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Religiosidade: Que bicho é esse?

Gabriel Victor Rodrigues Ferreira1


Prof. Carlos Bacoccina2

Introdução
Contextualização do tema da religiosidade e sua importância
No contexto contemporâneo, a religiosidade desempenha um papel significativo,
mesmo em sociedades cada vez mais pluralistas e secularizadas. Embora o papel e a
influência das tradições religiosas tenham evoluído ao longo do tempo, a religiosidade
continua a ser uma força motriz na vida de muitas pessoas, fornecendo um sentido de
identidade, propósito e orientação moral. A religiosidade desempenha um papel central
na busca por respostas existenciais e espirituais em um mundo marcado por rápidas
transformações, incertezas e desafios. Em meio a essas mudanças, muitos indivíduos
voltam-se para a religião e a espiritualidade como fontes de conforto, esperança e
sentido de transcendência. A religiosidade pode oferecer um quadro de referência para
compreender e enfrentar as questões complexas e profundas da vida, como o propósito,
a morte, o sofrimento e a moralidade.

Além disso, a religiosidade desempenha um papel importante na formação da


identidade pessoal e comunitária. Ela pode fornecer uma base cultural e ética para a
tomada de decisões e orientar os indivíduos em relação a valores e comportamentos. A
participação em rituais religiosos e a pertença a uma comunidade de fé também
proporcionam um senso de pertencimento, conexão social e suporte emocional.

No entanto, é importante reconhecer que a religiosidade contemporânea também


enfrenta desafios e questões complexas. A diversidade religiosa, o diálogo inter-
religioso, as tensões éticas e morais, e as críticas às instituições religiosas são alguns
dos temas que permeiam o cenário religioso atual. A religiosidade deve ser
constantemente avaliada, pois, por meio das suas práticas equivocadas muitos danos
podem ser causados na sociedade.

1 Graduando em Teologia Ministerial pelo Seminário Batista Logos. E-mail: gabrielvictorrf@outlook.com


2 Professor no seminário batista logos
Nesse contexto, a compreensão e o estudo da religiosidade são essenciais para uma
análise aprofundada das experiências religiosas e para a promoção do diálogo
interdisciplinar. A pesquisa teológica pode contribuir para uma melhor compreensão das
diversas manifestações da religiosidade, suas influências na sociedade e as maneiras
pelas quais ela pode influenciar a vida das pessoas. Isso proporciona um espaço para
apologética e diálogo construtivo, auxiliando na destruição de uma religiosidade “barata”
e desmistificando práticas que só visam o enriquecimento e o egoísmo.

Apresentação do objetivo do artigo


O objetivo deste artigo é explorar e analisar a religiosidade em seu contexto amplo,
investigando suas características, significados e relevância no mundo contemporâneo.
Buscaremos compreender a religiosidade como um fenômeno universal presente em
todas as pessoas e lugares, e examinaremos sua importância na formação da
identidade individual e coletiva, na busca por sentido e transcendência, e na orientação
moral e ética. Além disso, pretendemos investigar como a religiosidade pode influenciar
as atitudes e comportamentos das pessoas, tanto de maneira positiva quanto negativa,
destacando a importância de uma abordagem correta e fundamentada nas escrituras
sagradas. Utilizando um método baseado em leitura crítica e conceituação dos termos,
buscamos fornecer uma análise abrangente e reflexiva sobre a religiosidade,
examinando suas múltiplas manifestações e expressões na diversidade religiosa
contemporânea. Por meio dessa exploração, esperamos ampliar o entendimento sobre
a religiosidade como um "bicho" complexo e influente, oferecendo insights para uma
vivência religiosa bíblica, enraizada em princípios sólidos e capaz de promover a
transformação positiva tanto na vida dos indivíduos quanto na sociedade em geral.

Definição e natureza da religiosidade


Definição da religiosidade como expressão da busca espiritual do ser humano
A religiosidade pode ser definida como a expressão da busca espiritual inerente ao ser
humano, refletindo sua necessidade de conexão com o divino e de encontrar significado
e propósito em sua existência. Essa busca se manifesta por meio de crenças, rituais,
práticas e vivências religiosas, que variam amplamente de acordo com as tradições e
contextos culturais. É claro nas escrituras que o homem tem um senso transcendente
imposto em seu ser por Deus, esse senso faz com que as pessoas expressem essa
busca espiritual conforme essas práticas citadas. O pregador em Eclesiastes 3.11 diz:
11 “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração
do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao
fim.”3

No contexto brasileiro, a religiosidade é uma característica marcante, uma vez que o


país apresenta uma diversidade religiosa significativa. Diversas matrizes religiosas
coexistem, incluindo o cristianismo, o espiritismo, o misticismo, o umbandismo, entre
outras expressões religiosas. A religiosidade desempenha um papel importante na vida
das pessoas, fornecendo orientação espiritual, apoio emocional e um senso de
comunidade. Ela influencia a ética e os valores, moldando as atitudes e comportamentos
das pessoas. Além disso, a religiosidade pode ser uma fonte de resistência e esperança
diante dos desafios enfrentados, como desigualdade social, violência, desemprego,
divórcio, morte e injustiças.

