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A MORTE E O ESTADO INTERMEDIÁRIO

ESBOÇO DIDÁTICO

1. Resumo

A morte, que é um castigo pelo pecado, é a cessação do funcionamento do corpo e sua


separação temporária da alma. A morte não é o fim de toda a existência, pois a pessoa sem
corpo físico continua a existir no estado intermediário até a ressurreição.

2. Compartilhar experiências de “quase morte” e as lições aprendidas

Gostaria de saber se já tiveram uma experiência de “quase morte”?


Como esse contato com a proximidade da morte afetou sua vida?
Enfatize para todos o benefício de pensar sobre a inevitabilidade de nossa morte.

3. Principais afirmações (com apoio bíblico)

A escatologia pessoal trata dos tópicos da morte e do estado intermediário, ou da existência


humana entre o fim da vida terrena corpórea e a ressurreição do corpo.

É o futuro de todos os seres humanos, pois a morte é uma das grandes inevitabilidades da
existência humana.

O pano de fundo dessas doutrinas é a composição dos seres humanos.

A natureza humana é uma essência complexa que consiste na união de um aspecto material
(corpo) e um aspecto imaterial (alma/espírito).

A existência humana terrena, que começa na concepção, apresenta uma união inextricável dos
elementos materiais e imateriais: uma unidade corpo-alma.

A morte é mencionada pela primeira vez nas Escrituras como um alerta para a punição
causada pela desobediência.

Deus advertiu Adão, que foi formado “do pó da terra” (Gn 2.7): “Da árvore do conhecimento
do bem e do mal tu não comerás, pois no dia em que dela comeres certamente morrerás” (Gn
2.17).

Depois que Adão e Eva violaram essa proibição, Deus anunciou sua punição: “Tu és pó, e ao pó
tornarás” (Gn 3.19).

A vida, que era a existência do pó e vinha do pó, chegaria ao fim; voltaria ao pó.

A morte física é a cessação do funcionamento fisiológico do corpo.

A. A morte como cessação do funcionamento fisiológico

A morte põe fim à existência terrena e inicia um novo estágio de existência chamado estado
intermediário.

A morte traz duas mudanças: primeiro, a cessação do funcionamento do aspecto material


(corpo) de uma pessoa.
Ao perder a batalha contra o câncer ou sofrer um acidente de carro fatal, por exemplo, o
funcionamento fisiológico de uma pessoa cessa, e seu corpo morre.

A morte é o fim de todos os seres humanos: “Tu retornas o homem ao pó. [...] Os anos da
nossa vida são setenta, ou, havendo força, oitenta; [...] logo se vão, e nós voamos” (Sl 90.3,10).

B. A morte como separação dos aspectos material e imaterial

Em segundo lugar, a morte é a separação temporária entre o elemento material e o elemento


imaterial.

A unidade corpo-alma é quebrada por um tempo.

O corpo sem vida é descartado e os dois elementos são separados

Os dois, antes unidos inseparavelmente, são desconectados.

A Bíblia faz uma distinção entre ambos (corpo e alma, Mt 10.28; corpo e espírito, Tg 2.26).

Paulo descreve uma pessoa falecida no estado intermediário como alguém que está “despido”
(2Co 5.3,4), isto é, sem seu corpo terreno (“a tenda que é nossa casa terrena”, v. 1) e vivendo
na expectativa de receber seu corpo glorificado e ressuscitado (“não [...] despidos, mas, sim,
revestidos, absorvidos pela vida”, v. 4).

Paulo estremece, horrorizado, ao descrever essa realidade, ressaltando o quanto é estranho o


estado intermediário.

C. A morte como castigo pelo pecado

A morte é uma penalidade pelo pecado.

Deus, que criou as pessoas à sua imagem, como seres complexos, castiga-as por sua
pecaminosidade.

Uma parte dessa punição é a dissolução da existência humana do modo que foi divinamente
projetada.

O estado de existência sem corpo físico é anormal, não é o estado habitual de como as coisas
deveriam ser.

A morte, portanto, é uma penalidade pelo pecado (Rm 6.23).

É uma das inevitabilidades da existência humana: há “tempo de nascer e tempo de morrer” (Ec
3.1,2).

Aliás, “está ordenado ao homem morrer uma só vez, vindo depois o juízo” (Hb 9.27).

Além disso, há uma ligação inseparável entre a morte de todas as pessoas e a morte de Adão
(Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22).

D. O estado intermediário para crentes e incrédulos

Portanto, o estado intermediário é a condição das pessoas entre a morte e a ressurreição.

As pessoas continuam a existir como seres incorpóreos, o que é irregular.

Ao morrerem, os cristãos entram imediatamente na presença de Cristo, no céu, e lá existem


como crentes desencarnados.
Estão “longe do corpo e em casa com o Senhor” (2Co 5.8).

Essa existência celestial é “muitíssimo melhor” do que a existência terrena (Fp 1.23).

Embora seja uma existência incorpórea e, portanto, não seja uma salvação completa, é uma
realidade na qual os “espíritos dos justos [foram] aperfeiçoados” (Hb 12.23).

Já os não cristãos mergulham imediatamente no tormento do inferno e ali existem como


incrédulos desencarnados.

Ao morrerem, os incrédulos imediatamente mergulham em agonia no inferno (Lc 16.19-31).

A Bíblia retrata de forma assustadora o sofrimento deles, com expressões como “choro e
ranger de dentes” (Mt 8.12; 25.30), afirmando que “a fumaça do seu tormento sobe para todo
o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite” (Ap 14.11).

