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Leitura Bíblica: Mateus 4, 1-11

COMO VIVER BEM A QUARESMA

A Igreja, mãe e mestra dos homens, conduz os fiéis no caminho da santidade, oferecendo uma
pedagogia rica durante todo o ano, destacando-se a Quaresma como um momento oportuno para a conversão.
Este período de quarenta dias é destinado a uma reflexão profunda sobre a Paixão de Cristo, a fim de afastar-
se do homem velho e, na Páscoa, ressurgir como um homem novo. Durante a Quaresma, a Igreja enfatiza a
prática da esmola, do jejum e da oração, seguindo o ensinamento de Jesus no Sermão da Montanha. Estas
práticas são fundamentais para suprimir as inclinações pecaminosas da alma, promovendo a abertura ao amor
de Deus. O jejum (penitência) controla a concupiscência da carne, a esmola (caridade) combate a
concupiscência dos olhos e a oração contraria a soberba da vida.

Os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma,


cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática
penitencial da Igreja (31). Estes tempos são particularmente apropriados para os
exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de
penitência, as privações voluntárias como o jejum e a esmola, a partilha fraterna
(obras caritativas e missionárias). CIC 1438

A concupiscência da carne refere-se à inclinação da alma aos prazeres ilícitos. A alma humana,
quando dominada pelo pecado, vive uma desordem. Ela deixa de governar a vida do homem para submeter-
se às paixões carnais. Por isso ela recebe o nome de “carne”.
Enquanto a concupiscência dos olhos representa a busca incessante por conhecimento e prazeres
visuais. O homem nasceu para conhecer a verdade. Porém, o pecado original causou uma desordem no seu
interesse pelas coisas, de modo que as pessoas se perdem na curiosidade entorpecida. Daí a necessidade da
esmola como exercício de desapego e abnegação.
A soberba da vida é o orgulho humano, que busca a autossuficiência sem a graça divina. A oração é
vista como a principal arma contra o orgulho, pois nos leva à humildade diante de Deus, abrindo-nos para a
ação da graça divina em nossas vidas.
O propósito da Quaresma é fortalecer-nos diante das tentações e santificar-nos, afastando-nos do
pecado e aproximando-nos mais de Deus. É importante lembrar que essas ações devem ocorrer ao longo de
todo o ano; a Quaresma serve como um “lembrete” dessa importância, pois durante o ano podemos nos afastar
desses princípios.
Sendo assim, o que iniciamos na Quarta-feira de cinzas, logo após o Carnaval, é este tempo especial,
que já começa sinalizando e recordando a passageira fragilidade da vida. As cinzas provém dos ramos do
Domingo de Ramos do ano anterior e na Santa Missa faz-se o sinal da cruz na fronte proferindo “Lembra-te
que és pó e que ao pó voltarás” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
O Código de Direito Canônico, no Cânon 1251, estabelece que se devem guardar “a abstinência
e o jejum na Quarta-feira de Cinzas”, que dá início à Quaresma, “e na sexta-feira da Paixão e Morte
de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que precede a solenidade do Domingo de Páscoa.
A lei da Igreja, no Cânon 1252, especifica ainda que “à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores
de idade”, isto é, a partir dos 18 anos completos, até terem começado os sessenta anos”, isto é, até terem
completado os 59 anos. Estão dispensados da observância do jejum, além dos menores de idade e dos
maiores de 59 anos, as pessoas que têm alguma dificuldade de saúde ou os que têm como ofício alguma
forma de trabalho braçal. “Todavia”, continua o mesmo Cânon, “os pastores de almas e os pais procurem
que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e do jejum,
sejam formados no sentido genuíno da penitência”.
Quanto à abstinência, à qual estão obrigados todos os que completaram 14 anos, a Igreja prescreve
que são dias de penitência todas as sextas-feiras do ano, dias em que, salvo no caso de coincidirem com
alguma solenidade, estamos obrigados a abster-nos de carne. No que se refere ao cânon 1251, a CNBB
permite a substituição da abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou
comutar a carne por um outro alimento.
Nesses três pilares da Igreja estão as principais práticas quaresmais, o jejum, a oração e a
esmola. Para cada um deles, segue aqui algumas sugestões de práticas espirituais que podem
auxiliar na vivência quaresmal.

1. Frequentar mais os Sacramentos:

A quaresma é o momento perfeito para participar da Santa Missa com mais frequência. Além dos domingos,
podemos nos propor a ir à missa mais vezes durante a semana, e comungar bem. Aliado a isso, também é o
tempo propício para buscar o sacramento da Confissão frequentemente, em um desejo sincero de abandonar
o pecado.

2. Meditar a Paixão do Senhor:

Como estamos nos preparando para o tempo da Páscoa, nada melhor do que preparar nosso coração desde o
início. Uma boa forma de fazer isso é meditando a Via Sacra, em que acompanhamos Nosso Senhor em cada
momento de Sua Paixão.

3. Propor-se algumas penitências:

Além da prática do jejum, é muito bom que estabeleçamos outras penitências e abstinências para os 40 dias
que seguem. Pode ser desde se abster de comidas que gostamos, até se propor períodos sem ver televisão,
redes sociais, séries favoritas, aquele futebol no domingo… Enfim! Você escolhe o que quer ofertar a Nosso
Senhor!

4. Obras de misericórdia:

Também temos outros inúmeros gestos que nos aproximam de Deus e do irmão. Uma boa opção são as obras
de misericórdia espirituais e corporais. Ali você encontra 14 ações que, sem dúvida, gerarão muitos frutos em
sua vida e na de quem lhe cerca.
Obras Corporais Obras Espirituais
1ª Dar de comer a quem tem fome; 1ª Dar bons conselhos;
2ª Dar de beber a quem tem sede; 2ª Ensinar os ignorantes
3ª Vestir os nús; 3ª Corrigir os que erram;
4ª Dar pousada aos peregrinos; 4ª Consolar os tristes;
5ª Assistir aos enfermos; 5ª Perdoar as injúrias;
6ª Visitar os presos; 6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso
7ª Enterrar os mortos. próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos.

5. Boas leituras espirituais:

Outra ação que gera muitos frutos em nós é a leitura de bons livros religiosos, especialmente se eles têm
relação com o tempo quaresmal e da Páscoa. Podem ser livros de doutrina, de santos, de oração ou
meditação… Escolha um bom livro e use-o em sua meditação e oração pessoal.

Fontes:
Catecismo da Igreja Católica (CIC)
Código de Direito Canônico
https://padrepauloricardo.org/
https://bibliotecacatolica.com.br/

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