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EXPOSIÇÃO DA HISTÓRIA DO ALFABETO

ALGUMAS NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ESCRITA

O INÍCIO DA ESCRITA

O homem surgiu cerca de 1500 000 anos atrás. Porém, somente nos últimos 30 000
anos surgiram as pinturas rupestres em cavernas. Essas pinturas são encontradas em
todas as partes do mundo. A escrita não se originou dessas pinturas, mas elas
serviram para ajudar o homem a representar o mundo fora de sua mente.

A escrita surgiu com o começo da Civilização, ou seja, com a formação das


primeiras cidades, cerca de 5000 anos atrás, na Mesopotâmia. Os sumérios
começaram a escrever, reproduzindo números e palavras que indicavam animais,
plantas e objetos de uso pessoal

DESENHO OU ESCRITA?

A distinção entre um desenho e uma figura que tem o valor de escrita reside no fato
de o desenho referir-se aos objetos materiais do mundo e a escrita referir-se às
palavras, sílabas, sons ou idéias ligadas à linguagem oral.

Em todos os tempos, as pessoas usaram figuras para representar palavras.


Pictogramas são figuras que evocam uma idéia e, ao mesmo tempo, referem-se a
palavras ou sons de palavras. Os egípcios usavam pictogramas para representar
consoantes. Os sumérios usavam para representar sílabas e palavras, nós usamos
para representar palavras ou expressões. Os ícones do mundo moderno são
pictogramas.

TIPOS DE ESCRITA

A escrita ideográfica parte da representação gráfica de uma idéia, em geral, através


de uma figura e com isto, o falante descobre de que palavra se trata e os sons que
têm. Por exemplo, o pictograma  é a figura de uma caveira, mas, na nossa cultura,
significa perigo, e os falantes de português sabem que esse pictograma deve ser lido
como perigo. Se fosse um falante de inglês, diria danger diante do mesmo
pictograma. Os números são formas de escrita ideográfica, mas não figurativas
(pictogramas). Assim, um falante de português vai ler 50 como cinqüenta, mas um
falante de inglês como fifty. Como se pode ver, as escrita ideográficas costumam
permitir uma leitura fácil em diferentes línguas.

A escrita fonográfica parte do reconhecimento dos sons que as letras têm, com o
objetivo de formar os sons de uma palavra completa para, assim, se descobrir qual o
significado. Juntando as duas partes - sons e significados - descobre-se, então, a
palavra que a escrita representa. Este tipo de escrita só serve para uma língua por
vez.

Rébus é um tipo de escrita que usa pictogramas para representar um ou mais sons
de uma palavra e é muito usado em cartas enigmáticas e em grafites. Como
apresentam uma espécie de charada, os rébus são usados como uma forma de
desafio ou de jogo. Veja o seguinte grafite de um muro: 80 = 20 v (decifração: oi,
tentação! vim te ver).

INVENTORES DE ESCRITA

Os povos antigos atribuíam a invenção da escrita a deuses. No Egito, a escrita foi


atribuída a Thot, na Suméria à deusa Nisaba, na Babilônia ao deus Nabu, na Índia a
Brahma. As runas foram atribuídas ao deus Odin e até na Bíblia, a escrita tem uma
origem divina. Os gregos atribuíram a criação de seu alfabeto a um figura lendária
chamada Cádmio. Alguns povos atribuíram a invenção da escrita a sábios como
Tsáng Chieh e Chü-sung, na China, ou a grandes líderes, como Kublai Kahn, na
Mongólia. A escrita Han’gul foi atribuída ao rei Seijong, na Coréia. Os sábios
coreanos Ajiki e Wani criaram a escrita japonesa a partir da chinesa. Os irmãos
Constantino e Metódio criaram o alfabeto cirílico, usado para escrever o russo. A
ação de missionários e exploradores motivou a criação de novos sistemas de escrita
nos dois últimos séculos. Em 1840, Beitha Kukju inventou um alfabeto para os
albânios, derivado do grego. A escrita cheroqui foi inventada pelo índio Sikwayi,
em 1820, que a modificou várias vezes.

ESCRITA CUNEIFORME

Os sumérios chegaram à Mesopotâmia, região entre os rios Tigre e Eufrates, no IV


milênio a.C., inventaram as cidades e organizaram os costumes pessoais em cultura
de uma nação, ou seja, fundaram a civilização. A região ficou dividida entre o
Chúmer (Suméria) ao sul e Acad ao norte.
As formas mais antigas de escrita, de cerca de 3300 a.C., foram encontradas em
vários lugares da Suméria, sobretudo em Uruk e Jemdet Nasr. Depois apareceram
em lugares tão afastados como Nínive, Susa (no Irã ocidental) e em Tell Brak e
Habuba Cabira (no norte da Síria) e até em Seistan (na fronteira com o Afganistão).
Como se tratava de escrita pictográfica e existia mais de uma língua na região (as
principais eram o sumério e o elamita) não sabemos exatamente que língua foi
usada nos documentos mais antigos de escrita que conhecemos, sendo mais
provável a língua suméria.

Partindo da escrita de palavras através de figuras, em Uruk, logo apareceu uma


escrita baseada mais nos sons do que no significado dos pictogramas. Isto foi
possível porque a língua suméria era basicamente monossilábica (como o chinês).
Portanto, uma palavra como se, que significava “cevada” e era representada por um
ramo de cevada, passou a representar o som “chê” em qualquer contexto em que
esse som ocorresse. Assim, os caracteres passaram a representar basicamente sons e
não significados. A escrita tornou-se, então, silábica. E desse modo ficava menos
difícil escrever nomes próprios estrangeiros, cujo significado era desconhecido.

