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A expressão túmulo vazio geralmente se refere ao túmulo de Jesus, que foi encontrado vazio

pelas mulheres presentes à crucificação. Elas estavam indo ao túmulo para ungir o seu corpo
com especiarias, algo que tradicionalmente deveria ter sido feito pelos discípulos de Jesus.
Porém, Marcos retrata as seguidoras de Jesus consistentemente demonstrando mais fé e
coragem que os homens durante a Paixão.
Os evangelhos canônicos retratam o incidente com pequenas variações entre si. O corpo de
Cristo teria sido depositado no túmulo após a deposição da cruz, é encontrado vazio e sem o
corpo e um jovem ou anjo ali reporta às mulheres que Cristo teria ressuscitado[1]. Estes relatos
são a origem da crença na ressurreição de Jesus, implicitamente no evangelho de Marcos e
explicitamente nos outros três.
O relato aparece em Marcos 16:1–8, Mateus 28:1–10, Lucas 24:1–8 e João 20:1–13.

Concordâncias e divergências entre os evangelhos

Três Marias e o anjo.


1346. Por Ferrer Bassa, atualmente no Monastério de Pedralbes, Barcelona.
Os quatro evangelhos concordam na ênfase dada à data do evento (o primeiro dia da semana)
e no fato de quem encontrou o túmulo vazio foram as mulheres (com proeminência para
"Maria"). Além disso, todos destacam a grande pedra que selara a entrada do túmulo. Porém,
eles parecem discordar no horário da visita das mulheres, no número e na identidade delas,
além do propósito da visita, da natureza do mensageiro (anjo ou homem), a mensagem que ele
deu e a resposta das mulheres[1].

O relato em João 19:39–42 trata da intervenção de alguns influentes seguidores de Jesus -


como Nicodemos e José de Arimateia - que teriam retirado o corpo de Jesus da cruz e o
depositado no túmulo. Este relato é marcado por um senso de urgência para que todos os
preparativos estivessem prontos antes do sabbath, durante o qual nenhum trabalho deveria ser
realizado de acordo com os costumes judaicos. O túmulo já estava preparado e era destinado
a José de Arimateia.

De acordo com o Evangelho de Mateus, os judeus, sabendo da alegação feita por Jesus de que
ressuscitaria, colocaram guardas na porta do túmulo (em Mateus 27:62–66).
As visitantes
Os quatro evangelhos canônicos concordam que "Maria" visitou o túmulo de Jesus, mas
diferem entre si a respeito de qual Maria seria esta e se ela estaria ou não sozinha.

De acordo com o evangelho de João, "Maria" era Maria Madalena, embora o Codex Sinaiticus
traga apenas o nome "Maria". Nenhuma outra mulher é mencionada explicitamente, embora
ela se utilize, ao afirmar não saber onde estaria o corpo de Jesus, o plural, o que pode indicar
que ela estaria acompanhada.

No evangelho de Marcos, tanto Maria Madalena quanto Maria, mãe de Tiago são mencionadas,
juntamente com Maria Salomé[2].

Já o evangelho de Lucas relata que "as mulheres da Galileia" visitaram a tumba e que Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago, "Joana" e as "outras mulheres da Galileia" contaram
posteriormente aos discípulos o que acontecera durante a visita ao túmulo vazio.

Em Mateus, Maria Madalena aparece com outra Maria, supostamente a mãe de Tiago.

Quando as mulheres retornam do cemitério após a devoção da Páscoa, elas trouxeram notícias
sobre o túmulo vazio e reportaram que "Ele não está lá e ressuscitou!". Os apóstolos ficaram
incrédulos, com alguns estudiosos atribuindo a falta de entusiasmo ao fato de a mensagem ter
chegado através de mulheres. Flávio Josefo[3] escreveu que a tradição judaica afirmava: "Não
permita que evidências sejam aceitas através das mulheres por causa de sua leviandade e da
temeridade de seu sexo.". O teólogo Thomas G. Long propôs ainda duas outras possibilidades
além desta:

Talvez a notícia do túmulo vazio, da ressurreição e da vitória de Jesus sobre a morte tenha sido
simplesmente demais para eles, algo muito difícil de assimilar de uma vez só.
Talvez a ansiedade sobre o desafio que se seguiria foi demais naquele momento. O relato de
Lucas muda o tratamento dos apóstolos de "os onze" para "os apóstolos" ("os enviados"). O
teólogo afirma que eles sabiam que seriam enviados para Jerusalém, Judeia, Samaria e para os
confins da Terra. Que haveria prisões e naufrágios, reforços do Espírito Santo, perseguições e
gentios, apedrejamentos e quilômetros de cansativas viagens. Se as mulheres estivessem certas
- Jesus ressuscitara dos mortos - então a história estaria apenas começando para os
apóstolos[4].
O horário

As mulheres no túmulo.
1440-42. Por Fra Angelico, atualmente no Convento di San Marco, em Florença.

