Quiz Aula 2

1. As pinturas rupestres entraram tardiamente na historiografia da arte – quando foram descobertas (séc. XIX) eram
consideradas representações primitivas (logo, não eram arte) e por isso desmerecedoras de estudo. A pintura
impressionista permitiu olhar de outra maneira para essa produção extraordinária, feita com muitos poucos meios, mas
tirando partido, até, das irregularidades das superfícies de suporte. Mais tarde (já no século XX), por comparação com
outras representações artísticas de povos primitivos atuais, foi possível configurar uma interpretação possível. Então, se
hoje é “pacífico” incluí-las numa história da arte, porque motivo também devemos incluí-las numa história do Design de
Comunicação? Não seria mais adequado começar a HDC na invenção dos caracteres móveis?

Através dos estudos comparativos das representações artísticas dos povos primitivos atuais e as pinturas rupestres do Paleolítico
Superior, foi possível chegar a teorias e interpretações sobre estas primeiras gravuras. Considerou-se então, que as gravuras
rupestres realizadas por estes povos primitivos representavam processos comunicativos com os Deuses. Os temas destas gravuras
eram na maior parte das vezes temas de caça, com representação de animais, manadas, e homens com as suas armas. Serviam assim
de pedidos aos Deuses, por exemplo para colocarem as manadas na direção certa. Desta forma, uma vez que estas gravuras, com
elementos visuais e pictóricos, têm o objetivo de comunicar com os Deuses, são inseridas na história do Design de Comunicação
como os primórdios da comunicação visual.

2. A invenção da escrita surgiu para registar textos literários e poéticos e era praticada apenas pela família real e pelos
sacerdotes. Valide esta afirmação.

Falsa. A invenção da escrita surgiu de um puro ato de necessidade em registar informação económica crucial, que não poderia ser
feita apenas recorrendo à oralidade, de forma mais eficaz, como por exemplo, registos de relatórios de produção e inventários. Esta
reprodução escrita servia também para prever cenários, com o intuito de, a partir daí, construir estratégias. É o caso da prevenção de
escassez e fome de forma a que a população se encontre saudável e vigorosa para possíveis guerras que se avizinhem. Já os textos
literários e poéticos eram transmitidos de geração e geração através da tradição oral, não havendo inicialmente a necessidade de
serem escritos.

3. A escrita egípcia desdobra-se em três (e acrescenta-se mais uma, a copta, praticada num período tardio), com
características muito diferentes. Identifique-as. Quais as vantagens do papiro relativamente a outros materiais de suporte
usados na Antiguidade (já agora, identifique esses vários suportes utilizados)? Como e quando se conseguiu decifrar a
escrita hieroglífica e a escrita demótica?

Os três tipos de escrita egípcia, segundo a classificação de Heródoto, são a escrita hieroglífica (c. 3200 a.c.), a escrita hierática
(cursivo) (c. 3000 a.c.) e a escrita demótica (ou escrita comum) (c. 650 a.c.).

O papiro foi uma invenção dos Egípcios, tendo a vantagem de tornar a escrita mais portátil. Antes da invenção do papiro eram
utilizados outros suportes como placas de argila e ossos de animais, como o osso de vaca.

A escrita hieroglífica e a escrita demónica foram decifradas por Champollion em 1822 graças à Pedra da Roseta no ano. Esta pedra
apresentava o mesmo texto em 3 línguas diferentes. Através da comparação das duas escritas egípcias ao grego antigo, que era
facilmente lido na altura, foi possível decifrar as duas primeiras.

4. A invenção do alfabeto pelos Fenícios estabelece um salto muito significativo na escrita. Comente.

O alfabeto é constituído por sinais fonéticos, sendo uma revolução na história da escrita, uma vez que através da combinação de
poucos sinais foi possível obter uma infinidade de palavras e frases. A invenção do alfabeto pelos Fenícios serve de base para o
desenvolvimento dos alfabetos que conhecemos hoje.

5. Dê exemplos de temas/áreas que justificaram a necessidade da escrita na Antiguidade (desde a Mesopotâmia até à queda
do Império Romano).