A escrita de base fonográfica surgiu de um uso especial (fonético) dos próprios


pictogramas. O caractere que representava a boca aberta com os dentes era ka, mas
foi empregado também para representar a idéia de gritar, que se dizia gu e até para
representar “dentes”, que se dizia zu. Portanto, um mesmo caractere passou a
representar três sílabas diferentes: ka, gu e zu - além disto, podia ser usado para
representar du, que significa “falar” e inim, que significa “palavra”.

Além de se tornar fonográfica de base silábica, a escrita cuneiforme perdeu cedo o


aspecto figurativo que tinha nos pictogramas. Houve, ainda, uma rotação na posição
dos caracteres, e um modo de escrever por “cunhas” e não mais por linhas, que
acabou tornando a escrita com o aspecto “cuneiforme”, como ficou sendo chamada.

A escrita cuneiforme era feita quase sempre da direita para a esquerda linearmente
(anverso), com as escritas separadas por linhas. No tempo dos pictogramas, as
palavras eram escrita em pequenos quadrados e os pictogramas não tinham ali uma
ordem fixa: era preciso interpretar também a ordem para se chegar ao
reconhecimento final da palavra.

Com a escrita surgiu a escola. A primeira escola era para se aprender a escrever. Um
estudioso dos sumérios, chamado Walker, diz: Quase todas as residências desse
período (Babilônico Antigo 2004-1595), escavadas em Ur e Isin, possuíam alguns
textos escolares de um ou de outro tipo, sugerindo que todos os meninos das
famílias ricas eram enviados à escola. Os alunos treinavam primeiros “as cunhas”
verticais, horizontais e oblíquas, em separado; depois, formando caracteres e,
finalmente, formando palavras e seqüências de caracteres, tendo como modelo
inicial sempre nomes próprios.

Na Mesopotâmia, muitas pessoas ricas tinham sua biblioteca particular. Os templos


e os palácios tinham enormes bibliotecas, como as do rei Assurbanipal em Nínive e
a de Mari e, sobretudo, a de Ebla. Os copiadores de obras dessas bibliotecas
começaram o costume de colocar no final do texto a indicação da obra, de sua
origem e o nome de quem o copiou (colofão).

Nos tempos modernos, a escrita persa antiga foi a primeira forma de escrita
cuneiforme a ser decifrada, graças a um texto trilíngüe (persa, elamita e babilônico)
de Dario no rochedo de Behistum. Acredita-se que o próprio Dario (521-486 a.C.)
tenha mandado inventar uma escrita própria para os monumentos do rei. A escrita
tinha três vogais (a, i, u) e 36 caracteres silábicos, formados de consoante mais uma
das três vogais. Além disto, havia uma cunha inclinada que era usada como divisor
de palavras e cinco ideogramas. A escrita persa antiga parou com o fim da dinastia
aquemênida, com Artaxerxes III (358-338).

Há tabletes cuneiformes espalhados pelo mundo. Por exemplo, no Museu Britânico,


há mais de 130 mil, em Istambul há mais de 80 mil, em Chicago há mais de 20 mil e
na Filadélfia mais de 30 mil, sem contar os do Louvre, de Bagdá e da Síria. Como
acontece com objetos de valor, muitos tabletes foram “copiados” e vendidos como
antigos, já a partir de 1890 e, sobretudo, na década de 30. Algumas falsificações são
tão bem feitas que lembram os originais, mas há também falsificações grosseiras,
que os especialistas logo reconhecem.

ESCRITA EGÍPCIA

A escrita egípcia apresenta um conjunto básico e reduzido de caracteres que


representam consoantes isoladas ou grupos consonantais, desde os documentos
mais antigos, que datam de cerca de 3000 a.C. Além disto, há cerca de 600
caracteres, usados para representar idéias e segmentos fonéticos específicos, para
evitar ambigüidades.
Embora os egípcios não tenham começado com um sistema ideográfico, como os
sumérios, os caracteres de sua escrita eram pictográficos - chamados de hieróglifos -
e, por isso, lembravam visualmente a escrita ideográfica. A escrita egípcia manteve-
se constante, com poucas modificações, por cerca de 3000 anos. Como começaram
desde cedo a escrever em papiro e em madeira, a forma figurativa dos hieróglifos
foi se simplificando e acabou gerando um outro estilo de letra, conhecido como
escrita hierática. Apesar desse nome referir-se a uma “escrita de sacerdotes” e
hieróglifo referir-se a “escrita sagrada”, na verdade, era um modelo de escrita
comum e bastante difundido entre o povo.

Os egípcios deixaram o maior conjunto de documentos escritos da antigüidade do


Oriente Próximo. São documentos de todos os tipos, desde simples cartas pessoais,
documentos e leis até obras científicas, religiosas e literárias.

Escreviam comumente sobre o papiro, além de deixar a escrita cinzelada na rocha


dos monumentos. Gostavam também de escrever em paredes, portas e nos mais
variados objetos de uso caseiro e pessoal. Isto mostra que a escrita não era um
privilégio de uma classe de sábios ou de sacerdotes, mas de domínio popular.

