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Os Atributos ou Perfeições de Deus

por

Dr. Bruce Milne

O Deus triúno revelou-se de tal forma que é possível atribuir-lhe certas


qualidades ou características. Estas não são simples distinções superficiais
de pouca importância; pelo contrário, “seus atributos coincidem com o seu
ser”(Bavinck). Alguns crêem ser útil, nesse sentido, falar das perfeições de
Deus em lugar de seus atributos.

Eles foram classificados de várias maneiras. As mais importantes


historicamente distinguem os atributos incomunicáveis de Deus (tais como
sua auto-existência, que não tem analogia no homem) dos comunicáveis
(tais como seu amor ou justiça, que podem refletir-se em outros agentes
morais).

Ao explicar as perfeições de Deus, Calvino nos lembra de que “Deus, para


manter-nos humildes, fala bem pouco de sua essência”. Assim, sem omitir
qualquer característica da auto-revelação de Deus, mostraremos bom senso
ao evitar descrições e distinções excessivamente detalhadas. É também
importante lembrar que todas essas perfeições existem em Deus em unidade
indivisível.

A Glória de Deus
Glória é um termo bíblico familiar, transmitindo normalmente a
manifestação visível do ser de Deus. Sua glória nos leva ao âmago de tudo
que é essencial ao seu ser como Deus, sua majestade divina, sua divindade
total. Um termo paralelo é “transcendente”, que se refere ao fato de Deus
estar “além” de toda realidade finita.

Na Escritura, esta perfeição foi expressa na manifestação de Deus no Monte


Sinai (Êx 19-24), “O aspecto da glória do Senhor era como um fogo
consumidor no cimo do monte”(Ex 24.17; CF. 19.16-22), e na visão
surpreendente que Ezequiel teve de Deus junto ao rio Quebar (Ez 1). Algo
semelhante é refletido pela descrição do Cristo exaltado: “os olhos, como
chama de fogo... O seu rosto brilhava com o sol na sua força”(Ap 1.14-16).
Depois da revelação de Cristo (como uma luz intensa) na estrada de
Damasco, Paulo testemunhou ter contemplado “a glória de Deus na face de
Cristo”(2 Co 4.6; cf. Jo 1.14). Esta glória divina só é vista claramente quando
caímos diante dele em reverência e adoração.

Esta perfeição pode servir como termo sumário para vários outros aspectos.
A glória de Deus subentende:

1. A infinitude de Deus: ele não tem limitações. Ele “habita em luz


inacessível”(1 Tm 6.16), um Deus de “juízos insondáveis” e cujos caminhos
são “inescrutáveis”(Rm 11.33).

2. A auto-existência de Deus: ele não depende absolutamente de nada. “No


princípio Deus...”(Gn 1.1); “como se de alguma coisa precisasse”(At 17.25;
cf. Is 40.13ss).

3. A imutabilidade de Deus: ele é sempre o mesmo. “Porque eu, o Senhor, não


mudo”(Ml 3.6); “o Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou
sombra de mudança”(Tg 1.17); “Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje, e o
será para sempre”(Hb 13.8). A imutabilidade de Deus é expressa em sua
fidelidade no relacionamento com o seu povo. A própria aliança é baseada
nesta perfeição.

A glória de Deus proclama a absoluta prioridade e auto-suficiência do


Senhor. A criação do universo e do homem são atos de graça espontânea e
não exigências do ser de Deus. Nosso valor e significado finais se
encontram, desta forma, na glória de Deus (cf. Ef. 1.12).

Esta visão de Deus é anátema para o homem moderno. Ela também é


rejeitada por alguns que argumentam que um Deus auto-suficiente cujos
atos são dirigidos para sua glória não é digno de louvor. Mas eles esquecem
que este mesmo Deus da glória é o Deus da graça que se sacrificou na cruz
para salvar-nos. Assim sendo, embora os propósitos de Deus certamente
tenham como alvo e busquem a sua glória, também visam o bem-estar
eterno do homem. O princípio subjacente foi expresso por Calvino: “É para
Deus, acima de tudo, que nascemos e não para nós mesmos”. A aceitação
deste princípio é uma linha divisória e ponto de referência para todo
pensamento humano sobre Deus.