As mulheres no túmulo.
1805. Por Benjamin West, atualmente no Brooklyn Museum, em Nova Iorque.
De acordo com João, a visita se deu no "primeiro dia da semana" (Domingo, o dia seguinte ao
sabbath), ainda à noite. De acordo com Marcos e Lucas, já havia amanhecido. Alfred Loisy
acredita que a forma original do texto de João neste trecho era similar ao que aparece no Codex
Sinaiticus e tinha a intenção de realçar a Virgem Maria como única visitante. Porém, os
copistas posteriores substituíram "Maria" por "Maria Madalena" para que João se conformasse
com o relato dado nos demais evangelhos. Uma tentativa de resolver a discrepância
preservando o conceito da infalibilidade dos evangelhos afirma que "Maria" teria feito duas
diferentes visitas ao túmulo vazio, a primeira quando ainda estava escuro e sozinha e a
segunda, ao amanhecer com um grupo de mulheres, inclusive as "outras Marias".

Marcos e Lucas explicam que as mulheres pretendiam continuar os rituais judaicos de


sepultamento. Mateus afirma apenas que elas vieram "ver" o túmulo. João nada menciona
sobre rituais e o apócrifo Evangelho de Pedro alega que elas vieram lamentar a morte de Jesus.
O rabino Bar Kappara era da opinião (preservada no Midrash Rabbah) de que o terceiro dia
seria o principal dia de lamentação naquela época.

Resolvendo as diferenças
A resolução das diferenças é uma questão ligada ao chamado problema sinótico. A teoria mais
aceita, da chamada prioridade de Marcos, sugere que a história original seria a de que teria
havido um misterioso homem vestido de branco no túmulo. Em Mateus, ele se tornou um anjo
e, em Lucas, escrito para um público gentio, ele se tornou dois homens com características
angélicas. No evangelho de João, esta parte do relato não aparece. A maioria dos cristãos e
acadêmicos - antes da descoberta do Evangelho Secreto de Marcos - tendiam a acreditar que
a figura era um anjo.

Wetstein propôs uma tese ligando o par de anjos com o par de criminosos que ladearam Jesus
na crucificação. Raymond Brown argumentou que o texto em João 20 foi compilado a partir
de duas fontes separadas, mescladas de forma amadora por João. Na narrativa de João, o trecho
entre Maria descobrindo que o túmulo está aberto e a sua visão dos anjos ali é considerado
como estando fora de lugar: parece ilógico que Maria não tenha olhado dentro do túmulo da
primeira vez e a sua presença no túmulo quando ela testemunha os anjos parece algo abrupta,
principalmente por que a narrativa a havia mencionado como estando a alguma distância antes.

Os acadêmicos L. Michael White e Helmut Koester vêm o relato sobre os guardas em Mateus
como uma inserção apologética, uma tentativa do autor de explicar a alegação judaica de que
os discípulos teriam roubado o corpo, que circulava na época[5][6]. Os guardas e a alegação
do corpo roubado não são mencionados nos demais evangelhos. O apócrifo Evangelho de
Pedro, por sua vez, é mais detalhista, especificando inclusive o nome do centurião
("Petronius") que teria ficado ali guardando o túmulo.

O túmulo
Em João, os anjos são descritos como estando sentados no local onde estava o corpo de Jesus.
F. F. Bruce argumenta que os anjos, como seres sobrenaturais, estariam sentados no ar e não
em alguma saliência ou plataforma. João também descreve os anjos como "sentados", um deles
no local onde estava a cabeça de Jesus e o outro, onde estavam os seus pés.

João retrata Maria como se inclinando para ver o túmulo. De acordo com a arqueologia
moderna, os túmulos da época eram acessados através de portas no nível térreo, que
geralmente tinham não mais de um metro de altura, algo que confere com a descrição
evangélica. Estes túmulos geralmente tinham uma câmara para cada indivíduo ou uma
passagem com diversas entradas para diversas câmaras. Maria foi capaz de ver o túmulo de
Jesus olhando de fora, o que sugere o primeiro tipo, considerado como a visão tradicional.
A mortalha
De acordo com Lucas e João, os discípulos viram as mortalhas no túmulo. Lucas afirma que
tiras de linho "ali ficaram" (em grego: keimena mona). João afirma que os panos estavam "num
lugar a parte". As duas descrições podem ou não significar a mesma coisa. Brown argumentou
que João se utilizou de uma frase que de fato descreve o linho como estando numa prateleira
no túmulo. De acordo com Lucas, Jesus teria sido embrulhado por um sudário e esta se tornou
então a visão tradicional. O que se fez das mortalhas após os discípulos terem descoberto o
túmulo vazio não está descrito na Bíblia, embora algumas obras entre os apócrifos do Novo
Testamento façam menção a elas. A Santa Tradição relata que o sudário teria sido levado para
Turim, onde ficou conhecido como Santo Sudário.

João adicionalmente descreve a presença de um soudarion, para a cabeça, como algo separado.
Um soudarion é, literalmente, um "lenço para suor". Mais especificamente, um pedaço de pano
utilizado para limpar o suor, mas que, no contexto de cadáveres, a maioria dos acadêmicos
acreditam que seria um pano para manter a mandíbula fechada. A tradição defende que o
sudarion era um turbante e que teria posteriormente sido levado para Oviedo, na Espanha, se
tornando o famos Sudário de Oviedo. Embora ele possa inicialmente parecer insignificante, o
fato de que o item para a cabeça tenha sido tratado de forma diferente de fato afeta
fundamentalmente a cristologia. Se o pano para a cabeça estava no mesmo lugar que o resto
das mortalhas, no lugar onde o corpo estava, isso implica que o corpo de Jesus foi elevado
"através" das roupagens ou que o corpo dele se desmaterializou e se rematerializou em outro
lugar, apoiando assim as interpretações mais docéticas. Ao invés disso, ao estar "separado",
implica-se o inverso. Alguém teria retirado as roupagens da maneira tradicional. Além disso,
o texto grego se utiliza da palavra entetuligmenon ("tendo sido dobrado"), o que implica numa
ação intencional sobre o soudarion.