A ORIGEM DO ALFABETO

ANTECEDENTES

No Oriente Próximo, havia dois sistemas de escrita em uso: a escrita cuneiforme,


oriunda da Mesopotâmia e a escrita hieroglífica, oriunda do Egito. Com a evolução
rápida da escrita cuneiforme, os dois sistemas dominantes eram do tipo fonográfico,
com o caráter ideográfico presente no uso de uns poucos ideogramas. A idéia geral
que se tinha ao usar esses sistemas de escrita era a de que se escrevia a partir dos
sons das palavras. A escrita cuneiforme era silábica e a egípcia escrevia apenas as
consoantes, mas de uma forma um tanto complicada, exigindo muitos caracteres.

Por volta de 2000 a.C., em Ugarit, surgiu um sistema de escrita muito simplificado,
que empregava apenas um caractere para cada tipo de consoante mais três
caracteres para representar as vogais a, i e u precedidas de uma consoante oclusiva
glotal. Uma idéia mais difundida de simplificação da escrita deve ter vindo de um
modo de escrever que começou a aparecer com os semitas que, por volta de 1500
a.C., trabalhavam para os egípcios nas minas do Sinai e que, hoje, constitui a
primeira manifestação do alfabeto.

O alfabeto foi criado a partir da aplicação do princípio acrofônico. Foi feita uma
lista de palavras cujo primeiro segmento fonético não se repetisse; desse modo,
chegou-se a uma lista de 21 palavras - constatou-se que nenhuma palavra começava
por vogal. Definidos os sons básicos do sistema, a escolha dos caracteres acabou
recaindo nas formas hieroglíficas egípcias, de tal modo que o aspecto figurativo dos
pictogramas lembrassem os objetos representados pelas palavras da lista. Por
exemplo, a primeira palavra da lista era álef , que significava boi. Então, foi
escolhido o hieróglifo que tinha o aspecto figurativo da cabeça de um boi para ser a
letra que passaria a ter o som inicial da palavra alef (uma oclusiva glotal - som que
aparece na nossa fala quando alguém diz Ah! Ah!? com um ‘corte’ no meio da
vocalização dos dois As). Para a segunda palavra beth, que queria dizer casa, foi
escolhido o hieróglifo que representava uma casa (que em egípcio se dizia per). E
assim com todas as palavras da lista que se tornaram também os nomes das
primeiras letras do alfabeto.

Somente com os gregos, cerca de 700 anos depois, o sistema passaria a incorporar
também as vogais como letras independentes, chegando, assim, à forma acabada do
sistema alfabético.

Infelizmente, uma idéia tão genial e uma invenção tão importante encontrou um
obstáculo que modificou fundamentalmente a natureza “alfabética” do sistema
recém criado. Desde os sumérios, já se tinha visto que era preciso “congelar” formas
de escrita para que todos escrevessem de um único modo as mesmas palavras,
independentemente da maneira como cada um (pessoa ou dialeto) pronunciava-as.
Os egípcios também estabeleceram logo essa regra. Na verdade, o princípio
ortográfico faz parte de todo e qualquer sistema de escrita. E o alfabeto não era uma
exceção.

Com a ortografia em ação, o valor fonético das letras deixou de ser dado pelo
princípio acrofônico e passou a ser definido a partir de todas as pronúncias que as
palavras têm. Assim, em português, a letra T que representava o som de tê passou a
ter também o som de tchê (cf. tua, tia); a letra S ficou também com o som de chê (cf.
pronuncia carioca de rapaz), além do som de sê (cf. sapo)... e assim por diante. A
noção de contexto em que ocorre uma letra ou um som passou a ser um elemento
muito importante para as relações entre letras e sons: o S que ocorre entre vogais
tem o som de “zê” (cf. casa) e é diferente daquele que ocorre no início de palavras
(cf. sapo).
Na evolução histórica do alfabeto, a “lista de palavras” que servia de base para o
princípio acrofônico e que acabou originando os nomes das letras, foi se
modificando, de tal modo que o princípio acrofônico precisou de interpretações
especiais. Assim, dizemos “bê” para a letra B e o princípio acrofônico funciona
bem. Mas, dizemos, “eme” para M e, neste caso, o som da consoante não aparece no
início, mas no meio de seu nome (é a única consoante do nome). No caso de H e W,
o princípio acrofônico não se aplica.

PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES E DIFUSÃO DO ALFABETO

Ao que tudo indica, os usos mais antigos do nosso alfabeto foram encontrados em
1904, no monte Sinai, nas ruínas de um templo da deusa Hator, em Serabit al-
Khadim e nas redondezas, onde semitas trabalhavam para egípcios em minas de
cobre. A decifração da escrita encontrada foi feita por Alan Gardiner em 1916. Não
se sabe ao certo qual língua semítica do sul do Oriente Médio tinha sido usada, mas
presume-se que tenha sido o canaanita. Aqueles documentos datam de cerca de
1500 a.C. Esse tipo de escrita ficou conhecido como proto-sinaítica e dela foram
encontrados registros posteriores em outras partes da Palestina, indo até cerca de
1300 a.C.

Em 1923, foi encontrado o documento mais antigo com escrita fenícia, na lápide da
tumba do rei Ahiram de Gebal, em Biblos, datado do final do século XIII a.C. A
escrita fenícia, nessa época, já estava bem estabelecida e iria durar vários séculos e
influenciar outros sistemas. Os documentos com escrita fenícia apareceram mais
freqüentemente só a partir do século V a.C.; o auge, porém, do uso dessa escrita se
dá no séc. III a.C. A escrita fenícia serviu de modelo para as escritas das línguas
canaanita e aramaica, que foram muito usadas no Oriente Médio antigo. Da escrita
aramaica surgiu a escrita hebraica.

