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Wilson Paroschi
CAPÍTULO 1
“Vai-te em paz”
“E Ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz,
e fica livre do teu mal.” Marcos 5:34
E
muito comum encontrarmos nas pessoas em geral, dois po-
sicionamentos bem opostos com respeito às relações de MB cada
uma delas para com Deus.
De um lado, estão aqueles que não estão nem um pouco preo-
cupados com isso. São indiferentes para com aquilo que Deus
possa pensar acerca deles. Acham que não devem absolutamente
nada, e que, portanto, nada têm a temer.
De outro, estão aqueles que vivem atormentados pelo medo e o
sentimento de culpa. Não precisam necessariamente ter feito nada de
diferente daquilo que os outros costumam fazer, mas por uma ou
outra razão se sentem culpados, e isso faz com que percam roda a
alegria de viver. Vivem deprimidos, e às vezes até em profundo
desespero.
É o caso da mulher a quem Jesus dirigiu as palavras do texto em
epígrafe. A história é bem conhecida (Mar. 5:24-34). Ela havia ido a
Jesus em busca de cura, mas não apenas por causa dos sofrimentos
físicos e da vergonha que sua enfermidade lhe causava, senão
porque, em sua mente, a enfermidade que a acompanhava já por
vários anos era um castigo de Deus por algum pecado que havia
cometido.
E Jesus sabia disso. Ele sabia que o problema mais grave que a
atormentava era o senso de culpa. Foi por isso que não Se limitou a
curá-la. Ele fez questão de perdoá-la e de dirigir-lhe palavras de
carinho e de mais completa aceitação.
Preconceito e Discriminação
modesta.”
Um Castigo de Deus
Embora o relato não descreva qualquer pecado que ela tenha co-
metido, a Bíblia é muito clara ao afirmar que todos os homens são
pecadores e, portanto, culpados diante de Deus. “Portanto”, diz o
apóstolo Paulo, “assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, porque todos pecaram.” Rom. 5:12 (3:23).
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SÓ JESUS
Mas não pára por aí. A salvação que Deus nos oferece por in-
termédio de Seu Filho não só resolve o problema de nossa culpa pelos
pecados cometidos, como também resolve o problema de nosso
caráter pecaminoso. O apóstolo Paulo declara: “Porque se nós,
quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de
Seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela
Sua vida.” Rom. 5:10.
Não apenas a morte de Cristo, portanto, é necessária para a nossa
salvação, mas também Sua vida. Sua morte nos reconcilia com Deus,
ou seja, elimina a culpa que temos diante de Deus; e Sua vida, Seu
caráter santo e perfeito, substitui o nosso a fim de que também
sejamos tidos como santos. Isso é o que significa ser revestido com a
justiça de Cristo.
Quando aqui viveu, Cristo satisfez plenamente a todos os reclamos
da lei divina. “Tenho guardado os mandamentos de Meu Pai” (João
15:10), disse Ele, certa vez, apesar de todas as tentações e assédios do
inimigo por que passou (Heb. 4:15). “Em Sua humanidade, Cristo
formou caráter perfeito.” - Parábolas de Jesus, pág. 311. E quando O
aceitamos como nosso Salvador, Deus faz como que um lançamento
contábil, creditando a nosso favor a vida perfeita e imaculada de
Jesus.
Diz a Sra. White: “A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei;
mas é ele incapaz de a apresentar. A única maneira em que
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Só JESUS
pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus
os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a
crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso
do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a alma arrependida e
crente, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho.” -
Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 367.
Como é bela a mensagem do Evangelho! Como é maravilhosa a
redenção que Deus nos oferece por meio de Seu Filho! A morte de
Jesus é aceita em lugar da nossa, e Sua justiça é aceita como se fosse
nossa. Somos perdoados e considerados justos por Deus inteiramente
com base na morte vicária e na vida perfeita do Salvador.
Não importa quantos ou quão grandes pecados tenhamos cometido,
Deus nos perdoa e nos aceita novamente em Sua presença como se
nunca houvéssemos pecado (Caminho a Cristo, pág. 62). Trata-nos
como se fôssemos justos e nos ama com a mesma intensidade com
que ama a Seu próprio Filho. Nossas relações com Ele, rompidas pelo
pecado, voltam a estar plenamente reatadas. “Justificados, pois,
mediante a fé”, diz o apóstolo Paulo, “temos paz com Deus, por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo.” Rom. 5:1.
Conclusão
Foi exatamente por isso que Jesus parou de repente, numa das
estreitas ruas de Cafarnaum, e fez aquela pergunta que surpreendeu a
todos os que se comprimiam ao Seu redor: “Quem Me tocou?” Mar.
5:31.
Ele sabia perfeitamente quem O tocara. “O Salvador podia
distinguir o toque da fé, do casual contato da turba descuidosa.” -- O
Desejado de Todas as Nações, pág. 344. O que Ele estava querendo,
na verdade, era dar àquela pobre mulher a oportunidade de se
identificar, para que pudesse livrá-la também do principal fardo que a
oprimia: o complexo de culpa.