A Soberania de Deus

O SENHOR é o título mais freqüente dado a Deus no Antigo Testamento. O


termo hebraico é Yahweh (Javé), surpreendentemente associado com a
aliança entre Deus e Israel. É o nome que Deus designa a si mesmo em
resposta ao pedido de Moisés (Ex 3.13-15). Seu significado, “Eu sou o que
sou”, que pode ser também traduzido “Serei o que serei”, representa a
promessa divina de cumprir o seu propósito declarado de salvar Israel do
Egito e estabelecê-lo na terra prometida. O nome representa a fidelidade de
Deus a seu povo e a infalibilidade de suas promessas.

Uma convicção similar é expressa pela referência à soberania de Deus. Ele


governa o mundo e sua vontade é a causa final de todas as coisas, incluindo
especificamente a criação e a preservação (Sl 95.6; Ap 4.11), a autoridade
humana (Pv 21.1; Dn 4.35), a salvação do povo de Deus (Rm 8.29ss; Ef
1.4,11), os sofrimentos de Cristo (Lc 22.42; At 2.23), o sofrimento dos cristãos
(Fp 1.29; 1 Pd 3.17), a vida e o destino do homem (At 18.21; Rm 15.32) e até
os mínimos detalhes da vida (Mt 10.29). Deus reina em seu universo,
exaltado sobre todos os demais que reivindicam poder e autoridade. Ele e só
ele é Deus: “Eu sou o Senhor, e não há outro”(Is 45.6; 43.11; 44.8; 45.21).

A soberania de Deus é expressa em três perfeições a ela relacionadas:


1. A onipotência de Deus: ele é todo-poderoso (Gn 17.1). Isto é claramente
expresso na pergunta de Deus: “Acaso para Deus há coisa demasiadamente
difícil?”, feita depois de Deus ter prometido a Abraão e Sara um filho em
idade avançada (Gn 18.14), e repetida novamente com sua promessa de
restaurar e libertar a Jerusalém face a sua destruição iminente pelo exército
babilônico (Jr 32.27). Em ambos os casos a promessa divina foi cumprida à
risca.

O Novo Testamento contém igualmente um testemunho semelhante quanto


à onipotência de Deus. Ele se revela como o Deus para quem “nada é
impossível”, seja o nascimento virginal (Lc 1.37) ou a regeneração da
humanidade decaída (Mc 10.27).

Este é o cerne da soberania de Deus e requer uma atitude de absoluta


confiança em meio a toda as “impossibilidades” da história humana e das
circunstâncias pessoais. Ele é o Senhor: “Acaso para Deus há coisa
demasiadamente difícil?”.

2. A onipresença de Deus: ele se acha em todo lugar. Isso é explicado no Salmo


139.7-12. Confrontado com a perturbadora e indiscutível realidade da
presença perscrutadora de Deus, o salmista compreende que não pode fugir
deste Deus no espaço, no tempo ou na eternidade. O adultério de Davi com
Bate-Seba e a maneira como “manipulou” a morte do marido dela talvez
pudessem ser escondidos da corte em Jerusalém, mas tudo foi visto por
Deus que poderia revelar o fato a qualquer momento (2 Sm 12.11ss). A
Bíblia está cheia dessas revelações divinas (Gn 3.11; Js 7.10-26; 2 Rs 5.26; At
5.1-11).

A onipresença de Deus pode dar também muita segurança. Quando a


perversidade triunfa e a injustiça e o poder dominam incontestáveis, Deus
tudo sabe e tudo vê (Sl 66.12; Is 43.2; At 23.11). Não se pode zombar dele (Gl
6.7) e ele indicou um dia para julgar o mundo (At 17.31). Do mesmo modo,
em momentos de provação ou sofrimento pela nossa fé: “Contaste os meus
passos quando sofri perseguições; recolheste as minhas lágrimas no teu
odre; não estão elas inscritas no teu livro?”(Sl 56.8; cf. Ap 6.8; 18.24).

A eternidade de Deus é um aspecto relacionado ao anterior. A onipresença


no espaço tem a sua contraparte no tempo. “De eternidade a eternidade, tu
és Deus”(Sl 90.2). Não existe momento “antes” ou depois dele.