A genealogia do alfabeto mostra como as escritas que são usadas hoje vieram de
outras que, em geral, acabaram desaparecendo em um certo momento da história da
civilização.
A adaptação do alfabeto para escrever línguas diferentes criou alfabetos derivados
que variavam quer no valor fonético de algumas letras, quer na forma gráfica dos
caracteres.

O ALFABETO GREGO

O grego arcaico já tinha sido escrito com os caracteres silábicos de Creta (escrita
linear B) e com o de Chipre, na época micênica (c. 1500 a.C.). Depois,
aparentemente, os gregos deixaram de escrever por cerca de 800 anos! Conta a
lenda ou a história que um certo fenício de nome Cádmio mudou-se para a Boécia
em 1350 a.C. e começou a escrever o grego, usando o alfabeto consonantal fenício.
Os historiadores Heródoto (484-420 a.C.) e Eratóstenes (282-192 a.C.) contam essa
história.

Fora o caso do vaso dipylon, os documentos mais antigos de escrita grega foram
encontrados nas ilhas de Thera, Melos e Creta e trazem a forma gráfica de caracteres
recém importados da escrita fenícia dos séculos IX e VIII a.C. Como se vê, há um
vazio de cerca de 500 anos entre a chegada de Cádmio e o documento mais antigo
grego escrito com caracteres fenícios. A figura histórica desse fenício pode ser uma
lenda, mas o fato de os gregos terem importado o alfabeto fenício é uma verdade
histórica.

Como a escrita alfabética consonantal dos semitas baseava-se no princípio


acrofônico, os gregos logo perceberam que havia muitos sons fenícios que não
apareciam em grego e vice-versa. O que foi possível manter seguiu o padrão de
origem. As letras que sobraram foram redefinidas de acordo com a necessidades da
língua grega. Por exemplo, a letra aleph referia-se ao som de uma oclusiva glotal,
que não ocorria em grego. Como a letra seguinte era a vogal [a], o aleph ficou com
o som do [a]; a letra semítica hé e heth ficaram com os sons das vogais [é] breve e
[ê] longa; a letra iod passou a representar a vogal [i]. A letra ayin - cujo som
semítico (oclusiva faringal) não ocorria em grego passou a representar a vogal [o]
breve. A semivogal semítica vau ficou representando uma vogal i arredondada a
que os gregos chamaram de ípsilon. Finalmente, passaram para a tradição algumas
letras inventadas pelos próprios gregos: o teta com o som de t aspirado; o psi com
os sons do grupo consonantal [ps]; o fi representando o [f] e o ki para o som de [k],
uma vez que o quopa caiu em desuso.

Para manter o princípio acrofônico funcionando, os nomes semíticos das letras


passaram para o grego adaptados apenas fonologicamente, seguindo o padrão da
língua: alfa, beta, gama, etc.

Transcrevendo as consoantes e as vogais, os gregos completaram a invenção do


alfabeto. Na época clássica grega (séc. VII a.C.), o sistema de escrita grego ático, de
Atenas, começou a ter prestígio maior sobre os demais e, em 403 a.C., foi adotado
de forma geral.
O tipo atual da forma gráfica das letras gregas foi lançado em 1660 por Wetstein de
Antuérpia. Até o período bizantino (séc. III), os gregos escreviam sem separar as
palavras. Muito raramente apareciam pontos indicando os limites de vocábulos na
escrita. No séc. II a.C., Aristófanes de Bizâncio introduziu na escrita três marcas que
se tornariam sinais de pontuação: um ponto alto representava uma espécie de
ponto-final; um ponto médio correspondia ao atual ponto-e-vírgula e um ponto
baixo, na base da letra, representava uma vírgula atual. Os sinais de pontuação vão
se generalizar somente a partir do séc. IX na escrita de textos e, sobretudo, de livros
que eram lidos, em geral, em voz alta.

LETRAS E NÚMEROS

Muitos povos antigos usaram os mesmos caracteres da escrita para representar os


números, sobretudo na tradição alfabética semítica. Os gregos seguiram essa
tradição, de tal modo que as letras serviam também para representar algarismos,
seguindo a ordem do alfabeto. Letras arcaicas como o dígama e o quopa deixaram
de ser usadas na escrita de palavras mas permaneceram na escrita dos números. Os
gregos foram grandes matemáticos e suas obras permaneceram nos bancos escolares
por muitos séculos.

O ALFABETO ETRUSCO

Os etruscos começaram a escrever sua língua, usando um sistema de escrita oriundo


do grego jônico com características locais, que se achava em Eubéia (antiga Ichia -
logo abaixo de Nápoles), colônia grega na Itália. Uma das características dessa
escrita era a forma arredondada do C e D, diferente das formas jônicas  e .

Os etruscos começaram a escrever no séc. VII a.C. e prestigiaram tanto a escrita que
colocavam-na em muitos objetos. Há cópias do alfabeto em vasos, mostrando a
escrita como objeto de decoração e de prestígio.

O alfabeto etrusco tinha 26 letras. Como na língua etrusca não existiam as oclusivas
sonoras [b, d, g] (nem a vogal [o]), as letras correspondentes apareciam no alfabeto,
mas não nos textos (assim como nós temos em nosso alfabeto as letras K, W e Y). A
letra grega  representava [], que existia em etrusco, mas como havia também [f],
inventaram uma nova letra para esse som, semelhante a um 8.

Os povos germânicos usaram o alfabeto etrusco, mas acabaram modificando as


letras de tal forma que criaram um novo alfabeto de traços retos, sem curvas. É o
alfabeto rúnico (runas) que foi mais usado na Escandinávia.