Se a tivesse deixado ir sem ser notada, ela estaria fisicamente
curada, mas sua alma permaneceria arruinada pela culpa e o medo.
Por isso a pergunta: “Quem Me tocou?” Jesus fazia questão de dirigir-
lhe algumas palavras de perdão, de conforto e ânimo, para que sua
cura fosse completa. “Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica
livre do teu mal.” Mar. 5:34.
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“VAI-TE EM PAZ"
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SÓ JESUS
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SÓ JESUS
desde o princípio creram que Jesus era o Messias. Mas não só eles.
Muitos outros havia que chegaram a partilhar da mesma crença,
principalmente por influência da pregação de João Batista. A fé,
porém, ainda era pequena e frágil. Quando João Batista foi preso e
morto, começaram a duvidar de que ele fosse um profeta, e, por
conseguinte, começaram a duvidar do próprio Cristo. E o resultado
foi que muitos O abandonaram, à exceção de Pedro e seus
companheiros.
A confissão de Pedro, portanto, não era dele apenas, mas “ex-
primia a fé dos doze”. - O Desejado de Todas as Nações, pág. 412.
Embora os discípulos ainda estivessem muito longe de compreender
a verdadeira natureza da missão de Cristo, eles já O aceitavam como
o Messias longamente esperado.
Os discípulos, como os demais judeus, tinham plena certeza de que
eram o povo do concerto, o povo escolhido de Deus, e por isso jamais
permitiram que as calamidades nacionais prejudicassem sua
confiança no futuro. Eles estavam plenamente seguros com relação à
vinda do Libertador.
Os constantes reveses experimentados pela nação, porém, fizeram
com que eles perdessem de vista a obra espiritual do Messias, e
passassem a vê-la unicamente em sua dimensão horizontal. O
Messias, para eles, seria apenas um grande líder político-militar que
viria para pôr fim a todo jugo e opressão estrangeira; viria para
restaurar o trono de Davi, e novamente exaltar Israel sobre todos os
reinos do mundo (Luc. 24:21; Atos 1:6).
De modo que os discípulos, ao aceitarem a Jesus como o Messias,
na verdade ainda nutriam a esperança de que Ele não permaneceria
para sempre na pobreza e na obscuridade; de que em breve Ele
haveria de assumir Sua verdadeira identidade, ocupar o trono em
Jerusalém, e estabelecer definitivamente o Seu reino. Faltava-lhes,
portanto, compreender a real natureza de Sua missão. Não obstante,
acreditavam nEle.
O Anúncio da Cruz
A Fé que Salva
nenhum de nós. A menos que a aceitemos pela fé, ela não nos será de
nenhum proveito.
Agora chegamos ao âmago da questão, porque a verdadeira fé,
como já salientado, não é aquela que se limita a uma mera aceitação
dos fatos, ou mesmo que chegue ao ponto de uma profunda
compreensão do que esses fatos significam. A verdadeira fé, a fé
salvadora, é aquela mediante a qual reconhecemos o egoísmo que
impregna nossos motivos, nossos gostos e predileções, e a
necessidade que temos de nos identificar com o Cristo crucificado
para que recebamos então a condenação que merecemos.
E essa identificação, essa união espiritual com Cristo em Sua
morte, em atitude de total arrependimento e entrega da vontade a
Deus, é o que nos toma acessível o perdão divino, “porquanto quem
morreu”, diz Paulo, justificado está do pecado”. Rom. 6:7. A fé que
nos dá a vida é a fé que passa pela morte, morte como símbolo de
uma profunda e definitiva negação de nós mesmos.
Sendo mais específico, essa autonegação não significa simples-
mente negar a nós mesmos certos luxos e prazeres, como jóias, carros
importados, chocolates ou queijos, embora possa incluir essas coisas.
Se estivesse limitada a isso, nossa fé seria apenas de fachada;
seríamos hipócritas, deixando de ter ou de fazer certas coisas que no
íntimo gostaríamos de estar fazendo. Tal procedimento é mais grave
aos olhos de Deus que o pecado em si. Diz a Sra. White que há mais
esperança para aqueles que pecam abertamente do que para os
hipócritas {Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 36).
Negar-nos a nós mesmos, portanto, significa negar ou deserdar o
nosso ego imperioso e pecaminoso, renunciando a nosso suposto
direito de seguir o nosso próprio caminho; significa voltar-nos
completamente da idolatria do eu, das idéias ou hábitos que
gostamos, mas que nos separam de Cristo, porque ocupam em nossa
vida o lugar que deveria ser unicamente dEle.
