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IGREJA BATISTA REGULAR TESSALÔNICA

VIDA APÓS A MORTE

TEMA: Escatologia Individual


TÍTULO: Vida Após a Morte
AUTOR: Pr Gleidson Coelho Batista
FONE: (085)98709-6674

”Morrendo o homem, porventura tornará a viver?...” Jó 14:14

“O ser humano vive apenas para morrer? Qual a razão da vida? Por que Morremos? Existe
vida após a morte?... O dilema humano sobre a razão da vida e a iminência da morte é uma
questão tão antiga quanto o próprio homem.
Todos queremos ir para o céu, mas nenhum de nós deseja morrer. A morte é sempre
uma tragédia.” (Okamoto)

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” - João 11:25

Introdução
Como a derivação da própria palavra indica, escatologia tem significado
tradicionalmente o estudo das últimas coisas. Desta forma trata de questões concernentes à
consumação da história, a finalização da obra de Deus no mundo. Há uma série de questões
que surgem considerando-se o assunto. Entre estas está a seguinte: O pensamento
escatológico diz respeito primariamente ao futuro ou ao presente? Em consideração a esta e
a outras questões, devemos distinguir entre escatologia individual e escatologia cósmica. A
primeira ocorrerá a todo indivíduo por ocasião de sua morte. A última ocorrerá a toda
humanidade simultaneamente em conexão com os eventos cósmicos, especificamente, a
segunda vinda de Cristo.

Nosso estudo considerará a escatologia individual focalizando a atenção sobre o


aspecto da vida após a morte. Abordaremos três pontos básicos no que diz respeito à relação
do homem com a morte e as incertezas que o cercam quanto ao futuro. Dividiremos nossa
abordagem da seguinte maneira:

I. A Realidade da Morte - O que é a morte? Ela existe? Onde surgiu? Como surgiu?
II. A Insatisfação do Homem Diante da Morte - Como encará-la?
III. A Resposta de Deus à Insatisfação do Homem Diante da Morte – A única resposta
plausível.

“Todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente. Crês isto?” – João 11:26

* “É claro que algumas pessoas resolutamente manifestam indiferença em relação a ela


(morte). Pensar na morte, dizem, é coisa mórbida; as pessoas que têm mente sadia não
pensam nisso. Contudo, duvidamos de que a sua atitude seja a mais sábia. Porquanto, em
primeiro lugar, haver-se com a morte não é nada mais do que realismo sóbrio, vista que a
única coisa certa que temos na vida é a morte. O escapismo que leva o homem a fechar os
olhos para a perspectiva da morte é tão estúpido quanto neurótico e desmoralizante. ... Filipe
da Macedônia foi sábio, quando encarregou um escravo de lembrá-lo todas as manhãs:
”Filipe, lembre-se de que você deve morrer”. Alguns de nós devemos achar uma forma de,
igualmente ter pessoas que nos lembram disso.” (Shedd).
I. A Realidade da Morte

A. Definição: “O que é morte? É a dissolução da união existente entre o espírito e o


corpo; “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”
(Ec 12:7)... Deus fez o homem soprando vida em uma forma feita de pó (Gn
2:7), assim também agora, ele, na morte parcialmente desfaz o homem,
separando as duas realidades que originalmente havia unido...
A morte significa aniquilação pessoal? Na verdade, não. A morte é,
segundo a frase de Paulo, o “despimento” de uma pessoa ao se desmontar a
sua “tenda” ou “tabernáculo” terreno (2 Co 5:1ss), mas não significa o fim da
sua vida pessoal...” (Shedd)
“... morte física é a terminação da vida física, por meio da separação do corpo
e da alma. Nunca é uma aniquilação, embora algumas seitas expliquem a
morte dos ímpios com este conceito. Deus não aniquila coisa alguma de sua
criação. A morte não é a cessação da existência, senão uma separação das
relações naturais da vida. A vida e a morte não se encontram opostas uma à
outra como existência e não-existência, mas apenas opostas como diferentes
modos de existência. É impossível dizer com exatidão o que seja a morte.
Falamos dela como a cessação da vida física, porém, logo surge a pergunta:
o que é a vida? E não temos resposta. Não sabemos o que seja a vida em
sua essência, porém a conhecemos em suas relações e ações. A experiência
nos ensina que quando estas se separam e cessam, entra a morte. A morte
significa o rompimento nas relações naturais da vida. Pode dizer-se que o
pecado é, “per se”, a morte, dado a que representa um rompimento nas
relações vitais que o homem, criado à imagem de Deus, mantém para com
seu Criador...”