O ALFABETO LATINO

Os romanos se educaram com os etruscos, tornaram-se cultos e poderosos e


acabaram dominando os próprios etruscos e impondo seu modo de vida. Dentro
desse cenário, adaptaram o sistema alfabético etrusco para escrever o latim. O
documento mais antigo é a Pedra Preta do Fórum Romano, em escrita bustrofedon,
com um alfabeto de 21 letras e datada de cerca de 600 a.C.

Como o latim não tinha oclusivas aspiradas, a letra  (que era [] ficou com o som
de P. A antiga letra Y vau, escrita como µacabou se transformando no F e
representava os sons [u, v, f]. No século IV a.C., o latim substituiu o som S por R.
Na mesma época o caractere que representava o som Z caiu em desuso. As letras
etruscas C, K e Q foram usadas no começo; porém, depois, sobrou apenas a letra C,
que representava o som de [k]. Quando o latim passou a ter também o som de [g],
representado também pela antiga letra C, Spurius Carvilius Ruga inventou o traço
vertical na letra C, produzindo a letra G, em 230 a.C.

Talvez por influência etrusca, os romanos não pegaram os nomes gregos das letras.
Como a escrita alfabética baseia-se no princípio acrofônico, bastava identificar os
sons das letras para constituir seus nomes. Assim, as letras passaram a se chamar: a,
bê, cê, dê, etc. No começo, as consoantes se diziam pelo som inicial mais a vogal e,
exceto K que se dizia ka, Q que se dizia qu e X que se dizia iks. Na época do
gramático Varrão (nascido por volta de 116 a.C.), os nomes das letras mudaram. As
vogais continuaram tendo apenas o som que representavam. As consoantes F, L,
M, N, S e R passaram a ter o som consonantal precedido da vogal E e não seguido,
como acontecia com as demais letras. As letras Z e Y foram reintroduzidas no
alfabeto posteriormente, ocupando os últimos lugares e ficaram com os nomes
gregos: zeta e ípsilon. A letra H era chamada de adspiratio e representava uma
fricativa glotal surda (do tipo do H em inglês). Com essa estrutura, o alfabeto latino
iria dominar o mundo da escrita até os dias de hoje.

A ORIGEM DE ALGUMAS LETRAS MODERNAS

J - A letra J surgiu da forma alongada da letra I, quando ocorriam dois Is (II), para
não confundir isso com a letra U. No século XIV, surgiu o costume de colocar pingo
nos Is e Js. O ortógrafo francês Louis Meigret colocou o J depois do I no alfabeto,
dando-lhe o valor de nova letra, uma vez que passou a representar um som
diferente.
V - A forma gráfica V era usada pelos latinos para representar o som de U ou a
fricativa labiodental sonora, ainda no latim. A escrita uncial arredondou a forma da
letra. No séc. XVII, as duas letras passam a ser independentes, com funções
próprias. A nova forma V foi colocada após o U (que era a forma semítica mais
antiga).

W - A letra W (dábliu ou duplo vê - como chamam os portugueses) veio da fusão de


dois Vs (VV). Surgiu na Alemanha, nos séc. XI e XII, mas já podia ser encontrada
na escrita insular de 692. Como adquiriu uma função diferente do V (ou U), ficou
como letra nova e foi colocada após o V.

t - Com a escrita uncial, a letra T passou a ter o traço vertical alongado, indo além da
trave horizontal. Essa característica foi passada para as letras carolinas e,
conseqüentemente, para as letras minúsculas.

Pp Tt - A escrita minúscula (séc. IX) gerou letras de tamanhos diferenciados por


razão de algum traço ir mais alto ou mais baixo do que a faixa em que normalmente
se inseriam as letras (capitais).

Cedilha - aparece como um pequeno z colocado abaixo da letra C para indicar um


som fricativo dental que ocorria na pronúncia antiga do francês e do português e na
pronúncia comum do espanhol até hoje (ceceo). A escrita insular já tinha inventado
uma letra própria ( thorn e þ wynn - a primeira oriunda do grego e a segunda do
alfabeto rúnico) que foi usada durante um certo tempo na tradição inglesa e acabou
dando lugar para o dígrafo TH.

Diacríticos - Quase todos os sistemas alfabéticos modernos usam diacríticos para


modificar a forma gráfica de letras e atribuir valores fonéticos diferentes. Os
portugueses fizeram isso com os acentos e o til. Os espanhóis usam o Ñ para
representar o que fazemos com NH.

& - Forma antiga com ligadura das letras E+T, equivale a um E, em português (e
and em inglês).

@ - Usado como símbolo universal da arroba ou, hoje, como demarcador nos
endereços de E-mail. Trata-se de uma ligadura de A + T, por isso os ingleses usam
para a palavra “at”.

Letras sem uso - Por outro lado, algumas línguas não usam determinadas letras do
alfabeto, como o italiano que não as letras J K W X e Y na sua ortografia e o yorubá
que não usa as letras C Q V e Z.

OS ESTILOS DAS LETRAS

Durante muitos séculos, a escrita alfabética utilizou apenas um estilo de letras que
chamamos de letras maiúsculas. As escritas árabe e hebraica, ainda hoje, mantém
um estilo básico de letras no uso geral. Na Idade Média, um fator que contribuiu
para a expansão de novos estilos de letras foi a produção de livros manuscritos nos
scriptoria. Cada calígrafo ou copista punha características pessoais no trabalho,
criava modelos e influenciava outros escribas.