E é exatamente aqui que reside o problema, porque muitas vezes
nos contentamos em renunciar a muitas coisas, mas não chegamos ao
ponto de renunciar a tudo aquilo que amamos e que, por isso mesmo,
afasta de Cristo o coração. Não é difícil renunciar a coisas que para
nós tenham um valor secundário, mas o mandamento de o fazermos
diz respeito exatamente àquilo que nos é mais precioso (Luc. 14:25-
33), porque é isso o que nos es
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Só JESUS
Crucificando o Eu
Conclusão
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CAPÍTULO 4
M
uitos crentes têm uma visão bastante distorcida acerca da vida
cristã. Alguns pensam que ser cristão consiste apenas ■■■ em
guardar todos os mandamentos de Deus; em não fumar, não
beber, não comer alimentos impróprios, não frequentar
lugares impróprios; enfim, limitam a conversão a uma simples
mudança no procedimento.
Embora tais pessoas possam ser absolutamente sinceras, convém
lembrar que a sinceridade não é suficiente para transformar o erro em
verdade. A obra da graça divina em nós não é tão estreita a ponto de
afetar apenas o nosso comportamento exterior. Se assim fosse, o
cristianismo não seria muito diferente de algumas religiões pagãs de
elevado conteúdo ético e moral.
A religião de Cristo, no entanto, vai muito além, e tem que ver
com uma verdadeira transformação de nossa natureza interior, uma
transformação tão profunda e completa que Cristo chegou a
compará-la a um novo nascimento. “A vida cristã não é uma mo-
dificação ou melhoramento da antiga, mas uma transformação da
natureza. Tem lugar a morte do eu e do pecado, e uma vida toda
nova.” - O Desejado de Todas as Nações, pág. 172.
Outro erro também bastante comum é o daqueles que acham que
a mudança de vida consiste numa conquista puramente humana. São
pessoas que confiaram em Jesus para o perdão dos pecados, mas que
agora procuram fazer sozinhos o restante da obra; procuram levar
uma vida correta e digna com base unicamente em seus esforços
pessoais.
Mas qualquer tentativa como essa haverá de fracassar, e a razão é
muito simples: o homem, por melhor que seja, não pode se renovar a
si mesmo. Quando muito, poderá adotar um comportamento correto,
mas mudar a própria natureza, o próprio coração, é algo que está
completamente fora do seu alcance. Somente o Deus que nos criou é
que poderá nos recriar
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“ I M PORTA-VOS NASCER DE NOVO”
Um Homem em Crise
Nascer de Novo
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SÓ JESUS
A Herança de Adão
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“IM PORT A-VOS NASCER DE NOVO”
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Só JESUS
O Antídoto da Cruz
não nos habilita a nos tomarmos súditos do reino de Deus, pois es-
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“IMPORTA-VOS NASCER DE NOVO”
tamos em total desarmonia com Sua iei, e não temos em nós mesmos
nenhuma condição sequer de fazer aquilo que é do Seu agrado (Rom.
8:7 e 8). Caso fôssemos assim levados para o Céu, diz a Sra. White,
nenhum prazer haveríamos de encontrar ali. O amor e a santidade de
Deus não encontrariam eco em nossa alma. Nossos pensamentos,
interesses e motivos seriam tão diferentes que o Céu nos seria um
lugar de suplícios (Caminho a Cristo, págs. 17 e 18).
Precisamos nascer de novo, portanto, nascer da água e do Espírito,
a fim de receber uma nova natureza, uma natureza espiritual. Sem
esse processo regenerador, não temos como voltar a refletir a imagem
moral de Deus, e, como consequência, não poderemos estar com Ele
no Seu reino.
Mas como fazê-lo? Como passar pela experiência do novo
nascimento? Essa foi exatamente a pergunta que Nicodemos fez em
seguida a Jesus (João 3:9). Ao que Ele respondeu: “Do modo por que
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
homem seja levantado, para que todo o que nEle crê tenha a vida
eterna.” João 3:14 e 15.
Jesus ilustrou o modo pelo qual se obtém o novo nascimento com
uma história que Nicodemos conhecia muito bem, a história da
serpente de bronze.
Numa das muitas rebeliões do povo de Israel durante o Êxodo, eles
foram atacados por “serpentes abrasadoras” que infestavam o
deserto, e o resultado foi que muitos deles acabaram morrendo por
causa de suas picadas venenosas (Núm. 21:6). Os sobreviventes
apelaram para Moisés, que por sua vez apelou para Deus. E Deus o
orientou para que fizesse uma serpente de bronze, semelhante às que
haviam atacado o povo, e que a levantasse no meio do acampamento,
de modo que todos aqueles que fossem picados seriam prontamente
curados, se tão-somente olhassem para ela (Núm. 21:8).
A serpente de metal, porém, não tinha em si mesma nenhum poder
mágico ou terapêutico. Ela apenas visava a ensinar a Israel a
importante lição de que ninguém poderia se livrar a si mesmo dos
efeitos fatais do veneno. Apenas Deus poderia curá- los, e todo aquele
que dela se aproximasse, em atitude de total arrependimento e fé, e a
olhasse como a única solução para o seu mal, seria então curado.