No entanto, é fundamental ressaltar que a religiosidade também enfrenta desafios, como


a superficialidade espiritual, a manipulação religiosa e a falta de embasamento nas
escrituras. Portanto, é necessário um discernimento crítico e uma busca por sabedoria,
que se baseie na relação íntima com Deus e no compromisso com os princípios e
ensinamentos bíblicos, como nas palavras do próprio Deus: “29 De lá, buscarás ao
SENHOR, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua
alma.” 4

Exploração da relação entre religiosidade e a fé cristã


A religiosidade e a fé cristã são conceitos intimamente relacionados, mas apresentam
distinções importantes. Enquanto a religiosidade abrange a expressão ampla da busca
espiritual do ser humano, a fé cristã se baseia nos ensinamentos e na pessoa de Jesus
Cristo, como revelados nas escrituras sagradas. A religiosidade, como mencionado
anteriormente, envolve crenças, rituais, práticas e vivências religiosas, que variam de
acordo com as tradições e culturas. Ela reflete a necessidade humana de buscar
significado, transcender o mundo material e estabelecer uma conexão com o divino. A
religiosidade pode manifestar-se em diferentes formas, desde a devoção pessoal até a
participação em instituições religiosas e práticas comunitárias.

3
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Ec 3.11.
4
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Dt 4.29.
Por sua vez, a fé cristã é centrada em Jesus Cristo como o caminho para a reconciliação
com Deus. Ela se baseia nas escrituras bíblicas. A fé cristã envolve a crença na morte
e ressurreição de Jesus como um ato redentor, a confiança em sua obra salvadora e a
busca de um relacionamento pessoal com Deus por meio dele e por sua aliança.

Embora a religiosidade possa abranger diferentes tradições religiosas, a fé cristã


apresenta características específicas que a distinguem. Ela enfatiza a graça divina como
base para a salvação, a importância da vida em comunidade e da prática das
ordenanças de Jesus, como o amor ao próximo, a justiça e a compaixão e mesmo que
essas coisas falhem por conta do pecado que ainda opera no mundo, a fé cristã tem
como esperança a segunda vinda de Jesus para uma restauração completa. A fé cristã
também valoriza a oração, a adoração, a leitura da Bíblia e a participação na
comunidade de fé como formas de fortalecer o relacionamento com Deus e vivenciar a
transformação espiritual.

No entanto, é importante ressaltar que a religiosidade não se limita apenas à fé cristã,


pois existem diversas expressões religiosas ao redor do mundo. A religiosidade e a fé
cristã estão entrelaçadas, mas não são sinônimos. A religiosidade abrange a busca
espiritual humana em sua amplitude, enquanto a fé cristã se baseia nos ensinamentos
e na pessoa de Jesus Cristo. No livro Respostas evangélicas à religiosidade Brasileira5,
página 9 temos a seguinte definição: “Falar de religiosidade é falar da relação entre o
divino e o humano, da tendencia humana ao divino, e do desejo divino em compartilhar
com o humano.” Em outras palavras, a fé cristã em certo sentido é totalmente religiosa
pois nos atos bíblicos vemos Deus com esse desejo divino em compartilhar de si mesmo
com o humano, aliás, é somente através dessa revelação (como um ato de remover o
véu de cima de algo e mostrar o que está por baixo) que podemos nos debruçar na
teologia.

A religiosidade na Bíblia

A religiosidade no contexto do Antigo Oriente Próximo era profundamente enraizada


na vida cotidiana e permeava todas as esferas da sociedade. As civilizações da região,
como a Mesopotâmia, o Egito, a Pérsia e o antiga Israel, desenvolveram sistemas
religiosos complexos e variados, com crenças, rituais e práticas distintas. No Antigo
Oriente Próximo, a religiosidade estava intrinsecamente ligada à adoração de

5
ROCHA, A. S. et al. Respostas Evangélicas à Religiosidade Brasileira. São Paulo: Vida Nova, 2004.
divindades específicas associadas a elementos naturais, fenômenos cósmicos e
aspectos da vida humana. As pessoas buscavam estabelecer uma relação
harmoniosa com essas divindades, acreditando que sua intervenção divina era
fundamental para o bem-estar individual e coletivo como nas colheitas, na morte ou
preservação da vida de seus animais e coisas rurais da época.

