dizem que “Moisés” era
um nome egípcio, como “Mose” em Tutmose (Tutmés) ou Ahmose. Casuto (…)
sugere que o termo é egípcio, significando “filho” ou “é nascido” em som
“moseh” era um trocadilho com o verbo hebraico “masah”, “tirar”, significando
“puxou-o para fora da água”. (Walvoord e Zuck, 1983. Pág. 110)
É fato que o sufixo “Mose”, associado a “Lah ou Aah”, deusa
egípcia da lua ou Thoth, deus egípcio da escrita e da sabedoria,
nomeou importantes faraós como Ahmose, Tutmose e a própria
Rainha Ahmés. Também a adoção para o hebraico do sufixo egípcio,
Mose, concebendo-o como um nome próprio e com significado de
“aquele que é nascido ou tirado da água”, coloca um ponto de
inferência ao admitir estas ocorrências históricas, em mesmo período,
sendo que, diante de tal processo de harmonização temporal, é
inadmissível casualidade. A Rainha Ahmose, tendo descendência e
ligação com dois grandes nomes da história egípcia no Novo Reino,
Ahmose, o seu pai e Tutmose, seu esposo é na harmonização
histórico-cronológica, sem igual quando da admissão como
verdadeiro, de Moisés no cenário histórico-cronológico como seu
filho adotivo. A figura 24, “Árvore genealógica - família Tutmose I –
18ª dinastia” em conjunto e analisada com a figura 23, “Cronologia
Egípcia x Bíblica”, permite indubitavelmente ao leitor chegar de
maneira conclusiva aos fatos identificados.
FIGURA 24: Árvore genealógica - família Thutmose I – 18ª dinastia / Fonte: autor
Não se deve deixar de citar Flavio Josefo quanto a este fato, o que,
apesar de nomear a filha de Faraó por Termutis, um nome que não é
encontrado nas listas das famílias reais egípcias, a sua narrativa ajuda
a confirmar o contexto histórico bíblico e egípcio.
Como o berço flutuasse ao sabor das águas, Termutis, filha do rei, que passeava
pela margem do rio, avistou-o e ordenou a alguns dos que a acompanhavam que a
nado fossem buscá-lo. Trouxeram-no, e ela ficou tão encantada com a beleza da
criança que não se cansava de contemplá-la. Resolveu então tomar o menino aos
seus cuidados e mandar educá-lo. De sorte que, por um favor de Deus assaz
extraordinário, ele foi criado no mesmo lugar onde queriam a sua morte e a ruína
de sua nação. (Josefo, 2004, pág. 90)97
(...) parece que durante sua vida ela (Hatshepsut) enfrentou menos oposição do
que se poderia esperar, considerando a fúria com a qual seu enteado (Tutmose
III) mais tarde partiu para apagar sua memória após sua morte. (Grimal, 2005,
pág. 209)
O rei idoso (Tutmose III), no entanto, levou seu filho Amenhotep como
corregente no quinquagésimo primeiro ano de seu reinado, e então compartilhou
a monarquia com ele por pouco mais de dois anos. A ação conhecida como
“desonra de Hatshepsut”, que havia começado por volta do ano 46 ou 47, pode ter
pavimentado o caminho para o governo conjunto, de forma que Amenhotep II,
ele mesmo, completou a profanação dos monumentos do Rainha Hatshepsut. A
fim de eliminar as alegações de Hatshepsut e sua linhagem familiar, os
monumentos dela foram sistematicamente ajustados: alguns foram obscurecidos
por trabalhos; alguns foram mutilados para remover qualquer evidência de seu
nome; e muitos foram alterados de tal forma que os nomes de Tutmose III ou
Tutmose II substituiu os de Hatshepsut. (Shaw, 2003, pág. 241)
Senenmut foi uma figura onipresente ao longo dos três quartos de ano (aprox. 15
anos) do reinado de Hatshepsut, mas ele posteriormente parece ter caído em
desgraça por razões que não são precisamente conhecidas. (Grimal, 2005, pág.
