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IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL 5

 JESUS CRISTO, DEUS E HOMEM


Texto Básico: Jo. 1:1-4,14.

INTRODUÇÃO
A Escritura Sagrada ensina que há um só Deus, que subsiste em três pessoas distintas: Pai, Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo. Cada pessoa da Trindade é
Deus completo, e não parte de Deus; e as três pessoas da Trindade são iguais em poder e glória.
Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, é – ao mesmo tempo – verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Este é um mistério que está além
de nossa compreensão. Mas as duas naturezas de Cristo aparecem claramente na Bíblia Sagrada. Jesus, como Deus, sempre existiu (Jo.1.1). Jesus, como homem, tem
uma história, com início, meio e fim (Gl.4.4). No tempo próprio, na hora certa, “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (Jo.1:1-4)
1. HUMANIDADE E DIVINDADE DE JESUS
Mateus inicia a narração do nascimento de Jesus com as seguintes palavras (Mt.1:18). A palavra desposada descreve a situação conjugal de Maria quando
ficou grávida. O casamento entre os judeus tinha três etapas. A primeira era o compromisso, geralmente feito pelos pais, às vezes até sem o conhecimento do casal. A
segunda etapa era o deposório, que corresponde mais ou menos ao nosso casamento civil. Quando o rapaz e a moça estavam na idade própria para o casamento –
moças a partir dos doze anos e meio, e rapazes a partir dos dezoito - fazia-se o deposório. A partir daí o rapaz e a moça eram considerados marido e esposa, mas ainda
continuavam vivendo separados, cada um na casa de seus pais. A seguir vinham as bodas, a terceira etapa. Esta era uma grande festa, geralmente feita na casa do
noivo. E, a partir daí os dois passavam a viver como marido e esposa. Maria estava desposada com José quando ficou grávida (Mt.1:19-21, 24-25). A ordem era dupla:
José devia levar Maria para sua casa e assumir a paternidade legal da criança que estava para nascer. A ordem para dar nome ao menino implicava em assumir a
paternidade legal de Jesus, pois só o pai podia dar nome a uma criança.
Os evangelhos de Mateus e Lucas contam com detalhes como o Filho de Deus veio ao mundo. Ele nasceu fora de um pequeno hotel, em uma obscura aldeia
da Judéia nos grandes dias do Império Romano. As pessoas que estavam em Belém não sabiam que aquela criança era o Filho de Deus.
No Plano de Deus para nossa salvação, o Salvador devia ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Desde que o homem pecou, era necessário que o
homem sofresse a penalidade. Além disso, o pagamento da pena envolvia sofrimento de corpo e alma, sofrimento cabível ao homem. Era necessário que Cristo
assumisse a natureza de homem, não somente com todas as suas propriedades essenciais, mas também com todas as debilidades a que ficou sujeito, depois da queda, e,
assim, devia descer às profundezas da degradação em que o homem tinha caído. Ao mesmo tempo, era preciso que fosse um homem sem pecado, pois um homem que
fosse, ele próprio pecador e que estivesse privado de sua própria vida, certamente não poderia fazer expiação por outro. No plano divino de salvação era (também)
absolutamente necessário que o Mediador fosse verdadeiro Deus. Era necessário que:
a) Ele pudesse apresentar um sacrifício de valor infinito e prestar perfeita obediência à lei de Deus.
b) Ele pudesse sofrer a ira de Deus redentoramente, isto é, para livrar outros da maldição da lei.
c) Ele pudesse aplicar os frutos da Sua obra consumada aos que o aceitassem pela fé.
2. HUMILHAÇÃO E EXALTAÇÃO DE CRISTO
Ao torna-se homem Jesus “a si mesmo se esvaziou, (,,,) a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp.2.7,8). A
humilhação de Cristo teve cinco estágios: (1) encarnação; (2) sofrimento; (3) morte; (4) sepultamento e (5) descida ao hades. Foi grande a humilhação para a Segunda
pessoa da Trindade encarna-se, assumir a natureza humana, “enfraquecida e sujeita ao sofrimento e à morte, embora isenta da mancha do pecado”.
A vida terrena de Jesus foi uma vida de sofrimento. Ele, Senhor, se fez servo; não tinha pecado, mas tinha que viver o dia-a-dia com pecadores, era absolutamente
santo, e tinha que viver num mundo dominado pelo pecado.