Contexto cultural e outros paralelos


Para muitas pessoas durante a antiguidade, um túmulo vazio não era sinal de ressurreição, mas
de assunção, ou seja, a pessoa ser levada, de corpo e alma, ao reino divino. Na antiga novela
grega de Cáriton Callirhoe, Chaereas descobre o túmulo vazio de sua esposa e "E todo tipo de
explicação foi oferecido pelo povo, Chaereas, olhando para o céu e elevando suas mãos disse
'Qual dos deuses se tornou meu rival e levou embora Callirhoe e agora a tem ao invés de mim,
contra a sua vontade, mas levada a um futuro melhor?'"[7]. No pensamento grego antigo, a
conexão entre a desaparição post mortem e a apotheosis era forte e há diversos exemplos de
indivíduos conspirando, antes da morte, para ter seus restos escondidos para que cultos surjam
em seus nomes[8]. Arrian escreveu, sobre Alexandre, o Grande, que ele, planejando o
desaparecimento de seu corpo, fosse reverenciado como um deus[9]. O desaparecimento de
indivíduos levados para o reino dos céus também ocorre na literatura judaica[8], embora não
haja menção a túmulos vazios. Smith recentemente propôs que as histórias sobre túmulos
vazios nos evangelhos refletem tradições sobre a ausência de Jesus (ou sua assunção), em
contraste com as histórias sobre suas aparições, que tratam da presença de Jesus. Ele conclui
que os escritores evangélicos beberam em ambas as tradições e as juntaram[8].

A Ressurreição de Jesus é a fé cristã de que Jesus Cristo retornou à vida no domingo seguinte
à sexta-feira na qual ele foi crucificado. É uma doutrina central da fé e da teologia cristã e
parte do Credo Niceno: "Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia, conforme as Escrituras".[1][2]

No Novo Testamento, depois de ser crucificado pelos romanos, Jesus é ungido e sepultado
num túmulo novo por José de Arimateia, ressuscita dos mortos[3] e aparece para muitas
pessoas durante um período de quarenta dias, quando então ascende ao céu para se sentar à
direita do Pai. Os cristãos celebram a ressurreição no Domingo de Páscoa, o terceiro dia depois
da Sexta-Feira Santa, o dia da crucificação. A data da Páscoa correspondeu, a grosso modo,
com a Páscoa judaica, o dia de observância dos judeus associado com o Êxodo, que é calculado
como sendo a noite da primeira lua cheia depois do equinócio.[4]

A história da ressurreição aparece em mais de cinco diferentes locais na Bíblia. Em diversos


episódios nos evangelhos canônicos, Jesus profetiza sua morte e posterior ressurreição, que
ele afirma ser o plano de Deus Pai.[5] Os cristãos veem a ressurreição de Jesus como parte do
plano de salvação e redenção através da expiação pelos pecados do homem.[6]

Estudiosos céticos questionaram a historicidade da ressurreição por séculos; por exemplo, "...o
consenso acadêmico do século XIX e início do século XX descarta as narrativas sobre a
ressurreição como sendo relatos tardios e lendários".[7] Diversos estudiosos modernos
expressaram suas dúvidas sobre a historicidade dos relatos sobre a ressurreição e continuam
debatendo suas origens,[8] enquanto que outros consideram os relatos bíblicos sobre o
episódio como sendo derivados das experiências dos seguidores de Jesus e, particularmente,
do apóstolo Paulo.[9][10]

Narrativa bíblica
Epístolas paulinas
Os mais antigos registros escritos da morte e ressurreição de Jesus são as cartas de Paulo, que
foram escritas por volta de duas décadas após a morte de Jesus[11][12] e mostram que, neste
período, os cristãos acreditavam firmemente no evento. Alguns estudiosos acreditam que elas
tenham incorporado credos e hinos primitivos, escritos apenas uns poucos anos após a morte
de Jesus e originados na comunidade cristã de Jerusalém.[13] Estes credos, mesmo inseridos
nos textos do Novo Testamento, são uma fonte importante sobre este período do cristianismo
primitivo (vide abaixo):

«acerca de seu Filho (que veio da descendência de Davi quanto à carne, e que foi com poder
declarado Filho de Deus quanto ao espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos), Jesus
Cristo nosso Senhor» (Romanos 1:3–4).[14]
«Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, descendente de Davi, segundo o
meu Evangelho» (II Timóteo 2:8).[15]
«Pois eu vos entreguei primeiramente o que também recebi: que Cristo morreu por nossos
pecados segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que foi ressuscitado ao terceiro dia
segundo as Escrituras e que apareceu a Cefas e então aos doze. Depois apareceu a mais de
quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte permanece até agora, mas alguns já
dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos;» (I Coríntios 15:3–7).