211)
Mesmo no tempo de Senenmut houve rancorosa fofoca sugerindo que ele devia
sua boa sorte por manter relações íntimas com a rainha. De fato, parece que suas
estreitas conexões surgiram do papel que desempenhou na educação de sua
única filha Neferure, para quem um de seus irmãos, Senimen, atuava como
enfermeiro e mordomo. Muitas estátuas associam a princesa a Senenmut, que era
um homem culto. (Grimal, 2005, pág. 211)
69. Peret: é a estação quando a terra emergiu da inundação. (Peret, Enciclopédia Britânica.
Disponível em:
https://www.britannica.com/science/perehttps://www.britannica.com/science/peret. Acesso
em: 22/03/18)
70. Shaw, 2003, P. 480-489.
71. Unger, 1988, P.334,335.
72. William Foxwell Albright (24 de maio de 1891 - 19 de setembro de 1971) 1 foi um
arqueólogo americano, um estudioso da Bíblia, um filólogo das línguas semíticas e um
especialista em cerâmica. (William Foxwell Albright. Wikipédia. Disponível em:
https://fr.wikipedia.org/wiki/William_Foxwell_Albright. Acesso em: 22/03/18).
73. Edwin R. Thiele (10 de setembro de 1895 - 15 de abril de 1986) foi um missionário
Adventista do Sétimo Dia Americano na China, um editor, arqueólogo, escritor e professor
do Antigo Testamento. Ele é mais conhecido por seus estudos cronológicos dos reinos de
Judá e Israel. (Edwin R. Thiele. Wikipédia. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Edwin_R._Thiele. Acesso em: 22/03/18).
74. Joachim Begrich (13 de junho de 1900 - 26 de abril de 1945) foi um estudioso bíblico
alemão e teólogo nascido em Predel. Ele estudou filologia, assiriologia e teologia na
Universidade de Leipzig, em seguida, transferido para Halle, onde concentrou seus estudos
em teologia. Begrich o que o autor de um trabalho acadêmico sobre a cronologia dos reis de
Israel e Judá chamado A cronologia dos reis de Israel e Judá. (Joachim Begrich. Wikipédia.
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Joachim_Begrich. Acesso em: 22/03/18)
75. Shaw, 2003, pág. 9,10
76. Estes dois documentos tornaram-se de suma importância para a egiptologia no
concernente à atribuição de datas absolutas à cronologia da história do antigo Egito, mas
também são importantíssimos e providenciais para a confirmação cronológica do Êxodo
Bíblico, pois o relato astronômico ocorre conforme a “Carta de Lahum na 12ª dinastia no
período da chegada de Jacó e sua família ao Egito e conforme o Papiro Ebers no reino de
Amenhotep I em período do Êxodo.
77. Grimal, 2005, pág. 202
78. Schaefer, 2000, pág. 149-155
79. Sistema de Dados Astrofísicos da SAO / NASA (ADS) é um portal da Biblioteca Digital
para pesquisadores em Astronomia e Física, operado pelo Smithsonian Astrophysical
Observatory (SAO) sob uma concessão da NASA. Acesso: http://adsabs.harvard.edu/
80. Tetley, 2014, pgs. 153, 165, 170, 175, 418, 556, 559, 596
81. Shaw, 2003, pg. 220, 221
82. David, 2003, pg. 65,66
83. Grimal, 2005, pg. 190
84. Budge, 1902, pg. 209
85. Grimal, 2005, pg. 207
86. Shaw, 2003, pág. 220, 221
87. Grimal, 2005, pág. 220, 221 informa uma data máxima de 14 anos, muito próxima a Shaw.
88. Shaw, 2003, pg. 232
89. Shaw, 2003, pg. 207
90. Shaw, 2003, pg. 229
91. David, 2003, pg. 105
92. Breasted, 1906, pg. 58
93. Shaw, 2003, pg. 221
94. Grimal, 2005, pg. 190 e 207
95. Budge, 1906, pg. 209
96. David, 2003, pág. 105
97. Josefo, 2004, pág. 90: Livro Segundo, capítulo 5.
98. Para chegar nesta data a cronologia bíblica, considera o modelo cronológico já descrito
neste livro, adotando para o nascimento de Moisés o ano de 1526 a.C., e a informação
histórica contida no livro de Atos dos Apóstolos 7.23-25, o qual informa que Moisés tinha 40
anos quando foi visitar seus irmãos, o que infere o ano de 1486 a.C para este fato.