Todos os sistemas de escrita desenvolvem também uma forma “mais rápida” de


escrita, para uso pessoal ou comercial, que se caracteriza por uma simplificação
gráfica no traçado, por ligaduras que chegam a amalgamar caracteres e por uma
preferência de formas arredondadas às demais. Esta maneira de escrever é
conhecida como escrita cursiva.

As diferentes formas gráficas das letras - ou seus estilos - constituem verdadeiros


alfabetos, assim como o alfabeto grego se diferenciava do fenício, do aramaico e do
hebraico.

A existência da possibilidade de variação apresentada pelos estilos de letras baseia-


se na categorização gráfica das letras. Na verdade, as letras são entidades abstratas
que têm um certo valor de uso nos sistemas de escrita. Assim, a letra A não é
apenas o conjunto de traços que ela tem, mas uma forma que preenche um valor de
escrita, de tal modo que todas as formas gráficas identificadas com essa função são,
de fato, letras A. Essa identificação é feita pela ortografia, que diz quais letras
devem compor as palavras.

A preocupação artística com a escrita acaba gerando um padrão gráfico típico e


recorrente para cada estilo, de tal modo que possa ser detectado em todos os
caracteres. A mistura de estilos serve apenas para fazer destaques, como o uso da
escrita itálica para chamar a atenção. Depois da invenção da imprensa, os textos de
livros, revistas e jornais têm pelo menos dois estilos de letras: letras maiúsculas
(estilo capital) e letras minúsculas (estilo carolíngio).

AS FONTES DAS LETRAS E SEUS ESTILOS


Ao longo da história do alfabeto latino, encontram-se alguns estilos que ficaram
mais famosos, como os apresentados a seguir. Não é difícil perceber que os estilos
agrupam-se em famílias, formando descendentes.

1. LETRAS CAPITAIS: eram as letras latinas usadas nos monumentos (letras


monumentais) e que ficaram depois com o nome de letras maiúsculas. A forma
definitiva dessa escrita estava em uso pleno no sec. I d.C.
2. LETRAS CURSIVAS LATINAS: muitas escritas desse tipo chegaram até nós,
algumas encontradas em grafites de Pompéia.
3. LETRAS UNCIAIS: eram letras do tamanho de uma unha (“uncia”) que eram
usadas no começo dos textos. Depois, já em tamanho normal, passaram a ser usadas
no corpo dos textos. Nos séc. III e IV foi muito usada na produção de livros
manuscritos ilustrados que iriam se tornar moda nos próximos séculos. Uma
variação deste estilo ficou com o nome de letras Meio-unciais.
4. ESTILO INSULAR: entre os séc. VII e XIII, os grandes centros de produção de
livros iluminados localizavam-se na Irlanda e Inglaterra, com características do
chamado estilo insular ou na Europa, com o estilo continental. O estilo irlandês
caracterizava-se pelas formas pontudas das letras, ao passo que as da Inglaterra
eram arredondadas. A letra W originou-se da escrita insular.
5. ESTILO CONTINENTAL: os três lugares mais representativos foram: a Itália
com o estilo curial; a Espanha com uma escrita de formas retilíneas e
perpenticulares e a França, com o estilo carolíngio.
6. LETRAS CAROLINAS: as letras minúsculas são descendentes diretas das letras
carolíngias ou carolinas, usadas em Tours, sob o comando de Alcuíno, no tempo de
Carlos Magno, no séc. IX. A escrita carolina descende das letras unciais. Da escrita
carolina, surgiram na Itália outros estilos, como as letras rotundas, bastardas,
antiquas e nótulas.
7. LETRAS GÓTICAS: são letras com forma gráfica quebrada e quadrada, muito
usada nos séc. XI-XIV. Uma outra característica é o traçado largo e o uso de tinta
preta, que motivou o nome de letras pretas. Foi usada nos primeiros livros
impressos, por ser a letra mais comum na época. Uma variação do estilo gótico se vê
nos estilos Textura e Fraktur, que foram usados até a Segunda Guerra, na
Alemanha.
8. LETRAS ROMANAS: Quando a imprensa começou a funcionar na Itália, no
final do sec. XV, estava em uso um estilo de letra chamado Antiqua da qual derivou
a escrita que ficou conhecida como Tipo Romano. Nicholas Jenson projetou um tipo
romano que influenciou outros artistas das letras, em 1470.
9. LETRAS ITÁLICAS: uma versão do tipo romano inclinado, oriundo do estilo
antiqua, que por sua vez vinha das letras carolinas, deu origem a um dos estilos
mais usados, conhecido como itálico. Teve sua origem na tipografia de Aldus
Manutius, em Veneza, no final do séc. XV. Francesco Griffo era o artista das letras
de A. Manutius e responsável pela forma das letras.
10. VELHO ESTILO: com essa denominação aparecem muitas fontes de letras,
principalmente, dos séc. XVI e XVII, como o estilo (Claude) Garamond (1540). O
estilo Caslon surgiu já em 1730.
11. NOVO ESTILO: são letras projetadas principalmente nos séc. XVIII e XIX,
como os estilos Times New Roman, Baskerville e (Giambattista) Bodoni (década de
1760). O estilo mais usado nos tempos modernos foi o Times New Roman, na versão
de Stanley Morrison, surgido em 1931. O mesmo Morrison lançou o estilo Bembo,
em 1929, inspirado num trabalho de Pietro Bembo de 1495 (De Aetna).
12. CALIGRAFIA DE ESCRITURÁRIO: estilo de letra manuscrita padronizada para
uso comercial, muito usada nos séc. XVII e XVIII. A forma “tradicional” de escrita
caligráfica manuscrita é atribuída a Petrarca. Desses estilos surgiu a chamada
caligrafia escolar.
13. LETRAS SEM SERIFA: esse estilo de letras apareceu no final do séc. XIX e
começo do XX, como os estilos de Eric Gill Sans-serif. Este estilo é usado em
publicações “populares” e raramente em livros.
13. LETRAS DE MÃO OU SCRIPT (manuscritas): como estilo de impressão com
tipos separados, aparece no séc. XX, sobretudo através de recursos eletrônicos de
digitação. Quando esse estilo de letra aparecia em impressos antigos, o texto como
um todo era gravado em separado, como se fosse uma figura.
14. ALFABETOS FONÉTICOS: São alfabetos criados pelos lingüistas para
transcrever os sons da fala sem o uso da ortografia, sendo que cada letra
corresponde apenas a um som e vice-versa. O alfabeto fonético mais usado, hoje, é
o da Associação Internacional de Fonética, conhecido como alfabeto IPA. Muitas
letras são derivadas das formas maiúsculas ou minúsculas com modificações
especiais e há um grande uso de diacríticos.