3. A onisciência de Deus: Deus tudo sabe. Esta perfeição está intimamente


ligada à sua onipresença (Sl 139.1-12). As implicações práticas são
semelhantes e perturbadoras, mas trazem ao mesmo tempo segurança: Deus
vê e, portanto, tudo sabe. Isso é, em especial, pertinente ao juízo, sendo
simbolicamente expresso pela “abertura dos livros”(Ap 20.12). O passado
não se foi para sempre; o tempo desde o seu início, é presente para Deus.
No julgamento final, a evidência irá exceder de longe o que qualquer juiz ou
júri jamais considerou: a recapitulação da vida inteira do acusado, todos os
atos exteriores, cada motivo e atitude sejam visíveis ou secretos. O juízo
final de Deus será absolutamente justo. Isso coloca em perspectiva os
“mistérios” da vida, eventos que parecem absurdos ou sem sentido; se Deus
tudo sabe, todos os acontecimentos acham-se também sujeitos à sua
compreensão e vontade. Pode haver mistérios em relação a Deus, jamais
erros.

Esta perfeição é fundamental à finalidade da auto-revelação de Deus. Se ele


conhecesse em parte, sua verdade seria também apenas provisória. O
senhorio de Deus em sua onisciência significa que não aguardamos uma
revelação posterior que talvez supere sua auto-revelação em Jesus Cristo.
Como o Filho eterno de Deus, a realidade do próprio Deus eterno, Jesus é a
revelação final, a verdade em quem se acham ocultos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento (Jo 14.6; Cl 2.3). A onisciência de Deus é
também a base para a obra do Espírito Santo em revelar a mente e a verdade
de Deus na Escritura, garantindo dessa forma sua confiabilidade e
finalidade (Jo 16.13; 17.17).

A Santidade de Deus

O perigo anteriormente mencionado de separar as perfeições de Deus, surge


com mais freqüência com respeito à sua santidade e ao seu amor.

Muitos sentem que existe uma tensão não resolvida entre o Deus santo da
lei e o Deus amoroso do evangelho. Alguns solucionam isto enfatizando
excessivamente a santidade de Deus; ele é visto como um rigorista austero,
tornando obrigatório o esforço moral incessante, através da ameaça do juízo
futuro. Outros destacam demais o amor de Deus, transformando-o em uma
figura indulgente e sentimental, despida de força moral. O Deus bíblico é
tanto santo como amoroso, em unidade inseparável em cada pessoa da
Trindade.

A santidade de Deus é central em seu ser, sendo especialmente destacada no


Antigo Testamento (Lv 11.44; 19.2; etc; Js 24.19; 1 Sm 6.20; Sl 22.3; Is 57.15).
Sua ausência corporativa no Novo Testamento é mais aparente que real, em
face da ênfase sobre a pessoa e obra do Espírito Santo. O elemento
fundamental no termo hebraico godesh, traduzido como santo, é mais
provavelmente “separação”, com a idéia positiva de “dedicação à
propriedade de”. Em referência a Deus ele inclui duas implicações:

1. Deus acha-se separado de todos os outros seres; só ele é Deus. Nesse


sentido, a santidade de Deus compara-se à sua glória. A visão de Isaías dá
uma idéia disto: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra
está cheia de sua glória”(Is 6.3), repetindo-se na visão de João quase mil
anos mais tarde: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso,
aquele que era, que é e que há de vir”(Ap 4.8; cf. 1 Tm 6.16). Esta santidade
divina é também associada ao Filho (Mc 9.2ss; Lc 1.35; At 8.3ss; Ap 1.12ss) e
ao Espírito (Lc 11.13; At 2.4; 4.31; Ef 4.30; Hb 9.8).

2. A Santidade de Deus com uma noção ética refere-se à separação de tudo o


que resiste e se opõe a ele. “A santidade é aquele atributo em virtude do
qual Deus faz de si mesmo o padrão absoluto de si mesmo”(Godet). Esta é a
base de todas as distinções morais. O bem é aquilo que Deus quer; o mal é
aquilo que resiste à sua vontade e a contraria, contrariando portanto a sua
natureza.
A santidade de Deus indica que ele é absolutamente puro e perfeito, sem
qualquer pecado ou maldade; seu próprio ser é o resplendor e o
derramamento da pureza, da verdade, da justiça, da retidão, da bondade e
de toda perfeição moral. O desafio ético que isto produz fica claro em ambos
os Testamentos. Uma das designações mais freqüentes de Deus em Isaías é
“o Santo de Israel”(5.19; 30.12; 43.3; 55.5), que exige que Israel se conforme
em seu comportamento com o caráter de Deus “no meio” da nação (12.6).
No Novo Testamento a habitação interior do Espírito Santo abrange
implicações éticas penetrantes: os cristãos devem “fugir da impureza” e
viver como os chamados para uma “vida santa”(1 Co 6.18ss; 1 Ts 4.3,7ss).

Devemos notar quatro termos relacionados.