O ponto culminante do sofrimento de Jesus foi a sua morte. Ele jamais pecou, mas teve que pagar o salário do pecado. Ele foi submetido a um julgamento
injusto. Foi torturado, e crucificado entre dois ladrões. A crucificação era reservada aos piores bandidos; e o pior deles ocupava a cruz do centro. Além de todo o
sofrimento físico e moral, Jesus sofreu também a ira do Pai contra o pecado que estava sobre a raça humana, o que o levou a clamar: “Deus meu, Deus meu, por que
me desamparaste? ” (Mt.27:46).
O sepultamento foi outro estágio da humilhação de Cristo. O sepultamento foi outro estágio da humilhação de Cristo. O sepultamento era um instrumento
para simbolizar a humilhação do pecador, era voltar ao pó.
O último estágio da humilhação de Jesus foi sua descida ao hades. Hades é uma palavra que pode ser traduzida como sepultura, inferno ou mundo dos
mortos. Significando que:
(a) Cristo sofreu as angustias do inferno antes da Sua morte no Getsemani e na Cruz.
(b) Cristo adentrou a mais profunda humilhação do estado de morte.
Tudo isso aconteceu porque “ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; (...) foi traspassado pelas nossas transgressões e
moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is.53.4,5).
Mas Deus o exaltou. E a exaltação de Cristo tem quatro estágios: (1) ressurreição; (2) ascenção; (3) sessão à destra do Pai e (4) regresso físico para julgar
vivos e mortos
A ressurreição de Jesus não foi uma simples volta à vida. Isto já havia acontecido com Lázaro, com o filho da viúva da aldeia de Naim e com a filha de
Jairo. A ressurreição de Jesus significa que a sua natureza humana foi restaurada à sua pureza, força e perfeição originais. O corpo ressuscitado não estava mais sujeito
às limitações de antes – era um corpo glorificado, perfeito instrumento da alma. Além disso, sua ressurreição equivale a uma declaração do Pai de que todas as
exigências da lei tinham sido cumpridas.
Jesus ressuscitou e voltou para o Pai. “ Na ascenção vemos Cristo como o nosso grande Sumo Sacerdote entrando no santuário interior para apresentar ao
Pai seu sacrifício consumado”.
Voltando ao céu, Jesus, foi entronizado à direita do Pai. “Naturalmente, a expressão “mão direita de Deus” não pode ser tomada no sentido literal, mas deve
ser tomada como uma indicação figurativa do lugar de poder e glória. Que Cristo está assentado a mão direita de Deus Pai significa que as rédeas do governo da igreja
e do universo Lhe estão confiadas, e que Ele foi feito participante da glória correspondente a isto. É a Sua investidura pública como Deus-Homem. ”
Mas o estágio mais avançado da exaltação de Cristo será a sua volta gloriosa na condição de Juiz. Jesus “está no fim da estrada da vida de todas as pessoas
sem exceção. “Prepara-te, ó Israel para encontrares com o teu Deus” (Am.4:12) foi a mensagem de Amós para Israel. ‘ Prepara-te para te encontrares com Jesus
ressuscitado ‘ é a mensagem de Deus hoje ao mundo (At.17.31). E podemos ter a certeza de que aquele que é verdadeiro Deus e homem perfeito será um Juiz
perfeitamente justo”. Ele julgará vivos e mortos. Os ímpios serão condenados ao sofrimento eterno; e os redimidos entrarão na bem-aventurança eterna. E assim estará
consumada a sua obra redentora.
3. OS OFÍCIOS DE CRISTO
Na execução de sua obra, Jesus funcionou – e ainda funciona – como profeta, sacerdote e rei. Como profeta, ele é o representante de Deus junto aos homens.
Como sacerdote, ele representa os homens perante Deus. Como rei, ele exerce o domínio sobre o homem e sobre o universo.
Os ofícios de Cristo não podem ser confundidos com cargos. Cargo é uma função exercida por uma pessoa, por delegação ou por imposição. “Ofício é,
antes de tudo, uma dignidade, um ministério, uma missão, todos em grau acima do comum. É um mandato com confiança e autoridade. O seu desempenho é um
serviço e não uma obrigação tabelada. O ofício é contínuo, é um estado”.
Cristo exerce o ofício de profeta, revelando-nos, pela sua Palavra e pelo seu Espírito, à vontade de Deus para a nossa salvação. O profeta é alguém que traz
uma mensagem da parte de Deus para os homens (Ex.4.10, 14 – 16; Ex. 7. 1, 2). Arão seria a boca de Moisés, isto é, através dele Moisés falaria a Faraó e aos israelitas.