B. A Origem da Morte - “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no


mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os
homens porque todos pecaram... (Paulo escrevendo aos Romanos 5:12).

As expressões bíblicas descrevem a morte como algo introduzido no


mundo da humanidade como conseqüência do pecado...
- Gn 2:17; 3:19
- Rm 5:12,17; 6:23
- 1 Co 15:21
- Tg 1:15.

“A morte não se explica como algo natural na vida do homem, um mero


não alcançar dos ideais, senão decididamente como algo estranho e hostil à
natureza humana; é uma expressão da ira divina, Sl 90:7,11, um juízo, Rm
1:32, uma condenação, Rm 5:16, e uma maldição, Gl 3:13, e enche o coração
dos filhos dos homens com terror e tremor, precisamente porque se sente ser
algo antinatural.” (Berkhof)

II. A Insatisfação do Homem Diante da Morte

O maior dilema da humanidade. Aqui está o ponto onde o tema morte nos afeta
diretamente. Vivemos em função da morte. Vivemos para morrer.
Acordo para a morte
Barbeio-me, visto-me, calço-me
É meu último dia: um dia
cortado de nenhum pressentimento
Tudo funciona como sempre
Saio para a rua. Vou morrer.

“O retrato da fronteira entre a vida e a morte na existência de um indivíduo é


drasticamente articulado neste poema. É rotineiro viver o dia-a-dia sem pensar que talvez não
haverá um amanhã. Ninguém sabe se a morte virá no minuto seguinte da existência.”
(Okamoto).
Debatendo-se em suas especulações, o homem tem demonstrado três atitudes em
face da morte:

A. Tentativas de se Explicar a Morte

1. Da Perspectiva Naturalista - A morte é vista como sendo meramente o fim


da existência, pensamento já expresso em tempos remotos...
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo
lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego
de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é
vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó
tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para
cima, e o dos animais para baixo, para a terra?” (Salomão, descrevendo a
atitude naturalista de seus dias diante da morte - Ec 3:19-21).

2. Da Perspectiva Espírita - A morte representa parte de um processo circular


vicioso no qual o homem em múltiplas reencarnações purifica-se
gradativamente. Afirma o Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Depois da nossa morte, o gênio (daimon, demônio) que nos fora designado
durante nossa vida, nos conduz para um lugar onde se reúnem todos aqueles
que devem ser conduzidos ao “Hades”, para aí serem julgados. As almas,
depois de terem permanecido no “Hades” o tempo necessário, são
reconduzidas a esta vida em numerosos e longos períodos.” (Allan Kardec
postulando a crença espírita na reencarnação)

B. Tentativas de se Negar a Morte

1. Uso Frequente de Eufemismo (linguagem figurada usada como meio de


suavizar o impacto de temas normalmente fortes e aterrorizantes)
- Funerais por demais pomposos na tentativa de mascarar a feiura e adoçar o
amargor causados pela morte.
- Cemitério “Parque da Paz”.
- Cemitério “Parque da Saudade”.

2. Embalsamamentos - como uma tentativa última e desesperadora de se


evitar a humilhante corrupção.
C. Desespero Diante da Inevitabilidade da Morte
Face a face com seu maior inimigo o homem testemunha sua angústia e insatisfação
de forma notável. Vejamos, como exemplo disto alguns “testemunhos no leito de morte”.

“Pobre de mim!
Quem pode escrever sua própria tragédia sem lágrimas ou
copiar a sentença de sua própria condenação sem horror?
... Desprezei meu Criador e neguei meu Redentor;
juntei-me aos ateus e profanos,
e continuei nesse caminho sob inúmeras condenações,
até que minha iniqüidade ficou madura para a vingança e
o justo julgamento de Deus...
e o que significa o conforto de meus amigos?
Para onde estou indo?
Condenado e perdido para sempre.
Sua voz falhou e ele começou a lutar para manter a respiração;
quando a recuperou, com um gemido medonho e horrendo,
como se aquilo tivesse sido algo sobre-humano, gritou:
“Ó, as insuportáveis angústias do inferno e da condenação!,
e então expirou.” (Francis Newport)

“Tudo é escuro e incerto.” (Gibbon)

“Pedindo um copo d’água à esposa, disse:


“Não poderei consegui-lo no lugar para onde estou indo”.
Bebendo sofregamente, fitou os olhos da esposa e exclamou:
“Ó! Marta, Marta; você selou minha perdição eterna!
E morreu.” (Um ateu).