1. A retidão de Deus é sua conformidade “santa” consigo mesmo; no Antigo


Testamento ela é interpretada em relação com sua criação (Sl 14.517) e com
seu povo (Sl 31.1; Jr 11.20). Ela inclui uma atividade em que Deus liberta e
defende o seu povo (Jr 23.6), podendo ser então descrito como “Deus justo e
Salvador”(Is 45.21). A falta de retidão constitui o problema moral do
homem diante de Deus, sendo que a provisão de retidão em Cristo constitui
o ponto alto do evangelho da graça (Rm 1.17; 3.2ss; 5.17-21).

2. A justiça de Deus é sua santidade em operação (Dt 32.4; 1 Jo 1.9; Ap 15.3).


Alguns teólogos distinguiram entre a justiça governativa, no governo do
mundo como um todo, e a justiça distribuitiva, revelada na distribuição de
recompensas e castigos. Esta perfeição se relaciona com o amor e
misericórdia de Deus, desde que a sua justiça às vezes vindica os
necessitados e os penitentes (Sl 76.9; 146.7; Is 30.18; 1 Jo 1.9).

3. A ira de Deus tem origem em sua autoconsistência eterna. Seu caráter


revelado é uma expressão inalterável de sua natureza com persistência e
dedicação total, Deus luta contra tudo que se opõe a ele. “A ira é a rejeição
santa do ser de Deus contra aquilo que contradiz a sua
santidade”(J.Murray). A ira de Deus, como é freqüentemente afirmado, não
é um rude exemplo de antropomorfismo. Trata-se certamente de uma
qualidade pessoal, mas uma qualidade da Pessoa normativa; sem ela, ele
deixaria de ser verdadeiramente santo e seu amor degeneraria em
sentimentalismo. Também sua ira não é arbitrária, caprichosa ou sujeita à
emoção, como acontece com o homem. A ira de Deus opera na história
quando os homens colhem o fruto moral e espiritual por rejeitarem a
revelação divina (Rm 1.18ss); isto não passa de uma forma preliminar de
algo que será revelado no fim dos tempos e do qual a cruz de Cristo
representa a mais clara e sóbria pré-estréia (Sl 78.31; Os 5.10; Jo 3.36; Ef 2.3; 1
Ts 1.10; Ap 6.16).

4. A bondade de Deus é uma perfeição que pode ser igualmente classificada


como santidade ou amor e como tal enfatiza a impossibilidade de separar
esses dois atributos (Ex 33.19; 1 Rs 8.66; Sl 34.8; Rm 2.4).

O Amor de Deus

“Deus é amor”(1 Jo 4.8) é a definição bíblica mais conhecida de Deus. Nos


contextos humanos, porém, o amor inclui uma considerável variedade de
atitudes e atos. Em relação a Deus, trata-se de uma idéia muito específica.
“Nisto consiste o amor... em que... enviou seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados”(1 Jo 4.10); “Nisto se manifestou o amor de Deus... em haver
Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo”(1 Jo 4.9).

O termo agapê aqui presente tem comparativamente pouco uso fora do


Novo Testamento. A palavra grega comum, erõs, fala de um amor associado
a alguém digno, enquanto agapê é o amor pelos indignos, por alguém que
perdeu todo o direito à devoção do amado. O Antigo Testamento tem um
testemunho disto no amor de Deus por Israel (Dt 7.7ss) e no amor de Oséias
pela sua mulher (Os 3.1ss, etc.).

Isto pareceria reabrir a divisão, que tentamos superar, entra a santidade e o


amor de Deus. Como conciliar este Deus, que age livremente em amor, com
o Deus santo que se preocupa com a sua glória? Devemos lembrar,
entretanto, que a santidade de Deus é a base e fonte de todo o bem; deste
modo, ela pode ser vista como a pressuposição necessária de seu amor.
Além do mais, apenas aquele que é plena e livremente Deus pode plena e
livremente condescender a alguém amor- agapê, o qual está arraigado no
amor eterno e mútuo das três pessoas da Trindade.

A santidade e o amor unem-se na pessoa e na obra de Jesus Cristo. Como


Deus, ele incorpora a santidade divina que está separada de todo pecado e
maldade e a eles resiste. Todavia sua vinda é, em si mesma, a resposta de
Deus, cheia de amor e graça, à culpa e fraqueza humana. Eles também se
unem no ministério de Deus Espírito Santo cujo ministério essencial é a
renovação e santificação do povo de Deus em cumprimento do seu
propósito de amor.

