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Introdução
A
teologia procura sentir e experimentar existencialmente – para depois refletir e
falar como o Cristianismo, a fé cristã e a linguagem cristã estão sempre permeados
e penetrados pela revelação trinitária de Deus. Uma vez sentindo experimentando,
ela então realiza sua reflexão e elabora seu discurso.
No mundo plural em que vivemos, falar de Deus segundo a teologia, então, será
possível porque ele se revelou a si mesmo como Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. E
sabemos disso porque lemos a Bíblia, escutamos a Igreja e prestamos atenção na experiência
de Deus em nós e nas outras pessoas. O Deus da revelação, a Santíssima Trindade, portanto, é
o mistério de fé, de salvação, de comunhão e de amor, e não mistério lógico.
Durante estes mais de vinte séculos, o Cristianismo tentou falar sobre Deus,
caracterizando-o segundo alguns modelos: Mistério salvífico (Patristica); Ser Supremo ou
Substância Suprema (Teologia Clássica ou Escolástica); Sujeito Absoluto (Reforma e Contra-
Reforma). Hoje, na crise da modernidade e no advento da pós-modernidade, a teologia cristã
Santíssima Trindade
O DEUS DA BÍBLIA
N
osso Deus não é o Deus do teísmos nem o
Deus que se apresenta como um ser
transcendente sem rosto próprio. Mas é o Deus
que se revelou ao povo de Israel, á primeira comunidade
cristã e a nós hoje.
O texto bíblico é a mediação primeira em que podemos encontrar Deus, pois o Deus
cristão é o Deus da Bíblia é a terra natal do Deus da fé cristã, que a teologia deve pensar
sistematicamente, com a razão.
Comunidade.
Pá gina
A Bíblia será, então, uma revelação progressiva do agir e do ser de Deus, que se
apresenta com os paradoxos radicais, ou seja, com atributos que parecem inconciliáveis, mas
que na verdade vão compondo progressivamente uma síntese única, que fará o povo de Deus
reconhecê-lo como único e não-manipulável. Ainda mais importante: reconhecê-lo como seu
Santíssima Trindade
Deus, o Deus que escolhe e o converte de povo cativo e escravo em povo eleito, sendo que
também Deus foi escolhido pelo povo.
No Antigo Testamento, não há apenas uma teologia sobre Deus, mas muitas. O fio
condutor entre todas elas, no entanto, é que Deus é um Deus pessoal e único, que propõe uma
aliança de amor a seu povo. Embora no Antigo Testamento não se possa identificar uma
revelação trinitária de Deus, encontra-se, sim, uma pedagogia progressiva que faz o povo
perceber que cada vez mais elementos da identidade de seu Deus e prepara-se para receber
sua revelação definitiva.
Para identificar estas etapas, poderíamos, recorrendo à tipologia do teólogo Juan Luis
Segundo, chamá-las de 1) o Deus terrível; 2) o Deus da Aliança; 3) o Deus Transcendente e
Criador ; 4) o Deus justo para além dos limites da vida e da morte.
O Novo Testamento não será uma etapa a mais, mas uma síntese de tudo isso, pois
trará no seu centro a pessoa de Jesus de Nazaré. Embora se inserindo na tradição do Antigo
Testamento, Jesus revelará uma novidade radical a respeito de Deus.
P
ara o Novo Testamento e para a fé cristã,
Jesus de Nazaré – em quem as primeiras
comunidades reconheceram e proclamaram
o Cristo de Deus – não é só alguém que revela Deus,
mas é o próprio Deus revelado.
No entanto, o caminho e o itinerário pelos quais passa essa revelação e também essa confissão
de fé não são simples nem diretos.
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Ainda assim, como é possível afirmar “Jesus Cristo é Deus?” Deus no Novo
Testamento é o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Filho de Deus que nos
salva. Somente por meio da proposta de Jesus e de seu projeto é que o ser humano tem acesso
ao Deus de Jesus, que ele chama e ensina a chamar de Abbá-Pai. E as pessoas que convivem
com Jesus de Nazaré tiveram uma experiência feita de luzes e sombras cada vez que
defrontavam com aquele homem diferente de todos e com o Deus que ele chamava de Pai.
A
o lado da revelação do Filho, há outra revelação no
Novo Testamento: a do Espírito Santo. Uma é
inseparável da outra. São as duas mãos do Pai que nos
tocam e pelas quais podemos percebê-lo, a ele e a sua paternidade
que nos cria e nos ama infinitamente. Essas duas mãos são o Filho
e o Espírito Santo.