Na Mesopotâmia, por exemplo, os sumérios e acádios acreditavam em uma


multiplicidade de deuses que governavam diferentes aspectos da vida, desde o deus
do céu até a deusa do amor e da fertilidade. Os rituais e oferendas eram realizados
regularmente para apaziguar essas divindades e obter sua proteção e bênção. No
Egito Antigo, a religião desempenhava um papel central na sociedade, com o faraó
sendo considerado um intermediário divino. Os egípcios adoravam uma ampla
variedade de deuses e deusas, como Osíris, Ísis e Rá, e acreditavam na vida após a
morte e no julgamento final. No antigo Israel, a religiosidade estava enraizada no
monoteísmo, com a adoração exclusiva ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. A religião
judaica, com sua adoração no Templo de Jerusalém e a prática dos mandamentos da
Lei, era central para a identidade e a vida do povo israelita.

A religiosidade no Antigo Oriente Próximo era caracterizada por rituais elaborados,


sacrifícios, festivais religiosos, orações e interação direta com as divindades por meio
de sacerdotes e intermediários. Acreditava-se que a religiosidade adequada garantiria
a proteção divina, a prosperidade e a harmonia na sociedade. Portanto, a religiosidade
no Antigo Oriente Próximo era uma parte essencial da vida das pessoas, permeando
suas práticas diárias, crenças e cosmovisões.

Um exemplo bíblico de religiosidade


Nos tempos do novo testamento, Jesus se dirigiu aos fariseus de sua época como
religiosos morais: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de
mim. 9 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”6

Neste trecho, Jesus está repreendendo os fariseus e escribas por sua religiosidade
superficial. Ele destaca a importância da conexão genuína do coração com Deus, em
contraste com a adoração meramente externa e baseada em tradições humanas. Essa
passagem nos convida a refletir sobre a natureza da religiosidade verdadeira. Ela vai
além de meras palavras e ações externas.

6
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Mt 15.8–9.
Ao destacar a conexão entre o coração e a religiosidade, Jesus enfatiza a importância
da motivação correta por trás das práticas religiosas. A adoração vazia e meramente
formal não é aceitável diante de Deus. Ele deseja um engajamento sincero e profundo
com Ele, que vai além de rituais vazios e alcança a essência espiritual.

Esse texto nos leva a refletir sobre nossa própria religiosidade. Será que nossa
adoração é genuína? Estamos nos aproximando de Deus com corações sinceros e
verdadeiros? Estamos seguindo as doutrinas e preceitos divinos, em vez de seguir
cegamente tradições humanas?

A mensagem central desse texto é que a religiosidade verdadeira vai além das
aparências externas e se concentra na devoção do coração. É um chamado para
examinarmos nossa própria religiosidade e buscar uma vida significativa com Deus,
baseada nos princípios e ensinamentos bíblicos.

Manifestações contemporâneas de religiosidade


A sociedade atual é marcada por uma ampla diversidade de expressões de
religiosidade. Ao observarmos ao nosso redor, podemos identificar uma variedade de
práticas, crenças e tradições religiosas que refletem a busca espiritual das pessoas.
Alguns exemplos notáveis incluem:

1. Cristianismo: O cristianismo continua sendo uma das principais expressões


religiosas no mundo, com diferentes denominações e tradições. Ele engloba
uma variedade de práticas, desde as igrejas tradicionais até a prática pentecostal
e o movimento carismático, que enfatizam a experiência direta com o Espírito
Santo.

2. Espiritismo: No Brasil, o espiritismo tem uma presença significativa, com suas


raízes nas doutrinas de Allan Kardec. O espiritismo busca a comunicação com
espíritos e promove a crença na reencarnação e na evolução espiritual através
de obras de caridade.

3. Umbanda e Candomblé: Ambas são religiões afro-brasileiras que combinam


elementos africanos, indígenas e católicos. A umbanda e o candomblé têm um
forte vínculo com a espiritualidade da natureza e a adoração de orixás e
entidades espirituais, há uma enorme influência política sobre essas correntes
também.

4. Ateísmo e agnosticismo: Além das expressões religiosas, também é importante


mencionar a presença de visões que se dizem não religiosas, como o ateísmo e
o agnosticismo, que questionam ou negam a existência de um ser supremo. Para
muitos, a ausência de uma crença religiosa é uma forma de buscar significado e
ética na vida sem recorrer a concepções divinas. Porém, é válido dizer que o
não crer também pode ser expresso como uma forma de religiosidade.

