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Jonair Pontes1
RESUMO
Mas como Deus não falha, e considerando que tudo que Ele faz é perfeito e
completo, logo todos aqueles que se levantam em contrário, vivem decretando guerra
contra o Rei dos Reis, e lançando-se diante daquele que é Deus Soberano, e tem
poder para absolver ou condenar.
1
Estudante de Teologia do Seminário Teológico Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição.
3
No transcorrer deste trabalho daremos uma visão geral desta doutrina que se
faz presente deste o início da Igreja Cristã e sem a qual, a Igreja não teria razão de
ser, pois tornaria um mero aglomerado de pessoas tentando buscar a Deus, mais sem
sucesso.
The subject we propose is one of the most relevant within the Body of Christian
Doctrines. If this doctrine is misunderstood, consequently all theology will become
empty and the consequences will be inevitable. If this doctrine is not true, then God
has made a great misunderstanding of history and failed by electing his son to die in
our place. If it is emptied of its content, surely the cross of Christ would be nothing
more than an irrelevant event like others repeated in history.
But since God does not fail, and considering that everything He does is perfect
and complete, then all those who stand up to the contrary live decreeing war against
the King of Kings, and casting themselves before the One who is Sovereign God, and
has the power to absolve or condemn.
Therefore, to reject the Divinity of Jesus is to reject God, and even more, it is to
fight against God; to want to be wiser than God; to want to question God. However, to
know this doctrine and accept it, is to receive God Himself.
Throughout this work we will give an overview of this doctrine that has been
present since the beginning of the Christian Church and without which, the Church
would have no reason to exist, because it would become a mere agglomeration of
people trying to seek God, but without success.
However, if we recognize our fallen state and worship the One who lived among
us, the only Divine One, we will receive the power to be made children of God, which
will transport us from death to life; from damnation to salvation; from hell's
condemnation to heaven.
I have not the slightest desire to present any news about the Son of God. Since
he was in existence with God and as God, before the earth was created. Neither will
5
2
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo: Editora UNESP,
2008. p. 469.
2 DOS NOMES E DAS NATUREZAS DE CRISTO
2.1 NOMES
3Cf. HORTON, Michael. Doutrinas da Fé Cristã. Traduzido por João Paulo Thomaz de Aquino. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010. p. 485.
4
Cf. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Traduzido por Odayr Olivetti. 4ª Ed. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã, 2012. p. 289.
8
de forma natural (Lc. 2:40), provando das fraquezas e limitações da natureza humana,
como por exemplo: cansaço (Jo. 4:6), sede (Jo.19:28), fome (Mt. 4:2), angústias (Jo.
12:27), entre outras coisas, tudo o que a ela é capaz de sentir, Ele sentiu.
5Cf.
GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2010. p. 448.
6
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p. 290.
3 DOS OFÍCIOS DE CRISTO
Louis Berkhof afirma em sua Sistemática que desde os primeiros pais da igreja
fala-se dos ofícios profético, sacerdotal e real com relação à Obra de Jesus Cristo, no
entanto, que esta abordagem só foi vista com devida importância pela primeira vez
por João Calvino7 . Calvino foi quem apontou de forma distinta o ofício profético de
Cristo, “ao vê-Lo ungido pelo Espírito para ser pregador e testemunha da graça do
Pai”; O ofício real, “do qual Deus constitui Jesus o Rei Eterno, Protetor e Legislador
da Igreja”; E também o ofício sacerdotal, “por Cristo ter se entregado como um
sacrifício intermediário, concedendo-nos o favor da vida eterna.” 8
7
Cf. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p. 327
8
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II p. 470-476.
9BAVINCK, Hermann. Teologia Sistemática. Traduzido por Vagner Barbosa. São Paulo: SOCEP, 2001.
p.366.
10
10
Cf. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. p. 469.
11
BAVINCK, Hermann. IBIDEM. p. 368.