99. Loon, 2018, pág. 12.
100. David, 2003, pág. 143-145
101. Grimal, 2005, pág. 207
102. David, 2003, pág. 105
103. Nubia: Ao longo da história, várias partes da Núbia eram conhecidas por diferentes
nomes, incluindo Ta-Seti, Kush, Meroe e a Etiópia bíblica. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Nubians. Acesso em: 09/04/2018.
104. Shaw, 2003, pg. 234
105. A localização exata de Punt ainda é debatida pelos historiadores. Hoje, a maioria dos
estudiosos acredita que Punt estava situado no sudeste do Egito, provavelmente na região
costeira do moderno Djibuti, Somália, nordeste da Etiópia, Eritreia e litoral do Sudão no Mar
Vermelho. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Land_of_Punt. Acesso em:
21/11/2019.
106. Josefo, 2004, pg. 91-93
107. Grimal, 2003, pg. 212
7
O RETORNO DE MOISÉS AO EGITO E O
ÊXODO
“E aconteceu, depois de muitos destes dias, morrendo o rei do Egito, que os filhos de Israel
suspiraram por causa da servidão e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua
servidão. E ouviu Deus o seu gemido e lembrou-se Deus do seu concerto com Abraão, com Isaque e
com Jacó; e atentou Deus para os filhos de Israel e conheceu-os Deus. ” (Êxodo 2.23-25)
“Disse também o SENHOR a Moisés em Midiã: Vai, volta para o Egito; porque todos os que
buscavam a tua alma morreram. ” (Êxodo 4.19)
“E disse o SENHOR: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho
ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto, desci para
livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e larga, a uma terra
que mana leite e mel; ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do ferezeu, e do heveu, e do
jebuseu. ” (Êxodo 3.7,8)
A água do Nilo foi mudada em sangue, e, como o Egito não possui fontes, o
povo descobriu que a sede é o maior de todos os males. A água do rio não
somente adquirira a cor do sangue, mas o povo não conseguia bebê-la sem
sentir dores violentas (...). Um número incalculável de rãs cobriu a terra, e
comiam tudo o que ela produzia. O Nilo ficou também cheio delas (...) enviou
sobre o Egito uma imensa multidão de diversas espécies de pequenos animais,
até então desconhecidos. A terra ficou totalmente coberta deles, e era
impossível cultivá-la. (Josefo, 2004, pág. 98,99)
“Depois, disse o SENHOR a Moisés: Entra a Faraó e dize-lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu
povo, para que me sirva. E, se recusares deixá-lo ir, eis que ferirei com rãs todos os teus termos. E o
rio criará rãs, que subirão e virão à tua casa, e ao teu dormitório, e sobre a tua cama, e às casas dos
teus servos, e sobre o teu povo, e aos teus fornos, e às tuas amassadeiras. E as rãs subirão sobre ti, e
sobre o teu povo, e sobre todos os teus servos. ” (Êxodo 8.1-4)
“Disse mais o SENHOR a Moisés: Dize a Arão: Estende a tua vara e fere o pó da terra, para que se
torne em piolhos por toda a terra do Egito. ” (Êxodo 8.16)
Na quarta praga: a proliferação das moscas.