Essas são apenas algumas das diversas expressões de religiosidade presentes na


sociedade contemporânea. Cada uma delas reflete a busca do ser humano por conexão
espiritual, sentido e propósito na vida.

Análise crítica das manifestações contemporâneas à luz dos princípios cristãos


Ao analisar as manifestações contemporâneas de religiosidade à luz dos princípios
cristãos, é importante adotar uma postura crítica e reflexiva. Embora existam várias
expressões religiosas e espirituais na sociedade atual, nem todas estão alinhadas com
os ensinamentos e valores do cristianismo. A partir dessa perspectiva, podemos
identificar alguns pontos de análise crítica:

1. Sincretismo religioso: Uma crítica comum é a presença de sincretismo religioso,


onde elementos de diferentes tradições religiosas são mesclados de forma
sincrética. É importante avaliar se essas práticas sincréticas estão em
conformidade com os princípios e ensinamentos bíblicos, o que normalmente
não estão.

2. Relativismo moral e ético: Em algumas manifestações religiosas


contemporâneas, pode-se observar um enfraquecimento dos valores morais e
éticos fundamentais do cristianismo. O relativismo moral, que nega a existência
de verdades morais absolutas, pode minar a base ética e comprometer os
princípios cristãos sua maior influência hoje é a agenda comunista que visa
destruir valores como família e casamento, se infiltrando nas escolas e
universidades.

3. Prosperidade e materialismo: Alguns movimentos religiosos enfatizam a busca


por prosperidade material como um sinal de bênção divina, como no
pentecostalismo e neopentecostalismo. No entanto, é importante avaliar se essa
ênfase no materialismo está de acordo com os ensinamentos bíblicos sobre a
simplicidade, generosidade e busca do Reino de Deus em primeiro lugar.

4. Teologia da autoajuda: Outra tendência é a prevalência de uma teologia da


autoajuda (Coach), que coloca o foco no indivíduo e na busca por realização
pessoal. Embora seja importante buscar crescimento e desenvolvimento
pessoal, é fundamental lembrar que o cristianismo também enfatiza o amor ao
próximo, o serviço desinteressado e a busca pelo bem comum.

5. Manipulação e mercantilização da fé: Infelizmente, há casos em que a fé é


explorada de maneira manipuladora e mercantilizada, com líderes religiosos que
buscam benefícios financeiros e poder pessoal. Essas práticas vão contra os
princípios cristãos de integridade, humildade e serviço ao próximo. O problema
também não é apenas os líderes, mas as pessoas que visam enriquecimento
rápido como em um cassino ou casa de apostas, e por conta disso, adotam um
cristianismo raso e não fundamentado nos ensinos de Cristo. Por conta disso,
muitos são manipulados e entregam seu dinheiro aos “pastores” por conta de
eisegeses com temas que como: O próprio apóstolo Paulo citando Jesus disse:
“Mais bem-aventurado é dar que receber”7

É importante discernir e avaliar se essas manifestações estão alinhadas com os valores


e ensinamentos centrais do cristianismo, como amor, justiça, verdade e busca de uma
relação plena com Deus. Isso nos permitirá abraçar o que é verdadeiramente edificante
e rejeitar o que está em conflito com os princípios de Deus.

Desafios e equívocos na vivência da religiosidade


Identificação dos desafios enfrentados pelos cristãos na vivência da religiosidade

Os cristãos enfrentam uma série de desafios na vivência da religiosidade nos dias de


hoje. Alguns dos principais desafios incluem:

1. Secularismo e relativismo: Em uma sociedade cada vez mais secularizada e


pluralista, os cristãos podem enfrentar pressões para conformar-se aos valores

7
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), At 20.35.
e padrões predominantes. O secularismo promove a ideia de que a religião deve
ser mantida como uma questão privada, enquanto o relativismo nega a
existência de verdades absolutas.

2. Perseguição e intolerância: Em muitas partes do mundo, os cristãos enfrentam


perseguição e intolerância. Essa realidade se manifesta por meio de restrições
governamentais, discriminação social e até mesmo violência. Esses desafios
podem tornar a vivência da fé extremamente difícil e perigosa para os cristãos.

3. Pressões culturais e sociais: A cultura contemporânea muitas vezes apresenta


valores e ideologias que estão em conflito com os ensinamentos cristãos. Os
cristãos podem se sentir pressionados a comprometer suas crenças e práticas
para se encaixar na sociedade. Isso exige uma firmeza doutrinária e fidelidade
aos princípios cristãos, mesmo diante de desafios e resistências.