Na verdade, aquela serpente era um símbolo do próprio Cristo, que
haveria de Se tornar maldição em nosso lugar (Gál. 3:13), seria
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“IM PORT A-VOS NASCER DE NOVO”
Conclusão
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CAPÍTULO 5
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“VAI, £ NÃO PEQUES MAIS”
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“VAI, E NÃO PEQUES MAIS”
A Reação de Jesus
Apesar de perceber que se tratava de uma cilada, Jesus não diz uma
palavra sequer, apenas Se abaixa e começa a escrever na areia a Seus
pés. Seu gesto despertou o interesse dos escribas e fariseus, que
podem ter imaginado que o que Ele estava escrevendo era a sentença
da mulher. Talvez Jesus estivesse imitando a atitude de um
magistrado romano, que primeiro escrevia sua sentença para depois
lê-la em voz alta. Mas estavam errados. Diz a Sra. White que “ali,
traçados perante eles, achavam-se os criminosos segredos de sua
própria vida” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 461), e foi com
terrível espanto que eles o perceberam.
Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas é provável que
Jesus tenha fixado o olhar num daqueles homens, o líder quem sabe,
e tenha escrito no chão algum de seus pecados ocultos. A seguir,
talvez tenha feito o mesmo com relação a um dos que arrastara a
mulher para lá. Depois com outro, e assim por diante, confrontando
cada um deles com seu próprio pecado.
A multidão ao redor deve ter notado a súbita mudança na ex-
pressão dos acusadores, e talvez tenha tentado se aproximar um
pouco mais para ver o que estavam eles olhando com tanto assombro
e vergonha. Não querendo, porém, que isso acontecesse, aqueles
líderes judaicos exigem de Jesus uma resposta, buscando a todo custo
impedir que a atenção de todos se voltasse da mulher para eles
mesmos.
Mas aqueles escribas e fariseus, com sua professada reverên-
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SÓ JESUS
Perdão e Santificação
vida, também o poder de Deus nos capacita para viver uma vida nova
e vitoriosa (Rom. 6:5 e 6), onde o pecado não mais tenha domínio
sobre nós (Rom. 6:12-14).
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“VAI, E NÃO PEQUES MAIS”
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“VAI, E NÃO PEQUES MAIS”
Conclusão
De fato, Agostinho não era mais o mesmo; era uma nova criatura.
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SÓ JESUS
Se bem que ainda fosse muito novo na fé, ele sabia perfeitamente o
que a graça de Deus havia operado em sua vida, e também como
deveria viver a partir do momento em que a experimentara.
Essa será a experiência de todo genuíno cristão. Ninguém que é
alcançado pela graça divina continua na prática do pecado, muito
menos tem qualquer sentido a alegação de que, quanto mais
pecarmos, mais poderemos desfrutar da graça perdoadora de Deus
(Rom. 6:1 e 2). Tal enfoque, que explícita ou implicitamente é mais
comum do que podemos imaginar, consiste numa grosseira
deturpação do evangelho, e tem a clara finalidade de facilitar sua
pregação.
De nada adiantam, porém, igrejas lotadas, se seus membros
continuam irregenerados. De nada adiantam centenas de braços
levantados numa reunião de reavivamento, se os membros não se
mostram dispostos a abandonar os pecados e vícios que têm
caracterizado sua vida. A verdadeira religião não pode existir com
base numa graça tão leviana que não venhamos a valorizá- la, e
pretender que ela não exija nenhum compromisso ético de nossa
parte é reduzi-la ao nível de nossas mais vis perversões.
A graça de Deus não é mera teoria ou abstração teológica. É um
poder real que, além de nos perdoar, também nos livra do domínio
do pecado (Rom. 6:14) e nos transforma em “servos da justiça”
(Rom. 6:18). Por isso, não podemos experimentá-la e ainda assim
continuar praticando algum pecado consciente e voluntário.
Se o perdão divino não cria em nós uma nova repulsa pelo pecado,
com o qual estávamos acostumados ou que gostássemos
imensamente de praticar, conferindo-nos também um novo poder
para resistir à tentação, então é porque ainda não fomos perdoados, e
nem mesmo toda a vontade de Deus em fazê-lo será suficiente para
nos livrar da condenação. É por isso que, como disse Lutero, todo
aquele que recebeu a misericórdia de Deus por intermédio de Cristo,
mas que ainda permanece em seus velhos caminhos do mal, só pode
na verdade ter um outro tipo de Cristo.
