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Se o ho-
mem estava alienado de Deus (Ef 2.12) e Deus tinha encoberto o seu rosto do ho-
mem (Is 59.2) por causa do pecado, alguém precisa fazer a ponte, reconciliar ambas
as partes. Por isso, o mediador tinha que ser Deus para revelar-nos a Deus e trazer
Deus para perto do homem (Jo 1.14, 18; 14.9) e tinha que ser homem para nos re-
presentar diante de Deus (1 Tm 2.5).
Cristo esteve sujeito não só à morte física, mas também à morte eterna – ele a sofreu
intensivamente, não extensivamente (Mt 27.46); isto é, não a sofreu para sempre no
inferno/lago de fogo, mas sofreu todo o castigo na cruz.13 Este foi o momento no
qual ele não ouviu uma voz do céu dizendo “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo”. Não! Ele suportou a morte sem qualquer dose de graça, sem qualquer
conforto estendido. Aquele que sempre estivera com Deus, agora se viu separado de
Deus.14
Morte significa separação. Se morte física separa corpo e alma, a morte eterna sig-
nifica que o homem está eternamente separado da benevolência divina (não de sua
presença). Cristo experimentou o terrível desamparo do Pai (morte eterna) na cruz.
Não houve separação das naturezas na morte do Redentor, mas houve separação
na natureza humana, entre a parte material (o corpo foi à sepultura) e a parte imaterial
(sua alma foi ao Paraíso; Lc 23.43). Contudo, muito pior foi estar separado da bon-
dade de Deus, experimentando a sua ira.
EXALTAÇÃO DE CRISTO
A coroa da obra redentora de Cristo é a sua exaltação. “O estado de exaltação deve
ser considerado como resultado judicial do estado de humilhação. Em sua capaci-
dade de Mediador, Cristo satisfez as exigências da lei, em seus aspectos federal e
penal, cumprindo a pena do pecado e merecendo a vida eterna. Portanto, tinha que
seguir-se a Sua justificação e tinha que Lhe ser dada posse da recompensa.”38
Sendo assim, os estágios da exaltação são a declaração do Pai de que Cristo fez jus
à recompensa (a justificação do Filho, isto é, a declaração jurídica de seu cumpri-
mento da lei), a aceitação paternal da obra expiatória do Filho (veja Rm 1.4; 4.25).39
Para o Filho, a exaltação implica numa realidade de autoridade como Cabeça que
lhe permite aplicar os frutos da sua obra redentora (enviar o Espírito, interceder junto
ao Pai pelos fiéis, preparar um lugar para os mesmos, etc.).
Todavia, precisamos começar explicando por que a expiação é necessária, por que
ela é a forma escolhida por Deus para salvar. Jesus explicou que era necessário que
o Cristo padecesse: “Não devia o Cristo sofrer estas coisas para entrar na sua gló-
ria?” (Lc 24.26, NVI). O autor aos Hebreus testifica dessa necessidade (Hb 9.23-26).
Por que era necessário Cristo expiar nossos pecados? Será que realmente precisava
haver substituto? Será que precisava haver pagamento, sacrifício? Não seria possí-
vel Deus ordenar o perdão sem exigir uma reparação legal?
No entanto, há outras razões no caráter de Deus que exigem a expiação como, por
exemplo, sua santidade e a imutabilidade de sua lei. Falemos primeiro sobre a sua
santidade e consequente justiça retributiva para com pecadores. Deus abomina o
pecado (Sl 5.4-6; Pv 6.16-19; Rm 1.18) e não absolve o culpado (Nm 14.18; cf. Ex
34.7; Na 1.3). O Senhor tem de reagir contra o pecado com santa indignação. Nas
palavras de Michael Horton: “Por definição, a misericórdia não precisa ser demons-
trada, mas uma vez que Deus decidiu exercer misericórdia, ele só pode fazer isso de
uma maneira que não deixe de lado a sua retidão, santidade e justiça.”23 Pelo fato
de Deus ter estipulado que o derramamento de sangue é imprescindível para remis-
são de pecados (Hb 9.22), é que os sacrifícios do Antigo Testamento eram “neces-
sários” (Hb 9.23; cf. Hb 2.10, 17), apontando para o sangue de Cristo.
Propiciação (Rm 3.25; Hb 2.17; 1 Jo 2.2; 4.10). Não só o aspecto de sacrifício, mas
o de propiciação também está presente no Antigo Testamento (Ex 25.17-22; 32.30;
Lv 16.2).
A propiciação estava vinculada à ideia de cobrir o pecado do Senhor. Diz respeito à
aplacar a ira divina, pacificar o juiz (isto é que significa “temos paz com Deus” de Rm
5.1).
A primeira vista isso soa pagão, primitivo, de que Deus se enraivece e precisa de
rituais para ser apaziguado. Alguns estudiosos têm até procurado minimizar o con-
ceito de propiciação no Novo Testamento.4 John Stott demonstrou, todavia, que a
propiciação bíblica é diferente do conceito pagão em pelos menos três aspectos.
Primeiro, a ira de Deus não é arbitrária como a nossa, ou a de falsos deuses (como
se ele fosse “capaz de explodir à mais trivial provocação”), mas sempre previsível
pois só é provocada pelo mal. Segundo, a ira não é desviada por rituais ou ofertas
humanas, mas é iniciada pelo próprio Deus (Lv 17.11; Rm 3.25; 1 Jo 4.10). Terceiro,
o sacrifício não foi de uma coisa ou de uma pessoa outra, mas o próprio Deus. O
próprio Legislador se torna fora da lei (exlex), sofre fora dos portões da cidade (Lv
16.26-28; Hb 13.11-13), para nos incorporar à comunidade de paz.6 “Portanto”, re-
sume Stott, “o próprio Deus está no coração de nossa resposta às três perguntas
acerca da propiciação divina. É o próprio Deus que, em ira santa, necessita ser pro-
piciado, o próprio Deus que, em santo amor, resolveu fazer a propiciação, e o próprio
Deus que, na pessoa do seu Filho, morreu pela propiciação dos nossos pecados.”7
Não que o Filho tenha persuadido o Pai encolerizado a usar de amor, pois a propici-
ação provém do amor do Pai (1 Jo 4.10), mas é a provisão para que o amor pudesse
realizar seus propósitos de maneira consoante com sua santidade.
"e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios,
mas ainda pelos do mundo inteiro." (1 Jo 2.2)
"Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens
as suas transgressões" (2 Co 5.19)
"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivifica-
dos em Cristo." (1 Co 15.22
"Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para con-
denação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os ho-
mens para a justificação que dá vida." (Rm 5.18)
"...Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e che-
guem ao pleno conhecimento da verdade. Porquanto há um só Deus e um só Medi-
ador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos..." (1 Tm 2.3-6)
“... temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens,
especialmente dos fiéis.” (1 Tm 4.10)
"para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem" (Hb 2.9)
"... ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que
todos cheguem ao arrependimento." (2 Pe 3.9)
"...não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu" (Rm 14.15)
"...até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre
si mesmos repentina destruição" (2 Pe 2.1)