"Ressurreição".
Entre 1569 e 1600. Por El Greco, atualmente no Museu do Prado, em Madrid.
Estas aparições neste último credo incluem aquelas aos membros mais proeminentes entre os
seguidores de Jesus e, posteriormente, da igreja de Jerusalém, incluindo Tiago, irmão de Jesus,
e os apóstolos, nomeando apenas Pedro (Cefas). O credo também faz referências a aparições
para pessoas cujo nome não é citado. Hans Von Campenhausen e A. M. Hunter afirmaram,
separadamente, que o texto deste credo cumpre os rigorosos critérios de historicidade e
confiabilidade de origem.[16][17]

Evangelhos
Marcos
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath, três mulheres, Maria Madalena, Maria,
mãe de Tiago e Salomé, foram ungir o corpo de Jesus imaginando como é que conseguiriam
rolar a pesada pedra que fechava o túmulo. Porém, elas a encontraram já rolada e viram um
jovem sentado no túmulo que lhes contou que Jesus havia ressuscitado e que elas deveriam
contar para Pedro e os apóstolos que Ele iria se encontrar com eles na Galileia, "como havia
prometido". As mulheres correram e não contaram para ninguém (Marcos 16).

Mateus
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath, Maria Madalena e "a outra Maria" foram
espiar o túmulo. Acompanhado de um terremoto, um anjo desceu dos céus e rolou a pedra na
entrada. Ele diz para elas não terem medo e pede que elas contem aos discípulos que Jesus
ressuscitou e que irá encontrá-los na Galileia. As mulheres se regojizaram e correram para
contar as novidades aos discípulos, mas Jesus apareceu e repetiu o que foi dito pelo anjo. Os
discípulos então foram para a Galileia e lá viram Jesus. Os soldados que guardavam o túmulo
ficaram aterrorizados com o anjo e informaram aos sumo-sacerdotes. Furiosos, eles pagaram
para que eles espalhassem a informação mentirosa de que os discípulos de Jesus haviam
roubado o corpo "e esta notícia se há divulgado entre os judeus até o dia de hoje" (Mateus 28).

Lucas
Logo após o nascer do sol no dia seguinte ao sabbath algumas mulheres (Maria Madalena,
Joana e Maria, mãe de Tiago) foram ungir o corpo de Jesus. Elas encontraram a pedra já rolada
e o túmulo vazio. Repentinamente, dois homens apareceram atrás delas e disseram que Jesus
havia ressuscitado. As mulheres contaram aos discípulos, que não acreditaram nelas, com
exceção de Pedro, que correu até a tumba. Ele descobriu a mortalha no túmulo e foi embora
imaginando o que poderia ter acontecido.
No mesmo dia, Jesus apareceu para dois seguidores na estrada para Emaús. Eles só o
reconheceram quando ele partiu o pão e deu graças, desaparecendo em seguida. Os dois
imediatamente seguiram para Jerusalém, onde encontraram os discípulos excitados com a
aparição de Jesus a Pedro. Quando eles começaram a contar a história, Jesus apareceu para
todos eles, que ficam assustados, mas ele os convidou a tocarem no seu corpo, comerem com
ele e explicou que nele as profecias se realizaram (Lucas 24).

João
Bem cedo no dia após o sabbath, antes do nascer do sol, Maria Madalena visitou o túmulo de
Jesus e encontrou a pedra já rolada. Ela contou a Pedro e ao "discípulo amado", que correram
para lá, encontraram apenas a mortalha e foram para casa. Maria viu dois anjos e Jesus, que
ela não reconheceu de imediato. Ele pediu a ela que contasse aos discípulos que Jesus irá
ascender ao Pai, o que ela se apressou para fazer.

Naquela tarde, Jesus apareceu entre eles, mesmo as portas estando trancadas, e lhes conferiu
o poder sobre o pecado e o de perdoar. Uma semana depois, ele apareceu para Tomé, que não
tinha acreditado até então. Quando ele tocou as chagas de Jesus, disse "Meu senhor, meu
Deus", ao que Jesus respondeu "Creste, porque me viste? Bem-aventurados os que não viram
e creram" (João 20).

Atos dos Apóstolos


Na continuação do relato de Lucas, Jesus apareceu para diversas pessoas por quarenta dias,
dando muitas provas de sua ressurreição e instruindo os apóstolos a não deixarem Jerusalém
antes de serem batizados pelo Espírito Santo (Atos 1).

No Novo Testamento há três grupos de eventos relacionados à morte e ressurreição de Jesus:


crucificação e sepultamento, no qual Jesus é colocado num novo túmulo após a sua morte,
descoberta do túmulo vazio e as aparições após a ressurreição.

Todos os quatro evangelhos afirmam que, no final da tarde do dia da crucificação, José de
Arimateia pediu a Pilatos permissão para levar o corpo de Jesus e que, após ter sido atendido,
José retirou o corpo da cruz, envolveu-o numa mortalha de linho e o colocou no túmulo.[18]
Este ritual estava de acordo com a Lei Mosaica (Deuteronômio 21:22–23), que afirmava que
uma pessoa enforcada numa árvore não deve ficar lá à noite e deve ser enterrada antes do pôr-
do-sol.[19]

Em Mateus, José de Arimateia foi identificado como sendo «...também discípulo de Jesus»
(Mateus 27:57); Marcos acrescenta que ele era um «...ilustre membro do sinédrio, que também
esperava o reino de Deus» (Marcos 15:43). Lucas diz que ele era «...membro do sinédrio,
homem bom e justo (que não anuíra ao propósito e ato dos outros), de Arimateia, cidade dos
judeus, o qual esperava o reino de Deus.» (Lucas 23:50–51). Finalmente, João apenas
identifica-o como «discípulo de Jesus» (João 19:38).