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Deus se manifesta ativo para dar animação e vida à natureza, aquilo/aquele pelo qual Deus
conduz o seu povo, suscitando para ele heróis, reis, guerreiros, guias, profetas e sábios. Há no
Antigo Testamento uma revelação progressiva que aponta para uma interioridade sempre mais
profunda do Espírito Santo: do campo da natureza para o da história do povo; do ambiente
histórico-social para o íntimo de consciência humana até chegar a revelação plena que se dará
em um ser humano que é Jesus Cristo.
Santíssima Trindade
No Novo Testamento, Paulo, Lucas e João são os autores que mais falam sobre a
presença do Espírito Santo. Paulo insiste na dimensão experiencial ecomunitária da ação do
Espírito Santo. A experiência que Paulo se refere e à qual chama experiência do Espírito
Santo não se identifica com fenômenos extraordinário, mas com o agir histórico, o mergulho
na realidade para servir os irmãos.
Os livros joaninos dão testemunho de uma comunidade que vive essencialmente uma
experiência espiritual, liberta do Judaísmo e da lei. Escrevendo para uma comunidade mais
tardia e mais madura, João entende a experiência do Espírito Santo como a prática do amor,
da ágape, inseparável da fé na encarnação de Jesus.
S
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Em toda Sagrada Escritura e, sobretudo, na boca de Jesus, o termo Deus designa o Pai.
Desse modo, ele revelou que é essa a palavra com a qual ele mesmo – o Filho – fala com o
Pai na vida eterna.
Hoje vivemos uma época de crise do pai e das imagens paternas. Se, por um lado, a
crítica moderna à paternidade como autoridade opressiva pode ter sua pertinência, por outro,
certamente a desaparição do pai deixa um vazio impreenchível na mente e no coração de
nossos contemporâneos. É preciso, pois, resgatar a imagem do pai humano e a fé em Deus
Pai.
No centro de nossa fé esta a convicção profunda que o Pai criou tudo em Cristo, por
meio de Cristo e para Cristo(Cl 1, 12-20). O Pai tudo criou na força e no poder do Espírito
Santo. Como sintetizou Moltmamann, “na criação, toda atividade parte do Pai. Dado, porém,
que o Filho, como o Logos, e o Espírito, como a Força, participam dela a seu modo, mas em
igual medida, a criação deve ser atribuída à unidade do Deus uno e trino”.
Deus-Pai não que o mal em sua criação, mas quer a vida e vida em plenitude. É uma
grande ofensa a seu amor paterno culpá-lo por tantos males, dizendo: “É assim mesmo. Foi
Deus que quis!”. Em Jesus de Nazaré, inocente e justo, Deus suportou as conseqüências do
pecado e da injustiça, para vencer o mal e mostrar que é possível viver de modo mais humano,
sem pecado, isto é, sem agravar ainda mais a situação do mal no mundo. E, sendo assim Pai
de Nosso Senhor Jesus Cristo, é também Pai Nosso, que nos acompanha em tudo, sobretudo
nas angústias e aflições, com seu amor infinito.
Os
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A reflexão cristã é sempre feita no veio de duas preocupações: uma mais positiva, que
busca a explicação da fé; outra, mais crítica, que defende a fé diante de ataques ou
deturpações.
A teologia cristã elaborou, nos 2000 anos de sua história, três caminhos de acesso
racional ao mistério divino.
O primeiro caminho foi elaborado pelo Padre gregos. Apoiados na Bíblia, que nos
mostra o Pai como o primeiro a ser revelado, ensinaram que Deus mesmo é o Pai.
O segundo caminho foi elaborado pelo Padres latinos e pelos teólogos da Idade Média.
Apoiados na Bíblia, que nos revela um só Deus em três sujeitos distintos, insistem na unidade
de Deus.
em três pessoas divinas. Mas para isso foi preciso muita discussão e debate, convocar
Pá gina
Para uma boa reflexão sobre a Santíssima Trindade temos que ter: 1) um olho e um ouvido no passado
O DEUS DA BÍBLIA
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Santíssima Trindade
Deus se revela a n
No decorres da história Deus foi se revelando em favor de seu povo. A Bíblia é o livro no qual o povo r
A ressurreição de Jesus é evento da história trinitária de Deus. Na Trindade está a unidade do ressusci
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ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é o dedo com o qual Deus escreve sua lei e com a qual Jesus expulsa demônios. É o am
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Desde toda a eternidade, Deus é Pai, porque tem diante de si e consigo, num eterno relacionamento d
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A SANTÍSSIMA TRINDADE NA
HISTÓRIA DA IGREJA
Santíssima Trindade
A IGREJA
Nasce no momento em que os discípulose discípulas de Jesus recebem o Espírito Santo - Pentecostes
A teologia cristã elaborou, nos 2000 anos de história, três caminho