O ALFABETO HOJE

O sistema alfabético, que usamos, conta com cerca de 3500 anos de uso
ininterrupto. Se não tiver durado mais é, pelo menos, tão antigo quanto o sistema
chinês. Com o passar do tempo, o alfabeto teve uma importância cada vez maior.

O alfabeto foi usado pelos povos conquistadores e descobridores da Europa e, desse


modo, acabou sendo usado em todos os cantos da Terra. Das formas mais antigas,
foi o alfabeto latino que serviu de modelo básico para a posteridade, embora outros
tenham tido menos importância, mas sobrevivido concomitantemente. O próprio
alfabeto latino suplantou outros modelos de escrita alfabética, como o árabe, o
indiano, etc., servindo de regra para transliterações em casos de uso internacional,
por exemplo, para se escrever endereços internacionais, mapas, guias, etc.

A vantagem do sistema alfabético sobre o ideográfico está no fato de as línguas do


mundo usarem um conjunto relativamente pequeno de sons da fala, dados pelas
possibilidades articulatórias do homem. Assim, uma escrita que parte dos sons para
transcrever a fala contará sempre com um conjunto reduzido de caracteres. Soma-se
a isso o fato de as línguas explorarem apenas uma pequena parcela desse conjunto
de possibilidades articulatórias, em média menos de dez vogais e menos de trinta
consoantes. Por outro lado, uma escrita que parte do reconhecimento semântico das
palavras terá, inevitavelmente, um conjunto muito grande de caracteres, aberto à
possibilidade de novas aquisições.

A escrita tem, ainda, um outro problema muito complicado que enfrenta a todo
instante: é a variação dialetal da fala das línguas. Os sistemas fonográficos, como o
alfabeto, acabam congelando a forma gráfica das palavras através da ortografia,
com o objetivo de neutralizar a variação dialetal de pronúncia.

Quanto mais se estende o uso do alfabeto, mais rígida torna-se a ortografia. Com o
passar do tempo, as forma ortográficas das palavras acabam se distanciando muito
dos valores fonéticos tradicionais das letras, criando um novo problema para o
sistema. Reformas ortográficas são inevitáveis a muito longo prazo, caso contrário,
o sistema perde sua característica mais importante que é a neutralização da variação
dialetal.

Todo sistema de escrita tem um princípio cumulativo que faz com que velhos usos
fiquem no sistema enquanto novas formas vão surgindo. Isto não tem a ver somente
com o fato de a escrita trazer a memória da humanidade, mas é algo da própria
natureza dos sistemas. Por essa razão, vemos hoje como no uso que fazemos da
escrita encontram-se elementos de vários tipos de escrita e não apenas de um
modelo alfabético. Isto é notável sobretudo na publicidade e em jornais e revistas.
Não é raro constatar em uma mesma página, elementos de escrita como os
apontados a seguir:

- Letras de mais de um estilo: pelo menos letras maiúsculas (estilo capital) e letras
minúsculas (estilo carolina). Além destes, outros estilos ou fontes costumam
aparecer. Nota-se que uma mesma letra aparece com diferentes formas gráficas:
A, a, a; B, b, etc.
- Acentos, diacríticos, marcas, pontuação, etc.: fôrma, não, / ; > ! ? #, @, % ... “a”.
- Números e notações científicas: 259,      , etc.
- Letras usadas como verdadeiros ideogramas, por exemplo, R. para rua, SP para
São Paulo, Dr. para doutor, etc.
- Escritas que representam barulhos, sons e até sentimentos, através de interjeições
ou de outras formas de expressão, como: tchigum, Grrrrr, nhec-nhoc-nhec-
nhoc!, @#*$, etc.
- Gráficos, mapas, tabelas - que são formas de escrita ideográfica.
- Notas musicais e símbolos:          .
- Letras usadas para “inventar” palavras novas, como nas siglas, logotipos,
logomarcas: Banespa, INPS (dito “ienepeesse”), Gegê (nome de loja), etc.
- Uso de pictogramas (figuras representando palavras), como em  123-4567 (ou
 123-4567), em que  representa as palavras “telefone para” ou  que
representa as palavras “corte aqui”, etc.
- Formas ortográficas variantes, antigas e novas: Thais e Thaís, Antônio e António,
etc.
- Nomes estrangeiros: Schumacker, New York, Peter Sellers (e não Pedro
Vendedores), etc.
- Ilustrações, diagramação, destaques através de cores diferentes, etc.