Relatórios das produções agrícolas, de forma a evitar períodos de escassez. Registos económicos do Estado. Textos religiosos para
fomentar a fé cristã entre as elites. Anúncios e propaganda política.

6. É correto afirmar que as civilizações grega e romana dependeram da escrita e da leitura? Tal significa que a sua prática
continuou confinada a um grupo social altamente especializado, como na Mesopotâmia?

Não é correto. A escrita surgiu de uma necessidade económica, mas a maior parte da comunicação continuou a ser feita de forma
oral, uma vez que a maior parte da população é analfabeta. Assim, a escrita era apenas destinada a um grupo especializado, os
escribas.
 7. A escrita romana, sobretudo aquela que é cinzelada na pedra para memória futura, apresenta características que
influenciam a escrita carolíngia e a escrita humanística. Valide esta afirmação.

A escrita romana, especificamente a capitular quadrada, foi a primeira escrita a ser utilizada aquando do aparecimento do alfabeto
latino, entre o século II e III. As letras minúsculas derivaram destas anteriores, através da utilização de um gesto cada vez mais
rápido. As letras semi-unciais, que se desenvolveram a partir deste fenómeno, foram consideradas as primeiras minúsculas e
constituíram o desenho-base da minúscula carolíngia. A escrita carolíngia, será mais tarde retomada pelos renascentistas e darão
origem, no séc. XV em Itália, às letras humanistas. As letras humanistas apresentam-se assim, como uma combinação da capitular
quadrada romana, no desenho das maiúsculas, com a letra carolíngia, nas minúsculas.

8. Durante a Idade Média, com a exceção da escrita praticada na corte de Carlos Magno e do seu sucessor (renascimento
carolíngio), o desenho da letra “complica-se”, ao ponto de ser muito difícil de ler. Comente.

Na idade média, a escrita uncial e a letra gótica utilizadas em textos longos, dificultam a leiturabilidade, uma vez que os seus
desenhos são complexos e algumas letras são muito semelhantes entre si. A letra gótica confere uma textura densa e negra ao texto.

9. Quais as principais características do manuscrito iluminado?

As principais características do manuscrito iluminado são: o texto, as iniciais (capitulares iluminadas), a marginália (margens do
manuscrito- inferior e exterior maiores e por vezes iluminadas e com anotações) e as miniaturas (pequenos quadros com figuras,
pintura feita com lupa).

10. Qual a relação entre os manuscritos iluminados mais tardios e os primeiros livros impressos.

Os primeiros livros impressos, os incunábulos, apresentam influências e inspirações aos manuscritos iluminados, com as capitais
iluminadas, margens generosas, pintura feita à mão e utilização da letra gótica.

11. O Livro de Horas do duque du Berry é um objeto gráfico de excelência. Justifique.

O livro de horas é um livro de bolso utilizado pelas elites sociais para as suas orações. As ilustrações deste livro foram realizadas
pelos irmãos Limbourg, cujos temas de cada mês estão relacionados com as atividades da corte e o trabalho do campo,
acompanhando as estações do ano. As ilustrações têm cores vivas, sendo importante destacar a qualidade deste azul intenso, que
apresenta uma profundidade que só é possível obter graças à utilização de um pigmento caro proveniente da pedra lapis lazulli. As
páginas são uniformes e equilibradas, e de excelente qualidade gráfica nos elementos visuais e também na sua produção.

12. Depois do aparecimento dos primeiros livros impressos (c. 1450), o manuscrito com ou sem iluminura desaparece.
Valide a afirmação anterior e comente-a.

A informação está incorreta. O aparecimento dos livros impressos facilitou a reprodução de vários exemplares, tornando o processo
mais rápido. No entanto estes objetos eram mais caros que as cópias manuscritas. Assim, o manuscrito perdurou de forma a servir
como alternativa mais barata ao livro impresso, contribuindo, desta forma para a divulgação e difusão do conhecimento. Para além
disso, os manuscritos permitiam a edição, revisão e atualização dos textos.