4. Materialismo e consumismo: A busca pelo sucesso material e a cultura do


consumismo como aconteceu nos dias de Jeroboão II, rei de Israel, podem
distrair os cristãos de uma vivência autêntica (Cf. livro do profeta Amós). A
tentação de buscar a felicidade e a satisfação nas coisas materiais pode
perverter o relacionamento com Deus.

5. Influência das mídias sociais e tecnologia: As mídias sociais e a tecnologia têm


um impacto significativo na forma como as pessoas vivem e expressam sua
religiosidade. Embora possam ser usadas como ferramentas positivas, também
podem ser fontes de distração, comparação e superficialidade na vivência da fé
cristã. Na realidade, podemos dizer que a maior evidência de uma religiosidade
superficial está nas mídias sociais. Muitos citam textos bíblicos, mas vivem
totalmente fora dos padrões que postam. “Teólogos” surgem em vários cliques,
e as pessoas se perdem apenas em conceitos intelectuais efêmeros ao invés de
viverem uma vida em comunidade real.

Diante desses desafios, os cristãos são chamados a permanecer firmes em sua fé,
buscando a orientação da Palavra de Deus e do Espírito Santo. É importante cultivar
uma vida de oração, estudo das Escrituras e comunhão com outros cristãos, a fim de
fortalecer a vivência da fé cristã e enfrentar os desafios de maneira sábia e fiel.

Alerta para possíveis equívocos e desvios na prática religiosa


Na prática religiosa, existem desafios e a possibilidade de equívocos e desvios que
podem comprometer a fé. É importante estar atento a esses aspectos e buscar evitar
os seguintes equívocos:

1. Legalismo e ritualismo vazio: A religião pode se tornar um conjunto de regras e


rituais vazios, onde a ênfase está na observância externa, em vez da
transformação interna e no relacionamento pessoal com Deus. Ao combater um
lado, como o relativismo, não devemos esquecer do outro lado, o legalismo a
partir de práticas reducionistas.

2. Hipocrisia e falta de integridade: A hipocrisia consiste em professar uma fé, mas


viver de forma contrária aos princípios e valores ensinados. A falta de integridade
mina a credibilidade e causa danos tanto aos indivíduos quanto à imagem do
cristianismo. É importante cultivar uma vida coerente, onde as palavras e ações
estejam alinhadas com os ensinamentos das escrituras “10 Porque Esdras tinha
disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar
em Israel os seus estatutos e os seus juízos.” 8.

3. Fanatismo barato: O fanatismo religioso pode levar a interpretações extremas e


inflexíveis das Escrituras, levando a atitudes e comportamentos prejudiciais.
Óleo ungido, água ungida, camisa com sangue e outras coisas mais que são
inventadas para prender as pessoas em uma superficialidade imposta por líderes
exploradores.

Ao estar atento a esses possíveis equívocos e desvios na prática religiosa, é possível


buscar uma vivência mais significativa da fé. O autoexame, a humildade e o constante
retorno às fontes de ensino e orientação, como as Escrituras Sagradas, são
fundamentais para evitar esses equívocos e seguir um caminho de integridade e
verdade na religiosidade.

Conclusão
A religiosidade pode de tantas outras formas, ser definida como um bicho, ou como um
quarto como Heber Campos Jr. diz: A religiosidade para muitos brasileiros é algo
supostamente importante. Se fôssemos materializar tal importância poderíamos dizer

8
Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Ed 7.10.
que há um quarto nos fundos da casa reservado somente para a religião. “Oh!, um
quarto só para a religião!”, alguém diria, destacando o quarto como sinônimo de valor.
Afinal, não separamos um cômodo inteiro de nossa casa para muitas coisas na vida.
Sabemos, contudo, que muitos religiosos também são relaxados com suas práticas
religiosas; o quarto está meio sujo e já não é utilizado há algum tempo. Todavia, esse
não é o problema. A religião pode estar sendo praticada frequentemente, o quarto pode
estar limpo e frequentado. O problema é que quando ele é fechado, ele não influencia
o dia a dia da casa. A compartimentalização não o faz ter influência significativa sobre
os outros cômodos da casa. O que está dentro daquele quarto pode ser sua
religiosidade, mas não é aquilo pelo qual ele ou ela vive”9

9
Heber Campos Jr., Amando a Deus no Mundo: Por uma Cosmovisão Reformada, ed. Tiago J.
Santos Filho, Primeira Edição. (São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2019), 61.

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