“Disse mais o SENHOR a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Faraó; eis que ele
sairá às águas, e dize-lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva. ” (Êxodo
8.20)
“Depois, o SENHOR disse a Moisés: Entra a Faraó e dize-lhe: Assim diz o SENHOR, o Deus dos
hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva. Porque, se recusares deixá-los ir e ainda por força
os detiveres, eis que a mão do SENHOR será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavalos,
sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima. ”
(Êxodo 9.1-3)
“Então, disse o SENHOR a Moisés e a Arão: Tomai os punhos cheios da cinza do forno, e Moisés a
espalhe para o céu diante dos olhos de Faraó; e tornar-se-á em pó miúdo sobre toda a terra do Egito,
e se tornará em sarna, que arrebente em úlceras nos homens e no gado, por toda a terra do Egito. ”
(Êxodo 9.8,9)
“Então, disse o SENHOR a Moisés: Estende a mão para o céu, e haverá saraiva em toda a terra do
Egito, sobre os homens, e sobre o gado, e sobre toda a erva do campo na terra do Egito. ” (Êxodo
9.22)
“Porque, se ainda recusares deixar ir o meu povo, eis que trarei amanhã gafanhotos aos teus
termos...” (Êxodo 10.4)
“Então, disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão para o céu, e virão trevas sobre a terra do
Egito, trevas que se apalpem. ” (Êxodo 10.21)
Webensenu pode ter sido o filho primogênito de Amenhotep II, desde que a ele
foi concedido enterro no túmulo real, uma honra não dada a qualquer um de
seus irmãos. (Aling,1979, pág. 100)
108. Bless, 2011, pág. 6 (The israelites in Egypt: An archaeological outlook on the biblical
exodus tradition by Jonathon D. Bless, Submitted to the Faculty of The Archaeological
Studies Program Department of Sociology and Archaeology, University of Wisconsin La
Crosse – 2011)
109. Trevisanato, 2005, Pág. introdução,
110. Erupção minoica de Santorini: também referida como a erupção do Tera ou erupção de
Santorini, foi uma catastrófica erupção vulcânica pliniana com um Índice de Explosividade
Vulcânica (IEV) de 6 ou 7 e uma Densidade Lítica Equivalente (DLE) de 60 km³, que se
estima ter ocorrido em meados do segundo milênio a.C., entre o período de 1 650–1 450 a.C.
A erupção foi um dos maiores eventos vulcânicos na Terra registrados na história. A
erupção devastou a ilha de Santorini, incluindo o assentamento minoico de Acrotíri, bem
como as comunidades agrícolas e áreas em ilhas próximas e na costa da ilha de Creta.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Erup%C3%A7%C3%A3o_minoica. Acesso em:
09/04/2018.
111. Admonitions; zonnehymne. Disponível em: http://www.rmo.nl/collectie/zoeken?
object=AMS+27+vel+1. Acesso em: 02/04/16.
112. Gardiner, 1969, pg. 8,9
113. Descrição parcial contida em Shaw, 2003, pg. 247: “Agora a estátua do grande Khepri [a
Grande Esfinge] descansava neste lugar, grande da fama, sagrada, de respeito, a sombra de
Ra repousando sobre ele. Memphis e todas as cidades em seus dois lados veio para ele, seus
braços em adoração ao seu rosto, tendo grandes ofertas para o seu ka. Um dia desses
aconteceu que o príncipe Thutmose veio viajando na hora do meio dia. Ele descansou na
sombra deste grande deus. [dormiu e] sonhou [tomou posse dele] no momento em que o sol
estava no zênite. Depois ele encontrou a majestade deste nobre deus falando de sua própria
boca como um pai fala com seu filho e dizendo: ‘Olhe para mim, observe-me, meu filho
Tutmés, eu sou seu pai Harmakhis Kheper-Re-Atum. Eu te darei a realeza [sobre a terra
antes dos vivos] [eis que minha condição é como uma em doença], todos [meus membros
arruinados]. A areia do deserto, na qual eu costumava estar, (agora) me confronta; e isso é
para fazer com que você faça o que está no meu coração que eu esperei.
114. Aling, 1979, pág. 97,98
115. Shaw, 2003, pg. 246,247
116. Dodson, Aidan e Histon, Dyan, 2004, pg. 132
117. Dodson, Aidan e Histon, Dyan, 2004, pg. 141
118. Hoffmeier, 2015, pág. 198
119. A postura minimalista defende que tudo que não é corroborado por evidências
contemporâneas aos eventos a serem reconstruídos deve ser descartado.
CONCLUSÃO