III. A Resposta de Deus à Insatisfação do Homem Diante da Morte

“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te
ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar” - Gn 3:15.
Diante do surgimento da morte com todas as suas implicações, Deus intervém na
História humana concedendo ao homem a perspectiva da vida na promessa do Redentor -
vitória sobre a morte.

* A Vida Após a Morte


Há dois diferentes aspectos da vida após a morte. Examinemos cada um deles
individualmente.

A. A Morte da Morte do Salvo - “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que
deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”
(Jesus em uma conversa com Nicodemus, um dos principais dos judeus - João 3:16).
O crente teve sua morte (no que diz respeito aos efeitos eternos) eliminada pela morte
de Cristo (1 Co 15; 1 Pe 4:12,13; Jo 11:25; 5:24; Ap 1:18).
*Os resultados eternos da morte de Cristo na vida do crente são:
1. Plenitude de Conhecimento (1 Co 13:12) - O homem está rodeado de mistérios e
anseia pela sabedoria. No céu esse anseio será satisfeito absolutamente; os mistérios
do universo serão desvendados; problemas teológicos difíceis desvanecerão. Então
gozaremos o conhecimento de Deus.

2. Descanso (Ap 14:13; 21:4) - Pode-se formar certa concepção do céu, contrastando-
se com as desvantagens da vida presente. Pense em tudo que neste mundo provoca
fadiga, dor, luta e tristeza, e considere que no céu essas coisas não nos perturbarão.

3. Serviço - O céu não é um lugar de inatividade, onde os seres etéreos passem o


tempo tocando harpa. Haverá trabalho a fazer também (Ap 7:15; 22:3).

4. Comunhão com Deus (Jo 14:3; 2 Co 5:8; Fp 1:23) - Naquele dia seremos como
Cristo é; os nossos corpos serão como o seu glorioso corpo; nós o veremos face a
face; ele nos conduzirá em triunfo, de gozo em gozo, de glória em glória.

B. A Morte na Morte do Não-Salvo - “O salário do pecado é a morte...” (Rm 6:23)


O ímpio encontrou a morte eterna na morte física (Lc 16:19-31).

*Os resultados eternos do pecado do homem são:

1. Derrota Diante da Morte (humilhação)

2. Sofrimento e Horror Eternos, Estando Alheio à Presença de Deus (Ap 20:10,15)

3. Desonra Eterna (Dn 12:2)

Conclusão

1. O Não-Salvo
- Incerteza considerando o futuro o leva a pensar:

José (1942)

E agora José?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você? Você que é sempre sem nome,
que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta?
E agora, José? Está sem mulher, está sem discurso,
está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode,
a noite esfriou, o dia não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e
tudo mofou, e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra, sua gula e jejum, seu instante de febre,
sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro,
sua incoerência, seu ódio - e agora?
Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta;
quer morrer no mar, mas o mar secou;
quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense,


se você dormisse, se você cansasse, se você morresse...
Mas você não morre, você é duro, José!

Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,


sem teogonia, sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto você marcha José!
José, para onde?
E agora, José? E agora, você?

Drummond, 1942

2. O Salvo

- Certeza considerando o futuro o faz cantar: Ó morte, onde está, ó morte, a tua vitória,
Jesus ressuscitou...”
- Gratidão a Deus o leva a servi-lo em santidade.

Fontes de Pesquisa
- BERKHOF, Louis - Teologia Sistemática - (pp. 799 a 801)

- ERICKSON, Millard J. - Christian Theology - (pp. 1174 a 84)

- SHEDD, Russel P. e PIERATT, Alan - Imortalidade - (Ed. Vida Nova - pp. 115 a 30)

- PEARLMAN, Myer - Conhecendo as Doutrinas da Bíblia - (Ed. Vida - pp. 232, 242 a 3)

- OKAMOTO, Lúcia - Entre a Vida e a Morte - (pp. 13 a 32)

- DRUMMOND, Carlos - Poema: José

- KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - (pp. 26 A 27)

-ULTIMATO - (Ano XXIX - N.º 243/Novembro/96 - pp. 14 a 16)

Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará... Sl 37:5ss

Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,


ainda que morra, viverá. Crês isto?”.

o-O-o

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