O Evangelho de Marcos afirma que, quando José pediu o corpo de Jesus, Pilatos ficou
espantado por Jesus já estar morto e enviou um centurião para confirmar a morte antes de
entregar a José o corpo. João relata que José teve o auxílio de Nicodemos, que trouxe uma
mistura de mirra e aloés, misturando os perfumes na mortalha, como era o costume dos judeus.

Morte de Jesus durante os três dias


Mais informações: Estado intermediário e Descida de Jesus ao Inferno
Os trechos em itálico abaixo, do Novo Testamento, comentam sobre a morte e ressurreição de
Jesus e o período no qual ele esteve no túmulo:

O apóstolo Pedro dá um sermão cinquenta dias após a ressurreição no qual ele afirma: «Irmãos,
é-me permitido dizer-vos ousadamente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi
sepultado, e o seu túmulo está entre nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe
havia jurado que um dos seus descendentes seria colocado sobre o seu trono; prevendo isto,
Davi falou da ressurreição de Cristo, que nem foi deixado no Hades, nem o seu corpo viu a
corrupção.» (Atos 2:29–31)

Pedro, agora em sua primeira epístola, diz: «Assim também Cristo morreu uma só vez pelos
pecados, o justo pelos injustos, para nos levar a Deus, sendo, na verdade, morto na carne, mas
vivificado no Espírito, no qual também foi pregar aos espíritos em prisão.» (I Pedro 3:18–20)
Estas passagens formam a base teológica que sustenta a frase "Ele desceu ao inferno" que
consta no Credo dos Apóstolos e deu origem a tradição da Descida de Cristo ao Inferno.

Descoberta do túmulo vazio


Ver artigos principais: Túmulo vazio, Três Marias e Noli me tangere
Embora nenhum evangelho apresente um relato que inclua todos os episódios sobre a
ressurreição e as aparições, eles concordam em quatro pontos[20]:

A atenção dada à pedra que fechava a entrada do túmulo.


A ligação da tradição do túmulo vazio com a visita das mulheres "no primeiro dia da semana".
Que Jesus ressuscitado escolheu aparecer pela primeira vez para mulheres (ou mulher) e pedir-
lhes (ou lhe) que proclamassem este importante fato para os discípulos, incluindo Pedro e os
demais apóstolos;
A proeminência de Maria Madalena;[21][22][23]
Já as diferenças aparecem em torno da hora precisa da visita ao túmulo, o número e identidade
das mulheres; o propósito da visita; a aparição de outros mensageiros - angélicos ou humanos,
a mensagem deles para as mulheres e a resposta delas.[21]

Os quatro evangelhos relatam que as mulheres foram as primeiras a encontrar o túmulo vazio,
embora o número varie de uma (Maria Madalena) até um número não especificado. De acordo
com Marcos e Lucas, o "anúncio" da ressurreição de Jesus foi feito primeiro às mulheres,
enquanto que em Mateus e João, Jesus de fato "apareceu" primeiro para elas.[21]
Especialmente nos evangelhos sinóticos, as mulheres tiveram um papel central como
testemunhas da morte, sepultamento e na descoberta do túmulo vazio.[24]

Aparições após a ressurreição


Ver artigo principal: Aparições de Jesus após a ressurreição
Após a descoberta do túmulo vazio, os evangelhos relatam que Jesus apareceu diversas vezes
para os discípulos. Entre elas estão a aparição para os discípulos no cenáculo, onde Tomé não
acreditou até ser convidado a por seus dedos nas chagas de Jesus, a aparição na estrada para
Emaús e no Mar da Galileia para encorajar Pedro a servir seus seguidores. Sua aparição final
ocorreu quarenta dias após a ressurreição, quando Jesus ascendeu ao céu, onde ele está com o
Pai e o Espírito Santo até o dia do seu retorno.

Logo depois, na estrada para Damasco, Saulo de Tarso se converteu ao cristianismo (e trocou
seu nome para Paulo) com base numa visão que teve de Jesus e se tornou um dos mais
importantes missionários e teólogos da religião nascente.

Historicidade e origem da narrativa

Chi Ro representando Jesus ressuscitado.