4 OFÍCIO PROFÉTICO
Havendo Deus falado de muitas maneiras (Hb. 1:1) pelos profetas ou através
de anjos (teofanias), vemos que o exercício da proclamação e da predição é um tipo
de ofício caracteristicamente especial no Antigo Testamento. Segundo Gruden: Pois
se tratava de alguém que revelava a Palavra de Deus, alguém que transmitia a Sua
Mensagem.12 Lewis S. Chafer diz: “Sobre o profeta do Antigo Testamento, deve ser
observado uma ordem de desenvolvimento. Ele foi primeiro chamado o homem de
Deus, mais tarde, considerado o vidente, e finalmente foi identificado como profeta”13.
12
Cf. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. p. 525.
13
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. Tradução de Heber Carlos Campos. São Paulo:
Hagnos, 2003. p. 32.
14
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p.329.
12
De fato, isso não foi uma presunção temerária da alma dos judeus, mas, dado
que foram instruídos com oráculos certos, assim, creram. [...] Por essa razão,
ao recomendar a perfeição da doutrina evangélica, quando disse que
antigamente Deus falou aos pais, de várias maneiras por intermédio dos
profetas, o apostolo acrescenta que hoje fala a nós através do Filho amado
[Hb 1:1].19
Depois da sua encarnação ele prosseguiu em sua obra profética com os seus
ensinos e milagres, com a pregação dos apóstolos e dos ministros da
15
Cf. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p.329.
16
Cf. HORTON, Michael. Doutrinas da Fé Cristã. p. 512.
17
Cf. BERKHOF, Louis. IBIDEM. p. 331
18
Cf. IBIDEM, p. 329.
19
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. p. 470.
20
Cf. GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. p. 524.
21
Cf. FERREIRA, Franklin; MYATT, Alan. Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica, e
apologética para o contexto atual. São Paulo: Vida Nova, 2007. 563p.
22
Cf. BAVINCK, Hermann. Teologia Sistemática. p.374 - 375.
13
4.3 APLICAÇÕES
Jesus, não apenas ensinou em seu tempo de ministério físico (encarnado) aqui
na terra, mas ensina-nos até os dias de hoje por meio do Seu Santo Espírito que
habita em nós. A maneira pela qual Jesus revela a si mesmo (Deus) é extremamente
impactante, o que nos aproxima de Deus e nos torna também mensageiros de Seu
Reino. Pelo ato Redentor do Senhor Jesus, podemos hoje proclamar/profetizar as
virtudes do Senhor Jesus. Não só podemos, mas devemos ensinar a guardar os seus
Mandamentos e vivendo como seus imitadores, cheios da Palavra Viva em nós.
23
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p.329.
5 OFÍCIO SACERDOTAL
Uma vez que o profeta era o representante de Deus junto ao povo, o sacerdote
no Antigo Testamento era o representante do povo junto a Deus, um mediador
designado por Ele para prática de rituais (Lv. 9: 1-24), apresentando sacrifícios,
ofertas e as orações do povo diante d’Ele. Isto é, Berkhof afirma que o ofício sacerdotal
era ocupado por um homem constituído por Deus para representar o povo nas coisas
religiosas, oferecendo sacrifícios pelos pecados do povo, intercedendo por ele e
abençoando-o em nome de Deus.24
[...] uma vez que uma justa maldição impedisse nossa entrada e Deus, em
virtude de seu ofício de juiz, estivesse irritado conosco, foi necessário um
sacrifício [...] não era lícito ao sacerdote ingressar no santuário sem sangue,
para que os fiéis soubessem que, por mais que fosse interposto como um
protetor, o sacerdote só poderia tornar Deus propício se os pecados fossem
perdoados.25
24
Cf. BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p. 331.
25
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. p. 476.
15
Em Gênesis 4:3-4 temos Caim e Abel trazendo ofertas diante do Senhor, Noé
(8:20), Abraão (12:7), entre outros. Ainda em Gênesis, temos Melquisedeque, rei de
Salém e sacerdote do Deus Altíssimo exercendo o ofício sacerdotal abençoando a
Abraão, que lhe deu o dízimo (14:18-20). Para o povo de Israel, reconhecia-se o ofício
sacerdotal apenas naqueles que fossem da linhagem de Levi (Nm. 8:5-26) ou Arão
(Lv. 8:1-13).