O amor de Deus acha-se, portanto, sempre intimamente ligado com a graça,


um inclinar-se para abraçar os indignos. O seu amor é sua decisão livre e
desembaraçada de salvar os homens e mulheres pecadores em Jesus Cristo,
renová-los e santificá-los no Espírito Santo; trata-se então de um milagre
incrível.

Outros três aspectos devem ser notados:

1. O amor de Deus, agapê, é principalmente expresso na redenção dos


pecadores e em tudo que está ligado a isso. Mas é também manifestado no
cuidado de Deus pela criação. Isto é freqüentemente chamado de sua
bondade ou benevolência, que também se evidenciam no mundo natural (At
14.17).

2. A misericórdia de Deus é o seu amor no encontro com o pecado específico


das pessoas. Em misericórdia, ele perdoa a transgressão do seu povo; a
misericórdia de Deus é sempre custosa, pois envolve a aceitação das
conseqüências do pecado humano na cruz (Ef 2.4; Tt 3.5).

3. A aliança é uma noção bíblica indispensável, em torno da qual se


concentra grande parte do ensino bíblico sobre o amor de Deus. Ela se refere
ao amor de Deus expresso pelo fato dele entrar em relação com os homens.
A aliança principal do Antigo Testamento foi feita com Abraão e ela alcança
pleno desenvolvimento na nova aliança (literalmente o novo testamento) em
Cristo. Por meio da aliança, Deus compromete-se livremente a libertar seu
povo e a permanecer como seu Deus. O termo hebraico para graça,
chen~chesed, é um termo de aliança que dá a idéia de amor leal, ou
“misericórdia”(ERAB).

Este aspecto do amor de Deus é a segurança máxima do cristão: “Se somos


infiéis, ele permanece fiel”(2 Tm 2.13). Nossa posição diante de Deus não
depende de nossa força em segurar a Cristo, e não pode ser prejudicada, em
última análise, nem mesmo por nossa desobediência e má vontade.

O coração todo-poderoso de Deus bate a nosso favor, e nesse fato


encontramos nossa segurança e paz finais.

Este é então o Deus da Bíblia:

- O Deus glorioso em sua inalcançável e exaltada majestade,

- O Senhor, exaltado sobre todas as coisas e fazendo com que tudo sirva ao
seu propósito,

- O Santo, exaltado e separado do pecado e do mal,

- O Deus de amor, eterno, gracioso e redentor.

A Aplicação destas verdades na vida dos filhos de Deus


“O que nos vem à mente quando pensamos em Deus é a coisa mais
importante a nosso respeito.”. A.W.Tozer expressa desse modo o supremo
significado da Doutrina de Deus. Em certo sentido sua aplicação é tanto
imediata quanto penetrante; as convicções que temos sobre Deus irão afetar
tudo sobre nós, se o tivermos visto na plenitude de seu ser divino, Pai, Filho
e Espírito, perfeito em glória, senhorio, santidade e amor.

Ele deve ser adorado

Crer na existência de um tal Deus é ser chamado para derramar nosso ser
diante dele em adoração, agradecimento e louvor, comprazendo-nos nele,
bendizendo-o; rejubilando-nos na sua verdade, beleza, pureza e fidelidade;
gloriando-nos na sua graça, misericórdia e amor perene; exultando em sua
liberdade soberana e poder ilimitado; exaltando-o pela sua majestade e
glória; reconhecendo nele a realidade final, a verdade de toda verdade, a
alegria de toda alegria, o amor de todos os amores, Pai, Filho, Espírito, a
Trindade a ser sempre adorada.

Crer em tal Deus significa adorá-lo como o Deus trino: Pai, Filho, Espírito,
eterna indivisivelmente unidos, perfeitamente relacionados, cada um
existindo e operando em perfeita unidade com as outras pessoas, sempre
um, sempre três; significa reconhecer e adorar a Deus na indescritível
riqueza e eterna beleza da sua Divindade, ao lado da qual todos os demais
sistemas de verdade não passam de sombras pálidas e efêmeras, ídolos
patéticos, absolutamente incapazes de postar-se diante diante do Senhor, o
Salvador todo-poderoso, pois que só ele é Deus.
Em nossa adoração temos de meditar sobre as perfeições divinas e adorá-lo
segundo cada uma delas.

Nós o adoramos, Pai, Filho, Espírito, pela perfeição da sua glória. Ele é
absolutamente exaltado sobre todas as coisas, Deus único em sua majestade
inalcançável. Glória ao seu nome.