É importante que se diga, porém, que embora o perdão de Deus
represente para nós o início de uma vida de justiça e santidade,
ninguém será salvo pelas boas obras ou virtudes decorrentes dessa
nova vida. A salvação advém quando, por meio da fé, depositamos
nossa confiança unicamente na vida e na morte substitutivas de Jesus
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“VAI, E NÃO PEQUES MAIS”
Cristo. Pela fé, Deus nos aceita, nos imputa a justiça de Cristo, e nos
trata como se nunca houvéssemos pecado (Rom. 4:3 e 5). No
momento em que isso ocorre, estamos salvos. A questão apenas é que
“a justiça de Cristo não é uma capa para encobrir pecados não
confessados e não abandonados; é um princípio de vida que
transforma o caráter e rege a conduta. Santidade é integridade para
com Deus; é a inteira entrega da alma e da vida para habitação dos
princípios do Céu”. - O Desejado de Todas as Nações, págs. 555 e
556.
Em outras palavras, não é a santidade cristã que salva, mas não há
salvação que não resulte numa vida de santidade. Além do mais, uma
vida assim santificada e dirigida pelo Espírito Santo acaba se
constituindo numa evidência incontestável de que de fato o
evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que
crê”. Rom. 1:16. “A beleza e fragrância do caráter de Cristo
manifestadas na vida testificam de que em verdade Deus enviou Seu
Filho ao mundo para o salvar.” - Parábolas de Jesus, pág. 420.
Portanto, “vai, e não peques mais”.
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CAPÍTULO 6
Descanso Interrompido
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“PQR QUE DUVIDASTE?”
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SÓ JESUS
A Façanha de Pedro
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SÓ JESUS
O Enxerto Divino
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SÓ JESUS
A Responsabilidade Humana
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“POR QUE DUVIDASTE?”
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“POR QUE DUVIDASTE?”
Rom. 7:25.
Jesus é o segredo da vitória. Na medida em que nos mantivermos
ligados a Ele, poderemos manter subjugada a nossa natureza carnal.
Ele mesmo declarou: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem
permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim
nada podeis fazer.” João 15:5. E o significado correto dessas palavras
não é no sentido de que os pecadores não são capazes de fazer a
vontade de Deus, embora isso também seja verdade, mas que aqueles
que já foram alcançados pela graça perdoadora de Deus nada poderão
realizar, a menos que extraiam dEle a vida e a força de que
necessitam.
Jamais devemos procurar fazer qualquer coisa por nós mesmos.
Nenhuma conquista espiritual, nenhuma vitória duradoura sobre os
brotos de nossa velha natureza será possível, se não for pelo poder de
Cristo. Do princípio ao fim da vida cristã, é Cristo quem deve operar
em nós e através de nós.
Conclusão
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SÓ JESUS
nossa vontade. Deus nos dá poder para isso (Filip. 2:13), mas é nosso
dever exercê-lo, abstendo-nos de tudo aquilo que possa porventura
estimular o pecado que existe em nós. Em seguida, o que precisamos
fazer é fortalecer nossa natureza espiritual, o que só é possível
mediante a prática de coisas espirituais, como a oração e o estudo da
Bíblia. É isso o que significa permanecer em Cristo, e manter os
olhos fixos unicamente nEle.
Se assim o fizermos, estaremos então criando as condições
necessárias para que o Espírito Santo prossiga em Sua obra de nos
santificar, e podemos estar plenamente seguros de que Aquele que
começou essa boa obra em nós há de “completá-la até ao dia de Cristo
Jesus”. Filip. 1:6. Diz a Sra. White: “O Espírito Santo nunca deixa
sem assistência a alma que está olhando a Cristo. ... Se o olhar se
mantiver fixo em Jesus, a obra do Espírito não cessa, até que a alma
esteja conforme a Sua imagem.” - O Desejado de Todas as Nações,
pág. 302.
Em outra citação, ela faz o seguinte apelo: “Consagrai-vos a Deus
pela manhã; fazei disto vossa primeira tarefa. ... Esta é uma questão
diária. Cada manhã consagrai-vos a Deus para esse dia. ... Assim dia
a dia podereis entregar às mãos de Deus a vossa vida, e assim ela se
moldará mais e mais segundo a vida de Cristo.... Vossa esperança
não está em vós mesmos; está em Cristo. Vossa fraqueza se acha
unida à Sua força, vossa ignorância à Sua sabedoria, vossa
fragilidade ao Seu eterno poder. Não deveis, pois, olhar para vós
mesmos, nem permitir que o pensamento demore no próprio eu, mas
olhai para Cristo. Que o pensamento demore em Seu amor, na
formosura e perfeição de Seu caráter. Cristo em Sua abnegação,
Cristo em Sua humilhação, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo
em Seu incomparável amor - esse é o tema para a contemplação da
alma. É amando-O, imitando-O, confiando inteiramente nEle, que
haveis de ser transformados na Sua semelhança.” - Caminho a Cristo,
págs. 70 e 71.
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CAPÍTULO 7
De Betânia a Magdala
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
O Incidente de Jerusalém
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
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só JESUS
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
jovens adventistas revelou que 81% deles creêm que “devemos viver
conforme as normas estabelecidas por Deus para ser salvos”; somente
28% concordaram que não há nada que possamos fazer para a nossa
salvação. Os 72% restantes indicaram que, para ser aceitos por Deus,
temos que viver sinceramente uma vida de obediência, e 44% crêem
que “a principal ênfase do evangelho reside nas normas divinas para
uma vida correta”. A conclusão é óbvia: nossos jovens estão confusos
acerca do evangelho.