Vimos no Antigo Testamento que o sacerdócio está ligado a Aliança entre Deus
e o homem. O. Palmer Robertson afirma em Cristo dos Pactos que:
26
ROBERTSON, O. Palmer. Cristo dos Pactos. Traduzido por Américo Ribeiro. Campinas: Luz para o
Caminho, 1997.p.17.
27
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. p. 38.
16
5.3 APLICAÇÕES
Sendo Jesus Cristo o nosso Sumo Sacerdote, somos encorajados por essa
Graça que nos fora dada a segui-Lo em cada área de nossas vidas. Tanto
espiritualmente quanto fisicamente, Ele é o que purifica, cura e liberta o homem. Ele
permanece eternamente como nosso intercessor, Ele está comprometido consigo
mesmo, em interceder junto ao Pai por todo aquele que lhe foi dado. Portanto, através
desta graciosa Obra de Redenção em nosso favor, temos novamente acesso a Deus
Pai, acesso a sua presença, podendo fazer as nossas orações, dando-Lhe sacrifícios
de louvor e vivendo humildemente com práticas que visam o bem do próximo.
28
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. p.335.
6 OFÍCIO REAL
Assim, quando Davi, rindo da audácia dos inimigos que procuravam separar
deles o jugo de Deus e de Cristo, diz que inutilmente se tumultuam os reis e
as nações, porque aquele que habita nos céus é suficientemente forte para
quebrar suas forças (Sl 2:3-4), deixando os devotos ainda mais certos de sua
redenção [...]29 .
29
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. p. 554.
18
“Hosana ao Filho de Davi! Com esta aclamação Jesus Cristo foi recebido ao
entrar em Jerusalém (Mt. 21:9). Através da ideia do reinado de Davi, Lewis S. Chafer
afirma:
O Senhor Jesus, no entanto, é Rei muito antes que Davi fosse ungido para
reinar sobre Israel. Ele é Rei, antes mesmo que Adão e Eva caíssem, Ele é Rei
eternamente porque estava com Deus desde o princípio (Jo. 1:1-2), criando todas as
coisas (Cl. 1:15-19). Jesus não reivindicou para si um governo político na terra, como
esperavam os judeus. Seu reinado é espiritual. Para Horton:
Jesus veio salvar os perdidos e redimi-los do pecado. Como Rei saiu em defesa
dos eleitos em uma guerra espiritual, pisou a cabeça da serpente (Gn 3:15), obteve a
maior de todas as conquistas, venceu a morte, e a sua vitória leva-nos a vida eterna.
Ele é o Rei dos reis. Segundo Calvino: O Senhor Jesus nos deu por herança eterna a
salvação e as bênçãos no presente como espólios da sua Vitória, quando nos adotou
como filhos. Assim como no Antigo Testamento, Deus constituía o profeta, o rei e o
sacerdote, “Deus constitui seu Filho o Rei Eterno” 32,
6.3 APLICAÇÕES
30
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. p. 42.
31
HORTON, Michael. Doutrinas da Fé Cristã. p. 512.
32
Cf. CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. p. 472.
19
Por meio da Obra de Jesus Cristo, o mundo pôde ver a plenitude de tudo o que
seria, se não fosse a existência do pecado em nós. Pois, sem o pecado a humanidade
teria perfeita condição de exercer o ofício profético e então falar das coisas de Deus
pelo relacionamento com Ele. Exerceria também o ofício sacerdotal, dando ao Senhor
sacrifícios de louvor, honrando-o e glorificando-o por toda sua formosura. E como a
um rei, teríamos domínio sobre a terra e os mares. Porém, por causa dos nossos
pecados, fomos afastados da presença do Senhor e sem que o próprio Deus tivesse
manifestado sua Misericórdia, primeiro anunciando e em seguida enviando seu Filho
para cumprir perfeitamente estes santos ofícios, a humanidade não tinha dado um
passo, sequer após a queda.
CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã, Tomo I, Livros I e II. São Paulo:
Editora UNESP, 2008. 507p.
GRUDEN, Wayne A. Teologia Sistemática. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, 2010. 1080p.