E. A ressurreição como o fim do estado intermediário

Tanto os crentes incorpóreos quanto os incrédulos incorpóreos aguardam a ressurreição de


seus corpos.

Consequentemente, o estado intermediário começa na morte e termina na ressurreição.

O estado intermediário distingue-se do estado final, que é o novo céu e a nova terra.

²¹ Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a


ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem.
²² Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo
todos serão vivificados.
²³ Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele
vier, os que lhe pertencem.
1 Coríntios 15:21-23
4. Principais erros a serem evitados

A. Ver a morte como algo natural, algo positivo que devemos receber de bom grado

Esse ponto de vista não entende que a morte não é o que deveria acontecer com os seres
humanos, porque ela é uma penalidade pelo pecado. É um inimigo que rouba a vida.

B. Crer no sono da alma

Os adventistas do sétimo dia e as Testemunhas de Jeová acreditam que as pessoas existem em


uma condição inconsciente no estado intermediário.

O suposto apoio bíblico a essa ideia inclui as descrições bíblicas da morte como “sono” (1Rs
2.10; Jo 11.11; At 7.60; 13.36; 1Ts 4.13), que é caracterizado pela ausência de memória, louvor
e esperança (Sl 6.5; 115.17; Is 38.18).

Esse ponto de vista não entende que a Escritura usa o “sono” como um eufemismo para a
própria morte.

Não é uma descrição do que acontece depois da morte.

Além disso, a apresentação bíblica da inatividade após a morte refere-se à condição das
pessoas no sheol, parte da escatologia do Antigo Testamento que foi esclarecida na revelação
posterior do Novo Testamento.
Finalmente, essa posição não consegue explicar as passagens bíblicas que mostram os crentes
na presença de Cristo após a morte.

C. Crer no purgatório

Segundo o catolicismo romano, o purgatório é o estado temporário de purificação dos


católicos fiéis que não foram totalmente obedientes durante sua existência terrena.

Levando a mancha do pecado, esses fiéis sofrem uma punição temporária, no purgatório, pelo
pecado.

Quando a purificação estiver concluída, eles irão para o céu. O apoio-chave é o texto de
2Macabeus 12.38-45, que não é considerado canônico pelos protestantes.

O apoio bíblico inclui a afirmação descritiva de Paulo: “Se a obra de alguém se queimar, este
sofrerá perda, embora seja salvo, mas somente como alguém que passa pelo fogo” (1Co 3.15).

No entanto, Paulo não está descrevendo o purgatório, mas o julgamento final dos crentes em
relação ao seu trabalho deficiente na igreja.

Finalmente, as palavras de Jesus são invocadas: “se alguém falar contra o Espírito Santo, não
lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro” (Mt 12.32).

A (má) interpretação é que, enquanto a blasfêmia contra o Espírito nunca pode ser perdoada,
outros pecados, se não forem perdoados nesta era, podem ser perdoados na era vindoura.
Mas Jesus está enfatizando a imperdoável seriedade da blasfêmia contra o Espírito sem que
isso implique coisa alguma em relação a outros pecados menos graves.

D. Negar a existência após a morte

A neurofisiologia está produzindo evidências de que a existência humana é completamente


física.

Racionalidade, livre-arbítrio, consciência moral e fé estão intimamente ligadas a processos


neurológicos.

Essas evidências de uma realidade unicamente material para a existência humana põe em
dúvida o que acontece após a morte, ou a cessação do funcionamento do corpo.

Essas teorias enfrentam importantes desafios, tais como explicar a consciência humana e a
noção universal de vida após a morte.

Além disso, a apresentação da Escritura sobre o estado intermediário contradiz diretamente


essa tese.

5. Aplicando a doutrina

A. Contemplar a inevitabilidade da morte

A Escritura nos incentiva a aprender a viver indo “à casa do luto” (Ec 7.2,4) —, isto é,
contemplando a inevitabilidade da morte.

Embora devamos evitar a introspecção exagerada, uma consideração ponderada de nossa


mortalidade pode nos ajudar a quebrar os padrões destrutivos de excesso de trabalho,
prioridades equivocadas e negligência em relação à família e aos amigos.
B. Reagir à ideia de nossa própria morte e à morte de outros cristãos

Ao contrário das discussões contemporâneas sobre “morte com dignidade”, um entendimento


bíblico nos ajuda a compreender que a morte não é um amigo, mas, sim, um inimigo.

Não é uma parte natural da vida, mas uma penalidade pelo pecado.

Não devemos ansiar pela morte, antecipando-a com entusiasmo.

Nunca devemos menosprezar a tragédia, o horror e o mal da morte. Antes, como crentes,
ansiamos por nosso retorno misericordioso, nosso “lucro” de estar “com Cristo” (Fp 1.21, 23),
que nos espera no estado intermediário.

Assim, enfrentamos nossa própria morte e a morte de outros cristãos com esperança e alegria,
sem medo. Essa esperança não é incompatível com as lágrimas e a tristeza do luto.

C. Reagir à morte de incrédulos

Já a morte dos incrédulos é um assunto diferente.

Nosso pesar não é misturado com alegria, pois sabemos o horror de seu estado intermediário.

Se a morte iminente deles provocou uma reflexão séria sobre o evangelho, podemos esperar
que eles tenham se arrependido de seus pecados e finalmente tenham crido em Cristo.

Ainda assim, devemos evitar oferecer uma falsa garantia de salvação.

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