Precisamos enfatizar um pouco mais o significado da vida e da
morte de Cristo para nós (Rom. 5:10 e 11), mas também é importante
que saibamos que existem dois diferentes tipos de pecados passíveis
de ser cometidos por aqueles que já foram alcançados pela graça
perdoadora de Deus. O primeiro e o pior deles é o pecado da rebelião,
o pecado deliberado, o pecado consciente e voluntário, fruto de uma
decisão individual de praticá-lo, de contrariar a vontade de Deus, de
fazer a vontade da carne, de seguir o curso das próprias inclinações,
quando isso poderia perfeitamente ser evitado.
E esse é o pior tipo de pecado porque significa a rejeição sumária
da graça divina, o rompimento com Deus, e a preferência por um
estilo de vida totalmente contrário à Sua vontade. Nesse caso, Deus
nada pode fazer. Paulo declara: “Porque, se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno
conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados.” Heb.
10:26. É uma ilusão, portanto, pensar que Deus há de salvar mesmo
aqueles que rejeitam Sua graça, e que o fazem deliberadamente. Se
alguém escolhe rejeitá-Lo, não há nada que Ele possa fazer, senão
lamentar e esperar que se arrependa (Luc. 15:11-20).
Importa salientar, porém, que Paulo em Hebreus não está falando
necessariamente da apostasia aberta e declarada, embora, é claro, essa
idéia não esteja excluída. A ênfase do apóstolo é que o pecado
deliberado, voluntário, mesmo quando secreto, já significa uma
rejeição do sangue de Cristo, uma afronta a Deus,
100
SÓ JESUS
um desprezo para com o Espírito Santo. Para esse pecado, já não resta
mais sacrifício.
O segundo tipo de pecado passível de ser praticado por alguém que
já aceitou a Jesus como Salvador pessoal é o que pode ser chamado
de pecado acidental. Sabemos que nem todos os pecados são
cometidos de forma deliberada ou intencional. Também existem
aqueles que são acidentais. Gostaria, porém, de chamar a atenção para
o fato de que os pecados acidentais não são necessariamente os
pecados inconscientes, ou os pecados da ignorância, embora eles
também pertençam a esta categoria.
Isso significa que há ocasiões na vida de um verdadeiro filho de
Deus em que ele pode vir a cometer certos pecados, estar inclusive
consciente desses pecados, mas sem que eles sejam fruto de uma
rebelião contra Deus, de uma rejeição voluntária e insolente da graça
e do poder de Deus. Nesse caso, tais pecados são cobertos pelo sangue
perdoador de Cristo.
O apóstolo João declara: “Todo aquele que é nascido de Deus não
vive na prática de pecado.” I João 3:9. Embora algumas versões
digam que “todo aquele que é nascido de Deus não comete pecado”,
a melhor tradução é mesmo aquela que diz: “não vive na prática do
pecado”, ou então “não peca habitualmente”, por expressar de modo
mais correto o significado do tempo verbal empregado no texto
original. Isso significa que todo aquele que realmente passou pela
experiência do novo nascimento, que teve o seu coração renovado
pelo poder do Espírito Santo, não vai mais viver “na prática do
pecado”. I João 1:6. Pode ser que venha a pecar, mas o pecado jamais
será uma escolha ou um hábito em sua vida; será apenas um acidente,
um acidente inoportuno, indesejável e repulsivo a ele mesmo (I João
1:8). Declara a Sra. White: “Quando estivermos revestidos da justiça
de Cristo, não teremos nenhum prazer no pecado, pois Cristo estará
operando em nós. Poderemos cometer erros, mas haveremos de odiar
o pecado que causou os sofrimentos do Filho de Deus.” - Review and
Herald, 18/03/1890.
1OO
“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO"
pretendo jamais dar a impressão de que não haja poder em Jesus para
resistir a toda e qualquer tentação que o inimigo colocar diante de nós
(I Cor. 10:13; Heb. 2:17 e 18). Isso seria semelhante a culpá-Lo por
nossos deslizes e fracassos espirituais, idéia essa completamente
rejeitada pelo apóstolo Paulo (Gál. 2:17). Também não tenho a
mínima intenção de insinuar que pequenos pecados ou pecados
acidentais não sejam ofensivos a Deus e possam passar
despercebidos. Diz a Sra. White: “Todo o pecado, desde o menor até
o maior, deve ser vencido pelo poder do Espírito Santo.” - Review and
Herald, 19/09/1899.
E diz mais: “Só com risco de infinita perda é que podemos
condescender com o pecado, por pequenino que seja. O que nós não
vencermos, vencer-nos-á a nós, operando a nossa destruição.” -
Caminho a Cristo, págs. 32 e 33.