350 d.C. Nos Museus Vaticanos (Museu Pio-Cristão).
Géza Vermes, que considera a ressurreição como um dos conceitos fundamentais da fé cristã,
apresentou oito possíveis teorias para explicá-la. Estas teorias abrangem todo um espectro que
vai da negação completa do evento até a fé absoluta nele. As seis outras variantes incluem o
roubo do corpo, a recuperação de um estado de coma e uma ressurreição espiritual, não
corporal[25][26] Vermes descarta as duas extremas, afirmando que elas "não são suscetíveis
ao julgamento racional".[26]

Diversos argumentos contra a historicidade da ressurreição também foram apresentados,


como, por exemplo, o número de outras figuras históricas ou deuses sobre os quais existem
relatos de morte e ressurreição semelhantes[27][b]. De acordo com Peter Kirby, "muitos
estudiosos duvidam da historicidade do túmulo vazio"[28][a]. Porém, de acordo com uma
pesquisa realizada por Gary Habermas, 75% de todos os estudiosos do Novo Testamento,
conservadores ou não, aceitam argumentos a favor do evento.[29] Robert M. Price alega que
se a ressurreição pudesse, de fato, ser comprovada por evidências científicas ou históricas, o
evento perderia suas qualidades milagrosas.[27] Helmut Koester escreveu que as teorias sobre
a ressurreição foram originalmente epifanias e que os relatos mais detalhados do evento são
de fontes secundárias e não se baseiam em registros históricos.[30]

De acordo com Richard. A. Burridge, o consenso majoritário entre os acadêmicos bíblicos é


que o gênero literário dos evangelhos é uma forma de biografia antiga e não uma narrativa
mitológica.[31] E.P. Sanders argumenta que uma conspiração para fomentar a crença na
ressurreição provavelmente resultaria numa história mais consistente e que algumas das
pessoas envolvidas nos eventos deram suas vidas para defender essa crença.[32] James D.G.
Dunn afirmou que, ainda que a experiência de Paulo com a ressurreição foi "de caráter
visionário" e "não física e não material", os relatos nos evangelhos são de outra natureza..[33]

Importância teológica
Na teologia cristã, a ressurreição de Jesus é o fundamento da fé cristã. Os cristãos, «pela fé no
poder de Deus» (Colossenses 2:12), serão corporalmente ressuscitados com Jesus na sua
segunda vinda (Parúsia) porque «Jesus morreu e ressuscitou e assim acontecerá com os que
são dele» (1 Tessalonicenses 4:14), do mesmo modo, os cristãos são redimidos para que
«vivam uma nova vida» (Romanos 6:4). Como Paulo afirmou: «Se Cristo não ressuscitou, é
vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.» (I Coríntios 15:4).[34]

"Ressurreição".
Vitral na Igreja de São Pedro e São Paulo em Jouarre, na França.
Diversos estudiosos já apontaram que, na discussão sobre a ressurreição, Paulo ecoa um estilo
de transmissão de conhecimento rabínica parte de uma tradição autoritativa antiga que ele
recebeu e passou adiante para a igreja de Corinto. Por esta e por outras razões, é amplamente
aceito que esta crença na ressurreição é de origem pré-paulina.[35][36] Geza Vermes afirma
que esta crença é "uma tradição que Paulo herdou dos que eram maiores que ele na fé na morte,
sepultamento e ressurreição de Jesus" (vide acima)[37] e sua origem foi a comunidade
apostólica de Jerusalém, onde ela foi formalizada e passada adiante apenas alguns poucos anos
depois da ressurreição.[38] Paul Barret escreve que este tipo de credo é uma variante de "uma
tradição primitiva básica que Paulo 'recebeu' em Damasco de Anananias por volta de 34 d.C."
após a sua conversão.[39]

A visão de Paulo era contrária aos ensinamentos dos filósofos gregos, para quem a ressurreição
dos mortos significava uma nova prisão num corpo, que era o que eles queriam evitar, uma
vez que para eles o corpóreo e o material aprisionavam o espírito.[40] Ao mesmo tempo, Paulo
acreditava que o corpo recém-ressuscitado seria também um corpo celestial, imortal,
glorificado, poderoso e pneumático, bem diferente do corpo terreno, que é mortal, desonrado,
fraco e psíquico (em grego: psyche).[41] De acordo com o teólogo Peter Carnley, a
ressurreição de Jesus é bem diferente da ressurreição de Lázaro pois "no caso de Lázaro, a
pedra foi rolada para que ele pudesse sair... o Cristo ressuscitado não precisou que lhe rolassem
a pedra, pois ele foi transformado e pode parecer onde quiser, quando quiser".[42]

Terry Miethe, um filósofo cristão da Universidade de Oxford, afirmou: "'Jesus ressuscitou dos
mortos?' é a pergunta mais importante sobre os que alegam professar a fé cristã".[43]

Alguns acadêmicos modernos se utilizam da crença dos seguidores de Jesus na ressurreição


como um ponto de partida para estabelecer a continuidade entre o Jesus histórico e a
proclamação (kerigma) da Igreja antiga.[44]

Tradição cristã
A ressurreição de Jesus é de importância central para a fé cristã e aparece em diversos
elementos da tradição, como festas, representações artísticas e relíquias religiosas. Na doutrina
cristã, os sacramentos derivam seu poder salvador da Paixão e ressurreição de Cristo, da qual
a salvação do mundo inteiro depende.[45]

Um exemplo da interconexão entre ensinamentos sobre a ressurreição e as relíquias é a


aplicação do conceito da "formação milagrosa da imagem" no momento da ressurreição no
Sudário de Turim. Autores cristãos afirmam sua crença de que o corpo que estava embrulhado
pelo sudário não era simplesmente humano, mas divino, e que a imagem no sudário foi
produzida milagrosamente no momento da ressurreição.[46][47] Citando o papa Paulo VI, de
que o sudário é "um documento maravilhoso sobre Sua Paixão, Morte e Ressurreição, escrito
para nós em letras de sangue", o autor Antonio Cassanelli argumenta que o sudário é um
registro divino deliberado dos cinco estágios da Paixão, criado no momento da
ressurreição.[48]