Os computadores trouxeram nova vida à escrita, sobretudo no uso feito pela Internet
e nos materiais de multimídia, como os jogos de computador. O excesso de ícones e
de pictogramas no mundo moderno, fora dos livros tradicionais, tem colocado o
homem moderno diante de uma quantidade diferente de material de escrita.

Os aparelhos multimídia estão cada vez mais utilizando a fala e a imagem e menos a
escrita do tipo alfabética. Isto não significa que a escrita alfabética esteja
desaparecendo, uma vez que tem seu lugar garantido por muito tempo nos livros,
revistas e jornais. Mas os hábitos de leitura e de escrita e o modo de relacionamento
do homem moderno com a escrita mudaram muito e a tendência é mudar mais para
o futuro, com novas tecnologias de comunicação.

GLOSSÁRIO DOS SISTEMAS DE ESCRITA

ABREVIATURA: variante ortográfica da escrita de uma palavra que consiste em


representar apenas alguns de seus caracteres. As abreviaturas costumam ter
marcas próprias, como o ponto.
ALFABETO: sistema de letras que atribui um caractere a uma vogal ou a uma
consoante. Na forma mais típica, as relações entre letras e sons são unívocas e
iguais às relações entre sons e letras.
ALGARISMO: ideograma usado para representar os números naturais.
BUSTROFEDON: direção da escrita que consiste em escrever uma linha em uma
direção e a seguinte em forma espelhada com relação à anterior.
CARACTERE: o mesmo que símbolo gráfico usado como unidade básica de um
sistema de escrita; pode ser uma letra ou um ideograma.
CATEGORIZAÇÃO FUNCIONAL: propriedade que, nos sistemas alfabéticos, define que
som uma letra tem em função da variação lingüística (dialetal) em correlação
com a forma ortográfica das palavras de uma língua. Nos sistemas ideográficos
define o significado e não o som.
CATEGORIZAÇÃO GRÁFICA: propriedade que, nos sistemas alfabéticos, reconhece
como determinada letra uma forma gráfica de acordo com o contexto em que
ocorre em palavras e das regras ortográficas da língua.
CONSONANTAL (escrita): sistema de escrita que atribui letras a consoantes e não a
vogais. Não existe sistema que atribui letras apenas a vogais.
CURSIVA (escrita): maneira de traçar as letras de forma rápida o que ocasiona
simplificações na forma gráfica, com tendência a manter as letras conectadas
entre si.
DIACRÍTICO: são marcas usadas para modificar o valor básico dos caracteres,
atribuindo um valor novo ou acrescentando uma característica a mais.
DESENHO: forma figurativa gráfica que representa um ser ou um objeto. Os
desenhos referem-se a seres da vida, ao passo que a escrita (figurativa)
representa uma palavra.
ESCRITA: representação gráfica da linguagem oral; seu objetivo é permitir a leitura.
ESTELA: lápide de pedra usada como suporte para escrita antiga.
FONOGRÁFICA (escrita): escrita que parte da representação fonética (sons) para
definir o valor dos caracteres. Os sistemas fonográficos são silábicos ou
alfabéticos. A parte semântica é recuperada pelo conhecimento que o leitor tem
das palavras que lê.
GLIFO: caractere ideográfico ou fonográfico que representa uma palavra ou parte
maior do que a sílaba. É usado mais comumente para se referir a palavras
representadas por desenhos (pictogramas).
HIERÓGLIFOS: caracteres de alguns sistemas de escrita antiga, como os egípcios.
Representam um estilo de escrita monumental em oposição a outro manuscrito.
IDEOGRÁFICA (escrita): escrita que parte da representação semântica (idéias) para
definir o valor dos caracteres. A parte fonética é dada pelo conhecimento que o
leitor tem de como a idéia representada é falada.
IDEOGRAMA: caractere figurativo ou abstrato que representa uma idéia, não um som.
LETRA: caractere ou símbolo gráfico de escrita usado como unidade nos sistemas
alfabéticos e nos silabários. Uma letra é uma unidade abstrata definida
graficamente pela categorização gráfica e cujo valor fonético é definido pela
categorização funcional.
LIGADURA: maneira de juntar (amalgamar) duas ou mais letras em uma forma
gráfica especial, com sobreposição de partes (portanto, diferente de
monogramas).
ORTOGRAFIA: definição de quais caracteres e de sua ordem na composição das
palavras. A ortografia representa uma forma fixa de escrever os caracteres,
neutralizando a variação dialetal no sistema alfabético e a variação semântica
nos sistemas ideográficos.
PETRÓGLIFO: glifos feitos em pedras.
PETROGRAMA: desenho geométrico ou com alto grau de convencionalismo
encontrado em rochas da era paleolítica.
PICTOGRAMA: forma figurativa (desenho) usada para representar uma palavras (uma
idéia).
PONTUAÇÃO (sinais): são marcas gráficas ou tipográficas usadas para guiar a leitura
e organizar o texto escrito. Alguns fenômenos prosódicos e sintáticos são
marcados na escrita através da pontuação.
RÉBUS: forma de escrita fonográfica que tem parte da palavra representada por uma
figura ou símbolo e outra parte representada por outra figura ou símbolo. Trata-
se de uma única palavra representada por dois ou mais “ideogramas”.
TABLETE: pequena almofada de barro usada como suporte para escrita antiga.

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