Nós o adoramos, Pai, Filho, Espírito, pela perfeição de seu senhorio. Ele é o
que é exaltado, que se distingue de todos os outros “deuses” e senhores e
confirma seu governo sobre eles. Glória ao seu nome.

Nós o adoramos, Pai, Filho, Espírito, pela perfeição de sua santidade. Ele é o
Deus de reverente majestade, exaltado sobre todas as coisas, separando-se
de tudo o que o desafia e se opõe a ele. Glória ao seu nome,

Nós o adoramos, Pai, Filho, Espírito, pela perfeição do seu amor. Ele, que
amou antes da fundação do mundo, inclina-se em sua graça para abraçar e
remir a criatura pecadora que o nega e a ele resiste. Glória ao seu nome.

As Escrituras estabelecem esta adoração tanto no ambiente corporativo da


assembléia do povo de Deus (Ex 4.31; 2 Cr 29.28; 1 Co 14.25; Ap 7.11) como
no ambiente privado da comunhão pessoal com Deus (Gn 24.26ss; Ex 34.8;
Jó 1.20) e falam do ministério gracioso do Espírito Santo que inspira e libera
a adoração de seu povo (Rm 8.26ss; Ef 5.18ss; Fp 3.3).

Ele deve ser servido

A única resposta adequada a um tal Deus é servi-lo. A adoração faz parte


desse serviço, que se estende a todas as áreas da vida.

De maneira negativa, o serviço a Deus implica em renunciar a todo direito a


nós mesmos e submeter nossa vontade inteiramente à vontade dele (1 Co
6.19; 2 Co 5.15; Fp 3.7ss; Tg 4.8; 1 Pd 2.1ss). No sentido positivo, significa
reconhecer que existimos pela vontade de Deus e por causa dele, dedicando-
nos, portanto, deliberadamente, a viver para sua glória e honra em todos os
setores de nossa vida. “A coisa mais importante é esta: somos consagrados e
dedicados a Deus a fim de que doravante não pensemos, falemos,
meditemos, nem façamos nada exceto para a sua glória”(Calvino).

Ele deve ser proclamado

Parte de nossa resposta a Deus, à medida que ele revela seu ser e natureza a
nós, é torná-lo conhecido em um mundo em que ele é largamente ignorado
e rejeitado. O mundo não é neutro, mas cheio de ídolos, isto é, falsos objetos
de adoração. Estes podem ser representados por líderes humanos,
ideologias políticas, classes ou grupos sociais, sistemas de pensamento
humano, e até agentes demoníacos. Somos chamados a desafiar esses
usurpadores e a confrontar esses falsos deuses em o nome do Deus vivo e
verdadeiro. Isto envolve espalhar o conhecimento de Deus através do
mundo inteiro, tanto geográfica como culturalmente, mediante nossas
orações, o investimento de nossos recursos e nosso testemunho pessoal.

Esta proclamação de Deus não é só direta e verbal, mas também indireta e


encarnada. Ela envolve viver de maneira a que o Deus que proclamamos em
nosso discurso seja manifestado em cada área de nossa vida. Precisamos
referir-nos aqui à provisão de Deus, através de seu Filho e Espírito, para
transformar o que é humanamente impossível em algo possível (Mt 28.19ss;
Jo 14.15ss; At 1.9).

Essas três aplicações do ser e natureza de Deus são inseparáveis. Adorar a


Deus é servi-lo e proclamá-lo; servir a Deus é proclamá-lo e adorá-lo;
proclamar a Deus é adorá-lo e servi-lO.

Sobre o Autor: Dr.Bruce Milne é escocês, batista e professor de Teologia


Bíblica no Spurgeon's College, em Londres. Trabalhou também com igrejas
na África Oriental, e escreveu vários livros e artigos sobre temas bíblicos e
teológicos.

Fonte: Conhecendo a Verdade - Estudando as Doutrinas da Bíblia. Traduzido do


original inglês: KNOW THE TRUTH. Inter-Varsitu Press, Inglaterra.
Copyright 1982, Bruce Milne. Copyright ABU Editora S/C. Tradução de
Neyd Siqueira. Revisão de Rosa Maria Ferreira. Artigo sumariado e
reproduzido com a autorização da ABU - Aliança Bíblica Universitária.

Extraído do: Site "Em Espírito" - http://www.emespirito.hpg.ig.com.br/

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