A Páscoa é a mais importante e também a mais antiga festa cristã e celebra a ressurreição de
Jesus.[49] Desde a era apostólica, seu objetivo tem sido o foco no ato de redenção de Deus na
morte e ressurreição de Cristo.[50]
"Ressurreição de Jesus".
1619–20. Por Francesco Buoneri, atualmente no Art Institute of Chicago.
Sua origem está ligada à Páscoa judaica (Pessach) e ao Êxodo narrado no Antigo Testamento,
principalmente através da Última Ceia e à crucificação, eventos que precederam a ressurreição.
De acordo com o Novo Testamento, Jesus deu novo significado à ceia de Páscoa (judaica)
quando ele preparou seus discípulos para sua morte no cenáculo durante a Última Ceia. Ao
instituir a Eucaristia, Jesus ligou o significado do pedaço de pão e da taça de vinho com seu
corpo, que seria sacrificado, e com seu sangue, que seria derramado. Paulo pede em I
Coríntios: «Purificai [Livra-te do] o velho fermento, para que sejais uma nova massa, assim
como sois sem fermento. Pois, na verdade, Cristo, que é nossa páscoa, foi imolado» (I
Coríntios 5:7). Assim, ele relaciona alegoricamente o cordeiro de Páscoa judaico (Korban
Pesach), que é sacrificado neste dia, com Jesus, que se tornou o Cordeiro de Deus. Além disso,
Paulo faz referência ao requisito judaico de se comer o pão ázimo (sem fermento) neste
dia.[51]

Ressurreição e redenção
Ver artigo principal: Redenção (cristianismo)
Durante a era apostólica, a ressurreição era vista como a inauguração de um novo tempo. A
tarefa de formar uma teologia da ressurreição coube a Paulo de Tarso, para quem não era
suficiente repetir de forma simplória doutrinas elementares, mas sim continuar, como ele
mesmo afirma em Hebreus, «deixando a doutrina dos princípios elementares de Cristo,
passemos à perfeição.» (Hebreus 6:1) Assim, a conexão entre a ressurreição de Cristo e a
redenção é fundamental na teologia de Paulo,[52] pois ele entendia a primeira como a causa e
a base da esperança de todos os cristãos de experimentar algo similar:

“ «Mas agora Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que
dormem [o primeiro a ser ressuscitado]. Pois desde que a morte veio por um homem, também
por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois assim como em Adão todos morrem, assim
também em Cristo todos serão vivificados.» (I Coríntios 15:20–22) ”
Os ensinamentos de Paulo se tornaram um elemento chave da tradição e da teologia cristãs.
Ele ensinava que assim como os cristãos compartilham da morte de Jesus no batismo, eles
também compartilharão de sua ressurreição.[53]

Os Padres Apostólicos discutiram a morte e a ressurreição de Jesus, incluindo Inácio de


Antioquia (50-115),[54] Policarpo de Esmirna (69-155) e Justino Mártir (100-165). Depois da
conversão de Constantino e do Édito de Milão (313), os primeiros concílios ecumênicos até o
século VI, que se focaram na cristologia, ajudaram a formatar o entendimento cristão sobre a
natureza redentora da ressurreição, influenciando tanto a liturgia quanto a iconografia.[55]

A crença na ressurreição dos corpos foi uma constante na Igreja antiga e em nenhum outro
lugar ela foi defendida mais fortemente do que no norte da África. Agostinho de Hipona
acreditava nisso quando se converteu em 386.[56] Ele defendia a ressurreição e argumentava
que como Cristo havia ressuscitado, haveria uma ressurreição dos mortos.[57][58] Além disso,
ele defendia que a morte e a ressurreição de Jesus era para a salvação do homem ao afirmar
que "para conseguir a ressurreição de cada um de nós, o Salvador pagou com sua única vida,
e ele decretou previamente e apresentou sua única e singular vida na forma de sacramento e
modelo".[59]

A teologia do século V de Teodoro de Mopsuéstia nos dá uma pista sobre o desenvolvimento


do entendimento dos cristãos sobre a natureza redentora da ressurreição. O papel crucial dos
sacramentos na mediação da salvação era bem aceito na época. Na representação da Eucaristia
da época - e no entendimento de Teodoro - os elementos sacrificiais e salvíficos eram
combinados "N'Aquele que nos salvou e nos libertou através de Seu sacrifício". Porém, ele se
concentra muito mais em seu triunfo sobre o poder da morte (salvação) na ressurreição do que
na redenção (sacrifício).[60]