Assim também é o profeta; ele é a boca de Deus, sua função é falar aos homens o que Deus mandar. No Antigo Testamento Jesus foi anunciado com profeta. Em
Deuteronômio 18.15 está registrada a promessa do grande profeta. E em At.3. 22-26, Pedro afirma que tal promessa se referia a Jesus. O exercício profético de Jesus
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não se limita ao período de sua vida terrena. Ele agiu como profeta na antiga dispensação, nas revelações especiais do Anjo do Senhor e na iluminação dos profetas do
Antigo Testamento, pois sobre eles estava o Espírito de Cristo (1Pe 1.11)
Cristo exerce o ofício de sacerdote, oferecendo-se a sim mesmo, uma só vez, em sacrifício, para satisfazer a justiça divina para reconciliar-nos com Deus e
para fazer continua intercessão por nós. No Antigo Testamento Deus instituiu o sacerdócio, como um meio para que o pecador se aproximasse dele. A função do
sacerdote era oferecer sacrifícios e fazer intercessão pelo pecador. O que é peculiar no sacerdócio de Jesus é que ele é, ao mesmo tempo, o sacerdote e o sacrifício. Ele
ofereceu a si mesmo como sacrifício para a nossa eterna salvação (Jo. 10.14-18). Mas a obra sacerdotal de Cristo não se limita ao seu auto-oferecimento como
sacrifício pelos nossos pecados. Ele continua a sua obra sacerdotal como nosso intercessor junto ao Pai (Rm.8.34; Hb.7.23-25; 1 Jo 2.1-2).
Cristo exerce o ofício de rei, sujeitando-nos a si mesmo, governando-nos e protegendo-nos, reprimindo e subjugando todos os seus e nossos inimigos.
Como Filho de Deus e segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Jesus tem poder e domínio sobre o universo. Mas o seu ofício de rei não é apenas o exercício desse
domínio. É a sua realeza original “revestida de nova forma, com uma nova aparência, administrada para um novo fim” Isto pode ser dito também com estas palavras:
“Podemos definir a realeza de Cristo como o Seu poder oficial de governar todas as coisas do céu e da terra, para a glória de Deus e para a execução do Seu propósito
de salvação. ”
O que significa para o crente os três ofícios de Cristo?
Significa que Jesus, como profeta, nos deu uma revelação completa sobre Deus e sobre sua vontade para nossas vidas. (Jo. 1:18).
Como sacerdote, Jesus ofereceu-se a si mesmo como sacrifício para a nossa salvação, e purificação dos pecados (1Jo.1.7). Estamos livres de condenação,
por Jesus morreu, ressuscitou e está à direita de Deus intercedendo por nós (Rm.8.33-34)
Como rei, Jesus nos chamou através da Palavra e do Espírito Santo, nos reuniu no seu corpo – que é a igreja – nos dirige, nos protege e nos aperfeiçoa. Jesus
tem todo o poder e toda autoridade no céu e na terra. Por isto, não precisamos temer bruxaria, feitiçaria, macumbaria, maldições – hereditárias ou não – possessão
demoníaca ou coisas parecidas. Só temos de temer uma coisa: afastarmos de Jesus.
CONCLUSÃO
Nos três anos de seu ministério terreno, Jesus não encontrou doença que ele não pudesse curar, endemoniado que ele não pudesse libertar, problema que ele
não pudesse resolver. Jesus deu vista a cegos, fez paralíticos andar, curou leprosos, restaurou mutilados, ressuscitou mortos.
Jesus continua especialista em dar jeito em gente. Ele transforma ladrões em beneméritos, corruptos em pessoas honestas, fracassados em vitoriosos. Jesus
não faz acepção de pessoas, ele convida a todos (Mt.11.28). E Jesus garante a vida eterna a todos que se entregarem a ele. Ele morreu pregado em uma cruz para pagar
pelos nossos pecados e nos garantir a salvação.
REVISÃO E FIXAÇÃO
1. Quando Maria ficou grávida qual era a sua situação conjugal?
2. Por que o Salvador devia ser verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem?
3. Quantos e quais são os estágios da humilhação de Cristo?
4. Quantos e quais são os estágios da exaltação de Cristo?
5. O que significa a declaração: Jesus desceu ao hades?
6. Qual é a diferença entre ofício e cargo?
7. Qual era a função do profeta?
8. Como Jesus exerce o ofício de profeta?
9. Como Jesus exerce o oficio de sacerdote?
10. Como Jesus exerce o oficio de rei?

(Baseado no Livro: “Pensando e Repensando a Profissão de Fé” Rev. Adão Carlos Nascimento - Editora SOCEP)

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