A questão toda, porém, tem que ver com o modo de nossa sal-
vação. Da mesma forma como não é a obediência que nos salva, é
importante que saibamos que também não são os pecados, por assim
dizer, que nos condenam. Se os pecados condenassem, então ninguém
teria qualquer esperança de salvação, porque “todos pecaram”. Rom.
3:23. Mas, uma vez que a salvação se dá unicamente pela graça de
nosso Senhor Jesus Cristo, isso significa que aqueles que forem
condenados o serão, em última análise, não porque pecaram, senão
porque rejeitaram o oferecimento dessa graça salvadora (João 3:19;
16:9).
É por isso que entre os remidos lá no Céu vão estar pessoas que
aqui na Terra cometeram os piores tipos de pecados que nossa mente
é capaz de imaginar. O livro de Hebreus, ao nos fornecer a lista dos
grandes homens de Deus do passado, conhecidos como “heróis da fé”
(Heb. 11), não menciona ninguém que tenha sido santo no sentido
absoluto do termo, ou que a partir de um determinado momento da
vida nunca mais tenha cometido qualquer pecado. Bem pelo
contrário, todos os nomes ali mencionados são de pecadores, sendo
que alguns deles cometeram muito mais pecados, e pecados muito
mais graves, do que a maioria de nós hoje em dia. Não obstante, foram
salvos, porque souberam confiar no amor perdoador de Deus.
Algo semelhante aconteceu com o próprio apóstolo Paulo. Por
mais que se esforçasse, às vezes ele acabava sendo vítima de alguma
de suas fraquezas. Ele não queria pecar, mas, quando
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SÓ JESUS
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
Conclusão
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“NEM EU TÃO POUCO TE CONDENO”
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CAPÍTULO 8
Três Cruzes
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“ESTAFAS COMIGO NO PARAÍSO”
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Só JESUS
O Criminoso Arrependido
A súplica de Jesus não foi em vão. Pelo contrário, o seu efeito foi
praticamente imediato. Enquanto que um dos criminosos
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SÓ JESUS
que com Ele estava crucificado apenas se tomava cada vez mais
blasfemo e agressivo, o outro foi tocado pela calma serenidade de
Jesus e pela poderosa oração de perdão que lhe chegou aos ouvidos,
e passou a repreender o seu companheiro, dizendo: “Nem ao menos
temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com
justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas
este nenhum mal fez.” Luc. 23:40 e 41.
O tempo entre a crucificação em si e a morte propriamente dita do
indivíduo era suficientemente longo para que ele refletisse sobre
todos os seus atos, todos os seus erros, todos os crimes que havia
cometido e pelos quais fora condenado, mas não foram necessários
senão uns poucos minutos para que um daqueles dois criminosos
reconhecesse a justiça de seu castigo.
Ele havia pecado, e muito. Havia quem sabe praticado atentados
contra os romanos, cometido homicídios, roubos e furtos, mas,
embora sabendo que em termos humanos não havia mais nada que
pudesse ser feito por ele, reconhece os seus crimes, mostra-se
arrependido e disposto a aceitar a pena imposta pela lei. O mais
interessante é que ele também mostra alguma sensibilidade espiritual.
Ele teme a Deus, e reconhece que seu sofrimento era justo.
O relato bíblico nos dá a impressão de que esse criminoso ar-
rependido provavelmente tivesse algum conhecimento prévio de
Jesus, e que agora reconhece como verazes as reivindicações
messiânicas feitas por Ele.
A Sra. White confirma essa conclusão, dizendo que ele havia visto
e ouvido Jesus, e ficara convencido de que Ele era o Messias, mas
que por fim acabara abandonando essa idéia por influência dos
sacerdotes, dos escribas e dos fariseus. Fora desviado justamente por
aqueles que eram os líderes espirituais da nação. Ela diz também que,
durante todo o julgamento, ele estivera ao lado de Jesus. Ouvira
Pilatos declarar que não via “nEle crime algum” (João 19:4);
caminharam juntos em direção ao Calvário; percebera o Seu porte
divino, e se rendera finalmente à convicção de que Ele era de fato o
Filho de Deus ao ouvir Sua oração em favor daqueles que O
ultrajavam (O Desejado de Todas as Nações, págs. 749 e 750).
E ali na cruz, em meio à mais terrível dor e agonia, ele se
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“ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO”
lembra de tudo aquilo que havia ouvido dos lábios de Jesus; se lembra
da forma como Ele curava os doentes, atendia os necessitados,
perdoava os pecadores e, sob a iluminação do Espírito Santo, vê
nAquele Jesus ferido, ridicularizado e pregado na cruz, o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo. E num misto de esperança e
aflição, com a voz embargada pela dor e o coração partido pela culpa,
se atira com fé sobre o agonizante Salvador, e suplica: “Jesus, lembra-
Te de mim quando vieres no Teu reino.” Luc. 23:42.