Esta ênfase na natureza salvadora da ressurreição continuou na teologia cristã dos séculos
seguintes. No século VIII, João Damasceno escreveu que: "... quando ele libertou aqueles que
estavam presos desde o princípio dos tempos, Cristo retornou novamente dos mortos, abrindo
para nós o caminho para a ressurreição" (vide Descida de Cristo ao inferno) e iconografia cristã
nos anos seguintes é um retrato desta ênfase.[61]
Representações artísticas da ressurreição
Ver artigo principal: Ressurreição de Jesus na arte
Nas catacumbas de Roma, os primeiros artistas cristãos apenas insinuavam a ressurreição
utilizando imagens do Antigo Testamento, como a caldeira fumegante ou Daniel na cova dos
leões. Representações anteriores ao século VII geralmente se valem de eventos secundários,
como as Três Marias no túmulo para transmitir o conceito da ressurreição. Um dos primeiros
símbolos da ressurreição foi o Chi Ro cingido, cuja origem remonta à vitória de Constantino I
na Batalha da Ponte Mílvia (312), que ele atribuiu ao uso da cruz no escudo dos seus soldados.
Constantino utilizava o Chi Ro como seu estandarte e suas moedas mostravam um lábaro com
o Chi Ro matando uma serpente.[62]

O uso da grinalda à volta do Chi Ro simboliza a vitória da ressurreição sobre a morte e é uma
representação primitiva da conexão entre a crucificação de Jesus e a sua triunfal ressurreição,
como pode ser vista no sarcófago de Domitila (século IV) em Roma. Nele, num Chi Ro envolto
em uma grinalda (cingido), a morte e a ressurreição de Cristo são representados como
inseparáveis e esta não é vista apenas como meramente um "final feliz" ao final da vida de
Jesus na terra. Dado o uso de símbolos similares no estandarte romano, esta representação
também transmitia outra vitória, a da fé cristã: os soldados romanos, que um dia prenderam
Jesus e o levaram até Calvário, agora marchavam sob o estandarte do Cristo ressuscitado.[63]

O significado cósmico da ressurreição na teologia ocidental remonta a Ambrósio de Milão,


que, no século IV, afirmou que "Em Cristo, o mundo ascendeu, o céu ascendeu, a terra
ascendeu". Porém, este tema só se desenvolveu posteriormente na teologia e na arte ocidentais.
Entretanto, algo completamente se deu no oriente, onde a ressurreição estava ligada à
redenção, à renovação e ao renascimento do mundo todo desde muito antes. Na arte, este fato
foi demonstrado pela combinação das representações da ressurreição com as da Descida de
Cristo ao inferno nos ícones e nas pinturas. Um bom exemplo aparece na Igreja de Chora em
Istambul, na qual João Batista, Salomão e outras figuras estão presentes, mostrando que Cristo
não ressuscitou sozinho.[64]
"Cristo ressuscitado e soldados".
c. 1572. Por Germain Pilon, atualmente no Louvre.
Visões não cristãs
Gnósticos
Gnósticos não acreditam na ressurreição no sentido literal, físico: "Para o gnóstico, qualquer
ressurreição dos mortos foi descartada desde o início; a carne ou a substância está destinada a
perecer. 'Não há ressurreição da carne, somente da alma', afirmam os Arcônticos, um grupo
gnóstico tardio da Palestina".[65]

Ressurreição dos mortos.


1499-1502. Por Luca Signorelli, no Domo de Orvieto, na Itália.
Judaísmo
Ver artigo principal: Jesus no Judaísmo
Jesus era Judeu, mas o cristianismo teve berço no judaísmo do século I e as duas ideologias se
diferenciaram em suas teologias desde então. De acordo com o Toledot Yeshu, o corpo de Jesus
foi removido na mesma noite por um jardineiro de Juda quando ele soube que os discípulos
planejavam roubá-lo.[66][67] Contudo, o Toledot Yeshu não é considerada uma obra canônica
ou normativa na literatura rabínica.[68] Van Voorst afirma que a obra é um documento
medieval organizado sem uma forma fixa e que é "muito improvável" que contenha qualquer
informação confiável sobre Jesus.[69] A obra "The Blackwell Companion to Jesus" afirma que
Toledot Yeshu não apresenta seus fatos como históricos e que o texto foi criado como uma
ferramenta para tentar impedir a conversão de judeus ao cristianismo.[70]

No século I a.C., controvérsias dividiam os diversos grupos judaicos. Os fariseus acreditavam


na ressurreição dos mortos enquanto que os saduceus, não. Estes não acreditavam na vida após
a morte, enquanto que os fariseus defendiam uma ressurreição literal dos corpos.[71] Os
saduceus, líderes religiosos poderosos, rejeitavam também anjos, demônios e a lei oral dos
fariseus. Contudo, os fariseus, cujas crenças evoluíram para o judaísmo rabínico,
eventualmente venceram a disputa (ou, ao menos, foram os sobreviventes). A promessa de
uma ressurreição futura aparece na Torá e também em certas obras judaicas, como a Vida de
Adão e Eva (c. 100 a.C.) e no livro farisaico II Macabeus (c. 124 a.C.).[72]
Islã
Ver artigo principal: Morte de Jesus no islã
Os muçulmanos acreditam que ʿĪsā (Jesus), filho de Mariam (Maria), era um profeta sagrado
que proclamava uma mensagem divina. A perspectiva islâmica é a de que Jesus não foi
crucificado e irá retornar no fim dos tempos: "Outrossim, Deus fê-lo ascender até Ele, porque
é Poderoso, Prudentíssimo.".[73] O Corão afirma, em Sura 4:157: "E por dizerem: Matamos
o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus, embora não sendo, na realidade, certo
que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que
discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum,
abstraindo-se tão-somente em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram.".[74]

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