Podemos imaginar a emoção de Jesus naquele momento. As
lágrimas a brotarem de Seus olhos banhados pela dor. A alegria a
inundar o Seu coração partido pelo sofrimento ao ver, mesmo ali,
naquele cenário sórdido e repulsivo, naquele lugar onde os anjos
choravam e os demónios se regozijavam, uma alma arrependida e
crente que clamava por perdão.
Os discípulos haviam fugido. Aqueles que apenas uma semana
atrás haviam entoado “Hosana ao Filho de Davi” (Mat. 21:9) agora
zombavam e escarneciam dEle. Muitos a quem Ele havia socorrido e
ajudado, agora O injuriavam. Quão reconfortante não deve ter sido
para o Salvador aquela simples, mas genuína declaração de fé, aquela
súplica de entrega e arrependimento! E a resposta foi imediata. “Em
palavras repletas de amor e compaixão, Jesus disse: Em verdade te
digo hoje, estarás comigo no paraíso.” Luc. 23:43.
No mesmo instante em que essas palavras foram pronunciadas, diz
a Sra. White, um “brilhante, vívido clarão penetrou a escura nuvem
que parecia envolver a cruz”. Era Jesus que, mesmo em Sua
humilhação, estava sendo glorificado. Os homens podiam açoitá-Lo,
coroá-Lo de espinhos e crucificá-Lo; podiam derramar o Seu sangue,
blasfemar dEle e ultrajá-Lo, mas não tinham como impedi-Lo de
perdoar pecados, de salvar a todos aqueles que se volvessem a Ele em
arrependimento e fé (O Desejado de Todas as Nações, pág. 751).
“Em verdade te digo hoje”, disse Jesus, “estarás comigo no
paraíso.” Ele não prometeu ao criminoso que ambos estariam juntos
naquele mesmo dia no reino de Deus (João 20:17), embora a maioria
das versões bíblicas que usamos digam isso. O que temos aqui é um
problema de tradução, e tem que ver com a correta pontuação do
texto. O advérbio “hoje” na verdade deve modificar a expressão “te
digo” e não o verbo “estarás”, e foi usado por Jesus para dar ênfase à
importância do momento.
SÓ JESUS
Promessa de Glória
ficado da glória, e ela já não nos parece mais tão atrativa. Passamos
a desejá-la, mas não pelo que ela vai significar para nós, senão apenas
por causa dos problemas que hoje enfrentamos. E como, com o passar
do tempo, muitas vezes nos acostumamos a esses problemas, ou então
os superamos, a glória acaba perdendo um pouco de seu fascínio.
Também é bastante comum encontrarmos pessoas que vêem a
glorificação apenas como uma transformação isolada e sem maiores
implicações, ou seja, que não sabem como relacioná-la com o todo
do processo da salvação. A graça de Deus, porém, não atua em nossa
vida mediante fases distintas e independentes umas das outras, mas,
sim, mediante um processo contínuo. Embora, do ponto de vista
didático, talvez seja válido falar em justificação, santificação e
glorificação, e embora cada uma dessas fases possua características
próprias, a verdade é que, na prática, elas estão tão intimamente
ligadas a ponto de se poder dizer que a justificação é a santificação
iniciada, e a glorificação, a santificação completada. Isso significa
que a glória para nós começa no exato momento em que aceitamos a
Jesus como Salvador pessoal.
Mas, em que exatamente consistirá a glorificação? Para responder
a essa pergunta, precisamos antes compreender qual o significado do
termo “glória” nas Escrituras Sagradas. Os autores bíblicos em geral
empregaram esse termo de diferentes maneiras, para expressar
diferentes conceitos, sendo que o mais importante deles é aquele que
está relacionado com o próprio Deus, e que diz respeito ao Seu caráter
e à Sua presença, conforme revelados ao ser humano, especialmente
na pessoa e na obra de Jesus Cristo (João 1:14; Heb. 1:3). Ou seja,
glória é uma espécie de resumo dos atributos morais e pessoais de
Deus.
Quando, portanto, Isaías diz que o homem foi criado para a glória
divina (Isa. 43:7), isso significa que, diferentemente das demais
criaturas, o homem foi criado segundo a imagem e a semelhança do
próprio Deus (Gên. 1:26), e o foi “tanto na aparência exterior como
no caráter”. — Patriarcas e Profetas, pág. 45. Ou seja, tal como saíra
das mãos do Criador, o homem como que encarnava algo do caráter
e da pessoa de Deus, da glória de Deus, e em sua existência deveria
continuamente, e da forma mais plena possível, refletir essa divina
glória.
Diz a Sra. White: “Deus criou o homem para a glória divina, para
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Só JESUS
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“ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO”
Glória e Comunhão
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“ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO”
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“ESTARES COMIGO NO PARAÍSO”
Conclusão
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Bibliografia
(As obras de Ellen G. White são citadas em referências bibliográficas específicas dentro de
cada capítulo.)
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i ISBN 85-345-0470-9
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